Edição nº 3128 | 09 MAR 2017

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O

SEMANÁRIO

FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis

NESTE NÚMERO

DE

MAIOR

quinta-feira I 9 de março de 2017 I ANO LX - N.º 3128

EXP ANSÃO EXPANSÃO I

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AUTÁRQUICAS EM CASTRO MARIM

Estevens pondera avançar com candidatura independente

P3

Tomasz Boski, da UAlg:

Debate sobre exploração de petróleo "está intoxicado"

Aldeia miniatura candidata às "Maravilhas de Portugal"

P4

Escolas:

Serviços a meio gás ou fechados por falta de funcionários

P6

João de Deus:

O algarvio que revolucionou um país de analfabetos P 18

Chama-se Aldeia da Senhora do Forte e é uma povoação imaginária, em miniatura, que pode ser vista no Museu de Lagos. Com traços da paisagem e arquitetura algarvias, representa a autenticidade do Algarve que já não existe P8

Atletismo:

Oriental de Pechão conquista oito títulos nacionais

P9

Almargem quer embargar maior central solar do país Vai ser criada em Vaqueiros (Alcoutim) e o início das obras está agendado para o próximo mês de abril

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FEIRA DE PROTEÇÃO CIVIL DE ALBUFEIRA PREPARA POPULAÇÃO

E se a terra tremer no Algarve, sabe o que fazer?

Com 1755 gravado na memória, os algarvios já se habituaram ao fantasma de um sismo de grande magnitude. A proteção civil de Albufeira não descuida a ameaça e tem procurado soluções que ajudem a cidade a viver com o risco. Entre as mais recentes está a Feira de Proteção Civil, que permite dotar a população de conhecimentos no âmbito dos riscos e medidas de autoproteção > NUNO COUTO Há pouco mais de um mês, um grupo de investigadores da Universidade de Évora delineou um mapa que dá conta das zonas do país com maior risco sísmico, atendendo aos grandes terramotos que ocorreram no passado, desde 1300 até aos nossos dias. Essas áreas correspondem “à região do Vale inferior do Tejo, a toda a orla do sudoeste português e ao Algarve”. As áreas de maior concentração demográfica coincidem, assim, com as zonas com intensidades sísmicas observadas mais elevadas, situação que, alertam os investigadores, “conjugada com a inadequada capacidade de grande parte do nosso edificado resistir satisfatoriamente a fortes solicitações sísmicas”, coloca “uma parte importante da população portuguesa numa situação de risco sísmico considerável”. Assim – e uma vez que con-

tinua a ser impossível prever um sismo a curto prazo, isto é, com a antecedência de horas ou semanas –, a prevenção é, para os investigadores, a grande aposta e também uma lacuna. Este mapa vem confirmar o resultado do estudo do risco sísmico da região do Algarve, que dá conta de milhares de mortos e desalojados no litoral algarvio em caso da ocorrência de um grande abalo. Aliás, o território algarvio já foi abalado por grandes sismos ao longo da história: o de 1755 ficou registado como um dos mais destrutivos de sempre. E há oito anos a terra da região tremeu durante oito longos segundos, no que foi sobretudo um susto: o sismo, de magnitude 6,0 na escala de Richter, teve o seu epicentro ao largo do Cabo de São Vicente e a uma profundidade de cerca de 30 quilómetros. Abalos que servem como aviso, para recordar que o Algar-

Os especialistas avisam que podemos ter sismos muito destruidores, mas o facto de haver espaços muito grandes entre eles faz com que as pessoas se esqueçam rapidamente dos riscos ve está numa zona de risco sísmico moderado. E ninguém pode garantir que um terramoto como o do século XVIII não se repita amanhã...!

População esquece importância do risco sísmico No entanto, ao contrário do que tem acontecido em países como Itália, Portugal não tem sido afetado por sismos devastadores. O último grande terramoto aconteceu a de 28 de fevereiro de 1969, tendo tido magnitude de 7,9 na escala de Richter, com o epicentro localizado a cerca de 200 quilómetros a sudoeste de Sagres. Provocou 13 vítimas mortais em Portugal Continental. Os especialistas avisam,

assim, que podemos ter sismos muito destruidores como o de 1755, mas o facto de haver espaços muito grandes entre eles faz com que as pessoas se esqueçam rapidamente da importância do risco sísmico. É nesse sentido que se realiza há três anos, em Albufeira, a Feira de Proteção Civil, que este ano decorre entre os próximos dias 28 e 1 de abril, sob o lema “Juntos para a Redução de Catástrofes”. A feira, que tem lugar no Espaço Multiusos de Albufeira e noutros locais do município, promove várias iniciativas de prevenção, que passam por simulações, ações de sensibilização e informação junto da população, sendo ainda uma

oportunidade para o cidadão conhecer mecanismos e entidades que operam em situação de risco. No fundo, a ideia é que todos os agentes da proteção civil e a população estejam melhor preparados para prevenir e responder a catástrofes de modo eficiente.

Albufeira testa reação a um sismo No âmbito desta feira, será simulado um sismo, para apresentar e demonstrar à população os meios de proteção civil. Do programa consta ainda, no dia 28 de março, uma ação de sensibilização para o risco sísmico, a ter lugar no auditório municipal, entre as 10h00

e as 12h00, dirigida aos funcionários do município de Albufeira. À noite, com entrada livre e no mesmo local, quando forem 21h00, será exibido o filme “O Impossível”. A projeção deste filme será antecipada por uma palestra a cargo de João Estêvão (Universidade do Algarve) intitulada “O risco sísmico em Albufeira”. No dia 29, terá lugar às 10h30 uma ação de sensibilização no auditório da Escola Básica e Secundária de Albufeira, sobre “Cidadania marítima”, pela autoridade marítima, e às 16h00, no edifício dos paços do concelho, vai ter lugar um exercício de evacuação, simulando um “caso de sismo”. No dia 30 de março, às 10h00, terá lugar a abertura oficial da III Feira de Proteção Civil de Albufeira, no Espaço Multiusos de Albufeira, a qual se prolongará até ao dia 1 de abril. O horário desta feira será entre as 10h00 e as 19h30 e tem entrada livre. “Com esta iniciativa, pretende-se proporcionar o conhecimento da missão, meios e recursos das entidades envolvidas na área da proteção civil, possibilitando o contacto direto e a interação com a população. Simultaneamente, procura dotar a população de conhecimentos no âmbito dos riscos e medidas de autoproteção”, realça a organização.

CENTRO HOSPITALAR DO ALGARVE

BE e PCP exigem explicações do Governo sobre falta de medicação para VIH/Sida Situação começou em Portimão, mas acabou por se alargar a Faro. Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT) garante que se trata de uma situação recorrente no Algarve > DOMINGOS VIEGAS Os doentes com VIH/Sida acompanhados no Centro Hospitalar do Algarve (CHA) têm estado a receber medicação para apenas cinco dias de tratamento, apesar da legislação determinar que a terapêutica antirretrovírica deve ser dispensada para um período mínimo de 90 dias. A situação tinha sido denunciada na última semana pelo Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT) e, entretanto, Bloco de Esquerda e PCP já levaram o caso ao Parlamento questionando o ministro da Saúde sobre este caso e recordando que se trata de uma situação recorrente no CHA. O CHA já explicou que se trata de uma “situação excecional de uma baixa pontual no 'stock' de antirretrovirais” que se prende com a conclusão do procedimento concursal que está a ser levado a cabo pelos Serviços Partilhados no Ministério da Saúde. E que o encurtamento do período de dispensa da

medicação foi a solução encontrada para “garantir a continuidade do tratamento a todos os doentes”. No entanto, o GAT refere que estas situações “sempre existiram, ainda que de forma pontual no Algarve”, mas que se têm tornado mais recorrentes desde a criação do referido centro hospitalar. Para Bloco de Esquerda e PCP, a explicação do CHA também não é suficiente. O Bloco exige que a falha seja investigada, para garantir que o problema não se repete. “Não se pode permitir que atrasos ou problemas concursais possam colocar em risco o acesso ao tratamento dos doentes com VIH seguidos neste centro hospitalar”, defende João Vasconcelos, um dos deputados eleitos pelo Algarve que levou o caso à Assembleia da República. João Vasconcelos recorda ainda que “o CHA está a incumprir a Lei” e a “colocar em risco o tratamento de muitos utentes por si seguidos, dado muitos destes não terem possibilidades que

suportem os custos de deslocações de cinco em cinco dias aos hospitais de Portimão ou de Faro”. Por seu turno, o PCP, no documento dirigido ao ministro, recordou que “esta circunstância, de acordo com o GAT, teria ditado a interrupção das tomas de medicamentos de alguns doentes, com consequências graves para os tratamentos em curso”. Paulo Sá, o deputado comunista eleito pela Região algarvia e autor da iniciativa parlamentar do PCP, questionou o ministro da Saúde se as circunstâncias que ditaram este encurtamento eram imprevisíveis e por que motivo não foram tomadas medidas, atempadamente, para evitar o encurtamento do período de dispensa de medicamentos. No mesmo documento dirigido ao governante, o parlamentar comunista quer saber que medidas foram já tomadas para repor a normalidade na dispensa dos referidos medicamentos e quando será reposta essa normalidade.


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