Outubro de 2011

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Esclarecimento sobre a aplicação do acordo ortográfico Relativamente à ortografia dos textos publicados no JF, foi decidido: i) manter a ortografia antiga para todos os textos assinados que assim nos sejam enviados; ii) adoptar a ortografia aprovada pelo AO para os autores que assim o pretendam; iii) adoptar o AO para os textos não assinados. Este foi o procedimento que entendemos ser o que reúne o maior consenso, no respeito pelas liberdades individuais e a vontade de cada um. Independentemente da concordância ou não com as alterações decorrentes do novo acordo ortográfico, a FENPROF adoptou, como regra, a ortografia constante em textos oficiais, continuando, obviamente, a acompanhar, com interesse, o debate sobre esta matéria, aguardando serenamente pelo resultado da Iniciativa Livre de Cidadãos junto da Assembleia da República. Porém, de facto, na última edição do JF verificámos a existênciade incongruências entre títulos e textos, neste domínio. Por esse facto pedimos desculpa a todos os leitores, garantindo maior zelo na revisão e fecho desta edição. | Luís Lobo, chefe da redacção (objector de consciência em relação ao novo acordo ortográfico).

Tom do protesto São cada vez mais as vozes que se elevam para contestarem as políticas do governo, as ingerências da troica e as medidas que visam aumentar a exploração e o empobrecimento já postos em marcha, mas que tendem a acentuar-se no próximo orçamento do Estado, caso seja aprovado o projeto apresentado. São vozes muito importantes, com as dos trabalhadores anónimos que, cada vez mais, compreendendo a luta como inevitável a ela aderem… mas igualmente vozes com as de Januário Torgal Ferreira ou Vasco Lourenço fazendo lembrar que Abril não vai ser liquidado, assim, ao virar da esquina (ou do ano, politicamente falando)!

Em foco 04 Urgente! Reunião com o ministro para discutir cortes na educação

07 Dia Mundial do Professor: FENPROF assumiu compromisso com o futuro

08 Entrevista a Mário Nogueira É preciso mudar de rumo!

Ação 10 Contra a exploração e o empobrecimento CGTP–IN

12 Administração Pública: 5 perguntas e 5 respostas sobre uma luta fundamental

Salários 14 Esclarecimento da FENPROF à OCDE

15 Desmontar a vigarice!

Negociação 16 Avaliação do Desempenho: Declaração para a Ata

Profissão 18 Depoimentos sobre os horários de trabalho

18 Sobre os Rankings de escolas

20 Impressões: Mobilidade especial

Orçamento do Estado para 2012 É uma proposta de orçamento que, dado o seu carácter devastador, ameaça não deixar pedra sobre pedra, sendo que, a cada pedra, corresponde um trabalhador e, ao conjunto arquitetónico, o Estado Social. Os cortes na Educação, na Saúde, na Segurança Social ou nos rendimentos do trabalho (nomeadamente, salários e subsídios), a par das alterações propostas às leis laborais, para além de uma óbvia intenção economicista, constituem um violentíssimo ataque à matriz democrática da sociedade portuguesa, sendo, por essa razão, que “troicanos” estrangeiros e “troicanos” da casa continuam a encontrar-se para petiscarem na Constituição da nossa República, aguardando o dia de se atirarem a ela que nem gato a bofe…

Nacional 22 Concursos nacionais anuais e universais

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AEC ou ATL?! A quem interessa este modelo? Rogério Ribeiro

No quadro de tão feroz ataque, os profissionais da Educação não poderiam deixar de ser alvo principal desta sanha, como estão a ser. Em apenas dois anos, os professores perdem, em média, 30% do seu salário real e os indícios de que isso ainda não é tudo são muito preocupantes.

Contra os vilões, marchar, marchar!

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Nunca se viu uma coisa assim! Desta vez não é apenas o estatuto de carreira, ou o baixo valor da revisão salarial que fica aquém da inflação, ou a necessidade de reforçar mais as verbas para a Educação (e tudo isto já não seria pouco)… trata-se de um violento ataque ao trabalho, de uma dimensão nunca vista, designadamente no que respeita ao seu valor e às regras por que se regem as relações laborais. Um ataque que tem um objetivo estratégico a atingir, sendo, por esse motivo, que aponta a alguns dos pilares essenciais do Estado social, ou, melhor dizendo, do Estado democrático, tais como a Educação, a Saúde, a Segurança Social, bem como a diversas respostas sociais fundamentais para os cidadãos e as famílias mais fragilizadas, e ainda a justiça, a energia, os transportes, e a água… Na Educação, os cortes serão brutais fazendo baixar o valor das verbas, tendo por referência o nosso magro PIB, de 4,7% para 3,8% (cerca de 1.500 milhões de euros a menos), o que coloca o nosso país – que tanto necessita de investimento neste setor – no último lugar da tabela dos “27”. Assim, como combater o insucesso e abandono escolares? Como fazer para dar mais qualidade ao ensino? Como fazer para que a crática escola não seja a do antigamente só que em quadro interativo? Como fazer para que a escolaridade obrigatória, em fase de alargamento, se efetive? No quadro de tão feroz ataque, os profissionais da Educação não poderiam deixar de ser alvo principal desta sanha, como estão a ser. Em apenas dois anos, os professores perdem, em média, 30% do seu salário real e há indícios que apontam para cortes ainda maiores. São inúmeros os que já não sabem como continuar a honrar os seus compromissos e sentem-se desesperados com os cortes já impostos em 2011 a que se juntarão os anunciados para 2012: 5%,

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em média, em 2011; 3,2% de cerca de metade do subsídio de Natal de 2011; 14,3% dos subsídios de 2012; 6,6% de perda que resulta da inflação nestes 2 anos; congelamento das carreiras e roubo do tempo de serviço; fortíssimo aumento de impostos! O que sobrar dos salários terá de pagar contas que, pelas vias fiscal e da inflação, irão crescer muito. Ao contrário do que o ministro das Finanças tem afirmado, estes cortes salariais e dos subsídios não irão proteger o emprego. O desemprego está a aumentar e, este ano, só no grupo dos professores contratados, ficaram sem colocação mais 12.500 do que no ano anterior. Com o que prevê o orçamento do Estado para 2012, o desemprego irá disparar ainda mais. Números redondos e tendo em conta o que resulta dos valores previstos na proposta de Lei do governo, no próximo ano poderão ficar ainda mais 20.000 docentes contratados no desemprego e entre 8.000 a 10.000 docentes dos quadros poderão ser empurrados para fora destes. Um exemplo apenas: as alterações curriculares de Alçada (que eliminavam o par pedagógico na EVT) orçavam os 43 milhões de euros; as alterações curriculares previstas por Crato em sede de orçamento apontam para os 102 milhões. Ou seja, vão os professores de EVT e muitos milhares de outros das mais diversas disciplinas. Face a um assalto com estas dimensões – dizia-me, há dias, um amigo que já nem para a estrada os podemos mandar roubar, pois já nelas instalaram, nas SCUT, os pórticos para as portagens – temos de, convictamente, dar muito maior intensidade à luta e de, adaptando o verso de Henrique Lopes de Mendonça, afirmar alto “Contra os vilões, marchar, marchar!”… Se outros calam, cantemos nós! (Foram utilizadas, neste texto, as regras decorrentes do novo acordo ortográfico)

Quando é que brincam? Inês Matos

27 Qualificação: Novas ofertas públicas? Anabela Sousa

ficha técnica

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