Jornal do Algarve

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SEMANÁRIO

FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis

quinta-feira

DE I

MAIOR

EXP ANSÃO EXPANSÃO

27 de agosto de 2015 I ANO LVIII - N.º 3048

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INTERDIÇÃO DA PESCA DA SARDINHA JÁ COMEÇOU A AFETAR OS PORTOS ALGARVIOS

NESTE NÚMERO

Pescadores em terra!

P 24

Comissão de utentes da Via não baixa os braços

"Redução não é solução, as portagens são para abolir" P 4 Reforço médico chega em setembro a VRSA

10 unidades de saúde familiar servem 100 mil utentes

P5

Campeonato nacional de futevólei decide-se em Armação de Pêra P 21

TURISMO COM CADA VEZ MAIS PESO NA ECONOMIA NACIONAL

Crise não afeta turismo algarvio Depois de anos de fortes quebras e marcados pela incerteza, o turismo algarvio está agora a dar sinais que pode mesmo ser a "galinha dos ovos de ouro" que o país precisa para sair da crise. Por outro lado, o sindicato de hotelaria alerta para situações que chegam a roçar a escravatura, uma vez que o "trabalho não pago está a aumentar"

RADIS Dr. Jorge Pereira

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P3


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INTERDIÇÃO DA PESCA JÁ COMEÇOU A AFETAR OS PORTOS ALGARVIOS

EDITORIAL Fernando Reis

Turismo a crescer e o Algarve esquecido! Apesar de não haver unanimidade na análise - enquanto umas associações do sector destacam o grande incremento da taxa de ocupação turística, outras lembram que este aumento não pode ser dissociado de anos anteriores de grande estagnação - de facto tudo aponta para que 2015 supere, em cerca de 10% os 16 milhões de dormidas de 2014. Seja como for, a verdade é que as receitas do turismo estão a crescer - mais por ação da insegurança que afeta os mercados nossos concorrentes do que por mérito nosso e deste facto muito beneficia economia nacional. Só em 2014, o Algarve contribuiu com mais de 4 mil milhões de euros em receita externa, o que representou 40% do total nacional, números que, em função dos dados do Banco de Portugal, no primeiro semestre deste ano, poderão ser ainda maiores. Só que, infelizmente, apesar do enorme contributo que o Algarve, através do turismo, deu e continua a dar à economia nacional, a Região não recebe, por parte do Estado, as correspondentes contrapartidas. Antes pelo contrário. É, por regra, das regiões mais discriminadas pelo orçamento de Estado. Basta pensarmos na falta de obras estruturais, no agravamento dos problemas no sector da saúde, nos números do desemprego, na sazonalidade, na desertificação do interior e na falta de apoios à cultura, para percebermos o quão o Algarve tem sido discriminado pelo poder central, ao longo dos anos. Estamos à beira de bater o recorde dos números da receita turística, mas continuamos com uma EN 125 a matar cada vez mais gente enquanto aguarda por uma requalificação prometida mas não cumprida, uma linha férrea arcaica, hospitais e centros de saúde incapazes de responder às necessidades da Região, portos e barras, como é o caso da do Guadiana, a aguardar há anos por uma intervenção, edifícios e monumentos que se degradam por falta de uma política cultural e de recuperação do património e um exército de desempregados cada vez maior, com muita gente a viver no limiar da pobreza ou a sobreviver graças às políticas sociais dos municípios. E até mesmo muitos trabalhadores do sector hoteleiro beneficiam muito pouco com o crescimento da actividade turística, como se pode perceber pelos conflitos existentes em algumas unidades e a grande sazonalidade do emprego nesta área. Vivemos um ciclo que pode ser de ouro para o turismo algarvio, mas a Região continua a ser esquecida e marginalizada! freisjornaldoalgarve@gmail.com

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JA COLABORA NA RECICLA GEM ECICLAGEM O Jornal do Algar Algarvve está a colaborar na reciclagem de papel, reutilizando e utilizando sobras. Desta fforma orma pre ores prettendemos sensibilizar os nossos leit leitores para a luta contra o plástico (utilizado por div er sos jornais e re vistas diver ersos revistas na eexpedição xpedição por correio) e para a necessidade de se def ender o meio ambient e. defender ambiente.

Sardinha em risco?! Pescadores em terra! A sardinha é uma das principais espécies transacionadas nas lotas algarvias, mas as quotas de pesca são cada vez mais restritas. Face à escassez de sardinha, os pescadores têm sido incentivados a procurar outras espécies, como o carapau e a cavala, mas o rendimento é significativamente inferior. A má notícia chegou esta semana: os portos algarvios atingiram o limite máximo fixado para a pesca da sardinha. O Governo baseia-se em estudos científicos para justificar a interdição da pesca da sardinha, argumentando que o 'stock' de sardinha ibérica tem encolhido, ano após ano. Mas alguns pescadores dizem que há muito peixe no mar. Apesar de já estarem definidas compensações pela in-

terdição da pesca da sardinha (20 euros por dia), os armadores e tripulantes estão descontentes com a situação e dizem que esta interdição vai representar uma enorme machadada no setor. Muitos pes-

cadores ameaçam mesmo abandonar a atividade. Entretanto, a Docapesca anunciou recentemente que o preço médio de venda da sardinha triplicou desde 2010, acompanhando a diminuição

das capturas que evoluíram na proporção inversa. Para 2016, as notícias não são animadoras, o que deverá gerar ainda mais controvérsia e revolta no seio do setor das pescas.

"Trabalho não pago está a aumentar no Algarve" Sindicato da Hotelaria alerta para situações que chegam a roçar a "escravatura" O Sindicato da Hotelaria do Algarve alertou esta semana que há cada vez mais situações irregulares no setor turístico. “O trabalho não pago tem vindo a aumentar escandalosamente nos últimos anos, chegando em certos casos a haver autênticas situações de escravatura devido aos longos períodos de trabalho sem qualquer tipo de remuneração, ou então, pago de forma miserável”, adianta em comunicado o coordenador do sindicato, Tiago Jacinto. Segundo o dirigente sindical, “são milhares os trabalhadores e as trabalhadoras no Algarve que, ou não são pagos, ou então são muito mal pagos pelo trabalho que fazem, sujeitando-se a condições de trabalho bastante

desgastantes, levando em alguns casos a situações de esgotamento”. “O trabalho não declarado, as horas a mais não contabilizadas, a violação do direito ao descanso semanal e do direito a férias, os bancos de horas, a flexibilização dos horários, os salários em atraso, entre outros, são uma realidade cada vez mais dramática para um número cada vez maior de trabalhadores”, afiança o sindicato.

Milhares de jovens sujeitos a pressões O Sindicato da Hotelaria do Algarve dá como “exemplo gritante” dessa realidade “o número cada vez maior de estagiários que as empresas utilizam para

ocuparem postos de trabalho efetivos, muitos a desempenharem todo o tipo de tarefas de forma indis-criminada”. “Estima-se que sejam milhares os jovens, muitos apenas com 15 e 16 anos, vindos de todo o país e da região, que pagam as suas deslocações, comem e dormem nas unidades hoteleiras, sujeitos a todo o tipo de pressões e chantagens para trabalharem mais horas do que aquelas que o plano de estágio obriga, havendo casos em que chega a atingir as 12 e mais horas diárias”, assegura Tiago Jacinto, frisando que “no Algarve praticamente todas as empresas do setor, principalmente os grandes grupos hoteleiros, estão a recorrer a esta mão de obra altamente explorada”.

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