Jornal ID 79 abr/mai 2014

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ABR / MAI 2014 nº 79

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abril / maio 2014 - Ano 13 - nº 79

JPR/RSNA 2014

Imagem diagnóstica interliga os continentes

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este momento, a cidade de São Paulo se prepara para recepcionar e mobilizar mais de 10 mil pessoas, focadas nos rumos do diagnóstico por imagem, especialidade que se desenvolve em ritmo frenético, agregando recursos e disponibilizando solicitações, que posicionam a especialidade em um novo patamar. Começa neste dia 1º de maio, justamente o “Dia do Trabalho”, no qual o esforço do profissional é amainado da sua faina de carregar o mundo, a JPR’2014 em parceria com a RSNA, uma soma de esforços focada em oferecer mais qualidade. Com a decisão desta parceria, que coloca a Radiologia brasileira em um novo patamar, a interligação dos continentes se fortalecerá na troca de conhecimentos, na discussão de propostas e no entendimento dos benefícios do mundo globalizado.

Os latino-americanos (e aqui se incluem os brasileiros, embora muitos se esqueçam disso) terão acesso a uma exposição comercial sem precedentes, com 32 mil metros quadrados de área, 24 salas de aula focadas em temas médicos, atividades correlatas e profissões de apoio, mostrando um universo de informações para todos os segmentos envolvidos com a imagem diagnóstica. Enquanto cresce de importância dentro da estrutura da Medicina como um todo, a imagem diagnóstica configura-se como a mão que espalma toda a rotina médica nos dias atuais, pois, na grande maioria dos casos, auxilia no diagnóstico, da conduta ao tratamento, quando a intervenção pode ser o caminho mais fácil. A Sociedade Paulista de Radiologia e a Radiological Society of North America, ao somar esforços, dão uma demonstração concreta de que tudo é possível, quando assim desejamos.

Uso do contraste em mamografia pode ampliar acuidade do exame

Albert Einstein fortalece o ensino médico

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Dr. Marcelo B. G. Funari

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Dr. Miguel F. Neto

Dr. Ronaldo H. Baroni

Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em SP, anunciou ampliação de suas atividades de ensino: este ano, ele dará início ao programa de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde, que abrigará quatro linhas de pesquisa: Envelhecimento, Medicina Crítica, Medicina Molecular e Neurociências. O novo projeto se soma às demais atividades do HIAE: na última década, ele tem se destacado como um polo na geração e disseminação de conhecimento, com crescimento da pós-graduação lato sensu, cursos de atualização e a realização de congressos internacionais. Ainda em 22 e 24 de agosto, o hospital realiza seu I Congresso Internacional de Diagnóstico por Imagem, apresentado simultaneamente ao V Simpósio de Ressonância Magnética e ao III Simpósio de Imagem Molecular e Radiofarmácia. Informações pelo site www.einstein.br/ eventos. Página 8

esquisas e inovações na área de mama, como o uso de contraste em mamografia, foram analisadas e discutidas, juntamente com os principais avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, em São Paulo no Imagine’2014, em março, com uma participação recorde de inscritos. Tendo à frente os Drs. Nestor de Barros e Luciano F. Chala, do Centro de Diagnóstico por Imagem Dras. Elizabeth Morris e Selma Bauab e Drs. Luciano Chala, José Michel Kalaf e Nestor de Barros, no evento em São Paulo da Mama do InRad, o evento contou com a participação dos convidados estranoncológica da Universidade do Texas do M.D. Angeiros, Dra. Elizabeth Morris, chefe do serviço de derson Cancer Center, em Houston. Em entrevista diagnóstico por imagem da mama do Memorial ao Jornal ID, eles fizeram análises atualizadas da Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, e Dr. especialidade e mostraram os próximos passos. Bruno Fornage, professor de radiologia e cirurgia Páginas 6 e 7

Empresas intensificam produção no Brasil

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País está na mira das grandes produtoras de equipamentos médicos. Seja para atender à demanda local ou da América Latina, seja para possibilitar a facilidade de financiamento aos clientes, multinacionais estão chegando ou expandindo suas produções em território nacional. A alemã Ziehm, pioneira em arcos cirúrgicos, planeja concluir o projeto de nacionalização de seus equipamentos no segundo semestre de 2014, com fábrica em Santa Catarina. A japonesa Toshiba, que há dois anos opera com fábrica em Campinas, SP, anuncia expansão de produção de sua linha de equipamentos de ultrassonografia. A também alemã Siemens divulga pretensões de investimento em sua fábrica em Joinville, para atender o mercado brasileiro. Páginas 11, 13 e 14

Artigos oferecem atualização científica O caderno Application desta edição traz cinco artigos redigidos por renomados especialistas de instituições consideradas referência na área, como InRad-HCFMUSP, Hospital Israelita Albert Einstein, Faculdades de Ciências Médicas da Unicamp e Faculdade de Tecnologia em Saúde de Ribeirão Preto. Os temas cobrem as áreas de neuro, abdome e urologia. Além disso, a Dra. Silvia Prioli de Souza Sabino, do Hospital do Câncer de Barretos, apresenta a segunda parte de seu artigo sobre a Qualidade do Exame Mamográfico. Confira.


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Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

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editorial

JPR’2014: o passaporte para a internacionalização

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o momento em que a Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SPR) abre as portas de sua 44ª JPR, a partir do dia 1º de maio, e consolida sua parceria com a Radiological Society of North America (RSNA), ela conclui uma importante etapa em sua história e consolida de forma definitiva o seu projeto de internacionalização da Radiologia brasileira. Recebe seu passaporte internacional, com um visto para os Estados Unidos por mais quatro anos. Para obter esse documento, houve um longo percurso de aprendizado, de convivência com os irmãos latino-americanos e com os confrades europeus, todos eles com fortes laços de sangue e emocionais com o nosso País. Um aprendizado que se constituiu de eventos regionais, locais e internacionais que fortaleceram a entidade e mostraram os rumos desse aprendizado, até chegar a Chicago, cujo nível de exigência é conhecido por todos e que prima pela qualidade. O significado dessa parceria tem muitas conotações, e sua importância é maximizada por ser o primeiro que a entidade norte-americana fará fora dos seus domínios e com regras muito parecidas com as suas. Espera-se com a mesma qualidade. Um nível de excelência diferente dos eventos já citados, nos quais o lado fraterno sempre foi muito forte e as escolhas quase sempre regimentais, como o caso do Interamericano de Radiologia, do Mundial de Ultrassonografia e o Latino-americano da FLAUS. A JPR/RSNA 2014 é fruto de uma parceria e, como tal, precisa ser boa para as duas partes. Aí está o mérito das diretorias da SPR, que conduziram os entendimentos e chegaram a este momento. Mas é bom salientar que, hoje, as realidades econômicas, culturais e tecnológicas, com o acesso aos meios digitais, quebraram muitas barreiras e o Brasil não é o mesmo de 40 anos atrás. Para os que estão fora do processo, é quase impossível avaliar os benefícios que este evento trará para a JPR em si. Mas, para a especialidade, a Radiologia e o Diagnóstico por Imagem, é o reconhecimento da qualidade dos profissionais brasileiros, do nível de excelência que aqui se pratica, principalmente em algumas instituições, e do desenvol-

vimento do País como um todo, apesar dos nossos governantes. Mostra, também, que eles também estão de olho no País, já que muitos especialistas brasileiros desfrutam e ocupam posição de muito prestígio nos EUA. E, se o foco é qualidade, ajudar a melhorar o que fazemos, mostrando também o que estamos fazendo de bom, é muito bom. O número de trabalhos científicos apresentados e selecionados e o número de conferencistas brasileiros e latino-americanos refletem que muita coisa mudou na América Latina, em termos científicos. É importante ressaltar que o nosso continente tem muito a aprender com os nossos irmãos do norte, mas também já tem muito a mostrar em termos de disposição, busca e luta. Acreditamos que, potencialmente, o Brasil ainda é um dos mercados mais promissores, embora a Saúde não seja levada tão a sério. Se não fosse por todo esse potencial, não existiria razão para investimentos feitos pelas grandes empresas em fábricas e linhas de montagem em diversas regiões do País, todas com resultados muito expressivos, a ponto de algumas já estarem com projetos de expansão, por “não dar conta da produção”. Se vivemos alguma turbulência econômica, algumas incertezas, não acreditamos que o momento seja de desespero, de negativismo exacerbado, como se o País fosse o culpado de todas as crises, como é da nossa natureza. Uma reflexão mais detalhada pode levar a observar que muito dessa “possível” crise está na origem das próprias empresas, com falhas de gestão, paternalismo exacerbado nas suas matrizes, baixa produtividade e muitas exigências com seus filiados. Cremos até que, para alguns, a JPR seja a tábua de salvação, a esperança maior, para ver se alavancam seus negócios e se reposicionam economicamente. Tal é a dimensão do evento que, se levarmos em conta os números iniciais, cerca de 3 mil pré-inscritos, 32 mil metros quadrados de área de exposição, 24 salas de aula, sendo 17 em parceria com a RSNA, as expectativas serão confirmadas. Se as expectativas são muito boas, a esperança é ainda maior e a JPR’2014 – apesar da Copa do Mundo e das Eleições, que estão incomodando tanta gente – poderá salvar o ano de todo mundo. Que todo o esforço dispendido seja recompensado. O beneficio será de todos.

registro

Medicina Nuclear na FMUSP: professor titular O Prof. Carlos Alberto Buchpiguel, diretor do Centro de Medicina Nuclear do InRad, se submeteu e foi aprovado em concurso na Faculdade de Medicina da USP para obtenção do título de professor titular, no Departamento de Radiologia e Oncologia.

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om a sua aprovação, em evento que teve como comissão julgadora os professores Jorge Elias Kalil Filho, Paulo Marcelo Gehm Hoff, Henrique Manoel Lederman, Edson dos Santos Marchiori e Aureo Del Giglio, o Departamento de Radiologia e Oncologia, que tem à frente o Prof. Giovanni Guido Cerrri, abre espaço para a Medicina Nuclear. Dessa forma, passa a contar com quatro titulares, sendo os Profs. Cerri, Paulo Hoff, Roger Chammas e agora o Prof. Buchpiguel. No concurso, os candidatos fazem uma

Prof. Buchpiguel (4º a partir da esq.), após apresentação de sua aula magna, com professores da comissão julgadora e os Profs. José Otávio Costa Auler Jr. e Giovanni Guido Cerri

prova de erudição, na qual proferem uma aula magna para mostrar o domínio sobre um determinado tema e o que têm feito na universidade. O tema de aula do Dr. Buch-

piguel foi “O Valor da Imagem Molecular na Avaliação dos Processos Neurodegenerativos”, em que demonstrou a trajetória de desenvolvimento da medicina nuclear

e imagem molecular na avaliação dos processos demenciais, além de avaliar as expectativas e o papel do método num futuro muito próximo. Para chegar aí, também foi preciso demonstrar a produção de conhecimento e reconhecimento pelos seus pares, não só no Brasil, mas internacionalmente, defender títulos e memorial, sua história na universidade. “Fui candidato único, o que não significa que você é aprovado automaticamente. A banca avalia se você preenche critérios para ser um professor titular da USP. O processo de homologação está em andamento. O cargo aumenta bastante a responsabilidade de construir uma história a partir daquele ponto, porque é pelo que fizer dali em diante que será avaliado no futuro. É preciso mostrar, a partir do momento em que eu assumir, que conseguirei dar um salto de qualidade para o departamento a ponto de todos reconhecerem que o que agreguei foi significativo”, explicou o Prof. Buchpiguel.


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JPR/RSNA 2014

Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagoli (SP)

Crescer com qualidade: foco maior da parceria com a RSNA Com expectativas muito otimistas - a exposição comercial já bate 38 mil m2 e as salas de aula serão 24 - a JPR’2014 abre suas atividades no dia 1º de maio com muitas novidades e um conteúdo científico inovador, que prioriza a qualidade. Para uma análise do evento, o ID – Interação Diagnóstica ouviu depoimento do Dr. Antônio José da Rocha, presidente da SPR - Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

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realização da 44ª Jornado muita qualidade à JPR, e esse é o grande vidade será muito interessante, e é voltada a RSNA, nos moldes em que eles trabalham, da Paulista de Radiologia salto da parceria: crescer com qualidade.” para quem gosta do desafio do diagnóstico no formato em que o congresso anual deles (JPR’2014) será marcada pelo E, visivelmente, o evento cresceu: pasrápido”, afirma Dr. Antônio. “Os mais velhos é feito”, explica Dr. Antônio. Haverá ainda fato inédito de a Sociedade sou de 20 mil m2 para 38 mil m2 no ano vão se lembrar das antigas gincanas feitas outras áreas, como radiologia geral, e uma Norte-Americana de Radiolopassado, espaço que se manterá este ano, ainda na época do Maksoud Plaza, quando o sala de professores sul-americanos, novidagia (RSNA), proprietária do maior congresso com ampliação muito significativa da expoDr. Jorge Kavakama promovia a competição de na JPR, em que profissionais de diversas do mundo do setor, tê-la organizado em sição comercial. Também foi ampliada a área com outros colegas.” sociedades da região montarão uma sala de parceria com a Sociedade do restaurante e anunciaDr. Antônio explica que a ideia surdiagnóstico na área de abdome para discutir Paulista de Radiologia e da a abertura de novos giu a partir de uma conversa que alguns modelos interativos de casos clínicos. Diagnóstico por Imagem estabelecimentos para profissionais tiveram com um colega da A expectativa é grande: “A RSNA abriu (SPR). Além de a JPR alimentação. Visando o Argentina, e aproveitaram o ensejo da Copa as portas para nós, para que pudéssemos ver ser o maior evento do conforto do público, fopara resgatar o formato da gincana. “Será o formato e testar ao longo do tempo essas diagnóstico por imagem ram aumentadas as áreas um momento de descontração, para nos novidades, e agora é hora de colocarmos da América Latina, ela de secretaria, para receber divertirmos com a rivalidade entre os dois todo o conjunto para rodar simultaneamenserá amplamente beneos novos e pré-inscritos; países, nos permitindo brincar um pouco te. Temos segurança de que, pelos testes feificiada pelo aumento da foi preciso rever o fluxo com isso”, prevê. tos, tudo funcionará de maneira harmônica, qualidade impressa pela diante do crescimento do Com tudo pronto para a jornada, o vai ser um sucesso”. experiência da RSNA, evento para preservar o próximo passo é abrir as portas aos conRivalidade camarada que este ano realizará seu conforto. gressistas e palestrantes que chegam de Uma das sessões que mais tem desper100º congresso. As salas de aula tamdiversos Estados e países: “Queremos que tado a curiosidade dos inscritos é a gincana O acordo de cooperabém cresceram, de 14 todos aproveitem a JPR e tragam suas conque será realizada entre radiologistas bração para a jornada deste para 23 oferecendo cursos tribuições, porque o evento é feito de seus sileiros e argentinos, em uma relação direta ano valerá também para simultaneamente. “Com participantes, sejam alunos, professores ou Dr. Antonio Rocha, presidente da SPR com a Copa do Mundo que se inicia em São as edições de 2016 e 2018. a RSNA, temos 17 áreas expositores. Esse é o conjunto que faz da JPR Paulo, em junho. Será um modelo de gincaEle foi firmado em 2011 e, desde então, a diferentes, incluindo as diversas áreas da rao maior evento da América do Sul. Nossa na entre profissionais dos dois países, que SPR vem instituindo e planejando mudandiologia, uma sala de profissionalismo, uma expectativa, enquanto organizadores, é a entrarão devidamente uniformizados com as ças em seu evento, para alcançar o molde de educação médica, e teremos este ano uma mesma das pessoas que estão chegando: elas vestimentas oficiais das respectivas seleções desejado no evento de maio. voltada especificamente para o diagnóstico em relação ao congresso, e nós em relação a de seus países para discutir casos. “Essa atiÉ a primeira vez que a RSNA realiza na área de oncologia, tudo em parceria com elas! É essa interação que faz a JPR!”. tal parceria, beneficiando milhares de profissionais brasileiros e sul-americanos. O que a levou a isso? “Não acredito que tenha sido um motivo isolado, mas fatores somados que permitiram e propiciaram o SPR escolheu dois grandes de Nova York, tem sido referência mundial acordo”, afirma Dr. Antônio José da Rocha, nomes da especialidade do em TC dos pulmões. Outra obra de destapresidente da SPR. De fato, os americanos Diagnóstico por Imagem, que é Tórax, primeira de uma série do CBR, têm vindo ao Brasil em grande número que influenciaram gerações editada em conjunto com a esposa Isabella nas últimas edições da jornada, puderam e são referência de simpliciSilva Müller. Atualmente, ele reside em conhecer seu modo de organização e os dade, didatismo e profissionalismo. Dr. Salvador e continua escrevendo livros, radiologistas envolvidos, e se sentiram conNestor Müller foi escolhido o presidente dando aulas e participando de reuniões fortáveis para acreditar na competência e na de honra, e Dr. Clóvis Simão Trad, o pacientíficas e discussões de casos. capacidade dos brasileiros de organizar um trono da JPR’2014. O foco da carreira do Dr. Clóvis Simão grande evento. “Consequentemente, viram As homenagens serão feitas duranTrad foi o ensino e o trabalho em grupo; o nível da radiologia brasileira, e acho que te a Sessão de Abertura, no dia 1º de Dr. Nestor Müller sempre buscou ajudar os colegas e estuDr. Clóvis Simão Trad todo esse conjunto levou à oportunidade de maio, às 11h20. Além dos discursos que dantes a chegar ao diagnóstico, ensinanfortalecimento dessa parceria”, completa. compõem o cerimonial, haverá um pronunciamento feito pela RSNA do com paciência e fornecendo informações detalhadas de forma Dr. Antônio Rocha acredita que, para sobre a parceria com a SPR e a aula inaugural apresentada pelo Dr. sempre clara e humilde. Hoje aposentado, segue rotina em sua clínica, eles, será uma oportunidade de participar Nestor Müller: Radiação: Verdades e Mitos. a Central de Diagnóstico Ribeirão Preto (CEDIRP), também lecionando de um grande evento no primeiro semestre Dr. Nestor participou ativamente do desenvolvimento da TC de em cursos que a clínica oferece. Mais de 2 mil médicos já passaram na América do Sul, já que o congresso da alta resolução na avaliação das doenças do pulmão, que culminou pelo curso de tomografia computadorizada da unidade, desde meados RSNA sempre ocorre no fim do ano. “Para com centenas de artigos científicos e vários livros – um deles, Highdos anos 1980. É casado desde 1973 com a dermatologista Dra. Emília nós, será a chance de colocar nos trilhos o Resolution CT of the Lung, publicado com os Drs. W. Richard Webb, Simão Trad, com quem teve três filhos – um deles, Henrique, também que já testamos, pois a parceria nos permite da Universidade de San Francisco, e David Naidich, da Universidade se tornou radiologista. crescer de maneira exponencial, mas trazen-

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JPR faz merecidas homenagens


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A Radiologia brasileira em um patamar diferenciado “A 44ª JPR – Jornada Paulista de Radiologia será um divisor de águas para a especialidade. Acredito que vem coroar todo o trabalho de sucessivas diretorias da SPR e vai mostrar, mais uma vez, o nível de excelência da especialidade no País”.

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afirmação é do Prof. Giovanni Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP, onde se realizou, em 1948, o evento que marcou a fundação do Colégio Brasileiro de Radiologia e deu os primeiros passos para a sistematização da especialidade. Com importante papel em todo esse processo, já que presidiu tanto a SPR e atuou no CBR como secretário geral por mais de dez anos além de também ter presidido a entidade, ele deu seu depoimento sobre o evento que se inicia e a parceria que se institui com a Radiological Society of North America (RSNA). Ao mesmo tempo, comemora juntamente com os radiologistas brasileiros o sucesso de todo esse processo de internacionalização da especialidade, que culmina na gestão do Dr. Antônio Rocha. “O início não foi fácil, um reflexo da nossa própria realidade, pois o País demorou a realizar esse intercâmbio. Estruturamos o sistema acadêmico, científico e educacional tardiamente. A USP, embora existissem outras instituições, como estrutura acadêmica, só surgiu na década de 30 do século passado. Além disso, o número de médicos brasileiros que dominava a língua inglesa era reduzido, e poucos iam para o exterior até a década de 70. Com a crise dos anos 80, essa integração foi adiada”, explica o Prof. Cerri. “A necessidade de evolução e de intercâmbio, inclusive do ponto de vista comercial, surge nos anos 90: o Brasil sente a defasagem em relação a países emergentes e se aproxima da RSNA e de países europeus.” Começa, assim, a movimentação para buscar essa internacionalização da ciência e da saúde, e surgem condições de relacionamento internacional que permitiram trazer lideranças do exterior: “Profissionais da SPR lideraram isso. Na década passada, passamos a trazer não apenas indivíduos, mas grupos de estrangeiros, também da América Latina. Era importante mostrar às entidades que o Brasil tinha potencial de contribuição científica e infraestrutura para uma radiologia mais avançada. A visita de profissionais estrangeiros a grandes centros de radiologia do Estado de São Paulo, e também de outros Estados, mostrou que o Brasil tinha estrutura moderna, e a presença de brasileiros em eventos no exterior, até em presidência de entidades estrangeiras, inseriram o Brasil em um contexto mais relevante, e começamos o resgate do tempo perdido”, acredita. “Tenho certeza de que a JPR´2014, em parceria com a RSNA, será um marco para a especialidade, abrindo espaço para o grupo radiológico que mais publica em todo o mundo. Essa aproximação reflete o movimento da medicina e da ciência brasileiras em buscar internacionalização, reconhecimento e inserção de forma presencial e científica. Também reflete a ascensão da importância da medicina brasileira no cenário internacional. Podemos afirmar com segurança que a radiologia brasilei-

ra já tem reconhecimento importante na comunidade internacional. E o número de especialistas brasileiros que atuam no Exterior, em posição de destaque, referências, convalida esse reconhecimento”, enfatiza o Prof. Cerri. Ao retornar à Faculdade de Medicina da USP, como diretor, depois de três anos como Secretário da Saúde do Estado de São Paulo, o Prof. Giovanni Cerri também faz uma análise da saúde no País, lembrando que o “grande desafio é financiamento. O Brasil gasta pouco per capita em saúde, e financiamento é essencial”.

Prof. Giovanni Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP e membro do Conselho Consultivo da SPR: “Tenho certeza de que a JPR’2014 será um marco para a especialidade”

“É necessária uma reflexão sobre a realidade brasileira na saúde para termos melhorias consistentes no atendimento à população e que, como fez a SPR – que traçou um plano de longo prazo, na sua busca por projetos internacionais – , planejem as ações, com critério, com cuidado e com objetivos bem definidos. Aos que chegam ao País para a JPR’2014 e aos que frequentam o evento tradicionalmente, o nosso desejo é que o conteúdo programado e a organização estejam à altura das expectativas. A todos, uma boa estadia no Brasil”, concluiu.


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reportagem

Por Lilian Mallagoli e Luiz Carlos de Almeida (SP)

Mamografia com contraste pode abrir novas frentes para o diagnóstico do câncer Para discutir os principais avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, no momento em que o Ministério da Saúde altera sua política e o setor é bombardeado por informações controversas sobre a importância do exame mamográfico, São Paulo sediou o XII Encontro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem – Imagine’2014, com uma participação recorde de 1.200 inscritos, tendo à frente o Dr. Nestor de Barros e o Dr. Luciano F. Chala, do CEDIM – Centro de diagnóstico por Imagem da Mama do InRad.

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evento reuniu especialistas de referência no BI-RADS: um documento vivo País e contou com a participação dos convidaA Profa. Morris participou ativamente da elaboração da dos estrangeiros, Dra. Elizabeth Morris, chefe proposta de atualização do BI-RADS para ressonância de do serviço de diagnóstico por imagem da mama mama, apresentada no Congresso Europeu em março, em do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, Viena. Ela acredita que o motivo de a classificação ter levado em Nova York, e o Dr. Bruno Fornage, professor de radiolodez anos para ser atualizada se deve ao fato de, antes, os cogia e cirurgia oncológica da Universidade do Texas do M.D. mitês de cada tipo de exame trabalhar separadamente. “Dessa Anderson Cancer Center, em Houston, com apresentações vez, tentamos fazer todos juntos para sintetizar, tornar mais práticas e análises atualizadas da especialidade. coeso, porque há termos e conceitos semelhantes em todas as Em entrevista exclusiva ao ID, a Dra. Elizabeth Morris modalidades. Foi uma grande mudança”, comemorou. Outra abordou temas polêmicos, destacou aspectos importantes, novidade sobre a classificação será seu lançamento em formae demonstrou preocupação com o estudo canadense recento eletrônico, para tablets, previsto para temente publicado no British Medical maio. “Ao chegar ao meio eletrônico, será Journal. A Sociedade de Imagem da mais fácil atualizá-la. Vejo o BI-RADS Mama publicou um comunicado oficomo um documento vivo. Por exemplo, cial rebatendo o estudo, já que houve não temos nenhuma TC em BI-RADS grandes dúvidas sobre o modo como por enquanto, então não temos nenhuma foi feito. “Fiquei chocada ao saber que forma de explicar a tomossíntese para foi aceito para publicação. De alguma a mamografia. Isso também acontece forma, isso passou pela revisão e as com a mamografia com uso de contraste. pessoas não perceberam que não se Essas coisas precisam ser adicionadas”, tratava de um trabalho com credibilicompletou. dade”, afirmou. A atualização da classificação apreEm um ano, ela assumirá a presenta um novo capítulo para auditar sidência da Sociedade de Imagem da rechamadas de pacientes e resultados Mama e sinalizou que uma de suas positivos. A categoria de avaliação final prioridades enquanto presidente será também deixou de ser associada à recodesenvolver uma comunicação aprimendação, então um achado classificado morada com sociedades de diversos como BI-RADS 2 e benigno pode receber países: “Estamos tentando desenvolver a recomendação de biópsia. relacionamentos de reciprocidade entre A Profa. Morris não foge de questões presidentes e diretores executivos de polêmicas. Ao ser questionada sobre sociedades em todo o mundo, pois Dra. Elizabeth Morris, no Imagine’2014 o uso da ressonância magnética para o então podemos apoiar os congressos estadiamento do câncer de mama, ela reconheceu se tratar de e as situações que estão vivendo em seus países. Estamos um assunto controverso. “Em todo o congresso para o qual eu começando a levar programas de rastreamento e ajudando-os vou, sempre há esse debate em torno da RM pré-operatória, a mantê-los”. isso já dura uns cinco anos e não temos tido nenhuma infor-

Unificando a comunicação: uma mesma mensagem para todos A médica radiologista acredita que a mamografia vem passando por uma crise em diversos lugares – Europa, Estados Unidos, Brasil. “Na Suíça, resolveram não ter mais um programa nacional de rastreamento, o que é sério. Precisamos ter uma mensagem unificada, ser como um só quando falamos, e com certeza devemos replicar os comunicados, os pontos de discussão. Temos que ser capazes de compartilhar isso”, defendeu. A divulgação de uma mensagem coesa é de extrema importância para o setor. Sobre a notícia divulgada de que o governo brasileiro elevaria a idade mínima necessária para o exame de mamografia de 40 anos para 50 anos, a professora é taxativa: “É tudo por causa de dinheiro”. Ela lembrou que há evidências fortes de que o rastreamento causa grande impacto na taxa de mortalidade de pacientes entre 40 a 50 anos. Nos Estados Unidos, um grupo do governo também elevou a recomendação para acima dos 50 anos argumentando que não era a faixa de maior mortalidade. A reação das mulheres, horrorizadas com a recomendação, foi de procurar os políticos de suas regiões para reclamar, e o governo se viu então obrigado a manter a política a partir dos 40 anos.

mação nova”, afirmou. Segundo ela, em algumas populações com pacientes que têm alta recorrência, qualquer paciente positivo que não vá passar por mastectomia deveria com certeza passar por uma ressonância da mama. “Todo mundo com câncer lobular invasivo deveria fazer a RM, ou em todo o paciente que você sente que não consegue ter um bom entendimento da extensão da doença, e também em pacientes na pré-menopausa”, defendeu. Porém, ela mesma reconhece que há pouca informação na literatura que mostre que os resultados podem mudar ao se realizar uma RM pré-operatória. “O problema é que não há nenhum bom estudo prospectivo, nem retrospectivo. Os dados não são convincentes. Em parte, isso ocorre porque eles pegaram o grande número de cânceres de mama ER-positivos em mulheres pós-menopausa que lidam muito bem com a terapia, então esses tipos de testes têm tido resultados ilusórios por pacientes que vão ficar bem, não importa como”, explicou. Há um novo estudo iniciado nos Estados Unidos, feito entre radiologia e cirurgia, que busca olhar para a RM préoperatória em pacientes que têm alta taxa de recorrência e checar se a realização do exame antes da cirurgia pode afetar a taxa local recorrente na mama: “Acho que essa é uma resposta que todo mundo quer saber. Porque se você conseguir mostrar que você está de fato afetando essa taxa local, então o

argumento de que certas mulheres deveriam passar pela RM pode ser defendido”. Há cirurgiões que acham isso positivo, por auxiliar os pacientes, e outros que não se importam, porque acreditam que a quimioterapia e a radioterapia vão cuidar de tudo. A radiologista defende que esse novo estudo pode mudar as coisas, mas que conclusões concretas podem levar ainda mais cinco anos.

RM de mama: o fator custo O fato de a RM poder ser uma boa ferramenta no diagnóstico do câncer de mama se contrapõe ao fato de ser um exame caro e pouco acessível. “Mas a RM não precisa ser cara”, argumentou a professora, que diz adorar a ideia propagada no RSNA 2013 de se fazer mais com menos. Ela explicou que um exame de rastreamento começou a ser feito recentemente nos Estados Unidos com duração de 10 a 15 minutos, em que duas ou três sequências são realizadas para uma rápida olhada na mama. “Pegamos esse grande protocolo que tem 8 ou 10 sequências, e fazemos apenas três, mas melhores. Isso pode ser mais barato porque você reduz o tempo, e talvez, consiga fazer duas ou três pessoas por hora”, afirmou. Para ela, a RM também pode ser usada para se chegar ao “menos”: menos cirurgia, tratamento e radiação. “Há um estudo muito interessante na Austrália que está olhando para a RM e tentando selecionar as mulheres que não precisam se submeter radiação das mamas após cirurgia. Trata-se de um estudo muito popular, porque as pessoas não querem passar por radioterapia. Então, se a RM consegue prever, é algo positivo.” Enfatiza, também, que todos os estudos mostram que a RM é melhor para rastreamento do que o ultrassom: há menos falsos positivos, mais cânceres. “Se você pode fazer o teste equivalente em preço e disponibilidade, então faz sentido fazer o exame de RM. O único problema é que você tem uma injeção”. Segundo ela, nos Estados Unidos, o ultrassom tem sido mais e mais usado para rastreamento porque “temos que fazer”. Há uma lei em 15 estados que obriga os médicos a informar às pacientes qual a densidade mamária delas. “Acredito que isso vá tomar o país todo. Sou contra essa política! Com isso, eles somam mais um exame... Quem sabe se a tomossíntese não poderia nos ajudar com essas lesões que não conseguimos ver? A lei nos força a fazer mais um teste, e não é um bom teste, por isso não estamos muito felizes com isso.”

O contraste está chegando Sobre perspectivas, a professora explicou que há um novo exame sendo realizado, chamado mamografia aprimorada com contraste. “Temos feito isso em nosso centro. Transformar um equipamento de mamografia em um com contraste não é muito difícil, é barato, e você pode fazer um teste de contraste com uma tecnologia que todo mundo tem.” O contraste injetado é o mesmo usado na tomografia computadorizada, que possibilita ver onde o contraste se encontra na mama. “Com os dados que temos disponíveis hoje, acredito que todo mundo deveria se submeter ao rastreamento com RM porque ela identifica cânceres pequenos mais cedo, antes mesmo de conseguir vê-los na ultrassonografia ou na mamografia. Mas isso ainda não é viável economicamente”, ela reconheceu. Uma alternativa seria a RM abreviada, mas que não apaga o problema do acesso: não há equipamentos disponíveis a todas as mulheres. “O futuro da tecnologia deve ser para esse lado, de desenvolver tecnologias que possam ser usadas em qualquer lugar”, afirmou.


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reportagem

Progresso consciente deve unir pesquisas a métodos tradicionais “Porém, não devemos pensar em abrir mão do que já existe, como a mamografia, a ultrassonografia e a ressonância magnética. Temos que progredir conscientemente.” Esta é a mensagem que o Dr. Bruno Fornage, o outro convidado do Imagine’2014, deixou para os que ali estiveram. Francês, radicado nos Estados Unidos, atua em ultrassonografia e é professor de radiologia e oncologia cirúrgica do MD Anderson Cancer Center, no Texas. Ele também falou ao Jornal ID sobre uma das aulas que apresentou no evento: “25 anos de estadiamento de câncer de mama invasivo com ultrassom: a experiência do MD Anderson Cancer Center”.

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ão se trata de uma experiência qualquer: ela é única. É a história de um professor dedicado, empenhado em levar seu conhecimento para todos os cantos. Só no Brasil, já esteve mais de dez vezes, é simpático, afável e interessado. Dr. Fornage explicou que o estadiamento do câncer de mama é raramente feito usandose ultrassom.

Dr. Bruno Fornage, do MD Andersen, Texas

“Quando me juntei à equipe do MD Anderson, há 26 anos, iniciei o ultrassom do câncer de mama, que não era feito lá. Embora eu já soubesse que podíamos detectar pequenos cânceres com ultrassom, também sabia que o ultrassom era útil para estadiar o câncer, especialmente para detectar metástase linfonodal em torno da mama”, afirmou. O resultado tem sido satisfatório e tem obtido tanto sucesso que os médicos e cirurgiões abraçaram a ideia, reconhecendo que funciona. O radiologista lembra que, há 25 anos, as pessoas não olhavam os linfonodos da região. “Passamos a explicar que também precisamos olhar também em volta da mama. Então as pessoas começaram a examinar as axilas. Hoje, ainda ensino como examinar não apenas a mama e a axila, mas também abaixo e acima da clavícula e ao longo do esterno para rastrear possíveis nódulos anormais adicionais”, disse. O Prof. Fornage também enfatiza que a RM tem alto custo e acesso limitado se comparada a outras modalidades: “Às vezes, você vê um paciente com um pequeno câncer que precisa ser levado para a cirurgia, e você não pode esperar por uma consulta para

uma RM pré-operatória de estadiamento, que pode não estar disponível por algumas semanas”. Ele ressaltou que o ultrassom não gera tanta receita como a ressonância magnética e, “na maioria das instituições, as pessoas dizem que ‘o ultrassom não é bom para isso’. Além disso, o ultrassom requer um ultrassonografista bem treinado e experiente. Assim, por estas razões, infelizmente, em muitas instituições, o estadiamento do câncer de mama ainda é realizado com RM”. “Há novas técnicas que estão sendo desenvolvidas para a imagem da mama. A mamografia com contraste é uma delas, e é promissora. Considerando-se o ultrassom,

estamos agora testando uma nova modalidade de imagem, chamada Opto Acoustic Imaging, uma combinação de radiação laser e ultrassom”, anunciou. “Apesar de continuarmos a pesquisar novas e melhores técnicas de imagem, continuamos a usar as modalidades padrão, que são a mamografia digital, a ultrassonografia e a ressonância magnética. Eles estão aqui para ficar.” Dr. Fornage salienta que, atualmente, não existe nenhuma técnica que pode substituir qualquer uma destas. Outro exemplo em pesquisa de imagem de mama também foi o tema de uma de suas palestras no congresso do InRad – “Ablação

percutânea de câncer de mama”: “Nos últimos 15 anos, as pessoas têm tentado desenvolver novas técnicas para matar o pequeno câncer, seja aquecendo o tumor com correntes elétricas, microondas, radiação a laser ou mesmo ondas de ultrassom de alta intensidade, como o oposto, congelando-o ou mesmo eletrocutando-o. Com tantas técnicas diferentes, ainda há muito trabalho para descobrir qual deles funciona melhor. Então temos que progredir conscientemente. Há sempre muita empolgação com uma nova técnica”. O palestrante aconselhou cautela com euforia quando a notícia de um novo método surge; “pode haver frustração no caminho”.


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notícia

Por Luiz Carlos de Almeida e Rafael Bettega (SP)

Hospital Albert Einstein fortalece atuação no ensino médico Com um dos mais estruturados programas de atualização médica do Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), na capital paulista, está ampliando suas atividades de ensino. Neste ano, o hospital dará início ao seu programa de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde. Com início em junho (inscrições abertas até 20 de maio), o programa terá uma área de concentração única, Ciências da Saúde, que abrigará quatro linhas de pesquisa: Envelhecimento, Medicina Crítica, Medicina Molecular e Neurociências.

O

novo programa se junta a outras iniciativas que já tornam o Albert Einstein uma instituição reconhecida pela excelência na área da educação. “O hospital tem uma vocação para o ensino desde a sua fundação e, nos últimos dez anos, tem se destacado como um polo importante na geração e disseminação de conhecimento, com um grande crescimento no ensino em nível de pós-graduação lato sensu, um grande número de cursos de atualização e a realização de congressos internacionais em várias áreas”, afirma o Dr. Miguel J. Francisco Neto, coordenador do Serviço de Ultrassonografia e co-gestor de ensino do Departamento de Imagem do HIAE. Em entrevista ao Jornal ID, Dr. Marcelo Buarque de Gusmão Funari, Gerente Médico do Departamento de Imagem do hospital, e Dr. Miguel falaram sobre a importância do ensino dentro da instituição e os novos projetos nessa área – que incluem até mesmo a abertura de uma faculdade de medicina, o que deverá ocorrer entre 2015 e 2016. Enquanto é elaborado o projeto da faculdade de Medicina, o Albert Einstein celebra a implantação do novo programa de mestrado e doutorado, um marco importante no histórico educacional do hospital, por ser a pós-graduação em modalidade strictu sensu oferecida pela instituição na área de medicina – já existe um mestrado profissional em enfermagem.

diagnóstico de lesões expansivas (dentro “Temos criado condições para que por ano em várias modalidades, como da linha de pesquisas em Envelhecimento) um médico atue em alto nível tanto na imagem geral, na qual há um rodízio entre e o estudo de aspectos de neuroimagem da assistência quanto no ensino, fazendo uso ultrassonografia, tomografia computadoepilepsia (na linha de Neurociências). O de um parque tecnológico adequado, com rizada e ressonância magnética, e também Departamento de Imagem do hospital estará treinamento contínuo e certificações interprogramas específicos de imagem de abdorepresentado no programa pelo Dr. Ronaldo nacionais. Agora essa plataforma chegou ao me, tórax, mama e na área neurológica, por Baroni, um dos professores orientadores que seu ápice com a criação da pós-graduação exemplo”, explica o Dr. Funari. irão compor o corpo docente. strictu sensu”, afirma Dr. Funari. Em 2007, o departamento implantou Para o Dr. Marcelo Funari, um programa de residência méiniciativas como essa são impordica formalizada, com seis vagas tantes não só para fortalecer o papor ano (R1, R2 e R3). Tanto na pel do hospital na área educaciopós-graduação lato sensu quanto nal, mas também para aprimorar na residência, os estudantes têm a qualidade dos serviços prestaà disposição recursos tecnológicos dos por seus profissionais. “Com avançados, como: ressonância de a excelência e o reconhecimento 3 tesla, equipamentos que incorque o Hospital Albert Einstein poraram elastografia na ultrassotem por parte da população, nografia e tomografia multi-slice eu diria que é nossa obrigação com tomocoronariografia. disseminar esse conhecimento e Ainda neste ano, o Departapermitir que outros profissionais mento de Imagem do HIAE promotenham acesso. Todos vão ganhar verá o 1º Congresso Internacional com isso: o hospital, a medicina, de Radiologia e Diagnóstico por a comunidade científica brasileira A partir da esq., Drs. Ronaldo Baroni, Marcelo Funari e Miguel Francisco Imagem do hospital. Marcado e, em última análise, nossos pró- Neto, à frente do programa de ensino na área da imagem no HIAE para agosto, o evento fará um prios pacientes”, afirma o chefe apanhado das atividades de todas A área de diagnóstico por imagem do do Departamento de Imagem da instituição. as áreas em que o hospital atua no segmento Albert Einstein é bastante ativa em termos de imagem. Segundo o Dr. Miguel, a ideia é Ensino na área de imagem de ensino e pesquisa. Desde o início dos reunir temas de interesse “tanto para espeA área de diagnóstico por imagem, no anos 2000, o Departamento de Imagem ofecialistas quanto para residentes, que pretennovo programa strictu sensu, terá estudos rece pós-graduação lato sensu em nível R4, dam se atualizar e ter contato com tecnologia relacionados a esse segmento, como a avacom cursos em diversas modalidades. “Hoje avançada nas diferentes modalidades, com liação da eficácia dos exames de imagem no nós recebemos cerca de 18 pós-graduandos enfoque teórico-prático e vários hands on”.


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título de especialista

Obrigatório, para os médicos que pretendem se integrar ao mercado de trabalho Segundo o levantamento Demografia Médica no Brasil (2013), do CFM, a área da Radiologia e Diagnóstico por Imagem é a 10ª maior especialidade do País, em um total de 53 regulamentadas dentro da entidade máxima dos médicos. São 7.925 especialistas, o que resulta em uma média de 4,09 radiologistas por 100 mil habitantes. O gênero predominante hoje é o masculino (65,86%) e a maior parte dos profissionais está concentrada no Sudeste (52,85%) e no Sul (18,54%). (É importante considerar que muitos têm o título, mas não fazem o registro no seu Conselho Regional de Medicina.)

A

Comissão Mista de Especialidades – formada por AMB, Conselho Federal de Medicina e Comissão Nacional de Residência Médica – define na Resolução CFM nº 1.634/2002 que o médico somente pode anunciar ou divulgar sua especialidade ou área em que atua se possuir os devidos títulos ou certificados devidamente registrados no CRM. Assim, se o profissional não for titulado ou certificado, está impedido de se apresentar como especialista em receituários, carimbos, placas, cartões de visita e de assinar o laudo radiológico, específico para os médicos que atuam com radiações ionizantes. Conforme a Resolução nº 2.007/2013, há um ano o CFM passou a exigir, ainda, que, para o médico exercer o cargo de diretor técnico ou de supervisão, coordenação, chefia ou responsabilidade médica pelos serviços assistenciais especializados, é obrigatória a titulação em especialidade médica, registrada no CRM. A titulação ou certificação representa o atestado de formação e experiência do profissional. O Certificado de Atualização Profissional (CAP) é a garantia da atualiza-

certificação

Exame de suficiência do CBR

O

CBR tornou-se responsável pela aplicação do Exame de Suficiência para Concessão de Título de Especialista e/ ou Certificado de Área de Atuação desde que aderiu ao Conselho Científico da Associação Médica Brasileira (AMB), em meados de 1965. O exame é realizado em conjunto com a Associação Médica Brasileira (AMB) e as Sociedades de Especialidade afins. Já estão abertas as inscrições para o exame regular de 2014, cuja prova teórica será em 8 de junho (Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Curitiba/PR, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP) e a prática (segunda fase) em 15 e 16 de agosto (São Paulo). Também será realizado este ano, em 9 e 10 de maio, exame especial de Título de Especialista para graduados até 1999. Áreas de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia e Ultrassonografia Geral. Inscrições até 31 de março. Informações: www.cbr.org.br.

ção constante de técnicas e conhecimentos, documento que comprova sua participação em atividades educacionais como congressos, cursos, publicações científicas, etc. Concedido pela Comissão Nacional de Acreditação da AMB, o CAP tem validade de cinco anos e pode ser obtido a partir da soma de 100 pontos em eventos e outros métodos credenciados pela Comissão. No momento em que se realiza o maior evento da especialidade, a JPR’2014, e que o Colégio Brasileiro de Radiologia já encerrou as inscrições para a Prova do Título de Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, estes esclarecimentos assumem um

papel importante: o processo de atualização científica é fundamental na recertificação, e os que ainda não se submeteram às provas do CBR, devem se preparar para fazê-la, no menor prazo possível, quando ainda estão com os conhecimentos muito atualizados. O título de especialista é o referencial do médico e, na área da imagem, na qual os avanços tecnológicos ditam o rumo do processo de atualização, participar de cursos e eventos faz parte da rotina de qualquer profissional que pretende se colocar bem no mercado. Esclarecimentos mais detalhados: cbr. org.br – associe-se.


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abril / maio 2014 - Ano 13 - nº 79 Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagoli (SP)

reportagem

Pioneira, Ziehm inicia fabricação de arcos cirúrgicos no Brasil Como parte de um projeto que se iniciou em 2009, quando instalou escritório em São Paulo, para a comercialização de sua linha de arcos cirúrgicos, a Ziehm Imaging planeja concluir o projeto de nacionalização de seus equipamentos no segundo semestre de 2014, em sua operação licenciada com a empresa Sul-Imagem em Santa Catarina. Em fase final, esse projeto aguarda parecer do Inmetro e da Anvisa, no processo de regulação e das exigências técnicas para fabricação dos primeiros modelos.

O

processo de fabricação é gradual, é preciso ter volume, e o Brasil permite isso por seu potencial. O projeto é de nacionalização, de ter equipamento com selo brasileiro”, explica Nelson Mendes, CEO da empresa para as Américas. “Não temos grande benefício em relação a custo, porque é preciso pagar o imposto de importação sobre as peças, mas a entrega é mais ágil, há a possibilidade de financiamento inclusive pelo Finame e poderemos atender outros países da América Latina”, afirma. A fábrica pode se transformar em polo de exportação, não apenas para o Mercosul, ou norte da América do Sul ou o México, por exemplo; “existe grande potencial de outros mercados, como Leste europeu e até Ásia”, completa. A Ziehm demonstra ter planos otimistas para o Brasil, seguindo o preceito de que a imagem para diagnóstico, em todo o mundo, é um mercado consolidado, mas a o uso da imagem em intervenção projeta grande expansão, já que a cada dia há mais e novos procedimentos. Nelson Mendes, um brasileiro que deu certo no exterior, reforça que não se trata de uma empresa de diagnóstico, mas de imagem aplicada à intervenção: “A empresa é conhecida como a ‘companhia dos arcos’ porque sua produção é focada e restrita a isso; ela produz arco cirúrgico ou em ‘C’. O que fazemos, de fato, é imagem para finalidade intraoperativa; ou seja, as imagens que produzimos são usadas em intervenção, e não especificamente em diagnóstico. Nossos arcos estão em centros cirúrgicos, centros de hemodinâmica, e não necessariamente na área de radiologia dentro do hospital”. A longa experiência do executivo no setor contribui para a solidificação dos planos da Ziehm no País. Ele ingressou na área como consultor da GE quando da aquisição da CGR, em 1988. Na sequência, trabalhou

ele, a tecnologia da Ziehm é diferenciada e, de se vender o primeiro arco localmente”, na GE em diversos postos, e se mudou para por isso, mais produtiva, então não se deve afirma. A empresa foi aberta oficialmente Estados Unidos no começo da década de comparar um equipamento com a tecnoloaqui em junho de 2009; foram mais de dois 1990. Em 2008, entrou na Ziehm já como gia de ponta deles a um concorrente com anos até a primeira venda, porque exigiu a CEO para as Américas; seu objetivo era tecnologia básica. montagem da infraestrutura, treinamento de reestruturar a companhia para a região. Até “A Ziehm desenvolve equipamentos engenheiros. “Era preciso que ela estivesse então, a empresa seguia um modelo europeu com base clínica: o que o cirurgião ou o no Brasil com todos os registros necessários, de distribuição nos Estados Unidos, onde radiologista intervencionista quer? Um infraestrutura de serviços, importação de estava desde a década de 1990, e que não equipamento que não pare, que produza peças. Ninguém quer ver um equipamento atendia o mercado de maneira customizada. boa imagem, que tem um fluxo de ações parar, mas, no caso de intervenção, é algo Fundada em 1972, ela tem mais de 65% que causa economia no contraste, do mercado da Europa, sua base então são nessas pequenas coisas, principal. Está presente no mundo enormes para quem as utiliza, que inteiro e sua sede é em Nuremberg, a gente se destaca, e não só uma na Alemanha. Possui mais de 10 especificação dizendo no papel que mil arcos em ‘C’ instalados em hosele é melhor. Isso vai além da espitais e serviços em todo o mundo. pecificação”, diz. Para ilustrar, cita A empresa não foca na venda os procedimentos em intervenção de um equipamento, mas de toda vascular; geralmente longos, são sua linha – desde o arco pequeno, um fator crítico para o uso de arco que serve às necessidades genécirúrgico porque os arcos esquenricas de um centro cirúrgico, até tam, forçando o profissional a parar hemodinâmica móvel, um equio procedimento no meio. Como pamento que tem todos os requialternativa, a Ziehm oferece todos sitos de uma hemodinâmica, mas os seus arcos com refrigeração. em uma plataforma móvel, mais A tecnologia acaba também acessível. A Ziehm foi a primeira por possibilitar a simbiose entre empresa a aplicar um flat panel, áreas, em constante desenvolvium detector digital, em um arco Nelson Mendes, CEO da Ziehm para as Américas: “Abrir nossa subsidiária foi a melhor forma de entrarmos no Brasil” mento. Ela apresenta ao profiscirúrgico, há dez anos. crítico, o paciente pode estar na mesa. Ter sional de imagem novas oportunidades de “O objetivo da Ziehm é estar à frente da peças disponíveis 24 horas por dia no Brasil diagnóstico, e, na intervenção, permite mais tecnologia, e alcançar nos Estados Unidos é essencial”, completa. Ele confirma, ao lado procedimentos, antes desconhecidos ou ima mesma posição que ocupa na Europa, de de Samuel Almeida, diretor da Ziehm no pensáveis, por causa da imagem. liderança de mercado. A gente já é percebido Brasil, que a empresa tem obtido excelente Nelson Mendes acredita que o Brasil como líder de tecnologia. Hoje ela é númeresposta em vendas. tem excelentes intervencionistas, e não fica ro dois na América do Norte, mas há clara Hoje há instalados no Brasil equipaatrás em termos de qualidade profissional e tendência de crescimento”, afirma Nelson. mentos dos mais simples aos mais sofisticainteresse: “Aqui ainda se explora a criativiUma subsidiária em seu dos: só a Associação de Assistência à Criança dade, se cria coisas novas, ousadas. Porém, país de origem Deficiente (AACD) possui cinco equipahá 200 milhões de habitantes no País, e essa Quando assumiu seu cargo na Ziehm, mentos de reconstrução tridimensional, é a base para qualquer análise. Vejo com ela não estava presente no Brasil, mas ele fabricado apenas por ela e útil em diversas bons olhos o progresso na saúde nos últimos estabeleceu isso como prioridade. “A melhor aplicações, sobretudo neurologia e coluna. vinte anos, mas tem muito a melhorar. Aí forma de entrar foi trazendo a empresa de Aos argumentos de que o produto é entra o papel do Estado, da gestão pública. fato. Criamos essa subsidiária, para a qual caro, Nelson responde é preciso comparar A saúde precisa de mais investimentos, mais foram feitos investimentos por anos antes coisas que são de fato semelhantes. Segundo incentivos”.


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entrevista

Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

Turismo e Medicina: a história e as expectativas da Agência Mello Faro Há 23 anos no mercado, no qual detém uma bem sucedida história com a área do diagnóstico por imagem iniciada em 2002, quando foi a agência oficial da SPR pela primeira vez, a Mello Faro Turismo chega à 44ª JPR otimista com as expectativas do evento, que a cada ano se internacionaliza, e com a certeza de que os preceitos que nortearam a sua criação, pelo Dr. Mário de Mello Faro, estão cada vez mais fortalecidos.

O

Jorna ID – Interação Diagnóstica entrevistou e os grupos que levamos para os mais diversos destinos por Fernando Mello Faro sobre a história e as conta de eventos de vários segmentos profissionais, entre os suas expectativas com relação ao mercado quais os da área médica, certamente responsável pela maior turístico na área. parte dos congresso realizados no mundo. ID – Desde a sua criação, sempre esteve Os outros 50% do nosso trabalho se dividem de forma muito próxima à área médica. Quando a empresa foi funequilibrada entre o turismo em si e as viagens corporativas. dada e a que se deve esse perfil? Muitos de nossos clientes nestes segFernando Mello Faro – A Mello mentos também são da área médica. Faro Turismo foi fundada em 1991. Já Nossos diferenciais em todos os nasceu como uma empresa madura, segmentos de atuação são o respeito fruto da experiência trazida pelo meu ao cliente, a agilidade e precisão na pai, Dr. Mário de Mello Faro, médico informação e a clareza no tratamento: tisiologista formado pela EPM em 1946, trabalhamos com o foco no cliente e que em 1966 se enveredou pelo Turismo procuramos apresentar as alternatie, por muitos anos, conciliou as duas vas técnicas e comerciais que melhor atividades. Por sua formação, pela persoatendam às necessidades de cada um. nalidade carismática, pela competência Com a área médica, esse cuidado é e pelo espírito agregador, sempre teve ainda maior. muito trânsito entre médicos. Por outro ID – Há quanto tempo a Mello lado, a atividade médica sempre foi e é Faro é a agência oficial da JPR, a uma das que mais requer a atualização que atribui e como começou esta do profissional e a busca por novos parceria ? conhecimentos, o que invariavelmente Fernando Mello Faro administra a empresa Mello Faro – Nossa primeira JPR conduz à necessidade de viajar. fundada pelo pai, o médico Mário de Mello Faro foi em 2002 - são 13 anos de trabalho Do atendimento às viagens indiviininterrupto. duais, surgiram os pedidos para viagens de grupos e para o A parceria começou em razão da dificuldade enfrentada apoio logístico a eventos realizados em São Paulo, no Brasil à época pela SPR na manutenção de um fornecedor sólido e e em todas as partes do mundo. confiável, que pudesse assegurar a continuidade do trabalho ID – Qual o segredo para manter esse relacionamento ao longo do tempo e que garantisse o nível de excelência com a área médica ? que uma JPR requer. Naquela época, a cada edição havia Mello Faro – Na realidade, a Mello Faro não é especiauma agência diferente, e isso prejudicava bastante o próprio lizada na área médica. Podemos dizer que 50% do nosso planejamento do evento e o relacionamento com os convitrabalho está voltado para a eventos do setor, incluindo condados, participantes e fornecedores em geral. gressos nos quais atuamos como agência de viagens oficial No decorrer destes anos, a JPR cresceu muito e fomos

evoluindo e nos adaptando às necessidades. Com o conhecimento que acumulamos ao longo de tantos anos, nossa atitude tornou-se muito mais proativa e hoje podemos colaborar de forma mais efetiva na solução de imprevistos e na busca pela melhor solução para cada necessidade. ID – O que mudou, ao longo destas duas décadas, no relacionamento com eventos? Mello Faro – A segmentação da Medicina nas várias especialidades provocou o crescimento do número de eventos e a redução do número de participantes em cada um. Como resultado, observamos certa pulverização dos congressos no mercado, o que deu oportunidade de trabalho para uma crescente cadeia produtiva que, obviamente, inclui o trabalho das agências de viagens. A alternância de comando na diretoria de entidades por vezes prejudica a continuidade do nosso trabalho, mas esta é uma realidade do nosso mercado com a qual devemos conviver. Outra realidade desta última década que envolve o público em geral, inclusive médicos, são os prestadores de serviços virtuais que dividem o nosso mercado, mas nem sempre oferecem bons serviços e preços corretos. ID – Qual é o fator importante nessa relação “cliente x agência”? Mello Faro – Tal como a relação “médico x paciente”, a relação “cliente x agência de viagens” está fundamentada na confiança. Acreditamos na manutenção de vínculos através da excelência e eficiência na prestação de serviços, tendo em contrapartida a prática de preços justos. Investimos na capacitação e manutenção da nossa equipe; nos esforçamos na obtenção de melhor negociação com fornecedores e assessoramos nosso cliente de forma clara, isenta e profissional. Esta é a tônica do nosso trabalho, que felizmente conseguimos manter por todos estes anos de atuação.


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Neuroimagem na doença dos pequenos vasos cerebrais: atualidades e novos conceitos Introdução Historicamente sempre houve uma dicotomia por parte dos neurologistas entre o estudo das demências, principalmente a de Alzheimer, e o das doenças cerebrovasculares, com maior foco na doença de grandes vasos (aterosclerose). A doença de pequenos vasos, descrita em termos patológicos como lipo-hialinose e arterioloesclerose, até recentemente sempre recebeu menor atenção. Porém, nos últimos anos tem se mostrado uma interação sinergística entre as doenças neurodegenerativas e a doença dos pequenos vasos cerebrais (DPV) ou cerebral small vessel disease, hoje em dia considerando-se que não é possível separar os efeitos isoladamente de cada uma delas. A DPV é uma síndrome clinico-cognitiva, comumente relacionada ao envelhecimento, associada a determinados achados neuropatológicos e de neuroimagem, com acometimento preferencial das arteríolas perfurantes cerebrais, dos capilares e das vênulas, determinando dano à substância branca e cinzenta profunda cerebral. Possui ampla gama de sintomas, variando desde nenhum / pouco déficit neurológico focal (lacunas) até disfunção neurológica global e demências. Existe em vários trabalhos uma associação direta da redução do nível cognitivo com a quantidade de lesões da substância branca subcortical e periventricular cerebral. Desta forma, a DPV contribui com até 45% das demências e 25% dos infartos isquêmicos cerebrais nos estudos mais recentes. Os grandes diagnósticos diferenciais para esses infartos seriam ateromatose no óstio da artéria perfurante e embolia; contudo, exames de neuroimagem mostrando múltiplos marcadores para DPV, conforme abaixo detalhado, reforça esta possibilidade.

Fisiopatologia O substrato patológico da DPV são a lipo-hialinose, a arteriolosclerose e a necrose fibrinoide; em graus crescentes de gravidade. A fisiopatologia clássica é que a aterosclerose das artérias perfurantes ou a própria hipertensão arterial determinam isquemia por oclusão estrutural / funcional (relacionada a perda da autorregulação vascular) ou por estreitamento arterial. Porém este é presumivelmente apenas o estágio final da doença. Atualmente, acredita-se que a DPV tem sua patogenia centrada numa disfunção endotelial cerebrovascular difusa, responsável por falha na barreira hematoencefálica (BHE). A causa desta disfunção endotelial ainda não é completamente elucidada. Sabe-se, no entanto, que a permeabilidade da BHE aumenta com a idade e de forma exponencial após os 60 anos. Além disso o indivíduo pode ter fatores associados que aceleram este processo, sejam eles deposição de proteína beta-amiloide (explicando o conhecido vínculo entre Alzheimer e DPV), inflamação, fatores imunomediados, hipertensão arterial, e em modelos animais uma dieta rica em sódio. Em virtude deste aumento na permeabilidade observa-se extravasamento de componentes plasmáticos na parede dos vasos e nos tecidos perivasculares, inflamação, perda da autorregulação vascular, levando a lesão da musculatura lisa, redução luminal e oclusão como estágio final da doença. Em modelos animais com ratos hipertensos observa-se uma sequência estereotipada que se segue à disfunção da BHE, manifesta por: acúmulo de eritrócitos na luz vascular, junto da parede do vaso; seguido de migração de células e proteínas do plasma na parede vascular e através dela; formação de micro-hemorragias perivasculares; e oclusões vasculares levando a isquemia. Além disso, especialmente nos casos das vênulas e capilares, em que as paredes são muito finas, o extravasamento vai além da parede, indo para o tecido perivascular, determinando edema e dano tissular secundário que se manifesta por rarefação / palidez de mielina e desmielinização (substrato anatomopatológico conhecido há décadas dos focos de hipersinal em T2 na substância branca cerebral). Assim, a hipótese da disfunção endotelial cerebrovascular difusa unifica todas as manifestações conhecidas da DPV.

Papel da neuroimagem A neuroimagem deve ser descritiva, uma vez que os achados devem ser valorizados à luz dos dados clínicos. A ressonância magnética (RM) é melhor do que a tomografia computadorizada (TC) nesta análise. Mesmo a RM apresenta correlação apenas moderada com a clínica e o diagnóstico post mortem nas grandes séries prospectivas de pacientes idosos. Apesar disso, a RM tem alto valor preditivo negativo, isto é, um estudo normal praticamente exclui ou torna muito pouco provável o diagnóstico clínico de DPV. O inverso também é verdade, uma RM com uma carga de DPV muito intensa provavelmente apresenta chance significativa de um eventual déficit cognitivo ser secundário a um componente de DPV.

Nomenclatura dos achados de RM na DPV Um grande avanço recente no estudo da DPV foi o desenvolvimento de uma nomenclatura consensual para descrição dos achados na RM relacionados à doença. As características de imagem encontradas na RM que são marcadores de DPV incluem: pequenos infartos subcorticais recentes, lacunas de origem vascular presumida, hipersinal da substância branca de origem vascular presumida, alargamento dos espaços perivasculares e micro-hemorragias. Pequenos infartos subcorticais recentes ocorrem geralmente no território das artérias perfurantes (Figura 1), com história clínica de evento recente, onde é fundamental a sequência de difusão; embora em boa parte dos pacientes estas lesões possam surgir sem

sintomatologia aparente. Costumam ter dimensões pequenas, geralmente menores que 20 mm no diâmetro axial e localização clássica em território de arteríola perfurante (substância branca cerebral, nucleocapsular, tálamo e ponte). Estas lesões, quando avaliadas no corte coronal, são por vezes mais alongadas / cilíndricas, grosseiramente delimitando o território da arteríola ocluída (Figura 1). Os infartos pequenos subcorticais recentes possuem alto sinal nas sequências de difusão, T2 e fluid-attenuated inversion recovery (FLAIR), além de baixo sinal no mapa dos coeficientes de difusão aparentes.

A

B

C

Figura 1. Infarto pequeno subcortical recente. Mulher de 89 anos com hemiparesia esquerda de início súbito. Imagens de RM axiais FLAIR (A), difusão (B) e coronal T2 (C) demonstram pequeno infarto recente no braço posterior da cápsula interna direita (setas). Notar a concomitância de hipersinal da substância branca de origem vascular presumida na imagem FLAIR (A) e T2 (C). A restrição à difusão (seta em B) corrobora o quadro clínico recente e súbito. Na imagem coronal T2 a morfologia alongada do infarto no eixo superoinferior pode ser apreciada, relacionada com o território da arteríola perfurante acometida

Um fato interessante é que nem sempre um infarto subcortical recente evolui para uma lacuna no seguimento de longo prazo, embora esta seja seu destino mais provável. Além deste, um infarto subcortical recente pode se transformar num foco de hipersinal em T2 e FLAIR de aspecto inespecífico ou até mesmo (mais raramente) praticamente desaparecer. Lacunas de origem vascular presumida (Figura 2) são áreas cavitadas, localizadas na substancia cinzenta e branca, em um território de arteríola perfurante (substância branca, nucleocapsular, tálamo e ponte). Tipicamente possuem menos que 15 mm. Se maiores, provavelmente não foram causadas por DPV. Muitas lacunas nunca apresentaram sintomas, aparecendo de forma silenciosa no cérebro. Apresentam sinal igual ao do liquor em todas as sequências. Costumam ter um halo de gliose periférica (hipersinal em T2/FLAIR), que pode ajudar no diagnóstico diferencial com outras lesões.

A

B

C

Figura 2. Lacuna de origem vascular presumida. Paciente de 59 anos com demência vascular. Imagens de RM axiais T1 pós-contraste (A), T2 (B) e FLAIR (C) mostram a lacuna na substância branca profunda junto do corno anterior do ventrículo lateral direito (setas), com sinal semelhante ao do liquor em todas as sequências, sem realce pelo contraste e com halo periférico de gliose mais bem visto na imagem FLAIR. Notar a concomitância de hipersinal da substância branca de origem vascular presumida nas imagens FLAIR e T2, com o correspondente hipossinal em T1

O hipersinal da substância branca de origem vascular presumida é caracterizado por lesões com hipersinal em T2/FLAIR na RM e com hipoatenuação na TC (Figura 3). Acomete a substância branca cerebral periventricular / profunda, núcleos da base e ponte. Têm distribuição assimétrica. É esperado um acometimento de pelo menos 25% da substância branca cerebral para que este componente seja considerado relevante o suficiente para causar sintomas, especialmente demência ou declínio cognitivo. Espaços perivasculares, também chamados de espaços de Virchow-Robin, são estruturas recobertas pela pia-máter que acompanha os vasos no seu caminho desde o espaço subaracnoide até o interior do parênquima encefálico. Possuem morfologia alongada. Sua existência é considerada normal em adultos jovens e em crianças, porém nos idosos quando muito numerosos e proeminentes são um marcador da DPV (Figura 4).

Continua


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ABR / MAI 2014 nº 79

Neuroimagem na doença dos pequenos vasos cerebrais: atualidades e novos conceitos Conclusão

A

B

C

Figura 3. Hipersinal da substância branca de origem vascular presumida. Mulher de 77 anos com alterações cognitivas, hipertensão arterial e diabetes mellitus mal controlados. A imagem de TC sem contraste (A) mostra hipoatenuação difusa e confluente da substância branca cerebral. A imagem de RM axial FLAIR (B) demonstra o extenso hipersinal da substância branca em correspondência com a hipoatenuação da TC, notando-se ainda hipossinal na imagem de RM parassagital T1 sem contraste (seta)

A

X

B

Figura 5. Espaços perivasculares proeminentes. Homem de 61 anos. Imagem de RM axial FLAIR (A) mostra pequenos focos com sinal semelhante ao do liquor na substância branca do lobo frontal direito (seta). O aspecto, com halo de gliose periférico, é mais sugestivo de lacunas, no entanto a imagem correspondente coronal T2 (B) evidencia que a lesão é alongada (seta), mais provavelmente correspondendo a espaços perivasculares proeminentes. Este caso reforça as dificuldades que costumeiramente são encontradas nesta diferenciação

Micro-hemorragias são focos puntiformes de marcado hipossinal nas sequências T2 gradiente-eco e nas sequências que exploram fenômenos de suscetibilidade magnética, como o SWI (susceptibility-weighted imaging) e suas variantes. Como acima pormenorizado, também estão relacionadas à disfunção endotelial difusa cerebrovascular (Figura 6).

A

B

C

Figura 4. Espaços perivasculares proeminentes. Homem de 85 anos. Imagens de RM axiais T1 (A), T2 (B) e FLAIR (C) demonstram inúmeros espaços perivasculares proeminentes nos núcleos da base, menores que as lacunas (vide Figura 2), mas também com sinal semelhante ao do liquor em todas as sequências. Não há halo de hipersinal em T2/FLAIR. Notar nas regiões peritrigonais a concomitância de hipersinal da substância branca de origem vascular presumida nas imagens FLAIR e T2, com o correspondente hipossinal em T1 (especialmente à esquerda)

O sinal é igual ao do liquor em todas as sequências, seguem trajetos vasculares, são mais alongados e em geral têm menos que 2,0 mm. Possuem localização típica na substância branca cerebral e nucleocapsular, e não apresentam halo de gliose ao redor (ao contrário das lacunas). Existem dois motivos presumidos para esta associação: o primeiro é que como existe um aumento na permeabilidade da parede vascular, haverá uma alteração na concentração de proteínas do fluido intersticial que banha os vasos do espaço perivascular, levando a uma dilatação dos mesmos. Um outro mecanismo possível é que provavelmente boa parte da circulação do fluido intersticial dos espaços perivasculares é feita através de um mecanismo de “ordenha” relacionado a uma dilatação habitual das artérias durante a sístole (pulsatilidade). Esta dilatação sistólica do vaso impulsiona o fluido intersticial através do espaço perivascular. Se a parede da arteríola fica endurecida, como na DPV, esse mecanismo de “ordenha” é perdido e leva a um acúmulo de fluido intersticial, dilatando esses espaços perivasculares. Apesar de serem achados radiológicos extremamente comuns e em teoria apresentarem características típicas, conforme acima detalhado, o que se observa na prática é que muitas vezes há dificuldades na distinção entre lacunas, espaços perivasculares e hipersinal da substância branca de origem vascular presumida (Figura 5). Antes de denominá-los, reformatações em outros planos e o uso de sequências volumétricas são válidos. Porém, considerando-se que são parte de um mesmo espectro da DPV, tal diferenciação não se reveste de importância clínica significativa.

A

B

Figura 6. Micro-hemorragias. Homem de 54 anos, hipertenso e diabético. A imagem de RM axial T2 gradiente eco (A) mostra raros focos de hipossinal sugestivos de micro-hemorragias. A imagem correspondente SWAN (B) mostra inúmeros focos de micro-hemorragias, o que demonstra claramente que este último tipo de sequência é mais sensível nesta caracterização

Conclusões Embora o conhecimento sobre a DPV seja relativamente pouco difundido, a doença é de suma importância, sendo responsável diretamente por quase metade dos casos de demência e grande parcela dos infartos lacunares. O radiologista desempenha papel fundamental na identificação dos achados característicos desta entidade, permitindo que o correto manejo clínico dos pacientes seja rapidamente instituído. Mais importante que individualizar cada uma destas categorias de lesões, é importante a noção de que fazem parte do espectro de uma mesma doença, sendo necessária uma análise global de todos os componentes da DPV.

Referências Bibliográficas 1. Wardlaw JM, Smith EE, Biessels GJ, Cordonnier C, Fazekas F et al. Neuroimaging standards for research into small vessel disease and its contribution to ageing and neurodegeneration. Lancet Neurol 2013; 12:822-838. 2. Wardlaw JM, Smith C, Dichgans M. Mechanisms of sporadic cerebral small vessel disease: insights from neuroimaging. Lancet Neurol 2013; 12:483-497. 3. Pantoni L. Cerebral small vessel disease: from pathogenesis and clinical characteristics to therapeutic challenges. Lancet Neurol 2010; 9:689-701. 4. Shereiber S, Bueche C, Garz C, Kropf S. The pathologic cascade of cerebrovascular lesions in SHRSP: is erythocyte accumulation an early phase? Journal of cerebral blood flow 2012; 32:278-290. 5. Herrmann LL, Le Masurier M, Ebmeier KP. White matter hyperintensities in late life depression: a systematic review. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2008; 79: 619-624.

Autores Esther de Alencar Araripe Falcão Feitosa 1 Leandro Tavares Lucato 2 1 Radiologista. Complementação Especializada em Neurorradiologia do Instituto de Radiologia do HC-FMUSP. 2 Neurorradiologista. Instituto de Radiologia do HC-FMUSP e Centro de Diagnósticos Brasil.


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Endometriose da parede abdominal Relato de caso Resumo: A endometriose é uma doença que acomete mulheres em idade reprodutiva, sendo caracterizada por implante e crescimento de tecido endometrial (glândulas e/ou estroma) fora da cavidade uterina, verificada em até cerca de 15% das mulheres nessa faixa etária1. Na maior parte dos casos, situa-se no interior da cavidade pélvica. Implantes endometriais, todavia, têm sido relatados em muitos locais incomuns, incluindo a parede abdominal. Relatamos um caso de uma paciente do sexo feminino, 29 anos, na qual foi diagnosticado foco de endometriose da parede abdominal em atendimento no Departamento de Radiologia de Emergência da nossa instituição, apresentando hipótese clínica inicial de urolitíase / patologia anexial à esquerda.

Introdução: Endometriose da parede abdominal é condição de diagnóstico não óbvio, muitas vezes confundido com outras entidades clínicas, tais como granulomas de fio de sutura, hérnias incisionais, neoplasias primárias ou secundárias2. Tal dificuldade frequentemente deriva da baixa suspeição e ao relativo desconhecimento dessa apresentação por parte dos colegas emergencistas e mesmo radiologistas, e ao pouco enfoque recebido pela literatura radiológica. Visamos reforçar a importância do papel dos métodos de imagem, com ênfase na ultrassonografia do primeiro atendimento de emergência, no diagnóstico dessa patologia.

Caso Clínico: Paciente do sexo feminino, de 29 anos, recebida no pronto socorro com queixa de dor abdominal tipo cólica, há 1 dia surgia, de forte intensidade, localizada no quadrante inferior esquerdo, com irradiação para o membro inferior desse lado. Como antece-

Figura 1: Area ovalada predominatemente sólida heterogênea, hipoecogênica, com alguns focos hiperecogênicos e áreas císticas de permeio, bem delimitada, localizada no plano da musculatura da parede abdominal no sítio da dor

dentes, a paciente fora submetida a parto cesariana havia quatro anos. Ao exame físico e ginecológico, nada digno de nota além da dor na fossa ilíaca esquerda, pior à palpação. O médico emergencista solicitou ultrassonografias de rins e vias urinárias e pélvica transvaginal. O exame transvaginal não evidenciou alterações que pudessem justificar o quadro álgico. A ultrassonografia de rins e vias urinárias demonstrou cálculos calicinais não obstrutivos bilaterais, com junções uretero-vesicais

livres. Face aos achados, incompatíveis com a queixa clínica e normalidade dos exames laboratoriais, radiologista emergencista optou por fazer avaliação complementar da parede abdominal, dirigida para o sítio de queixa clínica, com transdutor linear (L125 com feixe de 50 mm), evidenciando uma área ovalada predominatemente sólida heterogênea, hipoecogênica, com alguns focos hiperecogênicos e áreas císticas de permeio, bem delimitada, localizada no plano da musculatura da parede abdominal no sítio da dor, envolvendo também pequena porção da gordura do subcutâneo (fig. 1 e 2), sendo levantada a hipótese de endometrioma. Tomografia computadorizada (TC) de abdôme e pelve foi realizada para complementação diagnóstica (fig. 3 e 4), na qual foram obtidos achados superponíveis àqueles da ultrassonografia. A paciente foi submetida à biópsia excisional da lesão, sendo que a avaliação anatomo-patológica da lesão confirmou o diagnóstico de endometriose da parede abdominal (fig. 6 a).

Discussão: A endometriose é uma patologia ginecológica relativamente comum em mulheres idade reprodutiva. Existem duas teorias principais para a sua origem. Uma delas, a metaplasia celômica, advoga que células mesenquimais multipotentes podem sofrer metaplasia originando tecido endometrial fora da cavidade uterina. A outra teoria defende que células endometriais possam ser

Figura 4: TC de abdôme nos planos axial e sagital evidencia uma massa densidade de partes moles (setas) na topografia do músculo reto abdominal esquerdo

Figura 5: Microscópica da biópsia excisional da parede abdominal evidencia glândulas com material hemático adjacente ao tecido muscular (H e E)

parede abdominal esta presente em cerca 0,8 % de todas as mulheres com endometriose submetidas a cesareanas6. Em geral, o sintoma característico da endometriose é a dor cíclica associada com menstruação7. Ultrassonograficamente costuma-se encontrar uma lesão predominantemente sólida, com áreas císticas de permeio derivadas de focos hemorrágicos intra-lesionais, expansiva, com quadro álgico frequentemente associado à menstruação8. Estes achados são inespecíficos, e um amplo espectro de patologias que se apresenFigura 2: Comparação entre o aspecto normal da musculatura do reto abdominal tem como massa à direita, e o foco das alterações, à esquerda na parede abdominal deve ser considerado no diagnóstico transportadas, iatrogenicamente, para locais diferencial. Incluem-se neste leque neoplaectópicos formando endometriomas, essas sias como sarcomas, tumores desmóides, células podem ser estimuladas por estrógeno linfomas ou metástases, massas de origem até haver um quadro sintomático3. não-neoplásica, como granulomas de fios Endometriose em sítios extra-pélvicos, de sutura, hérnias ventrais, hematomas ou embora rara, já foi descrita em quase todas abscessos9. Na grande maioria dos casos, as localizações e órgãos do corpo, mas a o diagnóstico poderá ser feito por punção sua localização mais freqüente é na parede guiada por ultrassonografia5. abdominal4. É geralmente associada às cirurAs opções terapêuticas para a endomegias nas quais a cavidade uterina é exposta, triose da parede abdominal incluem terapia reforçando a teoria do transporte iatrogênico farmacológica com agentes hormonais, tais de células endometriais. A endometriose da como progestogênios, e/ou excisão cirúrgica. A taxa de sucesso do tratamento farmacológico tem sido relatada como baixa, oferecendo apenas remissão temporária dos sintomas, muitas vezes seguida de recorrência após a interrupção da droga2. Destarte, a excisão cirúrgica é o tratamento de escolha1.

Conclusão:

Figura 3: TC de abdôme no plano axial evidenciando nefrolitíase não obstrutiva bilateral

A endometriose da parede abdominal deve ser considerada como hipótese diagnóstica em mulheres com ou sem antecedente de endometriose, uma vez submetidas a cesareana. A dor é condição freqüente, todavia a natureza cíclica com a

menstruação nem sempre é verificada, bem como uma massa palpável. Os achados de imagem não são patognomônicos de endometriose, mas, face antecedentes clínicos e exame físico condizentes, é reforçada esta hipótese diagnóstica.

Referências Bibliográficas 1. Patterson GK, Winburn GB. Abdominal wall endometriomas: report of eight cases. Am Surg 1999; 65:36–39. 2. Koger KE, Shatney CH, Hodge K, McClenathan JH. Surgical scar endometrioma. Surg Gynecol Obstet 1993; 177:243–246. 3. Dwivedi AJ, Agrawal SN, Silva YJ. Abdominal wall endometriomas. Dig Dis Sci 2002; 47:456–461. 4. Ideyi SC, Schein M, Niazi M, Gerst PH. Spontaneous endometriosis of the abdominal wall. Dig Sur 2003; 20:246–248. 5. Simsir A, Thorner K, Waisman J, Cangiarella J. Endometriosis in abdominal scars: a report of three cases diagnosed by FNA biopsy. Am Surg 2001; 67:984–986. 6. Singh KK, Lessells AM, Adam DJ, et al. Presentation of endometriosis to general surgeons: a 10-year experience. Br J Surg 1995; 82:1349–1351. 7. Woodward PJ, Sohaey R, Mezzetti TP. Endometriosis: radiologic–pathologic correlation. Radio-Graphics 2001; 21:193–216. 8. Francica G, Giardiello C, Angelone G, Cristiano S, Finelli R, Tramontano G. Abdominal wall endometriomas near cesarean delivery scars: sonographic and color Doppler findings in a series of 12 patients. J Ultrasound Med 2003; 22:1041–1047.

Autores Francisco Cavalcante Junior Rafael Dahmer Rocha Antonio Rahal Junior Miguel Jose Francisco Neto Marcelo Buarque de Gusmão Funari Médicos radiologistas – Departamento de Diagnóstico por Imagem Hospital Israelita Albert Einstein – SP


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Tecnologia de apoio à biópsia guiada por ultrassonografia endoretal da próstata Uma breve apresentação do método com contraste e a visão do urologista A utilização da ultrassonografia com contraste de microbolhas no auxílio a biópsia, representa uma nova ferramenta para aumentar a sensibilidade na detecção da neoplasia maligna da próstata. Os tumores malignos da próstata normalmente apresentam rica neovascularização. Este aspecto pode ser detectado pelo mapeamento Doppler da glândula. Sendo áreas com vascularização aumentada consideradas suspeitas e indicativas de local para a punção biópsia. Digno de nota é também que essas áreas detectadas com vascularização aumentada estão relacionadas à presença de neoplasias clinicamente significativas (grau de Gleason maior ou igual a 7). No entanto, a neovascularização no câncer da próstata nem sempre pode ser identificada por estar abaixo da resolução do Doppler convencional, devido a existência de muitos micro vasos tortuosos. Apenas os vasos maiores são bem visualizados com este recurso. Desta forma o uso das escalas de cinza com harmônica invertida associado ao uso do contraste de microbolhas, tem mostrado ser mais sensível que a ultrassonografia convencional com Doppler colorido na detecção de áreas com vascularização aumentada, suspeitas para neoplasia maligna da próstata. Os estudos relatam uma clara associação entre o aumento focal do contraste na área onde encontra-se uma neoplasia de próstata clinicamente significativa (com grau de Gleason maior ou igual a 7).

Segue alguns exemplos da literatura na detecção dessas áreas:

Elastografia e utilização de contraste ultrasonográfico na avaliação prostática A ultrassonografia prostática tem grande importância no exercício da Urologia, tanto para doenças benignas quanto malignas. Alguns dos dados mais importantes fornecidos pelo radiologista na avaliação prostática são: textura, tamanho, presença ou ausência de nódulos, litíase, aumento da vascularização ao Doppler, etc. A constante comunicação entre urologista e radiologista é também muito importante para que o ultrassom prostático possa trazer todas as informações necessárias para a melhor decisão sobre diagnóstico e conduta. Apesar disso, ainda existem limites para o método, como presença e localização de nódulos suspeitos para câncer em pacientes com PSA (antígeno prostático específico) elevado, toque retal alterado ou ambos. Nesses casos, o radiologista tem papel fundamental na avaliação e diagnóstico da doença, uma vez que a biópsia é feita por ele na grande maioria dos serviços. Pela pouca sensibilidade do toque retal na identificação de nódulos prostáticos, especialmente nas zonas anterior e de transição, técnicas que melhorem a eficácia da ultrassonografia podem ajudar o urologista. Dois dos mais recentes métodos que tem como objetivo exatamente essa melhora são a elastografia e o uso do contraste ultrassonográfico. A elastografia já é utilizada em nosso meio no Serviço de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o contaste em breve será também utilizado para pacientes do SUS.

Do ponto de vista urológico, os dados mais importantes que podem ser melhorados com a utilização dessas tecnologias são: • presença de nódulos suspeitos para tumor – as microbolhas utilizadas no contraste permitem melhor visualização dos vasos neoformados que são muito comuns no câncer de próstata. No caso da melhor visualização de nódulos suspeitos, acreditamos que a eficácia da biópsia prostática guiada por ultrassom melhore de forma significativa, com eventual redução do número total de fragmentos necessários para diagnóstico.

(a) Um homem de 65 anos de idade, com um nível elevado de PSA de 8,0 ng / ml, o exame ao modo B não demonstrou alterações na zona periférica, glândula interna tem aspecto heterogêneo (b) Contraste evidencia forte realce na zona de transição bilateral (ZT) (c) diagnóstico patológico: neoplasia ZT com um Gleason de 3 + 4 Jpn J Clin Oncol 2010;40(11)

• definição de áreas suspeitas como tumores significativos ou não significativos, do ponto de vista clínico – uma das grandes dificuldades no tratamento de pacientes com câncer de próstata é a diferenciação de tumores clinicamente significativos. Mesmo com dados clínicos e de anatomia patológica, ainda não sabemos quais pacientes devem ou não ser tratados. A expectativa é que o ultrassom com elastografia e contraste possa permitir melhor definição de áreas de tumor mais ou menos agressivo. • dados de wash in e wash out – da mesma forma que a ressonância magnética, dados de wash in e wash out podem ser importantes na definição de áreas a serem biopsiadas ou eventualmente tratadas, após diagnóstico de adenocarcinoma de próstata (estadiamento)

(a) homem de 72 anos com PSA de 7.2 ng/ml. O toque retal demonstrou um nódulo à esquerda. O US modo B demonstrou áreas nodulares hipoecogênicas em ambos os lados. (b) Com o exame contrastado observou-se wash in na lesão à esquerda, (c) anatomopatológico : adenocarcinoma Gleason 4 + 5 na área nodular esquerda Jpn J Clin Oncol 2010;40(11)

• controle de ablação de tumores prostáticos – uma das áreas de maior pesquisa em câncer de próstata hoje em dia é a ablação parcial prostática. O racional desse tipo de tratamento, ainda não utilizado de rotina, é a destruição apenas dos tumores clinicamente significantes, o que permite a manutenção da potência e da continência em pacientes com adenocarcinoma de próstata. Nesse sentido, o contraste e a elastografia poderiam mostrar áreas desvitalizadas de próstata no controle desses pacientes, definindo assim a necessidade ou não de re-tratamento ou de acompanhamento seriado. • permitir a definição de microabscessos prostáticos em pacientes com prostatite aguda ou com prostatite crônica agudizada – essa informação é crucial no tratamento desses pacientes, uma vez que a presença de abscessos, mesmo que pequenos, pode perpetuar o quadro clínico e eventualmente fazer com que a antibioticoterapia seja mais prolongada. O ultrassom com contraste e a elastografia podem permitir o melhor diagnóstico desses abscessos. • permitir o controle de pacientes submetidos a tratamento hormonal ou com inibidores da 5-alfa-redutase – nesse caso a elastografia e o contraste fornecem dados sobre os efeitos citopático e microangiopático dessas drogas. Em última análise o urologista poderá definir a continuação ou interrupção do tratamento com mais clareza.

(a)Homem de 74 anos, com PSA de 8,2 ng /ml, com nódulo palpável no lóbulo direito no exame retal. Ao modo B não se caracterizou lesão focal (b) a ultrassonografia contrastada mostrou forte aumento da vascularização à direita (c) anatomopatológico: adenocarcinoma Gleason 4 + 3, com invasão capsular Jpn J Clin Oncol 2010;40(11)

Diante dessa breve explanação e dos exemplos mostrados, o uso do contraste no exame da próstata mostra-se de fato promissor como ferramenta de auxílio na detecção de áreas com maior risco para neoplasia maligna. Salientando-se que os estudos também demonstram que essas áreas também estão relacionadas a neoplasia de expressão clínica. Isso torna o método particularmente interessante! Acredito muito na importância de tomarmos conhecimento e fazermos uso dessa tecnologia, assim como da elastografia, na intenção de provermos um método de alta acurácia no rastreamento de áreas suspeitas que podem, através do mesmo método, ser biopsiadas. Essa particularidade, e também outras já muito bem conhecidas, como acessibilidade, ausência de radiação ionizante, entre outras, fazem da ultrassonografia um método que vem crescendo muito de importância no diagnóstico da neoplasia maligna da próstata. Espero que os colegas se entusiasmem, assim como eu, e se interessem em conhecer cada vez mais dessas novas tecnologias. As mesmas se tornaram mais acessíveis e aprimoradas à medida que as estudemos e publiquemos trabalhos que comprovem sua eficácia. Em seguida teremos o privilégio de saber a opnião de um colega urologista sobre o uso da ultrassonografia e dessas novas ferramentas na avaliação da próstata.

• denifir a presença de adenopatia obturatória ou ilíaca de pacientes com suspeita de câncer de próstata localmente avançado ou metastático – uma das tarefas mais difíceis no estadiamento de pacientes com câncer de próstata é a avaliação linfonodal em pacientes de alto risco. O contraste poderá permitir a comparação de gânglios mais ou menos suspeitos, permitir a biópsia dirigida de tais gânglios ou até a denifição de doença linfonodal metastática, eliminando a necessidade de biópsia ou até contra-indicando procedimentos cirúrgicos.

Bibliografia Jpn J Clin Oncol 2010;40(11) REVIEWS IN UROLOGY VOL. 8 SUPPL. 1 2006

Autores Andrea Cavalanti Gomes Médica Assistente do Serviço de Ultrassonografia do InRad HCFMUSP Marco Antonio Arap, phd Médico Assistente da Disciplina de Urologia do HCFMUSP Rodolfo França Aprimorando do Serviço de Ultrassonografia do InRad HCFMUSP M. Cristina Chammas, phd Médica Diretora do Serviço de Ultrassonografia do InRad HCFMUSP


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Carcinomatose peritoneal

A

partir de artigos da literatura compilamos algumas informações sobre a disseminação peritoneal de neoplasias malignas, mais comumente observadas como carcinomatose, e chamamos também a atenção para a sarcomatose peritoneal, que foi aparentemente primeiro relatada na literatura radiológica no artigo que indicamos. A disseminação peritoneal de uma neoplasia maligna é um diagnóstico devastador porque não é curável. A maioria dos tratamentos cirúrgicos e clínicos atuais é paliativa. Doença metastática, especialmente de carcinomas do trato gastrointestinal e ovário, é o processo maligno mais comum da cavidade peritoneal. A semeadura intraperitoneal primária ocorre mais comumente de neoplasias do ovário e trato gastrointestinal como uma conseqüência do crescimento tumoral intramural e invasão. A semeadura secundária ocorre iatrogenicamente durante cirurgia ou biópsia. Uma vez na cavidade peritoneal, as células tumorais migram de acordo com a circulação normal de fluido e tendem inicialmente a coalescer em recessos gravidadedependentes, em regiões de estase bem como nos espaços subdiafragmáticos. A invasão direta no peritôneo ocorre por contigüidade da neoplasia gastrointestinal primária ou por extensão através do mesentério e ligamentos peritoneais. Neoplasias primárias extra-abdominais como melanoma, e carcinomas de mama e pulmão, disseminam-se hematogenicamente para a borda antimesentérica do intestino e peritôneo. A disseminação linfática parece desempenhar um papel menor na infiltração peritoneal por neoplasias gastrointestinais . Podem metastatizar para a superfície peritoneal os carcinomas do trato gastrointestinal (estômago, cólon, apêndice, vesícula biliar e pâncreas), ovário, mama, pulmão e útero. Os pacientes com carcinomatose peritoneal podem ser assintomáticos no início das lesões, mas o progressivo acometimento do peritôneo resultará em queixas pela ascite, náuseas, vômitos e dor abdominal por obstrução intestinal. Obstrução intestinal é mais frequentemente relatada em pacientes com carcinomatose peritoneal por carcinoma colo-retal. Nos exames de imagem, a descoberta de ascite deve conduzir a uma avaliação cuidadosa na procura de achados que indiquem etiologia maligna. A loculação do líquido ascítico é um dos sinais que mais ajudam. Também são importantes os achados de espessamento, nodularidade e impregnação pelo meio de contraste. É também importante pesquisar as localizações de estase do líquido peritoneal para detectar tumor oculto, principalmente quando não há ascite. Assim, são localizações importantes de avaliação o espaço retrovesical, a região íleo-cecal, as goteiras parieto-cólicas, o espaço subdiafragmático direito e a raiz do mesentério do intestino delgado. Quando se demonstra massa peritoneal ou omental em pacientes com câncer primário conhecido, muito provavelmente isto é indicativo de doença metastática. Entretanto é importante a confirmação do diagnóstico antes de se estabelecer o tratamento, para excluir a possibilidade de uma causa benigna ou mesmo a presença de uma segunda neoplasia. Muitas vezes a laparoscopia ou a

Fig. 1: Ultrassonografia sagital mostrando ascite e grande lesão sólida ecogênica supravesical por implante metastático peritoneal de adenocarcinoma gástrico

Figs 2A,B: Imagens sagitais de US do flanco direito em paciente com carcinoma do pulmão. Em (A) ascite e lesão sólida ecogênica ovalada de carcinomatose peritoneal (setas). (B): O diagnóstico foi confirmado por punção percutânea dirigida por US

Fig. 3: Imagem axial de TC do abdome mostra ascite e extenso espessamento peritoneal por carcinomatose(setas) que se impregna com o contraste venoso, em paciente com carcinoma do endométrio

Figs. 4A,B: PET/CT de paciente com carcinoma de ovário. Imagens de TC (A) e de fusão (B) mostram lesões hipermetabólicas por implantes tumorais (setas)

Lembrar que, exceto pelo raro subtipo epitelial, GIST não dá metástase para linfonodo. Na sarcomatose geralmente são mais características grandes massas hipervasculares, heterogêneas e, o hemoperitôneo. Recomendamos aos leitores, consultarem a literatura sugerida, para maiores detalhes sobre a disseminação sarcomatosa peritoneal, que possui muitos aspectos de imagem que se superpõem com a carcinomatose.

Leitura Sugerida

Figs. 5A,B,C: PET/CT de paciente de 32 anos com carcinoma do reto. (A) TC axial. Imagens axial (B) e sagital (C ) de fusão mostrando região hipermetabólica de carcinomatose peritoneal (setas)

1. Anthony MP, Khong PL, Zhang J Spectrum of 18F-FDG PETCT appearances in peritoneal disease. AJR 2009;193:W523-W529. 2. Levy AD, Shaw JC, Sobin LH Secondary tumors and tumorlike lesions of the peritoneal cavity: Imaging features with pathologic correlation. Radiographics 2009;29:347-373 3. Oei TN, Jagannathan JP, Ramaiya N, Ros PR Peritoneal sarcomatosis versus peritoneal carcinomatosis: imaging findings at MDCT. AJR 2010;195:W229-W235.

Figs. 6A,B: PET/CT de paciente com carcinoma de sigmóide. Imagens axiais de TC (A) e de fusão (B) demonstram a região de espessamento com extensa captação do FDG por carcinomatose peritoneal (setas)

laparotomia são realizadas para se obter um diagnóstico da lesão. Nós temos ocasionalmente utilizado a ultrassonografia para guiar a biópsia percutânea de lesões do peritôneo nestas situações. O PET-CT pela sua capacidade de detectar tecido neoplásico com hiperatividade metabólica ao radiofármaco (FDG), é particularmente excelente para o diagnóstico de implantes e carcinomatose peritoneal que sejam ávidos pelo radiotraçador, podendo mesmo denunciar áreas comprometidas não mostradas pelos demais métodos de imagem. A sarcomatose peritoneal representa

a disseminação intraperitoneal de um sarcoma, na ausência significativa de locais extraabdominais da doença , sendo entidade rara, recentemente descrita na literatura oncológica. A sarcomatose pode surgir a partir de sarcomas intraabdominais recorrentes, ou pode ser metastática de sarcomas de extremidade. Os tumores que mais requentemente original sarcomatose peritoneal são os GISTs (tumor estromatoso gastrointestinal), os lipossarcomas e os leiomiossarcomas. O GIST tem surgido mais recentemente como um dos mais comuns sarcomas de tecidos moles, dando metástases mais comumente para o fígado (65%) e peritôneo (21-45%).

Autores Giovanna Cardia Caserta (1) Dilma Morita (2) Elisa Maria de Brito Pacheco (3) Inês Carmelita Minniti Rodrigues Pereira (3) Nelson Marcio Gomes Caserta (3) 1. Aprimoranda R3 do Centro Radiológico Campinas-Hospital Vera Cruz, Campinas, SP 2. Médica Nuclear do PET/CT Campinas e DIMEN-Campinas 3. Docentes do Departamento de Radiologia da FCM-Unicamp, Campinas, SP


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Higienização e desinfecção dos transdutores em ecografia vaginal Sumário: O trabalho procura demonstrar a importância e a necessidade da higienização e desinfecção dos transdutores endovaginais entre exames. Tanto do ato bioético como dos cuidados médicos com a paciente e o examinador. Palavras-chave: transdutor endovaginal, higienização, desinfecção.

Introdução A ecografia endovaginal iniciada pela escola européia no ano de 1982 é o método relativamente barato, não utiliza radiação, tem mostrado um crescente número de pacientes avaliados todos os dias e um aumento de profissionais habilitados. Todavia, apesar da aparente inocuidade, o aparelho ultrassonográfico é um instrumento médico que depende do contato físico com o paciente. Dessa forma, às mãos do profissional de saúde, a sonda ultrassonográfica representa um importante vetor de infecções cruzadas e nosocomiais1. Além disso, a sonda endocavitária é considerada um procedimento invasivo já que entra em contato com mucosas. Isso tem sido discutido quanto a higienização e a desinfecção dos transdutores. Chama atenção um trabalho publicado em 2009 por Ridley et al onde o conhecimento de limpeza e manutenção dos transdutores é alarmante. Pesquisa realizada em nova Iorque mostraram que residentes em radiologia, ginecologia e obstetrícia, medicina interna e reprodução humana, 83 % nunca receberam nenhum treinamento formal sobre limpeza dos transdutores e que 94% não leram nenhum guia prático sobre cuidados higiênicos e de manutenção com transdutores endovaginais2,3. No entanto, apesar da disponibilidade de protocolos internacionais4-10, foi demonstrado que os atuais procedimentos de desinfecção não fornecem o método de limpeza ideal conforme sugerido pelo órgão norte-americano de controle e prevenção de doenças. (CDC - “Center of Disease Control and Prevention”)11,12. Pretende-se fazer algumas considerações de como proceder a desinfecção dos transdutores, quais orientações a serem seguidas baseadas em protocolos nacionais e internacionais e se estão em acordo com o código de ética médica. De acordo com o manual: Higienização de estabelecimentos de saúde e gestão de seus resíduos12, foram classificados os estabelecimentos de saúde em áreas: • Áreas críticas: oferecem maior risco de infecção devido ao estado grave dos pacientes e aos procedimentos invasivos (exemplo, unidade de atendimento emergencial); • Áreas semicríticas: onde se encontram pacientes internados, mas cujo risco de transmissão de infecção é menor do que nas áreas críticas (exemplo, ambulatórios); • Áreas não críticas: todas as áreas não ocupadas ou transitadas por pacientes. Cada área possui indicações diferentes mediante os procedimentos de descontaminação, desinfecção e/ou higienização. Áreas não críticas exige limpeza ou higienização

– ato de limpar, tornar higiênico; tem a finalidade de remover a sujidade através de um processo mecânico, diminuindo assim a população microbiana no ambiente. Áreas semicríticas necessita de desinfecção - redução do número de microorganismos (patogênicos ou não), na forma vegetativa (não esporulada), em artigos semi-críticos, pela ação de agentes químicos ou físicos; tem a finalidade de destruir os microorganismos na forma vegetativa, existentes em superfícies inertes, mediante aplicação de agentes. Por fim, indica-se descontaminação para as áreas críticas, com a finalidade de eliminar total ou parcialmente a carga microbiana de superfícies, tornando-as aptas para o manuseio seguro13. Há quatro categorias geralmente reconhecidas de desinfecção e esterilização. A esterilização é a eliminação completa de todas as formas de vida microbianas, incluindo esporos e vírus. Desinfecção é a remoção seletiva de vida microbiana e é dividido em três classes: Desinfecção de alto nível que é a destruição ou eliminação de todos os microrganismos, exceto os esporos bacterianos; desinfecção de nível médio que é a inativação de Mycobacterium tuberculosis, de bactérias, da maioria dos vírus e dos fungos e alguns esporos bacterianos; e desinfecção de baixo nível que é a destruição da maioria das bactérias, de alguns vírus e de alguns fungos3. Segundo Rutala, 1996, descontaminação ou limpeza prévia é o principal fator que reduz a carga bacteriana12.

Importância dos agentes químicos nos transdutores O uso de um agente de higienização nos transdutores pode ser considerado eficiente se, além de atingir o nível de desinfecção desejado, não agredir os materiais usados em sua construção, cuja membrana é a parte mais importante. Coloca-la em contato com uma solução incompatível pode causar a perda da sua rigidez e consistência, prejudicando assim a resolução axial e radial da imagem ou simplesmente produzindo uma sombra acústica, como também aumentaria a exposição dos cristais a traumas mecânicos, causando oscilações erradas dos mesmos. Em relação ao corpo do transdutor, os possíveis danos seriam as deformações, que mesmo mínimas, nos pontos de fixação da guia de biópsia, levaria a uma perda de precisão, expondo riscos ao pacientes, e o surgimento de trincas, que poderia levar ao acumulo de gel e causar danos aos cristais ou a penetração de material orgânico nas rachaduras, favorecendo assim o crescimento de colônias bacterianas. A remoção inadequada de resíduos orgânicos, antes da exposição de materiais invasivos a agentes químicos, é uma condição necessária para que as bactérias possam aderir aos instrumentos cirúrgicos e sobreviver à ação de biocidas.14 Vários trabalhos tem procurado demonstrar a eficácia dos métodos de limpeza. Assim a limpeza de forma meticulosa com papel pode diminuir 45% das bactérias patogênicas, com soro fisiológico até 76%, com água e sabão até 96% e com degermante praticamente elimina todas as bactérias3,12,15.

Os agentes infecciosos Trabalhos preliminares realizados16:

nais com DNA de HPV de alto risco oncogênico (risco de contaminação de 2,2%), mesmo após realizado o procedimento de desinfecção de acordo com o protocolo es-

Resultado de culturas de swab de transdutores ultrassonográficos após exames de rotina ambulatorial e de amostras distintas de gel utilizadas

Os agentes infecciosos diferem quando tomado em conta o tipo de exame executado. Em um estudo que avaliou a microbiologia da pele abdominal de 191 gestantes, e da sonda transabdominal em cada exame (pré e pós-limpeza do gel com um pano seco), verificou que 92% das culturas de pele foram positivas, sendo que em 18% dos casos foram identificados microorganismos de potencial patogênico (i.e. Enterococcus, Staphylococcus aureus, Proteus mirabilis, Escherichia coli, Streptococcus do grupo B e Proteus vulgaris); em 60% dos exames, a bactéria foi transferida da pele para o transdutor21. Colônias de Pseudomonas aeruginosa, Klebisiella pneumonia, espécies de Acinetobacter e até mesmo de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) já foram isolados em culturas de sondas transabdominais1, 17, 18. Fungos como a Candida albicans foram também descritos21. Spencer e Spencer22, observaram que em 66% dos swabs obtidos aleatoriamente de sondas em constante uso, havia o crescimento bactérias. A potencialidade infecciosa atrelada às sondas endocavitárias (endovaginal e transretal) está associada ao risco do contato direto com mucosas19,20. Nesse caso, a infecção cruzada e nosocomial se dá por patógenos transmissíveis por sangue ou secreções vaginais e retais. Kac et al, verificaram, após a retirada dos invólucros protetores intactos, a presença de flora patogênica na superfície de transdutores em 3.4% dos casos; os patógenos identificados nesse estudo foram: Escherichia coli, Klebisiella pneumoniae, Acinetobacter sp, Acinetobacter lwoffi, Pseudomonas sp, Pseudomonas stutzeri e Burkoholderia fungourm22. Assustadoramente, outros dois estudos verificaram surtos de Pseudomonas aeruginosa multiresistente associados à utilização de sondas endocavitárias utilizadas em exames transretais23, 24. Quanto à prevalência de vírus sobre as sondas foi observado a presença de vírus (vírus Eptein Barr (EBV) e vírus do Papiloma Humano (HPV)) em 1,5% dos transdutores após a retirada dos invólucros protetores25. Casalengo et al, verificaram a contaminação dos transdutores endovagi-

tabelecido pelo governo local26. Contudo, a determinação da real contaminação das sondas ultrassonográficas por agentes virais é complicada, visto à alta prevalência de alguns vírus (e.g. citomegalovírus, vírus do herpes simples, EBV e HPV) ou à infrequente infecção por outros (e.g. vírus da imunodeficiência humana (HIV), vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV)); no entanto, o risco de infecção existe pela simples consideração da permanência de patógenos sobre os transdutores entre os exames11. Alguns protocolos para limpeza de transdutores tem sido escritos. Desses, a sociedade britânica de ultrassonografia recomenda após o exame endovaginal, ao se retirar o preservativo: examinar cuidadosamente se não houve ruptura, em seguida limpeza com papel toalha mais dupla limpeza com degermante e no caso de contaminação (rotura), lavagem com água e sabão mais imersão em degermante. O Food Drugs Administration (FDA) recomenda para sondas abdominais lavagem com água e sabão ou pano com solução degermante. E sondas endovaginais lavagem com água e sabão, imersão com solução degermante e uso de preservativo (proteção descartável)26. Com relação à American Institute of Ultrasound in Medicine (AIUM) recomendam que o exame deva ser sempre feito com o médico com as mãos enluvadas e ao se retirar o preservativo, limpeza das sondas com água e sabão e após, desinfecção sempre com degermante. Se possível usar escovas e que os preservativos não devem ser lubrificados nem medicados. Considerar sempre se as pacientes não tem alergia ao látex. Os médicos após o termino do exame devem sempre lavar as mãos com água e sabão. Quanto às sondas abdominais a AIUM recomenda limpeza entre os exames e desinfecção quando contaminadas. Quanto às empresas, a GE (General Electric Healthcare) e a Philips recomendam após o termino do exame limpeza com papel e para sondas vaginais desconectar

Continua


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Higienização e desinfecção dos transdutores em ecografia vaginal Conclusão

a sonda do aparelho, lavagem com água e sabão, escovar as sondas para retirar gel e resíduos e imergi-las em soluções degermantes. A GE ainda traz em suas diretrizes de segurança, seguir rigorosamente a tabela de imersão fornecida para a limpeza e desinfecção das sondas, não molhar o transdutor

mais do que o recomendado pelo fabricante germicida, não mergulhar o conector do transdutor na solução germicida, usar somente géis e germicidas GE compatíveis e seguir rigorosamente as instruções do fabricante na aplicação, limpeza e desinfecção dos transdutores assim como orienta que não fazer isso pode resultar em descontaminação

ineficaz, bem como, causar danos grave ao transdutor27, 28. Mindray chama atenção para usar luvas estéreis para evitar a infeção ao se realizar limpeza e desinfecção do transdutor; após a desinfecção, enxaguar o transdutor com água esterilizada para remover os resíduos químicos que podem ser prejudicial para o

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16. TABELA MAUAD 17. C. Fowler and D. McCracken. US probes: risk of cross infection and ways to reduce it--comparison of cleaning methods. Radiology 1999; 213: 299-300. DOI 10.1148/ radiology.213.1.r99au41299. 18. D. Muradali, W. L. Gold, A. Phillips and S. Wilson. Can ultrasound probes and coupling gel be a source of nosocomial infection in patients undergoing sonography? An in vivo and in vitro study. AJR Am J Roentgenol 1995; 164: 1521-1524. DOI 10.2214/ ajr.164.6.7754907. 19. J. Masood, S. Voulgaris, O. Awogu, C. Younis, A. J. Ball and T. W. Carr. Condom perforation during transrectal ultrasound guided (TRUS) prostate biopsies: a potential infection risk. Int Urol Nephrol 2007; 39: 1121-1124. DOI 10.1007/s11255-007-9213-y. 20. M. Hignett and P. Claman. High rates of perforation are found in endovaginal ultrasound probe covers before and after oocyte retrieval for in vitro fertilization-embryo transfer. J Assist Reprod Genet 1995; 12: 606-609. 21. S. L. Patterson, M. Monga, J. B. Silva, K. D. Bishop and J. D. Blanco. Microbiologic assessment of the transabdominal ultrasound transducer head. South Med J 1996; 89: 503-504. 22. G. Kac, I. Podglajen, A. Si-Mohamed, A. Rodi, C. Grataloup and G. Meyer. Evaluation of ultraviolet C for disinfection of endocavitary ultrasound transducers persistently contaminated despite probe covers. Infect Control Hosp Epidemiol 2010; 31: 165-170. DOI 10.1086/649794. 23. J. L. Gillespie, K. E. Arnold, J. Noble-Wang, B. Jensen, M. Arduino, J. Hageman and A. Srinivasan. Outbreak of Pseudomonas aeruginosa infections after transrectal ultrasound-guided prostate biopsy. Urology 2007; 69: 912-914. DOI 10.1016/j.urology.2007.01.047. 24. A. Paz, H. Bauer and I. Potasman. Multiresistant Pseudomonas aeruginosa associated with contaminated transrectal ultrasound. J Hosp Infect 2001; 49: 148-149. DOI 10.1053/jhin.2001.1056. 25. J. S. Casalegno, K. Le Bail Carval, D. Eibach, M. L. Valdeyron, G. Lamblin, H. Jacquemoud, G. Mellier, B. Lina, P. Gaucherand, P. Mathevet and Y. Mekki. High risk HPV contamination of endocavity vaginal ultrasound probes: an underestimated route of nosocomial infection? PLoS One 2012; 7: e48137. DOI 10.1371/ journal.pone.0048137. 26. Food and Drug Administration. Cleared Sterilants and High Level Disinfectants with General Claims for Processing Reusable Medical and Dental Devices. FDA Disponível online em: http:// wwwfdagov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/ ReprocessingofSingle-UseDevices/ucm133514htm 2009. 27. GE Healthcare. GE Transducer Care & Safety Guidelines. Disponível online em: http://www3gehealthcarecom/en/Products/Categories/Ultrasound/Ultrasound_Probes#cleaning 2013. 28. GE Healthcare. GE Transducer Care & Safety Guidelines. Disponível online em: http://www3.gehealthcare.com/en/Products/ Categories/Accessories_and_Supplies/Trophon_EPR 2013. 29. 2010-2013 Shenzhen Mindray Bio-Medical Electronics Co., Ltd. All rights Reserved. For this Operator’s Manual, the issue date is 2013-04). 30. http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra.asp. 31. D. Muradali, W. L. Gold, A. Phillips and S. Wilson. Can ultrasound probes and coupling gel be a source of nosocomial infection in patients undergoing sonography? An in vivo and in vitro study. AJR Am J Roentgenol 1995; 164: 1521-1524. DOI 10.2214/ ajr.164.6.7754907.

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corpo humano. No entanto, a eficácia dos desinfetantes e soluções esterilizantes não é garantida por MINDRAY. Para desinfecção de alto nível recomenda algumas soluções a base ou não de glutaraldeído. E para esterilização, peróxido de hidrogênio e ácido peracético ácido ou solução de esterilização baseada em glutaraldéido29. Todos esses cuidados são importantes porque em ética médica “É vedado ao médico: causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência”. “Responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida”. Cabe aos médicos garantir uma higienização adequada dos equipamentos sob sua responsabilidade30.

Conclusão Como considerações: devemos lembrar que degermante somente não é suficiente, é necessário para que ele funcione ser removido das sondas os resíduos que muitas vezes é impregnado pelo gel. Isso é particularmente relevante, visto que devido ao tempo arrastado do exame, o gel fica espesso sendo muito difícil remove-lo completamente. Temos que ter lavatório em todas as salas, tanto para a limpeza das sondas como para a limpeza das mãos de todos os médicos que fizeram os exames. Limpeza com água e sabão e esponja entre todos os exames é o mínimo. Precisamos também de lenços com degermante para aplicar após os exames vaginais. Lembrando que em caso de rotura de preservativo o transdutor deve ficar imerso em uma solução degermante para sua desinfecção. Na Faculdade de Tecnologia em Saúde (FATESA) preconizamos a lavagem das mãos pré e pós-exame, o uso de luvas de procedimento em cada exame e a utilização de lenços com solução hidroalcoólica próprios para higienização de transdutores ecográficos entre os exames. Ao final de cada período de exames os transdutores são submetidos à limpeza com água e sabão, seguido da desinfecção com solução de clorexidina aquosa 0,2%. Em caso de ruptura do invólucro de proteção das sondas endocavitárias durante o exame, nós preconizamos a lavagem da sonda com água e sabão seguido da imersão da sonda em solução de clorexidine por um período de 6 horas. Apesar de não se tratar de um desinfetante de alto-nível, foi demonstrado que a clorexidina é eficaz na eliminação de microorganismos patogênicos sobre a superfície da sonda31; além disso, a clorexidina é um desinfetante que não danifica a sonda, tem baixo custo, e é seguro para o médico e paciente. No contexto da biossegurança, é imperativo assumir que o contato com sangue ou fluídos corporais representa uma potencial fonte de infecção. Dessa forma, para que as práticas de limpeza/desinfecção possam ser instituídas, faz-se necessário entender os princípios do controle de infecção, ponderar se os benefícios das medidas a serem instituídas são compatíveis com seus custos e consequências, e principalmente, compreender que tais medidas não beneficiam apenas o profissional de saúde e o paciente, mas a sociedade como um todo.

Autores Fernando Marum Mauad Francisco Mauad Filho Faculdade de Tecnologia em Saúde (FATESA), Ribeirão Preto, Brasil


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A qualidade do exame mamográfico O controle de qualidade clínico da imagem (parte II)

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avaliação de critérios clínicos de qualidade de imagem mamográfica é controversa, pois é considerada subjetiva, estando vinculada a variações de percepção individual dos observadores. Na tentativa de criar um sistema de padronização, diversos modelos foram propostos, sendo que atualmente são hegemônicos o do Colégio Americano de Radiologia (ACR) e o da Comissão Europeia (European Guidelines). Ambos incluem critérios de posicionamento e exposição, sendo que o da Comissão Europeia, mais antigo e responsável pela orientação dos protocolos de rastreamento na Europa, mostra-se mais criterioso e rigoroso em suas análises. Os critérios de posicionamento utilizados pelo European Guidelines incluem itens de qualidade que devem ser atingidos nas incidências craniocaudais e mediolateral oblíquas. Para a incidência craniocaudal a demonstração dos tecidos mamários deve ser maximizada, devendo haver: a) adequada visualização dos tecidos mamários na borda lateral

c) o ângulo inframamário esteja adequadamente amostrado.

b) adequada visualização dos tecidos mamários na borda medial

d) papila perfilada e paralela ao solo, exemplificada na figura 2.

c) papila mamária perfilada e centrada

Itens comuns às duas incidências também são observados como aquisição de imagens simétricas com adequada compressão e exposição, observados através de definição e contraste de imagem, ausência de dobras de pele e inexistência de artefatos de pré ou pós-processamento, inclusive artefatos de movimento. Uma revisão da literatura pertinente ao tema realizada a partir de 1999, quando o primeiro manual de controle de ACR foi publicado, apontou 25 estudos relacionados à comparação de tecnologias, identificação de deficiências clínicas nas imagens, comparação de métodos de avaliação e investigação de qualidade de imagem e taxa de detecção de

d) preferencialmente, que a musculatura peitoral seja identificada (d), como demonstra a figura 1. A incidência mediolateral obliqua adequadamente posicionada requer que todo o tecido mamário seja claramente demonstrado, assim requer os seguintes cuidados: a) a musculatura peitoral deverá ser identificada até no nível da papila mamária b) o músculo peitoral deve se encontrar relaxado

câncer de mama, inclusive com uma revisão sistemática publicada em 2010. A perfeita qualidade das imagens mamográficas mostra-se essencial para o sucesso no diagnóstico do câncer de mama, com a premissa de que critérios técnicos - relacionados à avaliação dos mamógrafos e processadoras através de testes periódicos bem estabelecidos - e clínicos - que envolvem a revisão dos filmes produzidos considerando-se posicionamento mamográfico, compressão, exposição, artefatos e definição de imagem - afetam a acuidade da mamografia. Assim, bom posicionamento e adequado contraste são absolutamente indispensáveis na obtenção da imagem mamográfica de qualidade, e o técnico de radiologia deve se manter atento aos padrões de posicionamento para maximizar a quantidade de tecido incluído na imagem para que o nosso objetivo maior, o diagnóstico precoce do cancer de mama, seja alcançado. Na próxima e última parte deste projeto discutiremos o novo Programa Nacional de Qualidade em Mamografia, lançado através da Portaria MS 531/2012.

Autora Silvia Prioli de Souza Sabino Coordenadora do Nucleo de aperfeiçoamento em Mamografia Hospital do Câncer de Barretos

Nota da Redação – A pedido do jornal ID – Interação Diagnóstica, a dra. Silvia Sabino, do Hospital do Câncer de Barretos publicará, distribuídos em várias edições, artigos sobre Qualidade em Mamografia. Responsável pela área no Serviço de Radiologia Mamária, integrada no programa de qualidade da instituição, em convênio com o LRCB, da Holanda, a dra. Silvia Sabino acaba de concluir sua tese de mestrado na área.


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Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagoli (SP)

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reportagem

Toshiba anuncia expansão da fábrica no Brasil

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planta fabril está preparada para a produção de toda a linha de ultrassom já presente no mercado. Em uma primeira etapa, foi decidido que seriam fabricados o Aplio 300 e o Aplio 400”, informa Vanessa Bio Pamplona, biomédica que está há quatro anos na empresa e ocupa a gerência de Produtos de Ultrassom. A operação, acredita Vanessa, contribuiu para o aumento do conhecimento dos engenheiros e facilitou o acesso a peças e componentes, o que se reflete diretamente no serviço de pós-venda. Buscando a liderança no mercado, a empresa mantém foco na qualidade de atendimento com assistência técnica própria, e não terceirizada. Outra conquista, com a instalação da fábrica, é que os equipamentos produzidos no Brasil já contam com financiamento pelo Finame ou pelo Cartão BNDES. A fábrica está em franca expansão e há um projeto para aumentar sua estrutura, exatamente para dar vazão à produção que cresce mês a mês. Durante a 44ª JPR, a Toshiba Medical apresentará ao mercado local uma nova linha de equipamentos totalmente projetada e desenhada para o médico brasileiro, para completar o portfólio de produtos da companhia. O produto está em desenvolvimento há quatro anos e mereceu atenção especial da empresa, considerando-se a importância do mercado brasileiro. Diversas visitas de engenheiros de desenvolvimento da sede japonesa foram feitas para pesquisas de mercado. “Eles são muito cuidadosos e detalhistas. Há, por exemplo, engenheiros especializados responsáveis pelo painel, pela posição das teclas, dos botões; então, um engenheiro da matriz entrevistou vários médicos usuários de nossos equipamentos e pesquisou qual a melhor posição para o médico realizar o exame, a melhor disposição de botões, o grau de conforto e a ergonomia. Também conferiu a altura média do médico brasileiro, se ele gosta de fazer o exame em pé ou sentado e se devia haver alteração de movimentos para evitar lesão por esforço repetitivo.” Além das questões físicas, também foram avaliados parâmetros de qualidade de imagem e identificadas tecnologias que o médico brasileiro requer como essenciais e necessárias na sua rotina. Muitos profissionais auxiliaram os engenheiros no projeto, inclusive permitindo a filmagem dos exames para estudo dos movimentos. A linha aguarda o correspondente registro na Anvisa para ser comercializada no País. Tradicionalmente, a Toshiba busca oferecer tecnologia de ponta, mas aplicada à rotina clínica, máquinas fáceis de usar, e não somente voltadas à pesquisa. Para tanto, conta com a ajuda dos médicos: “É sempre muito enriquecedora a opinião deles, porque lidam com uma gama de equipamentos muito grande, todos top de linha, então têm um fator crítico que enriquece o desenvolvimento dos produtos. Essa colaboração também já ocorreu no desenvolvimento da linha Aplio”, explica Vanessa.

Parcerias valorizam tecnologia Uma das instituições que contribuem com os estudos da fabricante japonesa é o InRad, em uma parceria que já dura seis anos. A Toshiba disponibiliza ao Instituto equipamentos top de linha – o primeiro de

ultrassom foi o Aplio XG. Há pouco tempo, receberam o segundo Aplio 500, substituindo o primeiro após dois anos de uso. A nova máquina oferece tecnologia avançada - elastografia de mama, tireoide, fígado e próstata, inclusive com a possibilidade de fazer fusão de imagens com a ressonância magnética para a biópsia de próstata, entre outras tecnologias de ponta. “A fusão das imagens é um dos próximos passos. No caso de algumas lesões hepáticas, por exemplo, a melhor visualização é por tomografia, mas o acesso para biópsia é mais fácil por ultrassom, além de ser menos oneroso “Nossa sede japonesa vê possibilidade de crescimento e de e mais rápido para o paciente”, afirma. A investimento em educação no Brasil”, explica Vanessa área de próstata também vem avançando nesse sentido: “Os exames e a cirurgia são cria facilidades enorme para o médico e o muito agressivos, então a possibilidade de paciente”. fazer a intervenção guiada pelo ultrassom Outro diferencial do Aplio 500 é o fato Cléber de Paula

Desde dezembro, a fábrica da Toshiba, em Campinas, que apenas um ano antes começou com a produção de tomografias computadorizadas, também vem produzindo aparelhos de ultrassom.

de o equipamento estar preparado para fazer exames com contraste, incluindo a sua quantificação. A possibilidade de fusão de imagens com contraste é uma técnica rica que mostra o quanto uma lesão está absorvendo o contraste com valores numéricos, comparando-se as imagens de TC e RM. O Brasil vem batendo as metas todos os anos, ultrapassando os índices da companhia, e o Japão vê o País como uma possibilidade de crescimento e oportunidade grande de investimento em educação, além de novas tecnologias, como no caso dos estudos com contraste: “Essa área vai necessitar de uma estrutura de educação, com cursos dedicados e parcerias. É uma área nova, um tipo de exame muito procurado, mas que exige um conhecimento aprimorado e novos investimentos neste setor”, finaliza Vanessa Pamplona.


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ENTREVISTA

Por Luiz Carlos de Almeida e Rafael Bettega (SP)

Siemens investe na produção local para atender à realidade brasileira “A Siemens hoje é percebida como uma empresa que está ditando tendências em tecnologia, e eu acredito que essa foi a grande conquista no Brasil e no mundo: a posição de mercado e a consolidação dessa percepção por parte de nossos clientes como uma empresa que, além de ser pioneira em inovações, está em consonância com as necessidades de nossos parceiros.”

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om estas afirmações, Arde Radiologia, prevê a instalação de uma mando Lopes, há 24 anos na ressonância de 7 Tesla. É um projeto muito Siemens, onde entrou como inovador, com foco na pesquisa, no ensino estagiário e hoje é Vice-Pree na assistência. sidente Sênior para HealthID - Esse é o primeiro projeto desse gêcare no Brasil, enfatiza o papel da empresa nero ou existem outros? Qual é o objetivo no mercado mundial, já que nessa última dessa parceria? década acompanhou de perto o intenso deArmando Lopes – Do ponto de vista senvolvimento tecnológico dos diagnósticos da colaboração, temos vários projetos com por imagem e laboratorial e seus reflexos diversos clientes, em várias áreas e em no setor de saúde no diferentes estágios de Brasil. elaboração. Esse projeto Em entrevista ao específico com o HosJornal ID, ele aponta pital das Clínicas está estratégias da empresa relacionado à pesquisa e analisa o conflito de em torno da autópsia realidades – boa parte virtual. O Departamenda população do Brato de Radiologia da sil não tem acesso às FMUSP e o Hospital das tecnologias básicas da Clínicas estão desenradiologia, enquanto volvendo um projeto centros mais desenvolque prevê a realização vidos convivem com o de um estudo de RM que há de mais avanem cadáveres para criar çado, como a Faculdade um banco de imagens de Medicina da USP comparando as de resque, em breve, receberá sonância com a histoo primeiro equipamen- Armando Lopes, VP de Healthcare: “Temos logia, com o tecido da to de RM de 7 Tesla da consciência de que existem 200 milhões de própria pessoa. Esses pessoas aqui, e temos que ter oferta para América Latina. Atenta dados serão públicos; cada necessidade” a estes desafios, a Siea comparação entre a mens inaugurou há pouco mais de um ano imagem de ressonância e a imagem histolóuma fábrica de equipamentos em Joinville gica estará disponível para acesso ao ensino, (SC), onde já existia a operação logística o que será uma oportunidade enorme para para equipamentos e reagentes para Diagexpandir as fronteiras do trabalho. É um nóstico Laboratorial, e que agora também projeto inovador, que, sem dúvida, aproxima produz aparelhos de raios x analógico e as áreas do diagnóstico, da patologia clínica digital, tomografia computadorizada e rese da clínica, podendo gerar novas perspectisonância magnética, focados na realidade vas. O futuro é promissor. do nosso mercado. ID – Qual é a proposta da empresa para ID – Nesses 12 anos atuando no setor a JPR e qual sua expectativa, já que é o de saúde, como você avalia o perfil e a principal polo de negócios na área? atuação da empresa? Armando Lopes – É um evento que Armando Lopes – A grande conquista adoramos! Quando lembramos a história da Siemens Healthcare foi consolidar sua da Siemens na JPR, a cada edição temos proposta de valor para o mercado de saúde, abrangendo todos os segmentos, a qualidade clínica das soluções e a eficiência operacional que elas oferecem – podendo realizar grande quantidade de exames sem abrir mão da qualidade e da vanguarda. A Siemens hoje é percebida como uma empresa que está ditando tendências em tecnologia, e acredito que essa foi a grande conquista: a visão de mercado e a consolidação dessa percepção de alguém que está buscando mostrar as oportunidades e as tendências para o País e o mundo. ID – Como tem sido a resposta do mercado a essa proposta? Armando Lopes – A Siemens tem inovado constantemente com produtos e tecnologia de ponta que revolucionam os recursos disponíveis para diagnóstico. E o mercado tem aceitado muito bem, ele reconhece o valor dessa postura. Esse aspecto ganhou força nos últimos anos, com os contratos de colaboração e com os projetos de fortalecimento dos especialistas de aplicação clínica, que nos permitem levar ao cliente mais conhecimento para usar o máximo do potencial do equipamento. Um desses projetos, com a FMUSP, liderado pelo Departamento

sempre algo fantástico para contar. Foi na JPR que anunciamos o contrato com o G8, RM 7 Tesla, a fábrica de Joinville, a ação social com nossos parceiros... A JPR é uma feira científica, um congresso, mas também um evento de negócios. Nosso cliente vai com essa expectativa de aproveitá-la para conhecer as soluções e negociar, então a nossa responsabilidade sempre aumenta. Nosso país tem um desafio enorme: temos 200 milhões de pessoas e o segmento de saúde precisa atender essa demanda, prover acesso aos 200 milhões, seja pelo segmento público, pelo privado ou pelas oportunidades que têm de trabalhar juntos. Portanto, queremos realmente mostrar o que temos de bom para ajudar nossos clientes nesse objetivo de ampliar o acesso e, ao mesmo tempo, ter certeza de que estão adquirindo a solução adequada para o tipo de demanda que tem nas diferentes regiões do País. E a JPR é um grande momento para esse contato. ID – Já que falamos em Brasil, como a Siemens tem se preocupado em prover a nossa realidade? Armando Lopes – É uma enorme preocupação. Se de um lado buscamos apontar tendências de tecnologia em um segmento high-end, temos a consciência de que existe um público de 200 milhões e temos que ter uma oferta adequada para cada necessidade. Em função disso, temos soluções e produtos adequados a cada necessidade, desde a oferta de soluções inovadoras, de alta tecnologia que colocam nossos clientes na vanguarda, até as soluções que, sem abrir mão da tecnologia de ponta e qualidade, possuem uma oferta de retorno sobre o investimento e custo total dobre a operação em linha com a necessidade do cliente. Os primeiros produtos que fabricamos em Joinville estão direcionados a esse segmento. Com a produção local, os clientes têm acesso ao Finame, ferramenta excepcional para financiamento. É muito importante

que, em qualquer segmento, nossas soluções ofereçam excelência clínica, melhorem o fluxo de trabalho permitindo uma produtividade superior e, consequentemente, deem o melhor retorno para o investimento. Não abrimos mão disso. ID – Que equipamentos são produzidos em Joinville? Armando Lopes – A fábrica foi inaugurada em setembro de 2012 e produzimos equipamentos de raios X analógico e digital, ressonância, tomografia e temos uma série por vir. A fábrica já está consolidada e o volume de produção para este ano já foi revisto em relação aos planos. Ela realmente está em uma fase estável de crescimento e, passo a passo, estamos acrescentando linhas de produção. Não temos dúvidas de que a abertura da fábrica foi uma iniciativa certa e a empresa inteira está feliz com a implementação. ID – Um dos aspectos mais abordados no RSNA foi o “fazer mais com menos”, e todos voltaram os olhos novamente para a radiologia. Como a Siemens se prepara para atender essa realidade? Armando Lopes – Estamos muito conscientes dessa realidade e a resposta é a excelência clínica e operacional. Se garantirmos, por exemplo, que o cliente faça 10% mais exames na mesma máquina, fazemos mais com o mesmo equipamento, sem abrir mão da qualidade. Mas existe outra parte importante: o uso da imagem para guiar a terapia. Isso contribui para que o tratamento seja menos invasivo e mais preciso e o tempo de internação, menor. Podemos trazer uma série de outras otimizações ou reduções de custo. Isso é algo em que a Siemens passou a investir há alguns anos: não só a eficiência no diagnóstico, mas também a possibilidade de usar o que temos de melhor da nossa tecnologia, que é a qualidade da imagem, para ajudar nossos clientes a oferecerem uma terapia a mais eficiente.


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mercado Por Itala Carneiro

Imagem na nuvem impulsiona telerradiologia

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o ano passado, foi criada a NuvemRad, empresa representante da TeleradTech, para atender necessidades do mercado brasileiro em telerradiologia nos campos de armazenamento, diagnóstico e gerenciamento das imagens radiológicas na nuvem. À frente dela, estão os executivos Edson Lopes e Fabricio De Bortoli, que explicam que o mercado carecia de um produto com a tecnologia flexível na nuvem: “Os produtos até então ofertados tinham custo alto e não abrangiam a demanda em sua totalidade. Hoje tudo é pago à parte. No nosso caso, é o oposto: o cliente pode ser grande ou pequeno, mas o pacote nativo de serviços da ferramenta é grande”, afirma Fabricio. Surgiu, assim, o RADSpa, um sistema integrado de RIS e PACS concebido na web para ser utilizado em qualquer ambiente, seja uma estação de trabalho remota (workstation) ou uma estação móvel (tablete ou smartphone). A solução é destinada a hospitais, centros de imagens, clínicas e grupos de radiologistas que prestam serviços em

telerradiologia. Pontos com atendimento móvel, como caminhões que realizam exames, também são foco da empresa. O usuário paga de acordo com o volume utilizado. O RADSpa permite acesso, gerenciamento e laudos em qualquer lugar, por meio de uma conexão simples de internet, inclusive 3G. “Com licenças ilimitadas, ele elimina a necessidade de instalação de hardwares, ficando isso a critério do cliente, e possui características únicas, como a criação de regras do envio das imagens para os radiologistas por tipo de especialidade, subespecialidade, SLA (Service Level Agreement), partes do corpo e outros atributos que garantem otimização e qualidade dos laudos”, completa. O aumento de rendimento e qualidade são mensuráveis. O sistema vem com um BI (Business Inteligence) integrado, permitindo ao gestor auditar, verificar produtividade e emitir relatórios. “Outras soluções deixam a desejar na otimização do fluxo de trabalho e na eliminação de filmes. Na RADSpa já temos como foco a erradicação de CDs, DVDs e impressão em papel. Custos de logística e riscos de perdas são eliminados”, enfatiza.

Fujifilm inova seu slogan

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ara comemorar seus 80 anos de existência, a Fujifilm Corporation criou um novo logo corporativo: “Value From innovation” (Valor a partir da Inovação). Todas as operações do grupo passam a adotar o slogan, inclusive no Brasil, onde ela está há 56 anos. A criação se baseou no atual posicionamento da empresa, que apresenta investimentos em seis áreas distintas, sendo Healthcare uma delas - inclui equipamentos como radiografia computadorizada, raios x digitais, mamo-

grafia digital e PACS Synapse® e sistemas para documentação de imagens médicas. A empresa explica, ainda, que o slogan expressa seu compromisso em criar continuamente tecnologias inovadoras e revela seu desejo em combinar sua tecnologia original com recursos humanos, conhecimento e tecnolgoias de todo o mundo, em busca da inovação. Na JPR’2014, a Fujifilm dará início a uma campanha educacional sobre redução de dose de radiação, com o objetivo de promover e incentivar a discussão e difusão de boas práticas.

O que você precisa saber sobre Proteção Patrimonial Cuidados que devem ser tomados ao contratar o seguro para os equipamentos Nem sempre seguros empresariais incluem os equipamentos, principalmente quando se tratam de portáteis ou equipamentos de valores muito elevados. É preciso conhecer bem os dois contratos para que trabalhem juntos, complementando coberturas e diminuindo riscos e custos. • •

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As principais coberturas do seguro específico para os equipamentos são: Roubo e furto qualificado do equipamento; Danos materiais causados de forma acidental aos equipamentos e seus componentes, como, por exemplo, a queda de um transdutor; Acidente com o carro que está transportando o equipamento; Danos elétricos; Incêndio; Alagamento e inundação; e No caso do equipamento portátil, cobertura para o transporte em todo território nacional, inclusive roubo no interior do veículo, risco muitas vezes excluído nos contratos de seguros.

O valor segurado deve ser sempre o valor atual de mercado na data da contratação do seguro. Informando valores abaixo ou considerando descontos conseguidos na negociação de compra do equipamento, pode-se comprometer a indenização em caso de eventual sinistro, pois o contrato de seguros para equipamentos prevê um rateio na indenização caso a seguradora apure que o valor contratado não representava 100% do valor do equipamento. As taxas do seguro variam entre 2% e 4 % a/a, do valor de mercado do equipamento, ou seja, uma taxa muito acessível em relação às inúmeras coberturas oferecidas. A variação é calculada com base no enquadramento informado no ato da contratação, que pode ser estacionário (quando operando em local especificado na apólice) ou móvel (transportado em todo território nacional). Um contrato mal formulado pode inclusive causar a negativa de uma indenização. O seguro de equipamento médico e as garantias não competem entre si. Elas se complementam dando ao seu contratante extrema tranquilidade. É comum ouvir que não preciso fazer o seguro porque meu equipamento está na garantia. A contratação do seguro em conjunto com a garantia do fabricante busca oferecer ao médico 100% de proteção. Sobre este e outros assuntos, falaremos na próxima edição sob o tema: Seguro de Equipamentos Médicos x Garantia do Fabricante. Até lá! Itala Carneiro é Diretora da Nova Geração Seguros.


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mercado

Novo tomógrafo da GE capta imagens em movimento

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eves movimentos realizados pelo paciente durante uma tomografia, ou mesmo movimentos involuntários de órgãos, podem atrapalhar a produção de uma imagem com qualidade. Para contornar essa dificuldade, a GE Healthcare apresentará durante a JPR o Revolution CT, tomógrafo computadorizado que consegue capturar imagens de diversas estruturas do corpo mesmo em movimento. Apresentado pela primeira vez na 99º edição do Encontro Anual da Sociedade de Radiologia da América do Norte (RSNA 2013), o equipamento utiliza um sistema de alta resolução aliado a outro de correção de movimentos,

proporcionando um nível superior de precisão na captura da imagem e, consequentemente, melhor definição dela. Além disso, o Revolution CT também garante baixa dose de radiação e ampla cobertura da anatomia examinada, possibilitando a visualização de partes inteiras do corpo, como crânio e abdome. Outro grande destaque do scanner é a possibilidade de tirar uma perfeita foto 3D do coração no momento de uma pulsação, sem prejudicar a qualidade do exame, mesmo em pacientes que apresentam uma alta frequência cardíaca ou batimentos irregulares. Com isso, os médicos poderão detectar doenças cardíacas, que são as principais causas de morte e morbidade no Brasil, com mais eficiência.

Sul Imagem e Hologic apresentam tomossíntese

Agfa inicia comercialização de detectores para radiografia digital

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Hologic, em parceria com a Sul Imagem, seu representante exclusivo no Brasil, apresenta nesta edição da JPR a consolidação da mamografia digital com tomossíntese (3D), imagens 2D sintetizadas (C-View) e biópsia a vácuo guiada por imagens 3D em um mesmo equipamento. Esta tecnologia foi desenvolvida pela Hologic e tem sido pioneira no segmento. A tomossíntese mamária é uma nova modalidade de diagnóstico do câncer de mama para melhorar a acurácia do rastreamento e diagnóstico. Durante o evento, no estande da Sul Imagem, serão realizadas diversas seções de “hands-on” para demonstração da tecnologia.

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Agfa HealthCare passa a oferecer ao mercado brasileiro o DX-D Retrofit, novo produto de seu portfólio que compõe a linha de sistemas DRs (Radiografia Digital Direta). Ele transforma os equipamentos de raios X analógicos em digitais, possibilitando a modernização das salas de radiologia. O equipamento apresenta potencial redução de dose, é de fácil instalação e todo o fluxo de trabalho e a qualidade de imagem se beneficiam da radiografia direta. Além disso, oferece contraste fornecido pelo MUSICA 2 (Software de Processamento de Imagem Worldclass) e possui total conectividade com os sistemas RIS/PACS e HIS.

Tecnologia digital da Viztek chega ao Brasil

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stá chegando ao mercado brasileiro, através da Med7, representante e distribuidora dos produtos Viztek no Brasil, o Viz 17x17, tecnologia digital que transforma equipamento de raios X convencional em digital para exames de radiologia em geral. Fabricado pela EngeMed, ele incorpora a tecnologia da radiografia digital (DR) e possibilita grande cobertura, exames rápidos, qualidade de imagem e incremento de produtividade com várias aplicações clínicas, minimizando em muito os custos de operação. Pode ser usado em qualquer equipamento, se integra ao PACS e as imagens produzidas são em DICOM; há, assim, uma integração à tecnologia existente na clínica. Dentre as vantagens da DR, estão facilidade de exibição de imagem, redução da dose de raios X, facilidade de processamento de imagem, de aquisição, armazenamento e recuperação de imagem, alta produtividade, melhor resolução e qualidade e aumento da rentabilidade do serviço com maior fluxo de pacientes e eliminação de filmes. O sistema oferece imagens em segundos e cabe em salas pequenas. “Adquirir um equipamento digital completo é muito caro. O Viz 17x17 permite que profissionais de pequenos e médios serviços tenham acesso a essa tecnologia, com um pequeno investimento. O médico também tem a opção de financiar o equipamento, inclusive utilizando o BNDES Finame”, afirma Hayim Katan, vice-presidente de vendas para a América Latina e o Canadá da Viztek, que visitou a ID Editorial, acompanhado de Argel Pires, diretor da Med7. “Esse equipamento, ao incorporar a tecnologia digital ao equipamento convencional, permite maior produtividade, agiliza o processo e assegura maior qualidade. O paciente não precisa aguardar a revelação do filme e o estudo nunca é repetido porque é possível pós-processar a imagem, clareá-la ou escurecê-la, reduzindo o tempo de atendimento”, destaca Antonio Carlos, com toda sua experiência na área. “Iniciamos as vendas há um ano e já instalamos vinte unidades no Brasil. Nossos clientes estão satisfeitos, e agora começaremos a produzir localmente. Faremos o lançamento oficial no Imagine 2014 e também o apresentaremos na JPR’2014”, afirma Hayim Katan. A instalação do produto é feita em até quatro horas e não exige reforma no local; é preciso haver apenas um ponto conectado à internet. Em 2012, a Viztek vendeu 900 equipamentos nos Estados Unidos.


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notícias

InRad registra 1.200 inscritos no Imagine

Referência em capacitação na área da imagem

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brindo as comemorações dos 20 anos do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas – FMUSP, o Imagine – Encontro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem superou as expectativas, com a participação de 1.200 inscritos, de quase todos os estados do País. A Comissão Organizadora, presidida pelo Prof. Giovanni Guido Cerri e constituída pelas Dras. Eloisa Santiago Gebrim, Maria Cristina Chammas e Claudia da Costa Leite,

L representada pelo Dr. Leandro Lucato (na foto acima), fez um balanço e comemorou o acerto na escolha do temário. A grade de Mama recebeu dois profissionais dos EUA: Dr. Bruno Fornage, da Universidade do Texas do M.D. Anderson Cancer Center, em Houston, e a Dra. Elizabeth Morris, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York (vide matérias nas páginas 6 e 7). Na foto à esq., os Drs. Kalaf, Ayrton Pastore, Linei Urban, Selma Bauab, Luciano Chala, Márcia Arakawa, Carlos Shimizu e Nestor de Barros.

Simpósio de Imagem em Câncer na Jornada Gaúcha

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e 7 a 9 de agosto, a Associação Gaúcha de Radiologia, presidida pelo Dr. Ildo Bertinetti, realizará a XXIV Jornada de Radiologia e o Simpósio ICIS – International Cancer Imaging Society, no Centro de Convenções Plaza São Rafael, com um painel de discussões multidisciplinares focado na área da imagem oncológica, a participação de professores internacionais e o apoio do A. C. Camargo Cancer Center, de São Paulo. O evento que se inicia com temas dedicados à área de física médica, tecnólogos e tecnólogos em Radiologia, terá um temário multidisciplinar, com as áreas de Neurorradiologia , Medicina Interna, Mama, US/GO, Tórax, Medicina Nuclear e, como já é praxe nos eventos da entidade, uma interessante programação de temas de Gestão, com discussões sobre aspectos administrativos, políticos e financeiros de interesse dos médicos da área da imagem. Nomes de grande expressão, do Brasil e do exterior, como o Prof. Anju Sahder, da Inglaterra, estarão presentes. As inscrições para o envio de trabalhos científicos estão abertas e os interessados podem enviá-los até 20 de junho, de acordo com instruções no site da AGR, mas encaminhados a plenar@terra.com.br. Pelo menos um dos autores deve estar inscrito no evento. Informe-se: www.sgr.org.br.

ocalizado em Porto Alegre (RS), o Instituto César Santos (ICS) foi idealizado em 2005 pela Dra. Radiá Pereira dos Santos, filha do médico Cesar Santos, pioneiro na educação do Estado, especialmente em Passo Fundo, onde fundou a universidade de Passo Fundo (UPF), além de ter criado o primeiro serviço de tratamento do câncer com radioterapia. Seguindo os passos do pai, Dra. Radiá se dedica há mais de 30 anos exclusivamente ao diagnóstico radiológico das doenças mamárias, e fundou o ICS para ensino e atualização. Em 2009, quando a instituição iniciou as grades curriculares, foi criada uma estrutura modelar. No módulo para médicos de Radiologia e DI, cada profissional dispõe de um computador individual, que simula uma workstation para Dra. Radiá e Tiago Melo analisar e manipular imagens em DICOM, que servirão para as sessões de interpretação e discussão de caso. De acordo com Tiago dos Santos Melo, diretor do ICS, projetos prometem mais avanços. Uma nova tecnologia permitirá que estudantes consigam aprimorar o aprendizado de diagnóstico por imagem: é um software de workstation, que possibilita visualizar e manipular imagens DICOM de todas as modalidades de equipamentos. O ICS possui parceria com a Vital Imagem Toshiba, do Grupo da Toshiba Medical Systems (TMSC), para oferecer todos os recursos de workstation para qualquer exame com qualidade acima da média. Os primeiros cursos oferecidos eram exclusivamente em mamografia. Em 2010, a grade foi ampliada e passaram a ser oferecidos cursos em Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada. O ICS também promove cursos para técnicos e tecnólogos formados ou estudantes. A Instituição realiza cursos itinerantes a locais onde o acesso é mais escasso. Está em fase de análise a criação de cursos de Educação à Distância (EaD). Informações: www. cesarsantos.org.br.

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eventos

Imagem do Tórax, nos eventos do CBR’2014, no Rio

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ESOR oferece curso avançado de imagem abdominal

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European School of Radiology (ESOR) está trazendo ao Brasil o Curso ESOR AIMS – Métodos Avançados de Imagem Abdominal. Com vagas limitadas, ele será realizado em Campinas, SP, em 28 e 29 de agosto, e em Recife, PE, em 30 e 31 de agosto. O curso destina-se a residentes em último ano de especialização, radiologistas certificados e profissionais nas áreas de radiologia abdominal, e seu objetivo é oferecer uma visão aprofundada sobre o moderno estado da arte em matéria de métodos de imagem avançados. O programa propicia atualização sobre a prática da utilização da imagem ponderada em difusão, métodos de quantificação à ressonância magnética, avaliação da função hepática, técnicas avançadas de imagem dos intestinos grosso e delgado e disfunção do assoalho pélvico. Um conjunto de renomados professores europeus e brasileiros apresentará os benefícios dos métodos de imagem e dará sugestões sobre a resolução de problemas e análise de possíveis armadilhas. Confira o programa científico e faça sua inscrição no site: http://www.cursoesor.com.br/.

De 9 a 11 de outubro, será realizado, no Rio de Janeiro, promovido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e pela Sociedade de Radiologia do Rio de Janeiro, o Congresso Brasileiro de Radiologia, presidido pelo Dr. Henrique Carrete Jr.

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evento será realizado no Cenfórnia, do Nemours Childrens Hospital, virá contribuído para o seu desenvolvimento a tro de Convenções do Rio o Dr. Lane Donnelly, durante muitos anos nível mundial”, destaca o Dr. Pedro Daltro. Centro, e a programação está chefe do Cincinatti Children’s Hospital, auE, neste ano de 2014, além dos convidados sendo definida pela Comissão tor de vários livros de radiologia pediátrica latino-americanos já confirmados, o evento Científica, coordenada pelo e que publicou mais de dez artigos sobre vai abrir um espaço para um Módulo de Prof. Manoel de Souza Rocha, diretor cienpneumonias nos últimos anos e, das FiliTórax, mostrando os últimos avanços e as tífico do CBR. pinas, virá o Dr. Bernard Simultaneamente, será Laya, referência em tórax realizada mais uma edição na Ásia e reconhecido do Congresso da Sociedade como uma das maiores auLatino-americana de Radiotoridades em tuberculose logia Pediátrica (SLARP), atualmente”, conclui. tendo à frente o Dr. Pedro Complementando Augusto Nascimento Daltro, esse time de especialistas, que falou ao ID sobre os pre“já que estamos no ano da parativos, enfatizando a parCopa do Mundo, temos ticipação de especialistas de confirmada a presença da referência, procedentes de Dra. Catherine Owens, Dr. Henrique Carrete Jr. Dr. Pedro Daltro Dr. Manoel de Souza Rocha diversas partes do mundo. de Londres, referência “Este será o XVII SLARP e, como tem europeia nas patologias torácicas, e uma das mais recentes condutas, quando o assunto sido nos últimos anos, é uma ação entre amiespecialistas mais solicitadas para eventos é Pediatria, com a presença de renomados gos, na maioria latino-americanos, porém internacionais”. especialistas do mundo. contando com um bom grupo de americanos Finalizando, informa que a programa“Teremos aqui no Rio o Dr. Alan Brody, europeus e asiáticos, que se reúnem para ção está sendo planejada do básico ao que de Cincinnatti, um dos maiores especialistas trocar conhecimentos e desfrutar de um há de mais novo e atual nas doenças do em tórax, com trabalhos em fibrose cística e bom ambiente, com reuniões científicas de tórax e a programação final será divulgada doenças intersticiais reconhecidos no munalto nível, bem como poder aproveitar do nas próximas semanas. “Temos certeza de do todo. Com igual prestígio e publicações, convívio dos amigos em reuniões sociais que esse módulo de tórax fará a diferença, teremos também o Dr. Edward Lee, chefe da cuidadosamente preparadas para esse fim.” interessando tanto aos radiologistas pediáImagem torácica do Children’s de Boston, e o O clima de convivência, como destacou, tricos, como aos que trabalham com adultos, Dr. Paul Guillerman, do Texas Children, tamfaz parte desse relacionamento entre profise também aos pediatras, se tornando um bém autor de grandes publicações em doenças sionais, que se atualizam continuamente, marco no ensino da radiologia torácica inintersticiais e hoje co-editor do livro Pediatric com troca de informações, convites para fantil, nos eventos do País, por isso, anotem Chest Imaging, livro referência no mundo em eventos regionais, o “que ao longo destes a data em sua agenda.” Mais informações: tórax infantil”, enfatiza o Dr. Pedro Daltro. anos tem fortalecido a especialidade e www.cbr.org.br. “A lista não para aí: de Orlando, Cali-


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estante

Expediente

Musculoesquelético é sexto título da Série CBR

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Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) lançou o sexto título da Série CBR, Musculoesquelético, pela Editora Elsevier. O livro é pioneiro no Brasil na abordagem, por autores nacionais, dos métodos de imagem para diagnóstico de doenças de todas as estruturas do sistema. A obra tem como editores os Drs. Luiz Guilherme de Carvalho Hartmann e Marcelo Bordalo Rodrigues.

Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­ cia­listas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, ginecoobstetrícia.

A publicação aborda os métodos radiológicos desde o raio x simples, passando pela ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e métodos funcionais. Entre as técnicas mais modernas apresentadas, estão o diagnóstico com difusão em nervos, que aumenta a capacidade de exames de imagem identificarem alterações dos nervos periféricos, e a tomografia de dupla energia do sistema musculoesquelético, que permite reduzir a radiação a que o paciente fica exposto.

Cursos

Revisão em Radiologia Pediátrica

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ias 26 e 27 de julho, será realizado em Curitiba, no Harbor Hotel Batel, ministrado pela Dra. Dolores Bustelo, o Curso de Revisão em Radiologia Pediátrica, totalmente baseado em imagens, com o objetivo de ressaltar dicas para o diagnóstico das principais patologias da especialidade. O curso é direcionado para médicos que não fazem Radiologia Pediátrica e pretendem participar do exame de suficiência do Colégio Brasileiro de Radiologia e poderá ser muito útil, principalmente no exame prático. Terá enfoque amplo, a partir do tórax, abdome, trato digestivo, urinário, quadril, cranioestenose, avaliação da imagem da pelve feminina, entre outros. Informações: (41) 3523-5800 ou www.cursosradioped.com.br.

Curso Tumores Intracranianos no RJ

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os dias 31 de maio e 1º de junho, será realizado o Curso Tumores Intracranianos no Auditório do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Coordenado pela Dra. Lara Brandão, ele oferecerá carga horária de 14 horas e abordará temas como tumores extra-axiais, glioma e tumores da fossa posterior e supra-tentoriais, entre outros. O curso tem apoio da Mallickrodt e as inscrições podem ser feitas pelo telefone (21) 9100-0385 com Adélia ou (21) 98104 6877com Simone. O hospital fica na Rua Assumpção, 286, Botafogo.

Ressonância dos membros superiores

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Centro de Estudos Radiológicos Rafael de Barros realizará, de 16 a 18 de maio, no InRad-HCFMUSP, um Curso Teórico-Prático de Ressonância Magnética dos Membros Superiores, coordenado pelo Dr. Marcelo Bordalo Rodrigues. O curso é dividido em quatro módulos: Ombro, Cotovelo, Punho e Dedos. Em cada um, serão discutidos, de forma prática, casos clínicos do serviço em

estações de trabalho próprias (uma estação para duas pessoas), ligadas ao PACS. “Os alunos avaliarão cada caso em sua estação de trabalho própria e, em seguida, o palestrante discutirá os casos, revelando o diagnóstico final e discutindo a forma como fez o seu raciocínio por imagem e chegou àquele diagnóstico, através dos conceitos teóricos e de dicas práticas”, explica Bordalo. Informações: www.inrad.hcnet.usp.br/ inrd ou cerb.inrad@hc.fm.usp.br.

Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian) Hilton Augusto Koch Dolores Bustelo Carlos A. Buchpiguel Selma de Pace Bauab Carlos Eduardo Rochite Omar Gemha Taha Lara Alexandre Brandão Nelson Fortes Ferreira Nelson M. G. Caserta Maria Cristina Chammas Sandro Fenelon Alice Brandão Wilson Mathias Jr. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Lilian Mallagoli - edição Alice Klein (RS) Denise Conselheiro (SP) Rafael Bettega Priscilla Lopes (SP) Priscila Novaes (RJ) Arte: Marca D’Água Fotos: Cleber de Paula, André Santos e Lucas Uebel (RS) Imagens da capa: Getty Images Administração: Hybrida Consultoria Impressão: Duograf Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.37A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br


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