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Arthur Lira leva rasteira, mas segue todo-poderoso
from Edição 1211
Presidente da Câmara assiste criação de bloco de oposição, articulado por Renan
ODILON RIOS
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Especial para o EXTRA
Opresidente da Câmara Arthur Lira (PP) tenta se recuperar da rasteira também promovida pelos senadores Renan Calheiros (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ajudaram na formação de um bloco com 142 deputados federais, acumulando seis ministérios e se tornando a maior força política na Câmara.
Neste grupo está o deputado Isnaldo Bulhões (MDB), cotado para ser o sucessor de Lira que busca o contraponto: a criação de uma força política ainda maior. “Sempre defendi a unidade para reduzirmos o número de partidos, fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário. Dessa forma, reafirmamos o compromisso com a democracia e o parlamento brasileiros”, disse buscando desviar os ódios do momento.
Ainda todo-poderoso em Brasília, sua briga com o Senado também envolve máxima pressão pelos restos a pagar do orçamento secreto junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Todo este movimento acabou no surgimento de uma força contrária: a criação de um bloco com MDB, PSD, Podemos, PSC e Republicanos.
O governo diz que nada tem a ver com este blocão. É uma frase de duplo sentido: apesar do PT, PSB e outros partidos mais ligados ao núcleo duro do poder lulista não estarem nesta lista, essa reunião de partidos vem bem a calhar:
- O governo constrói apoios para aprovar na Câmara o novo arcabouço fiscal;
- Há insatisfação na manutenção de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central.
Lira também atrapalha planos do Executivo e faz a defesa de um semipresidencialismo que, na verdade, significa transformar o presidente da República em figura decorativa. Mas, ao menos, por enquanto, foi o deputado quem acabou aloprando. E confirmando que Calheiros é a mais forte liderança a rivalizar com o presidente da Câmara.
E o senador se estimula a frear a ascensão política do deputado. Porque ele disputará a reeleição, mas também existe a segunda vaga no Senado, hoje ocupada por Rodrigo Cunha (União Brasil), que também se movimenta para a reeleição, apesar de nesta semana um assessor dele ter usado das redes sociais em tom de desabafo contra Lira. Os dois negam o rompimento. Os próximos passos de cada um mostrará mais que palavras.
Lira foi deputado estadual, “cresceu” na Assembleia Legislativa com os rastros monitorados pela Polícia Federal através
Com o orçamento secreto, Lira alcançou o seu ápice: conseguiu mandar mais que o próprio presidente da República. Mas, ao assistir a troca presidencial, quer continuar mandando. Com Bolsonaro era bem mais fácil.
Tamanho é o poder que acumulou que só depende dele o dia e a hora para fechar a aliança com o prefeito JHC (PL)- que parece não ter mais interesse em atrair o parlamentar. Aliás, Jota é o único político de grande expressão que Lira mantém contato. O governador Paulo Dantas (MDB) está no grupo dos Calheiros. Rodrigo Cunha tenta, mas ainda não conseguiu ganhar expressão e voz suficientes nem na política nacional nem na local. E neste embate Calheiros x Lira, não existe qualquer chance de surgir uma terceira via. Paulo Dantas escolheu seu lado; Jota e Cunha também serão obrigados a se ajustar aos moldes liristas porque ambos ainda não têm capilaridade entre prefeitos.
Crise artificial
Diante de todos, Lira construiu uma crise artificial -a do rito das medidas provisóriasporque existem R$ 16 bilhões de restos a pagar do orçamento secreto ainda não liberados por Lula.
Ao mesmo tempo, se mostra o ‘bombeiro’ dos incêndios que ele próprio cria, aumentando seu poder de barganha.
“Lira está cada vez mais espaçoso na sua relação com o governo. Ele está vivendo uma abstinência. Estava totalmente dependente do orçamento secreto e, agora, terá que conseguir recursos em condição de igualdade com todos os parlamentares”, disse o senador Renan Calheiros (MDB), escalado para ‘apertar’ Lira.
Disse também que o PT se precipitou em apoiar Lira na disputa à Presidência da Câmara porque era previsível o desfecho: o deputado seria reeleito, dificultaria o trabalho do governo e buscaria enfraquecê -lo para ganhar mais influência entre os parlamentares.
da Operação Taturana e, ao se mudar para Brasília, Eduardo Cunha lhe serviu para abrir portas e forjou a liderança que é hoje. O dinheiro é a base das coisas. Com o orçamento secreto, Lira alcançou o seu ápice: conseguiu mandar mais que o próprio presidente da República. Mas, ao assistir a troca presidencial, quer continuar mandando. Com Bolsonaro era bem mais fácil.
“Na medida em que o PT antecipou apoio ao Lira, no mínimo, o partido se apressou muito. Lira impõe dificuldades para que o governo monte uma base de sustentação. É uma maneira de enfraquecer o governo para que ele tenha mais poder e achacá-lo cada vez mais. Não se muda a Constituição com a Câmara usurpando uma competência fundamental do Senado”, disse o senador.