JA Magazine | Junho 2011

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MAGAZINE PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO N.º 2831 DE 30 DE JUNHO DE 2011 DO JORNAL DO ALGARVE E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Revolução solar arranca no Algarve



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José Gameiro integra júri que vai eleger melhores museus europeus

diretor do Museu de Portimão vai integrar o júri internacional que vai atribuir os prémios “Museu Europeu do Ano “ e “Museu Conselho da Europa”, este último já conquistado pelo museu algarvio, em 2010. Mais recentemente, o espaço museológico venceu também o galardão “Dasa - Mundo do Trabalho 2011”. O convite partiu da direção do European Museum Forum (Fórum Europeu dos Museus), estando José Gameiro entre a dezena de elementos que vai ser responsável pela atribuição, em 2012, das duas mais importantes e prestigiantes distinções na área da museologia. O diretor do Museu de Portimão é o único representante português neste júri internacional, tendo agora pela frente a avaliação técnica dos mais recentes museus europeus, cujas candidaturas abrangem as entidades museológicas que tenham sido inauguradas, remodeladas ou alteradas, durante os últimos dois anos (2010-2011). “Este convite, independentemente do caráter pessoal de que se reveste, não deixa de refletir e não será alheio ao trabalho museológico desenvolvido no município e no Museu de Portimão, o qual fica desde logo associado a esta prestigiante tarefa de seleção e avaliação dos futuros museus europeus premiados”, adiantou ao JA José Gameiro, que desde maio de 2008 dirige o museu algarvio.

3 12º Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes já tem vencedores O júri da 12ª edição do Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes atribuiu a distinção máxima à novela “Les morts vont vite”, assinada por Maria da Graça Maia (Lisboa), tendo ainda contemplado com menções honrosas as obras “Genève”, de Urbano de Oliveira (Arcozelo), e “Mariana”, de Rui Miguel Herbon (Lourinhã). A novela vencedora subdivide-se em três capítulos, o primeiro na presidência de Manuel Teixeira Gomes, o segundo nos primeiros anos da ditadura, na tentativa de reorganizar a oposição ao regime a partir do estrangeiro, e o terceiro no contexto da Europa em guerra e notícia do falecimento do estadista e escritor em Bougie, considerando o júri que na obra se faz “a análise, reflexão e ironia face a um Portugal em convulsão”, revelando “momentos de grande beleza e densidade descritiva, sem nunca perder uma forte componente humana”. Para além de uma edição de 500 exemplares da obra, a concorrente vencedora receberá um prémio monetário de 2000 euros, enquanto cada menção honrosa será contemplada com 1000 euros. Promovido pela câmara de Portimão para incentivar e dar a conhecer novos talentos na área literária, a equipa de jurados foi composta por Margarida Cunha, José Manuel Vieira e Alberto Piscarreta, que sugeriram à vencedora a adaptação para Português do título da sua novela.

“Farrobitos de Albufeira” pretende projetar imagem do município também na doçaria

Doce típico já está à venda nas pastelarias Doze pastelarias com fabrico próprio começaram esta segunda-feira a comercializar os “Farrobitos”, o grande vencedor do concurso Doce Típico de Albufeira, promovido pela autarquia. O objetivo é que o bolo - à base de alfarroba, mel e amêndoas - se torne uma referência do município, tal como já acontece com doces de outras zonas do país

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al como os pastéis de Belém, as queijadas de Sintra, os pastéis de Tentúgal ou os ovos moles de Aveiro, os farrobitos de Albufeira também pretendem ficar ligados à história da doçaria nacional. Esta receita original, confecionada com os melhores produtos do concelho, foi a grande vencedora do concurso Doce Típico de Albufeira, onde participaram 70 concorrentes. Farinha de alfarroba, amêndoa, mel (em substituição do açúcar) e azeite (em detrimento da manteiga) são os ingredientes dos farrobitos, criados por Júlio David, um pasteleiro reformado de 74 anos. Este mês os bolos começaram a ser vendidos em 12 pastelarias com fabrico próprio do município, que aderiram ao projeto da autarquia, ao preço de um euro por cada unidade. “Trata-se de um bolo que nos identifica no contexto da região, feito unicamente com produtos algarvios e que reflete os sabores tradicionais de Albufeira e do Algarve”, disse o presidente da câmara, no primeiro dia de comercialização do doce. Segundo Desidério Silva, o grande objetivo deste projeto é “dar a conhecer Albufeira como terra de boa doçaria, para além das praias e do sol”. E, após provar mais um farrobito, o autarca sublinhou que “o doce tem todas as condições para se tornar num sucesso de vendas e de projeção da imagem da cidade”.

Alfarroba, amêndoa, mel e azeite. São estes os produtos locais que compõem a receita dos farrobitos de Albufeira

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Vila Real Sto António e Sal (Cabo Verde) trocam experiências e definem formas de cooperação A s vereadoras Conceição Cabrita e Sílvia Madeira, da edilidade pombalina, fizeram recentemente uma visita à ilha do Sal com o objectivo de trocar experiências e averiguar quais as áreas mais prioritárias para desenvolvimento de um trabalho conjunto, no âmbito do Protocolo de Cooperação estabelecido entre os dois municípios. Para além de se terem reunido com o edil local, as vereadoras foram conhecer os principais empreendimentos turísticos da ilha do Sal, e a sua importância enquanto motor de desenvolvimento; percorreram obras que estão a ser realizadas ao nível do espaço público (requalificação de estradas e passeios, construção de vias pedonais, entre outros); visitaram projectos como o novo Mercado Municipal de Santa Maria, o Estádio de Espargos, o Polidesportivo, a Escola de Música, a Escola Profissional, e um novo jardim-deinfância em construção; visitaram, com o administrador da empresa municipal SALHABIT, os novos fogos de habitação social que estão a ser construídos, bem como os bairros mais problemáticos; e conheceram o terreno onde a Câmara Municipal do Sal pretende implantar o edifício da Casa do Avô. Após este contacto no terreno com a realidade da ilha, foram identificadas algumas áreas nas quais os municípios de Vila Real de Santo António e do Sal irão trabalhar em conjunto, ao abrigo do protocolo já estabelecido. Na área do Desporto e Turismo, o município do Sal pretende aproveitar a experiência de VRSA para a gestão do seu Estádio Municipal, em vias de conclusão, tendo em conta o excelente trabalho que tem sido desenvolvido no Complexo Desportivo. No que diz respeito à área da Educação, ficou estabelecido que VRSA realizará, em Outubro, uma campanha de recolha de mochilas e material escolar, bem como escovas e pasta de dentes, para envio para a Ilha do Sal, dada a necessidade destes materiais. A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António

irá ainda doar algum material ortopédico do Banco de Ajudas Técnicas, bem como alguns livros para a Biblioteca Municipal do Sal. Por sua vez, a Câmara Municipal do Sal fará um levantamento de áreas prioritárias com necessidade de formação em termos de recursos humanos, para que possam ser enviados técnicos vila-realenses para esse efeito. Será enviado para o município do Sal um dossiê com todas as medidas sociais implementadas em Vila Real de Santo António, e respetivos regulamentos, para que possam ser implementadas as medidas mais adequadas à realidade presente. A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António vai estudar a possibilidade de participação no projeto de arquitectura do edifício da Casa do Avô. Da parte do município do Sal será facilitada a ida de estagiários na área da Hotelaria para empreendimentos na ilha. Irão ainda contribuir com a sua experiência ao nível do turismo para desenvolver esta área tão importante, em Vila Real de Santo António. Segundo a autarquia, estas “são apenas algumas das principais medidas que irão ser postas em prática, sendo que não se esgota aqui o trabalho dos dois municípios, que irão continuar a conjugar esforços para um mútuo desenvolvimento sócio-cultural, turístico e económico”.

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6 Sítio das Fontes volta a acolher projetos musicais de grande qualidade

Lagoa promove festival de jazz em espaço natural O festival "Lagoa Jazz 2011" vai apresentar, entre os próximos dias 1 e 3 de julho, mais um cartaz de luxo. O auditório ao ar livre do Sítio das Fontes, em Estômbar, volta assim a transformar-se num verdadeiro "paraíso do jazz". Esta é já a nona edição do festival, que se vem impondo como um dos mais carsmáticos do género no país

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urante três dias, o Sítio das Fontes, na vila de Estômbar, vai acolher alguns dos mais talentosos músicos de jazz. Esta será a nona edição do Lagoa Jazz, que se realiza anualmente naquele espaço ao ar livre, localizado nas margens de um esteiro do rio Arade, onde se pode encontrar uma pequena lagoa, zonas agrícolas abandonadas e linhas de água. A organização do evento, a cargo da autarquia, adianta que o festival realiza-se num espaço natural único, privilegiado pela diversidade de ambientes paisagísticos que engloba - sapal, paul, matagal e uma pequena lagoa sazonal -, sendo um “local aprazível aonde acorrem milhares de pessoas por ano, para descoberta do património

natural e desfrutar dos diversos equipamentos disponíveis, nomeadamente o Centro de Interpretação da Natureza, o anfiteatro, o moinho de maré e a área de merendas”. Além disso, a organização destaca que a programação deste ano também é de grande qualidade, com a apresentação de projetos de grande qualidade. Assim, esta edição do Lagoa Jazz 2011 abre no dia 1, sexta-feira, com um espetáculo Allgarve, dos norte-americanos Omar Hakim & Rachel Z-The Trio of Oz. No dia seguinte, sobe ao palco do auditório do Sítio das Fontes o grupo português Cinco, com Paulo de Carvalho (voz), Carlos Barreto (contrabaixista), Victor Zamora (piano), José Salgueiro (bateria) e João Moreira (trompete).

No último dia do festival atua o Quinteto do francês Daniel Mille (VER CAIXA).

Um festival de sucesso Ao longo das últimas edições, o Lagoa Jazz tem vindo a afirmar-se como um evento musical de grande sucesso, esgotando completamente a lotação de 500 lugares do auditório nos últimos anos. A organização adianta que os concertos estão marcados para as 22h00, mas isso impede que o público tenha acesso ao local muito antes, a partir das 19h00, para usufruir daquele espaço natural de grande beleza. Os bilhetes para o festival custam 12 euros para

o primeiro dia, e oito euros para os restantes dois dias, podendo ser adquiridos no Convento de S. José, nas horas normais de expediente, ou no local do espetáculo, depois das 19h00 dos dias 1, 2 e 3 de julho. Os promotores do festival adiantam ainda que os visitantes terão ao seu dispor um “espaço lounge” com atuação do dj Luís Gomes e o saxofonista Nanã Sousa Dias (depois dos concertos), bar, exposição de pintura de Carlos Barreto, exposição de esculturas “Passion” e “Elephant Tree” (projeto da autoria de Karl Heinz Stok), provas de vinho da Quinta dos Vales e venda de discos. Nuno Couto

Programação do Lagoa Jazz 2011 Dia 1 - Sexta-Feira “OMAR HAKIM & RACHEL Z-THE TRIO OF OZ" (Estados Unidos) O lendário baterista Omar Hakim, conhecido pela sua extraordinária participação em projetos como Weather Report e ainda por ter atuado ao lado de nomes como Sting, Miles Davis, David Bowie, entre muitos outros, junta-se agora à excecional pianista Rachel Z, que atuou com artistas de renome como Wayne Shorter, Steps Ahead e Peter Gabriel, que lhe conferiram incontestável reconhecimento internacional. Neste projeto, Omar e Rachel (ambos galardoados com prémios Grammy) são acompanhados pelo contrabaixista Solomon Dorsey e apresentam assim uma combinação de bom gosto e sensibilidade numa viagem por eternos clássicos do jazz e do rock dos últimos 30 anos. Composições de artistas como Duke Ellington, Depeche Mode, Wayne Shorter, Joni Mitchell, Judy Garland, Sting, Peter Gabriel, The Killers, Coldplay, Stone Temple Pilots e Bjork são reinterpretadas com originalidade, imaginação e com um excecional sentido rítmico e improvisação. Dia 2 - Sábado Atuação do Grupo “CINCO” (Portugal) Victor Zamora (piano): Nasceu em Cuba e é em Havana que inicia os seus estudos musicais na Escola Nacional de Artes. Licenciado em Piano e Composição, estudou com Barmaceda e Elvira Campos. Paralelamente, estuda guitarra clássica com o professor Jesus el Grillo. Ainda a residir em Cuba, participa em diversos festivais de jazz em Havana, Jamaica, Peru e Inglaterra (Manchester), integrado na Orquestra Internacional de Varadero. Em 1998, escolhe Portugal (Lisboa) para residir e integra desde logo projetos com músicos como Bruno Pedroso, Guto Lucena, Maria Anadon, Nanã Sousa Dias, Jorge Reis, Joel Xavier, entre outros. Nestes e noutros projectos deixa a sua marca com sabor a Latin Jazz. Carlos Barretto (contrabaixo): A crescente internacionalização da sua atividade artística tem levado a sua música a muitos destinos internacionais, sempre com rasgados elogios por parte da crítica especializada. Depois de ter concluído o curso do Conservatório Nacional de Música de Lisboa, residiu em Viena de Áustria (1980-1982) a fim de se especializar na música erudita. Decide dedicar a sua carreira profissional à música improvisada, residindo em Paris (1984-1993), cidade a partir da qual teve oportunidade de trabalhar com grandes nomes do jazz e participar nos mais prestigiados festivais europeus, em França, Alemanha, Suíça, Bélgica, Holanda, entre outros. De regresso em Portugal em 1993, iniciou os seus projetos como líder e compositor, tendo gravado oito Cd’s em seu nome e colaborado em mais de outros vinte músicos (…). José Salgueiro (bateria): Estudou na Academia dos Amadores de Música, no Conservatório Nacional de Lisboa, no Hot Club de Portugal e Teoria de Improvisação (bateria e trompete) no Taller de Musics (Barcelona). Estudou com Max Roach, Billy Hart, RonMcLure, David Liebman, Richard Beirach e Paul Motian. A sua atividade musical tem-se desdobrado pelo jazz e pela música popular. No jazz

colaborou com a cantora Maria João e com músicos como Mário Laginha, Carlos Bica, José Peixoto, António Pinho Vargas, Bernardo Sassetti, Carlos Barreto ou Carlos Martins. Na música popular, José Salgueiro integrou o grupo Trovante entre 1983 e 1990, tendo colaborado igualmente com diversos artistas de renome, como sejam Sérgio Godinho, Zeca Afonso, José Mário Branco e Rui Veloso. Paulo de Carvalho (voz): É um nome incontornável na música portuguesa das últimas décadas. Fazendo o seu percurso profissional como autor e compositor tem mais do que 300 canções registadas e colaborações com poetas, escritores e músicos como J. C. Ary dos Santos, F. Assis Pacheco, Ivan Lins, Dulce Pontes, Joaquim Pessoa, Virgílio Massingue, Mafalda Veiga, Maria Barroso, Ana Zanatti, Simone de Oliveira, Alda Lara, Né Ladeiras, Isabel Ruth, Maria Rosa Colaço entre outros. Compõe canções para muitos companheiros de profissão: Carlos do Carmo, Simone de Oliveira, Sara Tavares, Martinho da Vila, Anabela, Vasco Rafael, Lena D’Água, Mariza, entre outros. João Moreira (trompete): Toca trompete desde os 11 anos de idade. É licenciado em jazz e música contemporânea pela “New School for Social Research “(Nova York). Leciona na escola de jazz do Hot Clube de Portugal desde 1989, coordenador do curso de jazz do Conservatório de Música da Madeira desde 1999, e professor de licenciatura em música do Instituto Piaget desde 2004. João Moreira integra atualmente o septeto de Pedro Moreira, sexteto de Bernardo Moreira, projeto Paula Oliveira & Bernardo Moreira, Lena d' Água, Underpressure, “In Loko “ de Carlos Barretto, Big Band HCP (Hot Clube de Portugal), Sexteto HCP, Estardalhaço Brass Band e Lume (Lisbon Underground Music Ensemble). Dirige também o seu próprio quarteto com o qual apresenta as suas composições. Dia 3 - Domingo QUINTETO DE DANIEL MILLE (França) O que podemos sentir quando assistimos a um dos seus concertos é o estarmos perante um jazz poético, sem barreiras. Na galáxia dos músicos de jazz, Daniel Mille é um puro “jazzman” que junta públicos de diferentes gostos e escalões etários nos seus espetáculos. O compositor foi considerado o melhor artista instrumental após 10 anos de carreira. Tem participado em prestigiados festivais internacionais. Paralelamente ao seu trabalho a solo, encontramos participações em álbuns de músicas de grande nomeada. O seu último disco "L’Attente" está finalmente no mercado, o sexto deste brilhante músico. Daniel revela-se uma vez mais como um “contador de histórias” que se desenrolam como um filme, repletas de elegância, imaginação e ternura. Participam neste trabalho os músicos: Eric Legnini, Alfio Origlio, André Ceccarelli, Jérome Regard, Minino Garay, Stephane Belmondo e Stephane Chausse além dos convidados especiais Lionel Suarez, Marcel Azzola, Rolando Faria, Jean-Christophe Maillard e Jean-Louis Trintignant. O quinteto é composto por Daniel Mille (acordeão e acordina), Olivier Truchot (piano), Jerôme Regard (contrabaixo), Andy Barron (bateria) e Julien Alour (trompete/fliscorne).

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Algarve Energy Park escolhe região para instalar primeira plataforma de demonstração em Portugal

Revolução solar arranca no Algarve

Uma região sem petróleo, carvão ou gás natural, que não tem experiência em energia nuclear, mas que se vangloria de ter um dos melhores índices de radiação solar da Europa, está finalmente empenhada em aproveitar as oportunidades da revolução das tecnologias limpas. Em entrevista ao JA, o mentor do projeto, Marc Rechter, traça os mais ambiciosos objetivos em matéria de energias renováveis, frisando que existem todas as condições para o desenvolvimento desta atividade na região, com a criação de plataformas solares de demonstração que ajudarão a divulgar as vantagens de energia solar a todo o mundo

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Algarve está à beira de receber uma nova indústria. E, melhor ainda, “a região pode posicionar-se na linha da frente das energias renováveis”, um setor que continua em franca expansão, em parte devido ao preço cada vez mais elevado do petróleo e do gás, mas também devido ao risco associado à energia nuclear. A aposta é do Algarve Energy Park, liderado por Marc Rechter, que em declarações ao JA adiantou que o primeiro passo deste projeto vai avançar já no próximo mês de agosto, com a construção da primeira plataforma de demonstração solar no concelho de Alcoutim. O investimento ascenderá aos 20 milhões de euros, até 2012, e deverá ultrapassar os 50 milhões de euros no final de 2014. Para Monchique, está ainda projetada uma fase futura do projeto. “O objetivo é dinamizar o potencial do setor solar em Portugal. Para isso, estamos a atrair para os nossos projetos os grandes intervenientes do setor energético mundial”, revela ao JA Marc Rechter. O responsável explica que a plataforma de demonstração é um conceito inovador a nível europeu, que assenta na “implementação de novas formas de gestão partilhada de recursos e otimização de projetos de geração de energia, como também na demonstração e apoio à comercialização de tecnologias limpas”. Mas não só (VER CAIXA). “Estamos a juntar diversas empresas nesta plataforma que têm como objetivo a produção de energia limpa, possibilitando através de infraestruturas e serviços partilhados a otimização dos custos. Mas, mais importante ainda, estamos a reunir um conjunto de tecnologias solares de ponta que colocarão Portugal num lugar de grande destaque nesta área”, acentua Marc Rechter.

A união faz a força Para já, os responsáveis do Algarve Energy Park estão a atrair para a região alguns dos quinze consórcios recentemente licenciados pelo Governo português, que de outra forma iriam construir os parques de demonstração de tecnologia solar noutros pontos do país, perdendo-se assim a oportunidade de criação de massa crítica para o setor. “Queremos reunir o máximo de tecnologia de última geração na plataforma solar, e ser

Marc Rechter acredita que o Algarve tem condições para aproveitar o crescimento da “revolução” das energias renováveis

capazes de dinamizar atividades ligadas à indústria solar”, refere Marc Rechter, acrescentando que “as empresas têm uma oportunidade única para, em conjunto, criarem uma massa crítica líder a nível europeu ligada à energia solar concentrada”. Segundo o responsável, a resposta dos consórcios tem sido “bastante positiva”, salientando que “algumas empresas já aceitaram a nossa proposta, havendo negociações avançadas com outros interessados”. O fundador do projeto diz ainda que, numa altura em que os preços do petróleo e do gás estão a aumentar de dia para dia, e ao mesmo tempo que crescem as dúvidas em todo o mundo em relação à energia nuclear, estamos numa altura perfeita para a imple-

mentação deste plataforma. “Nunca houve um interesse tão grande como agora no desenvolvimento de energias renováveis. Tanto o aumento contínuo do custo das energias fósseis, como o decréscimo acelerado do custo da energia solar, fará com que, a curto prazo - no caso de países com alta irradiação -, a energia solar se transforme numa mais valia altamente competitiva. É mesmo uma questão de cinco ou dez anos, no máximo”, garante.

Algarve tem ótimo recurso Além disso, Marc Rechter evidencia o que todos já sabem mas teimam em não aprovei-

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tar: “O Algarve tem as melhores condições da Europa para a produção de energia solar (fotovoltaica e termoelétrica). Tem mais e melhor sol, porque a radiação direta é muito forte, bastante superior ao que se verifica na Alemanha, França ou Itália”, explica. Por isso, com a disponibilidade de recurso que o Algarve tem, o fundador do Algarve Energy Park considera que “existe neste momento uma grande oportunidade para as empresas apanharem a onda que se está a desenvolver mundialmente no setor”. Mas, com tantas horas de sol, a que se deve este atraso da energia solar em relação à eólica ou hidroelétrica? “Não é de estranhar. A tecnologia só foi desenvolvida de modo economicamente viável nos últimos dez anos”, salienta.


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A primeira plataforma solar começa a ser construída em agosto, no concelho de Alcoutim. Para Monchique está projetada uma fase futura do projeto

No entanto, o responsável adianta que o avanço tecnológico já permite que as centrais solares tenham melhor desempenho e isso, em conjunto com uma política energética construtiva, torna os projetos viáveis, per-

mitindo a criação mais dinâmica no setor. E o que pode parecer extravagante agora, quando pensamos no Algarve como candidato a integrar-se na onda europeia das energias renováveis, pode transformar-se rapida-

mente numa decisão crucial para o futuro da região. É que já existem planos concretos para instalar centrais solares no norte de África, onde a experiência portuguesa na produção e ma-

nutenção dessas centrais se podem tornar uma oportunidade de ouro para valorizar o sol algarvio... não só em termos turísticos!

Nova fase da indústria solar O Algarve Energy Park é uma iniciativa que pretende viabilizar o desenvolvimento da tecnologia de geração de energia solar, minimizando os custos associados aos projetos de demonstração “Com o desenvolvimento registado na indústria nos últimos dez anos, já estamos na presença de tecnologias com maturidade suficiente para serem atrativas do ponto de vista comercial”, adianta Marc Rechter. O responsável do Algarve Energy Park diz que o objetivo passa pela criação de “uma plataforma para consolidar os projetos de demonstração de energia solar”, licenciados pelo governo português em 2010, e que foi “muito bem acolhida”. “Esta plataforma vai permitir aos promotores cortarem nos custos e viabilizarem estes parques de pequena dimensão, promovendo as diferentes tecnologias e facilitando à industria meios e condições, testadas no terreno, que lhes possibilita tomar as decisões mais acertadas, do ponto de vista económico, para as unidades de grande produção”, adianta ao JA Marc Rechter. O primeiro passo do projeto arranca em agosto, com a construção de uma plataforma solar em Alcoutim. Entre 2011 e 2012, os responsáveis querem avançar com uma segunda plataforma, em Évora. N.C

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Nuno Couto


10 Cultura, tradição e sabores prometem animar Faro durante o verão A Câmara Municipal de Faro divulgou um calendário de eventos que prometem animar a capital algarvia durante o verão. O Museu Municipal de Faro vai abrir uma exposição sobre os 30 anos do Motoclube de Faro a 2 de julho, que vai estar patente até 11 de setembro e que deverá atrair ao centro histórico farense os motards que vão participar na 30.ª Concentração Internacional de Motos, a decorrer entre 14 e 17 de julho. Na Galeria Trem, o convite vai para a área da fotografia com uma exposição de Eduardo Gageiro entre 9 de julho e 31 de outubro. Já na última quinzena de julho, o Jardim Manuel Bívar vai acolher a tradicional Feira do Livro que será inaugurada no dia 22 e encerra a 7 de agosto. Na área da gastronomia, a proposta vai para a Festa da Ria Formosa, no Largo de São Francisco, entre 29 de julho e 7 de agosto, e a Feira dos Doces, Bebidas e Frutos Secos que vai estar no Jardim Manuel Bívar entre 19 e 28 de agosto. A tradição algarvia e o folclore do mundo voltam ao Passeio da Doca de Faro e vai passar por vários pontos do concelho com o Festival Internacional de Folclore – FolkFaro que vai decorrer entre 20 e 28 de agosto, enquanto que a zona histórica irá acolher o Festival Vila Adentro nos dias 2 e 3 de setembro. Trata-se de um festival cujo cartaz inclui as atuações de vários grupos musicais nacionais e internacionais e que inclui uma mostra de artesanato. No dia do município de Faro, a 7 de setembro, será inaugurada a exposição de Rosário da Silva, no Museu Municipal. “Visite Faro e surpreenda-se” é o convite que a autarquia lança ao público em geral.

Grupo Coral Ossónoba já conta 31 anos Monteiro Dias, seu actual vice-presidente, recordou todo esse percurso

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Grupo Coral Ossónoba, de Faro, comemorou o 31.º seu aniversário no último sábado, pelas 21h30, com um concerto no local em que se estreou, nos claustros do Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique. Estiveram em ação todos os grupos que integram este Coral, como os Pequenos Cantores, o Coro Jovem e o Coral Ossónoba, ao todo cerca de centro e vinte membros. Monteiro Dias, seu presidente durante 27 anos, agora seu vice-presidente, recordou a efeméride: «Foi durante as Festas da Cidade. Esteve presente todo o executivo camarário», disse. De então para cá, o Coral Ossónoba deu já centenas de espectáculos e esteve presente no estrangeiro. «Começámos pela Espanha, na Galiza, na cidade da Corunha. Depois já estivemos em diversos outros locais, em França, Suíça, Holanda e no Brasil». No próximo mês de Outubro, no dia 15, o Coral vai estar presente no Teatro das

Figuras, em Faro, num concerto em que comparecerão antigos elementos, como o tenor Carlos Guilherme, Rui Baeta e Ana Ester Neves. Refira-se que o Coral Ossónoba recebeu já, entre outras distinções, a Medalha de Ouro da Cidade. Porém, Monteiro Dias disse ainda que hoje os tempos são outros e que o Coral vive com dificuldades, pois

muitos são os que não pagam os seus concertos. António Manuel de Jesus continua a ser o seu maestro. O presidente é Fernando Gonçalves. O Coral nasceu em 1980 de uma dissensão do Coral do Conservatório Maria Campina. Foi seu grande entusiasta então o padre José Pedro Martins. V.G.

Pátio de Letras comemora 3.º aniversário É hoje o principal centro cultural da cidade de Faro, uma das suas referências A livraria Pátio de Letras, em Faro, vai comemorar o seu 3.º aniversário no próximo dia 12 de Julho com festa rija muitas surpresas, disse ao Jornal do Algarve a sua proprietária, Liliana André. Para o efeito, a livraria encerrou as suas portas ao público no último sábado e vai reabrir no dia 8 de Julho. No decurso deste prazo, vai sofrer modificações e algumas melhorias. Num edifício conexo, vai abrir um espaço dedicado ao livro escolar e para--escolar. Também o actual espaço vai ser beneficiado. Refira-se que esta livraria foi colocada pela revista Os Meus Livros entre as cinco melhores livrarias do país. Com amplo bar, a Pátio de Letras está aberta todos os dias até à meia-noite, tendo entretanto se tornado o ponto de encontro da população (não só de Faro) amiga dos livros e dos eventos culturais. Com ampla programação, todas as semanas dão-se apresentação de livros, colóquios, debates, pequenos concertos, acontecem mostras e exposições. Liliana André interrompeu a sua carreira de magistrada do Ministério Público para se dedicar a este seu Pátio na sua terra natal e em boa hora o fez para benefício da cultura algarvia. a Pátio tem crescido culturalmente e é hoje um local obrigatório na cidade. Um espaço não efémero, como costuma dizer a sua proprietária. «Somos uma livraria, não uma real estate de stocks renováveis», costuma assim pronunciar-se Liliana. Ao lado das lisboetas Ler Devagar, Trama, da madrilena Buena Vida, Pátio de Letras foi um sonho que se transformou no principal local de cultura de Faro. V.G.

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Biografia dos homenageados Associação de bem-Estar Social da Freguesia do Azinhal (ABESFA) A Associação de Bem Estar Social da Freguesia do Azinhal (ABESFA) surgiu da necessidade de construir um Centro de Dia, na sede de freguesia daquela aldeia do concelho. António Manuel Martins Pereira, consciente da importância de uma unidade com estas características, numa freguesia com um elevado grau de envelhecimento, deu o primeiro passo. Em 1984, fundou a ABESFA e, cinco anos depois, foi possível concretizar um dos grandes sonhos da recém-criada instituição, a construção de um Centro de Dia do Azinhal, com a valência de serviço de apoio domiciliário, que numa primeira fase prestava apoio a duas dezenas de utentes na freguesia do Azinhal. Entretanto, alargou a sua esfera de ação a todo o concelho, desde 2002, e atualmente já tem um universo de 80 utentes. A ABESFA procura assegurar a prestação de cuidados individualizados no domicílio a indivíduos e famílias que, por motivos de doença ou incapacidade, não consigam assegurar as suas necessidades básicas.Em 2011, a associação acaba de dar o passo mais gigantesco da sua história, com a construção de uma Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção, de âmbito regional, da autoria do arquiteto José Alberto Alegria. Trata-se de um investimento de 1,8 milhões de euros, sendo que 59 por cento do investimento total é financiado pela câmara municipal e 41 por cento pelo Programa Modelar do Ministério da Saúde. A unidade de cuidados continuados está a ser construída num terreno anexo ao Centro Multiusos do Azinhal, cedido para o efeito pelo município. Quando estiver concluída, dentro de 18 meses, terá capacidade para 32 utentes, aos quais serão prestados cuidados de saúde, convalescença, recuperação e ainda prevê a reintegração de doentes crónicos e pessoas em situação de dependência.

Milhares celebraram Dia do Município em Castro Marim A câmara de Castro Marim comemorou o feriado municipal, dia 24 de junho, com um diversificado programa de animação cultural e musical, em especial dirigido à juventude. O programa de comemorações do Dia do Município teve como ponto alto a atuação da banda Virgem Suta, que juntou milhares de pessoas no Revelim de Santo António. Ainda neste dia, a biblioteca municipal foi palco da sessão solene e da atribuição de distinções municipais a personalidades do concelho, que se têm destacado na vida pública. Os homenageados deste ano foram a Associação de Bem-Estar Social da Freguesia do Azinhal (ABESFA) e o antigo ciclista José Armando Viegas Madeira, tendo ambos sido distinguidos pela câmara municipal com a Medalha de Honra do Município, Grau Ouro (VER CAIXA). O presidente da autarquia, José Estevens, prometeu ainda neste dia continuar a lutar pelos

José Armando Viegas Madeira

objetivos traçados no início do mandato, nomeadamente “a fixação de melhores condições de vida no território de Castro Marim, a captação de fatores que permitam a criação de trabalhos e desenvolvimento, o combate ao despovoamento e à desertificação do interior, o estabelecimento de condições que permitam o crescimento das crianças e jovens de modo saudável”, assim como “o apoio à terceira idade”. José Estevens não esqueceu, porém, a situação difícil que o país atravessa e que tem reflexos em todos os municípios. “Os meios financeiros à disposição da autarquia para este ano serão pouco mais de metade daqueles que eram há cerca de quatro anos. É, pois, inevitável falar de crise e das consequências que a mesma impõe no desenvolvimento do processo que vínhamos trilhando”, salientou o autarca. Mesmo assim, o presidente da câmara de Castro Marim garantiu que as implicações da crise não vão “arrefecer” nem impedir que a autarquia avance com os projetos mais urgentes.

José Madeira nasceu em 1946 na freguesia de Altura. Foi lá que este castro-marinense despertou para o mundo do ciclismo, uma das maiores paixões da sua vida, tendo começado a correr em provas como ciclista popular, de que são exemplo uma corrida numa pista improvisada, aquando dos festejos das Festas em Honra de Nossa Senhora dos Mártires. As primeiras pedaladas a sério começam em 1964, com 18 anos, quando enverga a camisola do Ginásio Clube de Tavira, clube pelo qual, um ano depois, viria a participar pela primeira vez na Volta a Portugal em Bicicleta. As contrariedades também acompanharam a vida desportiva de José Madeira. Em 1966, uma queda aparatosa na Volta a Portugal, quase fazia terminar, precocemente, a sua carreira. Em 1967 cumpre serviço militar na Póvoa de Varzim, onde conheceu a mulher da sua vida e mãe dos seus três filhos, sendo mais tarde mobilizado para Moçambique, onde participou em várias provas velocipédicas, inclusive na África do Sul. No regresso da vida militar, José Madeira volta a vestir a camisola do Ginásio Clube de Tavira, onde se mantém até 1977, tendo nesse ano conquistado o sexto lugar, na Volta ao Algarve em Bicicleta. Ainda em 1977, obtém o sétimo lugar na Volta a Portugal em Bicicleta. Em 1972, integra o pelotão do Sport Lisboa e Benfica, onde se mantém por alguns anos, correndo com grandes ciclistas como Fernando Mendes e Venceslau Fernandes. Já em 1976, fixa residência em Loulé, ingressando na equipa do Louletano. Um ano depois, na qualidade de «Chefe de Fila», e no momento em que o Louletano é confrontado com alguns problemas, José Madeira corre na equipa do Campinense ao lado de nomes como Manuel Gonçalves, Joaquim Colaço, Carlos Vitorino e José Afonso, equipa onde em 1979 põe um ponto final na sua carreira. Neste palmarés invejável no ciclismo, o castro-marinense José Madeira também conquistou em provas internacionais lugares muito honrosos.

Quinta do Bill nas festas de Altura

A

freguesia de Altura, no concelho de Castro Marim, vai celebrar nos dias 1, 2 e 3 de julho, as Festas em Honra do Coração Imaculado de Maria, para as quais são esperados milhares de visitantes. As festividades arrancam na sexta-feira, às 20h00, com a atuação do grupo de folclore “No Mazurka Band”, seguido do con-

certo da banda “100 & Feito”. Neste primeiro dia do evento abre também a Feira de Artesanato de Altura, certame que mostra o melhor das artes e dos saberes tradicionais. Na noite de sábado, a animação musical estará também garantida com um espetáculo protagonizado pelo Duo José Aníbal e José Cunha. O ponto alto das comemora-

ções acontece às 22h00, com a atuação da banda nacional “Quinta do Bill”. Ainda no sábado, tem lugar outro dos pontos mais altos destas festividades, com a procissão da imagem do Imaculado Coração de Maria, pelas ruas de Altura, com os fiéis e devotos da santa unidos em mais esta tradicional homenagem.

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As celebrações do Coração Imaculado de Maria prosseguem no domingo, dia 3, com a realização da Feira de Artesanato e animação musical com os ranchos folclóricos de Martinlongo e da Manta Rota, às 20h00 e 20h30, respetivamente. Mais tarde, às 22h00, é a vez de subirem ao palco os “4 ao Sul” para encerrarem a festa.


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Rosabrava lança álbum de estreia

Música de dança feita em Vila Real Sto. António faz sucesso na internet O trabalho não está à venda e pode ser descarregado da rede de forma gratuita

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á pouco mais de um ano, um grupo de jovens do concelho Vila Real de Santo António ligados à música de dança decidiu avançar com o projeto de criação de um álbum de originais. Depois de um ano de trabalho, o resultado foram 12 temas inéditos que já estão a fazer sucesso na internet. O álbum de estreia de Rosabrava (nome artístico do produtor Hugo Rosa), intitulado “Number One”, foi lançado no último mês de maio e tem a particularidade de ser completamente gratuito. Ou seja, os amantes da música de dança podem descarregar da internet todo o álbum ou apenas as músicas que preferirem, bastando para isso aceder ao sítio do projeto (www.rosabrava.com).

“Só nas primeiras três semanas tivemos mais de 10 mil visualizações e mais de cinco mil downloads, o que é muito bom para um artista que ainda é completamente desconhecido no panorama musical”, conta Messias Carvalho, gestor do projeto, sublinhando que, durante este período, várias dezenas de artistas de diversos países já tinham entrado em contacto com a produtora vila-realense Guadiprod, a solicitar autorização para a utilização de vários temas. Outra das curiosidades é o facto de este ser um trabalho “completamente caseiro”, à exceção da gravação, que foi realizada em estúdios profissionais. “Trata-se de um produto cem por cento caseiro, pois além das poucas condições ao nível da informática, tam-

bém não tenho qualquer curso de produção nem de música. Sempre gostei de música de dança, comecei a interessar-me pela produção, fazia as minhas brincadeiras...”, explica Hugo Rosa, que contou com a colaboração do irmão, músico, que “ia apenas dando a sua opinião à medida que o trabalho avançava”, de sete amigos, entre rapazes e raparigas, que colocaram vozes nalguns temas, e do dj Luís Neves, que levou a cabo a masterização. A forma de financiamento do trabalho é outro dos factos curiosos. “Normalmente, os jovens só se mexem quando alguma entidade, principalmente pública, dá alguma coisa. Mas nós fizemos questão de não pedir ajuda financeira a ninguém”, garante Messias Car-

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valho. O gestor do projeto explica ainda o porquê de o álbum ser completamente gratuito: “Ninguém conhece Rosabrava e não fazia sentido colocar as suas músicas à venda. Muitos dos grandes produtores de música de dança da atualidade começaram assim, dando-se a conhecer de forma gratuita”. Depois do sucesso deste primeiro álbum, que além da internet também está a rodar em muitas rádios, Rosabrava está já a preparar o segundo trabalho. “Já fizemos metade, está muito bem encaminhado e vai ter algumas surpresas”, revela Messias Carvalho, que não quis adiantar mais pormenores. Domingos Viegas


13 Festival Med volta a trazer milhares a Loulé O

Festival Med voltou a trazer ao casco histórico louletano milhares de pessoas que durante quatro dias. Novamente, os palcos receberam alguns dos artistas mais conceituados da world music a par de algumas dicas sobre alguns artistas algarvios cujo trabalho se integra neste âmbito. Os concertos de Jaadu, George Clinton, Balkan Brass Battle e Afrocubism foram os que mais conquistaram o público. Para muitos, o Festival Med é definido como um festival de música, mas não teria o mesmo carisma se não se realizasse na zona histórica e fosse recheado com diferentes propostas gastronómicas, exposições artísticas e exposição de artesanato de diferentes influências sempre com um toque medi-

história do comércio da cidade na reta final do século passado misturados com um património arquitetónico secular. Uma dinâmica que a autarquia quer de alguma forma recuperar com o projeto Charme que está em curso em prol da recuperação e revitalização da zona histórica da cidade. Sofia Cavaco Silva

terrânico. Para os repetentes, o recinto voltou a mostrar também algumas novidades na área das bebidas e comidas com a abertura de espaços inesperados ou surpreendentes. Por exemplo: que tal jantar numa sapataria ou relaxar na varanda de uma imobiliária? Sim, estes foram cenários possíveis com o aproveitamento dos espaços existentes no recinto e que no quotidiano estão encerrados. Para quem só vai ao Centro Histórico de Loulé para o Festival Med, poderá ser interessante visitar a zona fora da época. Para quem já conhece a dinâmica da zona histórica de Loulé durante os restantes dias do ano, de certo não será interessante perceber como ali estão escondidos cantos e recantos que contam uma

Frankie Chavez

PUB.

fotos Mira CML

Afrocubism

George Clinton

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Música I Cinema

Fernando Proença

LITERATURA INCLUSA

Número vinte Em pose não fotografamos as pessoas como elas são, os retratos não são verdadeiros. Quando fazem pose, têm tendência a mostrar os dentes e, com isso, a expressão vai-se. Perde-se aquele “Mona Lisa smile”, que é um quase sorriso Ron Gallela, papparazo. Revista Pública de 19-6-2011 Um – Uma amiga minha tirou oitenta e seis fotografias durante um jantar. Para colocar no Facebook e na memória do computador. Se o jantar demorou noventa minutos (penso que foi um bocadinho mais, mas para a conversa não faz grande diferença) teremos - com o jeito que eu apanhei dos políticos para dar a volta às estatísticas – praticamente uma fotografia por minuto. Se descermos um pouco mais para junto da mesa e sabendo que durante uma parte substancial do jantar as pessoas comem, percebo que, num curto espaço de tempo, deve ter tirado tantas fotografias quantas lhe permitia o mecanismo de pôr o dedo, olhar (?), focar e carregar. Ou seja, a técnica alterou o modo como hoje se fotografa. Seis milhões de pessoas já tinham percebido isto antes mas nenhuma delas se chama Fernando Proença. Hoje, tirar vinte, trinta, duzentas fotografias durante um lanche de chá e torradas, tornou-se um passatempo. O ato de fotografar dessacralizou-se (agora embrulhem) e com ele foi-se todo o cerimonial, da pose e do sorriso mais ou menos forçado para a câmara. E todos os meus três leitores vão dizer que bom termos abandonado a pose. Queremos algo que se aproxime à realidade, não um sorriso fingido. Mas será a-

fotografia a realidade e não mais que a realidade? Agora um pouco de história: D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal. Na fotografia e antes da era digital, tínhamos um rolo de dezoito ou trinta e seis fotografias (que rendiam sempre um pouco mais ou não; não me lembro já porquê). D. Afonso III, rei que conquistou Faro e Albufeira. Depois, com a era digital, criaram-se cartões de memória e com um disco rígido podemos guardar milhares de fotografias, isto depois do levantamento militar de 25 de Abril de 1974, nos ter aberto o caminho para a democracia. Tudo isto criou (isto já sou eu a falar) um distanciamento em relação à nossa relação, máquina/objeto fotografado. Enquanto que antes o custo e os aspetos logísticos (onde guardar tantos rolos) obrigavam-nos a pensar duas (ou bastante mais) vezes sobre o que queríamos fotografar, agora podemos encher uma pen, ou quantas quisermos. Inevitavelmente que, com essa transformação também a forma como olhamos para as fotografias é diferente. Hoje tiramos fotos a tudo o que mexe (o que não mexe também tem direito) sem necessidade de procurar o melhor ângulo, o melhor sorriso. Forçada ou não a pose era – talvez - o melhor sorriso a que tínhamos direito. Agora não precisamos de pose para nada. A fatal realidade substituiu a encenação. Mas não é sempre uma encenação o que fazemos quando captamos um instante, um qualquer instante? Vamos então passar a colecionar fotos não como se colecionavam selos, mas numa zona entre encontrar pequenos búzios de mar e pedrinhas roladas pela rebentação da praia. O esforço custa pouco e é capaz de ter piada andar de rabo para o ar, numa manhã de maré vazia. O caso é que um mês depois já ninguém se lembra onde estão as conchas e bem vistas as coisas, na relação esforço/resultado final é o melhor que podia ter acontecido. Ou seja, muitas fotos e nem uma para lembrar. Dois – Com a música está a acontecer uma coisa parecida. Os colecionadores de discos (subcategoria em que me incluo apenas no número, ou númaro, como se diz agora). Antes, a malta, para mostrar os galões, dizia: tenho mil

discos; ou tenho toda a discografia dos Rolling Stones, versões inglesas e norte-americanas – e asseguro-vos que teria muito dinheiro empatado. Hoje temos a mesma ideia mas uma conversa diferente. Tenho quinze megas de música latina que saquei da net. Aquele camarada passou-me os ficheiros que tinha de música sul-africana. Fiquei com dois gigas de música na memória do computador. E é nessa cagança, a que nenhum de nós colecionadores está imune, que resulta aquilo onde eu quero chegar. Existe um determinado nível de audição (com cds, ficheiros) em que é humanamente impossível, ouvirmos música com ouvidos de ouvir. Demasiada música. Passamos por cima. Três – Por falar em números. Outro dia li sobre como se fará o novo negócio da Warner. Fazer discos de quatro ou seis músicas, os chamados EP. Ou noutra linguagem os Máxi– Singles. A ideia é voltar atrás com a tendência crescente, dos primeiros anos do século XXI, em que havia que esgotar a capacidade de gravação de um cd (80 minutos). A voz corrente é que ninguém tem hoje paciência para discos originais de oitenta minutos. Que ninguém quer pagar por doze temas, quando só quatro valem a pena. Que um maxi de quatro ou seis músicas faz exatamente à música o que os primórdios do disco obrigavam. Só pode apresentar seis temas. Tem doze. Joga seis fora, ou guarda para a próxima. Isto tudo aproxima a música do seu início, quando no princípio dos anos sessenta os grupos editavam um single de vinil de trinta e três rotações, com um tem de cada lado. Foi o advento do LP (com muito mais capacidade, logo gerando mais lucros), que potenciou, por exemplo, os discos conceptuais, que tanto nos alegraram / baralharam (riscar o que não interessa) a cabeça. O disco – Rolling Stones – “Exile on Main St” – LP Duplo (1972) – CD simples (?) – Reedição CD, com extras – 2010. Exile on Main St não é só o disco duplo (dezoito temas; dez no primeiro disco, oito no segundo) que resultou num cd simples, pelo aumento de capacidade. Dezoito músicas escolhidas, cuidadosamente gravadas e produzidas.

Estamos, sim, perante uma gravação em que o processo e o entorno são tão importantes como o resultado final. Para perceber valeria a pena contar uma pequena história: fartos do Estado inglês, que os queria castigar com impostos pela sua falta de vergonha, decidem encerra-se na Côte D'Azur, numa mansão próxima de Cannes, entretanto alugada por Keith Richards. Levam um tema acabado, “Sweet Virginia” (excelente, sobrante de do disco “Sticky Fingers”) e muitas ideias sobre como fazer música que os trouxesse para junto do espírito dos bluesmen de Chicago dos anos 60. Depois (como alguém notou antes de mim) estavam na posse de tudo o que precisavam para compor: instrumentos, mulheres e droga. O resultado é um disco sem grandes temas para a sua conta de hits (o plano de gravação…não existia), mas com um ambiente incrível de amor pelo rock e riffs de guitarra, profundamente insinuante e com uma energia sexual que nunca mais viriam a igualar. Capaz de encaminhar (ou desencaminhar) qualquer aspirante a músico, salpicado por temas mal acabados, vale pelo seu todo mais que pelas partes. Para Keith Richards é o melhor disco do grupo. Para Jagger nem por isso. Muito mal recebido pela crítica na altura, tem vindo a melhorar muito com os anos em cima. Vamos agora entrar no túnel do tempo. Como seria nos dias que correm? Estas dezoito músicas reduzidas a seis. O que se perdia? O que se ganhava?

Apontamento de Cinema Ou morro, ou fico melhor "Quando o pai abandona a família, Martial, um rebelde de 16 anos, tem de se mudar com a mãe para um apartamento mais pequeno. A separação dos pais e a adaptação a um novo local exarcebam o isolamento do adolescente e o seu ódio ao mundo. Na escola, Martial lida dificilmente com a ideia de fazer novos amigos e aproxima-se de um par de gémeas, Colette e Ernestine. Os três entregam-se a aventuras que rapidamente se transformam num desvio perturbante..." Das relações difíceis entre mãe e filho, até ao despoletar da irrequieta adolescência de três jovens, nos subúrbios franceses, um filme realista bem atual. Excelentes interpretações. Realização: Laurence Ferreira Barbosa.

Com: Florende Thomassin, François Civil, Marine Barbosa, entre outros. Distribuição: Atalanta Filmes. Vítor Cardoso

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