JA Magazine | MAR 2013

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M AG A Z I N E PAR TE INTEGR ANTE D ARTE INTEGRANTE DAA EDIÇÃO N.º 2918 DE 28 DE FEVEREIRO DE 2013 DO JORNAL DO ALGARVE E NÃO PODE SER VENDIDO SEP AR AD AMENTE SEPAR ARAD ADAMENTE

Observação de Aves



3 Pão quente, queijo e doces animam Alcoutim Feiras temáticas estão agendadas para o próximo dia 10 de março, em Vaqueiros, e depois nos dias 29 e 30, na sede do concelho

A

aldeia de Vaqueiros, no concelho de Alcoutim, recebe no próximo dia 10 de março a 15.ª edição da Feira do Pão Quente e Queijo Fresco, um dos mais importantes certames do município ao nível da divulgação da gastronomia e dos produtos locais. Além do pão e do queijo, os reis da festa, o certame representa uma excelente oportunidade não só para degustar outros produtos típicos da serra algarvia, mas também para visitar aquela freguesia do concelho de Alcoutim e apreciar uma ampla variedade de artesanato. A abertura da feira está agendada para as 9h30 e a animação musical será garantida pela atuação dos grupos Bailasons (13h30) e Banza (15h30). Ainda no âmbito da feira, realiza-se uma marcha passeio com início previsto para as 10h00. Este certame é organizado anualmente pela Junta de Freguesia de Vaqueiros, com a colaboração da Câmara Municipal de

Alcoutim e da associação A Moira.

Doces típicos no Cais Novo Nos dias 29 e 30 de março é a vez da vila de Alcoutim receber a oitava edição da Feira de Doces D'Avó, dedicada à doçaria tradicional da serra algarvia e que volta a decorrer no denominado Cais Novo. Além da grande variedade de doces regionais, este ano haverá uma mostra de folares tradicionais e respetivas receitas, que decorrerá entre as 14h00 e as 19h00 do dia 30 (domingo). Também neste segundo dia da feira realiza-se um atelier infantil dedicado à confeção de folares (das 15h00 às 17h00). Para o dia 29 está prevista a realização de outro atelier infantil, este dedicado à pintura de ovos da Páscoa (também das 15h00 às 17h00). A animação de rua estará garantida pelo grupo Pilha Galinhas nos dois dias do certame. O evento é organizado pela Câmara Municipal de Alcoutim PUB

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A Jóia do Barroco no Algarve completa 300 anos Q UEM visitar a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Faro, encontra à sua esquerda um admirável azulejo, de origem Fábrica Viúva de Lamego, onde se lê: Esta igreja é património da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo-Faro. Lançou-se a sua primeira pedra a 22 de Fevereiro de 1713, sendo Prior Protector e fundador, o Bispo do Algarve D. António Pereira da Silva,de veneranda memória. Mas, se repararmos,com atenção, ao seu lado direito, encontra idêntica placa, da mesma origem de produção, onde se informa: Nesta igreja se iniciou em 19 de Junho de 1808 a revolta de Faro contra o domínio francês. E nas salas da Ordem se elegeu o Supremo Conselho de Regência do reino do Algarve, que assumiu o governo da Província. Comemorando o honroso facto a Mesa de 1945 fez inaugurar esta lápide. A cidade católica e cultural tem a referência deste ser o expoente maior da construção do estilo barroco sacro a sul do País. Comecemos pela figura do seu fundador:o bispo que teve responsabilidades politicas no governo de D. Pedro II, D.António Pereira da Silva, que assume o bispado do reino do Algarve entre 1704 até 1715, que comprou o terreno e nele se determinou a construção do monumento, lançando a primeira pedra a 22 de Fevereiro de 1713. Estava constituida a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e a Mesa da Irmandade que funciona ainda hoje. As origens históricas da fundação da Ordem Carmelita vem pelos meado do século XIII quando foi fundada uma pequena capela no Monte Carmelo,junto à gruta de Santo Elias,nessa cadeia de montanhs, ao sul da baía de S. João de Acre,num pequeno promontório sobre o Mediterrâneo. Cerca de 500 anos depois cria-se em Faro o monumento dedicado à Ordem Carmelita. E os técnicos para tão arrojada construção? Vamos recuperá-los dentro do conhecimento. Já por Faro se instalaram,desde finais do século XVII oficinas de mestres do sagrado; na sua maioria naturais da cidade de Faro a que outros se juntariam:Manuel Martins (1667-1742),o artista mais destacado para o século XVIII, seria o escultor admirado emimagem da S.ª do Carmo, entre outras expostas. Ainda entalhador, este filho de Faro, Manuel Martins (16671742), filho de um mareante, assim como seus irmãos, apren-

dizes do jovem italiano, Giovanni Severino,estabelecido em Faro. Outros se lhes juntam na edificação do magnífico monumento: o mestre pedreiro Francisco Fonseca Ataíde,residente em Faro,que se torna membro da recente Ordem Terceira do Carmo. Junta-se o seu filho,Diogo Tavares de Ataíde,o mestre do traço ,o mais importante pedreiro da região. Já estamos entrando nos meados do século XVIII. Apontase-lhe a sua participação na obra do portado,no adro,entre outras participações. Ainda este mestre contará com a participação do seu filho Diogo Tavares. A ele se deve, como disse: o

portal e sua decoração das estátuas de Santo Elias e Santa Tereza em nichos frontais exteriores. Manuel Martins forma uma equipa perfeita com seu irmão Gaspar Martins e seu cunhado,Tomé da Costa,Francisco Xavier Guedelha,João Baptista. Os artistas naturais de Faro, a que se junta o italiano Severino. E se algum elemento da equipa familiar ía falecendo,novo sangue o substituia. A edificação da igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo levou 165 anos em construção e em metamorfoses perfeitas. Esta é a geração do expoente máximo do barroco algarvio do século XVIII. T.N.

O Barroco na arte nacional No último quartel do século XVII a talha irá adquirir em Portugal características diferenciáveis,tanto do que anteriormente se fazia como do que mais se fazia no resto da Europa. Correspondendo por certo à emancipação cultural que se quer do país recém-ocupado pela dinastia filipina de 1580-1640, corresponderá, durante 60 anos, também, e, talvez, por isso,à emancipação dos nossos mestres entalhadores e do seu reconhecimento público, como artistas capazes de encenar e iludir espaços, situações e atitudes com as formas de trabalhar em madeira e fingidas de outras artes; do mesmo modo que pintores,escultores e pedreiros-arquitectos, num estilo nacional que se prolongou pelo tempo de D.João V, sendo sobretudo o remate, aquele elemento que mais irá sofrer numa segunda fase deste estilo,antevendo as formas do barroco internacional que chegariam ao Mosteiro de Mafra,Capela de S. João Baptista Igreja de S. Roque,Capela-Mor da Sé de Évora. Conforme os nossos académicos do século XX iriam

aprender a conhecer e estudar com o professor Robert C. Smith,norte americano, nascido em Nova Jérsea,em 1912, mestre em Artes pela Universidade de Massachusetts. Por cá andou anos estudando o que não estudado, até falecer em 1975. Smith foi o responsável em Portugal pela reabilitação do barroco. O Algarve está nas obras do americano desde A Sixteen century Manueline Doorway in the Algarve in Congresso do Mundo Português-1940. Ainda a sua obra monumental,em título The Art of Portugal-1500-1968. Com Robert Smith se acendem as luzes aos lusos estudiosos da arte barroca espalhada por Portugal, Ilhas, Brasil e África. Ou seja a cultura lusófona da arte do barroco. Tomando conhecimento pelo interesse da cristografia estrangeira pelo barroco português, Yves Bottineau publicou em 1969 um estudo onde insere a produção nacional no contexto mais geral da arte ibérica, da qual a arte luso-brasileira constitui um capitulo com personalidade própria e não uma simples e va-

riante da arte hispânica: Le ton particulier au Portugal et au Brésil est fait de bonhomie d’íntimité. Já um colega e historiador francês, René Fallet, me afiançava a beleza da palavra “barroco”, Cette perle irregulière et libre,c’est, surement portugaise. Conforme o seu livro publicado em 1971,uma edição Denoël, em título “ L’Amour Baroque”. Já Garcia da Horta se referia ao estilo Barroco,em 1563,em “Colóquio dos Simples”: Huns barrocos mal afeiçoados e não redondos. A pedra para a perfeição! Não podemos deixar de nos orgulhar do nosso monumento no melhor estilo joanino, que o orgulho de um bispo e a arte dos nossos genuinos mestres-artistas fizeram do melhor,indo construíndo nas perfeições dos tempos capela a capela, retábulo a retábulo, imagem em imagem,até que chegue o fim do século seguinte, o XIX, e se acabe a admirada igreja, com a segunda torre, a poente, e chamada do relógio, a poente, em 1878,pelo mestre Lopes do Rosário.

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Juntando parte do décimo (imposto) cobrado pela igreja, em todo o produto do trabalho dos algarvios, por mar e terra, se foi construíndo a cidade monumental. As raínhas dos seus tempos donatárias da cidade de Faro,desde 1492, receberam esquecendo-se de investir... salvo raras excepções. A fachada é da autoria do mestre pedreiro (farense) Diogo Tavares Ataíde (1747)deixou a marca indelével da nossa arte barroca. Já , sem se perder o princípio, vem o fim com a construção definitiva. A fachada principal demonstra as vontades colocadas e cumpridas que vêm de três séculos de culto, de organização defensiva, de música, de arte. Onde a morte tem um culto muito remoto numa capela muito visitada (dos ossos) e, obviamente, rejeitada por outros visitantes. Teodomiro Neto Ilustração: do pintor-médico Vicente de Brito cedida gentilmente, ao J.A. (trabalho inédito)



6 Algarve promove férias de natureza com observação de aves na BTL 2013

Turismo aposta no fenómeno "birdwatching" para sair da crise Rentabilizar o fenómeno da observação de aves é o grande objetivo do turismo algarvio para este ano, numa altura em que o setor procura novos caminhos para criar riqueza e contrariar a crise. O Turismo do Algarve e todos os municípios juntaram-se este ano num único espaço, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), para promoverem o "birdwatching" como forma de aproveitar os recursos naturais disponíveis e alavancar o turismo de natureza na região

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s sinais da crise estão por todo o lado e mostram que toda a economia do Algarve está em risco: hotéis encerrados, restaurantes vazios, campos de golfe às moscas e dispensa de empregados. Para fazer face a este cenário dramático, o turismo algarvio está à procura de novos caminhos e a tentar encontrar soluções para contrariar os efeitos da crise, já que o destino não tem crescido como se previa e está a ser ultrapassado por outros. Por tudo isto, há quem diga que o turismo algarvio está perante um ano decisivo. Com a crise que se faz sentir e as perspetivas pouco otimistas para os próximos anos, crescem as incertezas. E esta será certamente uma das principais tónicas da BTL 2013, que arrancou ontem e vai prolongar-se até ao dia 3 de março, no Parque das Nações, em Lisboa. Os responsáveis do turismo algarvio reconhecem que os tempos são difíceis e o que vai acontecer em 2013 ainda é uma incógnita, mas nem por isso o Algarve ficará de braços cruzados. Por isso, decidiram regressar à BTL – a maior feira internacional de turismo que se realiza no país e que funciona como grande barómetro do mercado - com pouco dinheiro, mas ainda assim com muitas novidades. Este ano, pela primeira vez, todos os municípios da região integram o stand do Turismo do Algarve para a promoção conjunta do destino, que em 2013 aposta principalmente no “produto de natureza” para aliciar e atrair mais visitantes à região.

A observação de aves é a grande aposta do turismo algarvio para atrair mais turistas em 2013

Segundo o Turismo do Algarve, esta aposta no fenómeno “birdwatching” é uma forma de preservar a biodiversidade e alavancar o turismo de natureza na região, que conta com várias áreas de abrigo, nidificação e alimentação para várias espécies.

“O Algarve é uma das regiões do país mais interessantes para a prática da observação de aves. Aqui ocorrem mais de 300 espécies ao longo do ano, entre inúmeras aves de rapina, marinhas, limícolas, patos, passeriformes e muitas outras”, destacam os responsáveis do

Selo de qualidade "Birdwatching Algarve" Segundo o Turismo do Algarve, que vai apresentar esta quinta-feira, na BTL, as principais novidades para 2013, a observação de aves (birdwatching) vai ser uma das apostas mais fortes. Esta tarde, em Lisboa, as atenções vão recair sobre o selo de qualidade “Birdwatching Algarve” - um certificado que pretende distinguir as empresas que desenvolvem atividades turísticas ligadas à observação de aves – e num microsite dedicado ao turismo de natureza (www.algarvenatural.pt), que reúne num único espaço virtual a oferta de natureza existente na região, como, por exemplo, os percursos pedestres e as áreas mais interessantes para observar aves.

turismo algarvio. Entre os espaços mais importantes para o “birdwatching”, os especialistas destacam a Ria Formosa, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, a península de Sagres e toda a Costa Vicentina, a Ria de Alvor, a Serra de Monchique, a Quinta do Lago e a Lagoa dos Salgados.

Aposta na boa utilização dos recursos disponíveis

O Turismo do Algarve e todos os municípios da região estão juntos na BTL, pela primeira vez, para promoverem o turismo de natureza

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Há duas semanas, o Turismo do Algarve anunciou que vai implantar no terreno, com o apoio das autarquias, mais informação (setas e painéis) para facilitar a prática de observar aves na região. “Continuamos empenhados em promover o turismo de nichos na região, sobretudo o birdwatching, apreciado por mais de dois milhões de ingleses e por 48 milhões de norteamericanos. E para solidificar o produto no destino precisamos de estruturas de apoio como as que apresentámos”, explicou o presidente do Turismo do Algarve, Desidério Silva. Sobre a aposta no turismo de natureza,


Ria Formosa

onde se destaca a observação de aves, Desidério Silva sublinhou a “aposta na criatividade e na boa utilização dos recursos disponíveis, aspetos fundamentais para a diferenciação do destino”, especialmente numa altura em que a crise afeta fortemente a economia regional e faltam verbas para investimentos, assim como para a promoção interna e externa. Nesse sentido, o Turismo do Algarve acredita que a observação de aves pode ser uma ótima solução para atrair milhares de novos turistas à região, já que este é um passatempo apreciado por milhões de ingleses, que são o principal mercado emissor de turistas para a região. Refira-se que, no Reino Unido, a maior associação de “birdwatching” junta 2,5 milhões de praticantes...!

Novo guia revela trilhos mais interessantes da região Entre as novidades que o Turismo do Algarve vai apresentar na BTL 2013, destaque ainda para uma nova publicação no domínio do “turismo verde”. “O Guia de Turismo de Natureza acabou de ser editado com experiências genuínas de contacto com os diversos ambientes naturais do Algarve, uma boa notícia para os apreciadores de caminhadas que agora passam a ter um novo guia que regista os trilhos mais interessantes da região”, revela a entidade regional do turismo algarvio. Mas as novidades não ficam por aqui, frisam os responsáveis. “Um projeto que visa revelar os segredos do Algarve ao trade da região e aos jornalistas sob a forma de visitas organizadas, o cartão do turista que permitirá acumular pontos que poderão ser trocados por produtos regionais e a instalação de montras interativas nos postos de turismo são outras ações destacadas para o momento alto da presença do Turismo do Algarve na BTL.” Tal como aconteceu nas edições anteriores, a feira “Algarve Convida” estará a decorrer em simultâneo dentro do stand Algarve durante o certame. O objetivo, adiantam os responsáveis, será o mesmo: “fazer venda direta de pacotes de férias a preços especiais”. A BTL, que já vai na sua 24ª edição, continua a ser o espaço de eleição para os profissionais ligados à área turística e é o maior evento do setor turístico realizado em Portugal.

Ria de Alvor

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Observação de aves no Algarve R

ia Formosa - A cidade de Faro encontra-se separada do mar por um conjunto de ilhas de sapal, que emergem na maré baixa. Esta zona, conhecida por Ria Formosa, é um paraíso para a observação de aves aquáticas, apresentando a particularidade de só ser visitável de barco.

Serra de Monchique

Ria de Alvor - Entre Portimão e Lagos, a Ria de Alvor forma um amplo e complexo sistema estuarino. A diversidade de habitats numa área relativamente pequena – cerca de 1700 hectares – proporcionam a observação de uma grande diversidade de aves típicas de estuários e sapais, aves marinhas e aves associadas a campos agrícolas. Serra de Monchique - A serra mais alta do Algarve oferece ao visitante um refúgio nos dias de maior calor. Graças à maior densidade do coberto vegetal, aqui é possível observar diversas espécies de aves que são raras ou estão totalmente ausentes junto à costa.

Quinta do Lago

Quinta do Lago - Alguns quilómetros a oeste de Faro, a Quinta do Lago constitui um destino de luxo dentro do Algarve. Este local é também um destino de luxo para os observadores de aves, não só pela diversidade de espécies que aqui ocorre, mas acima de tudo pela facilidade de observação, devido à grande “confiança” dada pelas aves neste local. Reserva de Castro Marim - Em torno da vila de Castro Marim, junto à foz do Guadiana, espraia-se um conjunto de salinas e tanques, associados a vastas zonas de sapal, que constituem refúgio para um elenco de aves aquáticas dos mais numerosos no nosso território. Sagres - Cabo de São Vicente – Costa Vicentina“A Costa Vicentina é uma das mais importantes zonas de observação de aves em todo o país. O Cabo de São Vicente é um dos acidentes geográficos mais significativos de Portugal. Situa-se junto ao mar sobre falésias calcárias. A maior parte da zona encontra-se desarborizada, embora algumas plantações de pinheiros quebrem a monotonia da paisagem. Quando as condições meteorológicas são favoráveis, este é um local privilegiado para a observação de aves em migração, especialmente no outono.

Reserva de Castro Marim

Lagoa dos Salgados - Situada sobre os antigos sapais de Pêra, a Lagoa dos Salgados “tornou-se nos últimos anos num dos locais de observação de aves mais visitados do Algarve.

Nuno Couto Sagres - Cabo de São Vicente

Lagoa dos Salgados

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8 Paixão pela fotografia de aves

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Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e de Vila Real de Santo António está considerada como uma das mais importantes zona para a observação de aves na região algarvia. Trata-se de um dos pequenos paraísos existentes no Algarve para os amantes do "birdwatchig" (observação de aves). A fotografia de aves é também uma das paixões do fotógrafo vila-realense Agostinho Gomes, que tem registado através da sua objetiva, ao longo dos últmos anos, um pouco do que há para ver naquele espaço natural dos concelhos de Castro Marim e de Vila Real de Santo António.

fotos: Agostinho Gomes

O fotógrafo amador Agostinho Gomes gosta de apontar a sua objetiva, como é costume dizer-se, a tudo o que mexe. No entanto, as aves são uma das suas grandes paixões

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Música I Cinema

10 Fernando Proença

LITERATURA INCLUSA

Número de Fevereiro 1 - Ainda os números (isto é uma conversa começada no artigo do mês anterior. Se querem saber mais consultem a net ou uma astróloga/vidente, que evidentemente perscrute o passado: tipo, reparar no excelente e deveras espectacular trocadilho com vidente): outro dia no cabeçalho de um jornal, órgão de comunicação social em suporte papel, como se diz agora: Dia de greve na CP, dá prejuízo de 1,1 milhões de euros. Como é que se chega a um número de aqueles? Vê-se se é um dia de semana ou não, período de férias, antes ou depois de um fim-de-semana?, mas isto sou eu que não percebo nada do que está em causa. Penso no entanto que poderá ser: a administração chama o chefe da contabilidade e a ordem é dada. “Ó Silva, veja lá se arranja um bocado e me faz as contas sobre quanto é que não receberemos, se imagine, alguém com pouco juízo se lembrar de fazer uma greve de hoje a um mês”. Isto, claro, se a empresa em causa for pequena ou semi-familiar. Como será tratando-se de um mastodôntico peso pesado, como gostam de dizer quando falam no sobe e desce da bolsa portuguesa? Penso que mais ou menos assim: “Ao chefe do departamento central de contabilidade. O Conselho de Administração vem através deste meio solicitar que sejam feitas todas as simulações que proporcionem a visão global das perdas na receita, que advirão de uma possível greve na empresa no dia X”. Sendo de que maneira foi, certo é que restou o valor de um vírgula um milhões para figurar na imprensa. Não duvido da bondade das contas mas gostava de saber mesmo se

sendo verdade que a CP perde diariamente não sei quantos (muitos) euros, não será lucrativa uma greve? Porque se os comboios, param é porque muita gente pára. Mesmo dando de barato que a proporção de pessoas que faltaram ao trabalho não seja esmagadora, será de certeza enorme. Ora essa gente que falta não recebe salário o que significa muito dinheiro que terá que ser descontado aos, um vírgula um milhões de euros. Logo as perdas serão, um vírgula um milhões menos X, que é o dinheiro que não se paga a quem faz greve, e na última da CP parece que muito pouca gente não a terá feito. Ou o total adiantado para os jornais já contará com isso? Mas se eles dizem à boca cheia que a CP perde diariamente dinheiro, ao fazerem uma greve muito participada (ao que parece esta última), a companhia devia ganhar, em vez de perder dinheiro. Não sei mesmo mas entretanto vou ali beber um café e já volto. 2 - Melhor disco de 2012 que ao princípio eu não dava nada por ele. Quero dizer dava mas não tanto assim: Dirty Projectors - "Swing Lo Megellan" – CD- Domino, 2012 Para não estarem com manias do género, o gajo fala de galo, mas eu tenho mais vinte megas de música que ele, tenho que vos confessar que além de possuir o anterior disco dos maus e terríveis projectores, também tenho acompanhado as colaborações de membros da banda em – como se diz agora – projectos paralelos. E digo-vos amigos meus e invejosos inimigos, que se o anterior (de 2009, Bittte Orca), era principalmente uma piada feita a partir de mil e uma ideias, este Swing Lo Magellan, situa-se num nível muito dife-

rente: para alguns inferior, para outros superior. Eu sei que o que acabei de escrever se parece com o muito português, se não é gato é gata mas os meus sabem que eu não os ia deixar ficar assim na dúvida contrafeita. Tentarei explicar: para os que pensam a música pop como uma sucessão de ideias, qualquer delas mais louca, onde nem sempre se descobre o pesponto por onde a música foi cosida e onde o efeito final cheira mais a improvisação, construtora de universos sonoros, então o disco de 2009 é o melhor dos dois. Se pelo contrário (não será bem o contrário mas como demonstração serve), a música popular for percebida como tendo no alto do seu felizmente desconjuntado edifício o formato canção, então Swing Lo Magellan, é melhor ou – pelo menos - mais articulado. Sou adepto (quotas em dia, lugar cativo) desta segunda forma, mas também pesco umas coisas na primeira, estilo à boia no início da enchente estão a ver a coisa? Gosto mais do disco de 2012, que não quero cá que fiquem dúvidas. No mais recente, a experimentação está lá mas não é o fim da linha: este, está ao dispor de uma visão mais utilitarista como a de apresentar temas aparentemente mais simples na construção mas a que não falta, todo um cardápio de ideias que dão cor impar e som único: guitarras em espiral, sonoridades saídas de um qualquer filme de ficção científica, caminhos menos óbvios para a melodia etc. Como se tudo servisse apenas para o glorioso fim de nos apresentar a sua ideia do que será uma atualização da pop vista pelo ângulo dos Beatles. De que apenas existe uma coisa acima de uma canção bem construída; outra canção bem construída. 3- Porque não dava tanto pelo disco? Por que esta malta que tem muita coisa

Apontamento de Vídeo Muriel ou o tempo de um regresso "Uma viúva, dona de uma loja de antiguidades e o seu enteado vivem perturbados com difíceis lembranças do passado. Um antigo amor volta à vida da mulher e espanta o seu tédio. Já o rapaz é assombrado pela memória das atrocidades que testemunhou durante a guerra da Argélia, quando uma jovem chamada Muriel foi torturada até à sua morte" Um filme, por vezes violento mas muito realista, que merece ser visto e revisto.

Edição em DVD. Um filme que obteve no Estoril FIlm Festival'10 o Prémio Especial do júri Melhor Actriz - Isabelle Huppert e nos prémios Lumier'10, Actriz Revelação - Lolita Chammah. Edição em DVD. Realização: Alain Resnais. Com: Delphine Seyrig, Jean Pierre Kerien e Nita Klein entre outros. Distribuição: Clap Filmes Vítor Cardoso

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para pôr numa gravação faz em geral um destes três caminhos. 1. Volta a fazer um disco igual ao primeiro. São os melhores do Mundo não venderam mais que mil discos em todo o Mundo mas só por que o povo é inculto e cretino. 2 – Não venderam mil discos do que eles pensavam ser a salvação da música popular. Querem tentar outros caminhos. Sabem que vão perder ouvintes mas ganharão outros: pode ser que continuem a não vender muitos discos mas não se importam, porque são bons músicos*.3. Não venderam mil discos do que eles pensavam ser a salvação da música popular. Querem tentar outros caminhos. Sabem que vão perder ouvintes mas ganharão outros: pode ser que continuem a não vender muitos discos mas não se importam. O problema é que não são bons músicos*. * bons músicos não pressupõe que sejam tecnicamente bons músicos. Moral da História Na música como na CP, há várias maneiras de ver as coisas. Depende do utilizador.


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Miguel Ângelo e a banda algarvia NOME

Miguel Ângelo a solo no Cine-Teatro Louletano O

carismático vocalista dos Delfins regressa aos palcos com o seu primeiro disco a solo. Esta sexta-feira, 1 de março, pelas 21h30, Miguel Ângelo apresenta o seu novo trabalho no Cine-Teatro Louletano. Depois do fim dos Delfins, em 2009, do projeto Resistência e da participação, em 2010, no Movimento, o músico volta agora aos palcos numa função mais abrangente. Em “Primeiro”, Miguel Ângelo assume as funções de cantor, compositor e produtor. Este novo trabalhoconta com a participação de Rui Fadigas (baixo), Mário Andrade (guitarra elétrica), Rogério Correia (guitarra de 12 cordas) e Samuel Palitos (bateria). O disco conta, ainda, com a colaboração da violinista Dalila Marques. O primeiro “single” chama-se “Precioso” e já

anda a rodar nas rádios nacionais. O preço das entradas para este espetáculo é de 12 euros.

NOME apresentam novo trabalho

Miguel Ângelo sobe àquele palco depois da banda algarvia NOME, que atuou no Cine-Teatro Louletano na passada sextafeira e num espetáculo que teve a participação especial da TUALLE – Tuna Universitária Afonsina de Loulé. O projeto de rock em português NOME nasceu em Faro, em 2004. Foi a banda vencedora da primeira edição do concurso “+Música”, em 2005, promovido pela Câmara Munici-

pal de Loulé, e a banda vencedora do concurso para abertura de três concertos dos Xutos e Pontapés no Algarve em 2006. Nesse mesmo ano, os NOME gravaram uma primeira maquete com dois temas, com a participação especial de Elísio Donas, teclista dos extintos Ornatos Violeta. Depois de alguns concertos em 2007, com bandas como The Gift ou Terrakota, entre outras, os NOME começaram a preparar o seu primeiro EP, “Código Pele”, lançado no final de 2009. Em novembro de 2012 editam o primeiro álbum, “O Pulsar da Matilha”, que conta com a participação especial da cantora Viviane, entre outros nomes da música portuguesa.

Exposição de Fotografia e Vídeo

"Objetivo Interior" para ver em Quarteira Ana Gonzalez, Elsa Ramos, Ana Oliveira e Eduardo Pinto são os artistas que participam na exposição de fotografia e Vídeo “Objetivo Interior”, patente ao público na Galeria de Arte da Praça do Mar, até 23 de março. Quatro olhares, conhecimentos e sonhos, um misto que cada artista reinterpreta. Rescrevendo como um poeta, um arquiteto, historiador, tornando-se precursor ao reinventar incessantemente. Observação é uma linha de união, contemplar e deixar-se surpreender com cada fotografia como uma janela sobre nós,

porque fazemos parte deste mundo que nos é desvendado. Rostos e expressões surgem através de filmagens atraindo a nossa atenção. Várias figuras contando as suas experiências, sabedoria e sobretudo histórias de vida. Passado e presente, tudo aquilo que interpreta e traduzem as nossas origens. A exposição pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 9h30 às 18h00, e à segunda-feira e sábado, das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00.

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