Dezembro de 2011 - Ensino Superior e Investigação

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EDIÇÃO ESPECIAL

Acção 04

Ensino Superior e Investigação Panorama de Acção

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Resolução sobre a acção reivindicativa

Greve Geral com muito impacto no Ensino Superior

Actualidade Intervenções 14

Mário Nogueira

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Rui Salgado

A

Greve Geral de 24 de Novembro – grito de protesto contra o empobrecimento da sociedade – foi uma das greves com maior adesão no ensino superior. Entre muito exemplos, registaram-se fortes adesões dos professores do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, das Faculdades de Ciências, Letras, Arquitectura, Ciências da Educação e Psicologia da Universidade do Porto, do Instituto Superior Técnico, da Universidade do Algarve, das Faculdades de Ciências e Farmácia da Universidade de Lisboa, do pólo de Ciências Sociais e Humanas da Beira Interior, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, do ISCSP da Universidade da Madeira, do pólo de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora, da Universidade de Aveiro e da Universidade do Minho. Esta adesão, como na altura sublinhou a FENPROF, é um sinal de rejeição clara das políticas deste governo para o país, em geral, e para o ensino superior, em particular. Políticas que dirigem os seus efeitos negativos ao estado social, pondo em causa o desenvolvimento humano e económico do país, atacando os direitos básicos dos cidadãos, particularmente dos trabalhadores que têm sido o principal e quase único alvo de uma feroz e terrorista política de austeridade.

ficha técnica

Sinal de esperança Mas esta adesão foi também um sinal de esperança, pois revela um crescente empenho dos professores e investigadores na defesa da qualidade do ensino e da investigação e na defesa da missão pública das universidade e politécnicos. “O futuro das universidades e politécnico está também nas nossas mãos, está na recusa de políticas ditadas por entidades externas, contra os interesses do povo português. Por estas razões, saudamos todos os colegas que hoje assumiram corajosa e determinadamente o seu protesto”, sublinhou no dia 24 de Novembro a Coordenadora do Departamento do Ensino Superior e Investigação, da FENPROF. | JPO

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João Cunha Serra

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António Nóvoa “A dimensão pública da Universidade”

23 Sessões Relatos 25 Internacional Intervenções Economia e Finanças 38

António Nabarrete Orçamento de Estado para 2012

Divulgação 39

“Exclusão Digital na Sociedade de Informação”

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editorial

RUI SALGADO (Coordenador do Departamento de Ensino Superior e Investigação FENPROF)

Conferência confirmou a importância da acção da FENPROF

1. Realizámos nos passados 4 e 5 de Novembro, na Faculdade a Educação, o Ensino Superior e a Ciência; o fim da autonomia das de Farmácia da Universidade de Lisboa, a nossa III Conferência instituições do ensino superior no que concerne às contratações de Nacional do Ensino Superior e da Investigação. Nos dois dias de novos docentes e investigadores. debates, com a participação de cerca de 150 delegados e convidados, A contestação generalizada à limitação da autonomia, que contou procurámos, como indicava o lema, “Afirmar o papel estratégico do com o envolvimento do CRUP, forçou a maioria que sustenta o governo Ensino Superior e Ciência”. O que significa, no presente, resistir e a recuar, aprovando na Assembleia da República a proposta apresentada defender o ensino superior, a ciência, a dignidade dos docentes e pelo PCP de retirar o artigo 42º da Lei do OE (que alterava o RJIES, investigadores, a escola pública e as suas instituições. E significa, reduzindo a autonomia) e a propor uma alteração ao artigo 43º, no claro, combater o desinvestimento no sector de que o Orçamento sentido de permitir que as instituições procedam a contratações, desde que estas não envolvam um aumento da massa salarial em relação a de Estado para 2012 é o pior dos exemplos. A riqueza dos debates e as conclusões a que chegámos justifi- Dezembro de 2011, ou que sejam efectuadas no âmbito de receitas cam que lhe dediquemos, quase por inteiro, este número do JFSup. transferidas pela FCT ou de outras receitas próprias. 2. A Conferência confirmou a importância da acção da FENPROF A aprovação destas alterações à Lei do Orçamento mostra que e dos seus sindicatos na defesa dos docentes do ensino superior mesmo na situação actual, é possível, lutando, forçar o governo a e dos investigadores. Num tempo em que os problemas que sen- inverter a sua política. Sendo positivas, estas alterações tem um alcance limitado, pois o principal constrangitimos no ensino superior decorrem, antes de mais, do ataque generalizado às funções mento para as contratações, bem como para sociais do Estado, a todos os professores e Como não podia deixar de todo o normal funcionamento das instituições a todos os que vivem do seu trabalho, fica ser a proposta de Orçamento encontra-se no subfinanciamento que se ainda mais clara a importância de inserirmos de Estado para 2012, e as acentua, e de que maneira, em 2012. a nossa actividade específica no quadro da consequências que terá nas 5. Realizada em Novembro, a Conferência maior e mais representativa organização nossas vidas, marcou presença aprovou por unanimidade um apelo à partisindical dos professores portugueses, e no no nosso debate e a sua cipação dos professores e investigadores quadro da CGTP, a grande central sindical denúncia ocupou um lugar na Greve Geral que decorreu no passado dos trabalhadores portugueses. A presença de destaque na moção que dia 24 de Novembro. Esta foi sem dúvida e participação de Mário Nogueira, Secretárioaprovámos uma das greve com maior adesão no ensino -Geral da FENPROF e de Manuel Carvalho superior. Tão forte adesão foi um sinal de rejeição das políticas deste governo para o da Silva, Secretário-Geral da CGTP, foram, por um lado, um testemunho da relevância que o movimento sindical ensino superior, contra a destruição do estado social, contra a uma português atribui ao ensino superior, à ciência e aos seus profissionais, politica económica contra os trabalhadores. A adesão à Greve Geral e por outro, do valor que os docentes do ensino e investigadores do foi também um sinal de esperança, pois revelou um forte empenho ensino superior, organizados nos sindicatos da FENPROF, dão à sua dos professores e investigadores na defesa da qualidade do ensino acção comum com os professores e educadores dos outros graus e investigação e na defesa da missão pública das universidade e de ensino e, em geral, com todos os trabalhadores. politécnicos. 3. A presença na conferência de dirigentes sindicais de Espa6. A Conferência identificou ainda algumas das fragilidades da nha, França, Irlanda e Dinamarca, fruto das ligações internacionais acção sindical da FENPROF no Ensino Superior e apontou linhas para que a FENPROF mantém com sindicatos do sector, permitiu um a sua superação. Temos de melhorar a comunicação com os sócios melhor conhecimento de outras realidades e fortalecer contactos e com o conjunto dos docentes e investigadores, temos de ter uma tão necessários em lutas comuns que urgem ser travadas também mais forte presença nas várias escolas, faculdades, politécnicos e à escala europeia. universidades, temos de melhorar o apoio aos sócios. Temos que 4. Como não podia deixar de ser a proposta de Orçamento de reforçar a actividade do Departamento de Ensino Superior e InvesEstado para 2012, e as consequências que terá nas nossas vidas, tigação. Urge ampliar a visibilidade da acção da FENPROF, a grande marcou presença no nosso debate e a sua denúncia ocupou um força organizada de todos os professores, no sector do Ensino lugar de destaque na moção que aprovámos. Foram três os pontos Superior e Investigação. No momento tão grave que estamos a em que concentrámos o nosso repúdio: O roubo dos subsídios de viver, precisamos de mais sócios, e de mais sócios envolvidos nas Natal e de férias, que se soma à continuação dos cortes salariais actividades sindicais, na reflexão, na construção de propostas, na efectuados este ano; o violento corte no Orçamento de Estado para intervenção e na organização das lutas.

JFSUP | Especial Dezembro 2011


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