Edição 3 - Janeiro de 2009

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FlorestA J or n a l d a

JORNAL DO BAiRRO FLORESTA - ANO 1 - Nº 3 - BELO HORizONTE - JANEiRO DE 2009 - jornaldafloresta@gmail.com

Distribuição Gratuita

História viva da Floresta Segurança

Trânsito

Embaixo doViaduto Floresta virou moradia fixa

Nova sinalização na Rua Araripe com Baturité

Moradores de rua voltam a usar o bairro como dormitório e prática de delitos . Dificuldade em punir menores é apontado como o grande problema

Denúncia do JORNAL DA FLORESTA e Flo-Leste, leva BHTrans a mudar sinalização no trânsito da Rua Araripe

Página 6

Férias Na falta de espaços públicos de lazer, as dicas são: clubes privados ou cursos de férias Página 4

Patrimônio do bairro, os casarões históricos guardam muitas lembranças entre quatro paredes. E são considerados verdadeiros “museus” arquitetônicos

Páginas 3

Página 5

Dengue Chuvas aumentam o risco de focos do mosquito transmissor. Bairro tem vários pontos de perigo Página 5


Editorial

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Ano novo, novas batalhas!

Quando o JORNAL DA FLORESTA foi criado, em novembro do ano passado, deixamos claro que nossa principal preocupação seria com a qualidade de vida dos moradores do bairro. Mas também informamos que, para conseguirmos alguma coisa, é preciso mobilização. Um pequeno exemplo disso é a mudança no trânsito, na Rua Araripe. Na edição de dezembro do JF, contamos alguns problemas vividos pelos moradores da via. Há muito tempo, eles lutavam por alguma solução que pusesse fim ao grande número de acidentes causados, em sua maioria, por excesso de velocidade. As mudanças vieram uma semana depois. O mérito da mudança não foi exclusivamente do jornal, mas sim da união que fizemos com os moradores e com a Associação Flo-Leste. O que queremos mostrar com isso, caros leitores, é que por mais complexa e complicada que seja a situação, todos os problemas podem ser resolvidos, desde que ocorra união entre os moradores e as entidades do bairro, na cobrança de soluções junto aos órgãos públicos. Por isso, reafirmamos que o JORNAL DA FLORESTA está aqui para isso: para ser mais uma “VOZ” da comunidade. Nesta edição, começamos novas batalhas, no campo das reivindicações. A partir de fevereiro, começaremos uma luta maior ainda. Vamos atuar mais no “Orçamento Participativo”, para conseguir obras para o bairro. Portanto, tenha consciência de que a sua participação é fundamental. Ame seu bairro. Participe! Ajude a fazer da Floresta um lugar cada vez melhor para se viver. Faça contato com o JF e a Flo-Leste.

Memória

Janeiro de 2009

Agenda Janeiro

igreja Nossa S enhora da D ore s No dia 19 de fevereiro de 1922, ocorreu a cerimônia de colocação da pedra fundamental da Matriz de Nossa Senhora das Dores no bairro (Foto). O evento teve a presença de autoridades do Estado e grande número de moradores. “O paraninfo do ato foi o Dr. Waldemiro Gomes Ferreira, que representou o vice-governador, Eduardo Amaral, e o governador Artur Bernardes. Na solenidade foi rezada uma missa pelo padre Godofredo Strybos, Vigário da paróquia de São José”, segundo o jornalista Luis Góes. A igreja foi inaugurada em 1939.

Cartas

“Gostaria de parabenizá-los pela matéria de trânsito no mês de dezembro. Vocês foram muito felizes desde a escolha da pauta até a conclusão da mesma. O mais interessante é que bastou o jornal entrar na questão para começar as mudanças. Como motorista só achei que faltou falar um pouco sobre o desrespeito dos pedestres, que são peças fundamentais para um trânsito tranquilo. Muitos acidentes são causados por imprudência deles. Um grande abraço e mais uma vez, parabéns!” (Frederico Nogueira)

Caro leitor, as mudanças são méritos de uma comunidade ativa. É apenas um exemplo do que podemos conseguir se nos unirmos. Sobre os pedestres, a foto do atropelamento que flagramos é o resultado da imprudência. Todos sabem que não se deve atravessar na frente de carros. E a desobediência, neste caso, pode ter consequencias drásticas, como a jovem em questão, que teve traumatismo craniano. ---------------------------------------------------Jornal da Publicação: JMR Comunicação Diagramação e Produção gráfica: Avenida do Contorno, 1205 / 201 bloco 2 Mateus Rabelo Edwaldo Ribeiro Floresta - Belo Horizonte - MG CEP: 30110-070 Estagiária: Shirley Pacelli

Expediente FlorestA

Telefones: (31) 3309-2148 / (31) 8869-2148 E-mail: jornaldafloresta@gmail.com

Fotos: Mateus Rabelo

Editor Chefe: Eustáquio Trindade Neto Editor Geral: Mateus Rabelo MTB - 12.281 JP Jornalista Colaboradora: Beth Sily MTB - 02.194 JP

impressão: imprima Editora Ltda Tel: (31) 3226-2845 Tiragem: 5.000 exemplares Periodicidade: Mensal Distribuição Gratuita

Arte Publicitária: Edwaldo Ribeiro

Foto e fonte de pesquisa: Livro: Bair ro Flores ta H istór ia e Tiponomia (Luis G óes) “Achei fantástica a matéria sobre educação. Foi bom conhecer um pouco mais sobre as instituições, principalmente no que diz respeito a formação moral de nossas crianças. Se nossos políticos tivessem um ensino desses, com certeza teríamos um país melhor, com menos corruptos e pessoas preocupadas com o próximo. Pena que encontramos isso só nas instituições particulares. Um abraço.” (Ana Eliza Lima) Cara leitora, fazemos das suas palavras as nossas. Projetos de ética deveriam ser incluídos em todas as escolas. ---------------------------------------------------“Gostei muito de todas as matérias em dezembro. Mas não poderia deixar de falar sobre a matéria de solidariedade. Mostrei o jornal para vários vizinhos e fizemos uma arrecadação conjunta para doarmos. Parabéns pela iniciativa”. (Fernanda Braz)

Cara leitora, somos nós quem parabenizamos sua iniciativa. Gestos como este fazem um mundo melhor.

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Confraternização Universal Dia Mundial da Paz Dia da Abreugrafia Criação 1ª Tipografia no Brasil Dia de Reis Dia da Gratidão Dia da Liberdade de Cultos Dia do Fotógrafo Dia do Fico (1822) Dia do Enfermo Dia do Farmacêutico Dia Mundial da Religião Dia da Previdência Social Dia da Constituição instituição do Casamento Civil no Brasil Dia do Carteiro Criação dos Correios e Telégrafos no Brasil Dia da Abertura dos Portos Dia da Saudade Dia do Portuário Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos Dia da Não-violência

Utilidade Pública Polícia Militar......................................190 Disque Denúncia...............................181 20ª Cia (16º BPM).................3307-0527 Polícia Civil..........................................197 Corpo de Bombeiros........................193 Defesa Civil..........................................199 Regional Leste......................3277-4460 Procon....................3335-9297 ou 1512 Cemig....................................................116 Copasa..................................................195 Juizado da infân. e Juv. ....3272-4133 Direitos Humanos...............3291-6190 Disque Tapa-Buracos.........3277-8000 H.P.S. João XXiii....................3239-9302 Detran.....................................3236-3610 Terminal Rodoviário...........3271-3000 BHTrans...................................3277-6500 Metrô.......................................3250-4054 Aeroporto Pampulha.........3490-2001 Aeroporto Confins..............3689-2344


História

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Janeiro de 2009

“Causos” e histórias das nossas casas

O bairro Floresta abriga um grande número de casarões, que guarda casos e histórias inesperadas.

Quartos, corredores, escadarias... Segredos se escondem entre as paredes. Cada fissura na madeira, cada nuance de luz, guarda um pouco da vida dos que habitam ou já habitaram o lar. Histórias individuais se confundem e se entrelaçam com o desenvolvimento da capital, com o nascer do bairro Floresta. Nas tradicionais ruas da nossa comunidade, belíssimos casarões emanam charme e memória. São cerca de 100 casarões tombados na região. A Avenida Assis Chateaubriand é um corredor arquitetônico de muitas construções históricas. Uma delas é a tradicional Escola Estadual Barão de Macaúbas. Inaugurada em 1924, ela cumpre até hoje a sua função original. É tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA) desde 1988. Com telhas francesas, fachada simétrica e decorada em relevo de massa, ela chama a atenção dos transeuntes. Na Rua Silva Jardim, próximo à Igreja Nossa Senhora das Dores, a ex-aluna da Barão de Macaúbas, Célia Ribeiro, 65, mora numa construção que tem cerca de oitenta e cinco anos. A casa é de sua família e ela relembra com saudades da infância, das brincadeiras no porão. Para ela, “uma casa antiga é imponente”, mas o trabalho para mantê-la conservada é grande, pois há pouca informação sobre as leis municipais de incentivo à preservação do patrimônio.

Lembranças

Na Rua Marechal Deodoro, número 294, uma construção de 1936, aos moldes neocolonial, foi projetada pelo italiano Domingos Malacco. A proprietária, Valdíria Andreotti da Silva, 88, conta que ele planejou a casa para si, por isso ela é bastante resistente às mazelas do tempo. “Eu criei meus quatro filhos nesta casa. Gosto dela,

mas já passei muita contrariedade. Você acredita que, quando mudei para aqui, não havia água na rua? Meu cunhado trazia água da prefeitura e colocava numa caixa d’água. Fiquei um ano carregando uma lata de vinte litros todo dia”, relembra. Na mesma rua, no número 160, um casarão que lembra um castelo, com a sua torre, resiste às modernidades do tempo. No local, que é tombado pelo IEPHA, funciona uma escola há vinte e seis anos. Janisse Batista, diretora da escola há cinco anos, diz que há pouco tempo um casal visitou a escola e recordou os tempos em que moraram na casa. “Depois que esse casal vendeu a casa, contam que Lúcia Casasanta, reconhecida na história da alfabetização brasileira, criou a escola de normalistas aqui”, revela. Na casa do antigo prefeito da cidade, Otacílio de Negrão de Lima, já ocorreram até mesmo intervenções artísticas. A construção, situada na Rua Leonídia Leite, abrigou o ilustre morador de 1935 a 1938. Em 2007, foi palco da quinta edição do “Kaza Vazia”, um projeto que propõe a ocupação

de espaços esquecidos da cidade para a realização de experimentações artísticas que resgatam a vivência do ateliê coletivo.

Abandono

Tombamento

Em 1996, houve uma grande mobilização de moradores do bairro Floresta contra o tombamento dos casarões. De acordo com os registros, veiculados na mídia, a justificativa seria a perda de valor dos imóveis, que era uma conseqüência da isenção do IPTU. Ainda hoje, há quem seja contra o tombamento. “Há pouco tempo quiseram tombar a casa, mas não deixamos, porque se ficar por conta da prefeitura já viu, né?”, diz Valdíria Andreotti. Já Janisse Batista acredita que é preciso fazê-lo para preservar a história do bairro. Os bens tombados só podem ser reformados com autorização da prefeitura. E, muitas vezes, os incentivos fiscais da prefeitura não cobrem a despesa com a fachada das casas. A Lei Estadual de Incentivo à Cultura é um instrumento que pode ajudar os proprietários destes imóveis a fazerem reformas. Os projetos são analisados por uma comissão e, se verificado sua viabilidade, são realizados. Há quem diga que as casas têm “alma”. Seja por seus porões que metem medo, pelo quintal que ainda guarda o riso das crianças, ou a porta aberta que faz lembrar quem por ela partiu... Casas são, antes de tudo, vitais para a construção das histórias de pessoas.

O lendário leão da fachada de uma casa na Rua Bueno Brandão convive com ratos, escorpiões e galinhas, na “selva” que se transformou o terreno. A construção de 1920 está tomada por mato e entulho. De acordo com uma fonte anônima, o imóvel representa perigo para a vizinhança. “Vários moradores de rua invadem o local. Além disso, foi preciso soltar galinhas para acabar com os escorpiões” desabafa. O responsável pela propriedade, Nilson Rossi, diz que o imóvel pertence a vários herdeiros e que existem interessados na compra do local. Mas, segundo ele, o imóvel é tombado e tem pouco valor. Problemas como o citado acima, infelizmente, são comuns em nosso bairro. Há vários casarões antigos abandonados pelos donos, seja pela dificuldade em reformálos, ou mesmo em vendê-los. O ideal é que cada morador fiscalize, que avise as autoridades sobre os problemas, principalmente nesta época, quando a dengue pode voltar a ameaçar todos nós.


Férias 4

Janeiro de 2009

Cr ianças alegres, Com as escolas em férias e com poucas opções de lazer no bairro, fica difícil segurar a meninada...

Entrega dos boletins. Suspense... Aprovação! “Agora é só curtir as férias”, pensa a garotada. Mas e os pais? Bom, estes ficam loucos criando alternativas para entreter seus filhos. Afinal, as opções da Floresta são poucas e a população reclama dessa carência. É o caso de Regina Pires, 35, que tem três filhos adolescentes e trabalha o dia todo num salão. “É um desespero! Em casa eles só ficam na TV. Todo dia me ligam estressados”, diz. Aqueles que têm filhos mais novos também sofrem. Com as escolinhas fechadas, a solução para muitas mães é pagar alguém para olhá-los.

Movimente-se

Praça Comendador Negrão de Lima, uma das únicas opções de lazer das crianças

A Praça Comendador Negrão de Lima seria uma saída para a criançada. O problema é que falta espaço e brinquedos no local. Olivier Vasconcelos, 47, pai de dois filhos, tem o hábito de levar o caçula para jogar bola na pracinha. “A gente vem muito aqui, mas nas férias geralmente viajo. Não há opção”, fala. Que tal um mergulho? Uma alternativa são os clubes do bairro. O Floresta Tênis

Clube, há cinqüenta anos, oferece diversas atividades esportivas. Para o diretor-tesoureiro do clube, Ari Malta, a juventude precisa deixar de lado a preguiça e se movimentar mais.

Aprender

Belo Horizonte é um dos grandes pólos do circuito de forró. E por que não aproveitar essas férias para aprender o ritmo de Luiz Gonzaga? Na escola de dança de salão Exíbela, na Rua Itajubá, haverá uma programação especial com aulas de forró, salsa e roda de cassino, bolero, samba no pé e samba de gafieira. Segundo Wanderley Martins, um dos proprietários, “o curso é uma ótima oportunidade para conhecer pessoas”, explica. Outra atividade prazerosa é a do artesanato. As vagas na Arte e Cia estão abertas, com cursos de biscuit, pintura country, sabonete, lataria, decoupage em vidro e técnicas em madeira. Agora, o importante é usar a criatividade e inventar formas para aproveitar as férias 2009. Afinal, desperdiçá-las com o tédio é um pecado.

Papai Noel, brincadeiras, brindes e doces. Festa de Natal no bairro agita as crianças! Papai Noel “Butinada”, com as crianças do bairro

“Lobo Bom” nos contou que a meninada adorou a Festa de Natal da Floresta, que ocorreu no dia 06 de dezembro, na Praça Comendador Negrão de Lima. Com direito a pula-pula, algodão-doce, refrigerante e sorvete, as crianças e também (por que não?) os adultos, se divertiram muito. Rafael Barbosa, 10, foi o sortudo que ganhou o labrador sorteado pelo Pet Shop O Príncipe e o Vira-lata. Isabela Gonçalves, mãe de Pedro, 2, gostou da iniciativa e

acredita que “deveria haver mais festas com temas como educação e saúde”. Papai Noel Butinada também passou por lá e surpreendeu a garotada com sorteio de presentes. O evento, da Associação Flo-Leste, contou com o apoio da Academia Floresta Fitness, Refrigerante Mate Couro, Papelaria Mix Pel, Escola de Idiomas Number One, Pet Shop O Príncipe e o Vira-lata, RG Comunicação e Sorveteria Almeida.


Saúde

Janeiro de 2009

Todos contra a Dengue Número de casos dobra em 2008. No bairro, casarões abandonados são grande ameaça.

Entulhos jogados na Rua Sapucaí com Viaduto Floresta, representando perigo para os moradores

Números divulgados pela Prefeitura de Belo Horizonte mostram que os casos de Dengue dobraram em um ano. Em 2007, 5.230 pessoas contraíram a doença na capital. No ano passado, o número chegou a 12.801, com três óbitos. A região da cidade mais afetada é a Nordeste, com 7.053 casos confirmados. A Zona Leste é a quarta região mais afetada, com 912 casos. Apesar das constantes campanhas veiculadas na mídia de combate ao mosquito transmissor, o Aedes Aegypti, as notificações da PBH em 2008, bateram recorde e chegaram a 21.471. Diante disso, especialistas chamam a atenção para a conscientização popular para acabar com os locais que possam servir de proliferação do mosquito. A médica infectologista, Valentina Gomes, ressalta a importância da união de todos no combate à dengue: “Apenas com a conscientização da população e com a seriedade e competência dos órgãos públicos poderemos controlar a doença”. Ela ressalta ainda que o número de casos tem aumentado por alguns motivos, entre eles destacam-se a melhor notificação dos casos, isso porque antes havia um grande número de subnotificações; e maior circulação de novos sorotipos, com isso aumentando o número de casos graves. Segundo a infectologista, as crianças e os idosos são bastante vulneráveis à doença e explica que isso ocorre pelas próprias características do sistema imunológico de cada faixa etária. E também pela dificuldade em realizar o diagnóstico da dengue, que nestas faixas etárias, são mais complexos e passam mais desapercebidos, atrasando,

assim, o diagnóstico e o tratamento”, explica. Em relação a novos tratamentos, Valentina Gomes diz que uma vacina está em fase avançada de pesquisa, o que traria resultados fantásticos no controle da epidemia. Maria Aparecida Sales Plácido, 39, auxiliar de limpeza em um condomínio na Avenida do Contorno, na Floresta, conta que ficou doente há cinco anos, e que não consegue esquecer as dores no corpo e a febre alta: “Parece que foi ontem, não consigo esquecer as manchas vermelhas na pele, a dor nos olhos e no corpo inteiro”. Maria Aparecida conta ainda que morre de medo de contrair novamente a doença, e faz de tudo para acabar com todas as possibilidades de proliferação do mosquito em sua casa. “Não deixo acumular água em locais onde o mosquito possa proliferar”, diz. João Pedro da Silva, 35, contraiu dengue no final de 2007. “Fiquei uma semana em casa com dores pelo corpo e febre”. Ele contou que conseguiu se livrar da doença tomando bastante líquido e se alimentando bem. Assim como Maria Aparecida, também tem medo de contrair novamente o mal.

Alerta

Devido a grande concentração de residências antigas no bairro Floresta, as autoridades recomendam que os moradores vasculhem bem os locais onde possam servir de criatório do mosquito: latas, garrafas, pneus, caixas d’água sem tampa etc. Com esses cuidados básicos, será possível reduzir os casos da doença em BH.

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Cotidiano

Depois de denúncia, trânsito muda no bairro

No mês de dezembro o JORNAL DA FLORESTA mostrou os problemas no trânsito do bairro. No dia 11 do mesmo mês, menos de uma semana depois da veiculação do jornal, vieram as primeiras mudanças. A Rua Araripe, usada por muitos motoristas como atalho de quem vai, principalmente, da Avenida Cristiano Machado no sentido centro, agora tem duas paradas obrigatórias: nos cruzamentos com as ruas Jânio Gomes e Baturité. A obra era uma reivindicação antiga dos moradores que ao longo dos anos conviveram com acidentes e mortes por causa do excesso de velocidade. Segundo o morador da Rua Araripe, José Álvares, que esteve à frente das reivindicações durante muito tempo, esta é uma pequena amostra do que é possível fazer quando há mobilização. “Tínhamos medo de que fosse uma promessa política, mas com a ajuda do Jornal da Floresta, a mobilização

Rua Araripe ganha nova sinalização

dos moradores, da Associação Flo-Leste e do vereador Paulo Lamac, conseguimos a mudança. É a prova de que precisamos nos unir para mudar o que está errado”, afirma. As mudanças já surtiram efeito. “É outra realidade. Com as paradas obrigatórias, mesmo os motoristas mais apressados estão andando devagar na rua. Estamos muito mais tranquilos”, conclui o líder comunitário.

Chuva derruba árvore e causa acidente Uma árvore caída durante várias horas foi a causa de um acidente que, por pouco, não terminou em tragédia no dia 15 de dezembro na Rua Araripe, esquina com Rua Baturité. A árvore que estava com as raízes podres, segundo os moradores, não resistiu à chuva forte daquela manhã e caiu fechando toda a rua. O motorista Rogério Wágner Rodrigues, que passava pela rua horas depois da queda, não conseguiu desviar e bateu na árvore. Por sorte teve apenas um corte no braço, mas reclama dos órgãos públicos e vai exigir seus direitos na justiça. “É um absurdo! Os moradores da rua me disseram que há mais de sessenta dias já haviam avisado a prefeitura sobre a má conservação da árvore, mas nenhuma atitude foi tomada”, afirma. A moradora que teria feito o pedido de corte da árvore está viajando e, segundo a

Foto: Raimundo José da Silva

Além do acidente, trânsito ficou fechado na via

Regional Leste, “para fornecer maiores dados sobre possíveis providências, há a necessidade do número do protocolo ou a data da solicitação do morador, sem o qual não é possível apurar os fatos”. Outros moradores do local afirmam que houve o pedido, mas também não souberam informar o número do protocolo.


Segurança

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Janeiro de 2009

A volta dos moradores de rua

Com o desenvolvimento da área central, a melhor opção Entrevista para os moradores de rua são os bairros mais próximos

“Direitos são pra todos e não só para os marginais”

Falha na interpretação dos Direitos Humanos e no Estatuto da Criança e do Adolescente, proximidade com o centro da cidade e grande movimentação financeira são alguns dos motivos que fazem da Floresta um bairro cada vez mais aberto à marginalidade. Pela impossibilidade de ações da polícia, aumenta a importância da mobilização dos moradores para tentar conseguir algum resultado. Em entrevista ao JF, a psicóloga e integrante da diretoria da Flo-Leste, Dra. Anna Edith Bellico, explica o que está sendo feito para mudar essa nova realidade do bairro.

Moradores de rua dormindo na Praça Comendador Negrão de Lima virou rotina no bairro

Os moradores do bairro estão preocupados com o que vem acontecendo aqui nos últimos tempos. Aos poucos, vários pontos públicos estão sendo tomados pelos moradores de rua. A Praça Comendador Negrão de Lima, uma das únicas opções de lazer das crianças no bairro, é um exemplo. É comum vermos adolescentes usando o local para consumir drogas. Outro ponto, onde a situação é ainda pior, é embaixo do Viaduto Floresta. O local virou moradia fixa de alguns andarilhos, que espalham colchões e fazem até comida em tijolos improvisados. Mas o domínio não para por aí. Em vários outros pontos do bairro é comum vermos pessoas ociosas jogadas pelos cantos. Um aposentado, de 69 anos, que não quis se identificar, é um dos moradores que está assustado com a situação. Segundo ele, não há tranquilidade. “Eles nos abordam, intimidam pedindo dinheiro, entre outras coisas. Tenho medo de sair de casa, até mesmo porque todos os dias são as mesmas pessoas”, desabafa. A situação é mais complicada do que parece. As denúncias são feitas, mas no caso dos menores de idade usuários de drogas, são detidos, porém, 24 horas depois estão novamente nas ruas. Já os andarilhos, são retirados dos locais onde ficam, mas como não cometeram nenhum delito relevante, voltam depois para o mesmo lugar. A reportagem esteve na Regional

Leste, responsável pela questão dos moradores de rua na região, enfrenta dificuldades em lidar com a situação. Existe um trabalho muito sério desenvolvido pela Gerência Regional de Assistência Social, mas a dificuldade é convencer os moradores de ruas a deixar os locais, mesmo com o amparo e acompanhamento da instituição. Segundo a Gerente Regional de Assistência Social da Leste, Maria Bordin, “a situação é bastante complexa, já que esses moradores não podem ser forçados a frequentar os quatro abrigos que existem na região”, afirma. Daí, mais uma vez, entra a importância da comunidade na solução deste problema. Os moradores de rua têm que perceber que a comunidade não vai ajudá-los, que a única opção deles é mesmo procurar uma ajuda profissional. “Nós temos uma equipe completa e qualificada para tratar caso a caso. Se os moradores começam a ajudar com dinheiro e comida, eles nunca vão nos procurar ou aceitar nossa ajuda, porque para isso eles têm que seguir uma série de normas. Fazemos um trabalho de acompanhamento deles até chegar o momento de reintegra-los à comunidade”, conclui. A melhor maneira de resolver o problema dos moradores de rua em nosso bairro é entrando em contato com a Gerência Regional de Assistência Social da Leste nos telefones: 3277-4094 / 6376 / 6379, ou ir até o endereço: Rua Lauro Jaques, número 20, subloja, Floresta.

A Floresta ficou muito tempo sem a presença incômoda dos moradores de rua estacionados aqui. Hoje o que vemos é que aos poucos eles estão voltando. Por que isso está acontecendo? A Floresta é o bairro mais próximo do centro. Com a criação do “Olho Vivo” na área central, se tornou a melhor opção para os marginais que querem cometer algum delito. Outro ponto atrativo para eles é o fato de o comércio aqui ser tão forte como é. Temos vários bancos, grandes empresas, ou seja, a movimentação de dinheiro aqui é muito grande. Sem falar que o bairro tem muitos moradores idosos, o grande alvo dos marginais que sempre intimidam pedindo dinheiro para comer, mas que na verdade é para comprar drogas. Basta ir à Praça Comendador [Negrão de Lima] para se comprovar isso. E o fato de eles serem adolescentes também contribui para agirem sem medo de serem pegos. Podemos dizer então que o problema é a falta de punição a esses menores infratores? Com certeza! Não adianta retirar os moradores de rua se não pensar numa política de segurança pública mais eficaz que puna menores de idade. Falta encaminhar, acompanhar e monitorar esses adolescentes. Eu sei que no bairro existe o abrigo Afonso Pena, que vive vazio. É uma ausência do poder público, das autoridades, dos responsáveis. Eu penso que há também uma omissão da população que não exige uma posição. Isso se tornou uma situação normal para os moradores do bairro que aceitaram essa nova rea-

lidade. E não pode ser assim. O que pode ser feito então? A gente deveria sensibilizar a comunidade que podemos fazer alguma coisa. Temos direitos, deveres e a capacidade para articular as duas coisas. A solução pronta não existe. É uma solução que deveria ser pensada coletivamente. Neste ano de 2009, por exemplo, a CNBB está colocando como tema da Campanha Fraternidade a segurança. Uma das propostas é a “Rede de Vizinhos Protegidos” com o vizinho sendo responsável por cada morador ao lado. Pra isso deve-se estar atendo à necessidade do outro. Na prática, existe alguma discussão em andamento? Já entramos em contato com algumas ONGs e instituições que estão trabalhando essa questão. A Polícia Militar, a UFMG, a Fundação Guimarães Rosa, estão empenhas nisso. Mas penso que falta um elo, porque as autoridades têm conhecimento do problema, mas algumas instâncias decisórias parecem ignorar que há possibilidade de solução. Nesse trimestre do ano vamos fazer um seminário para discutirmos uma releitura do Estatuto da Criança e do Adolescente, para acabarmos com alguns equívocos na interpretação; e uma releitura dos Direitos Humanos, porque os direitos são pra todos e não só para os marginais. Há um discurso de que eles têm o direito de ficar na rua. Mas e o direito do outro que está sendo tolhido na sua liberdade de ir e vir. Todos têm esse direito e não apenas um gueto social. Precisamos de um estatuto de convivência na cidade, com a consciência de que é possível a comunidade fazer alguma coisa, basta nos mobilizarmos.


Impostos

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Janeiro de 2009

O iPTU e seu caráter na sociedade moderna

É hora de tirar a mão do bolso divulgação site

Ricos x pobres: mera retórica para justificar o aumento do IPTU em Belo Horizonte? Beth Sily Presidente da Flo-Leste A história registra desde a Antiguidade, vários movimentos de resistência dos povos contra o aumento de impostos. Nós, os mineiros, gravamos na história do Brasil, o mais importante deste tipo de movimento: a Inconfidência Mineira, que nos imanta, simbolicamente, como um povo sempre em alerta pela defesa da liberdade de participar e de opinar sobre nosso destino comum como membros de uma comunidade. Mantendo esta tradição, no mês de dezembro, várias Associações de bairros, entre estas, a Flo-Leste: Associação dos Moradores da Floresta, se mobilizaram para impedir que o Projeto de Lei que aumenta o IPTU, a partir de 2010 (segundo cálculos em até 100%), fosse votado na Câmara Municipal, com a mesma pressa que foi enviado pelo Executivo. Foi justamente esta pressa e a falta de informações mais detalhadas sobre os cálculos, por parte da Prefeitura, que despertou o tradicional sentimento de desconfiança do mineiro, principalmente nestes tempos de descrença com as práticas políticas. Assim, as Associações de bairros, principalmente aquelas que representam a classe média (que será a mais afetada), procuraram abrir o debate, para obter mais informações sobre o Projeto. Aconteceram duas audiências públicas na Câmara Municipal e uma na Assembléia Legislativa, durante reunião conjunta das

Comissões de Participação Popular e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte. Os debates foram intensos entre parlamentares e membros de várias Associações, que colocaram seus pontos de vista. Marcelo Marinho Franco, presidente da União das Associações de Bairros da Zona Sul, disse que na questão do IPTU, “a pressa em votar o projeto é de todo injustificável”. Se os novos valores deverão vigorar a partir de 2010, por que não discutir com as lideranças das comunidades as diversas facetas que vão afetar o bolso de cada cidadão? A Flo-Leste também esteve presente nas audiências, e levou um estudo feito pelo advogado Paulo Henrique Azeredo Nascimento, membro da diretoria, sobre o direito à informação. Segundo o Artigo 5º, Inciso XXXIII da Constituição Federal, o direito à informação foi elencado como sendo integrante do amplo leque dos direitos e garantias fundamentais.

Os esforços das Associações foram positivos, porque o Projeto foi retirado da pauta, em dezembro. Mas ele já vai retornar à Câmara Municipal. O Prefeito Márcio Lacerda anunciou logo após dar posse ao novo Secretariado, neste início de ano, o reenvio do Projeto ao Legislativo para ser votado ainda no primeiro semestre. E com uma promessa: ele deverá ser discutido com toda comunidade, inclusive os moradores da periferia, que serão beneficiados por tarifas mais baixas. Até aí tudo bem. É dever do poder público abrir os canais de comunicação, com a maior transparência possível para toda comunidade, sem nenhuma distinção. Mas tomara que não seja a reedição do desgastado discurso da equidade, ou melhor dizendo, dos ricos x pobres, que gera intolerância social, para justificar a cruel concentração do fardo tributário sobre a também combalida classe média.

Paulo Henrique Azeredo Nascimento Advogado, membro da FloLeste

A Constituição Cidadã de 1988 nos abriu os olhos para a necessidade de se destinar a cobrança de alguns impostos, em especial o IPTU, para o primordial sonho de muitos brasileiros: justiça na forma se criar, apurar e, principalmente, cobrar um imposto. Certamente, ainda não se alcançou a almejada justiça. Por outro lado, dada à complexidade da vida urbana, o IPTU mostrou-se imprescindível, de forma a viabilizar o custeio de investimentos públicos, destinados a implementar melhorias em diversos setores indispensáveis à vida da população. No entanto, muitos excessos, como se sabe, são induvidosamente cometidos, notadamente, no que se refere às propostas inócuas de aumento no valor do IPTU, o que deturpa, às claras, o seu verdadeiro significado. Por oportuno, diga-se de passagem que, semanas atrás, na Câmara Municipal de Belo Horizonte e, também, em alguns dos corredores de debate da capital, foram travadas inúmeras discussões acerca do provável aumento no valor do IPTU. Opiniões favoráveis e desfavoráveis à parte, o fato é que, o importante de se extrair da essência desse imposto, é que ele precisa se nortear por critérios claros e, assim, não sobrecarregar de forma acentuada as escassas finanças dos pobres e, muitas das vezes, congratular os mais apossados por um valor desarrazoado.


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Janeiro de 2009

Viaduto Santa Tereza e dengue: Patrimônio e histórias de desleixo o poder público, que não exerce uma maior fiscalização? O que se tem que ressaltar é que o Viaduto Santa Tereza é considerado um dos ícones de Belo Horizonte, um cartão postal. Um local que guarda tantas histórias, como a arriscada escalada sob seus arcos do poeta Carlos Drumond de Andrade – morador da Floresta. Referência urbana obrigatória para várias gerações de escritores e artistas e da comunidade em geral, que por ele passam para “subir Bahia e descer Floresta”. Por todas estas referências, comunidade e poder público devem se unir na busca de soluções para preservar e garantir maior reconhecimento a este patrimônio público, um dos marcos da história de BH.

Beth Sily Presidente da Flo-Leste

Dois assuntos que foram dominantes nos encontros de vários moradores com membros da diretoria da Flo-Leste: Associação dos Moradores da Floresta, no mês de dezembro e neste início de ano, foram: a sujeira e o desleixo com o histórico Viaduto Santa Tereza e a preocupação com a dengue – que também é histórica, pois é apenas uma antiga doença, que retornou. Diversas pessoas procuraram a Associação para informar sobre locais no bairro, que oferecem riscos para a proliferação da dengue como alguns terrenos vagos que estão com acúmulo de lixo, calhas sem limpeza, entre outros. A diretoria da Flo-Leste levou as reivindicações para o Serviço de Zoonose da Regional Leste, que prometeu

Escadaria do Viaduto Santa Tereza, “banheiro público” para o “sem-consciência”

reforçar as campanhas educativas para combate à dengue. Como estamos em pleno período de chuvas, deve-se redobrar a atenção com o problema. E, principalmente, intensificar essa parceria: comunidade e poder público, porque de nada adiantam as campanhas educativas, sem a mobilização e participação da comunidade. Com relação ao Viaduto Santa Tereza,

as pessoas comentam que ele virou “banheiro público”, um foco de sujeira, que exala um mau cheiro em toda sua extensão. E pedem providências, pois o consideram a “porta de entrada” para o bairro Floresta e outras localidades. Mas de quem é a culpa? É difícil definir quem tem a maior parcela de responsabilidade: a comunidade, que usa este espaço público de maneira indevida ou

Entre em contato conosco: email: ass.floresta@gmail.com ou pelos telefones 3271-4270 e 9957-4803 (Beth) e 2526-2383 (Antônio Moreira - Butinada). Não temos ainda sede própria, mas muito espaço na vontade de transformar.


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