Jornal dos Bairros / Edição 02 / Março de 2016

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Jornal dos Bairros

Março 2016 Ano 20 Nº 02

Publicação da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul - Filiada à FRACAB e à CONAM

Regularização para Altos de Galópolis Foto: Andreia Copini

O loteamento Altos de Galópolis está enfrentando a luta pela regularização fundiária. Ele foi iniciado há 15 anos, quando o Governo do Estado transferiu moradores de Ibiraiaras para a local. Mas nunca foi plenamente regularizado e, agora, o Ministério Público proibiu novas intervenções, tanto nas moradias quanto na infraestrutura. Págs. 08 e 09

Agenda Comunitária 02/04 - 09h00 Reunião de Diretoria - UAB 02/04 - 13h30 Assembleia Geral | UAB 09/04 - 14h Fórum dos Usuários| Sede da UAB 12/04 - 19h00 Reunião com Lideranças Comunitárias - Sim Caxias | Sede da UAB 16/04 - 13h30 Seminário de Esporte Comunitário| Sede da UAB


Jornal dos Bairros Março de 2016

Opinião

Editorial Violência urbana: estamos de olho A violência é uma das problemáticas que mais atemoriza a sociedade civil como um todo. Ela se expressa em torno do crime organizado, da constituição de gangues, das pixações, da espoliação dos bens públicos, do caos do trânsito, dos pontos abandonados da cidade, sem nenhuma preservação ou manutenção, entre outros. À medida que as cidades passaram a inchar de forma caótica, desordenada, sem nenhum planejamento, absorvendo também os trabalhadores do campo, principalmente após a mecanização rural, sua população foi dividindo os territórios - um centro ocupado pela elite, alguns círculos habitados pela classe média, e uma periferia crescente que cada vez mais se expande por todos os espaços desocupados que restam nas metrópoles urbanas, o que incentiva os conflitos sociais. Tristemente, a cultura popular e grande parte da mídia, agindo de forma irresponsável e sensacionalista, alimentam essas tendências das metrópoles, incentivando a violência por meio de filmes, músicas, novelas, um jornalismo policial preocupado apenas com uma audiência crescente, entre outros. Indo na contramão desta direção, na edição do Jornal dos Bairros que você tem em mãos, abordamos a violência urbana em outro aspecto: como o cidadão de bem, conhecedor e respeitador das leis, que paga seus impostos, pode agir quando quem deveria protegê-lo, passa a amedrontá-lo? Para ilustrar a questão, resgatamos dois casos que assustaram a comunidade caxiense no mês de fevereiro: o do rapaz Lucas Raffainer, de Bento Gonçalves, atingido por um tiro na cabeça por policiais durante uma perseguição em

Caxias do Sul e também a infeliz abordagem da BM com ameaças a um motorista da Visate. Os dois casos, que tiveram ampla repercussão entre a sociedade civil, imprensa e redes sociais, seguem sendo investigados e ganham uma abordagem mais profunda no JB. Além disso, fazemos questão de mostrar as lutas da comunidade caxiense no mês que passou. Entre elas, a união dos moradores da comunidade do Altos de Galópolis em torno da regularização do bairro merece destaque. A matéria que trazemos nas páginas centrais do JB mostram que ainda há um longo caminho a seguir – político e jurídico - mas que os cidadãos estão unidos e empenhados nesta causa. Outras matérias deverão inspirar ainda mais a caminhada comunitária, tais como a da inauguração, pela presidente Dilma Rousseff, de 320 apartamentos no loteamento Campos da Serra. Em seu pronunciamento, Dilma falou sobre a importância do programa habitacional para as camadas mais baixas da população, defendeu Lula e comentou as crises política e econômica que assolam o país. E, com a finalidade de esclarecer ainda mais a comunidade sobre as mudanças que o SIM Caxias vai trazer para quem utiliza o transporte público na cidade, confira reportagem na página 4. Trazemos também, na editoria de bairros, as necessidades das comunidades Vale da Esperança, Millenium, São Gabriel e São Salvador. Com tudo isto, acreditamos que o sentimento de desamparo não deve tomar conta de você, leitor. Antes de tudo, temos a convicção de que todas as informações que publicamos podem levá-lo a uma jornada de esperança e conquistas junto ao movimento comunitário.

Jornal dos Bairros Expediente: Veículo da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul – UAB - Rua Luiz Antunes, 80, Bairro Panazzolo – Cep: 95080-000 - Caxias do Sul Filiada à Federação Riograndense de Associações Comunitárias e de Moradores de Bairros (FRACAB) e a Confederação Nacional de Associações de Moradores (CONAM) Presidente: Flávio Antônio Fernandes Diretora de Imprensa e Comunicação: Paula Cristina da Rosa - comunicacao.uab@gmail.com Editora: Karine Endres - MTb. 12.764 - karine.endres@gmail.com Reportagem: Alan Matos e Karine Endres Editoração e Design Gráfico: Karine Endres E-mail: jornaldosbairroscx@gmail.com Telefone: 3238.5348 Tiragem: 8.000 exemplares Conselho Editorial: Antonio Pacheco de Oliveira, Flávio Fernandes, Joce Barbosa, Karine Endres, Paula da Rosa e Paulo Sausen Email: uabcaxias@gmail.com Comercial: 3219.4281 Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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Câmara aprova aumento dos vereadores O presidente da Câmara Municipal de Caxias do Sul, vereador Edi Carlos Pereira de Souza, promulgou, no dia 16 de março, o projeto que repõe a o índice de inflação de 11,4% aos salários dos vereadores, referente ao ano de 2015. O texto foi aprovado pela maioria do plenário, em 18 de fevereiro passado. A matéria havia sido enviada ao prefeito, para sanção ou veto. Como o prefeito Executivo devolveu o projeto sem qualquer manifestação, configurando sanção tácita e tornando obrigatória a promulgação pelo presidente do Legislativo. Votaram a favor do aumento os vereadores Adelino Teles (PMDB), Arlindo Bandeira (PP), Daiane da Silva Melo (PMDB), Edi Carlos Pereira de Souza

(PSB), Edson Paulo Theodoro da Rosa (PMDB), Flávio Dias (PTB), Flávio Guido Cassina (PTB), Guilherme Guila Sebben (PP), Gustavo Luis Toigo (PDT), Jaison Barbosa (PDT), João Carlos Virgili Costa (PDT), Neri Andrade Pereira Júnior Neri, O Carteiro (SD), Pedro Justino Incerti (PDT), Rafael Malcorra Bueno (PCdoB), Raimundo Bampi (PSB), Renato de Oliveira Nunes (PRB), Renato José Ferreira de Oliveira (PCdoB) e Washington Stecanela Cerqueira (PDT) e Zoraido Silva (PTB). Votaram contra os vereadores Daniel Guerra (PRB) e Renato Nunes (PRB). Ana Corso (PT), Rodrigo Beltrão (PT) e Denise Pessôa (PT) votou a favor, mas mudou de posição após a ampla repercussão negativa em fevereiro, quando seus vereadores votaram a favor do aumento.

Lula toma posse na Casa Civil Foto: Divulgação Palácio do Planalto

Lula é empossado como ministro da Casa Civil, onde deverá articular o Governo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou, no último dia 16 de março o convite da presidente Dilma Rousseff (PT) para assumir o Ministério da Casa Civil. Após o anúncio, ocorrido no dia 15, uma forte reação popular foi observada nas principais cidades brasileiras, com buzinaços e panelaços. No dia seguinte, a posse de Lula acabou causando uma série de desdobramentos político-jurídicos, o que não permite ainda confirmar seu nome como novo ministro da Casa Civil. O acerto de Lula no ministério de Dilma foi firmado em reunião no Palácio da Alvorada, que teve as presenças também dos ministros Nelson Barbosa (Fazenda) e Jaques Wagner, que deixa o comando da Casa Civil e se torna chefe de gabinete de Dilma. Com isso, Wagner

agora comanda o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O esforço desprendido pelos petistas para Lula ser conduzido ao ministério de Dilma foi considerado a “última cartada” da petista para evitar a abertura do processo de impeachment. Conforme pessoas próximas ao governo, Lula poderá levar ao governo outros nomes, como o de Celso Amorim para Relações Exteriores e a substituição de Aloizio Mercadante, na Educação. Outros nomes, como o de Ciro Gomes, são cogitados por petistas. Possibilidades de mudanças na condução da política econômica podem provocar a saída do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Se ministro, Lula terá foro privilegiado e sua prisão teria que ser autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.


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Movimento

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Conselho Tutelar em foco na Assembleia Geral Foto: Karine Endres

A atuação do Conselho Tutelar em Caxias do Sul foi tema da Assembleia Geral da UAB em março, realizada no dia 5. O momento foi uma oportunidade para os presidentes de bairros apresentarem suas demandas e sua avaliação sobre o serviço. Também foi um espaço importante para os conselheiros de Caxias falarem sobre seus principais desafios. Evandra Regina Pellin foi a primeira a se manifestar em nome dos conselheiros. Ela lembrou que hoje Caxias poderia contar com no mínimo mais dois conselhos, já que é recomendado um conselho para cada 100 mil habitantes, e hoje o município conta com apenas dois. Cada conselho é composto por cinco conselheiros e a atende uma parte da cidade. Hoje, Caxias é dividida entre os conselhos Norte e Sul. “A linha que divide a cidade é a rua Júlio de Castilhos. Tudo o que está ao norte da Júlio é de atribuição do Conselho Norte, e o que está ao sul, do Conselho Sul”, explica Evandra. Segundo ela, todo o cidadão deve ser atendido. “Qualquer coisa diferente disso, tem um órgão que fiscaliza e orienta o nosso trabalho, que é a Corregedoria dos Conselhos Tutelares. Se vocês chegaram até nós e não forem atendidos, tem que denunciar”, afirma.

conselheiro recebe a informação de que alguma de suas requisições foi atendida é como se recebesse um prêmio. Mas não é um prêmio, é um direito daquela criança, daquela família”, diz. Ela comenta que a falta de vagas na educação é um ponto que incomoda muito. “Mas não somos nós que determinamos as vagas. É a Central de Vagas que faz isso. E muitas vezes, parece que os pais vão na central pedir um favor, quando na verdade eles estão buscando cumprir um direito, que é a vaga em escola pública”, denuncia.

Forças-tarefas

!

Comunitaristas querem mais atendimento no Conselho Tutelar

“E caso não seja mantido, isso precisa ser denunciado”. “Tem dias que temos vontade de gritar pedindo socorro, de tantas tarefas que precisam ser feitas e não temos como atender. Somos dez conselheiros para uma cidade de 500 mil habitantes”, afirmou. Terezinha Marli Pescador Andreazza, coordenadora dos conselhos, afirma que é angustiante ouvir que o sigilo foi quebrado. “O sigilo entre denunciante e conselheiro é garantido por lei, o único que pode pedir a quebra é o juiz e eu nunca vi um fazer esse pedido. Se aconteceu alguma vez essa quebra de sigilo, tem a corregedoria dos conselhos , que se reúne às quintas-feiras, no prédio do Comdica. Tem que

“O sigilo entre denunciante e conselheiro é garantido por lei, o único que pode pedir a quebra é o juiz e eu nunca vi um fazer esse pedido” Terezinha Andreazza

ser denunciado quando houver irregularidades. É isto que vai fortalecer o conselho. O conselheiro não pode agir da sua cabeça, ele tem uma legislação para seguir”, afirma.

Demanda

“Todo o dia alguém cheSigilo ga antes e todo o dia alguém A também conselheira Rosai depois. O sentimento de sane Curto foi categórica ao frustração de ver que falta um afirmar que o Conselho Tutelar equipamento no bairro ou uma é obrigado a manter o sigilo. vaga em escola é a mesma que a nossa. A gente fica o tempo todo gritando, batendo o pé, requisitando e nem sempre >> Emergência: 190 elas são cumpridas. A gente precisa sim estar >> Conselho Sul: 3901.1518 juntos, somar esforços, para conquistarmos as >> Conselho Norte: 3227.7150 coisas juntos”, afirma >> Plantão: 8408.0066 Evandra. Terezinha Andrea>> Nacional: 100 (Disque 100) zza complementa. “Muitas vezes quando o

Contate o conselho:

Os conselheiros explicaram que não estão sempre presentes nas forças-tarefas que estão sendo realizadas à noite em Caxias. “O Conselho Tutelar integra a força-tarefa, mas está presente somente se for acionado”, explica o conselheiro Gilmar Ferreira Santos. Segundo ele, há sempre um conselheiro de plantão, à noite e aos finais de semana. “Não é de nossa competência acompanhar a Brigada Militar, porque nossa função não é punitiva. Se algum adolescente ou criança estiver em risco pessoal e social nas forças-tarefas, elas serão encaminhadas para o órgão de proteção e será atendida pelo plantonista naquele dia”, fala.

Denúncias Todas as denúncias feitas para o Conselho Tutelar através do número 190 são recebidas pela Brigada Militar, que faz a triagem. “Drogadição, alcoolismo, ato infrancional, segurança pública são questões que competem à Brigada Militar, por exemplo”, afirma Gilmar. “A gente gostaria de fazer mais do que faz. Mas não é fácil. A gente não vence atender as pessoas no dia. Ninguém vai conseguir fazer tudo, porque a demanda em Caxias está muito além das possibilidades dos dois núcleos de conselho”, diz Andreazza. “As atribuições também não são claras. Aconteceu esta semana de uma mulher querer viajar com um bebê de 1 anos

e 2 meses, na rodoviária, e não ter documento de identificação, o que não é permitido. Mandaram chamar o conselho, mas não é nossa atribuição. A mãe tem que buscar os recursos legais, procurar os documentos. Nós não podemos intervir em uma situação assim”, relata o conselheiro Luiz Antônio Mazzola.

Situação de rua Os conselheiros explicaram que criança em situação de rua ou esmolando tem que ser atendida em um primeiro momento pelo Centro Pop Rua, que é ligado à FAS. “Esse programa conta com pessoas qualificadas para fazer esse atendimento na rua, estão preparadas e à disposição para isso”, afirma Rosane Curto.

Abandono escolar Outro problema apontado pelos comunitaristas foi o abandono escolar, que não estaria sendo acompanhado pelo conselho. “A escola tem um documento que notifica o conselho tutelar. Quando a escola comunica nós intervimos”, explica Evandra. “Estamos cada vez mais vendo pais desesperados, sem conseguir controlar seus filhos, querendo nos entregar os filhos. A gente entende que é um momento difícil e há em Caxias um programa de psicologia voltada para estas famílias. Mas estas famílias precisam querer ser apoiadas”, explica Terezinha Andreazza.

Ausência Um ponto criticado foi a ausência da presidente do Comdica - Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Raquel Marques do Santos. Como o Comdica é o órgão responsável por gerir as políticas públicas, é ele quem define recursos e diretrizes. Com a ausência da presidente, o debate ficou prejudicado pois muitas questões não puderam ser respondidas pelos conselheiros. Uma moção de desagravo foi aprovada, já que a conselheira havia confirmado sua presença e não compareceu.


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Transporte

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Você está preparado para o SIM Caxias? Foto: Ícaro de Campos

Sistema deverá afetar dia a dia de mais de 40 mil pessoas a partir de 16 de abril. Entre as mudanças, está nova linha de ônibus e a possibilidade de pagar apenas uma passagem para percorrer diferentes regiões da cidade Um transporte público com maior credibilidade e que proporcione economia de tempo e dinheiro dos usuários. Ao menos essa é a promessa do SIM Caxias, projeto que vem sendo implantado desde junho de 2014 na cidade. Em uma primeira etapa serão 44 mil pessoas atingidas pelo novo sistema, abrangendo as regiões leste e oeste de Caxias do Sul. Entre as principais alterações que deverão ser colocadas à prova dos caxienses, estão menos paradas de ônibus no centro e a possibilidade de pagar uma única passagem para serem transportados para bairros muito distantes.

Implantação começa com atraso O início de operação do novo sistema em Caxias do

Nova linha conta com 22 novos ônibus que circularão pela cidade

Sul se dá com atraso: dia 16 de abril. O atraso na implantação do projeto, que havia sido anunciado para o fim de março, conforme explica o secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Manoel Marrachinho foi devido à anulação de processo licitatório. “Realizamos licitação para obras complementares, como o capeamento asfáltico da rua Machado de Assis, no entorno da Estação de Transbordo Imigrante e a implantação de semáforos. Infelizmente não houve proponentes”, justifica. Com o processo anulado, quem realizará as obras será a própria Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) e equipe da SMTTM.

Mudanças de itinerário pegam de surpresa O cidadão caxiense morador das regiões Esplanada, Cruzeiro e Desvio Rizzo vem sendo pego de surpresa com novos itinerários da Visate. Conforme Tânia Menezes, diretora do departamento de Mobilidde Urbana da União das Associações de Bairros (UAB) as mudanças, que antes eram provisórias em função de obras realizadas dentro do SIM Caxias, trazem agora transtornos à população: “Os moradores dessas re-

giões não foram comunicados dessas mudanças. Questionamos a secretaria dos transportes no sentido de discutir com a comunidade antes de implantar alterações definitivas”, alerta. Segundo o secretário Marrachinho, as mudanças de itinerários aconteceram apenas em “uma ou duas linhas”: “Sempre observamos critérios técnicos e as alterações que se mantiveram mesmo após as obras do SIM, foram positivas”, enfatiza.

Já a partir do início de abril, os caxienses deverão ver outra linha trafegar pelo centro da cidade, quando iniciam os testes de circulação de vários ônibus BRT pela Pinheiro e Sinimbu. Mas somente a partir do dia 16 de abril os caxienses poderão embarcar nestes ônibus, que operarão como linha TR01. Serão 22 ônibus caracterizados pela cor vermelha.

A linha TR01 interligará as Estações Principais de Integração (EPIs) Floresta e Imigrante, circulando pelas ruas Pinheiro Machado e Sinimbu. Além disso, a TR01 possibilitará a integração de tarifa com todas as outras linhas, proporcionando ao usuário se deslocar de uma ponta a outra da cidade com uma única passagem.

Adaptação Tânia Menezes, diretora do departamento de Mobilidade Urbana da União das Associações de Bairros (UAB), ressalta a necessidade de um período de adaptação para que a comunidade se acostume com o novo sistema. “Precisaremos de um tempo para que a comunidade se acostume à integração tarifária, pois acabaremos com a cultura de ‘ônibus do meu bairro’ e passaremos à cultura de ônibus regional. Implantar um projeto como SIM Caxias em uma cidade desse tamanho não é uma coisa simples”, enfatiza. Na avaliação de Sérgio de Campos, também diretor do departamento de Mobilidade da UAB, o SIM Caxias é um avanço. “Este é um grande passo rumo ao futuro, a exemplo de cidades da Europa. É óbvio que em um primeiro momento, o nível de esclarecimento da população ainda não é o suficiente, mas com o tempo esclareceremos toda a população”, destaca.

Fique ligado! A prefeitura de Caxias do Sul apresentará às lideranças comunitárias o novo sistema no dia 12 de abril.

Como vai funcionar? O morador que deseja se deslocar até o centro precisará pegar uma linha alimentadora até a Estação de Transbordo. Na Estação de Transbordo, ele deverá embarcar em uma linha troncal. O passageiro que deseja se deslocar de um bairro para outro bairro da mesma região precisará pegar uma linha alimentadora, dirigindo-se até à Estação de Transbordo e pegar

outra linha alimentadora. O morador que deseja se deslocar de um bairro para outra região precisará pegar uma linha alimentadora, dirigindo-se até a Estação de Transbordo, pegar uma linha troncal, descer na Estação de Transbordo da região que deseja ir e pegar outra linha alimentadora. Toda troca de ônibus deverá ser efetuada com o cartão eletrônico no prazo de 1 (uma) hora.

Saiba qual ônibus pegar: Linhas Alimentadoras: linhas dos bairros que se deslocam até às Estações de Transbordo. Linhas Troncais: são aquelas que se movimentarão pelo centro da cidade, fazendo a li-

Linhas que viram alimentadoras EPI Floresta: AL14 - Desvio Rizzo AL22 - Jardim da Lagoa AL24 - Forqueta AL44 - Cidade Nova AL48 - Santa Tereza AL55 - Cidade Industrial AL56 - Reolon/Mariani AL65 - Verona AL69 - Parque das Rosas EPI Imigrante AL04 - Cruzeiro AL17 Bela Vista

gação entre as duas estações de transbordo.

AL19 - Planalto/Santos Anjos

Linhas Coletoras: circularão no anel perimetral e nos eixos Leste/Oeste e Norte/Sul.

AL49 - Vila Mari

AL42 - Planalto/São Victor AL46 - Vila Leon AL61 - Leon/Cruzeiro AL66 - Vitória AL83 - De Zorzi/SãoLuiz/Campos da Serra


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Segurança

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Truculência policial é investigada Jovem de Bento Gonçalves baleado na cabeça e funcionário da Visate intimidado por policiais geram preocupação da comunidade e autoridades Qual é o limite entre utilizar a autoridade para manter a ordem ou cometer uma brutalidade? Qual a diferença entre o cidadão de bem e o marginal? Quando quem nos deveria inspirar segurança passou a nos causar temor? Essas e outras perguntas surgem já há tempos entre a comunidade toda vez que acontece um caso de violência policial. O medo da truculência da Brigada Militar (BM) voltou a assombrar os cidadãos de Caxias do Sul no mês de fevereiro, com

a divulgação de dois casos nos quais o preparo dos policiais ficou sob suspeita. No primeiro deles, um jovem de Bento Gonçalves, Lucas Raffainer, foi morto com um tiro na cabeça após ser perseguido por brigadianos na Perimetral Sul, em Caxias do Sul. As versões apresentadas apontam em direções opostas. Enquanto os policiais afirmaram à corporação que houve troca de tiros, os jovens que acompanhavam Raffainer alegaram que nem portavam armas. Três semanas depois, no dia 22 de fevereiro, imagens de PMs intimidando um motorista de ônibus da Viação Santa Teresa (Visate) causou indignação entre a comunidade. No vídeo, amplamente divulgado em redes sociais, os brigadianos supostamente cometeram abuso de autoridade

Foto: Andressa Cardoso

ao chamarem o funcionário da empresa de “boca-aberta”, “bobalhão” e ao ameaçarem multa e o recolhimento do ônibus.

Preocupação comunitária O presidente da União das Associações de Bairros (UAB), Flavio Fernandes, avalia que os últimos acontecimentos envolvendo a BM são preocupantes. “Ficamos preocupados, pois quem deveria estar nos defendendo, está agora nos atacando”. Flavio ainda afirma que os dois casos devem ser averiguados pelos órgãos competentes e de que há expectativa do movimento comunitário com os possíveis desdobramentos. “Tanto no caso do jovem de Bento, como no caso da abordagem ao motorista da Visate, não temos dúvidas de que houve extrapolamento. Esperamos que os culpados sejam punidos”, assevera. O presidente da entidade também faz o chamamento para a próxima Assembleia Geral da UAB, que debaterá segurança pública. “O somatório dos problemas que as comunidades já vivem na área da segurança, mais esses dois últimos excessos nos incentivou a promover a próxima Assembleia Geral, dia 02 de abril com o tema ‘segurança’”, convoca.

“Houve uma violência

muito grande” José Sergio Cardoso, diretor do Departamento de Direitos Humanos da UAB, mostra apreensão com as versões que foram levadas a público pela imprensa e redes sociais. “Sabemos que houve uma violência muito grande no caso do rapaz de Bento. Assim, é colocada em cheque o cuidado, o preparo e a experiência dos policiais. Mas, no caso da Visate, creio que foi um caso atípico isolado. Um podia estar mais nervoso que o outro”, conclui.

“Atiram antes e investigam depois” Maria Ribeiro de Souza, também diretora do Departamento, avalia que os recentes casos acabam por incentivar um comportamento problemático da população quando são realizadas abordagens policiais. “São vários casos em que o nível das abordagens é este. As pessoas se assustam. A primeira reação é sair correndo. Apesar da BM ter cursos de capacitação, na área social e de psicologia, é necessário repensar a formação”, frisa. Além disso, a diretora des-

taca que a truculência policial é um problema já enfrentado há tempos. “Não é possível que quem tem o poder nas mãos seja assim. É preciso controle. Atiram primeiro e investigam depois”, enfatiza Maria.

“São a excessão da regra” O comandante do 12º BPM, Ronaldo Buss, avalia que o desenvolvimento do trabalho da BM em Caxias do Sul pode ser considerado de excelência. “Se em 30 mil abordagens, registramos, apuramos e adotamos as devidas providências para um erro - embora gravíssimo - creditamos que a nossa tropa é extremamente competente. Cada vez mais, fazemos mais com menos. Nossos PMs são um dos melhores do Estado e do País, pela forma como trabalham e se dedicam à sua causa”, defende. Buss ainda observa que a truculência policial supostamente empregada nos dois episódios devem ser considerada como isolada. “Estes casos, na verdade um deles ainda em apuração, mostram a pontualidade e a exceção da regra”, conclui.

Apuração dos fatos Em ambas as ocorrências, foram abertas investigações pelo Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra (CRPO Serra). Enquanto o caso que aconteceu dentro de um ônibus da Visate segue sendo apurado, os três policiais envolvidos na morte do jovem Lucas Raffainer foram afastados e estão presos no Batalhão Prisional em Porto Ale-

gre, onde aguardam julgamento. O comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar (12º BPM), Ronaldo Buss, admite que em um dos casos houve equívoco por parte dos policiais, mas reforça o empenho da tropa através números. “Estamos sujeitos ao erro. No entanto, em um ano realizamos mais de 30 mil abordagens. No ano de 2015, prendemos 2755 pessoas, 492 foragidos, 288 armas, 248 traficantes.

Denuncie O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Segurança e Cidadania da Câmara de Vereadores (CDH), Rodrigo Beltrão (PT) rechaça a truculência policial. Segundo ele, pode ser caracterizada violação dos direitos humanos nestes atos. “Repudiamos qualquer ato que viole os Direitos Humanos. Os órgãos de segurança existem para proteger a população e não o contrário”, afirma.

No entanto, o vereador diz ainda que é importante ressaltar a ação do comando da PM que identificou e abriu processo de punição aos envolvidos no caso do assassinato do menino e coloca a CDH à disposição da população. “A comissão de Direitos Humanos da Câmara está aberta a receber qualquer denúncia sobre violação, procrastinação ou negação dos direitos humanos”, coloca.

Contate: Comissão de Direitos Humanos 3218.1600 Ramal 217


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Política

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Dilma inaugura obra em Caxias do Sul Em solenidade de entrega, presidente da república ressalta programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ e comenta crise econômica Caxias do Sul recebeu, no último dia 7 de março, mais 320 apartamentos do programa do Governo Federal “Minha Casa Minha Vida”. A presidente da República, Dilma Roussef, entregou pessoalmente as unidades, que contam com área privativa de 49,21m² cada. Cada um dos imóveis é avaliado em R$ 64 mil, totalizando um investimento de R$ 20,4 milhões apenas no loteamento Campos da Serra. Na solenida-

Foto: Ícaro de Campos

de de entrega, em que compareceu também o deputado federal Pepe Vargas (PT) e o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), Dilma falou sobre a abrangência do programa habitacional, que já possui cerca de 3 milhões de unidades entregues desde o início. Presidenta destacou que programa habitacional “é o maior da América Latina” “Temos o maior programa habitacional Ainda na cerimônia, DilCrise política x que existe na América Latina. ma aproveitou para comentar a Economia É uma conquista alcançada. Dá condução coercitiva do ex-preA retração econômica, com muito orgulho para as pessoas, sidente Lula para depor na Polífechamento de empresas, deé um sonho realizado”, afirmou. cia Federal, fato que aconteceu semprego e diminuição de inna sexta anterior (4 de março). vestimentos, está sendo agraDilma criticou a ação da PF e vada pela crise política. Este disse que a oposição tem todo cenário de desesperança que ainda que, para garantir qualio direito de “divergir das deciacomete muitos brasileiros não dade de vida aos antigos e nosões do governo”, mas que “não passou em branco pela presivos moradores na região, será pode sistematicamente dividir dente durante a solenidade. necessária a construção de o Brasil”. “Um governo tem de Dilma reconheceu que o mais equipamentos sociais. querer a unidade dos brasileiBrasil passa por um momento “Lutamos junto às secretarias ros, ele governa para todos, não de dificuldades econômicas, municipais, para a construção parte ou pedaço da população. mas disse que parte delas se de uma escola municipal, creO governo sempre quer a unidadeve à sistemática crise política, che e área de lazer”, cita. de do País” afirmou.

Mais equipamentos Simonia Lopes Dias, presidente da Amob Campos da Serra, afirma que a comunidade local recebeu com grande entusiasmo os novos empreendimentos. “Estão todos muito contentes. Os apartamentos são de muito boa qualidade”, destaca. Ela afirma

provocada “por aqueles inconformados que perderam as eleições” e que querem antecipar a eleição presidencial de 2018. “Tem certo tipo de luta política que cria um problema sistemático, não só para a política em si, mas para a economia, a criação de emprego, o crescimento das empresas. Ninguém fica satisfeito quando começa aquela briga”, afirmou. Ainda segundo a presidente, a parte dos problemas econômicos que não advém da crise política está sendo enfrentada pelo governo com o ajuste fiscal. “Muita gente me pergunta: ‘Por que vocês estão fazendo ajustes?’ A gente faz ajuste porque é como em uma casa: sempre que precisa, que a receita cai um pouco, a gente ajusta”, disse. Dilma afirmou que o governo tem de fazer ajustes e olhar o que deseja preservar. “Nós queremos preservar o que consideramos mais importante, como o Minha Casa Minha Vida”. Segundo ela, mesmo em um momento de crise, o governo vem fazendo um esforço imenso para continuar com o programa habitacional.

Manifestações pedem o fim da corrupção Foto: Marcelo de Gregori

40 mil pessoas foram às ruas em Caxias do Sul

No último dia 13 de março, nas maiores cidades brasileiras, milhares de manifestantes se reuniram em passeatas para pedirem o fim da corrupção no país. O caráter das manifestações foi pacífico. Em Caxias do Sul, 40 mil pessoas foram às ruas. A con-

centração ocorreu na esquina da Avenida Júlio de Castilhos com a Dr. Montaury, no início da tarde. Após, os manifestantes dirigiram-se até a Rua Feijó Junior. O retorno ocorreu pela Rua Sinimbu. Em seguida, os participantes se reuniram na Praça Dante Alighieri.

A maior manifestação aconteceu em São Paulo (SP), na Avenida Paulista. Com a presença de 500 mil pessoas, o protesto foi considerado o maior ato político já registrado na capital paulista. Uma pesquisa do Instituto Datafolha apontou que 77% dos manifestantes possuem curso superior e mais de 50% têm renda entre 5 a 20 salários mínimos. Além disso, o levantamento mostrou que 94% dos participantes são da cor branca.

“Os setores populares não foram para as ruas” O cientista político e professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), João Ignacio Pires Lucas, analisou as manifestações do dia 13 de março. Para ele, é possível observar que a população não está totalmente representada nos protestos: “As pesquisas estão mostrando. Elas dão conta de que é o setor da classe média que está se manifestando. Este é o setor da sociedade que não foi contemplado pelas políticas públicas, que ficou apenas consumindo e ficou desabrigado, sem nenhuma política direcionada”, observa. Conforme Lucas, o clima de crise no Brasil, acentuado pelas manifestações, pode ser

considerado positivo pelo mercado. “O perfil de nossas manifestações agrada o grande capital. Os olhos internacionais veem positivamente um movimento que pede o fim de um governo popular”, analisa. O alerta maior, segundo Lucas é de que se fique atento para os números. “Temos 200 milhões de habitantes. Se fossem 5 milhões para as manifestações, o que é muito, ainda seria apenas uma parte da população. Os setores populares não foram para as ruas”, afirma. O professor ainda diz que o país pode assistir ao fortalecimento dos protestos. “As manifestações não irão arrefecer. A tendência é de que aumentem”, conclui.



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Habitação

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Altos de Galópolis está unido Lideranças entregam manifesto ao Ministério Público e aguardam audiência com governador para solucionar impasse jurídico que impede desenvolvimento da região Imagine conviver diariamente com a falta de direitos básicos como saneamento, transporte, iluminação...agora imagine mais de 800 famílias unindo-se pacificamente para a aquisição desses direitos nas esferas jurídica e política. Esse é o cenário vivido pela comunidade do bairro Altos de Galópolis, na região sul da cidade. A luta pela conquista de maior dignidade é agenda obri-

gatória na vida dos moradores há mais de 15 anos. Considerado área rural, o Altos de Galópolis não possui uma infraestrutura que proporcione qualidade de vida e segurança à sua população. A situação agravou-se em fevereiro deste ano, com uma liminar do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que proíbe a instalação de energia elétrica, fornecimento de água, movimentação de terras e venda ou reservas de terreno, além de demolição das construções e retirada das famílias.

União A gravidade da situação levou as lideranças comunitárias a buscarem o entendimento com todas as partes envolvidas no processo. Duas assembleias na Associação de Moradores do Bairro (AMOB) com cerca

de 700 pessoas e uma reunião na União das Associações de Bairros (UAB) com a presença do Secretário Estadual do Cooperativismo Rural e Pesca, Tarcísio Minetto, resultaram na elaboração de um manifesto entregue ao promotor de justiça Adrio Gelatti: “No documento, todos estão de acordo com a liminar, na intenção de ninguém mais construir no bairro. Quem está morando por lá, fica, no entanto, auxiliamos o Ministério Público no sentido de ninguém mais construir na região até solucionarmos o impasse”, explica o presidente da AMOB Altos de Galópolis, Sandro Dal Magro. Sandro informa ainda que no manifesto consta a reivindicação por iluminação e transporte público na via principal do bairro.

Luta política e jurídica Embora a população esteja mobilizada pelas melhorias, o caminho para a regularização pode ser longo. O promotor de justiça Adrio Gelatti afirma que o que está sendo buscado é a indenização das famílias: “Neste momento, não há possibilidade de regularização daquela área. Assim queremos que sejam indenizadas integralmente as famílias que lá moram, tanto pelo que pagaram pelos terrenos, como pelo que investiram nesse período, além da realocação dos moradores”, coloca. Gelatti cita ainda outros fatores que podem dificultar a

Caracterizado como área rural, Altos de Galópolis co Foto: Letícia de Carvalho

Mais de 300 moradores estiveram presentes em Assembleia promovida pela Amob Altos de Galópolis

regularização. “A área é grande. São cerca de 100 hectares. No perímetro urbano da cidade não podem haver ‘ilhas urbanas’, como é caso daquela região, que fica isolada das demais áreas urbanas do município. Vejo com certo ceticismo a regularização pois há uma série

de questões técnico-jurídicas que precisam ser discutidas, tais como o Plano Diretor da cidade”, explica. Para tentar uma solução política para o impasse, o presidente da Amob Altos de Galópolis afirma que está para ser agendada uma audiência com o

governador José Ivo Sartori até a quinzena de abril, com o objetivo de sensibilizar politicamente o estado, proprietário das terras onde se localiza o bairro. “Através de um projeto de lei para ser votado na Assembleia Legislativa, o estado pode transferir a área para o muníci-

pio de Caxias do Sul ou mesmo para as famílias que possuem hoje os contratos de compra e venda dos terrenos”, informa Sandro. “A partir disso, a prefeitura de Caxias do Sul poderá ampliar a área urbana, o que permitirá a regularização dos terrenos”, acrescenta.


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Habitação

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o pela regularização fundiária Fotos: Alan Matos

onvive com precariedades, como a falta de pavimentação

Estado não se compromete Um encontro na UAB, com a presença do secretário estadual do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto serviu para esclarecer a comunidade. No entanto, a diretora de Habitação da UAB, Lucia Klippel, destaca que não percebeu nenhum comprometimento do secretário para regularizar a área. “Ele e sua equipe, durante a reunião, foram sinceros, em afirmarem que irão agir conforme a lei. Com esta liminar, entendemos que as pessoas devem ficar de sobreaviso para não construírem e nem reformarem.” Apesar de ter participado do encontro com o movimento comunitário no mês de fevereiro, o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e

‘Era um peral, pura pedra e eucalipto’ Roselei Rodrigues, 44 anos, veio para Caxias do Sul em 1979, mas se mudou para o Altos de Galópolis em 2004, comprando parte da casa do tio natural de Ibiraiaras, já assentado pelo estado na região. Viúva, mãe de três filhos, Roselei é dona de uma mercearia no bairro e faz parte do clube de mães. Ela registra os altos gastos com energia elétrica devido ao grande número de “gatos”: “Minha conta chega a R$ 400 mensais. A extensão da rede acaba na minha casa e daqui pra frente só se encontra gatos”, relata. Apesar disso

ela diz ainda que já possui algumas conquistas: “Tenho água, luz, telefone e ônibus. Com o resto nos viramos, mas o problema Roselei comprou a propriedade de um tio é que muita lir casas. Sei que tudo será regente não tem nem isso”, afirsolvido da melhor maneira. No ma. tempo dos agricultores que Roselei tem esperança na chegaram aqui, era um peral, resolução do problema da copura pedra e eucalipto. O que munidade. “Algumas pessoas eles iam fazer, além de vendeestão assustadas por falta de rem?”, enfatiza. informação. Não irão demo-

Foto: Divulgação

Encontro na UAB reuniu partes envolvidas para discutir o tema

Cooperativismo Tarcísio Minetto apenas disse que o problema está aguardando decisão

judicial na Procuradoria Geral do Estado, que também preferiu não emitir nenhum parecer.

O que diz a prefeitura: O procurador-geral do município, Victorio Giordano explica que as melhorias no bairro estão limitadas. Em função da liminar, só são permitidas obras na via principal

do Altos de Galópolis. “Nenhuma via interna do bairro está sendo trabalhada. Apenas a via de acesso para que possam circular os ônibus e microônibus”, enfatiza.

Origem do impasse >> Agricultores de Ibiraiaras,

localizada ao norte do RS, foram transferidos pelo Estado para a área conhecida hoje como Altos de Galópolis. Os terrenos nunca foram regularizados pelo Estado; >> Os agricultores, levando em

consideração as dificuldades da área (entre elas, terrenos rochosos) venderam as propriedades a outras pessoas; >> De lá para cá, a prefeitura abriu espaços para ruas e fornece água; >> Em 2015, uma ação ajuizada pelo Ministério Público exigiu a proibição de compra e

venda de terrenos no local, e a suspensão de obras privadas ou públicas, como melhorias de iluminação ou fornecimento de água com implantação de nova rede; >> Em janeiro de 2016, a limi-

nar a favor do MP foi expedida pela Justiça. O próximo passo é intimar as partes envolvidas no processo (Estado e famílias) para que a liminar passe a valer, >> Moradores e UAB promo-

vem reuniões para debater o tema em fevereiro de 2016 e aguardam audiência com o governador do Estado, José Sartori.


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Festa da Uva

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Festa da Uva: esforço contínuo e novos desafios

Fotos: Karine Endres

Ao fim de cada edição da Festa da Uva surgem os debates com avalição sobre o evento, mesmo que de maneira informal. E em como todas as edições, há pontos positivos e a negativos. Não foi diferente desta vez. O clima de shopping ainda é bem presente. O percurso sem possibilidade de saída também incomoda. Como sempre, há problemas no estacionamento e congestionamentos. Mesmo com busca de soluções, não tem sido resolvidos. Outro ponto complicado é o custo de en-

trada, para uma família média, com dois filhos, o custo de entrada é de no mínimo R$ 51,00 reais, sem consumir mais nada. Já o calor dentro do Pavilhão 2 parece que foi efetivamente resolvido, com a pintura do telhado. Também foi buscado alterar o trânsito do entorno com a rotatória a Valter Gomes Pinto. Mais banheiros também ajudaram no bem estar.

Cultura Imigrante Os pontos da Festa que tinham uma referência mais forte com a imigração italiana e sua cultura tiveram uma boa repercussão. Para a caxiense Rosmari Brandalise, a diversidade é imensa, mas os pontos que mostram a cultura é o que mais agrada. “Vermos aqui nossas tradições é encantador”, afirma.

Nostra Mérica O Nostra Mérica foi um dos espaços que fez o resgate da imigração e encantou os turistas. A iniciativa teve como objetivo reconstruir a história das antigas Colônias Italianas na região Nordeste do Rio Grande do Sul. A ideia foi que cada Espaço da UAB no Centro de Eventos encantou os visitantes uma das nove cipícia para mostrarmos nossos Vila dos Distritos dades que se iniciaram na Coprodutos, o que o nosso povo Os visitantes puderam vollônia Italiana tivessem repreé capaz de fazer e produzir”, tar ao passado ao entrar na Vila sentação. explica. “Esse convite para as dos Distritos, localizada no PaLuciane Marine Tedesco, cidades virem aqui expor é muivilhão 2. Na Vila houve degusde Veranópolis, esteve na Festa to bom. Fica a sensação de que tação de pães, cucas, chimia e na réplica da cidade mostrando a festa não é apenas de Caxias, geleia de uva, polenta brustolaos produtos de seu sítio ecolómas de toda a região”, continua. da e linguiça, tudo feito na hora. gico. “A Nostra Mérica está pro-

Luciane (à esquerda) trouxe os produtos de sua agroindústria para o Nostra Mérica (foto central). Vila dos Distritos encanta novamente com a cultura colonial italiana (á direita)

UAB marca espaço Nesta edição, o espaço nobre concedido à UAB surpreendeu. Para atender a esta expectativa, a entidade se mobilizou a fim de garantir uma presença digna que surpeedeu. O departamento de Comunicação teve uma participação importante, já que foi um doscoordenadores do espaço. “A nossa apresentação externa está relacionada com nossa imagem pública, e esta é uma das tarefas da comunicação”, afirma. No espaço foi destacada o trabalho da UAB com o Festa, valorizando suas embaixatrizes, as meninas comunitárias que

concorrem pela entidade à Rainha da Festa da Uva. O trabalho desenvolvido pela comunicação da UAB, ao l o n g o destes 20 anos de Jornal dos Bairros também mereceu destaque. Exemplares de cada uma destas edições estiveram expostas. Além disso, a edição de fevereiro deste ano do JB foi dedicada à festa.

Investimentos Um ponto que muitas vezes passa desapercebido é o investimento de recursos públicos, pela prefeitura, no Parque Mário Bernardino Ramos e no seu entorno, embora a Festa da Uva seja realizada por uma empresa privada, a Festa da Uva S/A. Outra questão relevante é que o valar arrecadado nos estacionamentos dos pavilhões não fica com o município, mas foi negociado há muitos anos com uma empresa que controla o espaço. Neste ano foram investidos pela prefeitura e pela Festa da Uva S.A um total de R$ 1,5 milhão, envolvendo o aces-

so ao Parque das Exposições e infraestrutura interna. Neste valor estão incluídos a nova rotatória Valter Gomes Pinto, o novo tanque de contenção com capacidade para 480 mil litros (R$ 180 mil), a drenagem e pavimentação da Gruta (R$ 180 mil), a casa da Brigada Militar (134 mil), a pavimentação em paralelepípedo de aproximadamente 400 metros para o trânsito de veículos no interior do Parque (R$ 220 mil) e a Cidade das Rolhas (R$ 220 mil). Além disso, também foram construídos novos banheiros, instalados equipamentos de acessibilidade e ajardinamento.


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Igualdade

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Dia da Mulher reforça luta por direitos iguais Foto: Vania Marta Espeiorin

8 de Março é data celebrada internaciobnalmente para dar visibilidade à luta por igualdade entre homens e mulheres Embora para muitos o Dia Intenacinal das Mulheres seja uma forma de homenagear e agradar as mulheres, as lutadoras dos movimentos sociais lembram que esta data é um marco simbólico na busca por igualdade de direitos entre elas e eles. O momento é emblemático, já que atualmente várias proposições com fundo conservador tramitam no Congresso. Diversos atos aconteceram Brasil afora, reivindicando igualdade e criticando o conservadorismo. Milhares de mulheres protestaram nas cidades de Fortaleza, Curitiba, Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Belo Horizonte. Em Caxias do Sul, a data foi marcada por uma reunião promovida pela Frente Parlamentar Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres (FPPFVCM), da Câmara de Vereadores. A frente lançou campanha de combate à violência contra as

Frente Parlamentar lança campanha “Dê Cartão Vermelho para a Violência contra a Mulher”

mulheres. Intitulada “Dê Cartão Vermelho Para a Violência Contra as Mulheres - Denuncie, ligue 180!”, a mobilização passará por espaços de esporte, como estádios de futebol. O encontro também contou com a presença de representantes de diversas entidades e foram apresentados dados e reflexões sobre o público feminino. A reunião conduzida pela presidente da FPPFVCM, parlamentar Denise Pessôa/PT.

Mundo do Trabalho Pesquisadores do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Maria Portela Coim-

bra Soares, Ramone Mincato e Adalberto Dornelles Filho trouxeram resultados da última edição do “Boletim Anual Mulheres e Mercado de Trabalho”. Entre os apontamentos referentes ao período de 2004 a 2014, os professores destacaram o crescimento da inserção das mulheres no mercado de trabalho. Sobre a defasagem salarial entre homens e mulheres, Ramone informou que vem reduzindo nos últimos anos. Entretanto, ainda existe e, em 2014, ficou em 22,5%. “Ou seja, mulheres ocupando as mesmas funções de homens seguem recebendo salários menores nessa proporção”, lamentou a pesquisadora.

Em relação a futuros dados, diante do aumento nos índices de desemprego registrados em 2015 envolvendo principalmente o público masculino que atua ou atuava na indústria de transformação, Lodonha, coordenadora do Observatório, acredita que haverá reflexos também nas estatísticas da mão de obra feminina.

Proteção À frente do Centro de Referência para a Mulher do município de Caxias do Sul, a psicóloga Luciane Demenech detalhou o trabalho da Rede de Proteção à Mulher com os serviços disponíveis. De acordo com ela, em 2015, o Centro de Referên-

cia prestou 3,1 mil atendimentos. Desse total, 1.850 referem-se a mulheres atendidas pelas áreas de psicologia, serviço social e jurídica. Responsável pela Casa Viva Rachel, Mara Parlow defendeu um olhar sensível sobre as causas das mulheres e da luta por igualdade. Ela reafirmou a necessidade de a população e as instituições agirem com respeito e acolhida, principalmente quando atendem a mulheres vítimas de violência. “Muitas vezes, elas precisam reconstruir tudo na vida, pois chegam quebradas até nós. Um dos nossos desafios é ajudá-las a trabalhar com as dores que sentem”, explicou. Mara e Luciane pontuaram a relevância de ações preventivas, para se evitar episódios de agressão. Sobre a Casa Viva Rachel, voltada a acolher mulheres vítimas de violência, Mara informou que, num universo de mais de 5,5 mil municípios brasileiros, existem apenas 70 espaços nesses moldes.

Retrocesso em Brasília legislatura da Câmara dos Deputados atua deliberadamente contra os direitos sociais. “Ele imprimiu outro ritmo, criou comissões especiais com aliados dele, fazendo com que o projeto passe por única comissão quando passava por duas ou três”, descreveu Guacira.

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Subrepresentação A paridade na direção dos partidos, nos sindicatos. São medidas que estão fora da concorrência eleitoral e que podem ter um efeito enorme” Flávia Biroti

Para a vice-diretora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UNB) e autora de publicações sobre desigualdade de gênero, Flávia Biroli, Mulheres protestam em São Paulo contra o retrocesso da Câmara de Deputados a baixa presença de mulheres na política é um tos das mulheres”, comparou. Em Caxias dos motivos do retrocesso no Na opinião dela, outras esO Departamento de Congresso. tratégias podem ser adotadas Organização das Mulheres, da “Aumentou o número de para ajudar a combater a subUAB, promove um seminário no mulheres que se identificam -representação feminina. “A padia 19 de março para debater a com as pautas de segmentos ridade na direção dos partidos, violência contra as mulheres. O religiosos no Congresso e ao nos sindicatos. São medidas “1º Seminário de Organização mesmo tempo estão em menor que estão fora da concorrência das Mulheres: ‘A violência número as parlamentares que eleitoral e que podem ter um contra a mulher no cotidiano’” defendem a agenda dos direiefeito enorme”, lembrou Flávia. será na Câmara de Vereadores

Foto: Rovena Rosa / AgBR

Neste 8 de Março as mulheres brasileiras foram às ruas em defesa da democracia e da garantia de direitos. A agenda atual da Câmara dos Deputados é considerada como sinônimo de atraso, intolerância, criminalização e retrocesso pelos setores progressistas. Uma agenda negativa que tem prejudicado mulheres, trabalhadores, indígenas, segmento LGBT e avança sobre o estado democrático. A figura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) personifica o retrocesso na Câmara. Guacira César de Oliveira, integrante do colegiado de gestão do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), afirmou que a atual


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Saúde

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Esforço coletivo para combater o mosquito Aedes aegypti Caxias está mobilizada para combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite os vírus da dengue, da febre chikungunya e o zika. Desde o início de janeiro, diversas entidades estão atuando em uma força-tarefa buscando eliminar os criadouros do mosquito. O chamado para que se faça um forte combate ao mosquito aconteceu após vários casos de microcefalia em bebês, que podem ter sido causados pelo zika vírus. Até então, se acreditava que o zika não causasse muitos danos, que fosse uma espécie

de “dengue fraca”. Uma de suas principais diferenças é a grande quantidade de pintas no corpo. Mas também pode passar totalmente desapercebida. Independente de seus sintomas, quando a gestante é infectada, o vírus passa pela barreira da placenta e atinge o bebê, causando a microcefalia e danos neurológicos. O susto com o zika, que é uma doença praticamente desconhecida gerou muitos anseios. Mas além dela, a febre chikungunya preocupa ao gerar muitas dores por longos períodos, e também a dengue, que pode levar à morte. A força-tarefa em Caxias é composta por secretarias, autarquias, 5ª Coordenadoria

Foco nos domicílios Seguindo uma determinação do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual da Saúde, a Vigilância Ambiental está mudando a forma de enfretamento ao mosquito Aedes aegypti em Caxias. A nova norma prevê que a Vigilância Ambiental deve trabalhar com foco nas visitas domiciliares, diminuindo o tempo destinado ao controle de armadilhas e aos pontos estratégicos. Com isso, a normatização busca que o maior número possível de domicílios seja vistoriado. Desta forma, todas as armadilhas espalhadas em Caxias do Sul foram retiradas, a realiza-

ção do Levantamento de Índice de Infestação Vetorial (LIRAa) foi suspensa e as visitas aos pontos estratégicos serão realizadas apenas uma vez por mês.

Denúncias de criadouros do Aedes

A Vigilância Ambiental orienta que novas denúncias de locais que possam ter possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti deverão ser feitas apenas via Alô Caxias, pelo número 156. Ao fazer a denúncia, deve-se informar o endereço corretamente, com número do domicílio ou referências ao lado do local denunciado.

Fotos: Andressa Gallo

Força-tarefa envolve inclusive o Exército, que dá apoio nas vistorias

Regional da Saúde, lideranças comunitárias e empresariais, órgãos representativos da so-

faculdades, conselhos municipais, associações e demais entidades ligadas à saúde.

Faça a sua parte Ajude a combater o mosquito Aedes aegypt fazendo a limpeza de possíveis criadouros. O mosquito tem preferência por depositar suas larvas em águas limpas e calmas. O ciclo entre a colocação do ovo e a o surgimento da larva leva de cinco a sete dias, quando está calor, e em torno de dez dias, no frio. Por isso, no máximo uma vez por semana todos os lo-

cais onde há depósito de água precisam ser lavados com escova e sabão. Devem ser limpos os recipientes de água para animais e pratos de plantas.

Denuncie Para denunciar possíveis criadouros ligue para o

Alô Caxias - 156

Confira o que pode ser feito: >>> Não deixe água acumulada; >>> Vire todas as garrafas com a boca para baixo, evitando o acúmulo de água dentro delas; >>> Feche bem o saco de lixo e deixe-o fora do alcance de animais; >>> Remova folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas; >>> Mantenha a caixa d’água bem fechada; >>> Coloque no lixo todo objeto não utilizado que possa acumular água;

Qualquer acúlmulo de água, como ralos, podem ser criadouros

ciedade como sindicatos, hospitais, planos de saúdes, igrejas, UAB, empresas, escolas,

>>> Mantenha bem tampados tonéis e barris d’água;

>>> Troque a água dos vasos de plantas aquáticas e lave-os com escova, água e sabão uma vez; >>> Encha de areia até a borda os pratos das plantas ou lave-os semanalmente com escova; >>> Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada; >>> Lave semanalmente por dentro com escova e sabão os tanques utilizados para armazenar água; >>> Lave por dentro com escova e sabão os utensílios usados para guardar água em casa. >>> Varrer a água parada, in-

clusive a das lajes; >>> Ralos com pouco uso: colocar um plástico para vedá-lo e jogar água sanitária 2 vezes por semana; >>> Diminuir a quantidade de bebedouros de cães, gatos e passarinhos. Escová-los quando trocar a água; >>> Lavar as bromélias ou plantas que acumulam água 2 vezes por semana; >>> Muros com cacos de vidro: colocar massa ou areia para evita que a água da chuva se acumule, >>> Verificar se há água acumulada nas bandejas dos aparelhos de ar-condicionado.


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Saúde

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Mosquito silencioso O mosquito da dengue tem hábitos um pouco diferentes do pernilongo comum. Ele prefere picar nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde. Ele é silencioso e não costuma ser ouvido. Ele não voa muito alto, no máximo a meio metro do solo e, portanto, pica principalmente nas pernas, tornozelos ou pés e a sua picada, geralmente, não dói nem coça. O mosquito tem tamanho médio de 0,5 cm e é preto com riscos brancos nas patas, cabeça e corpo. Ele voa baixo e não gosta de luz. Costuma ser encontrado em lugares úmidos

e escuros como pias ou na parte de trás de móveis e eletrodomésticos.

Foto: Divulgação Secretaria da Saúde

Ciclo de vida O ciclo de Meia hora na água e os ovos já se desenvolvem vida é divido em 4 fases: ovo, larra. Ele vive em média 30 dias e va, pupa e mosquito desenvolas fêmeas chegam a colocar 400 vido. O ciclo começa quando ovos por postada. Eles são muiuma fêmea adulta deposita seus to resistentes, sobrevivendo por ovos na água parada e em cerca cerca de 1 ano num local seco. de 30 minutos elas se desenvolQuando este local recebe água vem. O ciclo completo é de 5 a limpa, em cerca de meia hora ele 10 dias, conforme a temperatupode se desenvolver.

Confira o que diferencia as doenças transmitidas: DENGUE

ZIKA

CHIKUNGUNYA

Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas.

Os principais sintomas são febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer ainda dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.

Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele.

Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos.

Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o vírus está presente no organismo infectado.

Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Na fase febril inicial da doença pode ser difícil diferenciá-la.

Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos.

Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas.

A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre outros sintomas.

No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês.

A infecção por dengue pode ser assintomática, leve ou causar doença grave, levando à morte.

Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história.


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Saneamento é prioridade no Vale da Esperança A comunidade do Condomínio Vale da Esperança, na região do Reolon, está sofrendo com um sistema de esgoto que foi mal planejado. O conjunto de sobrados foi construído ainda na gestão do ex-prefeito Pepe Vargas, com recursos do Funcap. O principal problema é que o esgotamento foi mal dimensionado, despejando o esgoto de várias residências em apenas uma fossa séptica. Para piorar, as fossas foram instaladas nos quintais das casas mais baixas, que estão praticamente no mesmo nível do arroio Tega. Como resultado, em dias de chuva forte, as fossas transbordam levando todo o esgoto para dentro destas residências. Segundo Tatiane Duarte Oliveira Silva, presidente da Amob, reuniões já foram reali-

zadas com o diretor presidente do Samae, Elói Frizzo, e com o então secretário de Habitação, Renato de Oliveira, para avaliar a questão. “O problema maior não é que alaga, mas é que transborda o esgoto das fossas”, explica a presidente. “Quando chove muito, a gente tem que acabar chamando o caminhão limpa fossa”, diz. Cada fossa estaria recebendo o esgoto de cerca de 100 pessoas. Para resolver a questão, todo o esgoto do condomínio precisará ser refeito, sendo que em muitos trechos a canalização passa por debaixo das casas, já que as fossas estão instaladas nos quintais. “Vai ser um trabalho muito grande passar todo o esgoto para as ruas. As fossas estão nos fundos das casas. Vai ser necessário mexer no piso das moradias e calçadas”, acredita Tatiana. O objetivo é retirar as fossas e trocar a tubulação, que hoje conta com canos de 100 mm. Além disso, serão instala-

Centro comunitário precisa de reformas

Fotos: Karine Endres

Diversas famílias estão ligadas na mesma rede, que desemboca em uma fossa

dos separadores de águas, que fazem com que a água do esgoto não se misture com as águas das chuvas. A presidente afirma que esta questão, assim como a reconstrução do centro comunitá-

rio, são as duas prioridades da Amob neste momento. Segundo ela, o centro comunitário está interditado. O centro é o prédio de uma antiga vinícola que funcionava nas terras onde o condomínio foi construído. Hoje o prédio inte-

Fossa aberta no terreno de uma das residências

gra a área verde do bairro. Tatiane explica que os banheiros e as churrasqueiras do centro foram construídas pela própria comunidade. “Hoje está em péssimas condições e queremos fazer a reforma dos banheiros, trocar as portas, o telhado e refazer a pintura”, fala. Segundo ela, o fato do CNPJ da Associação estar com pendências na Receita Federal inviabiliza que o centro receba melhorias da prefeitura. “A associação está com uma dívida que foi feita nas antigas gestões. São R$ 10 mil em dívidas, um valor difícil de ser pago, já que estamos sem o nosso centro para realizar eventos”, explica. Tatiana afirma que uma das soluções é ir arrumando aos poucos, com a força da comunidade.

Escola Marquinhos é entregue ao São Victor Cohab Uma antiga luta da comunidade do bairro São Victor Cohab teve final feliz. No dia 27 de fevereiro foi entregue o novo prédio da Escola de Educação Infantil Marquinhos. O antigo prédio havia sido interditado pelo risco de desabamento ainda em 2009, o que ocasionou a mudança da escola para o bairro Bela Vista, em um prédio alugado, atendendo 59 crianças. Além da redução no múmero de vagas, de 98 para 59, as famílias também tiveram

que lidar com o deslocamento das crianças. A comunidade passou a reivindicar a volta da escola para o bairro. Em 2013 iniciou a demolição da antiga estrutura e a construção da nova escola. Agora, com as obras do novo prédio prontas são mais de 400 m² construídos no seu local de origem, no São Victor Cohab. O espaço abriga três salas de atividades, secretaria, refeitório, administração, recepção, cozinha, dispensa, sala de

múltiplas atividades, lavanderia, depósito, vestiário e circulações. A escola ainda recebeu a instalação de playground, cercamento, passeio público no entorno e paisagismo. O investimento foi cerca de R$ 1 milhão. De acordo com a coordenadora Daniela Weber, 8 educadores passam a atender 105 crianças na Escola Infantil Marquinhos. “Esta foi uma importan-

Fotos: Divulgação Prefeitura

te conquista da comunidade. Queremos parabenizar toda a população da região. Nossa res-

posta será a dedicação intensa ao trabalho com as crianças”, ressalta Daniela.


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Bairros

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São Gabriel promove distribuição de alimentos Fotos: Sônia de Jesus | Divulgação

A Amob São Gabriel está desenvolvendo um trabalho diferenciado para a sua comunidade: uma vez a cada 15 dias, os moradores têm acesso gratuito a alimentos doados pelo Banco de Alimentos. O Banco de Alimentos integra a diretoria de Segurança Alimentar e Inclusão Social, da secretaria municipal de Segurança Pública e Proteção Social. Cerca de 480 quilos são distribuídos duas vezes ao mês, contemplando os hortifrutigranjeiros vendidos na Ceasa (Centrais de Abastecimento Rio Grande S.A) de Caxias do Sul. A Amob São Gabriel conta com 24 caixas, de 20 quilos cada, para fazer o recolhimento das doações. O frete dos alimentos da Ceasa até a Amob é pago com o dinheiro da Associação. Sônia Terezinha de Jesus, presidente da Amob, explica que no centro comunitário é

A cada 15 dias, quase meia tonelada de alimentos é distribuída no lotealmento São Gabriel

feita uma triagem destes alimentos e os que não tem mais condições de consumo são descartados. Cerca de cem pessoas participam da distribuição destes alimentos no bairro. “É muito trabalhoso. É um dia inteiro correndo atrás disso. Além disso, a Amob precisa pagar o frete até aqui. Vamos seguindo e trabalhando”, diz Sônia. “Enquanto têm alimentos, eu distribuo, deixando um pouco a critério de cada morador. Não podemos impedir que um pegue mais ou menos. Conta-

mos com o bom senso das pessoas”, fala Sônia. Ela relata que para conseguir se credenciar no Banco de Alimentos é necessário estar com a documentação da Amob em dia, e também comprovar a necessidade. “É avaliado o critério social. Vieram aqui na comunidade conhecer nossa situação antes de sermos credenciados”, relata. “Não é de graça. Pagamos o frete e precisamos ficar um dia inteiro à disposição para a coleta destes alimentos”, relata ainda. A moradora Terezinha da

Conceição participa da distribuição dos alimentos desde que foi implementado pela gestão de Sônia. “Não tenho o que reclamar. Sempre ajuda a gente. Só tenho a agradecer por todo esse trabalho que se tem em fazer esse recolhimento na Ceasa e depois a distribuição aqui” .

Como funciona

A Ceasa possui um convênio com a secretaria de Segurança Pública, e os produtores fazem a doação dos alimentos que não terão condições de

serem vendidos nas prateleiras – já que desde a compra pelo varejista e sua venda para o consumidor final geralmente transcorrem mais alguns dias. O Banco de Alimentos destina um local no seu espaço dentro da Ceasa – o Recanto Solidário, ou ‘Banquinho’, como é popularmente conhecido – para a coleta destes alimentos pelas entidades conveniadas. Segundo a prefeitura, esta é uma forma de combate ao desperdício de alimentos. Em média, são distribuídas dez toneladas ao mês.

Millenium conquista centro comunitário A comunidade do Loteamento Millenium pode comemorar. Após anos de reivindicações, os moradores conquistaram o seu centro comunitário. O novo equipamento público foi entregue no dia 8 de março, pelo prefeito Alceu Barbosa Velho.

A obra, solicitada pelos moradores via Orçamento Comunitário (OC), conta com dois banheiros, salão de eventos e churrasqueira com chaminé e suporte. A empresa responsável pela construção é a Rehde Arquitetura e Construções e a fiscalização ficou sob a respon-

sabilidade da Secretaria do Planejamento. O investimento do Município é na ordem de R$ 265 mil. Clóvis Barbosa, presidente do loteamento, comemora. “Agora vamos tocar todos os nossos projetos. Queremos colocar nosso ponto de cultura Foto: Ícaro de Campos

para funcionar”, disse. O centro já tem um evento importante agendado: a comemoração do 13º aniversário do Millenium. A confraternização será no dia 15 de maio e contará ainda com os desfiles de escolha do Mais Bela Comunitária e Mais Bela Comunitária Mirim. O líder lembra que foram quatro anos acumulando recur-

sos do OC para a obra. “Todo o recurso foi conquistado via OC”, diz. A comunidade já está mostrando interesse em usufruir do centro, mas ainda não há mobília. “Estamos agora batalhando por isso e aceitamos doações para equipar o centro, desde mobília até eletrodomésticos como geladeira e fogão”, diz o presidente.

Edital de Convocação Eleições da diretoria da Associação Cultural Germânica de Caxias do Sul (Alles Gut) A Associação Cultural Germânica de Caxias do Sul, Alles Gut, convoca todos os seus sócios para a Assembleia Geral a ser realizada no dia 29 de março, A primeira chamada será às 19h30min, e a segunda e última chamada será às 20h. A assembleia será realizada no Ponto de Cultura ‘Casa das Etnias’, situada na Rua Luiz Antunes, 2542, no bairro Panazzolo, em Caxias do Sul.. Em pauta, prestação de contas e assuntos gerais. Contamos com sua presença. Caxias do Sul, 18 de março de 2015. Diretoria da Associação Cultural Germânica de Caxias do Sul Foram necessários quatro anos destinando verbas do OC para conquistar a obra


Jornal dos Bairros Março de 2016

Movimento

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Baile da Melhor Idade promove integração Iniciativa tem o objetivo de trazer público para Ponto de Cultura e integrar a comunidade A União das Associações de Bairros (UAB) promoveu no dia 13 de março, a primeira edição do baile da Melhor Idade. Foram mais de três horas de muita descontração, alegria e integração entre os participantes.

Comandada pelo músico Cézar de Freitas, a atividade foi embalada ao som da boa música sertaneja e nativista. Entre as presenças ilustres estavam a Mais Bela da Melhor Idade, Maria Olinda Polidoro juntamente com as princesas Maria Marilene Guimarães e Djanira Terezinha Giazon. Luísa Moraes Paim, a 1º Princesa Comunitária de Caxias também prestigiou o evento. Conforme a diretora do Departamento da Terceira Ida-

Fotos: Alan Matos

de da UAB, Vilma Leite, a perspectiva é de que o evento cresça a cada edição. “Haverão mais duas edições ainda em 2016. Teremos maior tempo para divulgação, cativaremos a população através dos presidentes dos bairros. Além disso, chamaremos os participantes para outras atividades, como as oficinas de artesanato”, enfatiza. O Baile da Terceira Idade é um projeto dos departamentos da Terceira Idade e da Cultura

Corte da Melhor Idade e 1º Princesa Comunitária prestigiaram evento

Sertanejo universitário, pagode e música nativista animaram a tarde

da UAB. Adriane Britto, que ministra a oficina de artesanato aos comunitaristas e colaborou com a organização do evento, destaca que um dos objetivos é trazer todos para conhecerem do Ponto de Cultura. “É importante a utilização desse espaço por todos. O Baile é uma das atividades organizadas aqui”, informa. Adriane ainda afirma que os recursos foram otimiza-

dos. “Os equipamentos foram todos gratuitos e a apresentação musical foi realizada a um custo acessível”, acrescenta. O diretor do departamento de Cultura, Elvino dos Santos, ressalta a integração entre os departamentos: “Esta foi uma maneira que enxergamos para potencializar as atividades organizadas pelas duas diretorias”, descreve.


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