Novembro | 2013

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JORNAL DE

ARTES

Artes plásticas | Cênicas | Cinema | Música | Literatura Porto Alegre | Novembro | 2013 | R$ 3,00 Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com

Gravura Jungle Gym of My Mind de Mari Inukai exposta no Thinkspace Gallery em Culver City, Estados Unidos

15 ANOS

Publicando Cultura JORNAL DE

ARTES


Porto Alegre |Novembro | 2013 | ARTES | 2 NOTÍCIA

CONFRARIA DE ARTE POSTAL SELUS COMEMORA ANIVERSÁRIO DE 5 ANOS DA Por

Jacira Fagundes de Porto Alegre/RS

Um pouco de história : Pessoas se reúnem em torno de uma paixão em comum. Grupos se formam visando a concre zação de um obje vo – seja a convivência entre pares, seja o compar lhamento de ideias ou ideais, seja a construção de um modelo de ações conjuntas que se perpetuam no tempo, seja tudo isso junto. Pois foi este arcabouço que construiu, há coisa de cinco anos, o alicerce que levaria pessoas interessadas em conhecer e desenvolver mais profundamente a arte postal, a cons tuir um grupo permanente e atuante com a finalidade de discu r, estudar, criar, convocar e divulgar no estado uma expressão de arte ainda considerada novidade em nosso meio, e de integrar suas ações ao movimento mundial de arte postal como um todo. Em 2008, a Letras & Cia – Livraria e Café, havia criado o Espaço de Arte que era então coordenado pela ar sta visual Nádia Poltosi. À convite da coordenação, a ar sta visual Maria Darmeli Araújo ministrou a “Oficina de Arte Postal” no espaço oferecido, que culminou com uma exposição dos trabalhos dos Reunião do grupo Selus, fotos de Joel Silva

par cipantes no mesmo local. Na ocasião, houve bastante interesse entre os par cipantes, e foi ven lada a possibilidade do grupo atuar de forma periódica no espaço. No dia 26 de novembro de 2008, numa sexta-feira, aconteceu a primeira reunião do grupo. Criava-se, naquela data, a Confraria de Arte Postal, que mais tarde, viria a denominar-se Confraria de Arte Postal SELUS. O local passou a sediar a Confraria, quando de suas reuniões, a cada úl ma sexta-feira do mês, e sempre que ocorria uma exposição de arte postal. Respostas a muitas convocatórias – nacionais e internacionais – foram realizadas e intercambiadas neste período. Por questões par culares, a Confraria passou a reunir-se em meados de 2011 em um novo espaço – o Ateliê da OCA. Dava assim con nuidade a suas a vidades que se intensificavam com intercâmbio das convocatórias, com o aumento do nº de confrades, com a criação do selo da Confraria, realização de exposições e confecção de zines e outras formas de expressão de arte. Neste período, entre as exposições realizadas destacaram-se: “Auto Retrato” – Exposição comemora va de 1º ano da Confraria, na Letras&Cia – Livraria -Café “Novos olhares sobre Porto Alegre/ 239 anos” – uma homenagem pelo aniversário da cidade, ocorrida na sede do Grupo A.G.U.I.A em março de 2011. A mesma exposição voltou a apresentar-se, acrescida de postais de novos integrantes da Confraria, de convidados e de alunos do Atelier da OCA, no Congresso da Cidade, evento promovido pela Prefeitura Municipal de Porto

Em 2012, a Confraria SELUS passou a reunir-se no SEONA – Espaço Alterna vo, onde se encontra atualmente. As reuniões seguem acontecendo no novo espaço, na úl ma sexta-feira do mês à tarde. São encontros abertos não só aos confrades, mas também a convidados e interessados. Atualmente, o registro de todas as a vidades está sendo postado no blog h p://confrariadeartepostalselus.blogspot.com , recentemente criado na rede, que vem recebendo visitas regulares. Foi criada a convocatória – “Projeto Arte Postal Copa do Mundo da FIFA 2014 – Brasil”, convocatória que vai até maio de 2014 para entrega de postais, com exposição prevista para julho do mesmo ano. Neste ano de 2013, para comemorar seu 5º aniversário, a Confraria vem elaborando o Selo-logo po comemora vo da SELUS. Também programou o lançamento para a data de 26 de novembro, da Exposição “Minicontos”, que reúne literatura e arte postal. Na sede – SEONA - Espaço Alterna vo, a mostra fará a apresentação de minicontos e imagens relacionadas , resultado de trabalho dos confrades e convidados. A Confraria de Arte Postal SELUS está aberta a visitação e a novos integrantes na sede localizada à Rua Mariante, nº 804, sala 02.

Alegre.

JORNAL DE

ARTES Artes Plásticas | Artes Cênicas | Cinema | Musica | Literatua

Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI Editor Editor | João Clauveci B. Muruci Editora de Literatura | Djine Klein (djineklein@gmail.com) Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Email | jornaldeartes@yahoo.com.br Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www.murucieditor.tumblr.com CNPJ | 107.715.59-0001/79 - Fone | 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249

EXPEDIENTE Colaboradores desta edição Almandrade | Djine Klein | Edilene Deleon | Felipe Lamadrid | Ìdòwú Akínrúlí | Jacira Fagundes | JoãoMaria Nabais | Mari Lopes | Natália Giacomello | Níger Madrigal | Paulo Bacedônio

Gravura Jungle Gym of My Mind de Mari Inukai exposta no Thinkspace Gallery em Culver City, Estados Unidos


Porto Alegre |Novembro | 2013 | ARTES | 3

Ilustrações Paulo Bacedônio

POESIA

POESIA IBERO-AMERICANA ENCANTAÇÃO ninfaquandotange dezenovecordas dealaúdicapandora: faunoferoz ficamanso Paulo Bacedônio (Brasil)

EL CORAZÓN ESTÁ ENCOGIDO Y A OSCURAS inmóvil en el escombro como una rata disecada no avanza no hay temblor alguno Refleja el empo su cara informe en la ruta de la sangre y el ojo ende una fina hilera de transeúntes memoriosos El ojo contempla atrae los pasillos hacia la luz El corazón no se mueve en la penumbra El ojo es ventana espléndida mar hallado por una mano terrena entre la lluvia una mano que lo alumbra lo despierta y le convida una amante Pero también es la casa que ahora encuentra en un montón de piedras como palabra desarmada in La blancura imantada Níger Madrigal (México)

Ilustrações Paulo Bacedônio

AMANEZCO MAÑANA Amanezco mañana al claro día y busco las huellas de ayer en la erra que amó mis huesos y en los pasos ambulantes. Ausente a todo ser vivo. A veces sin éndome huérfano devoto registro el refugio de tu árbol en cada pisada en cada beso ardoroso en los salones de la muerte. Que nunca muero en el abismo de los cielos Que nunca vivo en el abismo del infierno O en atardecer de autén ca noche. Felipe Lamadrid (España)

escrevo… NA CÁPSULA DO TEMPO Quase não como quase não durmo ao instante segundo escrevo muito escrevo sempre mesmo se não escrevo com a dor crónica da coluna há muito inflamada quase não como quase não durmo ao instante segundo cada vez mais isolado do mundo construo a própria torre de babel num quarto fechado ainda sem des no notável entre o dia e noite o movimento da chama escorre na câmara-escura e o pêndulo quase pára cristalizado o sono na dobra das esquinas onde crianças de rua se escondem numa cama de estrelas

ao abrigo da doce sufocação da morte quase não como quase não durmo ao instante segundo se a luta me custar a vida como um soldado ferido em combate na trincheira contra os frustrados crí cos de arte que nada sentem ou sabem daquilo que pensam e dizem vou seguir o trilho do caminho para lá do pequeno mundo conhecido mesmo que as palavras já gastas se tornem escassas na procura da razão crua que me alimenta a coragem quase não como quase não durmo ao instante segundo escrevo muito escrevo sempre mesmo se não escrevo com o corpo em movimento suspenso refugiado na cápsula do tempo João-Maria Nabais (Portugal)

Ilustrações Paulo Bacedônio


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ARTIGO

O RETORNO E A DÚVIDA DA POESIA Por

Almandrade de Salvador/BA*

A poesia é um conhecimento à parte da razão tecnocrata que rege a sociedade contemporânea. Hoje em dia, o homem se defronta com outras oportunidades de linguagens, outros conhecimentos, que deixou de lado o hábito da leitura, principalmente a leitura de poesias. Diante da informá ca, da música popular, do discurso polí co, não há lugar para a poesia. Mas de repente um surto de poesia tomou conta da cidade, saraus, recitais, debates, publicações, vão se espalhando e ocupando pequenos espaços nos centros urbanos, bares, cafés, bibliotecas. Páginas na internet. Parece que a poesia voltou a fazer parte da cidade. Mais uma ilustração da crise da linguagem, do pensar e da cidadania? Afinal de contas, poesia passou a ser tudo que alguém escreve movido por uma “inspiração”, uma revolta, uma paixão, um discurso livre e aleatório, como: a frase da mesa do bar, o bilhete da namorada, o discurso de protesto etc. O poeta que já foi expulso da cidade, volta ao cenário urbano na condição de sintoma da cidade grande.

1- A POESIA E A CIDADE “Os poetas nos ajudarão a descobrir em nós uma alegria tão expressiva ao contemplar as coisas que às vezes viveremos, diante de um objeto próximo, o engrandecimento de nosso espaço ín mo.” Bachelard Desde quando a cidade é objeto de trabalho de especialista, ela passou a ser um corpo fragmentado e perdeu sua geografia poé ca. Primeiro foram os filósofos que expulsaram os poetas de sua república, depois foram os técnicos que destronaram a filosofia. Custou caro ao filósofo aceitar que o saber foi uma invenção do poeta, que a eternidade da Grécia se deve primeiramente a um Homero e depois a um Platão. Nessa mudança de século, a filosofia acabou ressuscitando um Sócrates arrependido, solicitando do poeta seu retorno à polis . Pudera, em épocas de crise sempre se apela para o poeta, ele que nada sabe, foi adivinho do passado e é livre para falar de suas emoções. Mas ele nada pode resolver com relação aos equívocos dos especialistas do urbano, a não ser restaurar a poesia perdida. A cidade de polí cos e de técnicos tem problemas mais urgentes, para se preocupar com a poesia. Acreditava-se que a tecnologia era uma solução universal, mas se mantêm longe de dar respostas às demandas de habitação, segurança, transporte e educação. Não se canta mais a cidade, fala-se para lamentar seus problemas. A cidade precisa da poé ca e do pensamento. Quem se ocupa de conceitos sabe, sem negar a importância da tecnologia, que a cidade atualmente precisa mais do exercício da cidadania e das idéias, do que intervenções técnicas sem uma compreensão mais ampla dos seus problemas. As cidades modernas se ressentem da carência de uma nova idéia de planejamento urbano que não a veja exclusivamente como o cenário do mercado de trabalho. Pois a imagem urbana não se restringe àquilo que a percepção capta, é muito mais o que a imaginação inventa com a liberdade poé ca. As musas sabem que o poeta não vai salvar a cidade, mas ele é quem lida com a fantasia e o devaneio, indispensáveis para o sonho de uma outra expecta va de vida urbana.

2- A POESIA E A LÓGICA DA LINGUAGEM “A poesia é uma arte da linguagem; certas combinações de palavras podem produzir uma emoção que outras não produzem, e que denominamos poé ca.” Valery O poeta vive num canteiro de obras. A musa, o acaso, a razão, o sen mento, os pensamentos abstratos são matérias primas para a sua poesia. Ele produz a par r da leitura de textos alheios, ar culando idéias e costurando a linguagem. A poesia é um trabalho que exige de quem faz uma quan dade de reflexões, de decisões, de escolhas e de combinações. As leituras e as experiências modificam a escrita, as palavras não são totalmente espontâneas, como nas pinturas de um Pollock, há um trabalho e um cálculo da escrita. A linguagem poé ca difere da linguagem que u lizamos para a comunicação diária. Cada poeta explora a linguagem na busca de um acontecimento inesperado, de uma experiência singular. A linguagem co diana desaparece ao ser vivida, é subs tuída por um sen do. A poesia não, ela é feita expressamente para renascer de suas cinzas e vir a ser indefinidamente o que acabou de ser. Numa época marcada pelo desaparecimento do durável, transmutação rápida dos valores, sem tradição poé ca, a poesia retorna como um lugar de experiências contraditórias, para atender uma necessidade de lazer e diver mento, do que uma vontade de saber. Os saraus, recitais e debates têm mostrado uma ausência de uma percepção mais ampla das contradições da cultura, par cularmente da literatura. A poesia que já par cipou como protagonista nos movimentos de vanguarda nos anos 20 e 50/60, reaparece na cena urbana deslocada de sua materialidade para falar de aparências e emoções.

* Almandrade - (ar sta plás co, poeta e arquiteto)


Cloveci Muruci

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POESIA EM PROSA

O MISTÉRIO DO TEMPO Por

Djine Klein de Porto Alegre/Viamão/RS

I.

Rastrear o silêncio é algo que sei fazer desde o berço. Retraído colecionava insetos para um arco-íris dentro de mim. Fora havia sido abstraído desse arquipélago verde em que nasci. Nos desnortes dos primeiros anos me negaram o cão que pedi para dividir a estrada. Então fui sozinho formigando em fúrias, experimentar o mundo que já me chamava com voz rouca. Mas hoje me implodiu da memória de exilado as marcas da pedra fria. Então diante de vós (meu irmão) venho sustentando as cicatrizes que me deste na testa e para desfazer o equívoco: eu nunca fui homem de deserção. E estou aqui para que me vejas ainda que em lâminas de re na. Sim, me fui é verdade! Mas de extremo a meio, e volto para ampará-lo deste escândalo de medos. E a pele ardida à chumbo é a minha, mas nunca delatei ninguém pelas espingardas. E lembrar domingos e feriados, meninos colhendo pássaros depois da missa... (tem que ser apenas uma visão que inventei - criança magoada). Do navio que me embarcaram era negrento, mas que nunca cul vei medo de escuro. Apenas naveguei-o sem queixa até a ngir o outro lado do dia que me viu par r. Também não dei fuga a nenhum dos pesadelos que então me galopavam – um cavalo de fogo! Tropeçar, ainda tropeço e esfolado premedito a fera reerguendo-se de minhas cinzas. Então levanto, lambo as feridas e conto as vidas que me restam. Ainda tenho aqui esse relógio, bom de trabalho em delatar-te o fugi vo tempo ou acusar insônias. Mas como minha casa não tem paredes para sustentar um devorador de tempo regalo a relíquia. Do tempo que ainda me cabe não preciso embriagar-me nos ponteios. Então aceite o presente como se fosse um segredo. E, de meu exis r, poupo-te do escândalo, pois que agora mais leve posso seguir tranqüilo para o outro extremo.

II.

Tem a mania de querer acalentar todo pária que atravessa seu caminho e isso me ofende. Eu por exemplo sempre ve disciplina. Aparar o excesso de faísca dá trabalho, mas nada que uma cama macia e mulher para todos os caprichos não possa resolver. E se ainda parecer pouco, recomenda-se algumas taças an cismação. Quanto ao coração, mantenha-o firme entre quatro estacas, assim não se permite que chateie com sua tagarelice. E depois quem seria o louco a querer tal nudez! Um espantalho! Dispamos à chamas, pena é não sobrar esqueleto para contar sobre as crispações da carne. Sim, é verdade que velam por ele. Um pensamento solitário (nossa mãe) com sua corja de fantasmas. Habita densa noite, mas é justo por suas chagas que não terá ela, mais que conferir o punhal, já que o traz atravessado no próprio peito. Ser homem dolorido por outro homem... Renego o homem com essa dor, este algo de sen do que em mim desconheço. E quando me falam das su lezas em gêneros, visita-me o riso. Não o de rir, mas o de cinismo: macho ou fêmea são apenas variações do mesmo brinquedo, para o tempo devastar sorrindo. E não se preocupem com estas crispações em meu irmão, o que nele queima já é cinza e não venham querer proteger as laranjeiras do meu machado. Chegaram tarde! A terra está nua e não permito nenhum arbusto esquálido, onde guardar as memórias de suas formigas.

III.

A pólvora depositada em mãos de meninos rastrea a pele de homens cur dos de tempo e distância. Não queiram atormentar-se com o desejo de depurar an gas cicatrizes lavando-as em água de poço, curar feridas. Ah! Foi cavado pelas mãos de sua avó? Assim como ela, ele não mais existe! Em tempo de máquina o mundo não tem porteira. Contudo hoje sou o dono da terra que os viu par r, lá onde do homem fiz gado. E apá co rumina o capim o úl mo restolho daquela velha es rpe. O quê, des no? Indivíduo? É só uma palavra que de conceito perdeu paixão. O espelho que os reflexava (pobres criaturas) por pura cortesia não diz mais nada. Desistam, não há disposi vo para amenizar tanta solidão. O mármore acorda a lápide que já vem com epitáfio e foto amarelecida. Deixo a estes fraternos a honra de ser indigentes 'plenos de si'. Depois que foi consolidado a quem o novo reino pertence, a nenhuma indigência deixarei esconderijo e não há o mais ou o menos a seu favor que inventariar. Para suas fomes acabaram pão e mel, mas que diferença faz, já que para lábios de páreas não foi dado a conhecer - saciedade. Saquei-lhes a memória luminar do doce! Esqueçam a lágrima. Do ninho de águia de que descendem, herdaram apenas o pássaro do delírio. E sei que também chegará o meu tempo de indigência, mas hoje lucro é desta desumanidade e, juro que me têm amor. Quem conquista o cetro é porque trás no bolso a moeda de prosperar... E eu sou dos que aprendeu no ato do furto a arte de sustentar coroa. Então, presumo ter o direito de devorar sorrindo a paisagem que os viu nascer. Depois disso (defini vamente) quem lhes escoltará pelo mundo, se não o silêncio molestando ouvidos e seus braços flácidos de não abraçar.


A Estância da Poesia Crioula, estará realizando dia 29 de novembro de 2013, a par r das 19 horas, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre a sua 1ª Expoesia Crioula, que consiste em uma exposição de poemas de associados da en dade, retratados em telas ar s cas, por ar stas visuais de várias cidades do Rio Grande do Sul. O evento tem a curadoria da renomada ar sta visual Dilva Camargo, reconhecida em mais de 22 países da Europa, referenciada em Catálogos e Anuários de Arte em todos os con nentes. Durante o evento os poetas par cipantes serão agraciados com medalha de par cipação e será servido um coquetel aos presentes.

1ª EXPOESIA CRIOULA Ar stas Visuais e poetas juntos numa exposição na Câmara Municipal O evento reúne ar stas de Rio Grande do Sul e Paraná, quando serão interpretados poemas de grandes mestres da poesia. Com curadoria de Dilva Inez Camargo, os poetas (Estância da Poesia Crioula) e ar stas visuais, (que já se par ciparam em exposições em países da Europa), estarão juntos pela primeira vez na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

A Estância da Poesia Crioula é uma en dade cultural sul RioGrandense que congrega os poetas e prosadores voltados à temá ca gauchesca, além de pesquisar, manter, promover e divulgar tudo aquilo que se relacione com esta arte crioula em suas mais diversas formas de manifestações. A fundação da Academia Xucra do Rio Grande, como é carinhosamente conhecida, ocorreu em 29 de junho de 1957, durante a realização do 1º Rodeio de Poetas Crioulos do Rio Grande do Sul, que teve Vargas Ne o como Presidente de honra; e que após sua morte tornou-se Patrono da en dade e o poeta Hugo Ramirez, que foi o grande mentor do evento, como Presidente da Comissão Organizadora.

Os maiores nomes da Poesia e Prosa Regionalista compuseram e compõem a “Academia Xucra do Rio Grande”, valendo registrar como destaques recentes os Patronos da Semana Farroupilha do Rio Grande do Sul: Alcy Cheuiche em 2011; Rodi Pedro Borghe em 2010; Telmo de Lima Freitas em 2009; Antonio Augusto Fagundes, o Nico do Galpão Crioulo (2007); Paixão Côrtes em 2006 e Luiz Menezes em 2005. Também merecem destaques os Patronos da Feira do Livro de Porto Alegre, o maior evento literário da América La na: Luiz Coronel em 2012, Paixão Côrtes em 2010, Alcy Cheuiche em 2006, Barbosa Lessa em 2000, Mário Quintana em 1985, Walter Spalding em 1978, Érico Veríssimo em 1976, Athos Damasceno Ferreira em 1975, Manoelito de Ornelas em 1971 e Augusto Meyer em 1970.

PUBLICAÇÕES



Cloveci Muruci

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Anticuario RESTO BAR

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Poesia em Prosa

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ME CANTA UM TANTO Por

Dênia Bazanella de Porto Alegre/RS

Me canta um tanto da tua sorte. Das alianças, que nas ondas nasceram correntes, das lentes, dos entes, dos dentes mordendo à exaustão a película translúcida da pele da tua alma, antes árida. Me canta um conto da tua sede. Do licor doce que bebes todas as noites e do vôo onde ele te arremessa. Me canta o cânone das levas, das ervas, das evas que tomaram teu leito e te encheram de dedos o corpo das vontades. Me canta das ondas, dos ondes, dos ontens. Do soco dos mergulhos de então, que levaram as bordas do mais fundo, à beira sólida do teus pés. Me canta teus medos... Tenho agora ouvidos no pêlo dos olhos e um coração faminto. De saber dos barcos que te levam ao outrora, dos cantos que te lembram do não lembro. De ser teu espelho. Um eco de .

De pontes, pombos e poentes Te busco desde a primeira estrela... Nas sedas, nas frutas, nas portas secretas, nas caixas serradas. Na fala das heras a tomar os muros. Acaso te escondes no an go dos livros? Te busco desde o primeiro olhar noturno. No falo dos outros, no gozo dos outros, no cheiro dos outros. Nas dobras das peles, nas sombras fluídas do que fomos. Te encontro no primeiro rubor das nuvens e me falas de pontes, pombos e poentes. Perguntas das setas, das senhas, acessos, caminhos de pedras desviando as rotas. De monges, de mantras, de votos no vale fér l das ideias mais puras. Errante, te busco nas respostas do ciclo das vidas. Peregrino, te descobres nas perguntas.

Era pra ser breve Era prá ser breve. Cheirando a tardio, como o jornal de ontem. Sem tempo para cicatrizes. Barco de papel sobre a água a deslizar calçadas. Com a pressa de encharcar-se antes de sonhar cachoeiras. Era prá ser libélula, o ruído frugal do farfalhar das asas. Sem tempo para densidades. Sem tempo para alinhar camas e juntar migalhas na mesa. Sem tempo para fotos nas paredes e caixas lacradas com memórias. Era prá ser lanche rápido, chá com torradas, café com pão e, nos lençóis, apenas rastros calados de promessas. Sem tempo para velas, toalhas bordadas, taças lívidas e sôfregas bocas enganando um blues. Sem tempo do doce do amor desandar clichê. Era para dançar na super cie dos panos, pelos e pactos, tocando apenas os sen dos. Era para morrer raso. Viveu fundo.

Tardia Hoje eu não vou te ver amanhã e te consagrar meu abraço de séculos. Adormecerás começos sem o meu beijo que te descobre os rios de dentro. Hoje não vais ver meu amanhã se despir com a len dão sábia das pupas. Nem compar r com minha carne a dor da úl ma par da. Hoje não te serei a borboleta de asas densas, a livrar-se da película de tantas vindas. Hoje eu não vou te ver amanhã e tatear a nudez vítrea da tua alma. que vibra viva a primeira advertência das auroras. Hoje eu não vou te ver amanhã, porque no cedo da noite, te serei tardia.

Lamento No cálice dos olhos a transbordar pétalas, nós dois refle ndo a solidão de um só. Planície, onde longe vivemos o tão perto. A paisagem da alma, na pálida aquarela da íris. No leito oco, a vigília do meu corpo cheio de esquinas. Solidão noturna de um amor que, já de manhã, vibrava velho. Era cartas, covas e cascalhos, o chão onde escrevemos nossas quedas. Carecia esquecer do amor, a úl ma fala, a úl ma foda, a úl ma vez.

Made in China(1) Assim a morte me encontrou: com o olhar cheio de horizonte...Entre pacotes de cigarros, bebida escocesa, com as pálidas mãos entre as pernas. A meu lado, a Louis Vui on com a a boca escancarada, onde jaziam batons, sombras fortes, pequenas embalagens de gomas de mascar americanas e dezenas de pílulas, reviradas de agonia. Na in midade da pele dos pés escondidos no escarpin italiano, onde o olhar dos estranhos não perscruta, o mais profano dos poemas: “Made in China”.


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Quando a TPM acaba com o bom humor

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Foto: Divulgação

Foto: Natália Giacomello

De onde sou, Nigéria. Quem sou, um

Deuses Naturais! Yorùbá Por Edilene Deleon de Porto Alegre/RS

Por

Nas culturas de matriz africana, os Orixás divindades sagradas do panteão africano, tem personalidades dis ntas, cada orixá se detém a um lugar especifico dentro de contextos comportamentais, basicamente são descritos como ancestrais "humanos", porém olhando mais além, caracterizam-se como forças da natureza. Entende-se que cada orixá possui um lugar do qual é guardião, esses lugares são sua própria força vital. Podemos citar alguns como: Yemanjá senhora dos mares, Nanã mãe do barro, Xangô rei das pedreiras, Oyá deusa dos ventos, Ogum senhor do ferro e da guerra, Oxóssi guardião do mato e caçador, Ossaim conhecedor das ervas medicinais, Xapanã senhor da cura, Oxum senhora dos rios entre tantos outros não menos importantes. Cada um desses elementos, barro, mares, pedreiras, ventos, folhas, rios e matas são unos. Cada um tem caracterís cas totalmente diferentes entre si, nem uma mata, nem ervas, nem os ventos, nem um rio, mineral ou animal é igual ao outro, acrescentando ainda o perfil das regiões onde se localizam. Com esse entendimento e usando o elemento rio, para exemplificar, Oxum (guardiã das águas doces) possui diferentes "sobrenomes" cada um desses "sobrenomes" relata uma personalidade latente, existem rios tranquilos, violentos, com temperaturas diversas, profundos, rasos e densos, a isso se dá o reconhecimento único de cada elemento e suas caracterís cas, pode-se dizer sua personalidade. Para isso existem os cultos a diversas “Oxun's”, e em cada existe uma essência diferente em sua formação, nessa percepção coloca-se como personalidades humanas, para a compreensão na relação mito e realidade, as lendas ou mitos, foram criados para entendimento e respeito a cada ser e sua origem, compreendendo como se pode cul var e respeitar essas diversas formações, obtendo um convívio equilibrado dentro das diferenças existentes. O reconhecimento da origem de cada elemento vivo é indispensável para os devidos cuidados ao lidar com essas forças, sabendo assim onde estão seus perigos ou suas riquezas. Adquirir o poder de u lizar tudo isso não significa possui-los para si. É preciso compreender meios de não agredi-los, gerando consequências inesperadas e/ou desconhecidas. Trazendo para os dias atuais percebemos o quão perdemos nossa compreensão e harmonia com tais elementos, sabemos de estudiosos, geógrafos, biólogos e etc, que estudam essas relações. No entanto de uma forma geral, orgânica e sensível não compreendemos, “perdemos o tato”, portanto simplesmente u lizamos equivocadamente, tanto por ignorância como por falta de interesse nesses saberes, causando transtornos a ambos os lados. A consciência perdida dos modos de alimentar-se com a natureza como força vital a nossas necessidades esta esquecida, esse esquecimento gera uma doença cole va e sua cura encontra-se no resgate de consciência, do agir sabendo o que realmente necessitamos, evitando o exagerado desperdício, é necessário e urgente um entendimento maior que o superficial, o qual estamos acostumados, ou então serão saturados nossos recursos. Esgotando esses recursos naturais, de modo a não haver maneiras de viver na sua falta, teremos consequências graves, além das que já geramos. A compreensão ob da através da observação e convivência com o natural, que pode ser observada em mitologias arcaicas que foram invisibilizadas ou sincre zadas, é um resgate importante. Para que seja possível, seu resgate é necessário não separar nem um ser a ponto de ele não saber mais reconhecer seu meio ambiente como essencial, natural e parte de si, de seu organismo. Vivenciar as matas, o barro, as ervas, os mares, ventos, rios, animais e minerais, compreendendo-os em sua totalidade e sacralidade, para tal, a educação não pode se abster apenas a livros gerando entendimentos ar ficiais e obtusos. A diminuição de nossa percepção como ser natural e parte ligada a um todo que esta deficiente, necessita de reavaliação da maneira como estudamos e lidamos co dianamente com as diferenças, é necessário de fato vivenciar, observar buscando reintegrar-se. africanamente

Ìdòwú Akínrúlí da Nigéria

Desde que cheguei no Brasil, há 3 anos, e em Porto Alegre, há dois vivenciei coisas sobra as quais já havia ouvido falar, mas sequer podia compreender ou pensar de que modo poderiam exis r. Lembro muito bem que fomos ensinados na escola sobre um assunto: “discriminação e racismo”. Naquele momento tentava entender o que o Professor dizia e, mesmo diante de tantos exemplos a curiosidade se manteve presente. Uma vez que o “aprendizado nunca é gasto de tempo, sempre vai precisar um dia” me man nha atento às suas explicações. Em meu primeiro ano em solo brasileiro reparei o jeito que as pessoas conversam comigo mas, com novato na terra dos outros, não compreendia ao certo o que estava acontecendo. De todo modo, ocorre que, em meu país, procuramos ajudar os estrangeiros que não falam nossa língua. Até que percebi que a dificuldade com a língua não era o suficiente. Por detrás dos olhares desconfiados estava um juízo sobre minha cor. A mesma cor que me fez africano, feliz, Yorùbá aqui era mo vo de sobrancelhas baixas, desculpas e apreensão. Como você se sen ria se alguma de suas caracterís cas mais naturais, simples e saudáveis fosse colocada em cheque ao ponto de ferir sua integridade e dignidade? Se alguém atravesse a rua quando você está passando, trancasse seu carro com medo de que você o assaltasse, segurasse sua bolsa, corresse para dentro do elevador para que você não se junte a ele? Como seria se seguranças o vigiassem no shopping, lojas, mercados? Depois de tantas perguntas pessoas mais próximas me auxiliaram a desvendar o mistério finalmente esclarecendo que a máscara negra que vêem em mim os permitem agir de tal forma. Ocorre que essa máscara que geram em mim esconde os ensinamentos de humildade e respeito que se originam no seio de minha cultura Yorùbá, de meu povo, minha terra. Esta máscara é a mesma inserida em todos africanos e que milhares de brasileiros são forçados a usar, mesmo depois da descolonização, mesmo depois do 13 de maio de 1888, mesmo depois do estabelecimento do dia 20 de novembro como dia da Consciência Negra. O que estabelecem aqui como a máscara “NEGRO” é a face mais natural com que já convivi. Na Nigéria temos muitas etnias, linguagens e povos diferentes, e vivemos com amor e somos unidos. É assim que superamos as diferenças e preconceitos. Peço união a todos brasileiros, não importa de qual origem ou descendência, trata teu próximo com amor, pois é isso que precisamos. “Ohun o bá se sí Omo làkejì re ni o je èrè rè ni ìlópo”, diriam meus ancestrais, isto é, “um dedo que você aponta para seu colega é como três apontados para si mesmo”, lembrando que o que você faz para outra pessoa você recebe em dobro. Desde sempre povos e mais povos solicitam respostas e encontram nessa simplicidade do movimento de amar o vigor de princípios tão simples que persistem há séculos em seu sen do e significado, sobrevivendo gerações enquanto cada um de nós cumpre seu dever de transitar pela terra.

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Eni kéni Ti ìwo bá nípá Lá sè ìránlówó fún o Ohun náa ni enìkejì ré Tójú rè..... (Qualquer pessoa que você tem poder para ajudar, essa pessoa é seu semelhante, portanto, cuida bem dela) cuida bem dela) Ìdòwú Akínrúlí – Músico nigeriano

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Porto Alegre |Novembro | 2013 | ARTES | 11

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Dirty Old Man Coctail Pub Localizado na Cidade Baixa e especializado em cocktails e drinks especiais, Dirty Old Man Cocktail Pub possui uma temá ca inspirada na obra literária do mais boêmio dos escritores: Charles Bukowski.

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Mesa de Bar O Studio de Dança Mara Noschang O Studio de Dança Mara Noschang, anunciando sua programação de fim de ano. “ O Quebra - Nozes” e “Diverstés”. Espetáculo de Dança em 3 atos, com apresentação de Ballet, Jazz,Dança de Salão, Danças Árabes e Circo. Dia 14 de dezembro de 2013, às 20 h, TEATRO NOVO de Navegantes (Rua Frederico Mentz, 1561). Direção Mara Noschang e Milene Cabreira

Nicola Spolidoro Quarteto é atração no Bar 512 em Novembro A proposta do grupo é fazer música sem rótulos, para a livre interpretação do público. O repertório é composto principalmente por tulos autorais de Nicola, como Estrada de chão ba do, Um Novo Horizonte, Misturando, 12 Segundos, Roda Gigante e Bons Encontros, além de releituras de outros compositores. O show acontece no Bar 512 – Rua João Alfredo, 512; Cidade Baixa.

Curso de Desenho e HQ Se você quer dar um novo sen do aos seus dias chatos. Uma boa dica: Pegue um lápis grafite macio, borracha, bloco de desenho, (Casa do Desenho) e vá conversar com o pessoal do Porto Artes. Eles oferecem curso de desenho ar s co, HQ, Mangá e um monte coisas mais. Depois de apreender a técnica e só por sua cria vidade em ação. Se você ver cria vidade, e claro. Avenida Assis Brasil, 3090, sala 212.

Studio Dreads Reggaendo a Arte Eartes promove Show de Vitória Damm Vai acontecer no dia 22 de novembro, às 20,30 , no Botequim Moinhos, Rua Tobias da Silva, 241;, Bairro Moinhos de Vento, o novo projeto de Vitória Damm, o Show com repertório todo novo, após o show há espaço para festa para quem quiser ficar. O evento e promovido pelo EArtes, Escola de Musica.

Festa para comemorar um ano do studio dreads do Rio Grande do Sul, o Studio Dreads Roots, vai realizar o melhor evento do gênero, com arte e energia posi va. Um dia e uma noite com oficinas, reggae ao vivo e / DJ, cultura alterna va, comidas naturais, meditações, show com malabares. Galpão do IBGE(Avenida Augusto de Carvalho, 1225 – Praia de Belas.


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Foto: Mari Lopes Foto & Imagem Apoio Cultural :

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Rua Lopo Gonçalves, 444

O prazer de viver a noite

Barão do Gravataí, 577

Rua da Republica, N°30

Rua João Alfredo, 512


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