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Associados a terrorismo, adoradores de Bolsonaro querem se reinventar

Eles estão de olho nas eleições à Câmara e Prefeitura de Maceió

ODILON RIOS

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Especial para o EXTRA

Os efeitos das ações terroristas de 8 de janeiro em Brasília e o genocídio do povo Yanomami, com imagens que impactaram o mundo, também associaram o bolsonarismo a crimes e mortes, causaram profundo desgaste aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, como acontece em todo o país, obrigam apoiadores a minimizarem os fatos, organizarem uma agenda de protestos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, ao mesmo tempo, sobreviver em postos na atividade pública.

O futuro é logo ali, na esquina. 2024 é ano de eleição e os preparativos em 2023 estão a todo vapor. Os ditos conservadores também querem manter seus espaços e projetam principalmente pautas na área dos costumes puxadas por visões religiosas dogmáticas e obscurantistas.

O deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil), mais votado em Maceió, se movimenta para puxar um debate, ainda sem os efeitos esperados por ele, para proibir o uso da linguagem neutra. Esta semana o Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou lei de Rondônia que proibia o uso desta linguagem nas escolas. Existe um projeto semelhante que tramita na Assembleia Legislativa alagoana, mas está parado e sem data para chegar ao plenário.

Como o discurso não “colou”, Mendonça alterou a estratégia e manda sinais ao secretário da Fazenda, George Santoro, de que está disposto a colaborar por soluções para os atrasos de pagamento a fornecedores e hospitais na Se- cretaria Estadual de Saúde, apoio à operação Carro Pipa, críticas à Braskem pelo afundamento de bairros em Maceió.

Este movimento de Mendonça não é ao acaso. Maceió virou o ninho dos conservadores no Nordeste, ou seja, o lugar onde as ideias propagadas por Bolsonaro ganharam maior aceitação entre os eleitores e alçou personagens até então desconhecidos ou de atuação varejeira no cenário político local às vagas no parlamento.

Os delegados Fábio Costa (PP) e Leonam Pinheiro (União Brasil) são alguns destes exemplos. Costa integra a Frente Parlamentar da Agropecuária em Brasília. Seu discurso critica o apoio do governo federal à agricultura familiar e engrossa o coro do ódio aos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O delegado comandou operação policial que matou 11 suspeitos de assaltos a banco em Santana do Ipanema e se elegeu à Câmara de Vereadores de Maceió exibindo um fuzil.

Sua atuação foi medíocre no parlamento mirim. Mesmo assim, foi um dos mais votados na capital à Câmara Federal.

Leonam Pinheiro é deputado estadual e sua pauta é mais ligada às críticas ao trabalho da BRK, empresa que assumiu a concessão da água e do esgoto na região metropolitana, alvo de multas pela Prefeitura de Maceió por obras que espalham buracos pela capital, além da causa animal, bandeira que rendeu ao delegado bastante popularidade nas redes sociais.

Mendonça, Costa e Pinheiro estão no grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que constrói pontes para se aproximar da gestão JHC (PL). O entendimento é que a união de ambos mais a presença do ex-deputado Davi Davino

Filho (PP) dará ótimos resultados na busca pela reeleição do prefeito.

Esse avanço do conservadorismo, também ligado à atuação da extrema direita no mundo, é acompanhado pelos vereadores da capital.

Somente esta semana eles aprovaram uma moção de repúdio condenando os atos terroristas em Brasília, acataram isenção do IPTU para igrejas (as mais dogmáticas impulsionam nichos da extrema direita), além de votarem, em tempo recorde, um projeto de lei que obriga os profissionais e unidades de saúde a “esclarecerem” e “orientarem” mulheres que procuram o aborto legal.

A proposta de Leonardo Dias (PL) já existe em outros estados e está conectada a ações semelhantes na Europa. A extrema direita espanhola, por exemplo, quer empurrar a esquerda para a pauta de costumes e a bandeira é o aborto, aprovado em agosto do ano passado no país.

A vereadora Teca Nelma (PSD) defende que este projeto é inconstitucional e tem nas mãos um documento da Procuradoria-Geral da Câmara afirmando esta posição.

“Quem determina o que deve ser feito dentro do SUS é uma política nacional e não municipal”, disse.

O projeto segue para apreciação do prefeito em ampla campanha pela reeleição e com parte do eleitorado bastante conservador: se aprovar, o Ministério Público vai à Justiça; se vetar, assistirá à oposição usar este conteúdo no futuro guia eleitoral, afastando apoiadores.

Ele também pode escolher nem vetar nem aprovar. Neste caso, o projeto volta à Câmara que promulga a iniciativa.

Massa Falida Da Laginha

Igor Telino, adminis-trador judicial

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