Jornal do yoga 70 2017

Page 1

Como um vento que leva a fumaça e as impurezas do ambiente, o Yoga remove as impurezas do corpo e da mente.

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Jornal do

nº 70 • 1º Semestre 2017


Editorial Lançamos esta edição com uma emoção ainda não experimentada: um misto de incredulidade e admiração, alegria e espanto, uma pitada de orgulho, mas, principalmente, uma humilde constatação de que sempre fomos conduzidos sem ter a inteira noção da dimensão do desafio. E é real! Aí estão os 20 anos do Jornal do Yoga, sempre no objetivo de divulgar a filosofia herdada dos rishis, que leva ao ponto de mutação para o salto de qualidade da consciência humana, o aprendizado do amor. Nesse trabalho, muitos estiveram envolvidos, muitos corações bateram em uníssono pelo amor ao ideal. Os idealizadores, aqueles que, por longo tempo, arcaram com a responsabilidade total de escrevê-lo, os anunciantes que com sua fé no sucesso do empreendimento permitiram trazê-lo ao ar, e os que auxiliaram de tantas maneiras com a divulgação, diagramação, impressão e distribuição. Nenhum sonho se torna realidade sem os ingredientes essenciais: coragem, fé, mas, principalmente, o amor ao que acreditamos. O amor e suas múltiplas faces, o amor universal, pessoal, o amor que podemos entregar a tudo que nos rodeia. Porque o amor é, essencialmente, entrega. A entrega incondicional a uma ideia, a um projeto, a uma pessoa, a todas as pessoas e a todos os seres vivos. Amar não é só um sentimento. É uma necessidade do universo em tudo o que fazemos, empreendemos, percebemos, vivenciamos e ao que nos entregamos. O amor está atuando através de suas incontáveis nuances. A consciência amorosa se manifesta pela generosidade, espontaneidade, vitalidade e força criadora. Assim, nos colocamos conectados, ao mesmo tempo, com a tarefa criadora e com o nosso Eu individual, eterno. Já dizia Lia Diskin que “o amor é uma forma de iluminação solar, uma espécie de amanhecer para o espírito, uma recuperação de aurora interior, onde a claridade das certezas transpassa a realidade, faz transparente a opacidade das coisas”. Nossa imensa gratidão a todos os que, de alguma forma, nos auxiliaram a fazer acontecer o Jornal do Yoga. E a todos que, irmanados, continuarão a fazê-lo. Namaste

Yoga Yoga, o caminho que nos leva ao amor. Página 3

Meditação Trabalhe ativamente com o centro de coração. Medite! Página 8

Yoga Jornal do Yoga completa 20 anos: compartilhando ensinamentos, amor e saúde Página 10

Os Editores

Jornal do Yoga - Responsáveis: Maria Helena Wegner e Lucy Hoffmann. Projeto Gráfico: Ivan Almeida. Jornalista Responsável: Taisa Rodrigues (MTB-RS 12.777). Revisão: Taisa Rodrigues, Lucy Hoffmann. Contato Comercial: Lucy Hoffmann (lucynaid@gmail.com). Impressão: Grafinorte. Tiragem: 4.000 exemplares. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo de inteira responsabilidade dos autores. Para anunciar ligue: (47) 3028-9607. Comentários e sugestões podem ser enviados para: jornaldoyoga@hotmail.com

Problemas respiratórios? Dores articulares?

O yoga pode ajudar!

Aprenda a respirar. Alongue-se!

2

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Informações: 9114-1373/3422-3664

Descubra porque o Yoga é bom

Aulas de Yoga Atendimento individual ou em grupo. Maria Helena 9114-1373 3422-3664

Rua Aubé, 1450 (com estacionamento próprio)


Yoga

Pedro Pessoa e Camila de Lucca

Yoga e relacionamento amoroso Ainda existe essa visão “romântica” de que um Yogue deve ser um renunciante, um sannyasin¹, retirando-se do mundo, abrindo mão da relação familiar em prol do seu desenvolvimento espiritual. Guruji, B. K. S. Iyengar, no livro a Árvore do Yoga, coloca que antigamente, na Índia, os yoguis eram homens de família e alcançaram a plenitude do yoga enquanto viviam em meio as suas atividades familiares. O que não percebemos é que essa visão acaba por nos afastar ainda mais da experiência do Yoga, de nos sentirmos unos, e por incrível que pareça dificultando ainda mais nossas relações. No entanto, para aqueles que não se detém nas primeiras barreiras da sua busca, dos conceitos ultrapassados, irão descobrir que o caminho do Yoga é para todos e naturalmente reconhecerão que o caminho do Yoga é o caminho que nos leva ao amor. Essa ideia do relacionamento amoroso, da vida do homem de família, como sendo um caminho para o autoconhecimento é verdadeira, extremamente fértil e mais ou menos próxima de todos. Primeiro é importante estabelecer o que compreendemos por relação amorosa. O que normalmente é conhecido como relacionamento amoroso, é uma relação afetivo-sexual, a paixão. A relação amorosa é algo completamente diferente, é uma pérola, é uma joia. É fruto de um trabalho consciente que exige Abhiasya² e Vairaghya³. Exige esforço de ambos. Oferece, porém, em sua imensa generosidade, um caminho em que os enamorados podem encontrar a própria essência: Atman (sua alma). É daí que vem essa força extraordinária que muitos anseiam, chamada Amor. ¹ É um renunciante ou ascético. Não odeia, nem deseja e renuncia a todos os frutos das ações.

O amor quer o bem da pessoa amada, ao contrário da paixão, quando não se desenvolve em amor, que só se preocupa com o seu “eu” pequeno, Ahamkara (ego). Dessa forma, o relacionamento amoroso funciona como um termômetro nos dando uma resposta de onde estamos. Se observarmos que nosso estado é de irritabilidade, contrariedade, permanente conflito com tudo e com todos, constataremos que nos distanciamos do nosso caminho. É uma maneira prática de sabermos como estamos interiormente. E naturalmente reconheceremos que o caminho do Yoga é o caminho que nos leva ao amor, pois à medida que praticamos Yoga, nos tornamos mais abertos, mais flexíveis e mais alegres com o outro. Pedro Pessoa é coordenador do Centro de Iyengar Yoga Florianópolis.

² Disciplina ³ Desapego

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

3


Terapia

Arjan Kaur

A Cura da comunicação através do

YOGA e da meditação Por meio da comunicação os seres humanos partilham informações entre si e isso a torna uma atividade essencial na vida de todos. Sabemos que há dificuldades na completa expressão e entendimento, mas sublime é o momento em que a comunicação, de fato, é direta, completa e eficiente, alcançando o objetivo do ato, a ligação entre dois pontos/pessoas/comunidades. O ser nasce e do silêncio passa a descobrir a linguagem. Descobre o grito como forma de expressão, e essa primeira linguagem o acompanha para expressar tudo. Grita-se de dor, de fome, de prazer, de alegria, para chamar o táxi, quando sai um gol... Mas quando o grito é usado durante o ato de comunicar pode, pelo tom e volume, ser interpretado pelo cérebro como alarme que ativa o medo e a sensação de perigo, por exemplo. A prática de yoga, em suas várias escolas, e outras tantas ferramentas de autoconhecimento, possuem estratégias voltadas especificamente para intervir nas estruturas (físicas e sutis) das pessoas e permitir que cada um mantenha ou retorne ao seu estado compassivo/ao seu centro. O ser começa a se sentir mais seguro, estável, consciente e mais lúcido de si mesmo e do outro. Conecta-se com a possibilidade da empatia e percebe outras visões além do individualismo e materialismo. Sente vontade de cooperar, ao invés de competir o tempo todo. Não se trata de se tornar dócil e influenciável, mas sim de poder se posicionar, expressando exatamente o que sente e precisa, de forma tranquila e usando uma linguagem não violenta. Uma pessoa que pratica a unificação física, mental e espiritual por meio do yoga e da meditação, por exemplo, transita pela vida com segurança e coragem, pois não cai mais na auto ilusão de ser separado de tudo e de todos. Nesse estado, fica real a percepção de que o mesmo Deus bate em cada coração, e cada discussão sempre será entre você e você mesmo.

4

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Nas palavras de Arun Ganghi “o mundo em que vivemos é aquilo que fazemos dele. Se hoje é impiedoso, foi porque nossas atitudes o tornaram assim. Se mudarmos a nós mesmos, poderemos mudar o mundo, e essa mudança começará por nossa linguagem e nossos métodos de comunicação”.

Arjan Kaur (Camila Gessner) é professora de Kundalini Yoga, numeróloga, yogaterapeuta e Reiki Master.


Bem-estar

Flávia Sorg

Cheiro de Mato: cinco anos de beleza e bem-estar em harmonia com a natureza Estamos em festa! Há cinco anos a Cheiro de Mato nasceu como a primeira loja de cosméticos exclusivamente naturais e orgânicos de Joinville. Ao longo de sua história, a Cheiro de Mato se preocupou em oferecer cosméticos saudáveis não só para as pessoas, mas também para o planeta. Nessa trajetória, a loja se tornou referência em aromaterapia, oferecendo a maior variedade de óleos essenciais e vegetais. Também oferece cursos básicos e avançados na área, contribuindo para levar bem-estar para mais pessoas. Do sonho até os dias de hoje somos felizes em dizer que a meta vem sendo cumprida: beleza e bem-estar em harmonia com a natureza. Gratidão a todos que sonharam e continuam sonhando conosco. Flávia Sorg é bióloga e proprietária da Cheiro de Mato Cosméticos Naturais Telefone: (47)3432-9874 Whatsapp:(47)98869-0401 www.facebook.com/cheirodematocosmeticosnaturais www.instagram.com/cheiro.de.mato

A loja mais especializada em aromaterapia de Joinville. Mais de 40 tipos de óleos essenciais, sinergias e acessórios como difusores elétricos, difusores pessoais, bases neutras, frascos, etc • Cosméticos naturais e veganos. • Produtos para cuidados facial, capilar, corporal, mãos e pés. • Grande variedade de óleos 100% vegetais.

A primeira loja de cosméticos naturais e orgânicos de Joinville

•C osméticos livres de derivados de petróleos, parabenos, aromas sintéticos e corantes artificiais. • Cosméticos orgânicos (certificados pelo IBD e Ecocert). •P rodutos não testados em animais.

Galeria Nove de Março, loja 13 • Rua Nove de Março, 774 Centro • Telefone 47 3432.9874 • Aberta de segunda a sexta das 9 às 19 horas e sábados das 9 às 13 horas.

www.instagram.com/cheiro.de.mato cheiro de mato cosmeticos naturais

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

5


Autoestudo

Helena Montenegro

A Cura das Atitudes O conceito de Cura das Atitudes está baseado no fato de que é possível escolher a paz ao invés do conflito, e o amor ao invés do medo. Quando abandonamos o medo e a dor, apenas o amor permanece. Encontramos a paz, quando nos libertamos de um sistema de crença que cria hábitos que nos causam rejeição, sofrimento, culpa e fracasso na vida afetiva social, familiar e profissional. O amor é a mais poderosa força curativa do mundo. O curso Cura das Atitudes é inspirado no clássico da espiritualidade contemporânea: um curso em milagres e nos ensinamentos do Dr. Gerald Jampolsky, criador do Centro de Cura das Atitudes (CCA), e autor do livro “Amar é Libertar-se do Medo”. Cada um de nós possui uma qualidade essencial do ser que é criativa, harmoniosa e integrada: o amor, que podemos acessá-la a qualquer momento por meio da nossa escolha consciente para vivê-la. O trabalho da Cura das Atitudes baseia-se em 12 princípios que dão uma nova dimensão à percepção do tempo, convidando-nos a viver no agora como sendo o único tempo que existe, pois é impossível vivermos no passado ou no futuro. Dizendo que dar e receber são a mesma coisa, incentiva o desapego por meio da doação de nós mesmos para, assim, conquistarmos a verdadeira liberdade, pois subverte uma antiga ideia de que, quando damos, perdemos. Convidam a abandonar quaisquer julgamentos, pois estes se constituem em expressões da falta de perdão que nos mantém ancorados no passado, fixados no erro e em atitudes que desunem. Já o perdão, que é uma expressão do amor, nos permite abandonar o passado para viver em paz consigo mesmo e em união com os nossos irmãos. Esses princípios mostram que a paz interior depende da escolha do foco que damos aos nossos pensamentos. É dentro de nós mesmos que encontramos o mais eficiente orientador da direção a ser seguida.

6

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Além disso, trazem para o nosso entendimento uma nova e grande lição de igualdade e de aceitação, que se traduz na percepção de que não existe diferença real entre nós, pois cada um ora ensina para os outros, ora com eles aprende. Podemos escolher como olhar para nós e para os outros, no instante atual, se como seres que oferecem amor ou como seres necessitados de ajuda. Qualquer expressão de falta de amor pode sempre ser vista como um pedido de ajuda. Assim, quando escolhemos aplicar esses princípios em nossas vidas, nos tornamos um exemplo pela cura das nossas próprias atitudes, alcançando a tão desejada paz interior, passando, então, a expressar a nossa verdadeira essência. Para tanto, não dependemos de um longo e extenuante aprendizado, mas do exercício permanente desses princípios. A Cura das Atitudes apresenta conceitos de caráter universal, não tendo, portanto, vínculos com qualquer religião. Até mesmo as pessoas mais céticas podem beneficiar-se desse trabalho. Aprendemos, assim, que não são as pessoas ou as circunstâncias que causam os nossos conflitos, e sim os nossos próprios pensamentos e emoções, traduzidos em atitudes equivocadas em relação às pessoas e aos fatos. Somos responsáveis pelos nossos pensamentos e por qualquer tipo de sentimento que experimentamos. Ao encorajarmos nós mesmos e os outros a reexaminar nossos relacionamentos sob uma nova luz, trazemos nossas emoções para o momento presente, liberando julgamentos e mágoas do passado. Este é o caminho para a conquista da paz interior. Gerald Jampolsky Helena Montenegro é terapeuta e facilitadora do primeiro grupo de Cura das Atitudes em Joinville no Sadhana Yoga.


Autodesenvolvimento

Cláudio Montenegro

Tai Chi Chuan para o corpo e para a mente Tai Chi Chuan, a arte marcial mais praticada no mundo, surgiu como uma arte de defesa pessoal, criada com base em antigos conhecimentos e princípios filosóficos. Princípios esses que partiram do I Ching o Livro das Mutações, da teoria do Yin e Yang e da teoria dos Cinco Elementos. Somados a três grandes escolas de pensamento orientais como o Budismo, Taoísmo e o Confucionismo, o Tai Chi Chuan condensa esses conhecimentos milenares em uma prática física, proporcionando benefícios na parte física, mental e emocional. A Escola de Medicina de Harvard aponta o Tai Chi Chuan entre as cinco melhores atividades física para saúde. Dizer que a prática é uma arte marcial limita a compressão da mesma. O Tai Chi Chuan pode ser visto como um sistema para saúde e um caminho para o autoconhecimento e autodesenvolvimento. Durante o treinamento, precisamos seguir os princípios da arte, realizar os movimentos com suavidade, relaxar o corpo, manter a respiração regular e tranquila, a postura e o equilíbrio corporal, não oferecer resistência, mas seguir e se harmonizar. Para conseguir fazer tudo de forma correta, ao mesmo tempo em que realiza os movimentos e técnicas, o praticante deve estar com a mente presente e tranquila. A prática engloba diversas modalidades, entre elas o Chi Kung, uma ginástica terapêutica chinesa; a Forma de mãos livres, uma sequência encadeada de movimentos; a prática com Espada e Sabre; e também de uma técnica chamada Tui Shou, que consiste de exercícios feitos dois a dois. O Tai Chi Chuan pode ser praticado por qualquer pessoa, independente de faixa etária ou condições físicas. A prática se adapta a capacidade da pessoa, que aos poucos vai aprimorando suas habilidades. O Núcleo Joinville da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan (SBTCC) mantém aulas regulares, além de cursos e seminários especiais, oferecendo aulas para iniciantes que incluem a prática de Chi Kung e da Forma de mãos livres. Para os alunos mais adiantados oferece aulas de aprimoramento da Forma, Tai Chi com Espada, Sabre e das técnicas de Tui Shou. Claudio Montenegro é professor de Tai Chi Chuan.

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

7


Meditação

Olga Oblômova

Que todos os seres sejam felizes! Sente-se ereto numa posição confortável. Repouse as mãos em suas coxas, com as palmas voltadas para cima. Feche os olhos. Visualize um brilho intenso no centro do seu peito. Pode ser a luz de uma estrela, arco-íris ou uma flor brilhante. Confie na sua própria imaginação. Diga a si mesmo: “Que todos os seres sejam felizes e vivam em paz”. E veja como a onda de luz está saindo do centro do seu peito e se espalhando para todas as direções. Sinta como essa onda traz felicidade a todos que nós amamos e que nos amam, pessoas queridas e prediletas. Não importa onde elas estejam, deseja-lhes felicidade. A segunda vez repita para si mesmo: “Que todos os seres sejam felizes e vivam em paz”. Imagine como uma nova poderosa onda de luz está saindo do centro do seu peito e se espalhando para todos os lados, em todo o Universo. Veja como essa onda traz felicidade a todos que nós não conhecemos e quem não nos conhecem. Imagine um monte de estranhos e deseja-lhes felicidade. A terceira vez repita para si mesmo: “Que todos os seres sejam felizes e vivam em paz”. E veja mais uma onda de luz se espalhando para todos os lados, trazendo felicidade a todas as pessoas que nós não entendemos, e aquelas que não nos entendem, a todos com quem estamos em conflito e contradição. Imagine seus inimigos ou aqueles que você não gosta e deseje-lhes paz e felicidade. Lembre-se que, desta forma, podemos tornar nossa vida melhor e desatar nós kármicos adversos. Para completar a sua meditação, faça de três a cinco respirações abdominais profundas e abra seus olhos. A meditação “Que todos os seres sejam felizes” parece bem simples, mas ela é uma poderosa ferramenta de trabalho com karma e círculos viciosos da nossa vida. Desejando felicidade a todos, inclusive às pessoas com quem não temos estabelecido boas relações, nós desatamos “nós kármicos”, corrigimos erros que fizemos e criamos as condições para um futuro melhor. A meditação trabalha ativamente com o centro do coração - Anahata chakra - que é responsável por boas relações com as pessoas, construídas no base do amor incondicional, longe da inveja, possessão, ciúmes.

8

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Este tipo de meditação e prática que deseja felicidade pode ser encontrado em quase todos os notáveis ensinamentos dos vários mestres de yoga. Por exemplo, Vivekananda em seu livro “Raja Yoga”, recomenda uma meditação semelhante antes de praticar yoga ou antes de qualquer outra atividade importante para configurar a si mesmo e ao Universo em uma ressonância harmoniosa. Para aumentar o poder da meditação você pode recitar a si mesmo o mantra LOKA SAMASTHA SUKINO BAVANTU. Uma das traduções deste mantra é “Que todos os seres sejam felizes e que meus pensamentos, palavras e atos contribuam para a felicidade de todos os seres.” Recomenda-se praticar esta meditação todos os dias. Numa variação breve e rápida, pode ser apenas um desejo curto e intenso pra felicidade de todos de uma vez. É ótimo se em meditação você for capaz de pegar um estado de alegria e de paz, para se sentir conectado com as pessoas ao seu redor. Saindo da meditação, você vai notar uma mudança em seu humor, você vai sentir-se calmo e energizado. Desejo a você felicidade e paz. Olga Oblômova é professora de yoga na International Open Yoga University.


Yoga

Lucy Naid C. Hoffmann

Casais que praticam Yoga juntos Praticar Yoga com o companheiro(a) é entrar em sintonia com o fluxo de energia dele(a). É possível criar vínculos de uma maior parceria, além de um estimular o outro. O Yoga gera segurança e confiança, e praticar juntos abre espaços para uma outra forma de comunicação.

“Praticar yoga com meu companheiro fortalece nossa união. É a certeza de que estamos juntos em todos os momentos, nos ajudando e nos fortalecendo.” Cléo e Léo

“Companhia, cuidado e saúde tem um significado importante em estar praticando uma atividade com minha esposa. Lembro que ela me convidou para fazer uma aula experimental de yoga e desde então não parei mais. Senti que naquele momento ela queria minha “companhia”, no entanto, com o passar do tempo, descobri que ela estava “cuidando” de minhas queixas das dores na cervical, lombar ou melhor nas costas toda. Hoje agradeço por isso porque a prática do yoga está me proporcionando uma qualidade de vida hoje e no futuro com muito mais “saúde”.” Edson e Ana

“Poder praticar yoga ao lado de quem amamos é uma experiência única, que nos faz evoluir, nos diverte e nos permite compartilhar este lindo caminho como se fossemos um só.” Ivan e Fernanda

Lucy Naid C. Hoffmann é instrutora e coordenadora do Sadhana Yoga. Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

9


História de Vida

M. Laura Garcia Packer

A Senda do Despertar Comecei a estudar e a praticar o Yoga em 1981. Em 1986 iniciei a trajetória mais importante da minha vida que foi compartilhar o conhecimento do Yoga. Minha vivência era totalmente autodidata, mas mesmo assim tive a coragem de iniciar como instrutora e tudo o que necessitava fazer era confiar e me entregar a guiança¹ Divina. Naquele momento precisava assimilar todo conhecimento que me era transmitido, tanto por meio das práticas do Yoga, quanto do estudo ininterrupto da Filosofia. Assim fui percebendo a grandiosidade do Yoga na sua dimensão ilimitada e fui me entregando, tornando a minha vida uma expressão daquilo que estudava e vivenciava nas práticas. A meditação me conduzia para dentro de mim num contínuo lapidar das minhas imperfeições. Os anos foram se passando e fui me envolvendo mais exclusivamente com a vida yóguica. Durante todo este percurso tive a presença viva do meu companheiro, marido e irmão espiritual, que pela sua conduta yóguica me ajudava a estudar e a praticar intensamente para me tornar mais apta ao serviço que estava prestando ao mundo. Meu caminho no Yoga se tornou amalgamado com a busca do meu Ser...sabia exatamente que era isso que eu vim fazer. Fundamos a Casa de Yoga Shanti OM, em Joinville, em 1988 onde foi possível realizar e expandir o que realmente acreditávamos: a prática do vegetarianismo alicerçado na visão do Yoga. Com isso, várias pessoas começaram a frequentar a Casa de Yoga, formando assim um núcleo de pessoas afins por um ideal mais elevado, pautado na busca do autoconhecimento e de um viver que não gerasse sofrimento a nenhum ser senciente2.

10

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Tive a benção de ir algumas vezes para Índia para beber da fonte e alicerçar aquilo que já havia aprendido. Minha primeira experiência na Índia foi em 1990 quando permaneci por três meses para realizar um estudo mais direcionado e orientado por professores capazes de passar o Yoga em sua essência. Em 1992, realizamos um grande sonho: o de construir um ashram. Nasce então o Chacarananda Ashram, um santuário para viver a experiência do autoconhecimento e fortalecimento das práticas espirituais, por meio de retiros e vivências intensas para o despertar de uma consciência mais plena em comunhão com a Vida Uma e dar o suporte à Casa de Yoga e a todos os que desejavam aprofundar suas práticas internas. A Casa de Yoga fluía intensamente com trabalhos realizadores e em 1997, criamos o Boletim informativo da Casa, iniciando um projeto audacioso para a época, o JORNAL DO YOGA, que com esta edição completa 20 anos. Foi um marco, uma visão expandida de levar ao público leigo, estudantes e praticantes de Yoga o ideal do Yog, sem perder suas raízes e seu poderoso efeito de unificação e religação. O Jornal do Yoga se torna um periódico bimestral reconhecido em todo o Brasil como um instrumento maravilhoso de estudo e prática do Yoga como também de terapias alternativas e vegetarianismo....era o porta-voz da era aquariana, exaltando a nossa ânsia interna de propagar ao mundo o nosso desejo de um viver sustentado na não violência, na verdade e no dharma.


Em 2000 comecei a ministrar Cursos de Formação de Instrutores de Yoga, o qual tem sido uma grande e transformadora experiência, tanto para mim quanto para os alunos que frequentam por um ano o curso, dedicando-se à vida yóguica e construindo internamente um campo de potencialidade ideal ao processo de seguir a tradição parampara, ou seja, aprender e viver o Yoga para poder passar o ensinamento da sagrada e antiga ciência yóguica com genuinidade. Tenho realizado o Curso de Formação não só em Joinville, mas em Fortaleza (CE), Maringá (PR) e Uberlândia (MG), com um total de 23 turmas até o momento com algumas centenas de professores formados conosco. Inspirada por um ardente movimento interno de divulgar os ensinamentos do vegetarianismo e do Yoga, coloquei-me sob orientação das fontes internas do saber e escrevi três livros: Vegetarianismo- sustentando a vida (em 2007); A Senda do Yoga – Filosofia, prática e terapêutica (em 2008) e Viver Vegetariano – sutilizando a existência (em 2010). Sou profundamente grata por esta oportunidade. Em 30 anos como instrutora de Yoga, venho me lapidando e ancorando no meu coração e mente os ensinamentos do Yoga para a minha autotransformação. Muito há para ser percorrido, mas sinto o meu caminho sendo sinalizado pela luz que vem de dentro, permitindo-me acreditar profundamente nos passos que estou trilhando, quando os meus véus do egoísmo, ignorância, apego, arrogância, aversão vão caindo diante de mim, e uma real percepção daquilo que sou vai se descortinando como uma benção, fortalecendo ainda mais a minha senda no Yoga. Minha gratidão é profunda por todos os mestres, professores, inspiradores e alunos que nestes 36 anos da minha vida yóguica, têm me ajudado a elevar e purificar minha natureza para que eu possa ver mais longe e serenamente cumprir o meu dharma à serviço do Bem e da Verdade. Que minha vida possa ser uma inspiração para todos os que buscam viver o Yoga e que eu possa ser um instrumento cada vez mais útil à Vida Divina. ¹ Ação ou resultado de guiar, de orientar. 2

que sente; que tem sensações.

OM TAT SAT!!! O visível e o invisível são a mesma coisa. O que posso ver com os meus olhos e o que está além dos meus olhos são o mesmo. Criador e criação são Um. Maria Laura Garcia Packer é fundadora da Casa de Yoga Shanti OM e Chacarananda Ashram

Yoga para Além de Mim! “Sempre ouvi falar sobre mudanças físicas e biológicas causadas pelo yoga. Minha mãe era vegetariana e tinha a primeira edição do livro do Professor Hermógenes: “Yoga Para Nervosos”. E eu, só na maturidade, há vinte anos, resolvi experimentar: voltei pra casa! Neste CAMINHO, constatei o quanto estes benefícios físicos são apenas uma parte. Yoga é UNICIDADE! É ciência! A prática dos yamas e nyamas, asanas e pranayamas iniciam o processo de conexão do corpo, mente e alma... Experiência que está na minha vida hoje, como uma necessidade vital. Por meio da prática diária sou mais consciente, flexível, corajosa, concentrada e amorosa. Pela sua filosofia fui à Índia, Tibet, Nepal conheci alguns MESTRES, cuja Sadhana, prática espiritual, é tão cheia de algo MAIOR que nos inunda de amor e compaixão! São tão livres de qualquer julgamento, são unicamente PRESENÇAS! A cada dia, sou tomada mais e mais pelo significado espiritual do que é yoga, meditação na ação! E também pelo quanto me ajuda a pelo menos, uma hora por dia, ficar livre de mim! Minha enorme Gratidão a Maria Laura, que faz a Yoga manter-se viva. À minha primeira instrutora, Natalina e a querida Lucy, de quem sou uma eterna aprendiz.” Leda Maria de Campos Psicóloga e aluna de Yoga

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

11


Visão Sistêmica

Lara Anelise

Uma lente sobre o morar! Trabalho como Designer de Interiores há mais de vinte anos, atuando na concepção e concretização de sonhos relacionados ao “morar”. Recentemente expandi meu olhar para além das janelas, admirada com o que a natureza tem a ensinar: me formei em Design de Permacultura, que é de maneira simplificada o desenho orgânico e profundo que o ambiente natural expressa, um método holístico que comporta a escala humana, integrando as relações entre o homem e o seu entorno. Essa mudança de perspectiva mexeu com todo meu sistema de crenças, como se uma lente de aumento tivesse chegado às minhas mãos. É dito que a nossa primeira morada é o corpo físico, o contorno que nos define e que abriga e sobrepõe os nossos corpos mais sutis, e é onde vivenciamos a atual existência. E a nossa casa, o lar, representa a extensão material desse universo intangível que é o Ser, é a segunda camada mais próxima da materialidade do corpo. Se o corpo é um presente e representa o templo da alma, a casa é o templo da existência, é a pele da qual somos os cocriadores, aonde literalmente nos traduzimos. Dentro de um olhar sistêmico, o cenário construído para se viver é um recurso material palpável (consciente), onde o repertório, símbolos e signos são formas de representação do conteúdo subjetivo (inconsciente). O modus operandis do morar pode revelar e diagnosticar quais os pontos que estão em desalinhamento no sistema e quais estão em harmonia. Como a relação dos ambientes e seu uso, por exemplo, nas áreas íntimas, quartos e banheiros estão relacionados com esse “lugar” dentro de nós que fala da intimidade, das coisas muito pessoais. As áreas sociais, como as salas de estar, revelam a dinâmica da relação com o outro, num nível coletivo. A cozinha é o coração da residência, bombeia o fluxo vital, é o mapa da interação amorosa com vários aspectos da vida. Uma única gaveta ou caixa pode ser um raio-X preciso de questões mais profundas. Uma reforma costuma ser a manifestação de um novo modo de olhar a vida. Problemas na parte estrutural de uma edificação (elemento terra) pode significar desalinhamento em questões importantes e fundamentais; vazamentos na rede hidráulica (elemento água), questões emocionais; defeitos na elétrica e aparelhos eletrônicos (elemento fogo), alterações na energia e frequência;

12

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Impedimentos no fluxo (elemento ar), temas como segurança e conforto ambiental. Objetos, como móveis, decorações e revestimentos representam o que vai internamente. Desordem e acúmulo, excesso e escassez, apego e desapego, displicência e perfeccionismo, o feio e o belo, os adjetivos ganham personalização no espaço construído. Como a semente que traz em si mesma a informação genética do que virá a ser a frondosa árvore, o campo mórfico se transborda para além do nosso espaço sagrado, o corpo, e se materializa na segunda camada da existência: nossa casa! Como você se relaciona com sua morada? O seu templo te representa? Quanto as suas escolhas, a indústria de consumo (que alias é muita eficiente no seu propósito), a sociedade (os outros), são sua métrica? Caso tenha uma crise de amnesia hoje, a sua casa te ajudaria a se reconectar consigo mesmo? É uma provocação, claro, mas te proponho essa reflexão: olhe com verdade para o seu lar. Você é o protagonista e deve se apropriar do seu templo, essa é uma grande oportunidade de autoconhecimento. Ao trazer à consciência essa representação e olhar com intenção de cura para a sua morada, é possível trazer ordem ao sistema (eu) de maneira orientada e, com as ferramentas adequadas, o processo pode ser transformador. Lara Anelise é designer 4D


Autoconhecimento

Jorge Luiz Hoffmann

Para que serve um oráculo? Quando buscamos entender algo através de um oráculo, obtemos uma resposta baseada num quadro simbólico entrelaçado. Este quadro simbólico tem a ver com os símbolos da cultura herdada daquela tradição. Um exemplo é o I Ching, que se diferencia pela utilização de símbolos relacionados as energias da natureza, podendo ser entendido em qualquer cultura. Ar, Água, Terra e Fogo combinados cada um deles com um quinto elemento: o Éter (prana, espaço) compõem os oito símbolos básicos. Representados sobre uma estrutura de três linhas abertas ou fechadas: linhas yin e yang, respectivamente, estruturam o que conhecemos como Pa Guá, utilizados na medicina chinesa no Feng Shui e que permeia toda a tradição cultural chinesa. A combinação dos trigramas formam os 64 hexagramas que em última análise são os que nos dão as indicações que buscamos. E o que buscamos? Ou, para que serve um oráculo? Em Matrix, clássico do cinema mundial, Neo, o personagem principal do filme, é levado ao oráculo. Às suas indagações o oráculo responde com possibilidades, não diz o que vai acontecer, mas inspira Neo sobre o que pode acontecer. Jung no prefácio à tradução do I Ching feita por Richard Wilhelm nos diz que o oráculo oferece um equivalente a uma interpretação da condição psíquica de quem o consulta. Gosto de dizer que o I Ching nos oferece um retrato da energia psíquica. Mostrando nesta fotografia o tipo de situação em que estamos envolvidos (o ambiente onde estamos com relação ao que queremos saber) a posição que ocupamos no caso e que possibilidades temos para vivenciá-la de forma coerente com o que se apresenta. E o que podemos perguntar?

Perguntar algo ao oráculo é penetrar de forma mágica a mutação. Podemos entender um momento nebuloso de nossa vida e como resposta ele pode apontar como nossas energias estão se relacionando com as energias da situação que vivemos. Ao I Ching podemos indagar sobre o início de um novo projeto em busca de informações mais claras da forma como devemos atuar ou para decidir se damos um fim ou não a determinado tipo de situação e de como podemos fazê-lo. Podemos buscar uma visão mais clara no relacionamento com o companheiro ou com um grupo de pessoas, como uma família. Enfim podemos perguntar qualquer coisa, desde que tenhamos em mente, que estamos a nos relacionar com algo que visa autoconhecimento.

Jorge Luiz Hoffmann é pesquisador e consultor do I Ching há trinta anos.

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

13


Estudo

Kenio R. Cabral Nogueira

Música e Iniciação – Parte I Primeiramente vamos definir o que vem a ser “iniciação”, caso o leitor desconheça o verdadeiro significado desse termo. Termo que provém do latim initiatio seguido do sufixo – onis. Claro que se refere ao processo de início, começo ou princípio. Iniciar nos primeiros conhecimentos, dando entrada no campo da sabedoria interna. Portanto, iniciação é o ato ou efeito de iniciar alguém nos mistérios secretos. Mas, o que são mistérios secretos? Desde o final da civilização, há aproximadamente 1.000.000 de anos, a humanidade perdeu, por ocasião daqueles acontecimentos, a sua dignidade divina. Até então vivíamos sob o “Sol da Eterna Primavera”, como relatam as escrituras sagradas. Simbolicamente explícito nos Jardins do Éden, da bíblia judaico-cristã, e até mesmo nas escrituras Vedas, como o Jardim de Edermi (termos por si só muito parecidos, comprovando a existência de algo pleno de equilíbrio, de vida, de abundância e prosperidade). Até mesmo o termo éden – do hebraico – significando “delícia” ou prazer, segundo (BLAVATSKY, 1991)

onde veio e para onde vai... luta pela sobrevivência (referência à “expulsão” de Adão e Eva do Paraíso... do Éden) e começa a vivenciar o processo de vida e morte. Gotama, o Buddha, falava na Roda de Sansâra ou Roda dos Nascimentos e Mortes. Inclusive essa era uma das 4 Verdades1 do Buddha, compilação de todos os seus ensinamentos. Em síntese, uma vez que a humanidade caiu em estado de inconsciência, perdendo sua dignidade hierárquica, mergulhando, tempos depois, nos densos véus de Maya2 faz-se necessário o processo de iniciação para abreviar sua evolução na Terra, dissipando a ilusão dos sentidos. “Aquele que ultrapassa o Akasha é fonte de toda riqueza” (Henrique J. de Souza).

“Na Cabala é o “Jardim das Delícias” ou lugar de Iniciação nos Mistérios”. (BLAVATSKY, 1991)

Kenio R. Cabral Nogueira é representante da S.B.E. em Joinville - SC.

Portanto, para os hebreus, significa o lugar onde se passam por essas iniciações, estudos e práticas onde o homem encontra o seu equilíbrio interno, a paz, o amor e a sabedoria dentro de si. Desde então, a humanidade, inconsciente de quem é, de

14

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Brahmâ. Ishwara. Roda dos Nascimentos e Mortes. Jivatmã. Nota do autor.

1

Para os budistas, ilusão dos sentidos. Nota do autor.

2

Na próxima edição do Jornal do Yoga revelaremos como a música atua na evolução.


Arteterapia

Eliana Stamm

Argila: Eu Interior

cura e expressão do

A argila é um material orgânico que interage com as pessoas, tornando-se muito precioso para educadores e terapeutas. Por ser flexível e maleável, oferece experiências tanto táteis como cinestésicas, possibilitando a conscientização da identidade e a percepção dos processos criativos individuais, contribuindo com a autoestima de quem a manipula. Segundo o arte-educador Luiz Camargo (1989), este material permite modelar e desmanchar o quanto for necessário, aumentando a confiança e o prazer no fazer criativo. Assim, atua no esquema corporal por meio da tomada de consciência da sensibilidade, harmonização, desenvolvimento e adaptação dos tônus, regularização da circulação e da respiração inconsciente. Criar no barro é formar e relacionar as coisas, compreendendo as novas relações, dando-lhes uma nova forma. Podemos dizer que o barro fala pelas pessoas, revelando sentimentos, emoções e qualidades não percebidas conscientemente e à medida que transforma a argila, a pessoa está se transformando como ser humano. Por isto, é um material que fascina na medida em que sua maleabilidade e flexibilidade facilitam o acesso ao Eu mais profundo, permitindo perceber problemas e também solucioná-los mais facilmente. Para as crianças, a argila é um material que proporciona muito prazer e lhes dá a condição de sair da produção bidimensional (papel) para trabalhar o tridimensional (volume). A vivência artística e a modelagem com argila são importantes porque possibilitam experiências diferenciadas ao ser humano, ampliando sua capacidade de perceber o mundo e de compreender-se como parte de um todo indivisível, porém com especialidades próprias. A manipulação do barro é também um método eficaz no processo de liberdade criativa, liberando os movimentos e desenvolvendo a percepção. Modelando é possível crescer e amadurecer interiormente, sentindo- se capaz de executar objetos e seres imaginados e/ou reais. O que a palavra não consegue exprimir, o movimento, a forma, o volume, o gesto, trazem a linguagem viva do interior, refletindo o caráter, o temperamento, com fortes impressões da personalidade.

A argila é um elemento da natureza que permite dominar a massa, libertando assim tensões, caprichos, fadigas e depressões porque é um material vivo de ação calmante, disciplinadora de ansiedades e condutora do equilíbrio entre a raiva e a euforia. Ao amassar, apertar, bater, alisar, criar formas, o modelador estimula os pontos de energia ou meridianos, contribuindo para o funcionamento da circulação e a reenergização do sistema visceral. A argila age, penetrando nos poros, interferindo nos capilares, absorvendo as toxinas e neutralizando certos ácidos do corpo, deixando-o livre para receber a energia eletromagnética. Modelar a argila é participar de seu potencial de valores e deixar que o Ser se beneficie através deste cambiamento de energia, o que faculta o desenvolvimento motriz e todo seu sistema psicofísico além de facilitar a manifestação do criativo, tão necessário para a plena saúde física, mental e espiritual. Eliana Stamm é ceramista, arte-educadora e terapeuta em bioenergia e florais.

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

15


Terapia

Rachel Vargas

Reprograme-se com Access Consciousness E se você pudesse mudar completamente sua vida agora? Estaria preparado para isso? Como você quer que seja sua vida? Como é possível tornar real tudo que você deseja? O que realmente importa? Quais são as suas crenças? Elas lhe ajudam ou atrapalham? Observe sua vida por alguns instantes e veja quantos esquemas mentais conduzem e dirigem seu cotidiano. Criamos nossa realidade por meio de imagens, do meio ambiente, aprendizados, histórias e conceitos como certo e errado, bom e mal. Todas as coisas e as pessoas que nos identificamos e nos relacionamos e tudo aquilo que aprendemos e vivemos em nossas relações, quanto mais forem repetidas, mais fortes ficam dentro de nós, criando uma realidade interna que se reflete como realidade exterior. Gary Douglas, o fundador de Access Consciosness, em um momento crucial de sua vida começou a fazer perguntas e perceber uma mudança imediata no seu campo de energia e consciência. Assim ele desenvolveu uma forma de liberar essas cargas armazenadas.

16

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

Por meio de perguntas e o toque em 32 pontos específicos da cabeça, conhecidos como barras, é possível modificar e transformar nossos padrões mentais, receber a energia que precisamos e escolher aquilo que nos deixa mais leves.

Rachel Vargas é instrutora de Yoga, terapeuta e deekscha Giver


Alimentação

Luana Ferrari

Consciência até o último fio de cabelo

Eis aqui mais um texto sobre alimentação. Mas não é para endeusar um tipo de alimento e desqualificar outro e sim para falar sobre escolhas, sobre consciência. Um amigo dizia que devemos ter consciência até o último fio do cabelo. Sobre tudo, sem ignorar nada. Assim fica mais fácil termos conhecimento acerca do que será decidido baseado em fatos e verdades. Então porque a alimentação ficaria de fora? É ela que, segundo a Ayurveda, a milenar medicina indiana base da medicina alopática que conhecemos hoje, com o uso dos temperos e especiarias, aliados à nossa capacidade digestiva é a principal fonte responsável pela saúde. Estudos científicos constatam a importância de nos alimentarmos na maior parte do tempo de frutas, verduras e legumes, pois estes contêm fibras (que saciam e estimulam o peristaltismo), minerais e diversas vitaminas, que aumentam a imunidade e diminuem o risco de doenças crônicas. Mas para fazer só o bem que esperamos, estes alimentos precisam ser orgânicos, da época e o mais natural possível. Então na hora de escolher o alimento, descasque mais e desembale menos, mas muuiiiiiitoooo menos. Foque na escolha saudável, aquela que te acrescenta, que nutre o corpo e a alma.

Isso é mais importante do que dar nomes, títulos e rótulos que nos afastam ao invés de unir. Ser vegetariano, vegano, só consumir alimentos crus, escorregar numa pizza ou num sorvete de vez em quando, isso são escolhas que devem ser feitas conscientes, e devem expressar aquilo que temos dentro de nós, e não o que falta no outro. Junto a um corpo saudável há uma mente tranquila. Pois somos seres humanos, sofremos e ficamos carentes... e temos TPM (que muitas vezes só se resolve com um chocolate). Se for isso o que seu corpo e mente pedem, escute. Mas se não pedem, escute também. E siga no caminho do meio, da união, do amor e da igualdade, pois somos todos filhos da mesma mãe e do mesmo pai, basta acessar a consciência para entender.

Luana Ferrari é bióloga, terapeuta ayurveda formada pela Escola Yoga Brahma Vidyalaya - Fundação Sri Vájera, da International Academy of Ayurveda. Atende atualmente no Sadhana Yoga Saúde Integral.

Jornal Jornal do do Yoga Yoga • 1º• Semestre 1º Semestre 2017 20161717


Publieditorial

18

Jornal do Yoga โ ข 1ยบ Semestre 2017


Yoga

Milena Boniolo

Sábado ZEN

Em 2017, Joinville foi presenteada com um projeto para a popularização do Yoga: o SÁBADO ZEN. Instrutores de yoga de diferentes modalidades e profissionais da culinária vegetariana e vegana reúnem-se na Agrícola da Ilha todos os sábados, às 9h30, a fim de compartilhar aulas gratuitas sempre acompanhadas de opções de alimentação saudável, temperadas com dança circular, roda de mantra e sessões de meditação. Tudo isso ao ar livre, com os pés descalços e corações abertos. A comunidade iogue da cidade precisava de um local Zen para se reunir e fortalecer a sangha¹, independente do método que pratica. O convite da Maria Cecília Reimann, proprietária do Café Bistro Hemerocallis, veio ao encontro desta necessidade. Já realizamos dez encontros e todos são muito especiais, reunindo pessoas de todas as idades, já adeptos ou não da prática. O importante aqui é querer e a partir disso todos entram numa gostosa sintonia equilibrando corpo e mente. Para participar não é necessário realizar inscrição prévia. Iniciantes, praticantes, curiosos, crianças e pets, todos são bem-vindos... basta chegar! A programação pode ser acompanhada na página do Facebook Sábado Zen.

“Eu simplesmente adoro. Acho importante unir as pessoas com propósitos semelhantes. Para mim, o Sábado Zen representa o encontro do equilíbrio.” Tamires Pires Schulz, 25 anos, Consultora Técnica. “Acho um evento super legal. A prática do yoga leva as pessoas a um estilo de vida mais natural, saudável, equilibrado. Sugiro alugarem tapetinhos”. Alissson Müller Medeiros, 28 anos, Programador.

¹ Grupo com o mesmo propósito/visão/objetivo. Endereço: Agrícola da Ilha – Hemerocallis Café Bistrô Rua Tenente Antônio João, 4257 - Joinville Telefones: (47) 3473-0628 / (47) 9789-0128 Milena Boniolo é instrutora de yoga e idealizadora do Projeto Sábado Zen em conjunto a Maria Cecília.

Jornal do Yoga • 1º Semestre 2017

19



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.