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À beira da extinção, PSDB procura novos

Rumos

Partido só conta com Pedro Vilela, sonho dos usineiros e derrotado nas urnas

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ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

Novos movimentos do PSDB nacional buscam ressuscitar o partido e fala-se até em filiar o ex-presidenciável Ciro Gomes na tentativa de reacender os ódios ao PT. Em Alagoas, os tucanos estão à beira da extinção e a tática nacional deve ajudar a atrair gente com voto na disputa por cargos, neste caso prefeituras e câmaras.

Há 20 anos, o PSDB era uma das maiores e mais poderosas siglas do país. Desde 1990 nunca deixou de disputar as eleições presidenciais. Elegia governadores em São Paulo desde Mário Covas. Agora só conta com três governadores, uma delas no Nordeste, Raquel Lyra (Pernambuco), quebrando a hegemonia da esquerda na terra onde Miguel Arraes fez carreira política e, após sua morte, os sucessores mantêm de pé seu legado.

Em São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) atraiu os conservadores que gravitavam nos frangalhos do PSDB. Ninguém do partido disputou a Presidência da República.

Em Alagoas, o PSDB sempre foi associado às pautas dos herdeiros dos extintos donos de engenho, hoje usineiros: menos Estado, mercado regulando a economia, mínimos direitos trabalhistas, políticas salvacionistas aos usineiros, eternos caloteiros oficiais dos cofres públicos.

O ex-governador Teotonio Vilela Filho segue como maior liderança, se aposentou da vida pública e não deixou herdeiros à altura e com votos. O sobrinho Pedro Vilela recusou a suplência de Renan Filho no Senado e perdeu as eleições a deputado federal. Abandonou as redes sociais (que ainda o tratam como deputado federal).

Também foi abandonada a conta oficial do PSDB no Instagram: última atualização foi em 15 de agosto do ano passado. No site, o último texto foi postado em 15 de março de 2020 e o senador Rodrigo Cunha ainda era tratado como a estrela do partido.

Cunha, aliás, foi considerado o responsável pela pá de cal no PSDB, segundo as constantes acusações das quais foi alvo, durante as eleições ao governo, deixando o partido do qual era presidente para ingressar no União Brasil, comandado por indicados do presidente da Câmara Arthur Lira (PP). Porém é um exagero. O crepúsculo do PSDB é também nacional e ele foi sendo construído passo a passo.

Nas eleições de 2014, Aécio Neves levantou dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Mas nunca teve provas. Foi obrigado a abandonar a tese em 2021 ao perceber que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) transformou a teoria em conspiração. Neste período, foi acusado de corrupção (2017) e ano passado foi absolvido pela 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo. O estrago permaneceu, mas Aécio não desistiu de reacender a cruzada contra o PT, duelo que se arrastou por 25 anos.

“O Brasil precisa compreender que há mais de uma alternativa ao petismo, que não é apenas o bolsonarismo, mas o centro responsável, experiente, qualificado. Nós temos que ocupar esse espaço com coragem, radicalizar no centro, nos assumirmos como um partido de centro, que é o que nós somos hoje” , disse o deputado tucano à Folha de São Paulo.

Também em 2022 a então deputada Jó Pereira foi a maior aquisição do PSDB, por graça e obra de Arthur Lira. Àquela altura Claudionor Araújo, membro histórico do partido, a então deputada federal Tereza Nelma e o ex-prefeito Rui Palmeira voaram do ninho tucano.

Jó era tratada como a terceira via eleitoral, fazia oposição sem fanatismo na Assembleia Legislativa ao então governador Renan Filho, mas acabou aceitando ser vice de Rodrigo Cunha. A estratégia não deu certo.

Em janeiro, Jorge Dantas, prefeito de Pão de Açúcar e filiado ao partido por três décadas, foi anunciado para o MDB dos Calheiros.

Nestes trancos e barrancos surge Ciro Gomes, uma liderança que o PSDB Nacional quer ombrear com novos nomes na sucessão presidencial como Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher agregando seu fanatismo religioso; Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais com o mercado acima de tudo e; Tarcísio de Freitas buscando reunir viúvos e viúvos do bolsonarismo.

Quem em Alagoas poderia assumir este novo PSDB, dando voz e fluidez aos gritos dos usineiros? Há chance de Rodrigo Cunha voltar ao partido, mas hoje sequer existe cogitação sobre isso. Há bastante tempo, creem alguns, nos arranjos eleitorais. Pode ser verdade. Ou blefe.

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