Junho | 2014

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JORNAL DE

Artes plás cas | Cênicas | Cinema | Música | Literatura Porto Alegre | Junho| 2014 | R$ 3,00 Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com


Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 2 POESIA EM PROSA

ANOTAÇÕES DE MAIO A ABRIL PARA UM CONTO DE AMOR Por

Djine klein

de Porto Alegre/Viamão-RS

1. Flor é só um objeto transitório em estado de beleza?... 2. E sobre o amor? Muitos o anunciaram com a cabeça enfeitada de flor, e logo arrancavam as vestes...

3. De amor e flor – dizem que se afinam e afligem-se. São feito os dedos do músico e quase não tocar o violino. Talvez que o amor seja, e aconteça à flor, e que os dois juntos se rimam. A flor como um objeto de absurdo, delírio de beija-flor. Entre o belo e o desespero, amor, e que o dia em que desis res, transviado e sem alento, virá trazendo-lhe uma flor. Mas eis que para teus olhos quase cegos é tempo de palmilhar o outo lado do abismo. Depois é ver o mar da varanda, estancar a si mesmo em ponto médio.

4. Ainda sobre Amor e Flor – se enfloram logo desfolham-se. É como uma Margarida de Sol sozinha num campo de centeio. E ter que enfeitar com suas poucas pétalas a dois mamilos. Ou a rubra configuração em transe, uma rosa agônica antes de dar-se ao abismo. Talvez como Eco e Narciso - um amando a si mesmo como um felino e, amarelo. O outro uma garça branca enquadrada num trapézio. Um se projeta ao salto, o outro estanca. Um assume asas, o outro sai nadando. E quando de extremo a palmo, ele distraído alcança em apalpar uma pele cálida, ela meio ausente e pálida... - Mas, e se os deixarmos assim, onde melhor se manifestam, no crepúsculo: atravessariam para o outro lado? Para a outra margem a nado!...

5. Depois é a Lua e o Astrolábio. Os amantes e as re cências, a meialuz da dúvida. Todavia se abstraímos os lenções teremos uma cena de amor onde um corpo tomba a beira de um precipício, e sereno. O outro declinaria no meio de uma avenida em transe, ao meio dia de uma sextafeira fria. E roendo uma ausência que a todos, a plateia aflita.

6. Foi de viés e era um raio melancólico, fim de abril. Primeiro bateu no píncaro de uma rocha submersa, depois no casco do cágado e reluz. Adiante a visão - foi por um rosto nem muito alvo, tão pouco calmo, não fosse aquela expressão, de uns olhos suaves como a beleza sempre pede. Os dedos do Sol acordando-a de um silêncio espesso. O viandante – uma mulher e vinha repousar justo nesta minha margem Trazia auroras ocultas entre as vestes, tão bela discreta mirando-se em espelho d'água. A pele maltratada pelos temporais e o “temor das maçãs”. Mas ainda apta a

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ARTES Artes Plásticas | Artes Cênicas | Cinema | Musica | Literatua

Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI Editor Editor | João Clauveci B. Muruci Editora de Literatura | Djine Klein (djineklein@gmail.com) Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Email | jornaldeartes@yahoo.com.br Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com CNPJ | 107.715.59-0001/79 - Fone | 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249

arrepios eu vi, embora muito ferida e sangrava. Era como a terra com orvalho, úmida de um rio ao amanhecer. E o que nha de mapa nas solas dos pés? Ainda não escrevi perplexa a longa estrada e todas as suas distâncias... - Oh minha visão de crisálida e lágrimas!

7. Prascóvio. Simplório? Ingênuo e temerário!... Vinha em ser imenso de trilhas e deixar rastro amplo no chão. Afirmava-se com uma cabeleira fora do script e cheirando a capim. Andarilho – homem de andar enviesado, sabedor de amplas memórias e paisagens. O saco nas costas era para transportar latas usadas e arrebóis. Fiel amigo de Heráclito com inclinação para ondaria e vadio. Anunciava-se como se fosse um deus, com poder sobre o tempo, pois que tudo parou e os pássaros ao vê-lo em ritmo de aproximação: “chega-te a mim! Entra no meu amor...” Palavras assim dizendo iguais eu nunca vi não. E agora que meu coração já se abranda do susto grande que ve, reparo-lhe nas veste de ermo, era como se fosse o rei da noite e seu cão. E ele se sabe assim e faz questão que eu bem o veja, com seus dedos sujos faiscando de anéis e fulgor. - Oh, mistérios que me des-comportam a imaginação! Ontem foi visto em cada rua da cidade, mas para o atordoamento de todos não se pontuava em solidão.

8. Quais dois e existem enga nhando, aprendizes da vida ou ela dos dois? Sendo que cada qual também não nha casa. Depois fui procurando no espelho d'água a Lua, e o Sol ainda com sono meio que delirou: - Mas de que fenda, ou ponto do Mundo, em serem errantes esses... Que do ventre da noite, ou sob os crimes da chuva? E o vento embala, gostando... E ela, a Lua ouvindo-o já de entre as rendas de seu leito, se espreguiça no inicio de justo sono, responde: - Bom dia Amado, e minha dor! Dele o que sei - é operário por mim. Ela por nós carrega um segredo de amor, do qual só sabem e zelam “As flores do capim”.

9. E aqui encerro esse registro. Sobre Bernardo e Anabrisa - agora repousam um entre os braços do outro, num banco arranjado por eles mesmos, dos restos de um velho umbu. A coberta galharia de uma amoreira. Em Redenção. - “Chega-te a mim! Entra no meu amor, e a minha carne entrego a tua carne em flor!” Todavia, escuto alguém chorando debaixo da minha mesa, fui me conferir.

EXPEDIENTE Colaboradores desta edição

Almandrade | Cecilia Cas llo | Clemente Padín | Djine Klein |Eduardo Jablonski | Feliciano Mejía | Floriano Mar ns | Gabriel Impaglione | Gilberto Wallace Ba lana | Juciane Magni | Mari Lopes Fotografia e Arte | Paulo Bacedônio | Regina Célia Pinto |Roberto de Mesquita

Capa: "New York Night in Blue" Óleo sobre Painel. Dimensões: 1,22m x 91,44cm Ano 2012. Ar sta: Pascal Campion


Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 03

«alfabeto» | Poema Visual de Paulo Bacedonio

POESIA

PÁGINA IBERO-AMERICANA Por

Paulo Bacedônio

de Porto Alegre/RS

MUJER Esencia original del pan y la alegría. Ramo de luz que viene por el hijo de la sombra, le otorga palabra y fundamento, confiere verdadera estatura de hombre y con un soplo apenas, brisa de claridad, avenida de invisibles mariposas, ex ende el sendero del amor en la erra. Mul plicadora de nombres y geranios, sabores, fusiles y banderas (que es mujer la Patria y Mujer la dignidad y la rosa.) Establece primaveras con la boca y gobierna los ciclos y las cosas. Núcleo celeste corazón del empo fortaleza de la ternura. En sus mareas el sol y la luna son peces de plata que convocan los oficios del hombre y de los sueños. ¡Ay cántaro del día! Puñado de agua, llama en el silencio de las horas huecas. Mitad que me desmuere. Honda plenitud de la maravilla.

Gabriel Impaglione (Argen na-Itália)

Sonreímos a los Jinetes. Abrevamos Sus caballos. Sudán es un lugar en Africa. Sólo un lugar en un mapa. Y esta ninã, lo que pasa es que esta niña ene demasiados huesos.

Cecilia Cas llo (Chile) FAENA DE LOS CERDOS Rancios, ásperos, salados olores de cadáveres en el centro de la planicie verde. Serenos y felices, como mirando el fondo del mar, de piedra y de brillo; tranquilos se quedan los muertos: el dulce sol de primavera les baña y las mariposas cin lan y el aire dulce se emponzoña olisqueando los orificios de los pechos y las sienes. (En la pesada tarde amarilla los helicópteros ambulan avispas monocordes).

BUITRES (Comentario a una fotografia de Kevin Carter de una niñita desfalleciente acechada por un buitre) Y volamos así, en círculos engarzados en penas móviles quitando la piel al mundo enmascarándonos an faceándonos ¿alelados? No. Ya nada nos asombra. Ya nada es inhumano. Tragámonos hambres, guerras, pestes.

Feliciano Mejía (Peru) ÂNGELA Teu corpo e o meu caindo sobre o mundo: noite saqueada por uma caravana de relâmpagos. Despojos do tempo foragido de sua fonte, minando abismos à deriva, perdas flutuantes. O rosto deformado da beleza que as ruínas cultuam, linguagem extraviada ao querer entrar em si.

Teu corpo e o meu em sua queda mais secreta. Um labirinto que fosse um deserto e um deus ciente que dali não há retorno. Fuga de trevas. Os disfarces fatais da memória ante o infinito. Inde veis sombras caindo sobre o mundo. Teu corpo e o meu: o que resta de um no outro.

Floriano Mar ns (Brasil) AR DE INVERNO Aves do mar, que em ronda lenta Giram no ar, à ventania, Gritam na tarde macilenta A sua bárbara alegria. Incha lá fora a vaga escura, Uiva o nordeste aflitamente. Que mágoa anónima satura Este ar de Inverno, este ar doente? Alma que vogas a gemer Na tarde anémica de vento, Como se infiltra no meu ser O teu esparso sofrimento! Que viuvez desamparada Chora no ar, no vento frio, Por esta tarde macerada Em que a esp'rança se esvaiu.

Roberto de Mesquita (Açores/Portugal)


Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 4

Artes Plásticas

O urinol de Duchamp e

A ARTE CONTEMPORÂNEA Por

Almandrade de Salvador/BA

Em 1917, com o pseudônimo de R. Mu , Marcel Duchamp enviou para o Salão da Associação de Ar stas Independentes um urinol de louça, u lizado em sanitários masculinos, com um tulo suges vo de “Fonte”. Não era o primeiro readymade (apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para o meio de arte), em 1913, Duchamp já havia se u lizado de um banco de cozinha onde parafusou no assento uma roda de bicicleta. Mas foi o primeiro enviado para uma exposição. Noventa anos depois, deste gesto irreverente que determinou pra camente o des no das artes plás cas até os dias de hoje, é um momento oportuno para interrogarmos que relação existe entre Duchamp e o que estamos presenciando com designação de arte contemporânea. Aclamado como influência libertadora por uns, blasfemado por outros, como influência facilitadora e catastrófica. Talvez seja muito citado e pouco entendido. Certamente, Duchamp e diversas manifestações realizadas em nome da arte, não se combinam. Mas do que um provocador, Duchamp era um pensador discreto. No contexto da arte moderna a invenção do readymade, é um dos gestos mais significa vos. O impressionismo foi a primeira revolução na arte ao romper com a linha que contornava a figura, o cubismo realizou o rompimento defini vo com o espaço renascen sta, a decomposição da figura colocou em evidência o plano, como a verdade do espaço plás co moderno. O gesto de Duchamp foi mais além, uma ruptura com uma tradição que reconhecia na técnica e na habilidade do ar sta, a condição da obra de arte. O ar sta deixou de ser o sujeito que faz uma obra e passou a ser alguém que escolhe e decide o que é arte. O readymade é um objeto produzido industrialmente e proposto por um ar sta como objeto de arte. O ar sta não constrói o objeto, escolhe-o e assina. Não mais dependendo da mão do ar sta, a arte passou a ser qualquer coisa determinada pelo poder exercido por um sujeito/ar sta, que age no interior de uma ins tuição específica capaz de legi mar seus atos. Renunciou ao saber das mãos para se cons tuir em uma a tude crí ca, num mundo dominado pelas imagens produzidas pelos modernos meios de produção e reprodução. Fazer arte passou a ser uma forma de reflexão sobre a condição da arte na sociedade moderna, um disposi vo do pensamento e não do entretenimento como ocorre em manifestações ar s cas, na situação da contemporaneidade. O readymade pode ser uma espécie de paradigma da arte contemporânea, mas ao mesmo tempo é a negação do jogo de facilidades, da pressa e da repe ção que contaminaram a arte, distanciando-a do pensamento. Duchamp nha consciência do perigo de cair na facilidade, no vício e na ro na e se limitou a fazer poucos objetos de arte. Logo percebeu o risco de repe r esta forma de expressão indiscriminadamente e construiu uma obra pequena e cuidadosa. Estamos atravessando uma época pobre em matéria de artes visuais, apesar do fluxo descontrolado que circula nos salões, bienais e nos centro culturais, celebrado por curadores e inves dores. Vem acontecendo uma supervalorização de determinadas experiências ar s cas para atender interesses externos à natureza da arte. O ar sta que sempre produziu contemplando as obras do passado, hoje, ele olha para o que ainda não aconteceu: o futuro e se preocupa, muitas vezes, com questões alheias a própria arte. A cada nova tecnologia, um palpite, uma previsão, mas a arte não é uma ilustração de performance tecnológica, polí ca ou ideológica, ela é um sistema autônomo e integrado no corpo da sociedade. O gesto de Duchamp queria dar uma resposta à crise das artes artesanais na sociedade industrial e indagar o funcionamento da ins tuição arte, embora, ele nunca abandonou de fato, o trabalho artesanal, vejam o grande vidro. Foi um ponto de vista crí co frente à arte e suas ins tuições. A arte é também um jogo de poderes que as operações técnicas não explicam. De perto, readymade e o modelo mais difundido de arte contemporânea, não se misturam.

Almandrade é ar sta plás co, poeta e arquiteto



Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 6 ARTIGO

O QUE É

POESIA?

Reflexões sobre a linguagem poé ca Por

] ] PALAVRA ABERTA

Gilberto Wallace Battilana

de Porto Alegre/RS*

A Poesia é uma verdade que cons tui seu próprio testemunho. Uma verdade que busca o reconhecimento dos outros. Todo texto é um pedido de leitura. Revela-se num transe que é o poema ditado vivo à consciência. O poeta escreve até mesmo o que desconhece, descobrindo assim o poema, impelido a viver através do verso o que não encontra no universo visível, ultrapassando as portas da percepção e da emoção comuns, como se uma luz interna iluminasse as cavernas da sua estrutura psicológica, conduzindo-o à convicção de uma paixão que o poeta reduz à palavras que revelam esse outro universo cuja existência é a do poema no qual o leitor, ao conseguir desvendá-lo, frui-lo e compreendê-lo, alia-se ao poeta na descoberta do prazer que nos causa a beleza da forma conjugada à revelação de um lado intocado do que existe e até do que não exis ndo, passa a ter existência no poema. “Por que propõe-se alguém a escrever Poesia?” Foi William Auden quem encontrou a resposta que melhor se coaduna com a minha forma de pensar esta questão: “Se alguém a quem se fizer essa pergunta, responder: “Porque eu gosto de ficar junto às palavras, ouvindo, o que elas dizem, então é possível que venha a tornar-se um poeta”. Eu me filio à corrente que adota a poé ca que busca a natureza específica e o valor da Poesia na maneira como são dispostas as palavras para expressar as emoções e ideias, e no modo pelo qual a realidade é analisada pelas virtualidades da linguagem. Nesta corrente de pensamento que propõe que o poema antes de ser um ente é co, tem de ser esté co, e, antes de ser moral, tem de ser bem escrito. Pope nos diz que o poema bem escrito é a expressão do que foi frequentemente pensado mas nunca tão bem expresso. Daí se poderia supor que o poema seria só a sua forma de expressão? Eu penso que o poema se faz de uma simbiose entre o conhecimento da expressão e a força da paixão. Porque a Poesia é uma maneira de dizer as coisas que não podem ser ditas de outro modo. O poeta busca, em cada poema, expressar a totalidade da sua compreensão do que vê com a lucidez da sua imaginação. Essa compreensão emana de uma interioridade absoluta na qual, nós, os que escrevemos, apostamos, em cada poema, o tudo e o nada. O que está escrito em cada de um dos meus poemas se torna verdade. A minha verdade à procura da confluência com a verdade do leitor. Mesmo quando na compreensão do leitor o poema a nge outro sen do, outra significação. Jean-Arthur Rimbaud, respondendo a uma pergunta a respeito do que queria dizer com determinado poema, parece-me ter deixado bem clara essa questão de explicar o poema: “Eu quis dizer o que está nele, literalmente, e em todos os outros sen dos”. O poema é algo que arrancamos de dentro de nós mesmos, das nossas experiências, das nossas leituras, da nossa imaginação, dos nossos sonhos, sem, por vezes, conseguirmos avaliar toda a extensão e a intensidade do proposto. Por isso o entregamos aos outros, ao leitor, ao crí co, que, muitas vezes, na leitura e na análise do poema nos revelam, nessa pluralidade de entendimentos um sen do que desconhecíamos. A totalidade expressa em cada poema não é defini va, quantas vezes, no decorrer do tempo, alteramos um poema, e portanto é verdadeira para aquele momento, para aquele poema. Se há algo que a Poesia nos ensina é a nossa efemeridade que todo aquele que deixa a sua marca através da arte tenta conjurar. O que aspiramos, os que nos dedicamos a qualquer forma de arte, ao assinarmos a obra que criamos é vencer o esquecimento a que a morte nos condena, através de um nome, de uma iden ficação que desejamos perdure além da nossa existência, sabendo que ela nos é acessória, mas que nos ultrapassa. E aí, nesse paradoxo de uma arte que é paixão de uma perfeição irrealizável, reside a ironia de que todo aquele que se dedica à poesia não se pode despir. É com esta paradoxal posição entre a paixão da mão que escreve e a ironia do olhar que examina de que se deve armar o poeta na composição do poema. Encarando o drama da sua própria existência efêmera com a olhada irônica sobre o que o co diano nos oferece, o poeta, ao conseguir alcançar a plenitude da sua composição entre es lo e paixão, vence a complexidade e contradições da sua experiência, estabelecendo um jogo de significados através dos quais a nge a sua expressão final: o poema. A ironia e o paradoxo cons tuem recursos para considerar as a tudes que ameaçam as assumidas pelo poeta no seu poema. Não deve o poema procurar ser apenas a afirmação de uma verdade, e já é bastante, também a expressão, através da beleza da forma, da inquietação que cerca cada ser humano, com suas incertezas e dúvidas frente ao mistério da vida, na tenta va de descoberta da sua iden dade. O poema é o caminho para a procura de uma afirmação de um conhecimento que está des nado a ficar incompleto, se assim não fosse não haveria o próximo poema a escrever que resulta de uma nova tenta va de encontrar a resposta para essa indagação que resulta, como escrevi num poema, “da dualidade de uma consciência sonhadora e um coração real”, isto é, entre o sen mento da imortalidade que cada ser humano abriga em si e o da certeza da nossa futura ex nção enquanto ser existente.

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Por

Gilberto Wallace Battilana

Nova formatação do Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre

Foi designado pelo Secretário Municipal de Cultura um Grupo de Trabalho com a finalidade de estudar, planejar e propor a nova formatação do Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre, adequando-o ao sistema Nacional de Cultura.Integram o GT os representantes da SMCultura, Vinicius Cáurio e Alvaro San ; representante da Secretaria de Governança; Cleber Lescano, p e l a Te m á c a d e C u l t u r a ; A d r i a n Pojalcheck, pelo Orçamento Par cipa vo; Mariza Nonohay, representante da OAB no COMPAHC e Gilberto Wallace Ba lana, representando a Sociedade Civil. O GT tem o prazo de quarenta e cinco dias para apresentar a proposta que será examinada e referendada pelo Prefeito Municipal para encaminhamento ao Presidente da Câmara Municipal, Vereador Professor Garcia, para apreciação e aprovação do dos Vereadores e transformada em Lei Municipal.

Aprés Coup Porto Alegre no 3º Sarau Ovo da Ema

O Grupo Aprés Coup Porto Alegre, realizou o 3º Sarau Ovo da Ema com a par cipção do doutorando em Literatura Adriano Miglia, que fez uma palestra sobre a poesia africana. Sidnei Schneider, Lúcia Bins Ely, Marcella Villavella, de Buenos Aires, Annelore Schumann, Gustavo Burckardt e Giséli Forneck, foram os poetas a lerem poemas depoetas africanos. O 4º Sarau está programado para o dia 8 de julho, na Pizza do Pão,no Bom Fim. Sucesso para os poetas do Aprés Coup.

Gilberto Wallace Battilana

*Contato: gilbertobwallace@gmail.com | facebook.com/gilberto.ba lana.

é escritor e poeta


Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 07 Artigo

ESTUDANTES REFLETEM SOBRE A

COPA Por

Juciane Magni de Santo Antônio da Patrulha/RS

1

A professora de Geografia da Escola Patrulhense, de Santo Antônio da Patrulha, discu u com seus alunos do 2º ano do ensino médio (turma 201) sobre o assunto Copa do Mundo no Brasil. Então percebeu quantas são as dúvidas em torcer ou não torcer pela seleção. A Copa do Mundo no Brasil está sendo o assunto mais discu do nos meios de comunicação, nas redes sociais e nos ambientes escolares. É um evento que será visto por milhões de pessoas no mundo inteiro. Seria um privilégio para o Brasil ter esse evento de tamanha grandeza, se não fosse a quan dade de problemas que o trabalhador desse país tem que enfrentar diariamente. Não temos estrutura, o governo deveria dar muito mais valor a outras necessidades de suma importância a sua população. Na verdade, o Brasil quer se mostrar para o mundo o que não é tentando esconder sua real situação. Torcer ou não torcer pela seleção se tornou um assunto muito contraditório. Se pensarmos nas condições precárias da saúde, educação, transporte público e saneamento básico, seríamos contra a Copa. Mas, com tanto dinheiro inves do em estádios, seria no mínimo gra ficante se eles garan ssem essa taça para nós termos um mo vo de felicidade para toda a nação. Essa dúvida em torcer ou não é só nossa como alunos, mas de todo o povo brasileiro. Alguns ficam felizes porque vai acontecer o evento que trará muitos turista para cá. Mas, ao final da Copa, qual será a visão deles sobre nosso país? Pensamos que boa parte dos brasileiros irão para as ruas para marcar a Copa com sua indignação, para mostrar ao mundo que o Brasil tem, altos impostos e não paga aos professores e motoristas o que eles merecem. Mas, se a seleção ganhar, vai ser bom, porque, pelo menos, não usamos tanto dinheiro em vão. Ainda não estamos prontos para esse megaevento. O Brasil é muito problemá co. Nossas carências não estão só nas péssimas estradas, aeroportos e rede de hotelaria. Nossos problemas vão além: são as filas nos hospitais; as escolas sem infraestrutura para receber os alunos, entre tantos outros. E assim está sendo desde o início. Alguns brasileiros irão torcer pelo Brasil porque é a seleção do nosso país e devemos apoiar o técnico e seus jogadores. Outros torcem porque, já que gastaram milhões, e esse dinheiro não retornará para as necessidades básicas de que nosso povo tanto precisa, melhor ganhar mesmo o tulo. Nosso governo mais uma vez está tentando mascarar essa sujeira o mais rápido possível e talvez consiga. Talvez a massa alienada ajude, pois os meios de comunicação estão ajudando, e são eles que ditam o ritmo do povo. Então eis a questão: o que seria melhor? Aproveitar o que já foi feito ou se manifestar contra o inevitável? Mas, pensando bem, não podemos deixar de torcer pela nossa seleção: somos brasileiros e amantes do futebol e, já que não temos mais como impedir, o que nos resta é torcer.

1 -Juciane Magni, licenciada em Geografia pela FACOS e especializanda em Espaços e Possibilidades para uma Educação Con nuada pela Universidade Aberta do Brasil (Universidade de Pelotas). Trabalha na Escola Patrulhense (Santo Antônio da Patrulha) e Escola General Osório ( Osório). Felipe Mar ni, Leonardo Milanezi, Desire Santos, Ana Alice Pereira, Lucas Dias, Brenda dos Santos, Carolina dos Santos, Ciro Dávila, Lorenzo Castro, Emily de Fraga, Manuela Ramos, Ana Paula Gomes, Isabella Panisi.

Artigo

A MÚSICA NA VIDA DOS ADOLESCENTES Por

1

Eduardo Jablonski de Santo Antônio da Patrulha/RS

Existem vários problemas na educação nacional, e um deles é o uso excessivo de celular por parte dos estudantes de 8ª série e ensino médio. Ao invés de prestarem atenção à aula, como deveria ser, ficam o tempo todo ouvindo músicas, que, às vezes, estão num volume elevadíssimo, o que chega a atrapalhar a fala do professor. Com os adultos – inclusive de faculdade – a coisa não é diferente. Talvez porque disponham de mais recursos, u lizam notebooks e se desligam das aulas, visto que os computadores estão conectados ao Facebook e não auxiliam nas matérias. Este ar go se desenvolveu da seguinte forma: como é uma constatação a fissura que os adolescentes nutrem por música (um apressadinho afirmaria que 100% das pessoas amam a música, porém isso não é verdade. Conhecemos alguns que estão fora desse me), perguntamos de que es lo de música os estudantes da 8ª série da Escola Patrulhense (de Santo Antônio da Patrulha) mais gostam, quantas horas ouvem por dia e o que pensam dos que sintonizam os telefones durante as aulas. A ideia é ter noção do que se passa na cabeça desses guris e gurias, para assim ter condições de encontrar alterna vas para qualificar os encontros. Kainane O o, por exemplo, revelou ouvir música durante as aulas, principalmente nas de Matemá ca. Igual à colega, Luian Ferri, Kauan Cunha e Kauan Mar ns garantem ouvir música durante a aula para se distrair, e Igor Lopes, porque gosta. Já Devlyn Santos ouve durante a aula porque o relaxa; Gabriela Dryszer e João Pedro fazem a mesma coisa, porque isso os deixam calmos. Maurício Souza é um pouco mais exagerado: ouve umas oito horas por dia e prefere música às aulas, para não ter de ouvir o grito dos colegas, uma vez que a sua turma é muito bagunceira e há estudantes que não falam, gritam. Matheus Braga e Guilherme Freiberger pensam da mesma forma. João Vitor Serafini ouve funk umas 10 horas por dia, porque gosta e porque acha que esse es lo musical é cultura. Poé ca, Paola Duarte de Assis Santos acha a música mais compreensível que algumas pessoas. Kethlyn Braga acredita que a música é importante para todos. Arthur Barcellos disse que gasta em torno de 3 horas por dia nessa a vidade. Para ele, quando se ouve música com um volume elevado, isso faz com que a pessoa seja transportada para outro universo. Estranhamente ele acredita que, se os professores permi ssem que os alunos ouvissem música durante a aula, esta renderia mais. Arthur esquece que a maioria não sabe fazer duas coisas ao mesmo tempo e que, se ouvem música, não prestam atenção na aula, caso de Wellington Machado, por exemplo. João Pedro Braff, ao contrário, acredita que ouvir música melhora o nível de concentração. O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor de Feliz Ano Velho, também pensa dessa forma. A professora de Português e Literatura Carla Souza da Silva, da Escola Patrulhense, diz que se concentra com barulho. Na sua casa, a primeira coisa que faz é ligar a tevê ou o rádio. Já a professora de Ciências da Natureza Andreia Colombo da Silveira, da mesma escola, ao contrário, diz que precisa de silêncio geral para se concentrar. Vitória Fraga é uma das estudantes que afirma ouvir música em todos os momentos do dia, exceto quando está em sala de aula. Na sua opinião, a música a distrai, a faz se sen r bem e a liberta. MC Maykinho ouve 6 horas por dia de funk, até porque ele está batalhando para se tornar profissional da área. Leandro Milcharek só ouve música antes de dormir e não acha correto fazer isso em sala de aula. Interessante é que, em todos os lugares onde convivemos em Santo Antônio, as pessoas ouvem apenas sertanejo, mas os estudantes da 8ª série do fundamental do Patrulhense escolheram, em primeiro lugar, Reggae (com nove votos); rock em 2º (seis votos); funk em 3º (quatro votos) e sertanejo em 4º (dois votos). Nos anos de 1980, mas em Porto Alegre, os jovens gostavam apenas de rock pesado.

1 - É mestre em Literatura Brasileira (UFRGS), tem três especializações: Inglês (Unilasalle), É ca (Unilasalle) e Gestão Financeira (Faculdade QI), publicou sete livros, sete ar gos acadêmicos e 800 ar gos em jornal, ganhou nove prêmios, entre os quais o 2º lugar no Açorianos de crônica em 1997, faz tradução de inglês e espanhol, revisão de livros e é professor da Escola Patrulhense e da Mundo Office, em Santo Antônio da Patrulha, e da Faculdade QI, em Gravataí e Porto Alegre.


Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 8

Delegado Hipólito GRAPHIC NOVEL

e seu fiel alcagueta sonham com a volta do passado. Por

Cloveci Muruci de Porto Alegre/RS

Estou pensando em nos organizar para as eleicoes. Talvez lancar candidatos alinhados com a nossa causa

Apoiar o pessoal da extrema direita ja eleitos

Um partidao de direita, liderado pelo Bolsonaro e pelo Feliciano vai mudar o quadro politico no pais

Com um time destes, vamos anular as acoes da comissao da verdade, que so nos inferniza ha tempos. Onde eles querem chegar? Nos querem presos? Esqueceram tudo que fizemos por este pais? Nossos sacrificios, noites sem dormir, interrogando os vandalos comunistas. Tudo isso pra que hoje esse pais fosse temente a Deus, verde e amarelo, e nao vermelho.

Aproveitar e meter a mao nas verbas de campanha. Tambem somos filhos de Deus

Podemos repatriar o Mainardi da Italia para nossa assessoria de imprensa

Convocamos nossa bancada gaucha de direita: a Ana Amelia, o Lazier, o Pedro Americo e a Monica. Vamos reforcar a ideologia!

E ainda ficamos com reforco na midia

Vamos reativar a Marca da Familia pela Liberdade, a T.F.P, o Ouro para Salvar o Brasil, o apoio da Igreja Catolica como antigamente. Enfim, de voltamos bons tempos. Que maravilha!

Apoio Cultural :

Telas, Quadros e Molduras www.kersson.com.br

Telefones: (51) 3333-3294 | Rua Cabral, 291 Porto Alegre, Bairro Rio Branco, Brazil | Site h p://telasgaudi.blogspot.com/

(51) 3211 - 6833 (51) 3024 - 0341

Av. Rua Santana, 41 - Porto Alegre/RS (ao lado da vivo) Fone: (51) 3381-4954 | (51) 9971-1732

Estamos sem verbas faz um bom tempo


Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 09 Poesia

A POESIA INTERSIGNOS: CULMINAÇÃO DE UM PROCESSO Por

Clemente Padín de Montevidéu/Uruguai

Tradução: Regina Célia Pinto

Gravauras

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A obra poé ca de Philadelpho Menezes cons tui uma importante contribuição ao desenvolvimento da poesia experimental, não só la no- americana, mas também mundial. Ela completa e culmina a construção originada com o advento da Poesia Concreta brasileira (1956), selando-a com a Poesia Intersignos que vem sendo criada desde os anos 80. É a cereja que coroa a torta. A poesia concreta cons tuiria a base, o poema semió co, o segundo piso, o Poema/Processo o seguinte e, finalmente, a Poesia Intersignos. No meu conceito o caminho é o seguinte: o concre smo literário de tendência matemá co-espacial de Wladimir Dias-Pino, desde seus poemas A Ave (1954) e Sólida (1956) até os poemas "espaciais" (1962) que originaram o poema semió co, o Poema/Proceso (1967), lançado no Río de Janeiro e, por úl mo, a Poesia Intersignos de Philadelpho Menezes (1980). Como no Poema/Processo, a Poesía Intersignos propõe "re rar do signo verbal a exclusividade na exploração da matéria prima poé ca" (Menezes,1987). Para Wladimir Dias-Pino, a palavra é o signo de uma das linguagens que pode ser u lizada na expressão poé ca, porém não é único nem é excludente: "...o Poema/Processo não pretende terminar com a palavra...o que o Poema/Processo reafirma é que o poema se faz com o processo e não com palavras..." (Wladimir Dias-Pino, 1971). Segundo Menezes, se pode "definir sumariamente à Poesía Intersignos como aquela em que os signos visuais e verbais, cada qual com sua carga semân ca própria, atuam conjuntamente na produção do sen do do poema" (Philadelpho Menezes, 1987). Assim, marca suas diferenças com a chamada "Poesia Visual" que se vale da dimensão plás ca da linguagem (a linguagem não só se "lê" mas também se "vê"). Sustenta que no poema visual os elementos plás cos não se integram ao significado total do poema mas que atuam como elementos de confusão, de "ruído" para gerar a maior ambigüidade possível. Também podem estar na função de colocar em relevo (la "mise en relieve") ou de reforço da expressão verbal, à maneira dos poemas ilustrados ou os "carmina figurata" la nos ou os "Pa ern Poems" como os define Dick Higgins (1987) onde, na grande maioria dos casos, as duas formas de expressão, a verbal e a visual, podem separar-se sem perda de informação poé ca, o que é impossível no poema intersigno. Menezes retoma o programa da poesía concreta histórica: a construção racional dos signos interatuando na formação do sen do, mediante processos de composição "precisos", quase esquemá cos, ao contrário das tendências mais relevantes na poesia visual, oriundas da colagem e da disseminação semán ca. O distanciamento com a Poesía Visual é notório. Compara ambas as formas, o poema visual e o poema intersignos, com a colagem cubista e a montagem cinematográfica: o primeiro é imo vado, livre e não pretende formulações semân cas claras mas ambíguas, o segundo propõe a ar culação visual e verbal (e sonora, numa segunda etapa) que faça possível a apreensão de significados precisos ainda que sua conceituação seja complexa. Posteriormente em ROTEIRO DE LEITURA: POESIA CONCRETA E VISUAL, 1998, ao caracterizar à Poesía Visual, fala de que, fundamentalmente, existem três manifestações: o poema-embalagem, o poema-colagem e o poema-montagem. O poemaembalagem se caracteriza por una volta ao texto e ao verso ainda que, devido as sofis cadas possibilidades dos novos pos gráficos e outros recursos, é possível falar, ainda, de integração expressiva na visualidade. O poema-colagem, tem sua origem na técnica ar s ca descoberta pelo Cubismo que rava os signos de seu ambiente habitual e os colocava em outros gerando ambigüidade e proliferação de sen dos. O poema-montagem, ao contrário do poema-colagem, ao reunir dois signos de diferentes linguagens geraria não múl plas representações mas uma ou duas representações na mente do "leitor". Um importante apoio à sua teoria é a "montagem", técnica expressiva descoberta pelo cineasta sovié co Serguei Einsentein, entendida como a integração das áreas visual, verbal e sonora no filme. Sua admiração por Einsentein foi tal que chegou a chamar à Poesia Intersignos como "cine está co". A montagem é um "processo de justaposição" de dois ou mais elementos expressivos que "se combinam em um novo conceito, em uma nova qualidade (...)" (Serguei Einsentein, 1944). Essa "nova qualidade" se origina na instância superior do poema que se forma na mente do "leitor". Na terminologia de Charles Sanders Pierce, o poema se cons tuiria no representante que, na interpretação posterior do "leitor", se transforma em "outro signo" ao que chamou interpretante. Menezes chama "sen do do poema" a esse supra-signo. A ninguém escapa que essa integração (o visual, o verbal e o sonoro que tão bem expressou James Joyce com seu conceito de "verbivocovisual") só seria possível num futuro próximo através dos descobrimentos da técnica, quer dizer, o vídeo e, sobretudo, a mul mídia. Assim não foi casual seu CD Rom POESIA INTERSIGNOS onde retoma seus poemas bidimensionais como MÁQUINA e REVER e os reelabora através das novas possibilidades expressivas desse meio, incluindo a chamada quarta dimensão tecnológica, o "hipertexto". Assim o expressava em seu texto anterior UMA ABORDAGEM TIPOLOGICA DA POESIA VISUAL que abria o catálogo da I Mostra Internacional de Poesia Visual de São Paulo, organizada por ele em 1988: "Se criaria uma ar culação formal entre verbalidade, visualidade e sonoridade que produziria uma montagem superconductor onde a comunicação exigiría do observador um integral aproveitamento dos sen dos, em função da decodificação da hipótese de leitura do poema". Fruto destas idéias é o CD Rom INTERPOESIA (1997- 98) realizado conjuntamente com Wilton Azevedo, onde se destaca como um excelente operador de linguagens mul mídias de úl ma linha, onde o componente visual se une indissoluvelmente ao componente verbal em um po de "intermídia" segundo a caracterização de Dick Higgins: "Uma real interação formal e semân ca entre diferentes linguagens, e não puramente sobreposição acumula va." Também pode ser destacada sua atuação no redescobrimento da Poesia Sonora, sobretudo na América La na, onde este gênero tem do muito poucos adeptos. Assim como a poesia visual se vale das possibilidades pictóricas ou espaciais das letras e palavras, a poesia sonora ou fônica se vale das possibilidades expressivas dos sons e ar culações vocais que fazem possível a dimensão sonora da linguagem verbal. A poesía fônica flutua entre a música e a literatura, entre a experimentação fono-verbal e o jogo glossemá co *. Sua origem remonta a do gênero humano e, até a aparição das técnicas de gravação eletrônicas, se refugiou, escrita, na poesia visual, dando nascimento ao que hoje se denomina poesia foné ca. Logo nos anos 50, com a aparição da fita eletromagné ca, a poesia sonora se diversificou notavelmente, em virtude do amplo leque de possibilidades que oferecía o novo meio e, com o advento da tecnologia digital e da mul mídia, essas possibilidades aumentaram.


Foto: Mari Lopes Fotografia e Arte

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Porto Alegre |Junho | 2014 | ARTES | 11

Venha viver e dançar o Tango! Aulas e prá ca todas as segundas-feiras no Bar Amadeus Lounge (Rua Otavio Correa, 39) Informações e inscrições: Fones: (51) 3273 - 5753 (a par r das 16h) ou (51) 9699 - 6884 / 8106 - 7442 Email: studiodedançasmaranoschang@hotmail.com

Foto: Mari Lopes Fotografia e Arte

Buteko do Caninha Quem for no Buteko do Caninha, neste mês de junho, vai encontrar o melhor clima de Copa do Mundo. A decoração a rigor para o evento tornou o local renovado com sabor de futebol, e cores brasileiras.

Mesa de Bar São mais de 50 quarteirões que movimentam a vida noturna da Cidade Baixa, o bairro underground de Porto Alegre, onde a cena cultural tem mais força, com inúmeros bares com mesas nas calçadas, se transformam em galerias de artes, com a mais recente criação dos portoalegrenses, e espaços para shows musicais.

Espaço Cultural Zumbi dos Palmares O Espaço Cultural Zumbi dos Palmares,(frente ao Largo da Epatur) é o mais novo lugar na Cidade Baixa, des nado a cultura underground. Um espaço livre para boa conversa e ideias libertarias. Ali pode-se jogar xadrez, ter Cosinha Vegana, Brechó, Oficinas de Artes, Banquinha de Siners, tudo isso com a estrutura de Bar, com a coordenação do Yuri, do Caiã e da Bibiana Pozzebon. No dia 20 de junho (sexta-feira) a par r das 21h, acontecerá, uma cole va com gravuras e fotografias de Ali Savage, Vinicius Vini Rodrigues, Mar rio das Almas.

Um Amor para Nacho A exposição”Um Amor para Nacho” (Pinacoteca, República, 409) da autodidata Ellen Vernink, expõe ensaio fotográfico com “experiência no campo da fotografia eró ca”, a par r de uma visita da autora a loja de brinquedo.

Tangos Um novo espaço atrai cada vez mais os freqüentadores da noite na Cidade Baixa. TANGOS, (República,483)é um bar

agradável com um bom serviço de mesa, decoração e alguns pe scos com o sabor do Uruguai.

DISCO BAR É um lugar perfeito para reunir amigos e degustar as melhores pizzas artesanais da Cidade Baixa, no formato bro nho ou na versão oito pedaços. O Bar oferece decoração dos clássicos do Rock , com dois ambiente clima zados. Aberto de terça a sábado das 18h ás 23h30 – 3072 04 46 / www.discobar.com.br

Porto Carioca Pe scos como e porções de iscas de filé, bolinho de bacalhau, são alguns dos sabores que o Porto Carioca (República, 134) oferece aos seus clientes. Clima zado para 40 lugares, tem carinho no atendimento, para quem for ali, tomar drinques e cervejas. Ao primeiro domingo de cada mês, (a par r das 12h) acontece a famosa feijoada com roda de samba imperdível.

Espaço Cultural 512 São inúmeras as opções de pe scos no cardápio, que se orgulha de ter a produção dos próprios condimentos. A noite é regada a cerveja artesanal e des lados. Sons de bandas no es lo jazz e samba.

Dirty Old Man Coctail Pub Uma casa especializada em cocktails e drinques especiais. A temá ca do lugar é inspirada na obra literária do mais boêmio dos escritores: Charles Bucowski. Lima e Silva, 950- 3085 8227


Sons que ouço na

Cidade Baixa Disco Bar - Rua Lopo Gonçalves, 204

Foto: Mari Lopes Fotografia e Arte Apoio Cultural :

Barão do Gravataí, 577

Porto Carioca: Rua da República, 188. Cidade Baixa. Porto Alegre. E-mail: portocarioca@hotmail.com

Rua João Alfredo, 512


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