Jornal Interação Diagnóstica #97 Abril/Maio17

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ABRIL / MAIO DE 2017 - ANO 16 - Nº 97

Valorização do radiologista

Embolização de Próstata Desenvolvido no InRad HCFMUSP, o procedimento de embolização de próstata ganhou reconhecimento internacional, tendo a frente o prof. Francisco Cesar Carnevale. Resultados de 10 anos de trabalho mostram o sucesso da iniciativa. Profissionais de diversas regiões vem a São Paulo para se especializar Pag.8

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Especialista brasileiro, Marcos Loreto Sampaio, radicado no Canadá, analisa o papel do radiologista, e enfatiza a necessidade do profissional interagir e participar cada vez mais na construção do diagnóstico. Professor na Universidade de Ottawa, mostra que naquele País o radiologista atua como um consultor. Veja mais na pag. Pag. 9

Pesquisas brasileiras abrem novas frentes na luta contra os efeitos do Zika virus

studo pioneiro para tentar explicar o mecanismo das lesões cerebrais relacionadas ao Zika vírus traz novas informações que estão mudando o rumo das pesquisas na busca de soluções para este flagelo que preocupa as autoridades e, por isso mesmo, não pode sair da pauta. Pernambuco, estado que viveu intensamente a experiência desse grave surto de Microcefalia, atingindo 398 bebês, de agosto de 2015 a julho de 2016, encabeçou essa mobilização, já que o Governo do Estado entendeu a gravidade e criou grupos de estudos. Em nossa edição anterior, o médico ultrassonografista Pedro Pires, um dos líderes dessa mobilização, já despertava para o assunto, mostrando a seriedade do trabalho, abrindo portas para que o ID Interação Diagnóstica acessasse toda a extensão do trabalho. Um dos profissionais deste grupo, a dra. Patricia Jungman, patologista e imunologista clinica, com o apoio das

Colonografia por TC no rastreamento do câncer tem sido subutilizada

Dra. Patricia P. Cardia

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dras. Angela Rocha, Regina Coeli Ramos e Patricia Travassos, a partir das imagens ultrassonográficas fetais e dados clínicos dos bebês fornecidos pelo dr. Pedro Pires, avançou nas pesquisas, como mostra matéria de capa desta edição, nas pags. 5 e 6, elaborou a hipótese de apoptose patologicamente induzida como causa das várias alterações graves no cérebro dos bebês. E, o trabalho avançou. Na sua busca, envolveu o Hospital Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco, cientistas da Força Tarefa do Zika vírus, liderada Universidade de São Paulo e levou o assunto para o Institut Pasteur de Paris. Hoje o trabalho dá subsídios para pesquisas em laboratórios mundo afora. Já foram detectados avanços com receptores celulares que servem de porta de entrada para o vírus e que podem ser bloqueadas. Estratégias vacinais estão em curso com a mesma finalidade. Veja muito mais nas pags. 5 e 6.

Boa prática médica e as relações humanas

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Dr. Dario A. Tiferes

provada recentemente pelos órgãos reguladores nos Estados Unidos, a Colonografia por TC pode ser uma importante opção para o diagnóstico do câncer de colon e um conforto a mais para os pacientes idosos. “Esta é uma decisão que muitos defensores da técnica dizem ter demorado demais, pois as pesquisas – como enfatiza a profa. Judy Yee, da Universidade da Califórnia – confirmam a segurança e a efetividade da colonografia por TC. No rastreamento do câncer de cólon tem sido uma estratégia “subutilizada”. O ID Interação Diagnóstica repercutiu o conteúdo da matéria, publicada pelo RSNA News, com especialistas brasileiros, a dra. Patricia Prando Cardia, do Centro Radiológico Campinas do Hospital Vera Cruz, e o dr. Dario Tiferes, da Fleury Medicina Diagnostica. Ele enfatiza que a técnica precisa ser mais divulgada na classe médica, que precisa abraçar a idéia de se qualificar para o atendimento”. Confira na pag. 5.

Dr. Antonio Soares de Souza, ao centro, ladeado pelos drs. Carlos Homsi, presidente eleito da SPR, e Adelson André Martins, vice presidente do CBR

e encontro a uma tendência mundial, que tem como propósito fortalecer mais a figura do médico radiologista dentro da equipe multidisciplinar, a 47ª Jornada Paulista de Radiologia inicia os seus trabalhos com um tema central inédito na sua história: a boa prática médica e as relações humanas. Priorizando, ao longo de década o acesso tecnológico, que é a essência do seu trabalho, a JPR coloca em pauta esse novo desafio, diante de tantas evidências que alimentam as discussões sobre o futuro do radiologista: a digitalização, o laudo a distância, equipamentos autooperados e a inteligência artificial. O evento marca também a posse da nova diretoria, que terá a frente o presidente eleito, dr. Carlos Homsi (foto). Pag. 10.

VEJA No Application, artigos de atualização e de revisão produzidos pelos principais centros especializados. Saiba um pouco mais sobre Rastreamento de Câncer de Pulmão, Futuro do ensino, o uso da imagem como metodologia ativa; Padrão de realce perivascular no sistema nervoso central; Avaliação ultrassonográfica da infertilidade masculina e Atualização técnica para o exame do plexo braquial.


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EDITORIAL Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

Avanços na pesquisa fortalecem a luta contra o Zika virus

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s números não são tão atuais, mas, com todas as divergências estatísticas tão comuns no Brasil e América Latina, nos permitem ter uma ideia da gravidade do problema. Imprecisos, discordantes, mas, com toda certeza preocupantes, refletem a gravidade e prenunciam um futuro incerto para uma geração de crianças. Por isso não pode sair da pauta. Pacientes afetados pelo fenômeno Zika vírus em 2016, aproximaram-se da casa dos 200 mil casos e, a maioria deles está muito distante dos planos de saúde, dos convênios, das salas de espera. Ocorrem nesses na periferia das grandes cidades e imensos rincões do nosso imenso País. Quem se preocupa com a Saúde Pública está atento e preocupado em buscar caminhos, atenuar efeitos vê tudo isso com muita insegurança. Uma legião de pesquisadores, muitos deles quase anônimos, está debruçada sobre o problema que já não é apenas nacional, mas, prolifera com uma eficiência surpreendente por todo o mundo, motivada pelo intenso turismo a regiões afetadas. O mapa mundi ficou pequeno e já não é o mesmo. A proliferação da doença se faz mais rápido que a informação digital. Só nos Estados Unidos, recentemente foram constatados 42 casos, num curto período de tempo. E, uma legião de instituições, como a Fiocruz, a USP, a Universidade de Pernambuco, e outras tantas, mobilizam os seus poucos recursos, seus cérebros, na busca de soluções que beneficiem os atingidos pela doença e em programas de prevenção para que esta estatística não cresça muito mais. E, no momento em que se abre o maior evento da América Latina, a 47ª Jornada Paulista de Radiologia, em parceria com a Sociedade Francesa de Radiologia, focada nas “relações humanas e a boa prática médica”, o tema

é muito atual, pois, a imagem com todo o seu potencial tecnológico é um recurso fundamental em todo o processo, ao lado da patologia e da infectologia. Ela permite constatar, confirmar e avaliar a intensidade e a gravidade do problema. Nos principais surtos de doenças infectocontagiosas a França esteve sempre muito próxima ao Brasil, com instituições de referência, como o Pasteur, e vale lembrar do o surto de AIDS, da Febre Amarela e do próprio Zika vírus. A pesquisa é a soma de tudo isso e tem que estar integrada, como mostra a entrevista que fizemos com a dra. Patricia Jungman, da Universidade de Pernambuco, num trabalho de “formiguinha”, envolvendo peixes grandes como o Institut Pasteur, de Paris, a Universidade e de São Paulo e a Fundação Instituto Oswaldo Cruz. Mostra também o trabalho de outro grupo de Pernambuco, que apresentou sua pesquisa no ECR (Congresso Europeu de Radiologia). Na saúde vivemos momentos que vão da Histeria ao Silencio, mas, nesse caso, agora há muita gente trabalhando em silêncio, oferecendo o melhor de si. Para mostrar tudo isso existem os jornais, também, pois é preciso falar do que está sendo feito de bom. Estar atento a tudo que acontece, para o bem ou para o mal, mas, estar atento. Esta é a missão do jornal. E, pelo conteúdo desta edição que marca os 16 anos do ID Interação Diagnóstica, uma folheada pelas nossas páginas, permite constatar que muitas coisas boas estão sendo feitas, que a especialidade como um todo – vencendo convênios, medicina de grupo, remuneração inadequada – está fazendo a sua parte. Conteúdo nacional e internacional de alto nível, com o respeito e a ética que os assuntos merecem. Por tudo isso, vamos comemorar. Boa JPR para todos.

NOTA DA REDAÇÃO

Esforços para ampliar a visibilidade e o alcance das notícias O ID surgiu para ser bimestral. A cada dois meses, com um conteúdo selecionado, exaustivamente trabalhado, busca atingir o segmento da área da imagem na sua diversidade, embora sem a totalidade. Há pouco mais de três meses, ampliamos a nossa tiragem através do recurso digital, para 35 mil nomes, em todo o País. Com toda certeza nos aproximamos da totalidade. Mas, o envio digital enfrenta barreiras tecnológicas, restrições, spam, etc. etc. Procurando aprimorar esse envio, a partir desta edição o ID Interação Diagnostica circulara mensalmente, com dois envios: um a cada mês. No primeiro mês, a versão impressa e a versão digital, no segundo, apenas a versão digital, com atualizações para que não “sejamos furados” em temas de relevância. Na linguagem jornalista, o segundo “clichê”, ou a edição extra dos tempos em que não havia internet. Quem ganha: o público leitor, pois terá uma chance dupla de receber o veículo, e nossos anunciantes que terão um reforço na veiculação do seu anúncio.

C E N T R O D E E S T U D O S R A D I O L Ó G I C O S “ R A FA E L D E B A R R O S ”

Cursos Avançados em Diagnóstico por Imagem

PROGRAMAÇÃO 2017 MAIO 6 e 7 Curso Ecocardiografia e US em Emergências e UTI (curso novo) 19 e 20 Curso Hands On de Radiologia Oncológica Hepática (curso novo) 19 a 21 Curso de Imagem Neurovascular 26 e 27 Curso Ultrassonografia Avançada Sistema Musculoesquelético - Prático (curso novo) 26 a 28 Curso ACR Bi-Rads: Enfoque Prático e Correlação com a Ultrassonografia

Prof. José Lázaro de Andrade, Dr. Pedro Mendes, Dr. Dalton de Souza Barros e Dr. Leandro Utino Taniguchi Prof. Manoel de S. Rocha e Dr. Regis O. França Dra. Paula R. Arantes e Dra. Lívia Morais Dr. Felipe Carneiro Dr. Nestor de Barros, Dr. Flávio Spinola Castro e Dr. Carlos Shimizu

JUNHO 2 a 4 9 e 10 22 a 24 30/6 a 1/7 30/6 a 2/7

Curso Teórico-Prático de Imagem Vascular Angio TC e Angio RM Curso: Radiologia de Emergência (curso novo) Curso Hands On de Radiologia Oncológica do ICESP Curso Densitometria Óssea para Médicos Curso Física de RM

Dr. Thiago Dieb R. Vieira Dr. Paulo Savóia, Dr. Fábio Vieira e Dr. Shri K. Jayanthi Dr. Marcos R. Menezes e Dr. Márcio Ricardo Garcia Dr. Flávio Spinola Castro e Dr. Rubens Schwartz Dra. Maria Concepción G. Otaduy

Centro de Estudos Radiológicos “Rafael de Barros “ – CERB Centro de Treinamento InRad: Travessa da Rua Doutor Ovídio Pires de Campos, 75, Portaria 1, Cerqueira – César São Paulo, SP Fone: (11) 2661-7067 – e-mail: centrodetreinamento.inrad@hc.fm.usp.br – site: inrad.hc.fm.usp.br

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O BIMESTRE Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

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ão José do Rio Preto – Internacionalização do Manoel de Abreu – Para os que não sabem, as raízes do Clube Manoel de Abreu, braço do interior da SPR, estão calcadas em São José do Rio Preto, onde foi fundado por uma confraria de amigos, que a memoria já não me permite relacionar. E, para encerrar o mandato do dr Antonio Soares de Souza, a reunião do sábado, sem perder o clima de confraternização, foi em Rio Preto, e trouxe convidados argentinos e do Rio de Janeiro, cada um trazendo sua colaboração para o enriquecimento dos profissionais, no cotidiano de suas atividades. O radiologista argentino, Cláudio Bonini, especialista em pâncreas, observou que é de suma importância ficar atento durante um exame de rotina para cálculos na vesícula, por exemplo. Já o radiologista Hugo Guerra, também trouxe seu conhecimento para dividir com os presentes, enfatizando a dificuldade em se diagnosticar algumas doenças. Mesmo com

Os convidados argentinos e grupos de radiologistas brasileiros que marcaram presença no evento

os avançados serviços de imagemo medico deve se especializar mais em cada área de interesse. “É preciso muito conhecimento clínico”, disse. Outro que também alertou para a importância de atentar para minúcias, durante um exame radiológico, foi Douglas J. Racy, radiologista de São Paulo, que res-

saltou ser preciso um olhar mais apurado para as imagens das vesículas seminais. O especialista observa que entre outras informações, elas podem guardar tumores, raros, mas muito graves, que devem ser extirpados de forma precoce. E, Tufik Bauab Jr. ex-presidente da SPR, e um dos articuladores

desse movimento de internacionalização da SPR, enfatizou a importância desses encontros que só tendem a agregar informação aos participantes, que ficam atualizados com tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo. “Sempre ajuda a elevar o nível do profissional e na qualidade diagnóstica”.

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io de Janeiro – Nova diretoria se mobiliza – Depois de um período de transição, tendo a frente o prof. Hilton Augusto Koch, a Sociedade de Radiologia do Rio de Janeiro elegeu sua nova diretoria, que passa a ser constituída pelos seguintes membros: Leonardo Kayat Bittencourt, presidente, Robero Cortes Domingues, tesoureiro, Hilton Augusto Koch, secretário geral, Antonio de O. Siciliano, diretor cientifico, Alessandro Severo Alves de Melo, diretor de Defesa Profissional, Carlos Alberto M. de Souza, vice presidente da Reunião Nicola Caminha, Luiz Fernando S. de Souza. Na foto o dr. Leonardo Bittencourt, que já está fechando a programação da reunião conjunta SPR/SBRAD para Campos do Jordão.

Dr. André Scatigno Neto

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Dr. Rubens Schwartz

ão Paulo – Novos membros do Conselho Editorial – Ao longo destes 16 anos, o ID Interação Diagnóstica tem contado com o apoio de um Conselho Editorial constituído de nomes de referencia na especialidade, que nos brindaram com sua confiança e participação, sempre que necessário. E, no momento em que iniciamos esta nova idade, passaremos a contar com a experiência de outros dois grandes nomes da especialidade que já nos tem ajudado, na solução de duvidas e no encaminhamento de conteúde. São eles, o dr. Rubens Schwartz e dr. André Scatigno Neto, do InRad HCFMUSP, com grande experiência na área de densitometria óssea, radiologia e demais métodos.

Nota oficial do CBR sobre o composto Gadolineo

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iante das informações que estão sendo divulgadas por agências reguladoras internacionais, que têm conduzido investigações em farmacovigilância sobre compostos de gadolínio, o CBR, órgão representativo da radiologia brasileira, emite este comunicado com o objetivo de esclarecer a comunidade sobre os aspectos envolvidos nessa questão. Compostos à base de gadolínio constituem meio de contraste para exames de Ressonância Magnética em uso há mais de 25 anos, período em que mostraram elevada eficácia e benefício diagnóstico, sendo extremamente úteis em várias situações clínicas. Nos últimos anos, relatos têm sido feitos sobre o depósito de gadolínio em áreas cerebrais de pacientes que utilizaram formas lineares do produto, principalmente após exposições repetidas. Por outro lado, de acordo com a literatura médica, até o momento não há evidências conclusivas de que estes depósitos estejam relacionados a efeitos clínicos comprovados, o que demonstra a incerteza dos resultados obtidos e a necessidade da realização de maiores estudos. Este processo de vigilância farmacológica internacional tem sido acompanhado pelo CBR, não existindo, até o momento, consenso entre os órgãos de farmacovigilância quanto a alterações na conduta de uso dos contrastes paramagnéticos. Como preconizado na boa prática médica, o uso do gadolínio deve ser sempre ponderado, com a sua prescrição somente justificável pelo benefício no procedimento diagnóstico em questão. Em virtude do exposto, o Colégio Brasileiro de Radiologia reforça o seu comprometimento com os aspectos de segurança, e recomenda que toda a comunidade radiológica e demais profissionais de saúde permaneçam atentos quanto ao desenvolvimento deste assunto. NR. O American College of Radiology também se posicionou sobre o assunto, definindo suas posições em relação ao documento emitido pela ESR. Em nossa proxima edição vamos repercutir o assunto.

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ATUALIDADE Por Luiz Carlos de Almeida e Sylvia Veronica Santos (SP)

Reconhecida nos EUA, colonografia por TC é subutilizada no Brasil

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Aprovada por agências reguladoras dos EUA, a indicação da colonografia por TC pode ser um atrativo para muitos pacientes ajudando-os a se submeter ao teste, para a prevenção do câncer de cólon.

indicação da colonografia por tomografia computadorizada (CTC) como uma opção de exame para rastreamento de câncer de colorretal foi reconhecida pela USPSTF (Força Tarefa de Assuntos Preventivos) nos Estados Unidos, o que abre uma nova frente de trabalho para os radiologistas no país. “Esta é uma decisão que muitos defensores dizem ter demorado demais”, enfatizou Mike Basset, em artigo publicado na RSNA News, ao aplaudir a decisão da Força Tarefa, que coloca o método como uma das opções para rastreamento de câncer colorretal, juntamente com a colonoscopia, a sigmoidoscopia flexível, a pesquisa de sangue oculto nas fezes em teste de resina de guaiaco, o exame imunoquímico fecal e o exame de DNA fecal. No Brasil, a colonoscopia por TC é indicada para a complementação diagnóstica de uma colonoscopia tradicional incompleta, ou seja, a colonoscopia em que não

Dr. Perry Pickhardt

houve a progressão do aparelho endoscópico a partir de um certo ponto do cólon. A dra. Patricia Cardia, do Centro Radiológico Campinas do Hospital Vera Cruz, explicou que a colonoscopia virtual como método de rastreamento do câncer colorretal é pouco reali-

Dra. Patricia Prando Cardia

zada no Brasil. Quando indicada com esta finalidade, na maioria das vezes, os pacientes apresentam contraindicações à realização da colonoscopia tradicional, a exemplo do uso de anticoagulantes ou de anestésicos. O documento publicado pela USPSTF reafirma uma recomendação prévia da Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society) que, desde 2008, inclui a CTC como um dos métodos indicados para o rastreamento de pólipos e câncer colorretal em adultos com idade entre 50 e 75 anos. Em seu comunicado de recomendação, a Força Tarefa declarou que a realização de exames para rastreamento de câncer colorretal tem sido uma estratégia de saúde preventiva substancialmente subutilizada. A dra. Judy Yee, professora e vice-diretora de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Universidade da Califórnia em São Francisco, e presidente do Comitê para Câncer do Cólon da Escola Americana de Radiologia, comentou que as pesquisas demonstram a efetividade e segurança da colonografia por TC como ferramenta de exame de câncer colorretal. “É um exame seguro e minimamente invasivo que pode ser atrativo para muitos pacientes, ajudando a levá-los a se submeter ao teste” Nos Estados Unidos, a Lei de

Assistência Acessível exige que planos de saúde privados cubram todos os exames reconhecidos pela USPSTF, e os Centros de Serviços Medicare e Medicaid provavelmente vão liberar a cobertura da colonografia. Já no Brasil, o exame não consta nas tabelas de procedimentos diagnósticos de planos de saúde. Por esta razão, a maioria dos convênios não inclui a colonografia na cobertura. Há convênios que, no entanto, permitem a realização o exame registrando-o como TC de abdome total. O dr. Dario Tiferes, do Fleury Medicina Diagnóstica, confirmou que a CTC é pouco difundida no Brasil, o que se deve principalmente ao fato de que o procedimento não está incluso na tabela de serviços dos convênios médi-

“É um exame seguro e minimamente invasivo que pode ser atrativo para muitos pacientes, ajudando a levá-los a se submeter ao teste” (Dra. Judy Yee) cos. “Esta situação desestimula os médicos a estudarem e se especializarem na técnica. No entanto, a CTC tem muitas vantagens para os pacientes e pode ser realizada em qualquer tomógrafo a partir de 16 canais de corte. Beneficia sobretudo idosos, por ser exame rápido, sem anestesia ou necessidade de internação, e com dose de

radiação muito baixa. É possível detectar grande parte dos pólipos pré-malignos e o câncer colorretal. A técnica deve ser mais divulgada na classe médica, que precisa

Dr. Dario Ariel Tiferes

abraçar a ideia e se qualificar para o atendimento”, defendeu.

Exame tem bons resultados A dra. Patrícia Cardia afirmou que, em sua experiência clínica, os pacientes toleram bem o exame e geralmente retornam às suas atividades habituais imediatamente, apresentando apenas leve desconforto pela distensão abdominal, que é temporária. “Os resultados com a técnica assemelham-se aos da literatura, com maior acurácia do método em lesões maiores que 6 a 10 mm. As principais vantagens são a segurança do exame, rapidez e ausência de sedação anestésica. Como desvantagem, o fato de não ser possível a realização de biópsias em achados positivos da colonografia, sendo necessário prosseguir a investigação com a colonoscopia endoscópica”, disse a especialista. Para evitar a realização de um novo preparo intestinal para a colonoscopia, a dra. Patricia Cardia revelou que alguns centros diagnósticos do exterior realizam a leitura do exame de colonografia por TC logo após a obtenção das

imagens do exame tomográfico, permitindo encaminhar imediatamente os pacientes que tenham resultados positivos na colonografia para a colonoscopia, a fim de fazer biópsias ou ressecção de pólipos. “O caminho inverso é realizado com certa frequência nas instituições brasileiras, com os pacientes sendo encaminhados para colonografia assim que se obtém uma colonoscopia endoscópica incompleta”, destacou a médica. O dr. Perry Pickhardt, professor de radiologia da Universidade de Winsconsin, em Madison, e membro da Rede de Consultores de Informações Públicas da RSNA, avaliou que a USPSTF estava hesitante em dar sinal verde à colonografia por preocupações relacionadas à exposição à radiação associada ao exame, bem como a resultados extracolônicos que podem ser um subproduto do exame.

Dra. Judy Yee

Ele apontou que pesquisas têm demonstrado um possível benefício na detecção de resultados extracolônicos incidentais, tais como aneurismas da aorta anteriormente ocultos e osteoporose. Por outro lado, os potenciais prejuízos relacionados incluem a possibilidade de mais procedimentos, maiores despesas e ansiedade para o paciente. Fontes: RSNA News e reportagem local.

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MATÉRIA DE CAPA Por Sylvia Veronica Santos (SP)

Pesquisadores brasileiros apontam novos caminhos para a compreensão dos efeitos do Zika vírus O estado de Pernambuco viveu a experiência do grave surto de microcefalia que atingiu 398 bebês entre agosto de 2015 e julho de 2016, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde. Desse total de crianças que receberam o diagnóstico de microcefalia, 180 tiveram resultado laboratorial positivo para o Zika vírus. O problema da microcefalia continua a preocupar especialistas no mundo inteiro. No estado de Pernambuco foi desenvolvido um estudo pioneiro para tentar explicar o mecanismo das lesões cerebrais relacionadas ao Zika vírus. A devastação provocada no cérebro dos fetos intrigava o grupo de médicos que ainda acompanham os casos dos bebês microcefálicos no Estado.

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m dos profissionais deste grupo, a dra. Patrícia forneceu informações para o estudo? Jungmann, decidiu aprofundar o estudo sobre Dra. Patricia – Para compreender os achados de o assunto a partir da análise de imagens ultrasimagem do dr. Pires, nós dois avaliamos vários exames sonográficas fetais, de tomografias de recémde ultrassonografia fetal. Ouvi detalhadas explicações -nascidos e dados clínicos de bebês, obtidos sobre a análise daquelas imagens. A partir daí eu comecei ate então, para tentar entender o que causava tais alterações a estudar o assunto em profundidade, a pesquisar o que no cérebro dos fetos. poderia estar na base daquelas alterações tão dramáticas. A partir de evidências originárias na clínica e em Decidi ir ao setor de infectologia pediátrica do Hospital imagens médicas, a especialista em patologia e imunoOswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco, e ver logia elaborou, ainda em dezembro de 2015, a hipótese de perto os bebês afetados que estavam em investigação de teratogênese por apoptose patologicamente induzida diagnóstica e acompanhamento clínico. Inteirei-me sobre como causa das várias alterações graves no cérebro dos as condições clínicas gerais com dra. Ângela Rocha e fiz bebês. várias correlações clínicas Segundo o algoritmo com resultados de outros etiológico construído pela métodos de exames. Por pesquisadora, o Zika vírus fim, procurei a dra. Patrícia seria um agente indutor Travassos, nossa colega da apoptose, potencialide turma e especialiszando patologicamente ta em análise de líquido um mecanismo seletivo já cefaloraqueano (LCR), existente no processo de e assisti pessoalmente desenvolvimento do cérepunções lombares em bebro. Este tipo de processo bês afetados em início de é o que explicaria o fato investigação. Meu choque objetivo de não terem sido emocional como mãe e imencontrados sinais clínicos pacto profissional foi total ou laboratoriais de reação ao ver de uma vez só seis inflamatória no sistema bebês, quase da mesma nervoso central de bebês idade, todos visivelmente afetados, o que seria de microcefálicos, na fila de Dra. Patricia Jungman, da Universidade de Pernambuco se esperar no caso da ação espera para o atendimenlesiva direta de origem viral convencional. Em entrevista to em LCR. Este momento foi decisivo para que eu me exclusiva ao jornal ID Interação Diagnóstica, a especialista determinasse a tentar responder as perguntas sobre como contou a experiência que viveu ao acompanhar os casos aquilo acontecia no cérebro fetal. Passei então a analisar de Zika vírus em imagens de fetos e sobre os avanços da detalhadamente os resultados de cerca de 120 exames de pesquisa sobre sua descoberta – que deverá permitir delilíquor para integrar meu raciocínio etiológico. near mecanismos de ação a fim de estruturar estratégias de combate aos efeitos do vírus. Patrícia Jungmann é especiaID – Qual a participação dos colegas de trabalho lista em Patologia Cirúrgica, tem mestrado em Patologia e na análise dos casos? é doutora em Imunologia – pelo Institut Pasteur de Paris, Dra. Patricia – Pedro Pires foi o grande incentivador e professora adjunta do Departamento de Patologia da do meu trabalho, com os seus casos em gestação. Além Universidade de Pernambuco (UPE). dele, as especialistas em infectologia pediática do Hospital Oswaldo Cruz, as dras. Ângela Rocha, Regina Coeli Ramos ID – Como iniciou a pesquisa sobre a relação e Patrícia Travassos, foram fundamentais para dar substrato entre a microcefalia e o Zika vírus? clínico e laboratorial observável aos algoritmos que montei Dra. Patricia Jungman – Nosso trabalho foi iniciado relacionados ao mecanismo de formação da microcefalia. a partir do questionamento, perplexo e insistente, do meu Minha hipótese foi montada em bases clínicas e sem o concolega de docência na Universidade de Pernambuco, o dr. forto da comprovação etiológica, que veio posteriormente. Pedro Pires, cujo extraordinário trabalho já foi tema de No início de janeiro de 2016, a associação do Zika vírus com matéria no jornal Interação Diagnóstica. Pedro Pires é o a microcefalia foi demonstrada pela detecção de genoma especialista em medicina fetal para quem foram referenviral em fluído amniótico de dois fetos microcefálicos pela ciados os primeiros casos de microcefalia detectados em dra. Adriana Melo e colaboradores. Este achado positivo gestação no estado de Pernambuco. Eu sou patologista e ele, completamente novo demandou maior esforço de raciocínio ultrassonografista. Sabendo da minha formação em patoloe pesquisa, pois não sabíamos quase nada a respeito desse gia, imunologia e em pesquisa, me questionou sobre como vírus. Fomos então recolhendo informes científicos, evidênaquelas alterações do cérebro em bebês durante a gestação cia após evidência, oriundas das publicações científicas que poderiam acontecer, tal era a angústia por explicações para se seguiam, atualizadas a cada 24 horas. Os dados colhidos o fenômeno. Não tínhamos a mínima ideia, na época, da se encaixavam muito bem nas sequência algorítmica que causalidade do fenômeno e do processo patológico subjaeu havia montado. cente. A possibilidade de correlação com o Zika vírus era apenas alusiva, em função da ocorrência concomitante de ID – Como repercutiu o seu trabalho entre pestrês arboviroses em transmissão ativa em Pernambuco – quisadores ? Dengue, Chikungunya e Zika. Dra. Patricia – Compartilhei minha hipótese etiológica com a Rede de Cientistas da Força Tarefa do Zika Vírus, ID – De que maneira a experiência vivenciada liderada pela Universidade de São Paulo e os profs. Paolo durante a ocorrência dos casos em Pernambuco Zanotto, Patrícia Braga e Jean Pierre Peron, em dezembro de

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2015. O trabalho da profa. Patrícia Braga, da USP, publicado na revista Nature com Fernanda Cugola, apresentou o primeiro modelo experimental de microcefalia induzida pelo Zika vírus e mostrou indicadores in vivo de que a minha hipótese de teratogênese por apoptose patologicamente induzida fazia todo o sentido. ID – Poderia explicar a sua hipótese e a relação com a apoptose? Dra. Patricia – A hipótese baseou-se no fato de que, ao observar os recém-nascidos vivos afetados e que prosseguiram em acompanhamento nos sistemas de saúde, notei que apresentavam várias alterações graves no cérebro, alterações no crânio, na face e em alguns casos alterações esqueléticas congênitas, no entanto sem nenhum sinal clínico ou laboratorial de reação inflamatória no sistema nervoso central que pudesse ser associada a uma ação lesiva direta de origem viral convencional. Sendo assim, postulei que o Zika vírus não mata a células infectadas em desenvolvimento, mas induz as células precursoras ao “suicídio”. O suicídio celular é conhecido como morte celular programada – ou apoptose – que é um fenômeno que naturalmente ocorre durante o desenvolvimento do SNC e de outros tecidos. No SNC, as melhores células e conexões são selecionadas pelo organismo para a formatação do encéfalo enquanto as que não alcançaram um estágio de diferenciação e posicionamento correto são eliminadas. Propus que a presença do vírus, reconhecidamente neurotrópico, em precursores neurais poderia perturbar os programas de diferenciação celular e acelerar exponencialmente esse processo de exclusão de células defeituosas, que é atrelado a uma resposta fagocítica imediata, sem indução de reação inflamatória, a qual seria altamente danosa ao SNC. ID – Em que estágio o trabalho se encontra e contribuirá para criar estratégias que evitem a entrada do vírus nas células? Dra. Patricia – O trabalho dá subsídios a estas tentativas feitas em laboratórios de investigação experiemental mundo afora. Em ambientes internacionais de pesquisa, já foi detectada uma série de receptores celulares que servem de porta de entrada para o vírus e que podem ser bloqueados com agentes moleculares. Estratégias vacinais estão em curso com esta mesma finalidade. ID – Qual o percurso do seu trabalho pelo mundo até agora? Dra. Patricia – Apresentei os meus estudos na USP, para uma missão internacional do Institut Pasteur e OMS ao Brasil, para avaliação de vários aspectos ligados a esta epidemia. Nesta visita as minhas ideias foram avaliadas tecnicamente pela primeira vez pelos cientistas franceses com grande aceitação, e fui convidada a apresentar o trabalho em nível conceitual no maior evento até então organizado sobre o assunto, o International Zika Summit, no Institut Pasteur, em Paris. Em seguida, gravei aula para o programa internacional de educação em saúde, o MOOC (Massive Open Online Course). No Brasil, meu trabalho foi apresentado no Encontro de Cientistas Brasileiros sobre o Zika vírus, promovido pelo Instituto Butantan, e no Simpósio Internacional Beyond Zika, da iniciativa tripartite entre a USP, a Fiocruz e Institut Pasteur de Paris. Também participei da reunião Executiva Internacional da Organização Mundial de Saúde para a definição da Síndrome Congênita do Zika vírus em agosto

CONTINUA


MATÉRIA DE CAPA Por Sylvia Veronica Santos (SP)

Pesquisadores brasileiros apontam novos caminhos para a compreensão dos efeitos do Zika vírus de 2016, e logo depois da Reunião Técnica do Ministério da Saúde e Organização Panamericana de Saúde para a definição de políticas públicas para vigilância, diagnóstico e assistência à saúde na epidemia de Zika e microcefalia no Brasil, em setembro de 2016. ID – Reconhecido o mérito cientifico, quais serão os próximos passos? Dra. Patricia – Devido ao reconhecimento do mérito científico do conteúdo conceitual de nosso estudo e da necessidade de uma abordagem prática de alta tecnologia para a demonstração do conceito-base, recebi um apoio internacional em caráter extraordinário da Organização Panamericana de Saúde e da Organização Mundial da Saúde para realizar um treinamento em desenvolvimento do neurocórtex humano no Centro de Neurociências da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde passei 2 meses. Neste período, apresentei a pesquisa nos departamentos de Neurociências, Neuropediatria e de Virologia da Universidade da Carolina do Norte e no Centro de Neurociências da Duke University, no laboratório do professor Miguel Nicolelis. O treinamento na universidade da Carolina do Norte forneceu conhecimento para abordagem celular e molecular do neurodesenvolvimento humano e para estabelecer as bases de uma plataforma experimental, em parceria internacional, com vistas a realizar estudo de cortes de cérebros de necrópsia de natimortos e recém-nascidos portadores de microcefalia relacionada ao Zika vius, em Pernambuco e eventualmente de outros estados. ID – Conte-nos como acontece o trabalho de confirmação da hipótese, desde o final do ano passado. Dra. Patricia – A hipótese da apoptose está na rota de várias abordagens experimentais sobre essa doença. Isto porque sinais capazes de desencadear o suicídio célular podem vir de vários níveis diferentes dentro da célula precursora neural. Em razão da falta de laboratórios especializados em culturas celulares neurais humanas em Pernambuco, a confirmação da hipótese vem progredindo em outros laboratórios capacitados em âmbito nacional e em laboratórios internacionais de pesquisa que dispõem dessa tecnologia. No Brasil, o principal deles é o laboratório da dra. Patrícia Braga, na USP, com quem estou atualmente associada para desenvolvimento de protocolos experimentais. Aqui em Pernambuco eu integro a equipe de médicos liderada pela neuropediatra Vanessa van der Linden para estudar a evolução a longo prazo dos bebês afetados e levantar mais evidências que validam a hipótese. ID – Qual o papel da tecnologia para comprovação em nível molecular? Dra. Patricia – O processo já está em curso nos laboratórios que investigam as múltiplas vias intracelulares que disparam a cascata enzimática da apoptose. A partir dos esforços de vários pesquisadores, muitos aspectos do acionamento da rota da apoptose na infecção pelo Zika virus já estão demonstrados. Hoje a ciência é multicêntrica nas suas ações e muitos cientistas se dedicam ao mesmo tema simultaneamente e em colaboração aberta. ID – Como analisa o legado de toda esta experiência na criação de maior consciência por parte dos médicos com relação aos cuidados na avaliação do SNC em fetos? Dra. Patricia – A conscientização sobre os cuidados na avaliação do SNC de fetos incide de forma particularmente importante na área da medicina fetal. Tivemos o prazer de apresentar o nosso trabalho no Congresso Brasileiro de Ultrassonografia e os profissionais da área tiveram contato com a realidade de que a hipótese da apoptose nasceu no berço da imagem da medicina fetal. Dr. Pedro Pires proferiu cursos sobre o tema no Brasil inteiro treinando especialistas médicos para interpretação de imagens de ultrassonografia de fetos suspeitos ou portadores dessa malformação e criou algoritmos de imagem – usados pelo Ministério da Saúde e pela OMS – para conduzir avalições fetais detalhadas durante a gestação.

CONCLUSÃO X

Participação de cientistas brasileiros é destaque no ECR 2017 Pesquisadores de Pernambuco apresentaram trabalhos sobre a Síndrome do Zika Congênita

Dra. Maria de Fatima Vasco Aragão, ladeada pelo prof. Paul Parizel, presidente da ESR, e membros da organização do evento e convidados.

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o Congresso Europeu de Radiologia (ECR), realizado em Viena, na Áustria, no último mês de março, a infecção pelo Zika Vírus foi tema de uma conferência especial proferida pela dra. Maria de Fátima Viana Vasco Aragão, presidente da Sociedade de Radiologia de Pernambuco (SRPE). A especialista foi convidada pela Sociedade Europeia de Radiologia para apresentar o seu trabalho no desenvolvimento da neuroimagem com o tema How to recognise Zika virus infections on imaging studies. A médica revelou dados sobre epidemiologia, achados ultrassonográficos no pre-natal e mostrou a experiência do grupo de pesquisadores de Pernambuco que trabalha pelo entendimento da síndrome congênita causada pelo Zika Vírus. “A grande incidência de casos de microcefalia aconteceu em novembro de 2015. Entretanto, houve redução do número de nascidos com a síndrome após este período, durante o ano de 2016 e até agora, com pequenas flutuações”, comentou a dra. Maria de Fátima. O professor Paul Parizel, presidente da Sociedade Europeia de Radiologia (ESR), destacou que o Congresso Europeu de Radiologia teve número recorde de participantes nesta última edição, um total de 25 mil profissionais, e também na quantidade de resumos submetidos, 6.757, com um aumento de 22,8% em relação ao ano anterior. A ESR tem mais de 69.300 membros. A organização do ECR levou ao evento mais de mil residentes, que receberam passagens, hospedagem e inscrição gratuita por meio do programa Invest in the Youth por terem enviado os melhores trabalhos. As residências médicas do estado de Pernambuco participaram ativamente da programação científica do ECR 2017, presencialmente ou a distância, com submissão e aprovação de diversos trabalhos científicos. Uma das residentes, Mariana Barros Falcão da Paixão Grando, sob a orientação da dra. Andréa Farias, foi uma das vencedoras do Invest in the Youth.

Síndrome do Zika Congênita e microcefalia primária: diferenças relevantes

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microcefalia primária e aquela provocada pela Síndrome do Zika Congênita têm origens distintas que devem ser esclarecidas pelos médicos à população a fim de evitar equívocos comuns com relação aos quadros clínicos e à evolução dos pacientes. Mais frequentemente causada por mutações genéticas, a microcefalia primária pode ou não interferir no crescimento do córtex cerebral já nos primeiros meses do desenvolvimento fetal. “A microcefalia primária pode não vir acompanhada de alguma outra anomalia neurológica exceto, em alguns casos, déficit intelectual de intensidades variáveis, e não há anomalias esqueléticas ou de outra natureza a ela associadas”, lembrou o dr. Thomaz Gollop, professor livre-docente em genética médica pela Universidade de São Paulo. Já a microcefalia secundária ocorre por causas do meio ambiente e compromete fetos ou recém-nascidos e até adultos que originalmente são normais. “São as agressões decorrentes do excesso de ingestão de álcool na gravidez (Síndrome do Álcool Fetal), agentes infecciosos, como as síndromes congênitas da rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose, Prof. Tomas Gollop, da FMUSP. sífilis e, atualmente, a síndrome congênita do Zika. Esta última tem, além da microcefalia, lesão irreversível do cérebro, dilatação dos ventrículos cerebrais, calcificações intracranianas, lesões oculares e auditivas e, em alguns casos, artrogripose. É um quadro clínico gravíssimo que vai muito além da microcefalia isoladamente e traz grave déficit intelectual e motor. A microcefalia é, entre outras manifestações desta síndrome, um de seus sinais e não é o mais grave seguramente”, apontou o especialista.

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INOVAÇÃO

Embolização de próstata já beneficiou 300 pessoas no Brasil País é referência mundial na técnica que mostra resultados positivos, com rápida recuperação do paciente e sem os riscos da cirurgia tradicional

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m nove anos de utilização da técnica de embolização da próstata em pacientes com sintomas do trato urinário inferior por hiperplasia prostática benígna (HPB), 300 pessoas foram beneficiadas pelo tratamento realizado no Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InRad - HCFMUSP). O prof. Francisco Cesar Carnevale, diretor do Serviço de Radiologia Vascular Intervencionista do InRad e responsável pelo trabalho, avalia que o número de atendimentos é extremamente importante já que são observados resultados satisfatórios em curto, médio e longo prazos nos pacientes tratados, com sucesso acima de 90% na melhora clínica. “Conseguimos hoje identificar os pacientes considerados melhores e piores candidatos ao tratamento. Ou seja, o critério de seleção para a cirurgia é muito mais claro. A técnica da embolização de próstata iniciou há 10 anos, em março de 2007, e inicialmente foi testada em animais. Naquela época, fui para os Estados Unidos realizar os estudos e a experiência técnica em cachorros, quando foi confirmado que o tratamento levava à redução do tamanho da próstata nos animais”, recordou o prof. Carnevale. O procedimento de embolização da próstata é minimamente invasivo, com anestesia local e não necessita de internação. Um cateter de dois milímetros de diâmetro é introduzido na artéria femoral e, sob orientação de um aparelho que emite raios X, o tubo é dirigido até a próstata e uma substância feita de resina acrílica inofensiva ao organismo é injetada no local com o objetivo de reduzir a circulação sanguínea. Como resultado, a próstata diminui de tamanho,fica mais macia e reduz a obstrução da uretra, permitindo a passagem da urina. A técnica foi desenvolvida no InRad e é utilizada em parceria com a Disciplina de Urologia e o Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da USP. De acordo com o prof. Carnevale, os dados coletados em conjunto com grupos de especialistas de Milão e Cuneo, na Itália,

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Grupos procuram o InRad em busca de qualificação, com o prof. Francisco Cesar Carnevale

Paris e Miami foram submetidos ao FDA (Food and Drug Administration), o órgão do governo dos Estados Unidos responsável pelo controle dos alimentos e medicamentos, para que a embolização seja reconhecida como alternativa de tratatamento desta doença. “O agente embolizante está em fase de pré-aprovação pelo FDA para que possa ser utilizado. Na Europa, já é usado regularmente. O agente provoca oclusão da artéria da próstata, que se torna mais macia, o que melhora os sintomas da HPB. A técnica acabou de ser reconhecida na Coreia do Sul e um dos seus especialistas, o professor John Park, esteve no InRad recentemente em treinamento para a utilização do método”, comentou o especialista. Ao avaliar os 10 anos de trabalho para o desenvolvimento da técnica de embolização de próstata, o prof. Carnevale destacou o ganho de credibilidade baseado nos resultados positivos. “Não existem os riscos da cirurgia tradicional, a exemplo de disfunção erétil, sangramentos, incontinência urinária ou ejaculação retrógrada. Replicamos a técnica realizando no InRad o treinamento de profissionais americanos, coreanos, russos, europeus. Nas publicações sobre o assunto, os médicos citam a autoria da USP. Além disso, uma vez por ano, em parceria com a Sociedade Européia de Radiologia Intervencionista (CIRSE), realizamos e oferecemos a capacitação de médicos do mundo inteiro em embolização da próstata”, revelou. A partir de 2016, de acordo com Resolução do CFM, iniciamos o treinamento e capacitação de médicos de todo o Brasil que estejam interessados neste tipo de terapêutica. Para isto, há a necessidade de haver um hospital devidamente equipado e com o trabalho conjunto de urologistas e radiologistas intervencionistas. Grupos de diferentes estados do Brasil já foram certificados. O professor Francisco Carnevale foi indicado pela Sociedade Americana de Radiologia Intervencionista (SIR) para a premiação de Fellow, título concedido a menos de 10% dos radiologistas intervencionistas em atividade nos Estados Unidos. A entrega do título ocorreu em março, em Washington, D.C., durante Congresso da SIR.


ENTREVISTA Por Sylvia Veronica Santos (SP)

“O radiologista precisa expor mais a importância do seu papel na construção do diagnóstico médico” Especialista brasileiro que atua no sistema de saúde canadense fala sobre a sua experiência internacional e como vê o papel da radiologia na atenção ao paciente

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m dos professores do módulo de radiologia musculoesquelética do Imagine 2017 viveu uma experiência especial nos dias do evento. Há quase dez anos atuando fora do país, o dr. Marcos Loreto Sampaio trocou experiências com profissionais da Universidade de São Paulo, onde fez a residência médica e o programa de fellowship no início da carreira. O dr. Marcos Sampaio é professor do Departamento de Radiologia da Universidade de Ottawa. Ele também faz parte da equipe de ecografia muculoesquelética (MSK) no Hospital de Ottawa, no Canadá, desde 2009. Especialista em radiologia musculoesquelética, foi nomeado o melhor professor clínico por estudantes de graduação, residentes e bolsistas de radiologia na Universidade de Ottawa. No módulo musculoesquelético do Imagine 2017, Marcos Sampaio ministrou aulas sobre artrites; as diferenças entre as espondiloartrites e a doença degenerativa; as lesões e estratégias de imagem no peitoral maior; e os casos difíceis e surpreendentes do sistema musculoesquelético. O especialista conversou com a reportagem do jornal ID Interação Diagnóstica sobre as suas experiências no sistema de saúde canadense. “Na região onde moro existe uma espécie de mini SUS, que atende uma população de 35 milhões de pessoas, com o governo como fonte pagadora. A medicina que fazemos lá é mais prática e racional do que a do sistema brasileiro. Os planos de exames para diagnóstico e tratamento são mais rigorosos, há maior controle para que sejam realizados somente os exames necessários. É um modelo parecido com o que eu vivenciei quando fazia a minha residência médica aqui no Hospital das Clínicas de São Paulo”, comentou. Uma das características mais relevantes do modelo de atuação do radiologista no contexto que vivencia no Canadá, ressaltou o dr. Sampaio, é que o profissional trabalha como consultor de saúde e tem participação ativa e por vezes decisiva na definição dos exames mais adequados para casa caso. “O radiologista tem liberdade inclusive para cancelar e substituir exames. A radiografia, por exemplo, é mais utilizada do que aqui no Brasil”, avaliou. Uma das aulas ministradas pelo dr. Marcos Sampaio no Imagine, sobre artrites, abordou um tema que é pouco explorado na formação dos radiologistas. “Na época em que estudei aqui na USP, esta matéria não era oferecida. Conheço as lacunas do currículo e por isso procuro contribuir de alguma forma. De maneira geral, a formação que recebi no Brasil foi muito rica na parte médica. Lidamos com casos complexos e estamos mais preparados para a aplicação”. Na rotina de trabalho no sistema de saúde canadense, o dr. Marcos Sampaio destacou que o laudo do radiologista é um documento que traz indicações de tratamento, em um trabalho personalizado de atenção ao paciente. “A comunicação entre o radiologista e o médico solicitante dos exames, que muitas vezes é o médico da família, é mais intensa. Discute-se mais o tratamento, a medicação, nossa participação no diagnóstico é maior”, explicou.

O desenvolvimento da inteligência artificial e do aprendizado de máquina, considerado por alguns profissionais como algo que pode ter impactos negativos na função do radiologista, não se trata de uma ameaça na opinião do dr. Marcos Sampaio. “A decisão final sobre um diagnóstico ou tratamento sempre será humana. Os sistemas de saúde pretendem descobrir como controlar doenças gastando menos. Por outro lado, a comunicação entre as especialidades, cirurgião e radiologista, por exemplo, foi se tornando menos frequente no Brasil. O radiologista precisa expor mais a importância do seu papel na construção do diagnóstico médico”

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EVENTO Por Cecília Dionizio (S. J. do Rio Preto)

JPR 2017: novo aplicativo promoverá maior interação entre os participantes

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uando a 47ª Jornada Paulista de Radiologia abrir as portas entre os dias 4 e 7 de maio, no Transamérica ExpoCenter, em São Paulo (SP), os participantes vão começar a viver uma experiência de interação sem precedentes na história do evento. É que o aplicativo há alguns anos lançado especialmente para divulgar os conte-

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O evento é uma parceria entre as Sociedades Paulista e Francesa de radiologia údos da Jornada este ano ganhou novas funcionalidades. O app vai permitir que os profissionais participem de todas as aulas e demais eventos, além de proporcionar melhor intercâmbio com os demais congressistas. Na plataforma, estarão disponíveis feed de notícias da Jornada, agenda personalizada, sistema de votação para os casos do dia, ferramentas de busca, leitor de QR Code, game com

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Nelson M. Gomes Caserta

do Departamento de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp; e o patrono do evento, dr. César Augusto de Araújo Neto, professor do Departamento de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Carlos Homsi eleito presidente da SPR

erca de 250 profissionais da área de radiologia se reuniram nos dias 17 a 19 de março para a eleição da nova diretoria da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR). O evento ocorreu sob a batuta da diretoria atual da SPR, presidida pelo radiologista Antônio Soares Souza, cujo mandato se encerra em junho próximo. Por aclamação, foi eleito para o biênio 2017-2019 o radiologista Carlos Homsi, atual vice-presidente da entidade. O encontro ocorreu em São José do Rio Preto, na tradicional reunião do Clube Manoel de Abreu, que teve como temas próstata e retroperitônio. Carlos Homsi destacou que o desafio é melhorar ainda mais os trabalhos desenvolvidos pela atual gestão. Ele, que integra a diretoria desde 2009, destacou o apoio de uma equipe comprometida. “Quero poder aperfeiçoar ainda mais os processos administrativos e a plataforma online, além da produção de conteúdos e os investimentos nos cursos avançados”, detalhou. O presidente do conselho consultivo,

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Cesar A. Araujo Neto

pontuação e ranking, entre outras novidades. O tema principal deste ano é Radiologia Francesa: As Relações Humanas e a Boa Prática Médica. Esta edição do evento é uma parceria entre as sociedades paulista e francesa de radiologia. Tradicionais na seção de abertura da JPR, as homenagens este ano serão para o presidente de honra da Jornada, Nelson Caserta,

Antônio José Rocha, um dos organito substancial no número de membros zadores dos cursos de educação contida sociedade, que hoje são quase seis nuada e complementação da formação mil, segundo ele, resultado concreto médica do radiologista, falou sobre da atuação e da dedicação de toda a suas expectativas com a próxima gesdiretoria. “A filosofia da SPR é seguir tão da SPR. “A gestão atual foi muito crescendo. A cada gestão atuamos com profícua e atendeu uma demanda planejamento e isto permite que o sócio importante em boa parte do Estado. entenda a importância de participar de É um privilégio para a radiologia uma instituição que agrega qualidade e oferecermos tanto conteúdo de qualiaprendizado de forma perene. dade, inclusive em plataforma online”, Ao contrário de outras entidades disse. A distribuição dos cursos visa que lamentam a crise, a SPR pode coa atender desde o recém-formado até memorar ter crescido neste período”, os profissionais experientes que estão garantiu Antônio Souza. em busca de especialização em cursos Dr. Carlos Homsi, presidente eleito, que sucedará a Antonio Soares O radiologista Ricardo Baaklini, de Souza, ao centro, ladeado pelo dr. Adelson A. Martins, vice presinas mais diversas áreas. “Vamos dar dente do CBR para São Paulo. ex-presidente da entidade e que atua continuidade à produção de cursos em Marília (SP), observou que, a cada que foi um período rico e que exigiu uma para especialistas que desejam saber mais mandato, a entidade segue se expandindo. dedicação total, e destacou a implantação da sobre neurorradiologia, ortopedia, musculo“Comparativamente aos países do primeiro plataforma online denominada de STATdx. mundo, não deixamos nada a dever, tanto esqueléticos, entre outros”, explicou. “Sou muito grato por ter podido contar, em científica quanto tecnologicamente. Embora Balanço da gestão atual todo o mandato, com a cooperação de várias o punch deles ainda seja maior, não ficamos sociedades de diversas partes do mundo”. Ao realizar um balanço da gestão atual, o atrás. Sem falar que na América Latina somos O radiologista falou ainda sobre o aumenpresidente, Antônio Soares Souza, observou líderes na área da radiologia”, apontou.


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Novo Centro de Detecção de Câncer HU-USP O serviço é fruto da parceria Japão-Brasil que irá modernizar e agilizar diagnósticos além de promover trabalho colaborativo com hospitais nipônicos

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erá início em maio, o funcionamento de um novo Centro de Detecção de Câncer (CDC), no Hospital Universitário (HU), da Universidade de São Paulo (USP). O serviço é fruto da parceria de um projeto de cooperação médica entre Brasil e Japão, que vai implantar a modernização do parque de equipamentos de radiologia e implementar o sistema de telemedicina, em colaboração com outros hospitais. Participam do projeto o HU, a empresa japonesa Fujifilm e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) – órgão do governo japonês destinado a apoiar o crescimento e estabilidade socioeconômica de países em desenvolvimento. Representantes das instituições ligadas ao projeto se reuniram para celebrar a implantação do CDC, no último dia 20 de março, em São Paulo. Dentre os objetivos está o de elevar o nível dos serviços oferecidos pelos hospitais nipônicos, no Brasil, explica Eduardo Tugas, diretor da área médica da FujifilmBrasil. “Estes hospitais vão poder se conectar ao HU para que possam trocar experiências com os profissionais deste hospital e aumentar a sua qualidade diagnóstica”, diz. A JICA entrou com o financiamento en-

Autoridades presentes numa foto para marcar o grande acontecimento, como enfatizam, o prof. Claudio Campi,do HU, e Eduardo Tugas, da FujiFilm, na reportagem.

quanto o HU com a sua estrutura, equipe médica, e com equipamentos que recebeu através de doação pela Fuji. Ao longo de dois anos, será desenvolvido um projeto de pesquisa no CDC, onde serão realizados estudos e diagnósticos nas áreas de câncer colorretal, gástrico, de mama e de colo uterino. Futuramente, o câncer de pulmão e de próstata também farão parte das operações. A previsão é que o serviço esteja em funcionamento até maio deste ano.

Parceria entre hospitais Para dar suporte ao projeto, a agencia japonesa também está financiando a implantação de um moderno programa de armazenamento e distribuição de imagens radiológicas no HU. O software PACS (sigla para Picture Archivingand Communication System), associado à modernização das instalações, fará sessões de telemedicina e telerradiologia. Após os

dois anos de vigência do projeto de pesquisa, a posse do software passa a ser da USP. Por meio deste recurso, o HU irá assistir dois hospitais nipônicos no Brasil: o Santa Cruz, em São Paulo, e o Hospital Amazônia, em Belém do Pará. Conectados em uma mesma rede, eles irão compartilhar materiais e realizar conferências para avaliações e diagnósticos em conjunto. O prof. Cláudio Campi de Castro, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), afirma que com este projeto, a Fuji doa para o HU novos equipamentos de radiografia computadorizada. “Eles não exigem mais que se usem filmes fotográficos para a obtenção dos exames e facilitam o processo de digitalização das imagens. Além destes, a empresa também fornece ao hospital placas digitalizadoras para serem usadas nos equipamentos de raios-X analógicos já existentes”. Segundo o prof. Campi, a modernização dos equipamentos representa uma melhoria da infraestrutura permanente, já que as novas tecnologias passam a ser de posse da USP. Ainda que o desenvolvimento das pesquisas médicas previstas no projeto se dê com membros da comunidade universitária, as instalações atenderão toda a população que frequenta o HU.

Hospitalar Feira+Fórum vai abordar os desafios dos sistemas de saúde diante do envelhecimento da população mundial As novidades tecnológicas, soluções para a segurança dos pacientes e a reconhecida gestão da saúde holandesa são destaques do evento

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24ª edição da Hospitalar Feira+Fórum, de 16 a 19 de maio, em São Paulo, vai apresentar aos visitantes soluções e produtos de empresas focadas em diagnósticos clínico e por imagem, além de serviços e tecnologia para reabilitação, inovações e políticas públicas voltadas à qualidade de vida de pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e idosos. Uma das atrações do evento é o HIMSS@HOSPITALAR, fórum que irá disponibilizar conteúdo especializado em tecnologia avançada para o setor da saúde, resultado do acordo de cooperação firmado com a HIMSS (Healthcare Information and Management Systems Society), organização global sem fins lucrativos dos Estados Unidos. Para discutir a segurança do paciente como um dos aspectos da qualidade dos sistemas e serviços de saúde, a feira terá mais uma edição do CISS (Congresso Internacional de Serviços de Saúde), com a realização de debates sobre o envelhecimento global, as tecnologias inovadoras e os modelos de cuidados de saúde. O sistema de gestão de saúde holandês, considerado pela terceira vez consecutiva o melhor do continente europeu, segundo a Euro Health Consumer Index, será um dos temas do CISS. O governo holandês enviará para o fórum uma delegação

para compartilhar políticas e programas de saúde utilizados na Holanda, e ainda modelos assistenciais implantados no país, nos últimos 15 anos. Entre os palestrantes do evento, estarão o vice-ministro de Saúde do Ministério de Saúde, Bem-Estar e Esporte, Bas van den Dungen; a diretora internacional da Buurtzorg Neighborhood Nursing, Gertje van Roessel, que dará detalhes de como a organização holandesa passou a oferecer cuidados de enfermagem em domicílio, e tem gerado inúmeros empregos no país; o fundador da ParkinsonNet, Bas Bloem, que fará uma abordagem inovadora sobre a plataforma que oferece informações e serviços a milhares de pacientes holandeses que têm doenças degenerativas, como o Parkinson. Simultaneamente, haverá exposição de uma área exclusiva de facilities, projeto em conjunto com a L+M, que terá propostas inovadoras para otimizar as operações de hospitais e clínicas, com redução de custos e ganho de eficiência. “Estrategicamente faremos dois espaços: o Facilities Innovation, com experiências e simulações realistas para empresas de facilities e da cadeia da saúde; e o Facilities Education, com exposições e workshops, conectando as companhias de facilities e o nosso setor”, explicou Mônica Araújo, diretora da feira.

Rodada Internacional de Negócios A ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), por meio de seu projeto Brazilian Health Devices em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), vai realizar a Rodada Internacional de Negócios durante a Hospitalar. A ação promove as exportações da indústria brasileira da saúde por meio da aproximação entre empresas nacionais e estrangeiras interessadas em adquirir produtos, artigos e dispositivos médicos. “Na edição passada, a feira mostrou excelência em sua estrutura nos pavilhões e conteúdo dos congressos. Durante os quatro dias, tivemos a oportunidade de nos aproximar ainda mais de vários países”, avaliou Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da ABIMO.

24ª Hospitalar Feira+Fórum Quando: 16 a 19 de maio de 2017 – das 11h às 20h Onde: Pavilhão Expo Center Norte – São Paulo (Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme) Informações: www.hospitalar.com

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ENTREVISTA Por Lucila Villaça e Luiz Carlos de Almeida (SP)

Hologic instala escritório em SP com planos para toda a America Latina

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Com expressiva presença no mercado latinoamericano, a Hologic planeja aumentar sua participação no mercado de mamografia e levar mais informação aos radiologistas da região por meio de workshops e educação continuada. Para isso, acaba de instalar uma sede em São Paulo para dar suporte à operação

íder no mercado de mamógrafos com tomossíntese na América Latina, como informa Fernando Davico, Vice Presidente da Hologic para a América Latina, a iniciativa vai reforçar ainda mais sua presença na região. Com a nova base, a Hologic pretende expandir seus negócios por meio da difusão da informação, promovendo workshops, webinars pela internet e um canal de educação online – para este último, a empresa vai buscar parcerias com universidades e associações médicas. Outra importante novidade a caminho que será apresentada na Jornada Paulista de Radiologia (que acontece em maio), é uma nova mesa de biópsia, a Affirm Prone Biopsy System, que dá a possibilidade de realizar biópsias 2D ou 3D com uma qualidade de imagem igual aos mamógrafos mais avançados. Para falar sobre os novos planos da empresa o ID – Interação Diagnóstica conversou com Fernando Davico, em sua nova sede, em São Paulo. Confira abaixo detalhes da conversa. ID – A Hologic abriu um escritório em São Paulo para atender toda a América

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Latina. Por que escolheram o Brasil? Fernando Davico – Dependendo do segmento, o Brasil representa no mercado de aparelhos médicos, entre 40 e 50% do volume da América Latina. Então, devido à sua representatividade, é natural ter uma base no Brasil. Além disso, em nossas linhas de negócios, ainda temos uma presença corporativa limitada na região, e com o novo time regional pretendemos reforçar nossa presença na área de imagem e lançar outras linhas da Hologic nas áreas de diagnóstico e de cirurgia. ID – Neste projeto, como vai se beneficiar a área de imagem? FD – Primeiro com uma maior presença corporativa em cada um dos mercados da América Latina, ou seja, estaremos mais perto dos clientes e dos usuários e assim poderemos entender melhor as necessidades locais e desenvolver nossa cadeia de distribuidores. Segundo, os produtos lançados nos EUA demoram muito a chegar aqui. Vamos minimizar este atraso, lançando os produtos o mais rápido possível. E terceiro, vamos entender as necessidades dos mercados locais para tentar adequar, se for possível e/ou necessário, os produtos da Hologic para a nossa região. ID – Hoje a Hologic ocupa uma boa posição no mercado no Brasil. A empresa está se preparando para lançar novos produtos? FD – A inovação é parte do DNA da Hologic. Nos próximos anos esperamos lançar produtos em cada uma das divisões. Especificamente na área de Breast, por exemplo, vamos levar para demonstração na Jornada Paulista de Radiologia a Affirm Prone Biopsy System, atualmente em fase de aprovação pela ANVISA, e esperamos que esteja disponível no Brasil ainda este ano. O

próximo lançamento será um novo sistema para em até 40% o recall segundo estudos realizabiópsia a vácuo que permitirá ter a imagem da dos(1). A tecnologia da Hologic é a que tem a amostra em tempo real durante o exame. O maior evidência clínica do mercado. nosso objetivo é fornecer uma solução completa Hoje oferecemos diversos tipos de mamóna área de mama. grafos, dos de entrada até os Além da divisão de top de linha. Todos utilizam Breast Health and Skeletal, a mesma tecnologia e isso Hologic conta com outras possibilita que os nossos duas divisões: uma na área clientes possam evoluir ao de diagnóstico, com prolongo dos anos mantendo dutos para Biologia Moleos equipamentos de base e cular e Citologia em meio adicionando novas funcioliquido, e outra na área cinalidades aos mesmos por rúrgica, com produtos para meio de novos software, de cirurgias ginecológicas miacordo com a necessidade nimamente invasivas. Em de cada cliente. Garantimos breve teremos novidades assim que os investimentos das duas divisões para a dos clientes tenham mais América Latina. valor ao longo do tempo. ID – Qual o diferenID – Fale sobre os cial da nova mesa de Fernando Davico, da Hologic planos da Hologic de biopsia? investir em difusão de FD – A Affirm Prone Biopsy System é a informação e educação. primeira mesa para biópsia de mama 2D e 3D FD – A Hologic está comprometida com com uma qualidade de imagem igual à dos a educação profissional, pois esta é uma área mamógrafos mais avançados do mercado. Com chave para todos nós. Queremos manter o ela é possível identificar a lesão com a mesma nível de qualidade e aumentar o número de qualidade e sensibilidade de nossa tecnologia médicos a terem acesso às nossas tecnologias de mamografia com tomossíntese. A tecnologia e treiná-los. Para isso teremos uma combinada mesa permite ter acesso de 360° à mama, ção de estratégias: daremos continuidade ao tornando o procedimento mais simples e conseinvestimento em workshops de treinamento; guindo alcançar lesões em áreas de difícil acesso disponibilizaremos webinars com conteúdo sem necessidade de reposicionar a paciente. de valor para toda a região que serão desenID – A Hologic foi pioneira na mamovolvidos por líderes de opinião internacionais grafia com tomossíntese. Qual a diferença e regionais; e implementaremos também uma desse equipamento para a mamografia metodologia de educação online que será uma tradicional? plataforma com módulos de treinamento sobre FD – É clinicamente comprovado que temas específicos, adequados às necessidades exames de mamografia por tomossíntese com de cada país. nossa tecnologia detectam 41% mais cânceres (1) Friedewald S, Rafferty E, Rose S, et. invasivos de mama e simultaneamente reduzem al. JAMA 2014.


ABRIL / MAIO DE 2017 - ANO 16 - Nº 97

Rastreamento por imagem do câncer de pulmão Introdução

Figura 1. População alvo de rastreamento de neoplasia pulmonar por TCBD. O câncer de pulmão é uma das neoplasias malignas mais frequentes do mundo, sendo. POPULAÇÃO ALVO o segundo câncer mais incidente em ambos os sexos segundo dados da American Cancer Idade 55 a 80 anos Society. No Brasil, a estimativa para 2016 foi de 17.300 novos casos de câncer de traqueia, História tabágica Fumantes ou ex-fumantes (que cessaram o tabagismo há menos de 15 anos) brônquios e pulmão entre os homens (segunda maior incidência) e 10.800 novos casos entre com carga tabágica de 30 anos-maços as mulheres (quarta maior incidência). A identificação e a documentação confiável de nódulos pulmonares são extremamenApresenta alta taxa de mortalidade, sendo responsável por cerca de 27% de todas as te importantes no manejo dos nódulos, assim como a reavaliação precisa e o seguimento mortes relacionadas a neoplasias malignas. Geralmente, o prognóstico é ruim, devido ao quanto à estabilidade ou não. Métodos que padronizam a categorização de nódulos pulestágio avançado da doença no momento do diagnóstico, pois a maioria dos pacientes é monares, possibilitando a uniformização da linguagem, são fundamentais na comunicação assintomática no estágio inicial da neoplasia. Mais da metade dos pacientes recém-diagnosentre os especialistas envolvidos, além de facilitar a comparação entre exames. No contexto ticados com câncer de pulmão apresentam doença avançada, com sobrevida global média do rastreamento de câncer de pulmão, foi criado o Lung-RADS (figura 2), cujo objetivo é em 5 anos de 17%. caracterizar e graduar cada nódulo pulmonar quanto à suspeição de malignidade, propondo O desenvolvimento de câncer de pulmão está diretamente relacionado ao consumo de uma conduta mediante o achado. tabaco, com 90% dos casos ocorrendo em pacientes tabagistas. Estima-se que o risco de um fumante desenvolver câncer de pulmão é de cerca de Figura 2. Categorias e condutas para pacientes com nódulos pulmonares em programas de rastreamento 20 a 60 vezes maior que o risco de um não fumante. de neoplasia pulmonar por TCBD. Outros fatores de risco incluem: uso de cachimbo, chaLUNG-RADS (versão 1.0) ruto e narguilé. Sendo assim, programas de incentivo a redução e cessação do tabagismo devem ser parte de Categoria Descritor Categoria Achados Conduta PM PEP qualquer política de saúde pública mundial.

Discussão A identificação e o tratamento do câncer de pulmão em fase inicial são fundamentais para aumentar a sobrevida e reduzir a mortalidade, sendo esse o grande desafio atual. Visto que temos uma enfermidade com alta taxa de mortalidade, baixa sobrevida, estágios avançados no momento do diagnóstico e alta incidência de tabagismo, tornam-se imprescindível ações cuja finalidade seja detectar a doença nas fases iniciais, tais como os programas de rastreamento de câncer de pulmão com tomografia computadorizada de tórax de baixa dose (TCBD), cada dia mais divulgados e reconhecidos pelos especialistas. Os pilares fundamentais para implementação de um programa de rastreamento de câncer de pulmão são: elegibilidade dos participantes, educação de toda a equipe, avaliação médica seriada, método de imagem eficaz em detectar as anormalidades na fase inicial, radiologistas experientes, relatórios claros, concisos e padronizados e um serviço de referência com médicos especializados para tratar os doentes, acompanhá-los e orientar sobre cessação do tabagismo. Dessa forma, um programa ideal deve ser capaz de detectar a doença em estágio inicial, alterar o curso da doença, aumentar a expectativa de vida, reduzir a mortalidade e ter baixas taxas de falsos-positivos, além de não trazer riscos para os pacientes sadios. Estudos anteriores de rastreamento de câncer de pulmão utilizando radiografias simples do tórax (RX tórax) e citologia de escarro não mostraram resultados satisfatórios. Atualmente, os estudos focam no uso da TCBD como principal ferramenta de rastreio. A partir de 2002, o National Cancer Institute iniciou um estudo pioneiro de rastreamento de câncer de pulmão intitulado National Lung Cancer Screening Trial (NLST), que contou com cerca de 50.000 pacientes e serviu de base para elaboração de vários outros programas de rastreamento no mundo. Foram realizadas TCBD e RX tórax, comparando-se os resultados e avaliando-se a eficácia de cada método. A TCBD mostrou ser superior ao RX tórax na detecção de doença em fase inicial (caracterização de micronódulos – pequenos nódulos medindo até 0,5 cm) e o estudo foi o primeiro a comprovar uma redução de mortalidade, de 20%, no grupo rastreado com TCBD. Para estruturação de um programa de rastreamento de neoplasia pulmonar com TCBD, é fundamental definir a população a ser rastreada. Ainda não existe consenso na literatura sobre qual deve ser a população rastreada, mas as principais entidades médicas recomendam realizar rastreamento por TCBD na população alvo descrita na figura 1.

CONTINUA

Incompleto - 0 - -

exame anterior sendo localizado para comparação. parte dos pulmões não pode ser avaliada

Necessita de imagens adicionais ou exame anterior para comparação

n/a

1%

Negativa

sem nódulos nódulos com padrão benigno de calcificação ou contendo gordura

Continuar rastreamento anual com TCBD em 12 meses

<1%

90%

Sem nódulos 1 - ou com nódulos - definitivamente benignos

Aspecto ou Nódulos com 2 *nódulo(s) sólido(s): comportamento probabilidade - < 6 mm benigno muito baixa de se - novo < 4 mm tornarem cânceres *nódulo(s) semi-sólido(s): clinicamente - < 6 mm no diâmetro total no 1º exame ativos devido ao *nódulo em vidro fosco: tamanho ou - < 20 mm OU estabilidade - ≥ 20 mm e inalterado ou crescimento lento * nódulo categoria 3 ou 4 inalterado por ≥ 3 meses Provavelmente benigno

Achados 3 *nódulo(s) sólido(s): provavelmente - ≥ 6 mm a < 8 mm no 1º exame OU benignos: sugere-se - novo de 4 a < 6 mm controle em *nódulo(s) semi-sólido(s): curto prazo; inclui - ≥ 6mm diâmetro total com CS < 6mm OU nódulos com baixa - novo < 6 mm diâmetro total probabilidade de se *nódulo em vidro fosco: tornarem cânceres - ≥ 20 mm no 1º exame ou novo

Suspeito 4A - - - - -

*nódulo(s) sólido(s): ≥ 8 mm a < 15 mm no 1º exame OU crescendo < 8 mm OU novo 6 a < 8 mm *nódulo(s) semi-sólido(s): ≥ 6 mm com CS ≥ 6 mm a < 8 mm OU novo ou crescendo < 4 mm CS *nódulo endobrônquico

Achados para os quais 4B *nódulo(s) sólido(s): se recomenda testes - ≥ 15 mm no 1º exame OU diagnósticos adicionais - novo ou crescendo, e ≥ 8 mm ou amostra de tecido *nódulo(s) semi-sólido(s) com: - CS ≥ 8 mm OU - CS novo ou crescendo ≥ 4 mm 4X Nódulos categoria 3 ou 4 com características adicionais ou outros achados de imagem que aumentam a suspeita de malignidade. Outro Achados clinicamente S Modificador - pode adicionar significativos ou à categoria 0-4 potencialmente clinicamente significativos Câncer de pulmão prévio

Modificador para C pacientes com diagnóstico prévio de câncer de pulmão que voltam para rastreamento

Modificador - pode adicionar à categoria 0-4

TCBD em 6 meses

1-2%

5%

TCBD em 3 meses; PET/CT pode ser usado quando CS ≥ 8 mm

5-15%

2%

TC sem ou com contraste, PET/CT e/ou biópsia dependendo da PM e comorbidades. PET/CT pode ser usado quando CS ≥ 8mm.

n/a

10%

Depende do achado

n/a

10%

-

-

-

PM: probabilidade de malignidade; PEP: prevalência estimada na população; TCBD: tomografia computadorizada de baixa dose; CS: componente sólido; n/a: não aplicável Referência: http://www.acr.org/~/media/ACR/Documents/PDF/QualitySafety/Resources/LungRADS/AssessmentCategories.pdf


Rastreamento por imagem do câncer de pulmão CONCLUSÃO X A categoria final é baseada no nódulo encontrado com maior suspeita para neoplasia pulmonar. Outros achados importantes, tais como a presença ou não de enfisema pulmonar, também devem ser descritos no relatório. Recomenda-se, ainda, a elaboração de relatórios estruturados que facilitem a comunicação entre os médicos da equipe, além de padronizar o relatório de cada serviço. A figura 3 demonstra um modelo de relatório de TC de tórax para rastreamento de neoplasia pulmonar. Idealmente, a TCBD deve expor o paciente a uma dose de radiação máxima de CTDIvol (CT dose index volume) inferior a 3,0 mGy.

A figura 4 ilustra um exemplo de um paciente do sexo masculino, com 60 anos de idade e carga tabágica referida de 40 anos-maços, elegível para rastreamento por TCBD.

Figura 3. Modelo de relatório de TC de tórax para rastreamento de neoplasia pulmonar TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DO TÓRAX PARA RASTREAMENTO DE NEOPLASIA PULMONAR Método: Exame realizado sem contraste IV, com baixa dose de radiação (CTDIvol: mGy), direcionado para o rastreamento de neoplasia pulmonar. Informação clínica: visita de rastreamento (inicial. / 1 ano. / 2 anos.) Comparação: sim./ não. Análise: Nódulos pulmonares: Nenhum Nódulos esparsos bilaterais, medindo até 0,5 cm, não calcificados. Nódulo 1: localização, diâmetro, sólido / semissólido / vidro fosco - inalterado / aumentou / diminuiu / novo Calcificações coronarianas: (presentes em grau leve / moderado / acentuado)

Figura 4 - (a) Imagem axial de tomografia computadorizada do tórax com baixa dose de radiação, com janela pulmonar, demonstrando pequeno nódulo no lobo médio (seta), medindo 0,4 cm, circunscrito e não calcificado, incaracterístico. Lung-RADS categoria 2, com recomendação para repetir o exame em 12 meses. (b) Imagem axial de TCBD com algoritmo de reconstrução MIP (Projeção de intensidade máxima) de 10 mm, com janela pulmonar, no mesmo nível e demonstrando o mesmo nódulo, porém com maior conspicuidade. As reformatações do tipo MIP podem ajudar a identificar pequenos nódulos e devem ser rotineiramente utilizadas. (c) Imagem axial de TCBD, com janela de mediastino, mostrando a relativa perda de contraste entre estruturas anatômicas do mediastino, mas que no contexto de rastreamento não interfere na detecção de achados relevantes. (d) Relatório da dose de exposição à radiação com CTDIvol = 1,27 mGy (< 3,0 mGy).

A implementação de programas de rastreamento de câncer de pulmão tornou-se mais frequente desde os resultados do estudo NLST, cuja conclusão de maior impacto foi a redução da mortalidade por câncer de pulmão nos pacientes com alto risco rastreados por TCBD. Embora a extrapolação dos resultados do NLST sugira que milhares de vidas possam ser salvas com a triagem de indivíduos de alto risco, o grande desafio do futuro deve-se concentrar na otimização da implementação do rastreamento do câncer de pulmão, elegibilidade dos pacientes e manejo dos nódulos.

Enfisema: leve / moderado / acentuado. Outros achados relevantes: Lung-RADS: Recomendação: Nota: Este exame foi realizado sem contraste e com baixa dose de radiação. Estes fatores reduzem a sensibilidade para detecção de algumas lesões extrapulmonares.

Conclusão O rastreamento de câncer de pulmão por TCBD fornece uma oportunidade ímpar para detectar o câncer em estágio inicial e prevenir as mortes relacionadas ao câncer pulmonar. A implementação de programas de rastreamento por TCBD deve ser meticulosa e cuidadosa, aliada a programas de cessação de tabagismo, para garantir que os benefícios do rastreamento superem os riscos potenciais para cada indivíduo.

Referências 1. Ruchalski Kl, Brown K. Lung Cancer Screening Update - J Thorac Imaging 2016; 31:190-200. 2. Fintelmann FJ, Bernheim A, Digumarthy SR, et al. The 10 Pillars of Lung Cancer Screening: Rationale and Logistics of a Lung Cancer Screening Program - RadioGraphics 2015; 35:1893–1908. 3. www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/pulmão. Acessado em 07 de fevereiro de 2017. 4. https://www.cancer.org/cancer/...lung-cancer/.../key-statistics.html. Acessado em 07 de fevereiro de 2017.

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ABR / MA1 2017 nº 97

Autores Rafael Dangoni de Souza Pires Fellow em Diagnóstico por Imagem do Grupo Fleury. Gustavo Meirelles Coordenador Médico do Grupo Fleury. Doutor em Ciências pela Unifesp-EPM e Pós-Doutor pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, Nova York, EUA.


Futuro do Ensino: uso da imagem com metodologia ativa (TBL) no ensino da morfologia humana e anatomia radiológica Introdução

Etapa 3: discussão entre as equipes

Team-based learning (TBL) é uma abordagem de ensino que surgiu da necessidade de fornecer maior autonomia ao aluno e melhorar a aplicação do conhecimento recebido nas aulas. Propõe-se a induzir os estudantes à preparação prévia (estudo) para as atividades em classe. fazendo com que o mesmo interaja com o conteúdo, ao invés de apenas recebê-lo de forma passiva do professor. Este por sua vez, assume o papel de orientador, supervisor, facilitador da aprendizagem, mas não é a única fonte de informação, passando a atuar em um ambiente despido de autoritarismo e que privilegia a igualdade. Dessa forma, o TBL permite a assimilação de um volume maior de informação, gerando maior confiança nas decisões e aplicações do conhecimento do estudante em situações reais.

Ao término do teste coletivo, as equipes apresentam suas respostas em classe e abre-se espaço para discussão de eventuais discrepâncias entre as respostas dos diferentes grupos, podendo neste momento, cada grupo defender a sua resposta.

Metodologia COMO ORGANIZAR UMA ATIVIDADE UTILIZANDO O TBL? Primeiro passo: formação das equipes

Modelos de salas de TBL

Os grupos formados são compostos por cinco a sete estudantes

Uma vez que todos os enganos de conteúdo ou erros de raciocínio forem resolvidos, o instrutor prossegue com a próxima questão.

Devem ser constituídos pelos professores de modo priorizar a diversidade na sua composição

Etapa 4: aplicação de conceitos

Ofertar os recursos necessários para as atividades a serem desenvolvidas.

Metodologia etapas Sequência de atividades que incluem etapas prévias ao encontro com o professor e aquelas por ele acompanhadas. APLICAÇÃO DE CONCEITOS GARANTIA DE PREPARO PREPARAÇÃO

EM CASA Material para estudo prévio

CLASSE

CLASSE

Avaliação do estudante no TBL

CLASSE Aplicação do

Teste individual

Teste em grupo

para avaliar sua compreensão do material pré-classe.

para avaliar sua compreensão do material pré-classe.

DISCUSSÃO

O professor deve proporcionar aos estudantes reunidos em suas equipes a oportunidade de aplicar conhecimentos para resolver questões apresentadas na forma de cenários/ problemas relevantes e presentes na prática profissional diária. As equipes recebem um ou mais casos clínicos relacionados com o tópico do dia junto a um conjunto de questões de múltipla escolha. Os casos podem incluir história, exame físico e exames de imagem do paciente. Os grupos respondem e em seguida são encaminhados para a discussão da mesma forma que na etapa anterior

conteúdo em exercícios baseados em casos.

DISCUSSÃO

Etapa 1: preparação pré-classe Antes da sessão, as atribuições específicas são definidas pelo professor, com disponibilização do material de referência, como palestras presenciais e on-line, capítulos de livros didáticos, programas de computador destinados ao aprendizado da anatomia seccional, além das sessões de imagem e laboratório de morfologia.

Desempenho Individual Desempenho em grupo

Responsabilização

Avaliação em pares Os membros têm a oportunidade de avaliar as contribuições individuais para o desempenho da equipe

Conclusão O TBL é uma estrégia pedagógica embasada em princípios centrais da aprendizagem de adultos, com valorização da responsabilidade individual dos estudantes perante as suas equipes de trabalho e também um componente motivacional para o estudo.

Referências 1. Haidet P, O’Malley KJ, Richards B. 2002. An initial experience with “team learning” in medical education. Acad Med 2002;77: 40–44. 2. Nieder GL et al. Team-Based Learning in a Medical Gross Anatomy and Embryology Course. Clinical Anatomy 2005;18:56–63 . 3. Pawlina W, Hromanik M, Milanese T, Dierkhising, R, Viggiano T, Carmichael C. Leadership and professionalism curriculum in the gross anatomy course. Ann Acad Med Singapore 2006,35:609–614 4. Vasan NS,Defouw DO, ComptonS. Team-Based Learning in Anatomy: An Efficient, Effective, and Economical Strategy Anatomical Sciences Education 2011;4:333-9.

Junto com as atribuições, os alunos recebem uma lista de objectivos para a sessão. Sendo assim, os estudantes devem ser responsáveis pelo preparo individual para o posterior trabalho em grupo. A preparação da atividade individual pré-classe é uma etapa crítica. Se os alunos individualmente não completam as tarefas pré-classe não serão capazes de contribuir para o desempenho de sua equipe, resultando na sobrecarga de seu grupo

Etapa 2: garantia de preparo Imediatamente antes da aula, o aluno será individualmente submentido a questionário de múltipla escolha com tempo pré-determinado para finalização. As perguntas desse questionário foram elaboradas focando o conteúdo disponibilizado e os requisitos esperados do estudo do tema. Imediatamente após o teste individual, os grupos pré-definidos pelo professor reunem-se e são submetidos ao mesmo teste. As equipes chegam a respostas de consenso, marcando-as em instrumento estabelecido.

5. http://www.teambasedlearning.org/larry-michaelsen/.acesso em 04.04.2017

Autores Miguel J. Francisco Neto, Luiz Guilherme de C. Hartmann, Mario Lenza, Eunice Stancati, Renee Zon Fillipe, Carolina Ribeiro Soares, Layra Ribeira S. Leão, Tomie Heldt Ichihara, Murilo Marques, Rodrigo Gobbo Garcia, Marcos Roberto G. de Queiroz, Adriano Tachibana, Alcino Barbosa Jr., Mariana Dalacqua, Regina L. Elia Gomes, Ronaldo H. Baroni, Marcelo B. G. Funari, Julio Cesar M. Montes e Alexandre Holthausen Campos Faculdade Israelita de Ciências da Saúde / Disciplina de Morfologia / Departamento de Imagem Hospital Israelita Albert Einstein

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O

Padrão de realce perivascular no sistema nervoso central

meio de contraste em neuroimagem tem sido utilizado desde os primórdios da tomografia computadorizada (TC), com o intuito de melhorar a caracterização e localização das mais variadas lesões. O advento da ressonância magnética (RM) trouxe novos horizontes para a neuroimagem, possibilitando a aquisição de imagens anatômicas estáticas, dinâmicas, fisiológicas e químicas, bem como a avaliação por diversos tipos de meio de contraste a base de gadolínio. Este conjunto de dados permitem a elaboração de diagnósticos diferenciais mais precisos, o que auxilia de forma determinante na conduta terapêutica. No sistema nervoso central, o realce pelo meio contraste ocorre pela combinação de dois mecanismos principais: o de realce intravascular (vascular) e o realce intersticial ou impregnação (extravascular). O realce intravascular geralmente representa neovascularização, shunts, vasodilatação, hiperemia, ou fluxo lentificado. Os tecidos neurais normalmente não são impregnados pelo meio de contraste, visto que são resguardados do plasma sanguíneo por uma membrana seletiva: a barreira hematoencefálica. O realce intersticial significa alteração da permeabilidade da barreira hematoencefálica, comum em vários processos patológicos do sistema nervoso central (SNC). Vários padrões de realce intersticiais no SNC são bem descritos na literatura, como por exemplo o padrão extra-axial – paquimeníngeo, padrão leptomeníngeo, padrão giral, padrão anelar, padrão nodular cortical e subcortical e padrão perivascular. O conhecimento dos padrões e mecanismos de realce pelo meio de contraste facilita a elaboração de diagnósticos diferenciais. Os espaços perivasculares são extensões dos espaços subaracnóides que acompanham os vasos que penetram o cérebro até o nível dos capilares. Portanto, o padrão de realce perivascular apresenta morfologia linear ou puntiforme, distribuído predominantemente no território das artérias perfurantes e piais. A discussão sobre o diagnóstico diferencial do padrão de realce perivascular na literatura ainda é escassa, apesar das várias patologias que se apresentam nos exames de RM do encéfalo com realce de padrão perivascular, tais como doenças inflamatórias/idiopáticas; linfoproliferativas/hematopoiéticas; autoimune/ relacionadas ao HIV e as metástases. Esta revisão apresenta casos confirmados de diferentes doenças que apresentem padrão de realce perivascular no SNC, estratificando em grupos de acordo com o mecanismo patológico. Patologias que se apresentam predominantemente com padrão de realce perivascular:

1. Inflamatória/idiopatica CLIPPERS: inflamação linfocítica crônica com realce perivascular pontina responsivo aos esteróides é uma desordem inflamatória do SNC que envolve preferencialmente o tronco (ponte), pedúnculos cerebelares, cerebelo, tálamo, núcleos da base, cápsulas internas, corpo caloso, substância branca e medula espinal por marcado infiltrado linfocítico (CD3 e CD20) na substância branca, predominantemente perivascular. A condição apresenta uma combinação de sintomas clínicos essencialmente referentes à patologia do tronco encefálico e uma aparência característica na RM com focos de realce perivascular. Outra característica essencial é a resposta clínica e radiológica à imunossupressão por longo prazo com esteroides. Na RM são observados como características principais: • Tamanho até 9mm (1-3mm). • Hipersinal T2/FLAIR, isossinal T1. • Sem restrição à difusão. • Focos com realce puntiformes e/ou curvilíneos (aspecto sal e pimenta).

Vasculite Primaria do SNC: é uma forma rara e grave de vasculite que é limitada ao cérebro e a medula espinhal e sem evidência de vasculite sistêmica. Ocorre na mesma frequência em ambos os sexos e a idade média no diagnóstico é de cerca de 50 anos. As manifestações clínicas no momento do diagnóstico não são específicas, mas geralmente, consistem em dor de cabeça, cognição alterada, fraqueza focal ou acidente vascular cerebral. Os marcadores sorológicos de inflamação são normais e o líquor é anormal em cerca de 80-90% dos pacientes. A vasculite primária do SNC é improvável se a RM for normal. Os achados de RM não são específicos e consistem geralmente de infarto cortical e subcortical, realce parenquimatoso e leptomeníngeo (podendo ser muito perceptível e estender-se para o tecido leptomeníngeo adjacente dando o realce perivascular), hemorragia, lesões em massa semelhantes a tumores e áreas de hipersinal na substância branca nas sequências FLAIR ou T2. O reconhecimento precoce é importante porque o tratamento com corticosteróides podem frequentemente prevenir resultados graves. 8-10

Figura 2 - RM no plano axial em T1 pós-contraste evidencia focos de realce linear e puntiformes na substância branca subcortical das regiões frontoparietal esquerda e frontal direita (setas vermelhas), além de realce leptomeníngeo (seta amarela).

2. Linfoproliferativa/ hematopoietica LINFOMA: Pode ser primário ou secundário e representa 0,3 – 1,5% de todos os tumores do SNC e acomete muito mais pacientes imunocomprometidos. A maioria dos casos é causada pelo subtipo difuso de grandes células B. As localizações mais frequentes são nos hemisférios cerebrais (substancia branca), corpo caloso, gânglios da base e tálamo, sendo a localização supratentorial muito mais frequente do que na fossa posterior. O diagnóstico é realizado pelos achados de imagem, análise patológica do LCR e a biópsia cerebral permanece como o padrão-ouro para o diagnóstico em virtualmente todos os pacientes.11-13 Os achados mais característicos na RM são: • Massa ou múltiplas massas em contato com a superfície subaracnoidea e ependimária. • Pode atravessar corpo caloso. • Realce intenso e homogêneo. • Tipicamente restringe à difusão.

O diagnóstico de CLIPPERS é desafiador e exige a exclusão cuidadosa de outros diagnósticos alternativos. 2,4,5 Neurossarcoidose: a sarcoidose é uma doença sistêmica idiopática com formação de granulomas não caseosos e com uma ampla variedade de manifestações clínicas e radiológicas. Cerca de 10% dos pacientes com doença sistêmica apresentam manifestação radiológica no SNC e estima-se que menos de 1% apresentam envolvimento isolado do SNC. Pode acometer parênquima cerebral, medula espinhal, nervos, leptomeninges e dura-máter e a apresentação típica é com a paralisia de nervos cranianos, particularmente os nervos óptico e facial. É importante diagnosticar a neurossarcoidose precocemente por causa da alta morbidade e mortalidade associada, sendo o diagnóstico diferencial feito com tumor primário ou metastático ou desmielinização tumefativa.6,7

Figura 3 - RM em T1 pós-contraste no plano coronal e sagital (evidencia lesão frontoparietal e no corpo caloso com realce intenso pelo meio de contraste, com áreas de realce linear com distribuição perivascular.

Figura 1- RM nos planos axial em T1 pós-contraste mostra focos lineares, puntiformes/ nodulares de realce nas regiões nucleocapsulares e periventriculares. Diagnóstico confirmado de neurossarcoidose.

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Histiocitose: uma doença rara que resulta de uma proliferação clonal das células de Langerhans (encontrados no parênquima cerebral normal e na hipófise) ou não Langerhans. Diabetes insipidus representa o marco do envolvimento do eixo hipotálamo-hipofisário, o acometimento ósseo craniofacial, paquimeníngeo e dos plexos coroides são as característica mais bem reconhecida na histiocitose cranioencefalica. O padrão de realce perivascualar, embora menos comum, também pode ser encontrado. O exame neuropatológico demonstra lesões com rarefação perivascular ou histiócitos ou gliose. 14,15 Os achados na RM mais comumente encontrados são: • Envolvimento do eixo hipotálamo-hipofisário com espessamento da haste hipofisária; • Perda do hipersinal característico da neurohipófise em T1; • Sela parcial ou completamente vazia; • Lesões meníngeas ou do plexo coroide;

CONTINUA


Padrão de realce perivascular no sistema nervoso central CONCLUSÃO X • Lesões da glândula pineal; • Forma neurodegenerativa com predomínio de acometimento cerebelar. • Lesões ósseas e paquimeníngeas.

O padrão de realce perivascular admite amplo diagnóstico diferencial, devendo sempre ser avaliado em estreita correlação com o contexto clínico-laboratorial. É válido ressaltar que as doenças linfoproliferativas/hematopoiéticas como o linfoma e as inflamatórias idiopáticas como a sarcoidose e vasculites são as que mais comumente exibem padrão de realce perivascular. Recentemente, devido a maior eficácia no controle medicamentoso do HIV, houve aumento relativo no número de casos diagnosticados de doenças relacionadas ao desequilíbrio imunológico como a encefalite por CD8.

Referências 1. Smirniotopoulos JGE Al. From the Archives of the AFIP:Patterns of Contrast Enhancement in the Brain and Meninges. AFIP Arch [Internet]. 2007;525–552 ST–From the Archives of the AFIP:Patter. Available from: internal-pdf: 2. Sze G, Soletsky S, Bronen R, Krol G. MR imaging of the cranial meninges with emphasis on contrast enhancement and meningeal carcinomatosis. Am J Roentgenol. 1989;153(5):1039–49. 3. Wuerfel J, Haertle M, Waiczies H, Tysiak E, Bechmann I, Wernecke KD, et al. Perivascular spaces - MRI marker of inflammatory activity in the brain? Brain. 2008;131(9):2332–40. Figura 4 - RM nos planos axial em T1 pós-contraste mostra focos lineares e nodulares de realce nucleocapsulares à direita, no tronco encefálico e cerebelo.

3. Autoimune/relacionada ao HIV Encefalite por CD8: Encefalite subaguda em pacientes HIV positivo relacionada a células CD8, não atribuível a causas infecciosas ou síndrome inflamatória da reconstituição imunológica. Distúrbio autoimune provavelmente desencadeado por um fator precipitante, tal como infecções virais, escape viral ou interrupção do tratamento. Análise do LCR demonstra elevação de proteína e pleocitose predominantemente por CD8. O exame neuropatológico evidencia baixa expressão de proteínas do HIV, presença de linfócitos CD8 e ausência de células gigantes multinucleadas características não relacionadas à encefalite típica pelo HIV.16 Os achados mais característicos da RM são o acometimento difuso confluente da substância branca encefálica com áreas de realce linear ou puntiforme e focos de restrição à difusão.

4. Dudesek A, Rimmele F, Tesar S, Kolbaske S, Rommer PS, Benecke R, et al. CLIPPERS: Chronic lymphocytic inflammation with pontine perivascular enhancement responsive to steroids. Review of an increasingly recognized entity within the spectrum of inflammatory central nervous system disorders. Clin Exp Immunol. 2014;175(3):385–96. 5. Limousin N, Praline J, Motica O, Cottier JP, Rousselot-Denis C, Mokhtari K, et al. Brain biopsy is required in steroid-resistant patients with chronic lymphocytic inflammation with pontine perivascular enhancement responsive to steroids (CLIPPERS). J Neurooncol. 2012;107(1):223–4. 6. Koyama T, Ueda H, Togashi K, Umeoka S, Kataoka M, Nagai S. Radiologic manifestations of sarcoidosis in various organs. Radiographics. 2004;24(1):87–104. 7. Neuroradiol J, Pickuth D. Original article NEUROSARCOIDOSIS : EVALUATION WITH MRI. 2016;185–8. 8. Salvarani C, Brown RD, Calamia KT, Christianson TJH, Weigand SD, Miller D V., et al. Primary central nervous system vasculitis: Analysis of 101 patients. Ann Neurol. 2007;62(5):442–51. 9. Salvarani C, Brown RD, Hunder GG. Adult primary central nervous system vasculitis. Lancet [Internet]. 2012;380(9843):767–77. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/ S0140-6736(12)60069-5 10. Campi A, Benndorf G, Filippi M, Reganati P, Martinelli V, Terreni MR. Primary angiitis of the central nervous system: Serial MRI of brain and spinal cord. Neuroradiology. 2001;43(8):599–607. 11. Bühring U, Herrlinger U, Krings T, Thiex R, Weller M, Küker W. MRI features of primary central nervous system lymphomas at presentation. Neurology. 2001;57(3):393–6.

Figura 5 - RM em T1 pós-contraste no plano axial mostram focos puntiformes e lineares de realce pelo meio de contraste difusamente sugerindo acometimento difuso dos espaços perivasculares. RM em difusão mapa de ADC evidenciam áreas de restrição à difusão das moléculas de água.

4. Metastases Encefalite Carcinomatosa: Forma não usual de disseminação metastática cerebral caracterizada pela presença de micronódulos tumorais nos espaços perivasculares, parênquima e leptomeninges, sem determinar efeito de massa ou edema. Ocorre em aproximadamente 5% dos pacientes com câncer sendo as neoplasias mais associadas as de mama, melanoma e principalmente a de pulmão. Os achados clínicos são bastante variados e os achados do LCR são inespecíficos, tornando o diagnóstico difícil. Os achados de imagem mais comuns são o realce pelo meio de contraste nas cisternas basais, convexidades corticais e cauda equina; hidrocefalia sem lesão de massa identificável.17

12. Küker W, Nägele T, Korfel A, Heckl S, Thiel E, Bamberg M, et al. Primary central nervous system lymphomas (PCNSL): MRI features at presentation in 100 patients. J Neurooncol. 2005;72(2):169–77. 13. Koeller KK, Smirniotopoulos JG, Jones R V. Primary central nervous system lymphoma: radiologic-pathologic correlation. Radiographics [Internet]. 1997;17:1497–526. Available from: http://eutils.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/eutils/elink.fcgi?dbfrom=pubmed&id=939746 1&retmode=ref&cmd=prlinks 14. Prayer D, Grois N, Prosch H, Gadner H, Barkovich AJ. MR imaging presentation of intracranial disease associated with langerhans cell histiocytosis. Am J Neuroradiol. 2004;25(5):880–91. 15. Aricò M, Girschikofsky M, Généreau T, Klersy C, McClain K, Grois N, et al. Langerhans cell histiocytosis in adults: Report from the International Registry of the Histiocyte Society. Eur J Cancer. 2003;39(16):2341–8. 16. Lescure FX, Moulignier A, Savatovsky J, Amiel C, Carcelain G, Molina JM, et al. CD8 encephalitis in HIV-Infected Patients Receiving cART: A Treatable EntityClin Infect Dis. (2013) 57 (1): 101-108 17. Grossman SA, Krabak MJ. Leptomeningeal carcinomatosis. Cancer Treat Rev. 1999;25(2):103–19.

Autores Daniela FV Vendramini Felipe LS Costa Camila T Amâncio Luís FS Godoy Hae W Lee Figura 6 - RM em T1 pós-contraste no plano axial, evidenciando duvidoso realce em algumas das pequenas lesões nodulares e puntiforme, uma vez que várias já eram hiperintensas no T1 pré-contraste.

Médicos Radiologistas - Departamento de Radiologia Hospital Sirio Libanês

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Avaliação ultrassonográfica da infertilidade masculina

A

tualmente muitos casais demoram pra constituir família por se concentrarem primeiramente em suas carreiras. Como consequência, esses casais frequentemente acabam tendo problemas para conceber e iniciam investigação de infertilidade. A infertilidade afeta cerca de 15-20% dos casais. É definida, segundo a OMS, como o insucesso em engravidar ou levar uma gestação a termo por um período de 1 ano após sexo regular e desprotegido. A infertilidade masculina está presente em até 50% dos casos. A investigação começa com detalhada história clínica e exame físico minucioso. Exames laboratoriais (perfil hormonal, etc.), análise do sêmen (espermograma) e ultrassonografia dos testículos com Doppler normalmente são solicitados. Mas o que o homem precisa para ser fértil? Espermatogênese normal, maturação normal dos espermatozoides, estocagem adequada, transporte adequado por toda via reprodutiva até o órgão sexual feminino e funcionamento normal das glândulas acessórias (próstata, vesículas seminais, etc.). Logo, qualquer anormalidade em algum desses processos pode reduzir a fertilidade masculina. Os exames de imagem possuem papel vital na identificação de potenciais causas corrigíveis de infertilidade, especialmente anomalias congênitas e desordens que obstruem o transporte do sêmen.

Figura 2 - Ultrassonografia da Bolsa Escrotal. A) Testículo e porção cefálica do epidídimo. B) Cauda do epidídimo e ducto deferente C) Ducto deferente

Figura 1 - Ilustração mostrando anatomia do testículo, epidídimo e ducto deferente

Figura 3 - Ectasia da rede testis

Os três métodos principais de imagem usadas para investigação do sistema reprodutivo masculino são o ultrassom, a ressonância magnética (RM) e técnicas invasivas como a venografia e vasografia. A ultrassonografia continua sendo a ferramenta principal por não ser invasiva, ser amplamente disponível, segura, e por ser capaz de identificar as principais anormalidades relevantes na infertilidade masculina. A RM é útil sobretudo na dúvida diagnóstica e as técnicas invasivas são geralmente reservadas para intervenção terapêutica de anormalidades previamente estabelecidas. A ausência de espermatozoides e de células espermatogênicas no sêmen e na urina do pós ejaculado é denominada azoospermia. Na infertilidade masculina não idiopática, a azoospermia pode ser dividida em obstrutiva (AO) e não obstrutiva (ANO). É importante diferenciar estas entidades e corretamente identificar a AO porque normalmente ela é passível de ser corrigida cirurgicamente.

Anatomia Os testículos são constituídos por mais de 250 lobulações, separadas entre si por finos septos fibrosos, denomidados lóbulos testiculares onde estão os túbulos seminíferos. O epidídimo consiste num fino ducto firmemente aderido posterolateralmente ao testículo e este se continua como ducto deferente até desembocar no ducto ejaculatório. A cabeça do epidídimo (porção mais espessa do órgão) recebe os ductos eferentes da rede testis localizada no polo superior do testículo. A cauda do epidídimo apresenta aspecto curvo junto ao polo inferior do testículo sendo que a partir daí começa o ducto deferente que poderá ser acompanhado até a região inguinal externa.

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Figura 4 - Cisto na porção cefálica do epidídimo

CONTINUA


Avaliação ultrassonográfica da infertilidade masculina CONCLUSÃO X

Azoospermia obstrutiva Alterações testiculares: Ectasia da rede testis ou dilatação da rede testis: é um achado que indica obstrução em algum nível do trato reprodutivo a partir dos ductos eferentes. Microlitíase testicular: calcificações tubulares que prejudicam a drenagem testicular reduzindo a fertilidade. Alterações do epidídimo: Cistos de epidídimo podem provocar obstrução mecânica da drenagem testicular. Infecções principalmente as crônicas podem resultar em cicatrizes e obstrução. Gonococos e Clamydia são os principais agentes. Obstrução iatrogênica após remoção cirúrgica de cistos podem também acontecer. Figura 5 - Epididimite. A) Epidídimo espessado e heterogêneo. B) Aumento difuso da vascularização do epidídimo ao Doppler inferindo inflamação/infecção

Figura 6 - A) Achado típico pós-vasectomia: Espessamento e heterogeneidade do epidídimo e espessamento difuso do ducto deferente pré-obstrução. B) Aspecto normal para comparação

Alterações do ducto deferente: A vasectomia é a causa de obstrução mais comum. 2-8% dos pacientes optam pela reversão da vasectomia, porém, quando de longa data, esta pode resultar em fibrose testicular e prejuízo na espermatogênese, logo, a fertilidade pode se reduzir mesmo após reversão. Outras causas adquiridas incluem reparo de hérnias inguinais, cirurgias da bolsa escrotal e infecção crônica. A agenesia bilateral congênita do ducto deferente (ABCDD) é a anormalidade congênita mais comum. Está presente em 2% dos pacientes em investigação de infertilidade. A ultrassonografia testicular de pacientes com ABCDD evidencia dilatação do epidídimo com interrupção abrupta do mesmo ao nível da cauda e a não identificação do ducto deferente. A ultrassonografia transretal evidencia a ausência da porção distal do ducto deferente na junção com as vesículas seminais. Anormalidades das vesículas seminais, ducto ejaculatório e anomalias renais estão associados à ABCDD e devem ser investigadas. Alterações do ducto ejaculatório: A obstrução do ducto ejaculatório é incomum. Causas congênitas incluem a atresia ou estenose bem como a compressão por lesões císticas prostáticas da linha média (cistos de utrículo, dilatações císticas da uretra prostática e cistos do próprio ducto ejaculatório).

Azoospermia não obstrutiva Criptorquidismo, atrofia testicular e infecções crônicas podem prejudicar a produção e amadurecimento dos espermatozoides pelos testículos e causar infertilidade. Varicocele: Presente em até 40% do homens inférteis. Estudos mostram que pacientes com varicocele clínica e alteração do espermograma se beneficiaram da correção cirúrgica da varicocele. O estudo deve ser realizado com o paciente em posição ortostática. A mensuração do calibre das veias do plexo pampiniforme e a pesquisa de refluxo deve ser efetuada após manobra de Valsalva. O diagnóstico de varicocele será dado quando o calibre de pelo menos 3 veias do plexo pampiniforme é >= 3mm² com refluxo de duração maior que 1 segundo após a manobra de Valsalva.

Figura 7 - Varicocele. A) Ectasia das veias do plexo pampiniforme. B) Refluxo sanguíneo após manobra de Valsalva

Tumores testiculares: Pacientes com tumores testiculares tem a qualidade do sêmen reduzida sobretudo nos tumores de células germinativas.

Referências -

World Health Organization. Towards more objectivity in diagnosis and management of male infertility. Int J Androl (Suppl.) 1987;7:1–53.

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The British Journal of Radiology, 85 (2012), S59–S68 Male infertility: the role of imaging in diagnosis and management T AMMAR, FRCR, P S SIDHU, MRCP, FRCR and C J WILKINS, FRCR

-

Moon MH, Kim SH, Cho JY, Seo JT, Chun YK. Scrotal US evaluation of infertile men with azoospermia. Radiology 2006;239:168–73.

Autor Felipe Carneiro Figura 8 - Tumor primário testicular. Nódulos hipoecogênicos esparsos pelo parênquima testicular. Seminoma multifocal

Medico do Serviço de Ultrassonografia do InRad HCFMUSP e do Hospital Sirio Libanês ABR / MAI 2017 nº 97

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O

Atualização técnica para o exame de RM de Plexo Braquial

plexo braquial é formado por uma complexa rede neural que fornece inervação motora e sensitiva aos membros superiores. A diferenciação entre uma lesão de plexo e uma alteração da coluna é crucial porém difícil. A neurografia por ressonância magnética (RM) é uma ferramenta muito útil para o diagnóstico da plexopatia braquial, porém o pequeno contraste entre os nervos e os tecidos circunjacentes ainda constituim um fator limitante e dificultador nessa avaliação. Os nervos geralmente acompanham os vasos sanguineos em seus trajetos através dos músculos e gordura. Em imagens

apresentam alto sinal e baixo contraste com nervos e tecidos adjacentes. Desta forma, a análise 3D das estruturas nervosas não pode ser realizada sem se obter um aumento do contraste entre as estruturas nervosas e os tecidos adjacentes. Este aumento de contraste pode ser obtido com a combinação do SPACE altamente pesado em T2–STIR 3D de alta resolução com uma técnica de supressão do sinal de fundo, baseada no efeito de encurtamento T2 do gadolíneo. Isso é realizado adquirindo-se uma sequência SPACE T2 – STIR 3D imediatamente após a administração endovenosa do meio de contraste paramagnético (gadolíneo). O gadolíneo é geralmente usado para aumentar o

não é afetado, aumentando o seu contraste com as estruturas adjacentes. O uso do STIR associado a técnica de saturação de gordura por frequência seletiva é utilizado para se obter uma adequada supressão de gordura. O preferência da técnica de 3D sobre a 2D é a possibilidade de se realizar reformatações multiplanares com imagens isotrópicas e anular o intervalo entre as imagens, aumentando a relação sinal – ruído. As imagens 1 e 2 mostram dois exames de RM em pacientes sem alterações do plexo braquial . As imagens 1a e 2a são sequências SPACE T2 – STIR 3D sem o uso do contraste paramagnético e as imagens 1b e 2b são as mesmas sequências obtidas imediatamente após a injeção

Figura 1A - Paciente 1. Imagem de RM do plexo braquial. Sequência SPACE T2 – STIR 3D reformatada em MIP (maximum intensity projection). Há visibilização de toda a árvore venosa ao redor do plexo braquial, impossibilitando sua avaliação.

Figura 1B - Paciente 1. Imagem de RM do plexo braquial. Sequência SPACE T2 – STIR 3D obtida após a administração endovenosa do contraste paramagnético (gadolíneo) e reformatada em MIP. As veias são menos visibilizadas, tornando a avaliação do plexo braquial possível.

Figura 2A - Paciente 2. Imagem de RM do plexo braquial. Sequência SPACE T2 – STIR 3D reformatada em MIP (maximum intensity projection). Há visibilização de toda a árvore venosa ao redor do plexo braquial, dificultando sua avaliação.

Figura 2B - Paciente 2. Imagem de RM do plexo braquial. Sequência SPACE T2 – STIR 3D obtida após a administração endovenosa do contraste paramagnético (gadolíneo) e reformatada em MIP. Existe um desaparecimento praticamente completo das veias, tornando a avaliação do plexo braquial mais fácil.

ponderadas em T2, os nervos apresentam relativo alto sinal, assim como as estruturas venosas de baixo fluxo, tornando difícil a sua distinção. Uma das possibilidades de se visualizar o plexo braquial é a utilização de uma sequência chamada SPACE acoplada com a sequência STIR. A sequência SPACE é uma variante do turbo spin eco tridimensional (3D). Ela produz sequencias isotrópicas de alta resolução que pode ser reformatadas em diversos planos. No entanto , no SPACE STIR 3D, as veias

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contraste em imagens ponderadas em T1. O seu efeito de encurtamento do sinal T2 é frequentemente ignorado. É possível se aproveitar do efeito do contraste paramagnético de encurtamento do sinal T2 em sequências fortemente pesadas em T2, utilizando-se efeitos de atenuação T2 dos tecidos , suprimindo-se o sinal de veias, osso, gordura e músculos. Devido à barreira hematoencefálica, o contraste não penetra nas estruturas nervosas do plexo braquial. Desta forma, em seuqências fortemente pesadas em T2, o sinal do plexo braquial

endovenosa do contraste paramagnético. Repare que nas imagens sem contraste existe enorme contaminação com as estruturas venosas, que se atenuam sobremaneira nas imagens pós-contraste.

Autor Marcelo Bordalo Rodrigues Medico Radiologista - diretor do Serviço de Radiologia do IOT


HOMENAGEM

Uma história de sucesso na Toshiba do Brasil Uma historia de 42 anos de serviços prestados à Toshiba Medical Systems Corporation chega ao seu final: o sr. Gerardo Schattenhofer, acaba de se aposentar e deixa o comando da Toshiba Medical do Brasil, neste mês de abril. Em seu lugar, assume Flavio Martins, com a missão de dar continuidade a este vitorioso trabalho e implementar o processo de incorporação da empresa pela Canon Inc.

Inovações da Toshiba Medical na JPR´2017

A Equipe de diretores e executivos da Toshiba Medical do Brasil. Ao centro o sr. Gerardo Schattenhofer e a esquerda, Flávio Martins, seu sucessor

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urante 27 anos à frente da empresa, na Argentina, onde nasceu, veio para o Brasil há 15 anos para ser presidente e CEO da Toshiba Medical do Brasil, onde implementou grandes mudanças, promovendo realizações e inovações que deram uma nova dinâmica à empresa. Sua chegada coincide com os primeiros passos do ID Interação Diagnóstica, que teve nesse gestor um grande incentivador. Desde o início, reconheceu o esforço da publicação, sempre aberto a entrevistas, ricas em conteúdo, acompanhadas de sugestões e análises que nos motivaram e contribuíram para prosseguir na busca de um conteúdo de qualidade. Gerardo Schattenhofer também merece ser lembrado pela economia brasileira e paulista. Em sua gestão, liderou a construção da primeira fábrica de equipamentos da empresa fora do Japão, começando pelos equipamentos de ultrassom e, na sequência, tomografia e ressonância magnética. Hoje, uma vitoriosa conquista

para o nosso País e para o Estado de São Paulo. Aberto a sugestões, valorizou sua equipe e promoveu intensa aproximação com os grandes centros especializados no desenvolvimento de pesquisas, inovações, entre as quais o Instituto de Radiologia (InRad) e o Instituto do Coração (InCor), do Complexo HC FMUSP. Neste período, a empresa participou ativamente da introdução da Radiologia Cardíaca no Brasil, com os equipamentos de 320 canais, projeto realizado com o InCor e que está comemorando 10 anos. Retorna para seu país de origem, mas deixa um grande acervo de realizações. E, para os seus funcionários, em suas palavras de despedida, um traço dessa personalidade: “Confesso que não me resulta fácil concluir uma jornada de 42 anos (27 em meu país e 15 no Brasil) vestindo a camisa da Toshiba Medical e, embora prevaleça em mim um sentimento de dever cumprido, devem saber que só o sucesso da companhia –que fica em vossas mãos– nos próximos anos me garantirá a nota que preciso para considerar minha gestão um sucesso.”

oshiba Medical do Brasil, agora suportada com a bandeira da Canon Inc, abre a JPR´2017, com inovações que vão movimentar o mercado do diagnóstico por imagem no País. Apresentadas em Chicago durante o último RSNA, as novas tecnologias para tomografia computadorizada, ressonância magnética e uma nova plataforma de ultrassom para a classe Ultra Premium, trazem inovações diferenciais. Com uma nova estrutura administrativa, tendo a frente como Presidente & CEO, Flávio Martins, que sucede a Gerardo Schattenhofer, a empresa passará a ostentar em seu estande o logo Toshiba Medical combinado com o da Canon. Os lançamentos marcam o inicio dessa nova etapa na história das duas empresas. A implantação dessas mudanças decorrerá dentro dos prazos previstos, e, como esclarece Flávio Martins, manterá o nível crescente do fluxo de negócios e a habitual intensidade no relacionamento com seus clientes e parceiros. Para o Brasil e América Latina, a JPR´2017 será a grande vitrine com o lançamento do Vantage Galan 3T, novo aparelho de ressonância magnética de 3 tesla, desenvolvido para proporcionar altíssima qualidade de imagem com um novo patamar de conforto para os pacientes, atenuando ruídos em até 99,8%. No segmento de tomografia computadorizada, haverá a expansão da família Aquilion com a apresentação do Aquilion Lightning e as tecnologias do Aquilion ONE Genesis. Este último, é o único aparelho no mercado com tecnologia de “Model Based IR” incorporada ao produto que garante ser o tomógrafo de mais baixa dose do mercado. A solução permite “screenings” de tórax com doses 70% menores do que as de um RX convencional, o que pode revolucionar a rotina dos pronto-atendimentos de grandes hospitais. Outros grandes atrativos marcarão a presença da empresa na JPR, entre eles dois simpósios, para discutir avanços na avaliação do câncer de próstata, futuro da Elastogafia Shear Wave, entre outros temas, e um Simpósio sobre os 10 anos do pioneirismo em CT proporcionado com o Aquilion ONE com “area detector”.

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LANÇAMENTOS Por Sylvia Veronica Santos e Luiz Carlos de Almeida (SP)

Soluções automatizadas com mais conforto nos exames de mama O diagnóstico do câncer de mama em mulheres com mama densa ganha um importante aliado: um ultrassom com recursos inovadores que veio para trazer mais conforto e eficiência no diagnóstico, suprindo as demais limitações que os métodos convencionais enfrentam com essas pacientes. Além disso, um novo mamógrafo, com a possibilidade de auto compressão, faz parte do rol de inovações da GE para a JPR’2017.

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ssa nova tecnologia, que já vem sendo usada com muito sucesso nos Estados Unidos e Europa, o Invenia ABUS, é uma solução para o diagnóstico mais ágil do câncer mamário em mulheres com mama densa, de difícil detecção em mamografia e ultrassom convencional. Presente na última RSNA, esse novo ultrassom já está em fase de instalação em importantes centros especializados no Brasil. “Trata-se de mais uma opção a favor das pacientes com mama densa. É uma nova tecnologia de ultrassom e permite realizar a quantidade necessária de exames, sem limitações e sob critério do médico solicitante. O produto já tem autorização da Anvisa para comercialização e será apresentado durante a Jornada Paulista de Radiologia em maio”, explica Nelson Garcia, gerente geral de Ultrassom da GE Healthcare para América Latina, em entrevista ao ID Interação Diagnóstica. Entre os diferenciais do equipamento estão a ergonomia e o maior conforto no posicionamento da paciente, além do algoritmo que atua na construção da imagem e facilita o diagnóstico do médico, ajudando a localizar a lesão na mama, caso exista. E bastam três frames para que sejam captadas todas as imagens necessárias. A operação é automatizada, o que auxilia a suprir alguma limitação da operação manual. O Invenia ABUS não concorre com o ultrassom convencional, destaca Nelson Garcia. “O equipamento chega como uma opção para o radiologista. Vem para complementar, pois, a paciente continuará fazendo exames como a

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mamografia, mas com mais uma possibilidade de imagem diagnóstica no caso de ter a mama densa. Esta tecnologia já é bem difundida na Europa e nos Estados Unidos”, salienta o executivo. O sistema do novo aparelho foi projetado para a eficiência, com a possibilidade de realizar exames rápidos, automatizados, além da flexibilidade para atender várias necessidades de posicionamento e varredura nos pacientes.

Auto compressão pode aumentar precisão na mamografia A compressão mamária durante a mamografia é um aspecto que traz desconforto e dor para as pacientes, ao ponto de afastar algumas delas da realização regular do exame. No entanto, a compressão é essencial para que sejam geradas imagens com qualidade, e impacto direto no diagnóstico. O mamógrafo Senographe Pristina é o lançamento da GE Healthcare desenvolvido para priorizar justamente o atendimento dessas demandas por conforto. Durante o exame, a própria paciente pode comprimir a mama. “Na Inglaterra, sabe-se que mais de 40% das mulheres se recusam a fazer a mamografia por medo da dor. No entanto, com a auto compressão, a pesquisa mostrou que elas comprimem mais do que o necessário e sentem menos dor do que habitualmente, ou seja, têm mais confiança ao realizar o exame dessa maneira. O detector do equipamento tem material que traz sensação de menos frio e bordas arredondadas, proporcionando mais conforto para aquele momento. Além disso, a qualidade da imagem da

Marco Corona, ladeado por Nelson Garcia e Marcio Yoshikawa.

mamografia está 100% relacionada ao posicionamento da paciente na máquina. E o conforto melhora o posicionamento, o que aumenta a qualidade do exame”, detalha Marcos Corona, diretor de Diagnóstico por Imagem da GE Healthcare para América Latina. O Senographe Pristina foi lançado na Europa e no congresso da RSNA 2016. No Brasil, teve seu registro aprovado pela Anvisa no fim de março. Outro lançamento da GE Healthcare na conferência da RSNA 2016 e que será apresentado na JPR 2017 é a ressonância magnética Signa Voyager, de 1,5 tesla. O aparelho foi desenvolvido para a economia de 40% no consumo de energia elétrica, além de maior produtividade, com redução no tempo de exame. Esse equipamento também traz o conceito de Medicina de Precisão

em MR por meio das técnicas quantitativas. Os congressistas da JPR também vão conhecer o primeiro PET CT digital, o Discovery MI. O novo scanner alia alta qualidade e definição de imagem, com capacidade de detecção duas vezes maior do que a dos aparelhos convencionais. Além disso, também será lançada o X-Tream GSI para a linha Revolution CT, que proporciona uma imagem espectral com melhor caracterização dos tecidos, permitindo ao médico mais precisão para o diagnóstico. Outro destaque é a solução C360, uma ferramenta de colaboração já existente na Europa que, armazenada na nuvem, funciona como um fórum onde profissionais de diferentes instituições podem trocar conhecimento sobre os casos de saúde em tratamento.


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INOVAÇÃO Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

Uma revolução na radiologia intervencionista

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O uso de arco cirúrgico, ao longo dos anos, tem apresentado imagens cada vez mais precisas, proporcionando o desenvolvimento da cirurgia com maior eficiência e qualidade. Uma nova tecnologia, com conceito inovador, produzida pela Ziehm, vem revolucionar ainda mais o setor da radiologia intervencionista: o Ziehm Vision RFD3D.

que essa tecnologia proporciona é a obtenção de uma imagem tridimensional da anatomia em questão na própria sala de cirurgia. Por exemplo, em um procedimento de coluna, onde um neurocirurgião ou um cirurgião ortopédico introduz um device, a rotina atual é terminar o procedimento e, enviar o paciente para o CT, talvez no mesmo dia ou no outro, para reconfirmar sua posição. Sabe-se que em diversos casos há a necessidade de uma revisão da cirurgia, o que é desconforto para o paciente, o médico, o hospital, custos adicionais, enfim, riscos adicionais. O que essa tecnologia permite é que dentro da sala de cirurgia, mesmo antes do paciente sair da mesa de operação, essa imagem seja realizada e confirme o posicionamento preciso do device; ou, se há necessidade de fazer ajustes para que a cirurgia seja 100% bem sucedida. “Hoje a tendência é o aumento do número de procedimentos minimamente invasivos, com grande vantagem para o paciente, o cirurgião, para o serviço de saúde e o hospital, pois reduz a estadia no hospital, com menor risco de infecção e uma rápida recuperação. Então, o grande catalizador das cirurgias minimamente invasivas, é a chamada imagem e essa tecnologia é realmente fantástica. Não existe nada no mercado que faça isso. Talvez algumas máquinas com base na tecnologia de “CT”, porém com custos muito altos e a nossa justamente oferece um custo extremamente competitivo comparado com essas outras tecnologias pois obtém essa imagem em 3D dentro do próprio centro cirúrgico”, explica Nelson Mendes, presidente e CEO da Ziehm Imaging Inc.

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Além desses, outro ponto destacado pelo que não aparecem na imagem produzida pelo com menor dose possível. Isso é o que todos diretor da Ziehm Brasil, Francisco Zapata, é intensificador - permite o uso em procediquerem: pacientes e também o cirurgião, mentos mais complexos como na área vascuem relação ao tempo despendido na sala de porque este lida com essa exposição todo lar, onde você tem uma qualidade de imagem cirurgia; “o cirurgião pode dizer: “bom você o dia. Outra vantagem é a comercial: esse é extraordinária para ver pequenos vasos. Na me trouxe um equipamento 3D, e eu agora, um painel que tem um custo mais acessível imagem ortopédica talvez não tenha tanta vou ter que ficar na sala de cirurgia mais meia em certos tamanhos, em relação ao campo diferença porque você está lidando com anahora! ”. Ao contrário, ele vai ficar na sala de de visão. O mais utilizado nessa classe de tomia maior, mas na questão cirurgia somente em torno de 3 vascular hoje ninguém mais a 4 minutos à mais, para realizar fala em hemodinâmica com a imagem do procedimento que intensificador. Isso já acabou ele acabou de fazer e certificar o há muito tempo e praticamenque o procedimento foi realizado te só se usa o painel digital “, com sucesso”, completa o diretor. acrescenta Nelson Mendes. A Ziehm conta com cerca de A Ziehm Imaging Inc, 200 Vision RFD3D instalados especializada na fabricação em diversos países e também já de equipamentos de arcos tem o registro no Brasil junto à cirúrgicos é de origem alemã, ANVISA. As primeiras máquinas para demonstração, já estão sediada em Nuremberg e no Brasil. A Ziehm também foi a conta com sua filial no Brasil, primeira companhia no mundo a a Ziehm Medical do Brasil. colocar painel digital no chamado De sua gama de produtos, arco cirúrgico, isso há mais de os de formato mais simples, 10 anos, e agora vai ser de novo são fabricados em parceria a primeira a trazer uma máquina com a Sul Imagem, em Santa que conta com a tecnologia cha- Nelson Mendes, CEO da Ziehm, ladeado por Samuel Almeida, diretor Comercial, e Catarina. A Ziehm atua no mada C-MOS na área de painéis Francisco Zapata, diretor executivo. mercado brasileiro há 7 anos e digitais. os produtos há 5 anos tiveram Apesar de não ser uma tecnologia neequipamentos - de 20x20 cm - tem um custo seus registros junto a ANVISA. cessariamente nova, apresenta muitas vanbastante competitivo, chegando mais próxi“Acreditamos no Brasil e estamos constagens; o painel C-MOS tem uma resolução mo ao custo dos intensificadores de imagem cientes da necessita de investimentos na área espacial excelente, superior muitas vezes a que são usados há décadas. Isso faz com que de saúde para seus mais de 200 milhões de outras tecnologias; outra grande vantagem do surja uma tendência grande de um mercado habitantes. Nossos problemas não são tão Detector C-MOS é que pela sensibilidade do no sentido de mudar radicalmente para utigraves comparados com outros mercados lização de painéis digitais em detrimento do pixel do painel em si, requer menos radiamundiais onde ha fome, guerras, desastres ção, ou seja, a dose usada em procedimentos intensificador de imagem. naturais, mas temos muito trabalho a fazer pode ser menor do que as tecnologias ante“A capacidade de produzir uma imagem aqui e esse é o nosso grande desafio. Coriores. Isso, atualmente, é uma preocupação meçamos 2017 com boas noticiais, e estamos melhor - a imagem enquadrada fornece cantos, aqueles 4 cantinhos da imagem circular mundial, ter imagens clinicamente válidas felizes com isso” , finaliza Nelson Mendes


EXPANSร O

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EVENTO

Imagine’2017 inova, discute avanços e apresenta o Tratado de Radiologia Com diversas inovações no seu formato, que que incluíram o acesso digital e presencial ao conteúdo, abrindo a possibilidade dos interessados participarem do evento à distância; espaço para discussão com todos os participantes, num formato de “sarau dos radiologistas”, sobre o futuro da especialidade, os avanços que estão mudando a conduta e a importância do movimento associativo na defesa do especialista, o XV Congresso de Radiologia e Diagnóstico por imagem chegou ao seu final, com uma avaliação “positiva”, como enfatizou o prof. Giovanni Guido Cerri, na abertura do evento.

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m parceria com a Editora Manole, a introdução dessas inovações foram comemoradas pelos que ali estiveram, com acesso a sessões práticas, como o BI RADS, Intervenção e Músculo esquelético, Sem fugir de sua história, já que é um evento focado em alguns pilares fundamentais, como o ensino e a atualização do conhecimento, abrindo espaço para que novos talentos mostrem sua competência e desenvolvam a arte de ensinar, o IMAGINE marcou também o lançamento de um Tratado de Radiologia, com artigos de autores da instituição. A exposição comercial, pela primeira vez, inovou no seu formato, e ofereceu às empresas a possibilidade de uma partici-

Um espaço para debate público, o Sarau dos Radiologistas também sediou o lançamento do Tratado de Radiologia, produzido de forma pioneira, por uma instituição pública no Pais, onde Amarilys Manole fez a apresentação, ao lado dos editores da obra.

Os 10 anos de evolução da Radiologia Cardíaca, como mostra Cesar Nomura, contaram com a participação do Complexo HC FMUSP, assim como a evolução da Medicina Nuclear, cujas origens estão estreitamente ligadas a instituição. O digital e o presencial marcaram o evento, onde as demonstrações práticas, intervenção e protocolos como o BI RADS se constituíram pontos de referencia.

pação em temas e sessões de seu interesse. Tratado de Radiologia - Em três volumes, com um conteúdo amplo e muito diversificado, centrado em temas da rotina do maior complexo médico da América Latina, o Tratado de Radiologia vem atender a uma carência do mercado editorial. Produzido em tempo recorde, a obra está disponibilizada na versão digital para os que fizeram sua inscrição on line e para os que participaram do evento. A versão impressa, em três volume, 8 seções e 156 capítulos, reúne um valioso material para o aperfeiçoamento das técnicas, para atualização e para a formação de residentes e acadêmicos. Pode ser encontrado nas principais livrarias especializadas, 10 anos da Radiologia Cardíaca – Simpósio realizado em parceria com a Toshiba

Medical marcou as comemorações dos 10 anos de evolução da Radiologia Cardíaca, tema apresentado pelo dr. Cesar Higa Nomura, diretor do Departamento de Imagem do Instituto do Coração. Pioneiro na introdução de novas tecnologias de imagem para o diagnóstico em cardiologia, o InCor recebeu o primeiro equipamento de CT de 320 canais no País, em serviço público, desenvolve pesquisas e contribuiu para a consolidação do método. Medicina Nuclear, Mama e Intervenção e Musculoesquelético - A interação entre as especialidades, reunindo figuras de expressão e jovens médicos que estão dando os primeiros passos na condução de aulas e simpósios, foi lembrada por alguns especialistas lembrando que “hoje a imagem é

parte integrante e obrigatória no processo de atendimento, e o profissional tem que estar atento a todas estas conquistas. Ultrassom e a visão prática em musculo esquelético - O convidado do Exterior, dr. Marcos Loreto Sampaio, com sua história ligada ao InRad, trouxe sua experiência

na Universidade de Ottawa e enfatizou a “importância da instituição no seu trabalho”. (pag. 6). Sob a coordenação do dr. Marcelo Bordalo Rodrigues, o temário abriu espaço para demonstrações práticas em ultrassonografia, muito elogiadas pelos participantes.

NOTA DA REDAÇÃO Apoio institucional – Há 15 anos, o a ID Editorial e o jornal ID Interação Diagnostica são parceiros do Imagine. Seja na divulgação, na promoção e na capitalização de recursos, tem contribuído para sua realização. E, neste ano de 2017, saúda o InRad HCFMUSP e a Manole Cultural pela ousadia, pelos esforços empreendidos e comemora os resultados alcançados. Mais uma vez, como colaborador na difusão do evento a ID Editorial pode cobrir e levantar assuntos relevantes, que serão usados em suas edições.

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NOTÍCIAS

Congresso do HIAE centrado nas atividades práticas

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Radiologia (que utilizará a metodologia de a sua 4º edição, o Congresso simulação realística, incluindo o uso de robôs de Diagnóstico por Imagem para treinar o radiologista no atendimento do HIAE será realizado dias 25 a urgências e emergências no ambiente e 26 de agosto, e contará com radiológico). mais de uma dezena de cursos Segundo o coordenador geral do evento, nas mais diversas áreas de atuação do radiologista e equipe assistencial (incluindo as Dr. Ronaldo Hueb Baroni, “o evento deste várias especialidades radiológicas, enfermaano certamente repetirá o sucesso da edição gem, biomédicos / tecnólogos, engenharia passada, na qual compareceram mais de 400 clínica e gestão em Imagem). participantes.” Assim como nas edições anteriores, o O evento ocorrerá nos dias 25 e 26 de Congresso do HIAE será centrado em aulas agosto de 2017, no Hospital Israelita Albert Dr. Ronaldo Baroni práticas interativas, incluindo atividades hanEinstein em São Paulo. Maiores informações ds-on e realização de exames em tempo real nos equipamentos. e ingressões pelo site www.einstein.br/ensino/evento/congresso_internacional_de_diagnostico_por_imagem_do_hiae, Paralelamente ao Congresso, teremos o 8o Simpósio de ou pelo telefone (11) 2151-1001. Ressonância Magnética e o 3o Curso de Suporte à Vida em

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Sobrice 2017 revelará as novidades da radiologia intervencionista

Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista realizará em São Paulo (SP), entre os dias 6 e 8 de julho, o SOBRICE 2017, no Centro de Convenções Rebouças, com o foco nos principais avanços da especialidade, na evolução da radiologia intervencionista, com apresentação de casos clínicos, terapias e novas áreas como radioembolização e embolização de prostata. O temário vai abranger neurointervenção, vascular, oncologia, saúde do homem e da mulher. Na área de Vascular, as palestras vão abordar temas ligados a aorta e periférico, AVC, aneurisma, DAOP, carótida e trombose. Em ginecologia e obstetrícia, as hemorragias e miomas; em oncologia os temas serão ablação, embolização e infusão de droga. Neurointervenção vai abordar o tratamento endovascular dos aneurismas cerebrais com diversores de fluxo; stroke, stent retriever versus aspiração; MAVs cere-

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brais, estratégias endovasculares; e fístulas arteriovenosas durais intracranianas. O evento terá convidados internacionais, entre eles Thierry de Baere, do Département d’imagerie Gustave Roussy Cancer Campus Grand, em Paris, França; Thomas Helmberger, do Institut für Diagnostische und Interventionelle Radiologie, Neuroradiologie und Nuklearmedizin, na Alemanha; Ajay Wakhloo, da University of Massachusetts, nos Estados Unidos; Charbel Mounayer, do Centre Hospitalier Universitaire de Limoges, na França; Mario Martinez Galdamez, chefe da Unidade de Neurorradiologia Intervencionista, Hospital Universitario Fundación Jiménez Díaz, em Madri, Espanha; Raphael Blanc, da Fondation Rothschild, na França; e Arepally Aravind, da Vanderbilt University, dos Estados Unidos. Todas as informações sobre o evento e as inscrições estão disponíveis no portal www.congressosobrice.com.br.

Jornada Pernambucana de Radiologia e Curso de Imagem da Mama

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lém da intensa programação de atividades didáticas e cientificas, que realiza rotineiramente, a Sociedade de Radiologia de Pernambuco já definiu as datas de seus tradicionais eventos, a Jornada Pernambucana de Radiologia, em sua vigésima edição e o Curso de Imagem da Mama, programados para o período de 7 a 10 de junho, no Hotel Golden Tulip em Recife. A comissão organizadora, que tem a frente as dras. Maria de Fatima Vasco Aragão, presidente da SRPe, e a dra. Norma Maranhão, coordenadora do curso de mama, está fechando a programação que receberá professores convidados renomados para aulas de: Mama, Ultrassonografia, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética (Abdome, Tórax, Músculo, Neuro), Angiografia e para Técnicos e Tecnólogos; Haverá os Cursos Pré-jornada nos dias 07 e 08 de junho de 2017 (HANDS ON de US de músculo, doppler e elastografia e AVR). Acontecerá a abertura no sábado na beira da piscina, com coquetel, música ao vivo e homenagens. A Jornada será encerrada com chave de ouro na tradicional III Corrida de Santo Antônio no dia 11 de Junho, na orla da praia de Boa Viagem. Informações: www.srpe.org.br

Simpósio de Oncologia da SRPE A SRPE promoverá, também, dia 13 de setembro, o Simpósio Inernacional de Oncologia, tendo como como palestrantes a Prof. Dra. Ana Paula Benveniste (Baylor College of Medicine HOUSTON, USA) e o Prof. Dr. Marcelo Benveniste (University Of Texas Anderson Cancer Center HOUSTON, USA) que abrilhantarão o evento da SRPE com as palestras: - “Radiation Induced Lung Disease: What the Radiologist Need to Know”; - “Imaging-Pathology in Image-Guided Needle Biopsy of a Breast Lesion”. Informações. www.srpe.org.br


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LIVROS

Radiologista brasileira destaca-se como editora de publicações sobre neuroimagem de tumores encefálicos

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dult Brain Tumors e Pediatric Brain Tumors – Update são duas das mais recentes publicações do Neuroimaging Clinics of North America, importante periódico de neurorradiologia norte-americano. Os dois trabalhos trazem uma atualização sobre a neuroimagem dos tumores encefálicos, com informações de imagem convencional e avançada, e que contempla a nova classificação dos tumores do Sistema Nervoso Central lançada pela Organização Mundial da

Saúde (OMS) em 2016. A autoria é da médica brasileira Lara Brandão, responsável pela neurorradiologia da clínica Felippe Mattoso, da Fleury Medicina Diagnóstica, no Rio de Janeiro. A especialista foi convidada pelo editor-consultor do periódico, Suresh K. Mukherji, do Departamento de Radiologia da Michigan State University, durante o Congresso da Sociedade Americana de Neurorradiologia – ASNR 2015. Os dois volumes foram lançados em novembro de 2016 e fevereiro último, respectivamente.

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“Em razão do grande volume de pacientes com tumor cerebral que atendemos em nosso serviço de neurorradiologia, decidi escrever as atualizações sobre tumores em adultos e pediátricos. Trata-se de uma grande revisão de achados comuns nestas lesões, aliada a informações sobre como se comportam os tumores nos estudos de imagem avançada/ funcional tais como difusão, perfusão, permeabilidade capilar e espectroscopia de prótons”, explicou a dra. Lara Brandão. Na edição que concentra-se em tumores cerebrais adultos, o destaque é para os tumores da fossa posterior, metástases e hemangioblastomas. São abordados também tipos especiais de linfoma, incluindo linfomatose cerebral, linfomas intravasculares e granulomatose linfomatóide. Outros temas são os aspectos de imagem de gliomas em RM convencional, bem como em técnicas avançadas de imagem por RM. Além do trabalho como editora das duas publicações, que consiste em revisar todos os artigos escritos pelos colegas, a especialista também elaborou dois artigos, um deles sobre linfoma, no volume sobre tumores em adulto e com a parceria do dr. Mauricio Castillo, da Universidade da Carolina do Norte. O segundo artigo trata dos tumores da fossa posterior, foi publicado no volume sobre pediatria e elaborado em parceria com a dra. Tyna Poussaint, do Boston Children’s Hospital. “Os dois volumes editados pela dra. Lara Brandão podem fornecer informações para o diagnóstico e gestão de várias neoplasias intracranianas. A gama de desordens cobertas é extraordinária e é uma maravilhosa contribuição para neuroradiologistas e radiologistas que rotineiramente interpretam estudos de neuroimagem”, escreveu o dr. Suresh Mukherji. Em 2013, a dra. Lara Brandão realizou a edição de outros trabalhos para o Neuroimaging Clinics of North America, desta vez sobre espectroscopia de prótons do encéfalo e sobre imagem moderna do cérebro, corpo e coluna (Modern Imaging of the Brain, Body and Spine).

Expediente Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­cia­ listas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, gineco-obstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian), Alice Brandão, André Scatigno Neto, Carlos A. Buchpiguel, Carlos Eduardo Rochite, Dolores Bustelo, Hilton Augusto Koch, , Lara Alexandre Brandão, Maria Cristina Chammas, Nelson Fortes Ferreira, Nelson M. G. Caserta, Rubens Schwartz, Omar Gemha Taha, Selma de Pace Bauab e Wilson Mathias Jr. Consultores informais para assuntos médicos. Sem responsabilidade editorial, trabalhista ou comercial. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Alice Klein (RS), Daniela Nahas (MG), Denise Conselheiro (SP), Lilian Mallagoli (SP), Milene Couras (RJ), Rafael Bettega (SP) Sylvia Verônica Santos (SP) e Valeria Souza (SP) Tradução: Fernando Effori de Mello Arte: Marca D’Água Fotos: André Santos, Cleber de Paula, Henrique Huber e Lucas Uebel Imagens da capa: Getty Images Administração/Comercial: Sabrina Silveira Impressão: Meltingcolor Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.108A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br


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