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Carta a meu pai

e dormi ao lado dele, ouvindo o barulho do Velho Chico. Hoje, já velhinha, relembro sempre esse momento encantador.

Torres Alari Romariz

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

Nada melhor do que recordar momentos felizes da infância e da adolescência! Afirmaria, sem medo de errar, que tive o prazer de ser guiada por meu pai, homem bom, sábio e verdadeiro.

Ainda menina, viajando no meio da noite de canoa pelo Rio São Francisco, sentindo saudades de minha casa, vi um barco se aproximando de onde eu estava com meus irmãos. Lá vinha nosso pai, que trabalhando pelo Sertão, resolveu fazer uma surpresa a seus filhos. Chorei de alegria

“manda quem pode; obedece quem tem juízo”. A maioria da população brasileira votou contra isso. Todavia, Lula parece estar querendo aplicar os mesmos princípios. Prometeu baixar a inflação, e apenas um mês e pouco do governo já pretende interferir em órgãos técnicos independentes, forçando-os a baixarem os índices a qualquer custo para agradar seus eleitores. De preferência, que tudo seja resolvido de um golpe só. Essa filosofia do IPPON não deu certo em passado recente, e a população, ao menos a imensa maioria, abomina essa fanfarronice. O mundo econômico é extremamente sensível, dentro daquela filosofia popular de que o órgão mais sensível do ser humano é o bolso. Assim, quando Lula abre a boca, falastrão que é, em geral sem ouvir os seus assessores econômicos, a inflação sobe, o Ibovespa cai, o dólar sobe, e todos sofremos. Infelizmente o grupo que o cerca, os petistas, são ávidos de poder, de mandar, de impor suas “verdades”. O estranho é que Lula, após tanto castigo sofrido, não tenha aprendido moderação. Aliás, parece que piorou muito. Quer ser “o Cara” a qualquer custo.

Outro problema que vem atrapalhando a sua governança é a “saudade” do Bolsonaro manifestada a cada entrevista, discursos, e que tais. Sempre traz o ex-presidente para o debate, tirando-o do ostracismo que lhe é bem merecido. Pretendendo inculpar Bolsonaro por culpas que realmente tem, acabará por transformá-lo em vítima, o que não é.

Vamos ver se o Carnaval, que aprecia com um cooler de cervejas nos ombros, de preferência, lhe é bom conselheiro, e ele comece a trabalhar, pois já é tempo.

O estranho é que Lula, após tanto castigo sofrido, não tenha aprendido moderação. Aliás, parece que piorou muito. Quer ser “o Cara” a qualquer custo.

Já adolescente, conversava constantemente com ele. Nossos dois irmãos mais jovens eram pequenos. Quando eles nasceram, afirmava aquele senhor loiro: “Esses dois pequeninos vieram ao mundo quando eu já tinha mais de cinquenta anos. Devo morrer e deixa-los novinhos. Você, então, cuidará deles. Não os deixe sofrer”!

Depois, um pouco mais maduro, olhava para o meu irmão mais velho e dizia: “Ele é um homem inteligente, mas sonhador. Não o deixe morrer como indigente”. Quando este adoeceu, lembrei-me da recomendação do nosso pai e fui verificar a gravidade do problema. Graças a Deus, ele, o primogênito, tinha plano de saúde e faleceu muito bem atendido.

Já no segundo ano científico, levava comigo para a escola duas irmãs, de nove e dez anos.

Ele, o velho pai, acompanhava minha dedicação com as belas meninas, acrescentando: “Tome conta delas, pois sua mãe é muito ocupada. A recompensa virá depois”!

Nas férias escolares, viajava para Penedo com meus três irmãos e cuidava dos dois menores. Escrevia para meu pai contando as aventuras do período de folga que gozávamos no momento. Ele devolvia as cartas, devidamente corrigidas, incentivando a alegria dos quatro filhos naqueles instantes de lazer.

Foi embora meu guia e grande amigo aos 67 anos, deixando nossa mãe bastante depressiva. Passei, então, a pedir a Deus que me mostrasse uma maneira de conversar com aquela criatura de quem fiquei órfã aos 38 anos. Deus me deu a graça de conversar com ele, em sonho.

Muito triste, passei a contar ao meu pai o que se passava com sua família depois que ele se foi. Embora acreditasse que lá do céu estaria sempre olhando por todos nós.

Meu irmão mais velho faleceu aos 65 anos, entretanto deixou os filhos devidamente encaminhados. Eu e todos meus sete irmãos nos casamos, tivemos filhos, netos, bisnetos e vamos caminhando pelas es- tradas da vida. Entretanto, a reunião de Natal que fazíamos na casa de uma daquelas meninas, que ajudei minha mãe a criar, deixou de existir.

Sabe meu querido velho, houve doenças graves em nossa família, mas, graças a Deus, tudo está sendo administrado pelos médicos.

A maravilhosa herança que você deixou para a caçula está sendo mal administrada e servindo para separar os irmãos. Com certeza, na hora do juízo final prestará contas de suas decisões.

O seu prazer de ir à “Helvética” comprar doces, bebidas e guloseimas importadas para comemorar festas de fim de ano, ficou somente no sonho desta hoje velha senhora. Atualmente, cada um festeja tais eventos com suas pequenas famílias.

Não sei por onde você anda, mas quero avisar ao senhor que perdi meu filho João e, por isso sou agora uma mulher triste.

De lá de cima, reze por todos nós e tente juntar a família que você criou com tanto amor.

Saudades eternas!

Não sei por onde você anda, mas quero avisar ao senhor que perdi meu filho João e, por isso sou agora uma mulher triste. De lá de cima, reze por todos nós e tente juntar a família que você criou com tanto amor.

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