Jornal do Algarve

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SEMANÁRIO

FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis

Duas médicas aposentadas regressam ao serviço em Alcoutim

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Francisco Amaral:

EXP ANSÃO EXPANSÃO

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Arte xávega a caminho de integrar património cultural

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Preço 1,10

DO

ALGAR VE ALGARVE www.jornaldoalgarve.pt

PORTE PAGO - TAXA PAGA

Ambiente chumba 'resort' polémico em Albufeira

A defesa de uma zona ambiental sensível na costa algarvia levou à declaração de impacte ambiental desfavorável. Isto apesar de as entidades competentes admitirem que a não construção deste projeto turístico terá “impactos negativos de elevada magnitude” no desenvolvimento social e económico da região. No final, acabou por prevalecer o ambiente, já que o projeto turístico previsto para Albufeira – que inclui a requalificação de um antigo empreendimento e a construção de novos hotéis, apartamentos e moradias – causaria também danos irremediáveis ao meio ambiente P 3

Lagos:

Algarve campeão europeu... do sol!

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A região foi distinguida com o título de “Campeão Europeu do Sol em 2017”, a par da ilha grega de Rodes, por disponibilizar uma média de 8,6 horas de sol por dia – o que totaliza 3.139 horas de sol no último ano

Albufeira

Presidente da Câmara quer mais investimento do Governo

MAIOR

quinta-feira I 4 de janeiro de 2018 I ANO LXI - N.º 3171

Saúde:

Chumbar a Unidade Móvel de Saúde "é decisão criminosa"

DE

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Vila Real de Santo António

"Novo" Hotel Guadiana será inaugurado em abril ou maio

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Futebol

Alves Caetano fala em "ano de notório crescimento" para o futebol algarvio

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Região será um “motor” económico de Portugal em 2018

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O Jornal do Algar ve Algarve deseja a todos os seus leitores

Boas F estas Festas

Cadáver de cachalote dá à costa na Armona Tudo indica que se trata da mesma baleia que tinha sido devolvida ao mar na segunda-feira em Monte Gordo

Um cachalote, com cerca de dez metros, foi encontrado morto esta terça-feira na Ilha da Armona, Ria Formosa. Tudo indica que seja a mesma baleia que foi devolvida ao mar no dia anterior, depois de ter encalhado na praia de Monte Gordo. Na segunda-feira, depois de ter sido devolvida ao mar, pela Polícia Marítima e por um grupo de voluntários, a baleia seguiu para oeste, precisamente em direção à Ria Formosa e à zona de Tavira e Olhão. As autoridades perderam o rasto do animal, mas suspeitam agora que se trate do cetáceo encontrado morto na Armona. A baleia, ainda juvenil, tinha encalhado na praia de Monte Gordo na manhã de segunda-feira e a operação de salvamento, que se prolongou por cerca de duas horas, foi coordenada pela Polícia Marítima com a ajuda de vários voluntários, a maioria triatletas vila-realenses que se encontravam na praia naquele momento. “O animal não podia ser arrastado porque tem uma pele muito sensível. Mas, com a ajuda da ondulação e, principalmente, dos voluntários conseguimos coloca-lo a flutuar”, explicou, na altura, o capitão do porto de Vila Real de Santo António. O trabalho final ficou depois a cargo da lancha salva-vidas de Vila Real de Santo António que puxou a baleia para águas um pouco mais profundas e evitou que o animar regressasse ao areal. Agora, só a necrópsia, que ainda não tinha sido realizada à hora do fecho desta edição, é que determinará se a baleia era a mesma que encalhou em Monte Gordo e qual a causa da sua morte. O animal foi enviado para o Aterro Sanitário do Sotavento para ser incinerado.

Autoridade Marítima reforça alerta para ondulação forte O estado do mar na costa oeste sofreu novo agravamento desde o final da tarde de quarta-feira, mantendo-se a situa-ção praticamente inalterada até sábado, com previsão de ondas que podem chegar aos 5 metros de altura no mar, o que originará forte rebentação junto à costa oeste de Portugal Continental. A Autoridade Marítima Nacional reforçou a recomendação à população em geral para que se abstenha da prática de passeios junto à costa e nas praias, bem como da prática de atividades lúdicas nas zonas expostas à agitação marítima, sendo essencial que assumam uma postura preventiva não se expondo desnecessariamente ao risco. Aos pescadores lúdicos de pesca à cana aconselha-se cautela, evitando pescar junto a zonas de arriba nas frentes costeiras atingidas pela rebentação das ondas. Caso exista absoluta necessidade de se deslocar até à orla costeira, deverá manter-se uma atitude vigilante e ter sempre presente que nestas condições extremas o mar pode facilmente alcançar zonas aparentemente seguras.

Telma Veríssimo

Momento em que a baleia é empurrada para regressar ao mar

A “Viagem Interior” de Telma Veríssimo mostra verdadeiros testemunhos das consequências da fuga das populações para o litoral, entre outros aspetos

ESPECIALISTAS DEBATEM DESERTIFICAÇÃO EM OLHÃO

O Algarve vai tornar-se num deserto? O fenómeno da desertificação, que já afeta dois terços do território da região algarvia, vai estar em debate no próximo dia 6 de janeiro, no evento “Pensar o Interior”, em Olhão. O Algarve é uma das regiões da Europa onde a desertificação tem especial relevância e, se nada for feito nos próximos anos, a maioria do território pode mesmo ficar deserto e seco. Por isso, os especialistas defendem uma intervenção urgente para combater a degradação do solo, o abandono das terras e a ausência de população > NUNO COUTO O Algarve vai tornar-se num deserto? A questão é mais complexa do que isso, mas uma coisa é certa: há modelos climáticos que apontam para uma previsão de clima desértico em municípios como Alcoutim dentro de alguns anos. E, se nada for feito, a desertificação de grande parte do Algarve tornar-se-á numa realidade cada vez mais inexorável. O problema não é a região algarvia transformar-se num deserto africano, mas as perspetivas não deixam de ser preocupantes, já que o Algarve é apontado como uma das regiões potencialmente mais afetadas no contexto da União Europeia pelo agravamento do clima. No próximo sábado, dia 6 de janeiro, esta problemática vai ser debatida durante o evento “Pensar o Interior”, que terá lugar na sede do Departamento da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, no Centro de Educação Ambiental de Marim, em Olhão. Esta iniciativa – que contará com três momentos, uma exposição, uma mesa-redonda e um livro – será focada na desertificação, no despovoamento e no abandono rural do interior algarvio.

A abertura da exposição da fotógrafa Telma Veríssimo, “Viagem Interior”, bem como o lançamento do seu livro, com o mesmo nome, é o mote para “refletir sobre os problemas de desertificação que afetam dois terços da região algarvia, com um painel de especialistas e entidades com responsabilidades na gestão do território”, adiantam os promotores desta ação, que é organizada pela Comissão Regional do Algarve de Combate à Desertificação e pela associação cultural Bons Ofícios, e visa “sensibilizar para os riscos da desertificação na região algarvia”. O programa abre às 16h30 com a inauguração da exposição “Viagem Interior”, de Telma Veríssimo. Esta mostra apresenta registos que são verdadeiros testemunhos das consequências da fuga das populações para o litoral, o seu envelhecimento e o desaparecimento de serviços essenciais nas povoações mais pequenas, entre outros aspetos. A exposição ficará patente ao público no Centro de Educação Ambiental de Marim durante o mês de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 17h00. O programa continua às 17h00 com uma reflexão sobre a desertificação no interior algarvio, através de uma mesa-

redonda que contará com a presença de Nuno Loureiro, Marta Santos, Alberto Melo, Jorge Coelho, Alexandra Gonçalves e dos membros da Comissão Regional do Algarve de Combate à Desertificação. No final do evento, às 18h30, terá lugar o lançamento do livro “Viagem Interior”, de Telma Veríssimo. Com efeito, existem vários estudos e relatórios (para não falar de evidências) que indicam que o interior algarvio apresenta territórios suscetíveis ao fenómeno da desertificação e da seca. Por desertificação entende-se um conjunto de zonas áridas, semiáridas e sub-húmidas secas afetadas ou ameaçadas de desertificação. O atual período de seca é um dos sinais que evidenciam a vulnerabilidade do Algarve nesta matéria. E a tendência é para este cenário piorar. Aliás, prevê-se que o sul da Europa estará sujeito a episódios cada vez mais severos, mais longos e frequentes de seca. Deste modo, os problemas associados à desertificação tenderão a intensificar-se, caso não sejam tomadas medidas para contrariar este fenómeno climático. Por isso, vários concelhos da região, como Loulé, têm já definidos planos de

adaptação às alterações climáticas. Já em abril de 2017, os 16 municípios algarvios manifestaram a sua intenção em “fazer frente ao sério problema” que é a desertificação. Para isso, os autarcas defenderam a escolha de Alcoutim para a instalação do Observatório Nacional de Combate à Desertificação, tendo em conta que este concelho é um dos mais afetados pelas alterações climáticas, falta de investimentos e empregos, que nos últimos anos têm conduzido à fuga da população. Refira-se que, em 1950, a população do concelho de Alcoutim ultrapassava os 10 mil habitantes. Hoje, segundo os últimos dados do INE, restam 2.482 habitantes, sendo que quase metade (45%) tem mais de 65 anos e apenas 6,9% têm menos de 15 anos. E a desertificação tem contribuído bastante para este despovoamento. Por outro lado, a AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve revelou que já concretizou o Plano Intermunicipal de Alterações Climáticas do Algarve, do qual resulta “um plano de ação com a definição de medidas suscetíveis de serem implementadas a sul do país”. Resta saber que efeitos terão estas medidas a curto, médio e longo prazo.


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