JUN / JUL 2014 nº 80
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junho / julho 2014 - Ano 13 - nº 80
pesquisa
Estudos dos mecanismos cerebrais avançam com o acesso da imagem digital
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o momento em que o País sedia um evento do porte de uma Copa do Mundo, mobilizando milhões de pessoas quando os neurônios estarão à flor da pele, correndo atrás de uma bola - controvérsias à parte-, o cérebro estará mais uma vez em evidência, guiando caminhos, indicando movimentos e, até mesmo, sendo o personagem principal do pontapé inicial com o exoesqueleto de Miguel Nicolellis, que dependerá das ações cerebrais. Nesse contexto, a imagem cerebral é cada vez mais estudada. Se os avanços não são muitos e os estudos mostram que cada caso é um caso, a imagem por PET, PET/CT e imagem molecular está na ordem do dia. Definir níveis de consciência e a recuperação de pacientes em estado vegetativo: em tudo isso, a imagem dá sua contribuição. Nas situações de normalidade, apontam diagnósticos e contribuem para as soluções pretendidas. Mas é nas doenças degenerativas que há muito a percorrer, e qualquer sombra de esperança se transforma em uma grande possibilidade. Confira nesta edição de nº 80 matéria com o Prof. Mauricio Castillo, entrevistado na JPR’2014, um estudo sobre avanços com pacientes em estado vegetativo persistente. Páginas 7 e 8
O ID no âmbito tecnológico
reportagem
Pessoas “difíceis”: como conviver na equipe de trabalho
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om os números expressivos de sempre, a organização impecável e o conteúdo muito elogiado, a primeira edição da JPR em parceria com a RSNA (Radiological Society of North America) deve ser considerada um marco na história da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR). Pode-se afirmar, com segurança, que valeu o esforço. E que lá se teve a chance de conhecer novas propostas, discutir temas atuais, com uma visão mais elaborada. É isso que se pode constatar de algumas iniciativas, como o workshop sobre profissionalismo, que colocou em discussão aspectos muito importantes do dia do médico, do serviço ou da clínica. E o ID, atento a essa realidade, entrevistou a Dra. Valerie Jackson, dos Estados Unidos, gestora de importante serviço, que falou sobre um tema muito espinho: “Como lidar com pessoas difíceis”. Página 6
Ziehm e Sul Imagem inauguram fábrica de arco cirúrgico em SC
US leva segurança e eficiência à anestesia O Brasil recebeu, em maio, o Simpósio Internacional de Ultrassom Point-of-Care – o Valor da Visualização, direcionado a profissionais de emergência, terapia intensiva e anestesia, entre outros. O objetivo foi promover educação continuada sobre procedimentos invasivos com a visualização realizada à beira-leito, com palestras, demonstrações ao vivo e workshops com hands-on. A iniciativa teve por objetivo discutir condutas o procedimentos no ato anestésico ou no atendimento emergencial beira leito e, com isso, encerrar controvérsias sobre o tema. Além disso, mostrar que o uso do ultrassom por anestesistas, seja para guiar procedimentos ou punções, não tem finalidade diagnóstica, não são emitidos laudos. A finalidade é garantir segurança e eficiência num ato que o anestesista sempre realizou, mas, que era feito às cegas. Nesta reportagem, Dr. Enis Donizetti Silva, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo, elucida a situação. Pág. 18
Em agosto de 2013, o ID – Interação Diagnóstica passou a percorrer as novas mídias, com o acesso livre em diversos meios, por meio de um aplicativo para iOS e Android, ampliado alternativas para os que precisam de suas informações. Passados pouco mais de seis meses, os números mostram que é crescente o acesso a essas diversas plataformas, em um reconhecimento ao conteúdo produzido e à validade das nossas propostas editoriais. Nesse período, nosso site (www.interacaodiagnostica.com.br) tem mantido uma média de 2.500 acessos por mês, com mais de 4 mil impressões de página mensalmente, no mesmo período – as impressões representam a navegação os usuários do site em páginas internas. No total, mais de 853 pessoas em todo o Brasil já fizeram o download do aplicativo do Jornal ID em seus tablets ou smartphones, somando mais de 7.600 páginas lidas desde a sua implantação. A grande maioria dos usuários se utilizada da plataforma iOS, por meio do iPad (42,2%) ou iPhone(39,3%). Os demais se utilizam de tecnologia Android. Também vimos publicando avisos e notícias pelo Facebook e pelo Twitter. Acesse e saiba de imediato tudo o que está sendo trabalhado pela equipe do Jornal ID. O acesso digital vem complementar o trabalho editorial, democratizando ainda mais o acesso ao conteúdo científico e às informações gerais.
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o dia 20 de maio, o Brasil ganhou sua primeira fábrica de arcos cirúrgicos, reflexo do crescimento local do setor de saúde. A alemã Ziehm passa a produzir em São José, Santa Catarina, o Arco Cirúrgico Ziehm 8000BR em parceria com a Sul Imagem, empresa brasileira com grande conhecimento no setor. Além de ser pioneira para o Brasil, a inauguração foi pioneira também para a empresa: esta é a segunda fábrica que ela abre no mundo, sendo a primeira em sua sede, na Alemanha. Por ocasião da inauguração, diversas autoridades do Estado e do município estiveram presentes, além de Klaus Höerndler, presidente global da empresa alemã, e demais executivos das empresas. Página 14
Na foto Edson Bianchi sauda as autoridades presentes
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JUN / JUL 2014 nº 80
Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
editorial
Os limites da eficiência No momento em que se abrem as portas do maior espetáculo esportivo do mundo, envolvendo bailarinas, sambistas, cantores e até índios, em algum canto dessa grande festa será mostrada mais uma etapa de um ambicioso projeto de pesquisa, polêmico e até contestado por setores da ciência, com o pontapé inicial de abertura, por um brasileiro. É mais uma etapa do projeto “Andar de Novo” (Walking Again), do brasileiro Miguel Nicolellis, que pretende despertar – o mínimo que seja – para a ciência, a pesquisa e a reabilitação de pacientes com deficiência de locomoção. Talvez, no auge da festa, vencidas todas as dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores e investidores, alguém possa notar que no meio do campo um paciente da AACD esteja lutando para dar alguns passos, superando todos os seus limites, e cientistas brasileiros, do Instituto de Neurociências de Natal, com o suporte da AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente, consigam dar provas do que realmente são capazes. Esta abertura é apenas para lembrar que todos os dias a Ciência caminha um pouco em algum ponto do nosso mundo, que a luta de pesquisadores é contínua e que sua eficiência não tem limites. A busca incessante pela inovação, pelo melhor para a humanidade, faz parte de nossa rotina, até sem perceber. Acompanhamos de perto o andamento desse projeto, como estamos sempre em busca de novos desafios, já que a “imagem diagnóstica” está, sempre, dentro de todo o processo de pesquisa. Quando envolve locomoção, ela é imprescindível; quando envolve os “mistérios” do cérebro, é a única porta, e assim no dia a dia constata-se que em todos os segmentos, desde um prosaico “selfie” em um aparelho celular, até o mais sofisticado exame de RM, de 1 ou 7 Tesla ou a imagem molecular, com todo o seu potencial de expectativas, estamos continuamente desafiando limites – os limites da capacitação, que deve ser contínua, os limites de recursos, e os limites das possibilidades humanas.
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Questionar faz parte da personalidade de cada um acreditar também. Deixando de lado o esporte, os valores investidos e os questionamentos quanto a essa Copa do Mundo, a hora é de mostrar o melhor. Ganhar ou perder é contingência, mas, se os resultados obtidos pelo projeto “Andar de Novo” continuarem a avançar, um grande salto para a ciência já será contabilizado positivamente. Se até Carlos Chagas, quando descobriu o parasito, identificou a doença e sua etiologia, não conseguiu a unanimidade e não foi valorizado, não será agora que os brasileiros reconhecerão a importância dessa e de todas as pesquisas que aqui se realizam. A cada edição, testamos os nossos limites para oferecer o melhor, contribuir de alguma forma para que o dia a dia, de apenas um médico, ou um pesquisador, seja enriquecido com alguma informação de valor. E que o trabalho anônimo de um pesquisador, de um jovem médico que elabora o seu trabalho com dificuldade, seja reconhecido e valorizado. É muito difícil fazer pesquisa no Brasil. Aqui tudo tem muita pressa, tudo é para ontem, e assim passamos por cima dos protocolos e do tempo necessário. Os jovens são incentivados a produzir painéis e temas livres, mas não são obrigados a produzir artigos, os temas não se aprofundam e os assuntos morrem. Nos acostumamos a aceitar que tudo que vem de fora é melhor. E, na área da imagem, que é o nosso foco, essa é uma grande deficiência. Com poucas exceções, algumas instituições possuem programas de incentivo para que o jovem produza ciência, além do atendimento e da rotina. E, ao longo dessas 80 edições que hoje estamos comemorando, fazendo um rápido balanço – já que é impossível determinar valores e números –, o nosso trabalho não tem sido em vão. Tudo isso graças ao apoio e à colaboração de pessoas, instituições e profissionais que também acreditam na sua Missão e acreditam que não existem limites para a eficiência.
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o bimestre
Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
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ão Paulo – Copa do mundo na JPR e homenagens confirmam mais um êxito da SPR – Difícil enumerar os pontos altos da JPR’2014, palavras de um dos muitos olheiros que o ID distribuiu pelo evento, além dos amigos e colaboradores sempre atentos. Para nós, a primeira JPR em parceria com a RSNA constituirá, na história da entidade, em mais um marco, assim como foram o lançamento do Jornal da Imagem, em 1978, a mudança do evento para o Hotel Hilton, as parcerias internacionais e, agora, essa com o RSNA. Mas, além do conteúdo primoroso, sessões inovadoras, como
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o tema Profissionalismo, o espaço para as empresas e, finalmente, a Copa do Mundo (já que para argentinos e brasileiros, o mundo começa no Rio da Prata, em termos de futebol), realizada entre médicos argentinos e brasileiros, mediada pelo Dr. George Bisset III e idealizada pelo Dr. Tufik Bauab, descontraiu, atualizou e mostrou que uma boa brincadeira só faz bem. E, para culminar, a homenagem ao “mestre” de gerações, Dr. Clovis Simão Trad. As fotos falam melhor.
ão Paulo – Novo superintendente do HC tem raízes na Radiologia – Com um expressivo currículo no Instituto de Radiologia, onde implementou e contribuiu para o crescimento da instituição, o engenheiro clínico Antonio José Pereira foi nomeado novo superintendente do Hospital das Clínicas. O ato foi registrado durante a Feira Hospitalar, onde sua experiência na área da imagem foi reconhecida e ressaltada.
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io de Janeiro – Personalidades que engrandecem o mercado – Há 36 anos na área de Radiologia, onde construiu uma história, contribuindo para o desenvolvimento da especialidade ao inovar e investir em projetos que trazem benefícios para a área da Imagem, o Sr. Hans Flinte foi um dos participantes da JPR. Fundador e criador da Ecomed, empresa que trabalha com catéteres, stents e produtos para a Radiologia intervencionista, marcou presença no evento, ao lado dos seus filhos e seguidores, Derek e Alec.
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ão Paulo – Hospitalar amplia seu foco e valoriza ensino e gestão – Com um público estimado em cerca de 90 mil pessoas, que passaram e trabalharam no evento, de 20 a 23 de maio, o que a coloca entre os maiores do mundo, a 21ª Hospitalar surpreendeu mais uma vez por inovar e buscar novos caminhos. Além dos 1.250 expositores de 34 países, ampliou seu horizonte e promoveu, com apoio das principais instituições e empresas do País, da área da Saúde, mais de 60 eventos de gestão, com um público esperado de 12 mil congressistas. Voltada a médicos, enfermeiros, dirigentes e administradores hospitalares, e também para formuladores das políticas públicas e privadas de saúde e do setor acadêmico, a Hospitalar – liderada pela médica Waleska Santos – conseguiu agregar grandes hospitais da capital paulista: HCor, Hospital das Clínicas, Hospital Sírio-Libanês e Hospital Israelita Albert Einstein, além do Hospital Moinhos de Vento, referência no Rio Grande do Sul.
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ão Paulo – Os 70 anos do HC lembrados na Hospitalar – No segundo dia da Hospitalar, o Hospital das Clínicas – FMUSP foi homenageado com um coquetel no estande da administração, em ato que contou com a presença do secretário da Saúde, Dr. David Uip, do Prof. Giovanni Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP, além de autoridades e gestores da instituição. De acordo com a Dra. Waleska Santos, que coordenou a homenagem, num clima de muita descontração, a homenagem pelos 70 anos de fundação do HC é apenas um reconhecimento por sua contribuição para o País e para a cidade de São Paulo. O Prof. Giovanni Cerri, como presidente do Conselho Deliberativo do HC, agradeceu o gesto, lembrando que a Saúde é hoje, se considerarmos o aspecto econômico, um dos maiores geradores de empregos e de capacitação e qualificação de mão de obra. O secretário, Dr. Davi Uip, enfatizou também a contribuição da instituição para a Saúde dos brasileiros, já que a cada 20 minutos, um brasileiro de qualquer região do País é atendido no HC.
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HOMENAGEM/JPR
Nestor Müller desfaz mitos e enfatiza verdades sobre a Radiação Radiação: mitos e verdades foi o tema da palestra de abertura da JPR’2014, proferida pelo Dr. Nestor Müller, presidente de honra do evento, colocando números bem realistas sobre o “excesso de dose” e desmistificando posturas que enriquecem a rotina dos serviços de imagem em todo o mundo.
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em se prender a polêmicas, nem invalidando o trabalho realizado pelas instituições que se preocupam com o problema, Dr. Müller – hoje radicado em Salvador – alertou para o fascínio das novas tecnologias que podem superexpor as crianças a riscos da radiação, e minimizou os números e as estatísticas que subsidiam os programas de redução de doses. Ele enfatizou que o cuidado com as doses de radiação deve fazer parte da rotina dos serviços, sobretudo em exames na faixa pediátrica, e que é preciso cuidado e critérios de seleção no momento de escolher o método mais bem indicado a esses pacientes. Médico radiologista há mais de 40 anos, especialista em imagem do tórax e autor de mais de uma dezena de livros, ele direcionou sua aula no sentido de desmistificar os exageros e lendas que rondam o tema. Com argumentos didáticos e cientificamente respaldados, ofereceu informações para tranquilizar não apenas os médicos, mas também os pacientes. O professor confirmou ser grande o aumento do número de exames de radiologia e, consequentemente, o aumento da exposição da população à radiação nos últimos anos: “A radiação médica hoje é responsável por 50% de toda a radiação pelas quais se expõem os cidadãos norte-americanos. Entre os riscos, o maior é o de desenvolver câncer, hoje entre 0,5% e 3% para todos os tipos de câncer em países desenvolvidos”. No entanto, Dr. Müller afirmou que quase todas as estimativas usadas são baseadas em estudos feitos com 100 mil sobreviventes das bombas de 1945. “Assim, ao se basearem em números dessa catástrofe, há a especulação, o mito de que 80 milhões de TC realizadas por ano causarão 30 mil casos de câncer, e é preciso esclarecer isso. Esse risco é estocástico”, defendeu. “O risco médio seria de 50 casos fatais por um milhão de indivíduos expostos”, completou. Inicialmente, ele frisou que é preciso entender a diferença entre a dose absorvida (em grays, Gy) e a dose efetiva (em Sievert, SV), compreensão essencial aos radiologistas. Também apresentou doses típicas de radiação em adultos e enfatizou, por exemplo, que, apenas a radiação do ambiente, no caso do Brasil, acumula um índice de 100 mSV em um homem de 40 anos. No caso da radiação em crianças, no entanto, a situação é diferente e o cuidado tem que ser bem maior; em recém-nascidos, o risco é seis vezes maior. Ele enfatizou o trabalho realizado pelo movimento Image Gently (As low as reasonably achievable), iniciativa reconhecida por sua importância e que defende o uso de doses indicadas. Porém, em pessoas acima dos 60 anos, fazendo um paralelo, lembrou que o risco é bem menor, e seria, segundo ele, a menor
das preocupações na terceira idade. “A verdade é que o risco de radiação na radiologia em adultos é desconhecido. Os números são especulativos”, afirmou. Por isso, Dr. Müller defendeu que a estimativa de 50 casos fatais de câncer por milhão de indivíduos expostos por mSV não deve ser utilizada. De acordo com sua apresentação, tanto a Sociedade Norte-americana de Radiologia (RSNA) como o Colégio Americano de Radiologia (ACR) reconhecem isso. “Esses dados são um mito, e, no Brasil, os riscos são mínimos se comparados ao
Dr. Nestor Müller: um reconhecimento a sua história
risco de incidência de câncer fatal, de acidente de trânsito e de homicídios”, completou. O professor, no entanto, ressaltou que é preciso que o radiologista sempre faça sua parte e busque alternativas para minimizar a exposição, independentemente de quaisquer dados: é recomendável realizar US e RM quando possível, utilizar a menor dose possível e somente na área de interesse, considerar se o exame é realmente essencial e diminuir a dose nas TCs de repetição.
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reportagem
Henry Mira e Lilian Mallagoli (SP)
Ferramentas de gestão: como lidar com pessoas difíceis Pela primeira vez, mostrando que os avanços de sua programação não se limitam ao conteúdo científico, a JPR’2014 abriu espaço para discutir o dia a dia de gestores, os conflitos de relacionamento, dentro de um workshop sobre o tema Profissionalismo.
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a princípio, é uma tarefa mais fácil. “Você indica que a mudança de comportamento também é fundamental para a conclusão da residência”, alertou a radiologista. O problema, no entanto, é com profissionais já formados, que já apresentam vícios comportamentais.
Ferramentas de gestão e experiência na liderança
esse indivíduo para mudar seu comportamento”, ela explicou. É importante também não perder o timing na identificação dos problemas, pois esses tendem à acumulação com o tempo. “É essencial e, novamente, pouquíssimas pessoas tem a coragem de fazê-lo, ter essas reclamações por escrito. O medo, nesse caso, de retaliação ou demissão é ainda maior, ainda que insistamos que essa prática é ilegal.” O profissional geralmente conta com uma série de caminhos para relatar os problemas, incluindo hotlines
São várias as ferramentas de gestão, mas Dra. Valerie Jackson, dos Dra. Jackson aprendeu, com sua experiênEstados Unidos, uma das cia na liderança de equipes de residência conferencistas convidadas, e de radiologistas, que algumas são com uma intensa pauta de fundamentais. Contar com Recursos assuntos, participou desse Humanos, o departamento Jurídico workshop, coordenado pelo Dr. Rubens e as políticas institucionais se torna Schwartz, e o ID – Interação Diagnóstica fundamental ao identificar problemas procurou ouvi-la sobre algumas de suas na equipe. Acima de tudo, é imporabordagens. Dentro desse tópico, analisou tante coletar dados, documentos e diversos aspectos do cotidiano médico, o informações para tomar as atitudes papel do gestor nas grandes estruturas para necessárias para ajudar o radiologista bem gerenciar uma equipe altamente espea retomar seu desempenho. cializada, comentou sobre a importância do “Assim que começar a ver pro“peer review” dos laudos médicos e explicou blemas, comece a reunir documentos. como é a certificação dos radiologistas nos Tomo notas em todas as minhas conEstados Unidos. versas e discussões com as pessoas, Mas foi durante a palestra Lideranse estivermos falando e lidando com pessoas do de um problema difíceis que ela mostrou que elas estão tendo uma realidade do dia a dia E, assim ou uma situação com Dra. Valerie Jackson durante palestra de Profissionalismo dos serviços e pouco concomo crianças, potencial de se torsiderada. “Através de uma quando somos nar desagradável”, afirmou. simples metáfora, podemos para denúncias anônimas - prática, aliás, Com a dificuldade natural definir bem os problemas bastante comum em diversas empresas no confrontados, de expressar problemas, de ter um membro da equiBrasil. “Se ainda assim a pessoa estiver queremos tecnólogos reclamam indipe com problemas comcom dificuldades em expressar seus relatos sempre retamente dos radiologistas portamentais. Uma pessoa e situações por escrito, eu me reúno com e vice-versa, mas, por medo infeliz, frequentemente ela e tomo notas da conversa. Você deve apontar os de algum tipo de retaliação, reclamando, é como um proteger essa testemunha, a pessoa que porquês e dizer não externam atitudes incôcâncer, que acaba atingindo está reclamando.” O gestor deve apurar as que não é modas. “A retaliação é proia produtividade e a feliciinformações coletadas e, antes de tomar bida nos Estados Unidos, dade da equipe”, afirmou qualquer atitude, consultar sempre o pronossa culpa. mas isso não impede que as a profissional, que é chefe fissional de Recursos Humanos, para ter pessoas tenham medo desta do Departamento de Ratambém o suporte corporativo. prática.” Alertou para situações que podem diologia e Ciências da Imagem da Indiana A “conversa do cafezinho” se resolver sozinhas, mas sempre tendo a University School of Medicine de IndiaTanto para o reclamante quanto para documentação de antemão. napolis. A Dra. Jackson compartilhou não quem as reclamações estão direcionadas, é “Eu tenho o que chamo de ‘arquivo apenas experiências vividas ao longo de importante uma primeira conversa informal sombra’, que fica anexado ao perfil profissua carreira ao lidar com pessoas difíceis para entender a situação. “Um papo direto, sional da equipe, no qual coloco minhas e que não se encaixavam em sua equipe honesto, não confrontador e com problemas anotações. Isso me permite que torne o médica, mas também técnicas de gestão discutidos sempre em termos gerais, sem assunto privado por um tempo, pois nem aplicadas nos Estados Unidos. assuntos tão específicos”, apontou a Dra. sempre algo que parece encaminhar para A identificação de futuros problemas Jackson. “E, assim como crianças, quando uma situação ruim, realmente termina não é tão simples. “Tenho duas pessoas para somos confrontados, queremos sempre ruim. Então, pode-se deixar a situação entrevistar. Qual delas será difícil de lidar?”, apontar os porquês e dizer que não é nossa privada por um tempo, pois às vezes as questionou. “Uma pode parecer um anjo e culpa.” situações se resolvem por si próprias.” ser uma pessoa maldosa e vice-versa. Não Quanto mais avançada for a investigaNos Estados Unidos, para que um podemos fazer julgamentos desta forma, mas ção, mais importante passa a ser a presença médico ou professor de universidade de há ferramentas de que lançamos mão para de uma testemunha na sala - Recursos Humedicina seja demitido, é necessário um isso.” Esse cuidado passa não apenas pela manos ou outra pessoa do corpo de Radiologrande número de documentos e vários pasorientação da equipe médica, mas também gia. Após essa reunião formal, o gestor deve sos processuais e análises, além da garantia por contar com uma boa estrutura legal e assinar um documento com as informações de que “você teve diversas conversas com de Recursos Humanos. Liderar residentes,
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listadas e o profissional também assina; “caso contrário, também indico esse fato no documento”, especificou. Até mesmo pela dificuldade nos processos de demissão de profissional de alto grau de formação, o recomendado pela Dra. Jackson é sempre tentar solucionar os problemas de comportamento, pois podem também afetar o desempenho da equipe. Apresentar uma lista com os problemas e propor um plano de melhoria é fundamental. “Percebi com o tempo que os que tiveram problemas indicados nestas listas melhoraram seus comportamentos, mas não por muito tempo. Os mais espertos melhoram pouco e ficam logo abaixo do radar.” Daí a importância de um acompanhamento mais próximo, para que as mudanças sejam permanentes. Feedbacks a cada dois ou três meses são fundamentais. Caso a mudança não ocorra, o departamento de Recursos Humanos acaba se tornando um grande aliado. Para casos mais extremos, que se tornam processos, a recomendação é ter apoio jurídico - tanto para possíveis erros de interpretação de exames quanto para situações comportamentais. Os advogados orientam para as políticas e leis aplicáveis na defesa desses casos.
Demissão apenas em último caso “O que aprendi, da maneira mais difícil, é que os mais problemáticos são os que geralmente coletam a maior quantidade de informação. Por exemplo, se tenho duas ou três reclamações escritas do ‘Dr. A’ ou ‘Dr. B’, ele tem, como ‘resposta’, um arquivo imenso se protegendo.” Novamente, é fundamental contar com todos os arquivos, anotações e documentos acumulados desde o início dos problemas. “Se chegar um processo, você deverá, junto aos advogados, utilizar toda essa documentação”, completou a Dra. Jackson. Na Indiana University School of Medicine, o processo comum de avaliação são os reviews anuais, que incluem avaliações de pares e de superiores, e são assinados pelos funcionários, fazendo parte do arquivo oficial. Uma má avaliação comportamental, apesar de bom desempenho em análises e exames, pode levar aos extremos de uma demissão. “Eu não quero ter de demitir pessoas. Quero que a equipe seja feliz, bem-sucedida e que seu comportamento seja apropriado. Porque uma pessoa infeliz e que está reclamando é como câncer na prática, que acaba atingindo o estado da equipe”, finalizou a Dra. Jackson.
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Por Henry Mira e Luiz Carlos de Almeida (SP)
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ENTREVISTA
Medicina “personalizada” aponta novos caminhos para a neurorradiologia “Estamos buscando melhores diagnósticos e acompanhamentos em neurorradiologia com a ‘medicina personalizada’. Um grande problema que temos é que a maioria das doenças cerebrais mais sérias não podem ser curadas, como demências, tumores cerebrais malignos. Acredito que havia um grande espaço entre o que pode ser feito pelo paciente e o que poderíamos corrigir ou melhorar através da imagem.”
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s afirmações são do Prof. Mauricio Castillo, um dos nomes mais expressivos da neurorradiologia, presente à JPR’2014. Autor de 17 livros, mais de 500 artigos publicados, é chefe da divisão de neurorradiologia e professor de radiologia da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill há 21 anos, é vicepresidente da American Roentgen Society e editor-chefe da American Journal of Neurorradiology. Ao ID – Interação Diagnóstica abordou aspectos diversos dos avanços da especialidade e, principalmente, mostrou seu otimismo com os mais jovens especialistas, nos Estados Unidos, no que se refere “a produção e publicação de artigos médicos”. Interação Diagnóstica – Como editor de uma publicação especializada, como vê a produção científica em tempos atuais? Dr. Mauricio Castillo – A American Journal of Neurorradiology (AJNR) está inserida na Sociedade Americana de Neurorradiologia, através da American Society of Neurorradiology, e tem uma circulação de aproximadamente 6 mil exemplares por mês. Hoje, acredito que os especialistas mais velhos não estão escrevendo e colaborado tanto quanto deveriam. Isso faz com que os mais jovens colaborem com o jornal, ainda que supervisionados pelos profissionais mais experientes da área. Mas acho que são esses neurorradiologistas mais jovens que estão tendo o papel mais importante ao enviar seus artigos ao nosso jornal, estão entendendo muito bem as novas técnicas e como elas podem ser exploradas para o benefício dos pacientes. Penso que os profissionais mais experientes acabam se envolvendo mais com rotinas das entidades médicas com as quais têm de lidar e presidir, o que reduz seu tempo
dedicado para publicação de artigos. Interação Diagnóstica – Trabalhando com ensino e informação, como vê a passagem das tecnologias analógicas para as digitais na neurorradiologia? Dr. Mauricio Castillo – O problema é que, na neurorradiologia, sempre fomos prioritariamente digitais, então as mudanças não têm sido tão impactantes como foram para a mamografia, por exemplo. Para nós, a partir de meados dos anos 70, quando a TC se tornou a principal ferramenta de produção de imagens do cérebro, toda a informação se tornou digital. A ultrassonografia, por exemplo, sempre foi digital, desde o princípio. Mas na neurorradiologia, acredito que a angiografia cerebral (catheter angiography) tenha sido a grande impactada nessa mudança do analógico para o digital, da angiografia convencional para a angiografia de subtração digital. Isso, para nós, foi o grande avanço, considerando que nunca sofremos tanto com essas mudanças para o formato digital. Interação Diagnóstica – Com os avanços da neurorradiologia, como avaliar os benefícios para a clínica? Dr. Mauricio Castillo – Nos últimos cinco anos, muitos dos avanços desenvolvidos ainda não tiveram aplicação clínica. São excepcionais para pesquisa, mas ainda são muito complicados para uso clínico. Talvez o maior avanço dos últimos quinze anos com relação a técnicas avançadas de neuroimagem, seja a técnica de difusão por ressonância magnética, amplamente utilizada na prática clínica. É uma técnica de fácil obtenção, fácil processamento, muito fácil de interpretar e com resultados reproduzíveis. Muitas técnicas então não compartilham essas características, estando ainda sem aplicações no dia a dia. Perfusão com contraste, por exemplo, é uma técnica que já está con-
inicialmente não seriam tão comuns. Por sagrada e utilizamos bastante em pacientes exemplo, ao demonstrar semelhança biolócom acidente vascular isquêmico e naqueles gica e genética de um tumor cerebral com com tumores cerebrais, assim como para um tumor nos rins, uma possibilidade seria lesões que precisamos caracterizar melhor. aplicar a quimioterapia usada no tratamento Interação Diagnóstica – Na sua experide um tumor em outro tumor. ência, como vê a contribuição da imagem Interação Diagnóstica – Dos temas no diagnóstico e tratamento de doenças focados na JPR, o que cocerebrais? mentar em especial? Dr. Mauricio Castillo Dr. Mauricio Castillo – Um grande problema – Falei sobre a presença que temos é que a maiode circulação cerebral coria das doenças cerebrais lateral em lesões isquêmais sérias não podem ser micas. É algo que, com os curadas, como demências, recursos que dispomos, tumores cerebrais maligdevemos começar a analinos. Acredito que havia sar, pois isso proporciona um grande espaço entre uma avaliação fisiológica o que pode ser feito pelo do infarto, portanto mais paciente e o que poderíacompleta do que aquela mos corrigir ou melhorar que se faz rotineiramente. através da imagem. Acho Se não levarmos em conta que esse espaço esteja dia circulação colateral, nós minuindo com o tempo, não seremos capazes de porque os clínicos hoje Dr. Mauricio Castillo tratar o paciente da forma em dia podem avaliar em mais apropriada. Discutimos ainda o tema testes genéticos quais tratamentos podem tumor infratentorial pediátrico, patologia ser mais recomendados de acordo com o na qual estamos bem avançados na busca tumor ou lesão identificada. Pouco a poupor imagens biologicamente correlatas co, estamos aproximando essas facetas e com as anomalias genéticas nesses tumotentando proporcionar melhores diagnósres, principalmente nos tumores bulbares ticos, melhores acompanhamentos, aquilo e ependimomas. Dentre as minhas cinco que as pessoas chamam hoje de ‘medicina aulas na JPR, acredito que essas sejam os personalizada’, como esses tumores reagem grandes destaques. geneticamente, levando a tratamentos que Nota da Redação - Nascido na Guatemala, o Prof. Mauricio Castillo estudou Radiologia Diagnóstica na Universidade de Miami, seguido por uma bolsa de dois anos em neurorradiologia da Universidade Emory, em Atlanta. Por um curto período de 18 meses, foi professor assistente de radiologia na Universidade do Texas, em Houston, e depois se tornou chefe da divisão de neurorradiologia e professor de radiologia da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, cargo que já ocupa há 21 anos. Publicou 580 artigos (revisados por pares e convidados) como autor principal ou coautor, e 17 livros. Deu mais de 86 aulas e, atualmente, é vice-presidente da American Roentgen Ray Society (ARRS) e membro de seu conselho executivo, além de editor chefe da American Journal of Neuroradiology (AJNR).
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Pesquisa & Inovação
Imagem do cérebro poderá ajudar a prever quem vai acordar do estado vegetativo persistente Um dos grandes desafios da medicina moderna, com tantos recursos diagnósticos, é desvendar os segredos do cérebro. As doenças cerebrais promovem debates, discussões, mas os avanços correm em um ritmo muito abaixo do desejado.
crito como estando em estado vegetativo), diagnósticos mostram muitos casos que se podem recuperar a consciência. O método, enquadram nesse contexto e os danos provoem alguns casos, também foi capaz de decados no cérebro fazem parte de suas rotinas. tectar certo nível de consciência, em Ilustração de PET com FDG situações onde o CSR-R, teste padrão comportamental utilizado por médicos, não mostrou nenhuma resposta. Os autores avançam em seus estudos, procurando primeiramente definir o que é “consciência”, uma entro dessa linha de pencoisa complicada, que se encontra na samento, os pesquisadores interface entre ciência e filosofia. É Jamie Sleigh, professor de fácil de reconhecer, mas difícil de defiAnestesiologia e Cuidados nir. Uma definição comum poderia ser Intensivos da Universidade a capacidade de experimentar conscide Waikato, e Catherine Warnaby, pesquisaência de si e do meio, por exemplo. dora sênior da Universidade de Oxford, puMas isso já é um argumento circular: blicaram um estudo na Revista The Lancet, Avanços promissores usando “experimentar consciência” para no qual abordam o uso dessas tecnologias, definir “consciência”, não estamos realmente visando prever quem vai acordar do estado Para a área da imagem, a parte mais apenas dizendo que “a consciência é a capavegetativo. interessante do novo estudo é que os pesquicidade de ser consciente”? Destacam os autores que, “quando os sadores “começaram a fazer algum progresso As conjecturas não param por ai. E os pacientes sofrem de uma lesão cerebral e não na compreensão das partes do cérebro necesautores lembram que “a situação é ainda respondem, muitas vezes não sabemos se sárias para o estado de consciência, e, com mais complicada por dois outros motivos. eles sofreram danos irreversíveis, dos quais o auxílio da imagem, a olhar para o cérebro Na maioria das doenças em que pode haver nunca vão se recuperar, ou se o dano é um de pacientes problemáticos para ver se essas uma consciência reduzida, há também a problema temporário (talvez até uma parte regiões críticas do cérebro estão funcionando perda de memória. Isso significa que não importante do processo de cura do cérebro)”. - mesmo se não há sinais exteriores”. A partir dessa constatação, lem- Ilustração de PET/CT com FDG E, enfatizam: “O PET olha para a bram que “em pacientes com lesões absorção de glicose (e, portanto, para cerebrais extensas, o prognóstico a produção de energia) de diferentes relativo à recuperação da consciênpartes do cérebro e, se a absorção é cia depende atualmente do exame baixa, isso sugere que a área do cérebro clínico - testando se respondem a não está funcionando corretamente. estímulos como luz nos olhos - e das Já a técnica de ressonância magimagens estruturais do cérebro. Mas nética funcional (fMRI) é diferente em muitos casos a precisão de preporque se baseia nas diferenças da ver o resultado a longo prazo não é oxigenação em diferentes partes do cémelhor do que se jogar uma moeda”. rebro, a partir das quais inferências são O estudo se apoia na tomografia feitas sobre quais áreas estão ativas . por emissão de pósitrons (PET) com Com um estudo em 126 pacienexpectativas muito animadoras. O tes, os pesquisadores analisaram se método, destaca o estudo, “olha para PET e fMRI podiam distinguir, ena produção de energia em diferentes tre um estado vegetativo ou um de partes do cérebro”, e, portanto, ela consciência mínima, pacientes com podemos saber se um paciente estava conspoderia ser particularmente promissora em lesão cerebral grave, incluindo quatro com ciente, perguntando-lhes mais tarde, porque determinar com mais precisão quais daquesíndrome de encarceramento (locked-in), e podem muito bem ter estado conscientes les pacientes, em um estado minimamente um grupo controle que não teve resposta naquela hora, mas a memória foi apagada”. consciente ou que sofrem de síndrome de comportamental, mas consciente. Eles, Para os neurorradiologistas, em especial, os vigília sem resposta (anteriormente desentão, compararam os dados em relação ao
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Novos cursos no programa do InRad
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ois novos cursos abrem a programação de atividades do Instituto de Radiologia-HCFMUSP no segundo semestre: Curso de RM Funcional e Tractografia – Aplicações e Desafios da Neurorradiologia, em 8 e 9 de agosto, coordenado pelas Dras. Paula Ricci Arantes e Carolina M. Rimkus; e o Curso de BI-RADS em Ressonância Magnética de Mama, coordenado pelos Drs. Nestor de Barros, Luciano F. Chala, Su Jin Kim Hsieh e Erica Endo, de 22 a 24 de agosto. A programação prevê, ainda no mês de agosto, o Curso de Diagnóstico por Imagem da Cabeça e Pescoço, coordenado pelas Dras. Eloisa M. M. Gebrim e Regina Lucia Elia Gomes, com a participação do Dr. Marcio Taveira Garcia e da Dra. Flavia Issa Cevasco. Em setembro, os temas serão: Curso Teórico-Prático de Ressonância Magnética Musculoesquelética, com o Dr. Marcelo Bordalo Rodrigues, de 5 a 7, e Curso TeóricoPrático de Imagem Vascular – Angio TC e Angio RM, coordenado pelos Drs. Adriano Tachibana, Thiago Vieira e Walther Ishikawa.
teste comportamental CSR-R, que é considerado o melhor teste para a caracterização da consciência. Os resultados finais mostraram que o “PET era melhor para distinguir um estado minimamente consciente e estava de acordo com o CSR-R (os pesquisadores deram-lhe uma precisão de 74% na previsão de recuperação dentro de um ano). Em um terço dos 36 pacientes considerados sem resposta de comportamento com CSR-R, o PET mostrou algum nível de consciência. Nove destes mais tarde recuperaram um nível razoável de consciência”, disseram os pesquisadores.
Resultados encorajadores O registro de um trabalho dessa natureza é muito importante, pois os autores – embora reconheçam que ainda está em um estágio muito precoce – já podem tentar conseguir definir níveis de consciência através do uso destas técnicas. Os problemas com a aplicação são que elas são caras e difíceis de fazer para pacientes nesse estágio, que também não são muito comuns, por isso é difícil reunir números grandes o suficiente para levantar estimativas precisas da previsão de acurácia das técnicas de imagem. No entanto, este estudo é encorajador, já que descobriram um subgrupo de pacientes que parecia clinicamente sem resposta, mas que posteriormente passou a se recuperar. Concluem os pesquisadores que “a Imaginologia cerebral funcional, a que a fMRI e as técnicas de PET pertencem, é um campo de rápido desenvolvimento e essas técnicas estão sendo continuamente desenvolvidas e refinadas. E como este é apenas o início de suas aplicações clínicas neste campo, esse é um sinal promissor”.
Outras informações: - reportagem publicada no site The Coversation: http://migre.me/jFlPv - link para o estudo na The Lancet: http://migre.me/jFlUs
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título de especialista
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CBR14
Rio de Janeiro: congresso terá conteúdo de ponta e propostas inovadoras Com temas de atualização, vivência prática e avanços da especialidade, o Rio de Janeiro sai da Copa do Mundo e se prepara para um outro grande acontecimento: o 43º Congresso Brasileiro de Radiologia (CBR 14), de 9 a 11 de outubro, com espaço para o Congresso da SLARP – Sociedade Latinoamericana da Radiologia Pediátrica.
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evento sediará também o processo de comunicação do novo presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, cuja eleição ocorrerá por votação eletrônica entre 1º e 15 de setembro. A Comissão Organizadora, tendo à frente o Dr. Henrique Carrete Jr., presidente,
está empenhada em motivar especialistas de todo o País a participarem, visando “oferecer um evento atrativo, atualizado no seu conteúdo científico e também como instrumento de fortalecimento da especialidade”. As gerações mais novas serão também contempladas com diversas iniciativas de atualização, e os 450 primeiros interessados
que se inscreverem desde já, pelo site www. congressocbr.com.br, receberão um livro da Coleção CBR. Como explicou ao ID – Interação Diagnóstica o Dr. Henrique Carrete Jr.: “O otimismo é grande, pois o Rio de Janeiro vem se preparando para grandes eventos esportivos internacionais, transformandose em uma grande alternativa turística, que será um atrativo a mais para o CBR 2014. Por outro lado, o conteúdo científico será dos melhores, e, para isso, basta verificar a lista de convidados estrangeiros que já estão confirmados: Alexandra Borges (Cabeça e Pescoço), Emily F. Conant e Miguel Pinochet (Mama), Fabricio da Silva Costa (Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia), Franz J. Wippold II (Neurorradiologia), Katarzyna J. Macura (Medicina Interna), Richard Webb (Tórax), Tarek Yousry (Neurorradiologia), Theodore Miller e Thomas Hash (Musculoesquelético)”. O evento terá seis cursos pré-congresso: Assistência à Vida em Radiologia, Física em Ressonância Magnética, Densitometria Óssea, Gestão, Hands-on em Ginecologia e Obstetrícia e Hands-on em Musculoesquelético. Parcerias internacionais com entidades dos Estados Unidos, França, México e Portugal também enriquecerão o programa científico. Repetindo a experiência de 2010, a Sociedade de Radiologia da América do Norte (RSNA) enviará três palestrantes por meio do programa International Visiting Professor (IVP).
Trabalhos Científicos serão premiados O CBR premiará o melhor painel eletrônico nesta edição do Congresso. O vencedor receberá passagem aérea e hospedagem de até cinco dias em hotel para participar do próximo Congresso Europeu de Radiologia (ECR 2015), de 5 a 9 de março de 2015, em Viena, na Áustria. Este apoio educacional é patrocinado pela CETAC Diagnóstico por Imagem. Novidade para este ano, os melhores painéis eletrônicos serão expostos no Encontro Anual da American Roentgen Ray Society (ARRS), programado para os dias 19 a 24 de abril de 2015, em Toronto, Canadá. Mais informações: cbr.org.br ou www. congressocbr.org.br
Anote Atualize seu endereço. É bom para você, é bom para nós. Contate-nos: comercial@nteracaodiagnostica.com.br (11) 3285-1444 www.interacaodiagnostica.com.br
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JUNHO / JULHO 2 0 1 4 - A n o 1 3 - n º 8 0 Por Lilian Mallagoli (SP)
mercado
Ultrassonografia e intervenção são o foco da Esaote
Cresce a fabricação de equipamentos médicos no País
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fabricação de equipamentos e materiais de uso médico-hospitalar e odontológico cresceu 15,3% no primeiro trimestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013. Já as importações desses produtos – em especial de aparelhos de raios X e os que utilizam radiações – registraram queda de 13,9% em igual período. Os dados fazem parte de um estudo sobre o desempenho do setor de produtos para a saúde, realizado pela consultoria econômica Websetorial para a ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares. O levantamento Carlos Goulart, da mostrou ainda que ABIMED as vendas do setor cresceram 12,7% no primeiro trimestre do ano e que 1.858 novos empregos foram gerados no período – 3,8% a mais do que no primeiro trimestre do ano passado. Na avaliação da ABIMED, os resultados – em especial o aumento da produção e a queda nas importações - retratam as mudanças que estão ocorrendo no setor em decorrência das políticas industriais de estímulo à fabricação local de produtos para a saúde, que incluem a realização de parcerias entre os setores público e privado. Esses números podem ser os primeiros resultados dos Processos Produtivos Básicos (PPBs) aos quais as empresas do setor aderiram, iniciando ou ampliando a produção local de equipamentos e produtos médico-hospitalares. Segundo ele, existem atualmente seis PPBs em curso para fabricação de Ultrassom, Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Arco Cirúrgico e PET/CT. Empresas como Philips, GE, Toshiba, Siemens, por exemplo, que aderiram ao programa, já instalaram fábricas no País. Carlos Goulart Presidente-executivo da ABIMED
reportagem
Carlos Alonso, CEO há um ano, conta como é gerenciar uma empresa familiar, explica as estratégias para obter crescimento maduro, ressalta a importância do mercado brasileiro para sua operação e esclarece: a Esaote não está à venda
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ano de 2013 foi difícil para “Depende de volume de produção do merindependência e sustentabilidade à marca. o mercado de diagnóstico cado doméstico e, depois, de exportação. O “Os sistemas podem ser premium, de alta por imagem, mundialBrasil sempre está nos nossos planos para qualidade, ou de entrada, para mercados mente. Por outro lado, foi isso”, admite. em desenvolvimento. Ter o portfólio mais quando assumi o cargo Em comparação com o restante do completo do mercado é a primeira priode CEO da Esaote, e acabou se tornando mundo, o CEO acredita que o mercado ridade. A segunda é a qualidade de imaum período muito completo, com novas brasileiro está na primeira divisão, por gem, e para isso investimos na CristaLine, estratégias, processos e cultura”, afirma ser muito profissionalizado e difundido: tecnologia que possibilita nitidez perfeita Carlos Alonso, CEO “A ultrassonografia atende da Esaote, primeiro os mercados low, medium, executivo que não é high e premium. Tenho parte da família itapercebido no Brasil o auliana, que a fundou, a mento progressivo de qualiderá-la. lidade, e a solicitação de Alonso nomeou requerimentos mais altos”. Anderson Caiado Diante do panorama como gerente geral no econômico mundial, e do Brasil, e explica que mote de “fazer mais com a empresa tem como menos” muito difundido foco desenvolver e no RSNA 2013, Alonson valorizar talentos. acredita que o diagnóstico Depois do pripor imagem, sobretudo a meiro ano no carultrassonografia, vai cresgo, reorganizando a cer: “O nível de educação estrutura interna, é dos pacientes quanto à hora de apresentar as Carlos Alonso, CEO da Esaote, e Anderson Caiado, gerente geral para o Brasil radiação já é maior e a estratégias. Alonso qualidade de imagem do explica que a Esaote busca a integração procedimento não para de se desenvoldos exames”, afirma. O investimento em horizontal, porque não pode competir ver, se rivalizando cada vez mais com a ergonomia também está previsto nos procom a vertical: “Sempre trabalhamos com ressonância magnética”. Ele explica que jetos da empresa. imagem – ultrassonografia e ressonância os sistemas de saúde de todo o mundo No ano passado, eles anunciaram sete dedicada -, e software para tratamento da sabem que o diagnóstico tem que ser países-chaves para sua estratégia: Itália, imagem, e agora com sistemas intervenmais completo, até para que o sistema seja França, Alemanha, Rússia, Estados Unicionistas – para prevenção, diagnóstico, gerenciado com mais responsabilidade. dos, China e Brasil. O objetivo, explica terapia e follow up. A partir da imagem, A Esaote apresenta-se, assim, sólida Alonso, é ter quatro centrais que atendam fazemos um bom diagnóstico, geramos e estruturada para encarar os próximos suas regiões em quatro países: Itália, Estaconhecimento e resolvemos o problema”. anos, com visão realista, mas sem perder dos Unidos, China e Brasil. “O Brasil é um Os sistemas intervencionistas da o desejo de voar mais alto. “A Esaote não país importante para nós, muito atrativo, e Esaote são guiados por ultrassonografia é a próxima empresa a ser comprada. Não está sob a liderança de Anderson Caiado e ressonância magnética para ablação da trabalhamos para isso, simplesmente porpara ser sustentável. Queremos, por meio tireoide e fígado, e acompanham as dinâque temos confiança em nossa estratégia dele, atender toda a região, centralizar as micas do sistema de saúde, como custos horizontal, em soluções terapêuticas. Essa atividades para toda a América Latina e e agilidade. estratégia garantirá que a Esaote seja uma fazer acordos com centros de tecnologia Pesquisa em desenvolvimento é empresa de médio porte, diferenciada, com e universidades”, explica. A construção outro aspecto importante. Hoje, é respono apoio de clientes e com longevidade”, de uma fábrica não é ainda um plano sável por 6% das vendas, e proporciona finaliza Carlos Alonso. concreto, mas também não é descartado:
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entrevista
Siemens inova medicina nuclear com reconstrução e fusão de imagens Os avanços tecnológicos colocam a medicina nuclear e imagem molecular na ordem do dia e esta deve ser uma das áreas médicas a trazer mais inovações na área de diagnósticos nos próximos anos. Para a Siemens isso já é uma realidade e ela está de olho nesse movimento, tanto que o atual foco do programa Pictures of the Future, que olha para o futuro, é imagem molecular.
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essa forma, a empresa aproveitou a a terceira imagem, que é a SPTECT CT”, explica. JPR’2014 para fazer um lançamento imO xSPECT é o software do Intevo, que faz a quanportante na área de diagnóstico precoce tificação dessas imagens, e a Siemens é a primeira emde doenças. O software xSPECT, que presa a lançar quantificação nessa modalidade. “Para integra reconstrução e fusão de imagens, diagnóstico, isso ajuda muito a determinar se é lesão ou garante o alinhamento total entre SPECT e CT. tumor de fato, principalmente na parte de osso, pois as A empresa já havia anunciado no Canadá o Symimagens são fantásticas e a diferença é muito grande”, bia Intevo, que é o primeiro ele completa. sistema xSPECT do mundo, O software faz a reconsno qual é possível não apenas trução de imagem de forma visualizar as lesões, mas tamdiferenciada, com resolução bém explorar a alta resolução e qualidade maiores, além da de imagem, permitindo uma quantificação. Em processo de interpretação mais confiável. obter o registro junto à Anvisa, Segundo a Siemens, ele possui a expectativa da Siemens na ferramentas de quantificaJPR era ter o lançamento disção projetadas para fornecer ponível para o Brasil até julho importantes informações de de 2014. diagnóstico, que permitem moKeller afirma que, com o nitorar e ajustar o tratamento Fábio Keller, gerente de unidade de negócios de desenvolvimento da área de do paciente com maior precisão. imagem molecular e oncologia imagem molecular, a Siemens “A medicina nuclear consegue trazer o diagnóstico buscou alternativa de como ir adiante oferecendo um à tona, muito antes de virar uma lesão. É possível ver custo menor do que o de PET, mas com resolução mais a disfunção antes, identificar se pode ou não ser lesão. apurada e com a quantificação, até então inédita no exaA imagem molecular é hoje a melhor para prevenção”, me. “Tudo isso combinado levou ao desenvolvimento afirma Fábio Keller, gerente de unidade de negócios de desse produto. Ele vai ajudar com imagens que, até imagem molecular e oncologia. então, com um exame de SPECT normal não daria para Ele explica que o Intevo revoluciona a reconstrução ver. É muito indicado para a área óssea, oncológica, de de imagem nuclear porque tem algoritmo de cálculo lesões na coluna e de medicina esportiva”, indica. totalmente novo, para o qual utiliza a informação do TC O Intevo promete assim, associado ao xSPECT, para fazer imagem nuclear. “Ele proporciona uma imarevolucionar a forma de fazer SPECT, com mais nitidez. gem com maior resolução para o diagnóstico, você tem de Antes, muitas informações da imagem não eram detecfato o que precisa, uma definição dos pontos em questão, tadas ou não era possível diferenciar qual terapia seria sobre os quais o médico nuclear dará o diagnóstico, e indicada para aquela lesão, e este equipamento chega essa imagem e é fundida com imagem de TC, formando agora para fazer essa identificação imediata.
mercado
Empresa de manutenção de RM tem boa procura na JPR
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om 12 anos no mercado, a Cryo Service, especializada em assistência técnica e criogenia em equipamentos de RM de baixo ou alto campo marcou presença na JPR´2014, e, mais uma vez, só tem motivos para comemorar. Instalada em Sumaré (SP), mostrou seus serviços, que incluem reparos em bobinas de superfície e solução de problemas eletroeletrônicos e mecânicos – em especial a manutenção no sistema de criogenia, que é composto do chamado cold head, compressor e linhas de transmissão. “A procura pelos serviços oferecidos pela Cryo Service apresentou um crescimento considerável nesta última JPR, apesar do evento comercial ser mais voltado à venda de equipamentos de diagnóstico por imagem”, afirma Walter Storch, gerente comercial da empresa. Segundo ele, um dos serviços que mais tem atraído interesse é o monitoramento de magnetos. “O objetivo desse serviço é maximizar a vida útil do cold head e minimizar as perdas de hélio do equipamento, por meio de alertas que são emitidos à nossa Central de Operações sempre que um dos componentes monitorados apresenta um problema ou um comportamento fora do padrão”, explica Storch. O sistema monitora, 24 horas por dia, parâmetros como temperatura e fluxo de água do chiller, pressão do magneto, temperatura da sala técnica e rede elétrica, entre outros. O cold head (“cabeçote frio”, em tradução livre) é o componente responsável por manter estável o núcleo do magneto dos equipamentos de RM, consequentemente reduzindo o consumo de hélio líquido, que é usado para manter refrigeradas as bobinas supercondutoras – o que permite a circulação de altas correntes pelas bobinas para gerar o forte campo magnético necessário para fazer as imagens de ressonância. “Como funciona o tempo todo, é um componente de alto desgaste que precisa substituído com frequência”, enfatizou Walter Storch.
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Punção aspirativa com agulha fina de tireoide: técnica e resultados
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câncer de tireoide é a neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino, afetando mais mulheres do que homens, principalmente entre as idades de 25 a 65 anos. Na região sudeste é o sexto câncer que mais acomete as mulheres, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2014). Para o Brasil, em 2014, estimam-se 9.200 casos novos de câncer da tireóide, com um risco estimado de 7,9 casos para cada 100 mil mulheres. Uma tendência de elevação na incidência do câncer de tireoide tem sido reconhecida em várias partes do mundo. Estudos recentes mostram que esta tendência tem se mantido nas últimas décadas nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa e na Austrália. Estudos apontam para um perfil de incidência e mortalidade do câncer de tireóide no Brasil compatível com o descrito na literatura mundial. Certamente um importante fator para esta elevação é a melhoria em nossa capacidade de rastrear malignidade em nódulos, proporcionada principalmente pela ampla disponibilidade de exames ultrassonográficos e pela facilidade da realização de citologias em material obtido por punção aspirativa com agulha fina (PAAF) melhorando a detecção de doença subclínica e inicial e, portanto tratamento precoce da neoplasia. A ultrassonografia é um exame relativamente de fácil acesso com excelente resultado de avaliação glandular tireoidiana, superior aos demais métodos de imagens disponíveis como tomografia computadorizada e ressonância magnética e mostra alta sensibilidade em torno de 95%. Além disso, é útil na orientação de procedimentos intervencionistas como punções e marcações pré-cirúrgicas em tempo real. Atualmente é método indispensável no manejo de patologias tireoidianas, sobretudo quando associado ao estudo Doppler e à elastografia que têm trazido revolucionária ferramenta diagnóstica. A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é o melhor método minimamente invasivo para se obter um diagnóstico acurado e na diferenciação entre nódulos malignos e benignos da tireóide tendo grande aceitação pela facilidade de execução e melhor relação custo-benefício para o diagnóstico. É fundamental para selecionar apenas aqueles pacientes que requerem intervenção cirúrgica reduzindo o número de
cirurgias desnecessárias por nódulos benignos. Segundo dados recentes, a taxa de nódulos malignos ressecados da tireóide era em torno de 14% e, após a incorporação da PAAF na rotina clínica, essa taxa passa dos 50%. A PAAF pode ser orientada pela palpação ou orientada em tempo real pela ultrassonografia, que provê maior segurança para o procedimento permitindo a visualização da agulha
Figura 2. Punção aspirativa de nódulo colóide no lobo direito tireoidiano de mulher de 68 anos. A) Nódulo arredondado medindo 2,1cm, isoecogênico, porém heterogêneo, com formações anecogênicas e focos hiperefringentes centrais, compatíveis com áreas de degeneração colóide e cristais de colóide espesso, respectivamente. B) Ao estudo Doppler observa-se fluxo empobrecido semelhante na central e perinodular, configurando categoria III do padrão de ‘Chammas’. C) Imagem revelando a incursão da agulha no interior do nódulo (seta branca). D) Fotomicrografia magnificada de 100x, pela técnica HE: colóide fino eosinófilo, hemácias e típico arranjo macrofolicular com disposição plana em lençol das células foliculares. E) Fotomicrografia magnificada de 400x: células foliculares dispostas em monocamadas, distribuição isodiamétrica, núcleos redondos e uniformes, cromatina bem distribuída. Citoplasmas amplos, com bordas mal definidas.
durante todo seu trajeto desviando de estruturas nobres e vasos calibrosos identificados pelo estudo modo B ou estudo Doppler e alcançando nódulos não palpáveis. Além disso, pode buscar áreas de maior suspeição no interior de uma lesão alvo, um nódulo heterogêneo, por exemplo. Segundo Lee et al, 2013, os índices de detecção de câncer de tireóide através da PAAF têm sensibilidade entre 76% a 98%; especificidade de 71% a 100%; taxa de falsonegativo entre 0 a 5%; taxa de falso-positivo de 0 a 5,7%; e acuracidade entre 69% a 97%.
Técnica utilizada em nossa instituição
aumentar a hiperextensão cervical. O pescoço é higienizado com solução de clorexidina 2% em álcool 70% ou solução tópica de Iodopovidona 10 %. O probe do ultrassom é revestido com preservativo descartável não lubrificado e também higienizado conforme descrito acima. Não é necessária a utilização de gel de contato já que as soluções realizadas para a esterilização fazem o papel de transição sonora. Não se deve ter receio de modificar a posição usual do paciente para facilitar o procedimento e minimizar riscos. Devemos ter o bom senso de
a 1%, sem vasoconstritor, entre 5 a 10 ml, infiltrando a pele e a tela celular subcutânea com uma agulha de calibre 25- gauge. Existe maior segurança quando se acompanha todo o trajeto da agulha e para isso escolhemos o eixo longo do transdutor
Preparo do paciente O paciente a ser submetida a uma PAAF de tireóide, de maneira geral, encontra-se tenso e apreensivo. É de suma importância a explicação de todo o procedimento e a maior tranquilização possível para que exista cooperação não só no momento do procedimento, mas também para as possíveis complicações. Em nosso serviço disponibilizamos um consentimento informado dos possíveis riscos e complicações inerentes do procedimento e neste momento Figura 3. Carcinoma papilífero em um homem de 27 anos. A) Nódulo hipoecóico medindo 2,3 x 1,0cm com marnos colocamos a disposição para gens parcialmente irregulares, sem halo ou calcificações associados, localizado na transição do lobo direito com o eventuais dúvidas e esclareci- istmo. A imagem revela a incursão da agulha no interior do nódulo (seta branca). B) Fotomicrografia magnificada de 100x, pela técnica HE: típicas projeções papilíferas revestidas de células foliculares orientadas ao longo do maior mentos. A ideal posição é em decúbito eixo destas estruturas complexas e facilmente identificáveis nos esfregaços de PAAF. C) Fotomicrografia magnificada de 400x, pela técnica HE: células foliculares exibindo núcleos atípicos, levemente hipercromáticos, mal orientados, dorsal com a região cervical em com clássicas pseudo-inclusões citoplasmáticas intra-nucleares (setas). Os citoplasmas são densos e eosinofílicos. hiperextensão com as mãos ao lado do corpo. Antes de iniciar o procetrabalhar da melhor maneira levando em para ser posicionado no mesmo eixo da dimento devemos ter a garantia de que o conta a capacidade ambidestra do operador, agulha, já acoplada na seringa de 10 mL paciente está razoavelmente confortável e o espaço da sala de procedimentos, estru(Figura 1). Em grande número das punções Figura 1. Esquema mostra o acesso utilizado na biopsia para isso pode ser útil a colocação de um turas anatômicas interpostas à lesão alvo, o utilizamos a agulha de calibre 22 a 27- gauge de tireoide guiada por ultrassonografia. A agulha coxim sob os joelhos flexionados para biótipo do paciente etc. (Figuras 2 a, b, c, d, e; e Figuras 3 a, b, c e d). paralela ao eixo longo do transdutor para acompanhar maior estabilidade da coluna lombar e Na prática costumamos realizar anestetodo seu trajeto até alcançar a lesão alvo. Modificado de outro na região torácica posterior para Continua sia local com lidocaína, preferencialmente Nachiappan A C et al. Radiographics 34:276-293, 2014.
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Punção aspirativa com agulha fina de tireoide: técnica e resultados
Conclusão
Após o procedimento oferecemos imediata compressa gelada para o paciente por um período de 15 a 30 minutos.
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Figura 4. Movimentos curtos de introdução da agulha através do nódulo ‘em leque’. Modificado de Kim JM et al. Radiographics 28:18691889, 2008
Antes de iniciar a punção propriamente dita a avaliação com estudo Doppler poderá ser útil na identificação de estruturas vasculares. Se identificadas é aconselhável desviar de tais estruturas reduzindo assim o risco de hematomas e ‘contaminação hemática’ da amostragem. Ao alcançarmos a lesão alvo iniciamos a punção com movimentos repetidos de introdução da agulha através do nódulo, curtos e ‘em leque’, sem a realização de vácuo para que o material ascenda por capilaridade. O segundo passo será realizar a pressão negativa com sucção entre 0,5 a 1,5 mL e outros movimentos iguais são realizados (Figura 4). O material não deve ultrapassar o canhão da agulha e nunca deve preencher a seringa (Figura 5a). Preferimos de regra geral, sempre utilizar a técnica de aspiração. Segundo Dergimenci et al, existe um aumento na taxa de suficiência do material citológico obtido com manobra de aspiração em comparação
à técnica isolada de capilaridade (de 49,4% para 76,9%). Para evitar acidentes de perfuração com o bizel da agulha e aproveitarmos da melhor forma todo o material colhido, para efetuarmos o esfregaço, utilizamos a técnica de perfurar o êmbolo e com movimentos bruscos soltamos o canhão da agulha sobre a lâmina (Figuras 5 a, b e c). De uma maneira geral devemos tentar obter ao menos seis bons esfregaços com o material colhido da lesão alvo. Os esfregaços citológicos realizados com o material obtido devem ser rapidamente acondicionados em frascos com álcool a 95%. Em nosso serviço não temos o hábito de realizar lavagem da agulha com solução específica para confecção de bloco celular, com exceção aos casos raros de dificuldade diagnostica ou suspeito para carcinoma medular, onde procedemos a re-biópsia com coleta exclusiva de material para confecção de bloco celular e estudo imunohistoquímico complementar.
Resultados citológicos e correlação cito-radiológica Para entendermos os critérios de diagnóstico citopatológico é necessário compreender o sistema Bethesda de relatório citológico de tireoide. Esse sistema revisado em 2007 pelo “National Cancer Institute” dos Estados Unidos é estratificado em seis critérios diagnósticos para resultados citológicos e está associado a risco de malignidade para punção aspirativa com agulha fina, com a finalidade de padronização dos laudos citopatológicos de tireoide com aceitação para ser empregada no mundo inteiro (Tabela 1).
2) nódulos sólidos associados a inflamação – não se exige um número mínimo de células foliculares em um cenário de tireoidite ou abscesso; 3) nódulos colóides – amostras com colóide abundante são consideradas benignas e satisfatórias porém devem conter algumas células benignas, bem preservadas.
Estima-se que em condições adequadas, ou seja, em mãos experientes, tanto de radiologistas quanto de citopatologistas, o número aceitável de amostras insuficientes para diagnósticos não excedam 10 a 15% do total de procedimentos, excluindo amostras compostas exclusivamente por macrófagos. Aproximadamente 60 a 70% dos resultados de PAAFs de Tabela 1. Critérios de estratificação de Bethesda e nódulos tireoidianos são suas respectivas taxas de malignidade. considerados benignos e, desse número, o risco para CRITÉRIOS RISCO DE MALIGNIDADE malignidade segundo a liteAmostra não diagnóstica 1-4% ratura é de 0 a 3 %. Os resultados indeterBenigno 0-3% minados, segundo BethesAtipias de significado indeterminado / da, variam entre 10 a 15% lesão folicular de significado indeterminado 5 - 15% e os resultados malignos Suspeito de neoplasia folicular 15 - 30% entre 3,5 a 10% do total de Suspeito de malignidade 60 - 75% punções. É fundamental que Maligno 97 - 99% exista uma íntima relação entre as especialidades clínico-radiológicaO grande fantasma de quem lida, diacitopatológica para a correlação entre as hiriamente, com PAAF de tireóide, são os póteses diagnósticas e o resultado citológico resultados ‘insuficientes para diagnóstico’, encontrado. ‘insatisfatórios’ ou ‘inadequados’. Nos casos de necessitar de re-punção Esses resultados podem ser atribuídos por qualquer causa, seja material insufiao esfregaço realizado de maneira inadeciente, seja por nódulo em crescimento, quada, má fixação do material citológico ou resultado citológico-radiológico discordante excessivo material sanguíneo ou necrótico ou por lesão cística recidivante, recomendaque podem atrapalhar a avaliação da celuse aguardar um período de pelo menos três laridade de interesse diagnóstico. meses para evitar problemas de interpretaPelo critério Bethesda para que uma ção citológica como atipia celular reparativa. amostra seja adequada ou suficiente para diagnóstico ela deve conter no mínimo seis Casuística em nosso serviço grupos de células foliculares bem visualizadas (bem coradas, sem distorções ou No período de setembro de 2012 a sobreposições) com pelo menos 10 células maio de 2014 foram realizadas 228 punções por grupo. As exceções são: aspirativa com agulha fina de lesões exclusivamente tireoidianas (Tabela 2). 1) nódulos sólidos com atipia – indepenOs nossos resultados são concordandente do número de células foliculares tes com aqueles mostrados pela literatura qualquer atipia citológica deverá ser científica atual. relatada; Tabela 2. Diagnósticos citopatológicos das 228 biopsias realizadas entre o período de setembro de 2012 a maio de 2014 na Clínica Mama Imagem
Figura 5. Técnica de confecção do esfregaço citológico. A) O material preenchendo apenas o canhão da agulha. Após a coleta do material introduz-se o bizel da agulha no interior do êmbolo da seringa. B) para o ideal aproveitamento de todo o material coletado e minimizar riscos de perfuração introduzimos o bizel da agulha no êmbolo da seringa. C) e se solta bruscamente sobre a lâmina.
Diagnóstico citopatológico
Número
Porcentagem
Benigno
149
65,6%
Indeterminado
41
17,9%
Maligno
28
12,2%
Amostra insuficiente
10
4,3%
TOTAL
228
100%
Sumarizando Critérios para obter bons resultados em paafs de tireóide
Referências Bibliográficas 1) Degirmenci B, Haktanir A, Albayrak R, et al. Sonographically guided fineneedle biopsy of thyroid nodules: the effects of nodule characteristics, sampling technique, and needle size on the adequacy of cytological material. Clin Radiol 2007;62:798–803. 2) AACE/AME Task Force on Thyroid Nodules. American Association of Clinical Endocrinologists and Associazione Medici Endocrinologi medical guidelines for clinical practice for the diagnosis and management of thyroid nodules. Endocr Pract 2010;16(1):63–102. 3) Nachiappan A C et al. The Thyroid: Review of Imaging Features and Biopsy Techniques with Radiologic-Pathologic Correlation. RadioGraphics 2014; 34:276-293. 4) American Thyroid Association (ATA) Guidelines Taskforce on Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer, Cooper DS, DohertyGM, et al. Revised
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Autor Flavio Augusto A. Caldas Médico radiologista da clinica MamaImagem de São José do Rio Preto – SP Agradecimento especial ao Dr. Antônio Roberto Moriel, médico citopatologista do laboratório Lapat de São José do Rio Preto – SP e à Dra Suzana Cavallieri, médica radiologista da Clínica Dignóstico por Imagem Cavallieri – Rio de Janeiro - RJ
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Astrocitoma Pilocítico e suas diferentes e surpreendentes facetas - Imagem convencional e avançada Introdução Astrocitoma pilocítico é um dos tumores mais comuns do sistema nervoso central (SNC). Na fossa posterior da criança é o segundo tumor mais encontrado, perdendo apenas para o meduloblstoma. O tipo histológico clássico é o pilocítico juvenil, cujo prognóstico é bom: 90% dos pacientes estarão vivos em 25 anos. O tumor é considerado de cura cirúrgica.
3 - Lesão de aparência sólida (sem cisto ou com cistos quase imperceptíveis) (Fig.4) Neste caso a ausência de cistos ou a presença de cistos pequenos e raros pode fazer com que a lesão lembre o meduloblastoma, tumor mais comum da fossa posterior da infância. No entanto, o hipersinal em T2 e a ausência de restrição a difusão são bastante típicos de astrocitoma pilocítico.
Localização Na fossa posterior, a maioria (60%) dos astrocitomas pilocíticos se localiza no cerebelo e 40% no tronco cerebral. Já no compartimento supratentorial, a localização mais comum é na região supra-selar (hipotálamo-quiasmática).
Apresentações de imagem: 1 - Lesão sólido-cística (Figs.1 e 2) Esta é a apresentação de imagem mais comum dos astrocitomas pilocíticos. Neste caso, um ou mais nódulos sólidos aliados a um ou mais cistos são demonstrados. O componente sólido do tumor geralmente apresenta sinal alto em T2 (realcionado a grande quantidade de água e baixa celularidade), sinal isointenso na difusão e intenso realce de contraste. No cerebelo, a lesão é mais frequentemente hemisférica do que vermiana e tende a comprimir e rechaçar a cavidade do quarto ventrículo (Fig.1C), diferente do meduloblastoma que tende a ocupar a cavidade deste ventrículo. Fig.1: Lesão cístico-sólida Fem., 9 anos. Há 4 meses iniciou cefaleia, nucalgia e vômitos. Agora com ataxia, nistagmo, incoordenação e papiledema. Lesão tumoral no hemisfério cerebelar esquerdo, apresentando componente sólido com isossinal em T1 (A), hipersinal em T2 (B,C) e intenso realce de contraste, sem restrição a difusão no mapa de ADC (E).
Fig.4: Lesão de aparência sólida com hipersinal em T2 (A) e realce nodular de contraste (B), sem restrição a difusão (C).
Aspectos interessantes que podem surpreender: 1 - Apresentação na forma de lesão infiltrativa (Fig.5) Algumas vezes o tumor pilocítico pode se apresentar como lesão de limites mal definidos e aspecto infiltrativo, simulando lesão anaplásica.
Fig.5: Aspecto infiltrativo Masc., 1 ano e 11 meses. Mãe vem notando que a criança não cresce e não engorda, dorme muito e tem dor na cabeça. Lesão apresentando componente cístico e porção sólida de aspecto infiltrativo, com hipersinal em T2 (A,B), captante de contraste, comprometendo o cerebelo, notadamente à esquerda e estendendo-se anteriormente a cisterna ponto-cerebelar.
2 - Sinal isointenso em T2 e extenso edema (Fig.6) De modo geral a porção sólida dos tumores pilocíticos mostra hipersinal em T2. Entretanto isto não ocorre sempre! Algumas vezes, sinal isointenso é visto e pode dificultar o raciocínio diagnóstico, sugerindo tumor de alta celularidade. Edema perilesional, que de acordo com a maioria das publicações é mínimo ou ausente, pode ser extenso em alguns casos.
Fig.2: Apresentação multicística e multinodular Nódulos sólidos com hipersinal em T2 (A) e realce de contraste (B,C) são notados na porção posterior do astrocitoma cerebelar. Componentes císticos não captantes de contraste são demonstrados na porção anterior da lesão.
2 - Lesão com extensa degeneração e realce periférico (Fig. 3 A,B) Neste caso houve extensa degeneração da lesão, estando o tecido tumoral restrito a periferia, onde se evidencia realce de contraste. Este aspecto pode simular abscesso (Fig.3C,D) sendo a sequência de difusão importante na definição diagnóstica (Fig.3D). Fig.3: Lesão com extensa degeneração Fem., 2 anos, com ataxia de marcha, apresentando volumosa lesão com grande área degenerada sem realce de contraste (A) e com hipersinal em T2 (B). O tecido tumoral localiza-se na periferia da lesão onde há realce (A). Em virtude do realce periférico, o aspecto pode lembrar abscesso (C- axial T1 com contraste em outra paciente). A difusão (D) é fundamental em confirmar o diagnóstico do abscesso piogênico mostrando-se restrita nestes casos.
Fig.6: Sinal isointenso em T2 e extenso edema Masc., 9 anos com epilepsia bem controlada com medicação. Na última consulta foi notada hemiparesia direita. Astrocitoma pilocítico frontotêmporo-parietal esquerdo, apresentando componente sólido com isossinal em T2 (A) e extenso edema perilesional (B).
3 - Hemorragia em tumor grau I (Figs.7 e 8) Apesar de serem tumores de baixo grau (Grau I) os astrocitomas pilocíticos podem sangrar e o conhecimento deste fato é fundamental para não intimidar o radiológista a sugerir o diagnóstico diante de uma lesão hemorrágica.
Fig.7: Hemorragia Fem., 10 anos, com cefaleia e tonteiras Astrocitoma pilocítico cerebelar com realce periférico de contraste (A) e componente sólido com hipersinal em T2 (B). Notar focos de sangramento com ausência de sinal na sequência de susceptibilidade magnética (C), inclusive com nível hemático.
Continua
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Astrocitoma Pilocítico e suas diferentes e surpreendentes facetas - Imagem convencional e avançada
continuação
Fig.8: Hemorragia Masc., 2 anos e 7 meses, com cefaleia severa há 24 horas que evoluiu com redução da consciência e vômitos. Astrocitoma pilocítico cerebelar com realce periférico de contraste (A) , apresentando extensa área de degeneração hemorrágica com ausência de sinal na sequência de susceptibilidade magnética (B).
4 - Restrição a difusão (Fig.9) Astrocitomas pilocíticos tipicamente não restringem a difusão, dado útil na caracterização diagnóstica. Entretanto, restrição pode ser vista em 7% dos casos e não deve nos distituir do diagnóstico quando os demais aspectos de imagem apontam nesta direção.
Fig.9: Restrição a difusão Mesmo paciente da figura 6. Há intenso realce de contraste na lesão (A), cuja parte sólida tem isossinal em T2 (B) e brilha na difusão (C), caracterizando restrição.
5 - Colina muito alta e presença de lipídeos na espectroscopia (Fig.10) A análise isolada da espectroscopia pode nos confundir já que caracteristicamente astrocitomas pilocíticos mostram aumento significativo da colina, aliado a pico de lipídeos e lactato, bem como redução neuronal e da creatina, padrão espectral muito semelhante ao observado em gliomas de alto grau.
7 - Disseminação liquórica (Figs.12 e 13) Disseminação liquórica para o canal raquiano com implantes nas raízes da cauda equina, bem como disseminação ependimária, podem ocorrer no astrocitoma pilocítico, embora sejam mais comuns no astrocitoma pilomixoide. Fig.12: Disseminação ependimária Fem. (GSO), 8 anos e 2 meses. Ressecou astrocitoma pilocítico há 8 meses e fez 30 sessões de RT. Está com sonolência. Nódulos de disseminação ependimária, captantes de contraste (A) são vistos nos prolongamentos frontais e posteriores dos ventrículos laterais. A sequência FLAIR com gadolínio (B) realça o comprometimento ependimário mostrando melhor os nódulos tumorais.
Fig.13: Disseminação liquórica Masc.(I.), 6 anos. Ressecção parcial de astrocitoma pilocítico há 2 anos. Notar astrocitoma residual na região hipotálamo-quiasmática (A) aliado a nódulos tumorais captantes de contraste na superfície do cone medular (B- setas)
8 - Tumor não captante com realce apenas após quimioterapia (QT) (Fig.14) Impregnação pelo meio de contraste é bastante comum no astrocitoma pilocítico e geralmente intensa, mas não acontece em todos os casos. Algumas vezes o realce de contraste é observado apenas após iniciado o tratamento quimioterápico.
Fig.14: Realce após QT Fem., 2 anos. Com cerca de 1 ano e meio foi notado desequilíbrio. Notar ausência de realce na lesão hipotálamo-quiasmática na primeira ressonância (A) e o surgimento de realce cerca de 1 mês após iniciada quimioterapia (B- setas).
Fig.10: Colina alta Mesmo paciente da figura 1. Notar acentuado aumento da colina (Co), presença de lipídeos e lactato (Lip-lact), aliados a redução do Naa e creatina (Cr).
9 - Aumento de tamanho durante quimioterapia (QT) por pseudoprogressão (Fig.15) Aumento transitório da lesão tumoral pode ocorrer durante o tratamento com QT, representando pseudoprogressão (alteração inflamatória) e não falência terapêutica. O estudo seriado pode documentar a evolução com necrose (morte tumoral).
6 - Perfusão aumentada (Fig.11) A análise isolada do mapa de volume sanguíneo cerebral relativo pode sugerir lesão agressiva, já que aumento perfusional pode ser demonstrado no astrocitoma pilocítico.
Fig.11: Perfusão alta Mesmo paciente das figuras 8 e 11. A porção sólida captante de contraste da lesão (A) apresenta acentuado aumento perfusional (Bmapa de volume sanguíneo cerebral relativo).
Fig.15: Aumento da lesão durante QT A- pré QT, B- após início da QT (notar aumento da lesão tumoral). C e D- 2 meses depois de iniciada a QT extensa área de degeneração necrótica com sinal alto em T2 (C) e realce marginal de contraste (D) caracteriza morte tumoral (resposta ao tratamento) e indica que o aumento inicial da lesão (em B) representava pseudoprogressão (resposta ao tratamento).
Continua
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Astrocitoma Pilocítico e suas diferentes e surpreendentes facetas - Imagem convencional e avançada
Conclusão
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6 Perfusão aumentada 7 Disseminação liquórica 8 Ausência de realce (ocorrendo apenas após início da QT) 9 Aumento de tamanho durante QT por pseudoprogressão
X
10 Apresentação como lesão transmanto O conhecimento dos aspesctos acima é findamental para o diagnóstico correto dos astrocitomas.
10 - Apresentação como lesão transmanto, simulando displasia (Fig.16) Astrocitoma pilocítico do parênquima cerebral pode ter localização superificial ou profunda. Algumas vezes pode se estender desde a superficie cortical até a margem ventricular, simulando displasia transmanto. As lesões sugestivas de displasia merecem acompanhamento por imagem com 3, 6 e 9 meses e depois anual por até 5 anos para confirmação diagnóstica.
Referências Bibliográficas 1 Poretti A; Meoded A; Huisman TA. Neuroimaging of pediatric posterior fossa tumors including review of the literature. J Magn Reson Imaging: 35 (1): 32-47, Jan 2012. 2 Pediatric Brain Tumors. Tina Young Poussaint. In Handbook Of Neuro-Oncology Neuroimaging 2008. 3 Barkovich AJ, Raybaud C. Pediatric Neuroimaging.2012 by Lippincott Williams and Wilkins 4 Brandão L.; Shiroishi M; Law, M. A Multimodality Approach with Diffusion-Weighted Imaging, Diffusion Tensor Imaging, Magnetic Resonance Spectroscopy, Dynamic Susceptibility Contrast and Dynamic Contrast-Enhanced Magnetic Resonance Imaging. In Modern Imaging evaluation of the Brain, Body and Spine. Magn Reson Imaging Clin N Am 21 (2013) 199-239. 5 Brandão L.; Poussaint, T. Pediatric Brain Tumors. In MR Spectroscopy of the Brain.. Neuroimag Clin North America 23 (2013): 499-525. 7 Magn Reson Imaging Clin N Am 2001;9 (1) 207-30. 8 Brandão L, Castillo M. Adult Brain Tumors : Clinical Applications of Magnetic Resonance Spectroscopy. Neuroimag Clin N Am (23) 2013: 527-555.
Fig.16: Apresentação como lesão transmanto Masc., 1 ano e 5 meses. Convulsões dimidiadas a direita. A e B- exame realizado na época mostra lesão transmanto com sinal heterogeneo em T1 e T2. Houve suspeita de displasia. A criança ficou 10 anos sem exame de imagem. Fazia crise anual de curta duração. Dez anos mais tarde (em 2014)mãe notou que a criança estava com paresia à direita. Nova RM (C) mostra lesão neoplásica com realce predominantemente marginal. Patologia confirmou astrocitoma pilocítico com áreas de anaplasia.
9 Morales, Humberto MD, Kwok Lester PhD, Castillo Mauricio MD. Magnetic Resonance Imaging Spectoscopy of Pilomyxoid Astrocytomas: Case Reports and Comparison with Pilocytic Astrocytomas. Journal of Computer Assisted Tomogr. September/October 2007- volume 31- Issue 5- pp 682-687. 10 J.L Jaremko, L.B.O.Jans, L.T.Coleman, et al.Value and Limitations of Diffusion-Weighted Imaging in Grading and Diagnosis of Pediatric Posterior Fossa Tumors (40 cases)- AJNR Am J Neuroradiol 31;1613-16, Oct 2010
Conclusão
11 Poussaint TY, Patrick D. Barnes PD, Nichols K. et al. Diencephalic Syndrome: Clinical Features and Imaging Findings. AJNR Am J Neuroradiol 1997; 18: 1499-1505.
Discutimos neste artigo 10 aspectos de imagem interessantes do astrocitoma pilocítico que podem surpreender o radiologista menos experiente, dificultando o raciocínio diagnóstico: 1 Apresentação na forma de lesão infiltrativa difusa
Autora
2 Sinal isointenso em T2 e extenso edema 3 Hemorragia 4 Restrição a difusão 5 Colina muito alta e presença de lipídeos na espectroscopia
Lara A Brandão Médica Radiologista da Clínica Felippe Mattoso - Grupo Fleury Medicina Diagnóstica Médica Radiologista da Clínica IRM Rio de Janeiro
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Doença de Crohn na prática emergencial Papel dos métodos de imagem, com enfâse na ultrassonografia Exemplificação com relato de caso Introdução: A Doença de Crohn (DC) é um dos protagonistas do grupo das doenças inflamatórias intestinais, caracterizada por processo inflamatório crônico, com múltiplos episódios de agudização e de remissão. Diferentemente de outras doenças inflamatórias, a DC apresenta como marca registrada a possibilidade de acometer todas as porções do tubo digestivo, desde o esôfago proximal até o canal anal, região esta aliás frequentemente comprometida por fistulas, por vezes abscedadas. Também como característica desta entidade cabe elencar a possibilidade de acometimento transmural dos segmentos doentes. Na grande maioria das vezes a patologia se manifesta ainda em pacientes jovens, adolescentes ou adultos jovens, os quais acabam submetidos a repetidos exames de imagem ao longo dos anos. Por esta razão, dada a elevada frequência dos exames para investigação, controles terapêuticos e pós-cirúrgicos, a ultrassonografia (USG) assume papel de destaque neste contexto, ficando a tomografia computadorizada (TC) restrita à pesquisa de complicações, como fístulas e abscessos, que não sejam passíveis de caracterização ultrassonográfica, bem como para planejamento cirúrgico. O papel dos estudos de bário e da endoscopia no diagnóstico de DC é indiscutível, e eles continuam sendo ferramentas valiosas na avaliação da mucosa e alterações luminais. No entanto, essas modalidades fornecem apenas informações indiretas a respeito de alterações extra-luminais freqüentemente associadas com a doença. A ressonância magnética (RM) é um método com alta sensibilidade e especificidade, tendo como limitações disponibilidade, necessidade de contraste em situações específicas e custo relativamente maior aos demais exames. A familiaridade do ultrassonografista com as características clínicas da doença, bem como com os principais achados de imagem, incluindo as principais complicações garantem a assertividade da avaliação, auxiliando definitivamente na tomada de conduta pelas equipes clínico-cirúrgicas.
Caso clínico: Paciente do sexo masculino, de 32 anos, deu entrada no pronto socorro do nosso serviço com queixa de intensa dor abdominal, febre e anorexia. A dor surgira havia cinco dias, inicialmente difusa, passando a ser localizada na fossa ilíaca direita. O quadro anorético acompanhava a dor desde o início, e a febre havia surgido havia 48h, junto com piora do estado geral. O paciente já possuía o diagnóstico de doença de Crohn, referindo este diagnóstico ao atendimento inicial. Ao exame físico havia sinais de toxemia, e apresentava defesa espontânea à palpação do abdôme. O emergencista solicitou ultrassonografia de abdôme total como primeiro exame. O exame ultrassonográfico inicial revelou Pequenas regiões de espessamento parietal segmentar das alças do íleo distal. Um desses segmentos apresenta-se mais espessado e com pequena coleção adjacente, localizada na fossa ilíaca direita, com cerca de 2,0 mL (figuras 1,2 e 3). Notou-se ainda pequena quantidade de líquido livre entre alças (figura 4).
Realizado exame tomográfico complementar, cujos achados corroboraram com aqueles da ultrassonografia, evidenciando espessamento parietal segmentar “salteado”, envolvendo as alças ileais distais (vários segmentos da metade distal do íleo), incluindo o íleo terminal, associado à redução luminal, com algumas leves distensões das alças pré-estenóticas. As alças delgadas proximais (jejuno e íleo proximal) não estão distendidas. Destacam-se alguns segmentos ileais agrupadas na pelve à direita com trajetos fistulosos entre as alças e outros terminando em fundo cego no mesentério, delimitando pequenas coleções “bloqueadas”. Há densificação da gordura mesentérica ao redor dos trajetos fistulosos e coleções. Os achados são compatíveis com doença de Crohn fistulizante com sinais de atividade inflamatória e pequenas subestenoses (figura 5). Figura 4: Pequena quantidade de líquido entre alças (seta). O paciente apresentava exame de ressonância magvolvendo múltiplos locais, de forma descontínua. A inflanética de dez dias antes de sua entrada no pronto socorro, mação causada por esta entidade acomete profundamente as que evidenciava espessamento parietal segmentar de aspecto camadas de tecido do segmento afetado, podendo provocar “salteado”, envolvendo as alças ileais distais, incluindo o fístulas. íleo terminal, aspecto compatível com a patologia de base O intestino delgado está envolvido em 80% dos casos, (doença de Crohn). Várias dessas áreas se associam a reduprincipalmente íleo terminal. O cólon é afetado em associação focal do calibre com distensão a montante, sem nítidos ção com delgado em 50 % dos casos e isoladamente em 15 pontos obstrutivos no presente estudo. Alguns segmentos % -20 % dos casos (1). apresentam hiper-realce mucoso denotando processo inflaGeralmente, a alteração mais precoce causada pela doenmatório agudo, e outros realce transmural tardio, denotando ça ocorre na submucosa e consistem de hiperplasia linfóide componente inflamatório crônico. Notou-se ainda hiperproe linfedema. Achados radiológicos nesta fase incluem elevaliferação gordurosa mesentérica (figura 6). ções sutis da mucosa e úlceras aftoides. Conforme a doença O paciente foi inicialmente submetido a tratamento progride, estende-se transmuralmente à serosa (estágio transmural), mesentério e órgãos adjacentes (fase extramural) (3). A parede do intestino torna-se espessada, resultado da combinação de infiltração inflamatória e fibrose. Estenoses, fístulas, abscessos, flegmão, obstrução intestinal e fístulas são exemplos frequentes de complicações da doença em estágio avançado. Embora não seja comum, megacólon tóxico e neoplasias, como linfoma e carcinoma podem também ocorrer (1,4,5). A causa da DC não é conhecida, no entanto, vários fatores podem estar envolvidos na gênese dessa patologia, incluindo infecções da mucosa intestinal, anormalidades do sistema imunológico, alterações genéticas, anormalidades mesentéricas Figura 3: Pequena coleção hipoecogênica medindo 2,3 x 1,7 x 1,4 cm (volume estimado ou vasculares, dieta e outros conteúdos em aproximadamente 3,0 mL). ingeridos (2). conservador com anti-inflamatórios de concentração entéExames de endoscopia e radiográficos com bário são rica e antibioticoterapia, com vistas a esfriar o processo de os principais métodos para o diagnóstico e avaliação da agudização e, posteriormente, seria submetido a tratamento DC, no entanto, eles são limitados em sua capacidade para cirurgico (enterectomia). demonstrar extensão transmural e extramural da doença ou complicações extra-intestinais. Apesar dos métodos axiais Discussão: (tomografia computadorizada e ressonância magnética) não A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato conseguirem, com certa freqüência, detectar lesões mucosas gastrointestinal desde a boca até o ânus, muitas vezes ensutis, são capazes de revelar alterações mais exuberantes na mucosa intestinal e podem ajudar a compensar as limitações da radiologia convencional (6). A tomografia computadorizada (TC) é atualmente a modalidade de escolha para avaliação dessa patologia, na maioria das instituições, no entanto, a ressonância magnética (RM) também se mostrou altamente eficaz neste cenário. O papel dos métodos axiais para o diagnóstico da doença de Crohn tem se expandido muito com os recentes avanços tecnológicos na TC e RM, que permitem a aquisição rápida de imagens de alta resolução do aparelho digestivo (7). A ultrassonografia pode desempenhar importante papel no diagnóstico; na avaliação seriada dos sinais de complicações, principalmente as extra-luminais; na avaliação da resposta ao tratamento e recorrência pós-operatória nesses pacientes; fornecendo informações sobre a parede do intestino e os tecidos peri-entéricos adjacentes. USG é frequentemente o primeiro exame realizado em um
Figuras 1 e 2: Segmentos de íleo terminal com espessamento parietal e pequena coleção adjacente a esses segmentos (setas).
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Doença de Crohn na prática emergencial Papel dos métodos de imagem, com enfâse na ultrassonografia Exemplificação com relato de caso Conclusão
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paciente com dor ou massa abdominal (7,8,1,5). O USG permite ainda identificação precisa dos pacientes nos quais a realização CT seria justificada; permite optar pelo melhor método de abordagem terapêutica, se cirurgia ou intervenção percutânea. Um benefício adicional do ultrassom em comparação com a TC é a ausência de efeitos deletérios devido à exposição repetida à radiação, especialmente em pacientes jovens (8,1,3). Durante o exame ultrassonográfico, complicações extra-intestinais insuspeitas (cálculos biliares, cálculos renais, hidronefrose, esteatose hepática e colangite esclerosante) e outras doenças além de Crohn (cisto ovariano roto e apendicite) que podem ser responsáveis pelos sintomas dos pacientes podem ser detectadas (9). A análise com Doppler colorido é útil na avaliação de atividade inflamatória, em quadros de dor no quadrante inferior direito. O radiologista vem assumindo papel cada vez maior no contexto dessa doença, não apenas no seu diagnóstico, mas também no seguimento e na avaliação de possíveis complicações.
Conclusão: Planejamento de um tratamento apropriado em pacientes com doença de Crohn requer uma avaliação correta da gravidade, extensão e atividade inflamatória das lesões, e da presença de complicações extra-intestinais. A ultrassonografia continua sendo uma modalidade segura, sensível e precisa para investigação preliminar e observação permanente de pacientes com DC sintomática. Em muitos casos, USG pode substituir eficazmente modalidades que utilizem radiação ionizante para o diagnóstico e avaliação seriada de complicações extra-luminais (1, 2, 4, 5).
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Figura 5: imagens de TC nos planos axiais e coronais mostram espessamento parietal de segmentos de íleo (setas brancas), trajeto fistuloso entre alças (seta amarela) e densificação dos planos adiposos do mesentério.
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Autores Francisco Cavalcante Junior, Antonio Rahal Junior, Fernando Ide Yamaguchi, Fabio Augusto Cardillo Vieira, Miguel Jose Francisco Neto, Marcelo Buarque de Gusmão Funari Figura 6: imagens de RM, ponderadas em T1 com saturação, pós-contraste (10 dias antes da admissão pelo pronto socorro) mostram áreas de espessamento parietal e hiper-realce mucoso, caracterizando doença em atividade.
Médicos radiologistas – Departamento de Diagnóstico por Imagem Hospital Israelita Albert Einstein – SP
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A qualidade do exame mamográfico O Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (parte III)
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omo já discutido nos artigos anteriores, a qualidade do exame mamográfico está diretamente relacionada à capacidade de detecção de uma lesão. Em 26 de março de 2012 o Ministério da Saúde publicou a Portaria 531 que regulamentou o Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM) quando, pela primeira vez se tornava obrigatória a análise técnica (adequado funcionamento dos equipamentos) e clínica (qualidade final da mamografia obtida), bem como dos laudos de mamografia produzidos nos serviços públicos e privados no Brasil, participantes ou não do SUS. A Portaria 531 foi atualizada em 28 de novembro de 2013 através da Portaria 2.898. Todos os serviços de diagnóstico por imagem que realizam mamografia deverão: I
participar do PNQM;
II inserir as informações sobre os exames mamográficos realizados mensalmente no sistema de informação SISCAN para os participantes do SUS ou no sistema simplificado do SISCAN para aqueles não participantes; III enviar anualmente ao órgão de vigilância sanitária competente o relatório do PGQ definido pela Portaria nº 453/SVS/MS, de 1º de junho de 1998, contemplando todos os testes de aceitação, constância e desempenho realizados no período; e IV enviar trienalmente, para o INCA/SAS/MS, uma amostra de 5 (cinco) exames completos (imagem radiográfica e laudo) realizados em sistema digital ou 5 (cinco) incidências para os sistemas convencionais, sendo 2 (duas) incidências em craniocaudal e 3 (três) incidências em médio-lateral-oblíqua, para que se procedam às respectivas avaliações. O Ministério da Saúde publicará anualmente a listagem dos serviços de diagnóstico por imagem que realizam mamografia que estão em conformidade com PNQM. Todos os serviços de diagnóstico por imagem que realizam mamografia deverão atender aos seguintes requisitos de qualidade das imagens radiográficas:
que mereçam melhor avaliação. Nas mulheres com implantes mamários devem ser realizadas, para cada mama, as duas incidências básicas e duas incidências com a manobra de deslocamento posterior da prótese (manobra de Eklund), salvo quando impossível a manobra, caso em que fica recomendada a realização de incidências em perfil complementares bilaterais. A compressão e exposição mamárias devem ser adequadas no intuito de promover imagens com definição e contraste, não podendo ser observado artefato, ruído ou dobra de tecido cutâneo.
Posicionamento Em ambas as incidências os corpos mamários devem estar simétricos, apresentando visibilização da gordura retromamária, demonstrando assim que a porção glandular da mama foi completamente radiografada. As estruturas vasculares devem ser vistas em regiões de parênquima denso. A incidência crânio-caudal deve contemplar os seguintes critérios: - o músculo peitoral deve ser visto em cerca de 30% (trinta por cento) dos exames; - a papila deve estar paralela ao filme e posicionada no raio de 12 (doze) horas, como demonstrado na figura 1. A incidência médio-lateral oblíqua deve observar os seguintes requisitos: - as mamas devem estar simétricas; - o músculo grande peitoral deve ser visto, no mínimo, até a altura da papila, com borda anterior convexa; - o sulco inframamário deve ser visto na borda inferior da imagem; - a papila deve estar paralela à base do filme e a mama não deve estar pêndula, como observado na figura 2.
Identificação Adequada identificação do exame, do serviço de diagnóstico por imagem e do paciente, incluindo a data do exame, incidência radiográfica e lateralidade da mama, não se sobrepondo às estruturas anatômicas; A identificação deve ser feita por uma legenda posicionada nos quadrantes laterais da imagem, quando se tratar de uma incidência axial, e nos quadrantes superiores da imagem, quando se tratar de uma incidência lateral; A abreviatura da incidência radiográfica deve sempre estar acompanhada da indicação da lateralidade da mama, sendo D ou R para a mama direita e E ou L para a mama esquerda, conforme as abreviaturas detalhadas na Tabela 1. Tabela 1 Incidência
Abreviatura
crânio-caudal médio-lateral oblíqua crânio-caudal exagerada Cleavage perfil ou médio-lateral perfil medial ou látero-medial caudo-cranial Ampliação Axila incidência com utilização da manobra de Eklund
CC-D e CC-E MLO-D e MLO-E XCC-D e XCC-E CV-D e CV-E ML-D e ML-E LM-D e LM-E RCC-D e RCC-E AMP AXI-D e AXI-E EKL
O exame deve ser composto, no mínimo, pelas incidências crânio-caudal e a médiolateral oblíqua de cada mama, ressaltando-se que se as imagens forem analógicas devem ser documentadas em filmes separados e se forem digitais, impressas em filme específico sem redução ou gravadas em mídia magnética. Incidências radiográficas complementares ou manobras devem ser realizadas, por orientação do médico radiologista, sempre que forem detectadas alterações nas incidências básicas
Laudo radiográfico A leitura dos exames em filmes fica reservada aos exames analógicos e deve ser realizada em negatoscópios com luminescência apropriada. A leitura dos exames realizados em equipamentos com tecnologia digital deve ser feita, obrigatoriamente, em monitores de 5 megapixel, específicos para interpretação das imagens das mamas. O laudo radiográfico deve conter a identificação do serviço, da idade do examinado e data do exame, se exame de rastreamento ou de diagnóstico e o número de filmes ou imagens. As informações referentes ao exame deverão ser seguidas pela descrição do padrão de densidade mamária, achados radiográficos, classificação BI-RADS®, recomendação de conduta, bem como nome e assinatura do médico interpretador do exame. Vale a pena ressaltar que compete à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deliberar acerca da obrigatoriedade das operadoras de planos de saúde de somente contratar ou manter contratados serviços de diagnóstico por imagem que realizam mamografia que cumpram integralmente o PNQM. Finalmente, a adesão ao PNQM apesar de compulsória, tem um propósito nobre, visando garantir a oferta de exames mamográficos de qualidade à população, favorecendo o diagnóstico precoce do câncer de mama, e minimizar o risco inerente à exposição à radiação. O caminho será árduo visto o elevado número de equipamentos de mamografia em funcionamento no país e a importante variação de qualidade observada nos exames produzidos, mas merece o apoio e respeito de todos os segmentos envolvidos.
Autora Silvia Prioli de Souza Sabino Coordenadora do Nucleo de aperfeiçoamento em Mamografia Hospital do Câncer de Barretos
Nota da Redação – A pedido do jornal ID – Interação Diagnóstica, a dra. Silvia Sabino, do Hospital do Câncer de Barretos publicará, distribuídos em várias edições, artigos sobre Qualidade em Mamografia. Responsável pela área no Serviço de Radiologia Mamária, integrada no programa de qualidade da instituição, em convênio com o LRCB, da Holanda, a dra. Silvia Sabino acaba de concluir sua tese de mestrado na área.
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ensino
GE reforça investimentos em educação em parceria com o Senai A GE Healthcare está concluindo uma nova etapa em sua parceria com o Senai-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) visando a formação de mão de obra especializada para o segmento médico-odonto-hospitalar.
O
projeto, que começou há mais de dois anos, compreende investimento na ampliação da estrutura e dos cursos da escola da Vila Leopoldina, em São Paulo. Agora colaboram na criação de um novo Centro de Educação na capital paulista, que vai oferecer formação técnica e superior em tecnologias de radiologia, além de cursos de educação continuada e à distância. A nova unidade do Senai, que está sendo construída no bairro do Cambuci, receberá investimentos da GE na forma de equipamentos, da mesma forma que já ocorre desde 2011 na escola Mariano Ferraz, na Vila Leopoldina, quando a empresa ajudou o Senai a modernizar seu núcleo odonto-médico-hospitalar. A colaboração deu origem ao primeiro centro de treinamento técnico da América Latina para equipamentos biomédicos, que agora terá sua estrutura ampliada, conforme anunciado em maio último. “Começamos com o treinamento de manutenção de equipamentos. Agora vamos
investir na ampliação dos O próximo grande passo da GE no camser subutilizado pode até cursos de formação técnica. po educacional será dado com a implantação prejudicar o equipamento”, Esperamos atender 13 mil da Universidade de Saúde em 2016, com a afirma Daurio. Segundo o alunos em cinco anos, sendo abertura dos primeiros cursos de formação vice-presidente, o investi2 mil deles ainda este ano”, superior na nova unidade do Cambuci. mento em educação é um afirma Daurio Speranzini “É a primeira iniciativa de graduação do fator primordial na estratégia Jr., vice-presidente comernosso setor no Brasil”, comemora Daurio. comercial da empresa no cial da GE Healticare para A empresa já colabora com outros três cenBrasil. “Temos um projeto de a América Latina. O Senai tros semelhantes no mundo – nos Estados longo prazo que conta com investiu aproximadamente Unidos, China e Europa. três pilares: acesso, cobertura R$ 4 milhões em obras de A expectativa da GE é que o novo centro e educação. Acreditamos que infraestrutura e a GE, R$ 7 se torne um grande marco na América Latinão adianta só fornecer o milhões em equipamentos na. Apesar de estar em São Paulo, o objetivo equipamento; se não treinare soluções médicas. é, em um futuro próximo, desenvolver curmos profissionais de saúde, O espaço vai conter to- Daurio Speranzini Jr., sos à distância utilizando toda a tecnologia as coisas não acontecem, ou das as tecnologias da GE vice-presidente comercial da lá disponibilizada. acontecem de forma parcial”. GE Healthcare para AL – estações de trabalho, raios x, mamografia, todos os modelos de ultrassom e estações que servirão como base para os cursos de RM, TC e PET/CT. Há ainda uma sala híbrida de cirurgia, com toda a GE também anunciou, em maio, o início da fabricação local do equipamento infraestrutura de cuidados críticos com a de ultrassom Logic S7. Com isso, os clientes passarão a ter facilidades de finansaúde, monitores à beira de leito, carros de ciamento, contando com prazos mais longos. A fábrica da GE no Brasil, em anestesia e ventiladores, em uma simulação Contagem (MG), produz há dois anos equipamentos de TC e RM, e este será de sala de intervenção. Um cockpit está em o primeiro ultrassom fabricado nacionalmente. Somam-se a isso as aquisições desenvolvimento para treinar engenheiros recentes da empresa – XPRO e Omnimed –, que já permitem a possibilidade de pagamento para a área de serviços, com a simulação e a via Finame. “De tudo o que se compra no Brasil, nosso portfólio está nacionalizado em torno resolução de problemas. de 60% a 70%”, explica Daurio. “Nesse primeiro momento, os cursos O executivo explica que dar acesso significa possibilitar o emprego de novas tecnoloterão duração menor, para atender à nossa gias a preços adequados, a pequenos e médios serviços, geralmente distantes dos grandes demanda. Quando vendemos uma RM, por centros. A facilitação financeira é uma forma de disponibilizar esse acesso aos pacientes. Ao exemplo, o cliente pode não utilizar todos fornecer equipamento com a qualidade da GE a custos competitivos, “criamos um ambiente os recursos do equipamento, ou seja, ele faz diferenciado”, reforça Daurio. E a cobertura do mercado como um todo também contribuiu um grande esforço para comprar o equipapara o aumento desse acesso. mento e não o usa plenamente. O fato de
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Produção local
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ENTREVISTA
Grupo Sul Imagem e Ziehm Imaging inauguram fábrica de arco cirúrgico O equipamento, de origem alemã, é utilizado para orientar cirurgiões na realização de procedimentos cirúrgicos invasivos que exigem precisão, e oferece mais clareza e praticidade para realização das mais difíceis intervenções.
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ara o presidente do Grupo Sul imagem, a colonização germânica no Estado e a mistura da qualidade do produto alemão com a integridade do povo catarinense firmam o compromisso de desenvolver no Brasil um equipamento líder no mercado mundial: “Estou satisfeito em promover a produção do arco cirúrgico no Estado de Santa Catarina; com ele, as operações realizadas em clínicas e hospitais da região e de todo o Brasil contarão com a excelência do produto líder no mercado mundial para salvar mais vidas”, comentou Edson Bianchi, fundador da empresa com experiência na área médica de mais de 30 anos. “Fico feliz em trazer essa tecnologia para o Estado e só tenho a agradecer pela parceria na fabricação desse equipamento no Brasil e o acolhimento recebido em Santa Catarina”, disse Klaus Höerndler, presidente da empresa alemã Ziehm Imaging, lembrando-se da forte cultura germânica presente no Estado, fator decisivo para a empresa escolher fabricar seu produto na região. “A Ziehm é uma empresa global. Está no mundo inteiro e tem muitas subsidiárias, nos Estados Unidos, Itália, Japão, China, no mundo todo. Mas esta operação
é única porque é a primeira incursão internacional da empresa na área de manufatura. Ou seja, a Ziehm não tinha até agora nenhum outro ponto de manufatura, além da Alemanha”, explicou Klaus Hörndler. A Sul Imagem atua no mercado brasileiro há 13 anos e é referência no país quando o assunto é a comercialização de produtos e serviços de diagnóstico por imagem. Fundada por Edison Bianchi, está sediada em São José, Santa Catarina, conta com 280 colaboradores e atua em diversos outros Estados brasileiros, como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. “A produção desse equipamento moderno no Brasil vai permitir que as intervenções sejam menos agressivas”, explicou Nelson Mendes, CEO da Ziehm Imaging nas Américas. “O arco cirúrgico Ziehm 8000 BR funciona como catalizador no processo por facilitar as operações, a tecnologia desenvolvida traz benefícios à vida e torna a recuperação do paciente mais rápida.” Cerca de cem pessoas participaram do evento, que contou com a presença de médicos, clientes, dirigentes de clínicas, políticos do Estado, funcionários e gestores das empresas envolvidas. Para a Prefeita de São José, Adeliana
Klaus Körndler e Nelson Mendes, da Ziehm, e Edson Bianchi, presidente da Sul Imagem, na inauguração da fábrica de arcos cirúrgicos, em parceria com a empresa alemã
Dal Pont, que prestigiou o evento, a iniciativa do Grupo Sul Imagem potencializa a força do município de São José, considerado uma das cem melhores cidades para se investir atualmente: “Nos últimos anos, São José tornou-se a 5ª cidade do Estado mais procurada por investidores, e essa parceria internacional reforça essa carac-
terística, além de beneficiar toda a região, gerando novos empregos e o movimento da economia local e do Estado”. Para a Sul Imagem, produzir o arco cirúrgico Ziehm 8000 BR dentro da empresa é a concretização de um sonho, sendo que a fabricação efetiva será iniciada nos próximos meses.
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reportagem
Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagoli (SP)
Philips eleva a ultrassonografia a um novo patamar A Philips teve muitas novidades para contar – e celebrar – durante a JPR’2014. Primeiro lançamento de ultrassom do ano no Brasil, o equipamento de ultrassonografia Premium EPIQ foi uma das estrelas da empresa, por oferecer alta resolução de imagem mesmo com alta velocidade de aquisição. Pela importância que o método tem ganhado no setor, a empresa também promoveu uma mudança em sua gestão: a área de ultrassom passou a ser uma modalidade de negócios com gestão própria, e o brasileiro Vitor Rocha ocupa agora a liderança mundial da divisão de ultrassom, mudando-se para os Estados Unidos, onde fica a fábrica de ultrassons da Philips.
A
gerente de marketing e produto de ultrassom para a América Latina, Flávia Parisi, não escondeu sua empolgação com tantas novidades e o amadurecimento da área: “Desenvolvido e fabricado nos Estados Unidos, as pessoas estão procurando pelo EPIQ porque ele tem um diferencial real, é possível perceber o quanto ele vai melhorar o dia a dia, o workflow dos serviços. Um dos maiores desafios atualmente é aliar a velocidade de aquisição da imagem à qualidade, e conseguimos quebrar essa interdependência, pois, com o EPIQ, é possível acelerar com qualidade, o frame rate é muito elevado, com qualquer transdutor”, afirmou. O equipamento permitirá, assim, ganho de produtividade, oferecendo um diagnóstico melhor, qualidade de imagem superior aos equipamentos disponíveis e maior nível de informação clínica. Segundo Flávia Parisi, ele tem três pilares de excelência. O primeiro é esse desempenho, combinando velocidade e qualidade. O segundo é o design: trata-se do equipamento mais leve e compacto da categoria e possui bateria interna, possibilitando autonomia para a mobilidade dentro do serviço. “O workflow foi melhorado com o número de cliques reduzido. Ganhamos produtividade com o design somado à velocidade de aquisição de imagem e do próprio processador. O painel intuitivo de touch,
como de um tablet, permite que todas as funGlobalmente, o ultrassom deixou o radiação da TC. O EPIQ vem consolidar a ções sejam acessadas facilmente, o manuseio grupo de Sistemas de Imagem para se tornar ultrassonografia como uma modalidade de é bastante simplificado no EPIQ”, assinalou. uma modalidade de negócios independente, diagnóstico definitivo”, diz. Soma-se ainda a ergonomia que propicia um com gestão e verba próprias. Assim, as uniO EPIQ será comercializado em três maior conforto ao operador. dades de negócios de saúde passam Completando os pilares, está a ser: Sistemas de Imagem, Home a inteligência anatômica. Flávia Healthcare Solutions, Clinical Inexplicou que, sobretudo em formatics e Ultrassom. exames de cardio, várias são as “A Philips Healthcare obserquantificações feitas no ultrassom vou as peculiaridades do mercado de forma mais simples e automade ultrassom e sentiu a necessidatizada, com menor dependência de de destacar uma área para se do operador. “A máquina dá dedicar integralmente, em âmbito ao médico a opção de editar ou mundial. A modalidade ganhou não esses dados; ele pode usar destaque, refletindo tendências o cálculo pronto que ela traz. econômicas, e agora temos um Há também o modelamento de brasileiro como líder global da diórgãos automático aliado a uma visão de ultrassom. Temos muito a biblioteca que apresenta o mocomemorar!”, afirmou Flávia. delo e compara com padrões para Com a saída de Conrad Smits, aquele mesmo biotipo”. CEO global de Ultrassom da PhiRessalta a executiva que o lips, o brasileiro Vitor Rocha deixa Flavia Parisi, à esquerda, acompanha demonstração no equipamento equipamento não desvaloriza o o cargo de vice-presidente sênior papel do médico no diagnóstico: “Ele fornepara a América Latina e se muda para os versões: para ginecologia e obstetrícia, ulce ferramentas ao profissional, para que ele Estados Unidos, substituindo Smits. Dessa trassom geral e cardiologia/vascular, e pode dependa menos do manuseio, do usuário. forma, a Philips inclui um brasileiro em seu ser configurado de forma híbrida a atender No entanto, seu olho clínico e interpretação comitê diretivo global, que será responsáa todas as especialidades em uma única continuam a ser essenciais para o bom diagvel pelos negócios de ultrassom em todo o plataforma, dependendo das necessidades nóstico de qualquer exame”. mundo. dos médicos e dos serviços. Diante da acurácia proporcionada por No Brasil, o até então vice-presidente Área independente essa tecnologia, ela explica que há econode Sistemas de Imagem para América LatiA empresa aproveitou o congresso para mia de tempo: 15 minutos a menos para na, Daniel Mazon, se torna vice-presidente anunciar também grandes e estratégicas cada exame: “Sua acurácia se aproxima a sênior para a América Latina, substituindo mudanças em sua organização. de uma TC, mas sem o custo, o preparo e a Vitor Rocha.
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resultado
Complicações caem a zero com uso de ultrassom na anestesia Direcionado a profissionais de emergência, terapia intensiva e anestesia, entre outros, realizou-se em São Paulo o Simpósio Internacional de Ultrassom Point-of-Care – o Valor da Visualização, com o apoio da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo. O objetivo foi promover educação continuada sobre procedimentos invasivos com a visualização realizada à beira-leito com ultrassom, palestras, demonstrações ao vivo e workshops com hands-on.
O
evento marca e consolida, entre os profissionais da área, o uso do ultrassom para guiar e visualizar procedimentos de anestesia, permitindo um acesso mais seguro e sem riscos para o paciente. Não é um procedimento diagnóstico, o que afasta a possibilidade de qualquer polêmica com os especialistas em diagnóstico por imagem que exercem a ultrassonografia. “Quando falo de ultrassom, falo de Radiologia, então tenho que resolver esse conflito: para que quero esse ultrassom? Para emitir laudo? Não. O anestesista não quer emitir laudo. Eu quero o ultrassom para me auxiliar em um procedimento que eu já faço há anos, mas às cegas. O ultrassom passa a ser ferramenta de trabalho do anestesista para procedimentos terapêuticos. Em algumas situações, indicado para observar algumas complicações em curso”, afirmou o Dr. Enis Donizetti Silva, coordenador do Serviço de Anestesia do Hospital Sírio Libanês e presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP), e um dos palestrantes do simpósio. O uso do ultrassom na anestesia começou nos Estados Unidos há cerca de vinte anos. Na época, o acesso era feito com dados de referências anatômicas, mas às cegas. Os anestesistas sempre dizem que, ao lado de uma grande veia, tem sempre uma artéria, e muitas vezes também um feixe nervoso, e quando há erro, pode-se fazer uma punção arterial inadvertida ou tocar ou cortar uma estrutura nervosa. “Você pode levar o paciente a uma lesão neurológica permanente,
sons com o Setor de Radiologia. “À medida a um quadro de neuropraxia e de dor crônique o número de procedimentos cresce, a ca. É comum vermos na literatura as compliaquisição para a anestesia do ponto de vista cações associadas ao acesso nervoso central, de plano de negócios pode se justificar”, como pneumotórax, dilaceração cardíaca, explica Dr. Enis. perfuração cardíaca, lesão vascular, apareciTambém é preciso propiciar treinamento de um pseudoaneurisma”, afirma Dr. mento para as pessoas, e, para o professor, Enis. A forma mais segura de evitar esses a parceria com a indústria é fundamental erros é enxergando o procedimento de fato, para isso. “As sociedades de com o uso do ultrassom. especialidades sozinhas não “O ultrassom já era usado conseguem cobrir todas as há 50 anos para o diagnóstico necessidades de educação cone não fazia parte do arsenal do tinuada dos nossos médicos e anestesista. Começou, então, enfermeiros. Temos que criar com o bloqueio de nervos e um currículo, um modelo”, depois foi se expandindo”, ele completa. Os profissionais explica. Antes de seu uso, a da área podem utilizar o ultaxa de complicações chegava a trassom para acesso vascular, 20%, e com a ultrassonografia anestesia regional, acesso de guiando o procedimento essa via aérea e localização na colutaxa fica próxima de zero. Dr. Enis Donizetti Silva na do espaço adequado para a Outra questão associada anestesia, principalmente em idosos. Dessa ao acesso vascular é a infecção da corrente forma, o ultrassom vai se tornar o ponto de sanguínea, relacionada a múltiplas tencuidado, com um conjunto de cuidados, ou tativas de acesso ou acesso em condições point-of-care, como já é chamado. inadequadas. Hoje, porém, o procedimento Quando o ultrassom foi primeiramente é estéril, o que reduz sobremaneira a questão utilizado pela equipe de anestesia, havia das infecções, até porque a punção, com o um grande receio dos ultrassonografistas uso da tecnologia, é feita em praticamente de terem sua área invadida. Hoje, todos tem em uma tentativa: há, assim a redução de certeza que isso não ocorre e há milhares de complicações mecânicas e infecciosas. artigos científicos que fornecem um conO custo, obviamente, é um obstáculo. A teúdo mais sedimentado, claro e definido. aquisição de um equipamento de ultrassom Por isso, Dr. Enis explica que é necessário exige investimento, e solicitar essa compra “sair da acomodação, falar com a sociedade para a área de anestesia pode ser algo não médica e construir o currículo sobre o uso bem visto ou inadequado pelos depardo método com ela. O mundo globalizado e tamentos de compras. Por isso, a melhor compartilhado vai ser importante para isso”. alternativa é compartilhar o uso dos ultras-
anote
Congresso Internacional do Einstein será em agosto
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e 22 a 24 de agosto, será realizado em São Paulo o I Congresso Internacional de Diagnóstico por Imagem do HIAE, simultaneamente com o V Simpósio de Ressonância Magnética e o III Simpósio de Imagem Molecular, com uma abordagem multidisciplinar ampla, focada nos principais temas das áreas de imagem e espaço para gestão, liderança e outros aspectos da rotina dos serviços. A Comissão Organizadora, constituída pelos Drs. Adriano Tachibana, Giberto Szarf, Marcelo Buarque de Gusmão Funari, Miguel José Francisco Neto, Edson Amaro Jr., Jairo Wagner, Marcelo de Maria Felix e Ronaldo H. Baroni, estruturou o evento com ênfase em temas de mama, tórax, pediatria, intervenção e ultrassonografia, abrindo espaço para discussão de pós-processamento de imagem, discussão sobre temas de gestão, liderança, de modo a oferecer um conteúdo diversificado e que atenda às expectativas dos serviços e dos profissionais de imagem. Os fabricantes de equipamento parceiros do evento terão um espaço para exibir o diferencial técnico de seus aparelhos. O congresso será realizado no Auditório do Hospital Israelita Albert Einstein, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Outras informações: www.einstein.br/ eventos ou (11) 2151-1001.
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Eventos
rio de janeiro
Encontro de Radiologia Cardíaca
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romoção conjunta da SRADRJ e da SPR, o VII Encontro de Radiologia Cardíaca será realizado de 12 a 14 de setembro, no Hotel Pestana Rio Atlântica, com a participação dos convidados internacionais, Orlando Simonetti, da Ohio State University, Victor A. Ferrari, da University of Pennsilvania, e Patricia Carrascosa, do Departamento de Investigação de diagnóstico Maipu, de Buenos Aires. O encontro foi idealizado para discutir o que há de mais atual em conteúdo científico de radiologia cardíaca, com temário direcionado para radiologistas, médicos nucleares, cardiologistas e clínicos gerais. A Comissão Organizadora Nacional, que tem à frente os Drs. Cesar H. Nomura, Marcelo S. Nassif, Carlos E. Rochitte e Roberto C. Cury, com o suporte da Comissão Regional, formada pelos Drs. Amarino C. Oliveira Jr., Clerio Francisco Azevedo Filho, Cyro A. Fonseca Jr., Marcelo S. Hadlich, Ilan Gottlieb e Mauro Esteves de Oliveira, profissionais ligados aos principais centros de referência da especialidade, está empenhada em oferecer um evento de alto nível científico e sessões inovadoras, com discussão de casos, em uma gincana, e sessões de hands on, acoplados a intranet de empresas para demonstrações práticas. O evento tem apoio do Colégio Brasileiro de Radiologia, da Sociedade Brasileira de Cardiologia e sociedades internacionais especializadas. Mais informações: www. trasso.com.br.
RM de Pelve, Endometriose e Proctologia
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rganizado pela Dra. Alice Brandão, será realizado no Rio de Janeiro, no Hospital Samaritano, em 2 e 3 de agosto, o Curso de Ressonância de Pelve, Endometriose e Proctologia, com temas de grande interesse para médicos residentes, radiologistas e demais especialistas de áreas correlatas, como ginecologia e urologia. Avaliação do câncer retal, assoalho pélvico, avaliação da fístula, endometriose, desde a anatomia, lesão peritoneal, endometriose profunda, são os tópicos dos módulos principais do evento e suas diversas intervenções, sendo – como informa a organizadora – o temário marcado com discussões de casos e troca de experiências. Inscrições e demais informações podem ser obtidas pelo tel. (21) 996137350, com Sueli, ou (21) 2415-5450, e contatos pelo email: smonenacif@gmail.com e brandãosalomao@gmail.com.
Jornada Internacional de Ultrassonografia em Ribeirão Preto
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ibeirão Preto sediará, em 22 e 23 de agosto, no Hotel Plaza Inn, a Jornada Internacional de Ultrassonografia, promovida pela FATESA - Faculdade de Tecnologia em Saúde/EURP, presidida pelo Prof. Francisco Mauad Filho, com apoio da Ian Donald School. O evento será aberto com curso pré-congresso com hands on sobre 3D/4D e, às 19h30, conferências do Prof. Oscar Alves, sobre “Ensino no Brasil” e do Prof. Asim Kurjac, da Croácia, sobre Aplicações Clínicas de 3D/4D em obstetrícia e ginecologia.
Estão confirmadas as participações dos convidados: Dra. Ana Bianchi, do Uruguai, e Miguel Routi, do Paraguai, que, ao lado dos Drs. Renato Sá, Gerson Croft, Francisco Mauad Filho, Fernando Mauad, Denise Oliani, Ricardo Cavalli e Asim Kurjac abordarão temas de grande interesse em medicina fetal, Prof. Asim Kurjac virá da Croácia para o evento coração fetal, más formações ferência sobre avanços em neurologia fetal. do tubo neural e correção cirúrgica, ultrasInforme-se: fatesa.org.br. som na sala de parto, bem como uma con-
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estante
Endometriose Profunda: um Atlas de RM
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stá chegando às principais livrarias especializadas a obra intitulada “Atlas de Ressonância em Endometriose Profunda – Correlação com Laparoscopia”, livro de autoria da Dra. Alice Brandão, do Dr. Claudio Peixoto Crispi e Dr. Marco Aurelio Pinho de Oliveira, lançado para a área do diagnóstico por imagem na JPR’2014. “Acredito que este Atlas nasce em uma época muito importante e de crescente conscientização da sociedade médica e não médica sobre a doença, quando observamos uma grande disseminação do conhecimento nesta área”, afirma o Prof. Mauricio S. Abrão, da Faculdade de Medicina da USP, no prefácio da edição, onde reforça o conteúdo e sua importância para os que precisam se atualizar. Lançada no XII World Congresso de Endometriose, a obra, desenvolvida por profissionais com grande experiência no diagnóstico e tratamento, é publicada em um momento em que os pesquisadores brasileiros também ganham um reconhecimento internacional. Os aspectos clínicos do diagnóstico por imagem e a correlação com achados cirúrgicos e histopatológicos fortalecem o trabalho em equipe e o aspecto multidisciplinar da especialidade. Os métodos de diagnósticos por imagem, como enfatizam os autores, promoveram uma verdadeira revolução no tratamento da endometriose, agilizando procedimentos e condutas, e permitindo que o cirurgião tenha maior facilidade nos seus atos, assim como no acompanhamento dos pacientes tratados cirurgicamente. A obra foi editada pela Revinter.
Atlas para a área cardiológica
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oi lançado em março, em uma parceria do Grupo Fleury com a Editora Manole, o “Atlas de Diagnóstico por Imagem em Cardiologia”, organizado pelos Drs. Ibraim Francisco Pinto, Paola Emanuela P. Smanio e Wilson Mathias Jr. O livro reproduz a experiência do Grupo Fleury em décadas de atuação e a integração entre os diversos métodos disponíveis para a investigação de doenças cardiológicas. São apresentados os principais métodos gráficos e de imagem usados atualmente na abordagem da área, além de casos clínicos que são usados como base. O livro reúne ainda vivências clínicas e acadêmicas distintas e, segundo os autores, reflete o consenso entre as partes envolvidas. Seus capítulos cobrem desde os princí-
“Musculoesquelético” é sexto título da Série CBR
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Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) lançou o sexto título da Série CBR, “Musculoesquelético”, pela Editora Elsevier. O livro é pioneiro no Brasil na abordagem, por autores nacionais, dos métodos de imagem para diagnóstico de doenças de todas as estruturas do sistema. A obra tem como editores os Drs. Luiz Guilherme de Carvalho Hartmann, médico radiologista do departamento de diagnóstico por imagem do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e Marcelo Bordalo Rodrigues, chefe do setor de Musculoesquelético do Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diretor do serviço de Radiologia do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do HC/ FMUSP e médico radiologista do Hospital Sírio Libanês. Pesquisas diversas têm apontado o aumento da incidência de lesões musculoesqueléticas entre a população que pratica exercícios físicos de forma excessiva ou em decorrência de determinada atividade profissional. A demanda por
radiologistas especializados na área, além de ortopedistas e reumatologistas conhecedores dos mais modernos métodos para diagnóstico e tratamento é crescente. Com capítulos divididos em tópicos, contendo imagens de alta qualidade que possibilitam a melhor apreensão do conteúdo, a publicação tem por objetivo orientar o profissional a solicitar os exames de imagem mais adequados aos casos clínicos do dia a dia. Aborda os métodos radiológicos desde o raio x simples, passando pela ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e métodos funcionais. Entre as técnicas mais modernas apresentadas, estão o diagnóstico com difusão em nervos, que aumenta a capacidade de exames de imagem identificarem alterações dos nervos periféricos, e a tomografia de dupla energia do sistema musculoesquelético, que permite reduzir a radiação a que o paciente fica exposto A Série CBR já vendeu mais de 8 mil exemplares e tem dois títulos, “Coluna Vertebral” e “Encéfalo”, vencedores do Prêmio Jabuti.
pios de geração da imagem e da metodologia laboratorial a patologias em geral, como doença orovalvar, pericardiopatias, cardiomiopatias, doença isquêmica do coração, doenças dos grandes vasos, tumores e doenças sistêmicas. Há também um capítulo todo voltado ao coração do atleta – como é o eletrocardiograma, o teste cardiopulmonar, as avaliações ecocardiográficas e da medicina nuclear e a ressonância magnética do coração. “Em suas primeiras páginas, o material descreve os principais métodos gráficos e de imagem para, depois, contemplar aquilo de que mais gostamos como médicos: a prática”, afirma Dra. Jeane Tsutsui, diretora executiva médica, técnica e de atendimento do grupo. O livro pode ser adquirido pelo site da Editora Manole – www.manole.com.br.
Histórias que a Vida Conta
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urante a JPR’2014, o empresário e médico Delfin Gonzalez Miranda, radiologista da Bahia e líder do grupo Delfin, lançou seu livro intitulado “Histórias que a Vida Conta”, no qual conta pequenas histórias, de sua trajetória, cotidiano, ou apenas criadas por ele, com bom humor, mostrando situações que marcaram sua vida. Em sua apresentação, o Dr. Delfin Miranda destaca que, no livro, ele conta a sensação de que experimento é como se eu estivesse escancarando as portas e permitindo o acesso à minha intimidade. “Sinto que estou a levar à porta da casa o filho primogênito para disponibilizá-lo ao mundo.” Com uma história de sucesso no meio médico empresarial, o ultassonografista de formação, à frente do Grupo Delfin Imagem, desenvolveu diversos projetos pioneiros na região Nordeste; entre eles, o Projeto de Rastreamento do Câncer de Mama, através da mamografia móvel, no interior baiano e atualmente no Estado de Alagoas.
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A. C. Camargo promove Simpósio de Imagem em Oncologia
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om o objetivo de discutir os principais desafios da área da imagem em Oncologia, e a padronização dos recursos disponíveis na incorporação de dados metabólicos e funcionais nas estratégias de investigação do câncer, o A. C. Camargo Cancer Center promoverá, dias 24 e 25 de outubro de 2014, um Simpósio Internacional de Imagem em Oncologia. A Comissão Organizadora, constituída pelos Drs. Eduardo Nóbrega Pereira Lima, Elvira Ferreira Marques, Marcos Duarte Gui- Vikas Kundras marães, Paulo Nicola Vieira Pinto e Rubens Chojniak, já definiu suas linhas gerais, e promete um evento do mais alto nível, com um temário que atende as expectativas dos que atuam na área da Onco-
logia, na qual a instituição é uma referência. Além de conferencistas nacionais, o simpósio receberá especialistas reconhecidos por sua competência, ligados aos principais centros especializados em todo o mundo: Janio Szklaruk e Vikas Kundras (foto), do M. D. Anderson Cancer Center; Edward Sickles, da UCSF School of Medicina, referência em câncer de mama, e o Prof. Anwar Padhani, de Paul Strickland Scanner Centre. O evento será realizado no Auditório Senador José Ermírio de Moraes do A. C. Camargo Cancer Center, na Rua Prof. Antonio Prudente, 211, São Paulo. Mais informações: eventos@accamargo.org.br – tel. (11) 2189-5079 – 2189-5213. Formulário de inscrição: http//www.accamargo.org.br/ evento-detalhe/simpósio-radiologia/152.
Inscrições abertas para o Curso Feres Secaf
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stão abertas as inscrições para o XVIII Curso de Atualização em Imagem da SPR (Prof. Dr. Feres Secaf), que será realizado de 1º a 3 de agosto de 2014, no Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo. Inscrições antecipadas e com desconto podem ser feitas até 20 de julho pelo site www.spr.org.br. Após essa data, apenas no local do evento e sem desconto. Seu programa científico oferece a oportunidade de discutir temas práticos e comuns à rotina diária do Diagnóstico por Imagem, além de atualização e revisão dos principais tópicos. As aulas cobrirão as áreas de cabeça e pescoço, cardiovascular, emergências, mama, medicina interna, musculoesquelético, neurorradiologia, pediatria, radiologia geral, tórax e ultrassom, além dos tradicionais cursos BI-RADS™ e de Suporte à Vida em Radiologia (SVR). Médicos que obtiveram Título de Especialista ou Certificado de Área de Atuação no Brasil após janeiro de 2006 devem revalidar seu certificado (CAP) a cada cinco anos escolhida. A participação no curso confere pontos que podem ser somados no processo de revalidação do certificado junto à CNA-CAP.
Imagem do câncer na Jornada Gaúcha de Radiologia
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e 7 a 9 de agosto, será realizada em Porto Alegre a XXIV Jornada Gaúcha de Radiologia, promovida pela Associação Gaúcha de Radiologia, com temas de Mama/BI-RADS 2013, Neurologia, Abdomen, Gestão, US GO, Musculoesquelético, Tórax, Vascular, Física Médica e Enfermagem em Radiologia. O evento é presidido pelo Dr. Ildo Bertineli, e reunirá especialistas dos principais serviços de imagem de Porto Alegre, escolas médicas locais e ainda terá como os convidados Drs. Marcelo Bordalo Rodrigues, Ayrton Roberto Pastore, Emerson Gasparetto, José Michel Kalaf e Carlos Moura, que trará sua experiência em temas de Gestão e Defesa Profissional. No dia 8 de agosto, está previsto um simpósio sobre Imagem no Câncer, com o apoio da ICIS (International Cancer Dr. Ildo Bertinel e Dr. Silvio Cavazzola Imaging Society), coordenado pelos Drs. Gustavo Lueresen (RS), Marcos Duarte (SP) e Thiago Krieger (RS), e terá como convidada a Dra. Anju Sahden, diretora do programa de educação e do departamento de imagem do Barts Health London. Além de especialistas locais, o evento também terá como convidados os Drs. Ronaldo H. Baroni, Rubens Chojniak e Marcos Duarte. Como enfatiza o Dr. Silvio Cavazzola, vice-presidente da AGR, o evento “estará distribuído em cinco salas, com uma ampla abordagem de temas da atualidade, de grande interesse para os especialistas da área e para profissionais de atividades correlatas, como físicos, técnicos e enfermeiras em radiologia”. Informações: Plenarium Organização de Congressos: plenariumcongressos.com.br - (51)3311-8968 - plenarium@terra.com.br.
Jornada de Musculoesquelético em Minas Gerais
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Sociedade de Radiologia de Minas Gerais oferece, em 18 e 19 de julho, em Belo Horizonte, a I Jornada Mineira de Imaginologia Musculoesquelética, sob a coordenação do Dr. Daniel Duarte, com um temário abrangente na área de ultrassom, tomografia e ressonância magnética. Está confirmada a participação dos conferencistas Drs. Carlos Henrique Oliani, Marcelo Abreu, do Rio Grande do Sul, Jader José da Silva, Julio Cesar Almeida, de São Paulo e, de Minas Gerais, os Drs. Ronaldo Lins, Elisio Salgado e as Dras. Adriana Martins, Alexia Abuhid Lopes e Edrizia Mueller. Outras informações: www.srmg.org.br, srmg@srmg.org.br ou (31) 3273-1559.
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acontece
Neurorradiologia ganha congresso expressivo em novembro
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s Sociedades Ibero LatinoAmericana de Neurorradiologia Diagnóstica e Terapêutica (SILAN) e a Brasileira de Neurorradiologia Diagnóstica e Terapêutica (SBNR) uniram-se para organizar o SILAN SBNR 2014, a ser realizado de 1º a 5 de novembro, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. A expectativa dos organizadores e presidentes das respectivas entidades – Drs. Claudio Staut, da SBNR, e Rafael Rojas, da SILAN – é de que o evento se torne um megaencontro da neurorradiologia diagnóstica e terapêutica mundial, já que congregará os principais nomes da especialidade da América Latina, Estados Unidos, Península Ibérica e de diversos países da Europa.
Na programação científica, foram incluídos os principais avanços e técnicas diagnósticas, especialmente em ressonância magnética, tomografia computadorizada multislice e ultrassom. Também serão apresentados os maiores avanços na intervenção com a apresentação de resultados de consagrados materiais terapêuticos e a experiência atual e futura. Será disponibilizado um curso précongresso com temas que variam do básico ao avançado, possibilitando assim a participação de residentes, neurorradiologistas principiantes e profissionais experientes, que poderão aproveitar a oportunidade para buscar atualização. O evento conta com o apoio e participação das principais sociedades locais e
Congresso da SBUS em São Paulo
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om sessões interativas e hands on, será realizado em São Paulo, de 22 a 25 de outubro, no Centro de Convenções Frei Caneca, a 18ª edição do Congresso Brasileiro de Ultrassonografia da SBUS, presidido pelo Dr. Waldemar Naves do Amaral. O evento terá uma intensa programação prática, com a participação de grandes nomes da especialidade, de todo o País. Temas de Medicina Fetal, Medicina Interna, Pequenas Partes, Ginecologia, Mama, Musculoesquelético, Pediatria e Vascular constituem os módulos centrais do congresso da SBUS, que sorteará entre os que se inscreverem um iPhone, um iPad e um carro zero km. Informações e inscrições podem ser feitas pelo site www. sbus.org.br ou pelo email congresso@brturbo.com.br.
internacionais, como o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), a Sociedade Paulista de Radiologia (SPR), a Associação Paulista de Medicina (APM), a American Society of Neuroradiology (ASNR), a World Federation of Neuradiological Societies (WFNRS), a European Society of Neuroradiology (ESNR), o Colégio Interamericano de Radiologia (CIR) e a Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE). As inscrições estão abertas e há desconto para pré-inscrições feitas até 30 de outubro. Elas podem ser feitas pelo site http://sbnr.org.br/, onde também estão disponíveis a programação completa do curso e informações sobre a agência de viagens responsável pelo congresso.
Curso de Radiofarmácia no InRad
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stão abertas até 20 de junho as inscrições para a VI Escola de Inverno de Radiofarmácia e Radioquímica, a ser realizada no Centro de Medicina Nuclear do Instituto de Radiologia (InRad) do HCFMUSP. O curso será realizado de 28 de julho a 1º de agosto, e tem como objetivo fornecer a alunos dos cursos de graduação em farmácia, química, biologia, física e outros profissionais uma visão geral sobre radioatividade, proteção radiológica, métodos de produção de radioisótopos, síntese e marcação radioisotópica de moléculas e utilização destas no diagnóstico de doenças. Estão previstas aulas prático-expositivas sobre produção de kits liofilizados, marcação radioisotópica e ensaios de biodistribuição de radiofármacos em animais. Informações no site radiofarmaciaimagemolecular.blogspot.com.br.
Expediente Interação Diagnóstica é uma publicação de circulação nacional destinada a médicos e demais profissionais que atuam na área do diagnóstico por imagem, espe cialistas correlacionados, nas áreas de ortopedia, urologia, mastologia, ginecoobstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian) Hilton Augusto Koch Dolores Bustelo Carlos A. Buchpiguel Selma de Pace Bauab Carlos Eduardo Rochite Omar Gemha Taha Lara Alexandre Brandão Nelson Fortes Ferreira Nelson M. G. Caserta Maria Cristina Chammas Sandro Fenelon Alice Brandão Wilson Mathias Jr. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Lilian Mallagoli - edição Alice Klein (RS) Denise Conselheiro (SP) Rafael Bettega Priscilla Lopes (SP) Priscila Novaes (RJ) Arte: Marca D’Água Fotos: Cleber de Paula, André Santos e Lucas Uebel (RS) Imagens da capa: Getty Images Administração: Hybrida Consultoria Impressão: Duograf Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.37A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das mensagens publicitárias e os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br
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