OUT / NOV 2014 nº 82
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outubro / novembro 2014 - Ano 13 - nº 82
outubro rosa
Os desafios do diagnóstico tardio no tratamento do câncer de mama
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om números que parecem não baixar, o “Outubro Rosa” abre suas portas e coloca, mais uma vez, as discussões sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama nas manchetes dos jornais. As evidências do autoexame, embora sua grande utilidade seja reconhecida, não são suficientes. É preciso muito mais.
Os números assustam e o que se percebe, principalmente no Brasil, é que os esforços não têm sido suficientes para debelar esta verdadeira epidemia. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é que 57.120 novos casos sejam identificados em todo o ano de 2014 e, desse total, haveria 13.345 óbitos, sendo 120 homens e 13.225 mulheres. O grande nó é o diagnóstico tardio, fruto do desconhecimento, em sua maioria, mas também agravado pelo precário atendimento oferecido à população de baixa renda. Os nossos índices ainda são muito elevados. No mundo, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. A área do Diagnóstico por Imagem tem papel muito importante, e, em um trabalho associado com mastologistas e ginecologistas, com o enfoque na saúde da mulher, o Colégio Brasileiro de Radiologia vem dando a sua contribuição através de um Programa de Qualificação dos Serviços de Mamografia. O ID – Interação Diagnóstica, coloca o assunto em suas páginas, e nesta edição reúne artigo assinado pelas Dras. Selma de Pace Bauab e Vera Lucia Nunes Aguillar (pag. 7), que retrata a evolução da imaginologia mamária, e a Dra. Andrea Cadadaval Gonçalves, do Rio Grande do Sul, fala sobre as alterações no sistema BI-RADS. No Application, dois trabalhos de autoria do Dr. Helio Camargo, de Campinas, e da equipe do Hospital Sírio-Libanês trazem um conteúdo atual sobre Mama. A ciência e a tecnologia caminham a passos largos pelo fim do diagnóstico tardio. Falta ainda a população se conscientizar mais profundamente de seus direitos e buscar os procedimentos de identificação e tratamento da patologia. É imperioso, ainda, manter a cobrança sobre as autoridades da Saúde para que agilizem o sistema de atendimento no SUS, para diagnósticos mais precoce, que aumentam as chances de cura.
eleições CBR
Matteoni, da Bahia, será o novo presidente
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A imagem e o especialista em benefício da Oncologia
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partir de 1º de janeiro de 2015, o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) terá um novo presidente, que sucederá ao Dr. Henrique Carrete Jr. O anúncio oficial será no Congresso Brasileiro de Radiologia (CBR 14), no Rio de Janeiro, na Assembléia Geral da entidade, durante o evento, que se inicia em 9 de outubro. O presidente eleito do CBR, para o período de 2015-2017, é o Dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, eleito com expressiva votação, que se transforma em um reconhecimento do trabalho realizado pela atual diretoria, com ações importantes visando a união da classe, a valorização do ensino, da atualização, das entidades regionais e do diá- Drs. Luiz Carlos Ferrer, Henrique Carrete Jr., Antonio C. Matteoni, Norma logo. Presente à sessão de abertura da Jornada Maranhão e Paulo Borba. Pernambucana de Radiologia, onde esteve acompanhado do presidente eleito, Dr. Henrique Carrete teve provas desse reconhecimento ede algumas de suas ações, como o Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi), em consulta pública até 12 de outubro. Páginas 6 e 18.
Oncologia como um todo ganha um espaço cada vez maior na área da imagem. O tema vem povoando eventos em todo o País e, em Porto Alegre, a Jornada Gaúcha de Radiologia abriu espaço para o Simpósio Internacional da ICIS, realizado em conjunto com o A. C. Camargo Cancer Center. A Consultora de Radiologia e diretora de Pesquisa e Educação do Departamento de Imagem do Barts Health de Londres, Inglaterra, Dra. Anju Sahdev, abordou temas de interesse, com visão mutidisciplinar. Para o ID, ela falou sobre como o incidentaloma pode propiciar prognóstico Silvio Cavazzola e a Dra. Anju Sahdev, estendido: “Descartar incidentalomas é Dr. de Londres, no evento em Porto Alegre. um grande erro porque temos muitos exemplos em que isso pode ser benéfico”, frisou. Pag. 10. Veja também entrevista do Dr. Marcos Menezes, diretor do Serviço de Tomografia do ICESP – Instituto do Câncer do Estado de São Paulo sobre “essa necessidade de maior interação entre a imagem e o especialista”. Pag. 22.
Gestão e boas práticas na rotina do médico
Ações e inovações no mercado da imagem
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édico não pode e Liderança em Imagem no I mais se preocuCongresso Internacional de par apenas em ser Diagnóstico por Imagem do médico. O granHospital Israelita Albert Einsde desafio hoje tein (HIAE), em São Paulo. O é aliar aos seus conhecimentos diretor do Departamento de médicos às boas práticas de Imagem mostrou a importância gestão e liderança e se interessar que o gerenciamento tem para o por pelo menos uma atividade profissional médico nos dias de administrativa, o que pode hoje. Veja entrevista na pág. 18. Prof. Gustav Von Schutless, ladeado pelos Drs. Marcelo ampliar seu rol de atividades. O conteúdo científico do O tema é obrigatório nas Funari e Jairo Wagner. evento também mereceu aplaudiscussões em eventos: a JPR abriu um importante sos dos que lá estiveram, onde o Prof. Gustav Von espaço para o assunto e, em agosto, o Dr. Marcelo BuarSchutless fez uma importante análise sobre os rumos da que de Gusmão Funari deu uma aula intitulada Gestão imagem molecular. Pág. 9.
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ntensa mobilização na área empresarial pode ser constatada no Caderno de Serviços, colocando à prova a inércia econômica do País. Confira, a partir da pag. 13, o que a Agfa tem a falar sobre o RFID para a saúde e as previsões de executivos da Carestream para a imagem dinâmica dos raios x. A área de ultrassom traz novidades da Samsung, que coloca no mercado os primeiros equipamentos com tecnologia própria, e da Figlabs, que anuncia a comercialização de sua linha de ultrassom, fabricada em Ribeirão Preto. O novo mamógrafo digital da Fuji, com tomossíntese em duas versões, e os investimentos da Siemens em parceria com o Hospital Sírio Libanês completam a nossa pauta. Na área de contrastes, a grande novidade será apresentada pela Bracco no Congresso do CBR. Confira.
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Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
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editorial
A Radiologia no foco das atenções
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Radiologia será o foco das atenções neste bimestre. O Outubro Rosa coloca em discussão a saúde da mulher, sobre a prevenção do câncer de mama, em um movimento que mobiliza o mundo todo e que coloca em evidência a importância do diagnóstico precoce, de uma política de saúde que minimize o sofrimento de centenas de milhares de mulheres em nosso País. Mais de 13 mil mortes estão previstas pelo INCA. O mês de novembro tem o Dia do Radiologista, e a especialidade comemorará no dia 8, em algumas entidades que ainda lançam tênues luzes sobre esse ramo da ciência médica, descoberta por Wilhein Konrad Roentgen, os benefícios e as dificuldades que tem pela frente. No fim do mês, Chicago comemorará o 100º aniversário de fundação da Radiological Society of North America, haverá um resgate histórico do assunto e, como tudo o que eles fazem, a expectativa é de grande festa, resgatando valores tão esquecidos pela especialidade em nosso País. O ID estará lá. Nos três assuntos citados, os efeitos benéficos da Radiologia estarão em evidência, pois com todos os avanços, os raios X são a porta de entrada do diagnóstico, seja pela Radiologia ou Radiografia de Mama, ou a Mamografia. Tudo uma questão semântica. O up digital apenas aprimora o método, mas a essência é a mesma. Vale uma reflexão sobre uma questão que vem sendo colocada na nossa rotina, nos hospitais, clínicas e serviços de imagem, e tema de um artigo do Dr. Antonio de Albuquerque Cavalcanti, no Application. À medida em que os novos métodos avançam, ganham espaço na rotina dos hospitais, despertam o interesse dos jovens médicos, o raio X toca a rotina de milhares de hospitais em todo o mundo, com galhardia e eficiência. Anonimamente, até desprezado
por sua simplicidade, abre portas, mostra caminhos para o diagnóstico, agiliza os procedimentos, com baixo custo e eficiência. A tão decantada radiação ionizante, usada como argumento para o avanço dos outros métodos, não é tão preocupante como afirmam, segundo um dos ícones da especialidade, o Prof. Nestor Muller. Os raios x ainda são decisivos na rotina de hospitais e clínicas, dos centros de referência aos quintais do Brasil. Do convencional ao digital. Esta edição explora muito disso, e está plenamente dedicada a mostrar que os rumos, principalmente em um País tão pobre como o nosso, onde a miséria é absoluta sim, em algumas regiões, e muito disfarçada em outros, precisam mudar. Há que olhar para o jovem médico com uma nova visão. É cômodo afirmar que os jovens não se interessam pela Radiologia Convencional. Mas, perguntamos: o que tem sido feito para motivá-los? Não estaria na hora de rever conceitos e formular políticas que valorizem o ensino da especialidade? O próprio evento da RSNA vem colocando o assunto em sua pauta. Em2013, fazer mais com menos foi o tema em discussão. E o que é fazer mais com menos? É colocar a Radiologia no seu devido lugar, na linha de frente do diagnóstico. A abordagem digital do método pode ser o caminho para que os jovens se interessem, acompanhado de um movimento pela sua valorização pecuniária. País pobre, como o nosso, não pode colocar a Avenida Paulista como parâmetro. Pode servir de modelo, de meta ambiciosa, mas é preciso que os médicos e as entidades lutem pela valorização do método, briguem por uma melhor remuneração. Em outros tempos, diante de necessidades pontuais, o médico precisou também se preocupar em vender filmes, e se perdeu na luta pelos direitos e melhorias de sua especialidade. A hora é de rever conceitos.
avaliação
Pesquisa avalia conhecimento da população sobre câncer de mama Com o objetivo de avaliar o conhecimento da população sobre os sintomas mais comuns de câncer de mama, a importância da mamografia anual e a relação entre mamas densas e o risco de desenvolvimento da doença, a GE Healthcare realizou a pesquisa “Valor do Saber – Oncologia” entre maio e junho de 2014.
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onduzida pela MillwardBrown, a sondagem consultou 1.000 adultos com idade igual ou superior a 18 anos em 10 países: Estados Unidos, Brasil, Inglaterra, Indonésia, Japão, Índia, China, Rússia, Austrália e Coreia do Sul. Um dos destaques do estudo, apresentado em workshop realizado no fim de setembro no Auditório do Departamento de Ginecologia da Unifesp, é o fato de menos da metade dos adultos estarem confiantes na nomeação de alguns dos sinais e sintomas do câncer de mama mais comuns. Além disso, apenas uma em cada cinco pessoas no mundo já viu, ouviu ou leu sobre o tecido mamário denso nos últimos seis meses.
O evento teve como objetivo analisar aspectos importantes sobre a doença para uma cobertura diferenciada com o foco na prevenção. A Dra. Simone Elias, coordenadora do ambulatório da disciplina de Mastologia do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo, e o Prof. Dr. Afonso Celso Pinto Nazário, chefe da disciplina de Mastologia do Departamento de Ginecologia da Unifesp, falaram sobre as particularidades da doença e a importância do diagnóstico precoce, enfatizando os benefícios nos âmbitos social, psicológico e econômico. Os resultados e mais detalhes sobre esse trabalho, que é inédito em nosso meio, serão focados em matéria especial sobre o tema em nossa próxima edição.
Dra. Simone Elias e o Prof. Antonio Celso Nazario, e a equipe da GE Healthcare que apresentou a pesquisa, Daniela Antunes, diretora de Comunicações para a AL, e Valeria Hartt, da Revista Oncoguia.
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o bimestre
Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
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ão Paulo – Eleições na AMB: imagem terá presença marcante – A Associação Médica Brasileira acaba de eleger sua diretoria para um novo mandato. O Dr. Florentino Cardoso Filho, do Ceará, foi reeleito e, com ele, a nova chapa contará com dois representantes da área do diagnóstico por imagem: o Dr. Aldemir Humberto Soares será o primeiro secretário, e o Prof. Giovanni Guido Cerri, cujo mandato à frente da Faculdade de Medicina está se encerrado, foi reconduzido ao cargo de diretor cientifico da entidade. A reeleição do Dr. Florentino foi um reconhecimento ao seu trabalho, colocando a entidade nas principais mobilizações em defesa da classe.
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ibeirão Preto – Evento da FATESA valoriza a prática – Os organizadores da Jornada Internacional de Ultrassonografia, Prof. Francisco Mauad Filho, Fernando Marum Mauad, Francisco Mauad Neto e Procopio de Freitas, comemoram os resultados do evento que atraiu cerca de 200 participantes, dos mais diversos pontos do País. Com um formato essencialmente prático, com o apoio da GE Healthcare, que disponibilizou os equipamentos, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a rotina dos diagnósticos, colocando a mão na massa. A presença do Prof. Assim Kurjak, da Croácia, foi mais um ingrediente para valorizar e atestar o sucesso da iniciativa, a primeira nesta nova fase do grupo, com a criação da Faculdade de Tecnologia em Saúde.
ão Paulo – Imagem no InCor tem novo diretor – O Dr. Cesar Higa Nomura acaba de ser nomeado diretor do Departamento de Imagem do InCor – Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas-FMUSP. Especialista na área da imagem cardiológica, ele substitui o Dr. Claudio Lucarelli, que está se aposentando. Com intensa atividade na especialidade, o novo diretor é um dos responsáveis pela organização do Encontro Nacional de Imagem em Cardiologia, realizado pela SPR e pela SBRAD, que este ano foi no Rio de Janeiro.
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ão Paulo – Pesquisas em diagnóstico por imagem – Com a participação dos Profs. Edson Marchiori, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bruno Hochhegger, da Faculdade de Ciências da Saúde de Porto Alegre, e Rubens Chojniak, diretor do Departamento de Imagem, realizou-se no A. C. Camargo Cancer Center, pelo Programa de Pós-Graduação, o encontro para discussão do tema “Pesquisa em Diagnóstico por Imagem no Brasil: Painel Atual e Perspectivas Futuras”.
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ão Paulo – HCFMUSP vira autarquia especial – Com uma nova configuração, que altera sua personalidade jurídica, o Hospital das Clínicas-FMUSP será uma autarquia especial, a partir da aprovação de decreto sancionado pelo Governo do Estado de São Paulo. Com essa nova realidade, a área da imagem passa por uma reestruturação, em fase de adequação. Dentro das primeiras modificações, o Prof. Giovanni Guido Cerri, como diretor da FMUSP, fica como presidente do Conselho Deliberativo do Hospital, até o fim do seu mandato; o Prof. Carlos Alberto Buchpiguel é o novo presidente do Conselho Deliberativo e o Prof. Manoel de Souza Rocha, diretor clínico, ambos do Instituto de Radiologia-HCFMUSP.
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orto Alegre – Imagem do câncer em destaque – Com a participação de um número expressivo de especialistas, a Sociedade Gaúcha de Radiologia comemora os números e a qualidade da XXIV Jornada Gaúcha de Radiologia, tendo à frente os Drs. Ildo Bertinetti e Silvio Cavazzola. Nomes de grande expressão participaram do evento, que abriu espaço para o Simpósio Internacional de Câncer, em parceria com a ICIS, coordenado pelos Drs. Marcos Duarte, Thiago Krieger e Gustavo Luersen. O evento contou com a presença da Dra. Anju Sahdev, do Barts Health London, responsável pelo departamento de educação da instituição.
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memorial
Um resgate histórico da Radiologia nos cem anos da RSNA A Radiological Society of North America (RSNA) realizará seu 100o Congresso de 30 de novembro a 5 de dezembro, em Chicago. Trata-se do maior e mais importante evento do setor de diagnóstico por imagem do mundo, e por isso sua relevância não apenas para os profissionais locais, mas para os médicos e profissionais da imagem de todo o mundo. A entidade foi fundada em 1915, originalmente como Western Roentgen Society.
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m artigo publicado no RSNA News, o escritor Richard S. Dargan, especializado em assuntos de saúde, analisa os caminhos da especialidade, sua importância, conquistas e a trajetória, em um trabalho intitulado “Preservando e celebrando o caminho revolucionário da Radiologia”. O autor estaca que a “fascinante e por vezes imprevisível história da radiologia traz importantes lições aos radiologistas de hoje, de acordo com inúmeros especialistas que estão trabalhando para preservar e celebrar a história da profissão”, e destaca afirmação do Dr. Adrian M. Thomas, coautor do livro lançado em 2013 “The History of Radiology” e radiologista no Proncess Royal University Hospital, em Kent, Reino Unido: “Entender a história da radiologia coloca nosso trabalho em um contexto, nos ajuda a evitar o ceticismo e nos dá um senso de valor. Não somos indivíduos isolados vivendo no presente: temos um passado e um futuro”. “Não há nenhum problema em se concentrar nos aspectos técnicos da radiologia, mas também é importante entender os aspectos culturais e históricos do que fazemos e como chegamos aqui, além de aprender sobre os esforços dos outros e evitar erros do passado”, acrescenta Dr. Arpan Banerjee, coautor do livro “The History of Radiology”, radiologista no Birmingham Heartlands Hospital, no Reino Unido, e presidente da Sociedade Britânica pela História da Radiologia (British Society For the History of Radiology). Os aspectos históricos da trajetória da Radiological Society of North America serão evidenciados durante o evento em novembro, e reforçam esse traço da cultural americana em preservar valores e resgatar acontecimentos que marcaram a história da entidade. A presença de representantes da ISHRAD no evento será um atrativo a mais para os que se preocupam com a história da especialidade. Sobre o assunto, destaca o autor: “Em 2011, os Drs. Thomas e Banerjee ajudaram a fundar a Sociedade Internacional pela História da Radiologia (International Society for the History of Radiology – ISHRAD), a primeira sociedade internacional dedicada à história da radiologia e tecnologia radiológica. A entidade organizou recentemente seu encontro anual em Viena, onde os membros elaboraram a pauta para o próximo ano, que inclui o desenvolvimento de um livro celebrando o Dia Internacional da Radiologia (International Day of Radiology – IDoR); um encontro militar
focado em radiologia em Verona, Itália; uma sessão histórica no encontro da Sociedade Argentina de Radiologia, em Buenos Aires. Está prevista visita de membros da entidade ao RSNA 2014, o 100° Congresso Científico e Encontro Anual”, informa em seu artigo. Para o Dr. Adrien Thomas, a motivação para se preservar história deriva do que ele chama de “consciência da centralidade da ra-
diologia no caminho do paciente”. Ele estava na faculdade de medicina no ano em que o CT foi anunciado e se especializou em ra-
diologia no Hammersmith Hospital, em Londres, durante os primórdios do revolucionário trabalho da instituição com imagens de RM. “Eu vi uma transformação completa do cuidado com o paciente durante a minha carreira”, afirma. “A geração mais jovem não está consciente do quanto as coisas mudaram.” (RSNA News – edição abril 2014)
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evento
Homenagens marcam abertura da Jornada Pernambucana de Radiologia Com a participação de médicos de toda a região, a Sociedade de Radiologia de Pernambuco realizou sua tradicional Jornada de Radiologia e o Curso de Diagnóstico por Imagem da Mama, que em 2015 comemorará 25 anos. A abertura contou com a presença do Dr. Henrique Carrete Jr., presidente do CBR, e do Dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, presidente eleito da entidade, que será empossado em janeiro do ano que vem.
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evento foi marcado pelo clima de confraternização, descontração e homenagens, apoiado em um conteúdo cientifico de alto nível, com professores locais, de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará e Minas Gerais. As atividades começaram na quinta-feira, dia 18 de setembro, com o Curso de Assistência à Vida, coordenado pela Dra. Adones Manzella. Nesta edição, o AVR teve seu foco voltado para os riscos e controle de qualidade em radiologia na criança, totalmente equipado com recursos e manequins especiais. O Curso de Diagnóstico por Imagem da Mama, criado pela Dra. Norma Maranhão, repetiu o sucesso dos anos anteriores, e teve foco em Ressonância de Mama, com palestras ministradas pelas Dras. Erica Endo, Radiá dos Santos e Su Jim Kim Hsieh.
Homenagens marcam abertura do evento Tendo à frente o Dr. Paulo Borba, os eventos foram abertos no dia 19, com solenidade realizada no hall de festas do Hotel Armação, ocasião em que a Sociedade de Radiologia de Pernambuco prestou homenagens ao Dr. Decio Prando, como Dr. Henrique Carrete Jr., presidente do CBR, Dr. Antonio C. Matteoni de Athayde, presidente eleito do CBR, os novos diretores professor homenageado, recebendo o título de membro honorário da entidade, do CBR, Drs. Manoel de Souza Rocha, Antonio Carvalho Lira, Isabela S. Miller e Ronaldo Lins, e professores convidados. das mãos do Dr. Luiz Carlos Ferrer. Em sua saudação, o Dr. Ferrer enfatizou que “a homenagem era um reconhecimento a toda a história do Dr. Decio Prando, em especial sua colaboração para o evento ao longo de décadas, visto que participou da primeira Jornada Pernambucana de Radiologia”. Em seguida, o Dr. Paulo Borba procedeu à entrega do certificado de membro benemérito da Sociedade de Radiologia de Pernambuco ao jornalista Luiz Carlos de Almeida, diretor do Jornal Interação Diagnóstica, por sua “colaboração à Radiologia brasileira”, entregando-lhe uma placa alusiva à data. Os dois homenageados agradeceram a honraria, manifestaram seu apreço à entidade, Dra. Norma Maranhão, coordenadora do Curso de Imagem da Mama, e as Dras. Radiá dos Santos, Erica Endo e Su Jim Kim Hsieh. e, na ocasião, o editor do ID enfatizou em sua Os homenageados, Dr. Decio Prando e Luiz Carlos de Almeida, com as respectivas esposas, saudação: “Meus vínculos de colaboração com Cristina e Sueli Ana, em companhia do presidente Paulo Borba e do Dr. Luiz Carlos Ferrer. a entidade vêm desde 1984, na gestão do Dr. Boris Berenstein e, a partir daí, em todas as demais diretorias”. Destacou, também, que “como jornalista e vivendo da informação, o destino me colocou sempre ao lado das entidades que produzem conhecimento, que realizam eventos, que se organizaram e que justificaram o investimento dos seus associados; por isso, essa ligação tão forte com Pernambuco”. E concluiu: “A SRPE, nesse aspecto, é um modelo a ser seguido”.
Festividade enriquecida
Dra. Adonis Manzella e os participantes do Curso de AVR, por ela coordenado.
A homenagem ganhou ainda maior significado com a presença do presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, Dr. Henrique Carrete Jr., que prestigiou o evento, acompanhado do Dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, informando na oportunidade que a apuração na eleição do CBR fora concluída e que ele já era o novo presidente eleito da entidade. A comunicação oficial será feita na Assembleia do CBR, no Rio de Janeiro. Presente, também, como palestrantes, os Drs. Manoel de Souza Rocha, Isabela Silva Muller, Ronaldo Lins e Antonio Carvalho Lira, que fazem parte da nova diretoria.
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Por Selma di Pace Bauab (1) e Vera Lucia Nunes Aguillar (2)
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análise
A evolução da Imaginologia Mamária De todas as modalidades de imagem, a mamografia talvez seja o método que mais tenha sofrido críticas ao longo de todos estes anos, desde sua criação.
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da mamografia e a qualidade humana na interpretação do de fragmentos com agulha grossa, que permitiu até o estudo ais críticas se referem à periodicidade do laudo. Isto exige dedicação e educação continuada. por imuno-histoquímica do material obtido. Guardadas exame, à idade de início e do término do A frustração e a decepção ao se deparar com um “câncer as proporções, talvez o advento da biópsia percutânea de rastreamento e ao diagnóstico exagerado de perdido”, que poderia ter sido detectado no ano anterior, caufragmentos possa ser comparado à invenção da pílula anmuitos cânceres que não seriam letais. sam dor ao médico e à paciente, levando ainda, muitas vezes ticoncepcional! Epidemiologistas estudam números e a processos judiciais, principalmente nos Estados Unidos. Isto pode parecer uma analogia estranha, principalmenhabitualmente colocam na mesma cesta cânceres letais e não A detecção de todos os cânceres não é possível, mesmo te para os mais jovens, que não vivenciaram a era pré-biópsia letais, transformando estatísticas em novas regras que muitas em mãos muito experientes, pois o erro é inerente à condição percutânea. Nesta época, a mulher ia para o Centro Cirúrgico vezes não correspondem à realidade clínica. humana Entretanto, a observância das regras com uma lesão suspeita, era feita a biópsia de A mamografia, assim como qualquer outro exame, não de interpretação das imagens com critério e congelação e em seguida a mastectomia. Ela é perfeita e ainda deve evoluir muito após o advento da bom senso, minimizam os posmamografia digital, que permite um leque de A ultrassonografia só tomava conhecimento da mastectomia após síveis erros. Seguir as regras, terminar o efeito da anestesia. novas possibilidades, como a tomossíntese, a na mulher jovem não ser negligente e não usar Hoje, a mulher sabe antes qual é seu mamografia com uso de meio de contraste e a e na mama o “achismo” em detrimento das diagnóstico, através da biópsia percutânea de tomossíntese com uso de meio de contraste. regras, são fundamentais para radiologicamente fragmentos e pode discutir com seu médico Talvez seja também um dos exames de o sucesso do bom trabalho. Ao qual a melhor abordagem para seu caso. Em imagem que mais evoluiu em todos estes densa tem papel mesmo tempo, deve-se ter o anos. Por se tratar de imagem que necesimportantíssimo, termos práticos, representa uma libertação cuidado de fazer um balanço da surpresa do diagnóstico somente após a sita elevado contraste entre estruturas de podendo detectar cirurgia. entre excesso de reconvocações densidades semelhantes, foi necessário deo câncer e diagnóstico precoce. Exige Mas, para a implementação da biópsia senvolver tubo de raios-X especial, filtros, treino e perseverança, mas percutânea, foi necessária a contribuição do precocemente, e filmes, para a detecção de pequenas lesoes principalmente, comprometimédico da paciente, que viu, nesta possibiliAlém disso, o problema da sobreposição de câncer este que mento. tecidos, podendo simular pseudolesões, foi pode não ser visto dade, a perspectiva da diminuição do número A opinião pública também das biópsias cirúrgicas desnescessárias, pooutro desafio, que levou a se fazer a compresDra. Selma di Pace Bauab. na mamografia. deve ser alertada sobre as limidendo auxiliar seu trabalho no planejamento são da mama durante o exame e a criação da tações da mamografia e, que a periodicidade e tomada de decisões. tomossíntese. é necessária, porque não se trata de uma vaAssim, a biópsia percutânea, além de É um método não invasivo, que permite ser realizado em cina e sim de um instrumento de diagnóstico precoce, não beneficiar a paciente, trouxe a aproximação entre mastogrande escala, em muitos centros urbanos e até longínquos, de prevenção do câncer. Assim , aquela pergunta : como logista, oncologista, radiologista e patologista, permitindo através de programas de rastreamento que levam o aparelho apareceu-me um câncer de mama se faço mamografia todo um estudo multidisciplinar, que aumenta a qualidade do em carretas até as mulheres em idade de realiza-lo. ano ?”, não deve ser ouvida, se for explicado claramente qual atendimento à mulher. Os programas de rastreamento organizado, feitos com é o papel da mamografia. Temos que educar a população, Apesar de ainda tão temido, o câncer de mama tem hoje critério, demonstraram a diminuição do número de mortes alertando que a mamografia não detecta todos os cânceres uma abordagem muito mais humanizada. As novas cirurgias, pelo câncer de mama, principalmente quando associados a e que um câncer pode se manifestar na mamografia dentro a oncoplástica, devolvem à mulher sua visão corporal, muito melhores tratamentos clinico-cirurgicos. de um ano, por isso existe a periodicidade. diferente da antiga mutilação. Embora o câncer de mama seja uma doença muito heteA Tomossíntese, que é o primeiro avanço da mamografia Além da mamografia, muito do diagnóstico do câncer rogênea, na enorme maioria dos casos, é possível observar a digital, tem mostrado cada vez mais , através de estudos pude mama se deve à evolução da ultrassonografia e da resdiferença na evolução da mulher com diagnóstico precoce blicados na Europa e nos Estados Unidos, que pode melhorar sonância magnética. Apesar de não serem exames feitos de e aquela com diagnóstico tardio. O diagnóstico precoce a detecção precoce do câncer invasivo da mama de todos rotina como rastreamento em massa, são métodos auxiliares mostrou em números consistentes o valor da mamografia os graus, podendo ainda diminuir o número importantes da mamografia e do exame clínico. como fator decisivo neste cenário. de reconvocações de pacientes A ultrassonografia na mulher jovem e No Brasil, nos grandes centros, como capara incidências adicionais. Isto na mama radiologicamente densa tem papel pitais e cidades de médio porte, a mamografia No Brasil, nos porque a tomossíntese minimiza importantíssimo, podendo detectar o câncer passou a fazer parte do calendário de atividagrandes centros, os efeitos de superposição dos precocemente, câncer este que pode não ser des periódicas da mulher, tendo entrado em como capitais e tecidos e a reconstrução das imavisto na mamografia. sua rotina habitual, assim como já era nos gens, em fatias de 1mm, permite A ressonância magnética das mamas teve cidades de médio Estados Unidos, na década de 80. melhor avaliação da mama. O grande evolução, com padronização de protoHá ainda muito o que fazer e aprender porte, a mamografia aumento da dose de radiação colos e disseminação de conhecimentos, sendo em relação à mamografia. O médico que se passou a fazer para obtenção da tomossíntese hoje uma ferramenta a mais no diagnóstico dedica a este trabalho deve ser criterioso em parte do calendário combinada à mamografia digital precoce de mulheres de alto risco, na avaliação relação à qualidade técnica do exame: técnica de atividades é considerado por especialistas e da extensão da doença, da mama contralateral mamográfica e posicionamento da paciente e no seguimento da mulher operada por câncer no equipamento. O laudo deve ser feito em periódicas da mulher, pela FDA de baixo risco quando comparado ao benefício, e muito de mama. ambiente escuro e calmo. Não deve haver tendo entrado em menor do que a dose utilizada Em resumo, temos muito a comemorar em grande movimento na sala e, de preferência, o sua rotina habitual, em mamografias mais antigas. Dra. Vera Lucia Nunes relação à evolução do diagnóstico por imagem médico deverá estar descansado. Sempre que assim como já era nos Entretanto, para minimizar este Aguillar. da mama : toda a tecnologia da mamografia possível, a realização da segunda leitura, por Estados Unidos, na efeito, já existe no mercado, ainda não aprodigital e suas opções de desenvolvimento; a ultrassonograoutro médico, ou o uso do CAD (Computer vada no Brasil, a tomossíntese sintetizada, fia, com transdutores multifrequenciais e ferramentas novas década de 80. Aided Detection) deve ser incentivado. que consiste na instalação de um software que como a elastografia ; a ressonância magnética, que com um O médico, ou a técnica que realiza o exapermite a reconstrução em 2D das imagens protocolo ultra-rápido que está sendo testado, poderá vir a me, deve conversar com a mulher e saber se a da tomossíntese, não necessitando que se faça o método ser um método mais popular; as biópsias percutâneas que mesma tem alguma queixa clínica. Algumas lesões podem combinado : mamografia digital (2D) + tomossíntese (3D). libertaram a mulher da surpresa de um diagnóstico com ficar fora do campo ou em áreas cegas da mamografia e não No Brasil já existem alguns centros, principalmente desfecho irreversível. serem vistas.. Além disso, existem mamas densas, com muito capitais, que já dispõem de tal tecnologia. Após a publiE, finalmente, as cirurgias modernas, com reconstrução tecido fibroglandular e pouco tecido adiposo, que pode obscação, na Folha de São Paulo, em 26 de junho deste ano, imediata ou tardia da mama e os tratamentos com drogas curecer totalmente um grande nódulo, ainda que palpável. de um estudo realizado em 13 centros dos Estados Unidos, que agem no alvo desejado, são avanços que pudemos Nestes casos, a complementação com a ultrassonografia é demonstrando que o método é mais eficaz para detecção do acompanhar ao longo de todos este anos e comemorar o fundamental porque o metodo pode detectar nódulos obscâncer e para evitar falsos-positivos, as próprias mulheres sucesso alcançado. curecidos na mamografia, além de examinar melhor algumas têm buscado tal alternativa. O grande problema é que o Resta agora, desejar e trabalhar, para que todas estas áreas cegas da mamografia. exame ainda não é contemplado pela grande maioria dos possibilidades que o progresso da tecnologia permitiu, O que dá contraste na mamografia é o tecido adiposo, já planos de saúde, sendo esperado que isto aconteça em 2016. estejam disponíveis para todas as mulheres, principalmente que todas as demais estruturas têm densidades semelhantes, Em relação ainda ao progresso do diagnóstico por nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, onde por isso se diz que a sensibilidade da mamografia está diimagem do câncer de mama nos últimos 35 anos, além de a chance de realizar o mais simples dos exames é proibitiva minuída nas mama densas e heterogeneamente densas. Mas toda melhoria técnica, houve a implementação das biópsias por razões econômicas. a mamografia, mesmo em mamas muito densas, ainda é o percutâneas. Primeiro, a punção aspirativa com agulha fina, método que melhor permite a detecção de microcalcificações. mais difícil de se obter material suficiente, com maior difiA detecção precoce do câncer de mama está aliada a (1) Diretora da Clínica MamaImagem - S. J. Rio Preto culdade de citopatologistas experientes. Depois, a biópsia dois importantes pilares : a qualidade técnica na execução (2) Diretora do Serviço de Mamografia - H. Sírio-Libanês
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Atualização
BI-RADS®: parâmetros consagrados para o laudo mamográfico Valorizar a unificação da linguagem, padronizar os laudos em mamografias, ecografias e ressonâncias magnéticas mamárias e disciplinar as solicitações de exames desnecessários, que oneram as instituições, buscando oferecer ao paciente um atendimento seguro e eficiente. Esses são os objetivos principais do Programa BI-RADS® (Breast Image Reporting and Data System), instituído pelo ACR (American College of Radiology) e adotado em quase todo o mundo, um recurso criado para auxiliar o médico e estabelecer parâmetros para um diagnóstico eficiente. Estar atento às principais modificações introduzidas em cada edição é uma obrigação de todos os que se preocupam com a Saúde da Mulher.
P
ara a médica radiologista Dra. Andrea Cadaval Gonçalves, que palestrou sobre o tema na 24ª edição da Jornada Gaúcha de Radiologia, em Porto Alegre (RS), a padronização das terminologias para os laudos de mamografia, ecografia e ressonância magnética mamária pelo sistema BI-RADS® está consagrada mundialmente. “O sistema visa simplificar os laudos e enfatizar a investigação completa de uma alteração mamária para minimizar a chance de erro, tanto na etapa de categorização como na recomendação do que deve ser feito para cada caso”, disse. Segundo a médica, as mudanças mais significativas na 5ª edição ocorrem na categoria BI-RADS® 0 e 3. Na 0, se estimula que o posicionamento do radiologista seja tomado após explorar ao máximo as principais ferramentas da mamografia e ecografia. “Na categoria BI-RADS® 0, por exemplo, é enfatizado que a partir de qualquer achado que potencialmente possa envolver suspeita na mamografia de uma paciente assintomática, ela seja orientada a fazer um exame completo. Esse exame completo significa que, se ela fez só mamografia, deveria complementar com incidências focadas e ecografia mamária. Então o médico poderia se posicionar frente ao grau de suspeita apenas depois que o exame tivesse sido realizado com todas as ferramentas disponíveis para permitir a caracterização detalhada da lesão em questão. Outra mudança é que o sistema sugere que esse exame completo em geral não inclua inicialmente ressonância magnética”, afirmou. Esclareceu a Dra. Andrea Gonçalves que, na categoria BI-RADS® 0, normalmente se concluiria: “Incompleto, necessário avaliação por imagem adicional ou comparação com anteriores”. Isso incluiria incidências mamográficas adicionais como focadas e ampliações e/ou ecografia, mas não a ressonância neste primeiro momento. Para solicitar a ressonância, na 5ª edição do BI-RADS®, a médica ressaltou que os radiologistas são estimulados antes a se posicionar diante do grau de suspeita do achado mamográfico e/ou ecográfico. Quanto à tomossíntese, apesar de não constar no texto do Atlas, a médica acredita que, como aqui no Brasil esse método ainda é utilizado mais frequentemente de forma complementar e não no rastreamento, também poderia ser recomendada após uma categoria BI-RADS® 0. “Se o especialista depara-se com um achado de imagem benigno (categoria 2) ou mesmo provavelmente benigno (com chance de câncer menor de 2%, categoria 3), a ressonância não deveria ser solicitada, a não ser se julgada clinicamente
necessária pelo médico assistente. Nesta 5ª edição sugere-se também que: diante de um achado suspeito que pode representar câncer ou mesmo uma alteração significativa, após um estudo completo, ainda se acredita que a ressonância poderia elucidar melhor o achado de imagem, antes de se partir para uma biópsia, o radiologista deveria classificar o grau de suspeita [em categoria 4A, 4B, 4C], e, então na conclusão do laudo, poderia incluir a seguinte frase: ‘recomenda-se, a critério clínico, ressonância magnética complementar’”, explicou. A 5ª edição do BI-RADS® ratifica, ainda que, se uma paciente que faz mamografia de rastreamento e é então dispensada, o radiologista não deveria optar pela categoria 3 (achado provavelmente benigno) e sugerir controle, sem antes conduzir aquela mesma investigação adicional. “Teoricamente, não seria correto classificar uma lesão na categoria 3 e sugerir controle em seis meses sem incidências mamográficas complementares e/ou ecografia para uma melhor caracterização. A paciente assintomática que faz mamografia e tem um achado que não configura categoria 2, então seria categoria 0. Isso fica ainda mais enfatizado na 5ª edição”, relatou a médica. Uma das vantagens dessas atualizações, frente a uma paciente com um achado que possa representar câncer de mama ou não, seria essa avaliação completa pelos métodos convencionais, reduzindo a chance dos erros na indicação de biópsia, bem como a solicitação de ressonância magnética de maneira desnecessária. “Isso de alguma forma ainda pode repercutir na remuneração do médico radiologista e dos serviços de diagnóstico por imagem. A indicação adequada de exames adicionais pode minimizar os custos com procedimentos e exames desnecessários, podendo no futuro evitar redução de reembolso por parte dos convênios, ao mesmo tempo, garantindo que quem realmente precisa de um exame mais avançado possa realizá-lo”, disse.
Modificações de nomenclatura A 5ª edição do Atlas BI-RADS® também trouxe alterações de nomenclatura com ênfase nas calcificações mamárias, com revisão da literatura e tabelas de valores preditivos para morfologia e distribuição das calcificações. Dra. Andrea afirmou que os termos descritivos que devem ser utilizados ficam mais bem definidos e exemplificados, visando reduzir a variabilidade interobservador. O objetivo é que médicos, de qualquer parte do mundo, utilizem a mesma descrição e classifiquem na mesma categoria.
“Também, na edição atualizada, no gada (história de doença inflamatória, momento de concluir um laudo, os proHIV, linfoma ou leucemia etc.) que possa fissionais agora têm uma flexibilidade estar associada a adenopatias axilares e na maior entre a categoria e a recomendação ausência de suspeita de câncer de mama de conduta. Um dos exemplos, como já se usaria a categoria 2 do BI-RADS ®”, citado, seria a categoria 4 a qual é vincuexplicou. lada a indicação de biópsia, agora na 5ª Desafios do BI-RADS® edição ainda pode ser utilizada mesmo ao Um dos desafios apontados pela médise recomendar uma complementação com ca no uso do BI-RADS® seria adequar a rearessonância magnética”, exemplificou. lidade brasileira. “Aqui no Brasil, também De acordo com a profissional, para os costumamos ter os penódulos, a forma lobudidos de mamografia e lada deixou de existir ecografia já associados no léxico, sendo banida para rastreamento, o da 5ª edição, para evitar que minimiza no geral confusão na descrição da o uso da categoria 0”, forma e das margens do afirmou. nódulo. Enfatizou, tam“Os nódulos seriam bém, que outra comovoides, redondos ou plicação está relacioirregulares. Portanto, o nada aos problemas de que não é ovoide (com autorização de exames até no máximo três lopelos convênios e mesbulações leves), nem mo pelo SUS, sendo redondo, seria consimais difícil a realizaderado irregular. Então ção de biópsias guiada quando se observa mais por estereotaxia para de três lobulações em calcificações, a própria um nódulo, a princípio, Dra. Andréa Cadaval Gonçalves analisa a tomossíntese, e em a forma seria irregular e nova versão do BI-RADS. especial as biópsias o outro descritor imporguiadas por ressonância magnética. tante utilizado então seria ‘margens microlobuladas’, esse é um detalhe bastante Atualizações técnico”, esclareceu. As informações da 5ª edição atualizada “Outra mudança fundamental ocorre do atlas já podem ser acessadas na página em pacientes com mais de três nódulos on-line do ACR. nas duas mamas, todos com características “Esse conteúdo está disponível para que não envolvam suspeita, em especial todos, sócios ou não do ACR. As mudande forma ovoide e margens circunscritas. ças mais importantes são disponibilizadas Esse grupo de pacientes entrava na cateem arquivos PDF. E espera-se que, para o goria 3 e era então recomendado controle final deste ano, seja lançada uma versão de acordo (6 meses, 6 meses e 12 meses), para tablets e smartphones. A versão é em já nesta edição elas passariam direito para inglês e seu custo é relativamente alto, a categoria 2.” espera-se que a tradução para português Além disso, o fato de um nódulo ser pelo Colégio Brasileiro de Radiologia seja palpável ou não, para pacientes com menos disponibilizada futuramente”, disse. de 40 anos, não afetaria mais a indicação de Dra. Andrea afirmou que a nova edibiopsia. Ou seja, paciente com menos de ção do BI-RADS®, além de ser ricamente 40 anos, com nódulo com características de ilustrada, com legendas salientando os “provavelmente benigno” não necessitaria termos com maior valor diagnóstico, com de biópsia pelo simples fato de ser um tabelas de terminologia para cada método nódulo palpável. Essas alterações recende imagem e uma ampla e explicativa tes ainda envolvem certa controvérsia, de sessão de auditoria, contará também com acordo com a médica. revisões e atualizações, realizadas pelo Ecografia axilar ACR. Existem também os capítulos de “perguntas mais frequentes” para cada Segundo Dra. Andrea, a ecografia uma das modalidades (mamografia, ecoaxilar foi incluída na categorização nesta grafia e ressonância), estando previstas edição do BI-RADS®. atualizações constantes. “Agora se há alguma alteração na axila, O BI-RADS ® tenta, a cada edição, como adenopatias, essa paciente pode ser juntar as principais dúvidas, que são leclassificada na categoria 4, recomendandovantadas por emails recebidos pelo ACR se correlação clínica adicional e biópsia na ou mesmo no encontro anual da RSNA ausência de condição clínica que explique (Radiological Society of North America), as adenopatias. Entretanto, em caso de realizado em Chicago. condição clínica conhecida e já investi-
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reportagem
Panorama de marcadores na imagem molecular “O futuro da imagem diagnóstica está nos radiotraçadores ou radiofármacos; estamos chegando à base molecular das doenças.” A afirmação é do Prof. Gustav Von Schulthess, da Universidade de Zurich, ao abrir sua conferência, no I Congresso Internacional de Diagnóstico por Imagem do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
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evento, primeiro dessa nova fase, reuniu um público muito expressivo, com salas lotadas, e um temário diversificado, colocou em discussão questões práticas do dia a dia, aquisições de equipamentos, gestão e buscou mostrar os novos rumos da especialidade. “É uma honra falar aqui no Einstein, estou muito agradecido”, disse Dr. Gustav no início da sua aula intitulada ‘Imagem Molecular: onde estamos, para onde iremos’, focada em radiotraçadores, suas indicações e importância. Justificou o otimismo de sua afirmação, apoiado em três motivos: todas as “janelas” com potencial de uso de raios já foram utilizadas – raios x, raios gama, ressonância magnética e ultrassom; não há outra imagem de “raios” em vista; e a sensibilidade das sondas das técnicas nucleares é de 10 mil a 1 milhão de vezes mais alta do que para agentes de contrastes de TC, RM e US – a Medicina Nuclear e o PET só precisam de doses subfarmacológicas de radiotraçadores. Dr. Gustav levantou as questões técnicas para marcar biomoléculas, explicou a farmacocinética e enumerou as dificuldades: “A marcação direta com radioisótopos de moléculas maiores é virtualmente impossível”, afirmou. Sobre a produção de radiotraçadores, o professor fez algumas considerações básicas; entre elas: • Quanto mais simples a síntese de um radiotraçador, melhor; •
Quanto maior a produção de um radiotraçador que tenha mais indicações, menor será o custo, e vice-versa;
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Atualmente, os radiotraçadores de melhor configuração são os baseados em F-18 (FDG, FCh, FET, F-). Dr. Gustav Schultess fez, então, uma apresentação detalhada dos radiotraçadores mais populares, ou mais utilizados, em todo o mundo, abordando características, indicações e desafios no uso de cada um:
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F-18-FDG: indicado para tumores malignos. Aqui, ele explicou como lidar com achados contraditórios e afirmou que conclusões clínicas à resposta do tratamento dependem do tipo do tumor;
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N-13-Amônia: indicado para imagem
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para tumores neuroendócrinos e meningiomas;
de perfusão quantitativa; •
F-18-etil-tirosina: indicações em gliomas e meningiomas; porém, não indicado para câncer de próstata, câncer de ovário, adenocarcinoma colorretal e adenocarcinoma do pâncreas;
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F-18-fluorodopa: indicado para doenças neurodegenerativas, tumores neuroendócrinos e carcinoma medular da tireoide;
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C-11-PIB e marcadores amiloides com F-18: descartam demência de Alzheimer (valor preditivo negativo é alto);
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GA-68-DOTA-peptídeos: indicados
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F-18-cholina: para carcinoma de próstata recorrente e diagnóstico inicial de câncer de próstata.
Dentre suas conclusões, o professor afirmou que o FDG (18F-fluordesoxiglicose) continuará a ser o radiofármaco de PET mais relevante na próxima década e que, potencialmente, há um futuro brilhante para o PET e seus radiotraçadores. “No entanto, as agências reguladoras tornam nossa vida excessivamente difícil e fazem com que o custo de produção dos radiofármacos seja extremamente alto”, sinalizou.
Dr. Gustav Von Schutless, no evento do HIAE.
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entrevista
Por Alice Klein (RS)
Incidentaloma pode propiciar prognóstico estendido, afirma especialista “Descartar incidentalomas é um grande erro porque temos muitos exemplos em que isso pode ser benéfico.” A afirmação foi feita pela consultora de Radiologia e diretora de Pesquisa e Educação do Departamento de Imagem do Barts Health de Londres (Inglaterra), Dra. Anju Sahdev, em entrevista exclusiva ao ID, em Porto Alegre, durante a 24ª edição da Jornada Gaúcha de Radiologia.
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etectar câncer acidentalmente e de forma precoce influencia na descoberta da doença, pode agilizar a conduta e o tratamento, e beneficia muito o paciente. “Os incidentalomas são extremamente importantes, e os radiologistas sabem disso”, enfatizou. “Temos muitos relatos que comprovam essa afirmação. Por exemplo, se olharmos para a história do câncer renal, há vinte anos, os diagnósticos e prognósticos eram muito deficientes porque eram apresentados tarde demais. Já hoje 70% dos casos são achados de forma incidental e isso propicia um prognóstico estendido, e em muitos casos, propiciando melhor qualidade de vida e aumentando a sobrevida em cinco anos”, explicou. Conforme a especialista, é de suma importância que se continue achando essas doenças incidentais, mantendo a relevância clínica, no contexto da doença. “Se o incidentaloma é relevante clinicamente, então se configura como um benefício para o paciente. Caso ele seja irrelevante dentro do quadro clínico, o paciente não precisará passar por mais uma bateria de exames, já que isso não o beneficiaria”, relatou. A médica radiologista ressaltou, no entanto, que os incidentalomas também têm suas desvantagens. “Porque podemos encontrar lesões que não são biologicamente relevantes para o paciente e é aí que é preciso manter o contexto real. Por exemplo, ao investigar tumores em um homem de 90 anos com suspeita de câncer de próstata é possível encontrar ‘manchas’ que não são doenças consideráveis”, explicou.
Sistema de Saúde Pública na Inglaterra O National Health Service (NHS) é o sistema de saúde público da Inglaterra. Ele garante acesso gratuito a todos os cidadãos residentes e é financiado pelos impostos pagos pela população. O Estado cuida desse serviço público, que representa aproximadamente 90% do sistema de saúde, sendo apenas 10% privado, de acordo com Dra. Anju. Segundo a médica, no sistema público, os pedidos de exames de imagem ocorrem conforme a solicitação dos clínicos; contudo,
existe uma colaboração muito próxima entre os setores clínicos e radiológicos. “Normalmente isso é conduzido por subespecialidades. Temos diversas modalidades em radiologia que trabalham muito próximas com os clínicos das diferentes áreas. Para a maioria dos caminhos clínicos, existe um protocolo já acordado quanto a exames de imagem. Por exemplo, se um paciente apresentar uma doença, o hospital terá um protocolo sobre como aquele paciente deve ser investigado e gerenciado posteriormente. Isso tudo é parte de um processo, de um acordo de sequência de imagens. Desta forma, o clínico sabe o que solicitar referente à doença”, disse. Dra. Anju explicou que os protocolos normalmente são baseados nos guias nacionais, europeus ou internacionais para aquele tipo específico de doença e sua investigação. “Não necessariamente os radiologistas olham todos os pedidos. Normalmente os clínicos seguem os protocolos e orientações. Se existe algo incomum ou fora dos protocolos, eles trazem para os radiologistas e é discutido qual a melhor modalidade de exame de imagem para aquele paciente”, contou. Na Inglaterra, quando algum caso de câncer é diagnosticado ou suspeito, os resultados dos exames têm de ser discutido em uma reunião multidisciplinar. Para cada novo caso de câncer detectado no país, em qualquer estágio da doença, é realizada uma reunião nacional de gestão e diagnóstico. “Isso determina qual a melhor forma do paciente ser tratado. E o paciente segue o caminho indicado”, relatou.
Formação do médico na Inglaterra Para estar habilitado a fazer radiologia na Inglaterra é preciso completar todo o curso de Medicina, além de ter trabalhado, ao menos dois anos, no sistema médico. O fato de o candidato ter algum tipo de pósgraduação é uma vantagem, mas não é obrigatório. Dra. Anju ressaltou que a seleção para radiologista é um processo nacional e não baseado nas instituições. “Nós não escolhemos por hospital. Cada região escolhe os residentes para sua região, de uma só vez, e só então eles serão alocados nos hospitais que irão trabalhar,
estão em posição de suportar uma cirurgia já que se trata de um programa nacional de mais radical, mais severa, mas somente se desenvolvimento regional”, declarou. detectarmos cedo. Então a imagem funcional A especialista afirmou que os candidaé uma das ferramentas que temos esperança tos podem marcar três opções de preferência que possa nos fornecer este diagnóstico prede região e instituição. O treinamento que coce para estarmos aptos a forma radiologistas, na tratar isso cedo”, explicou. Inglaterra, dura cinco A especialista afiranos, sendo quatro anos mou que ainda não se dedicados à residência. O tem um domínio comquinto ano é destinado à pleto sobre essas novas especialização em alguma técnicas. “Temos um lonárea da radiologia e aingo caminho pela frente. da são necessários mais Isso ainda não está sendo seis meses para a Grande usado da melhor forma, Experiência (como é chatemos muito a aprender mado na Inglaterra) - mosobre como reproduzir as mento em que o candidadiversas possibilidades to procura por um posto nas mãos de todos e não voluntário e mantém o somente de experts. Atutreinamento de habilialmente está nas mãos dade até que consiga um daqueles especialistas que posto definitivo para ir. Dra. Anju Sahdev, do Barts Health, sabem exatamente como “Também aconselhade Londres. elas funcionam. Mas o mos os futuros médicos a, que acontecerá quando caírem nas mãos de no ano seguinte, procurar a educação superior outras pessoas que não são necessariamente com programas de pesquisa, PhD, ou cursos experts? Eles ainda terão performances tão de aperfeiçoamento no exterior”, relatou. eficientes? Eu acho que ainda não temos Técnicas respostas para isso”, ressaltou. Questionada sobre a questão dos Troca de experiências profissionais estarem ou não prontos para incorporar as novas técnicas funcionais de Segundo Dra. Anju, a Jornada Gaúcha imagens, Dra. Anju afirmou que “elas são de Radiologia foi uma excelente oportunimuito promissoras, mas que só são tão boas dade para os profissionais trocarem expequantos as pessoas que estão usando-as”. riências e combinar a teoria com a prática. “Assim como temos máquinas dando “O evento está indo muito bem, estou grandes resultados, é preciso ter certeza que achando fantástico e muito bem organizado. esses grandes resultados são importantes, O conteúdo das palestras é excelente e estou úteis e fornecidos corretamente. Cada vez muito honrada em representar a Internatiomais, em todos setores da Medicina, estamos nal Cancer Imaging Society (ICIS)”, afirmou realmente focados em prevenir a doença e durante o evento. Realizado pela Associação também tentando impedir que a doença Gaúcha de Radiologia (AGR), em parceria seja recorrente. Tudo que temos a fazer é com o Colégio Brasileiro de Radiologia e detectar a doença recorrente o quanto antes com a ICIS, reuniu mais de 600 radiologistas para tratá-la cedo”, declarou. de todo o país, em Porto Alegre (RS), a fim “Eu trabalho basicamente com oncode discutir novos procedimentos, técnicas logia, então a maioria dos meus exemplos e atualizações para aperfeiçoar a profissão. são relacionados com câncer, como o de A atração inédita deste ano foi o Simpócolo de útero, que é uma doença que ocorre sio da ICIS, que se destacou na programação em mulheres jovens, e o procedimento ciao proporcionar um painel de discussões rúrgico também vem cedo na doença, mas multidisciplinares, com enfoque na área de imagem em oncologia com a participação de elas também têm um alto índice de doença renomados professores. recorrente. Elas são jovens, saudáveis e
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entrevista
“Imagem dinâmica de raios x é o próximo passo” De estatura pequena, característica das mulheres chinesas, e de personalidade muito simples e amável, Jianqing Bennett não aparenta ser uma executiva de alto escalão de uma multinacional. Fica até difícil imaginá-la gladiando no mundo corporativo, dominado por homens. Deve ser um grande desafio, mas ela se mostra surpresa com o questionamento: “Todos os dias, me levanto para trabalhar com equipes diferentes, e não vejo diferença. Acho que, no mundo dos negócios, é mais sobre o indivíduo. Você tem visão? Consegue alinhar suas equipes? Consegue garantir o desenvolvimento das pessoas?”, dispara.
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ennett é vice-presidente mundial de serviços exemplo, certas aplicações de tomografia e vendas médicas da Carestream, parte do computadorizada, que são mais caras. time de liderança sênior da empresa e resJornal ID – Vocês oferecem hoje o ponsável por conduzir vendas e serviços do Revolution na América Latina, um equiportfólio de imagens médicas e soluções de pamento de raios x móvel. Como você TI para a saúde. Possui MBA pela Universidade de Iowa, vê o desenvolvimento dessa tecnologia Estados Unidos, e é bacharel em engenharia biomédica e quais os próximos passos? pela Fudan University School of Medical Sciences, Xangai, Jianqing Bennett – Desenvolvemos China. Esteve no Brasil – pela quarta vez – em agosto, para o raio x móvel com alguns objetivos em acompanhar o que ela considera um dos mais crescentes mente, para dar melhor suporte ao paciente mercados para a empresa, e concedeu esta entrevista ao e também aos hospitais, mostrar como adJornal Interação Diagnóstica. ministrar seu equipamento e como garantir Jornal ID – Qual o propósito específico de sua visita que o ambiente para a tecnologia, para os ao Brasil? radiologistas ou mesmo para os médicos de Jianqing Bennett – É um dos países que cresce mais UTI esteja adequado. Consideramos tudo rapidamente e, onde a economia cresce, o mercado de saúisso para garantir que, ao levar o raio x de crescerá também. Sempre temos o foco no mercado móvel ao paciente, você leve também A partir da esq.: Robert Eisenbraun, Jianqing Bennett, Alberto Brousset e Roberto Godoy. brasileiro, e é por isso que todos os anos eu qualidade de imagem. Jianqing Bennett – Eu provavelmente as resumiria faço essa viagem, para realmente entender O raio x móvel existe há muito tempo na troca de informação clínica – entre serviços, entre áreas “Temos o melhor de como o mercado está se desenvolvendo e, geralmente, apresenta imagem com clínicas e de radiologia de uma instituição, entre centros de aqui. Toda vez que venho, percebo menor qualidade do que a padrão. dois mundos porque oferecemos imagem e até mesmo entre médicos e pacientes. Isso está o quanto o volume de pacientes Desenvolvemos o nosso equipaum portfólio muito inovador e, por ouse tornando muito melhor graças às inovações tecnológicresce, o que você não vê em mento móvel para assegurar o tro lado, o mercado aqui é muito grande em cas, porque estamos alavancando a tecnologia na nuvem muitos países. Sou a pessoa fornecimento da mesma qualirelação a negócios mais tradicionais – filmes, no e também as aplicações móveis, que tornam possível a que tem que garantir que dade de imagem de um equicaso. Então, temos um grande mercado para explocomunicação aprimorada entre os pacientes, seus médicos realmente entendemos esse pamento fixo. O médico pode rar nessas duas vias. Todos sabemos que, em algum e os radiologistas. mercado, e que conseguimos então decidir imediatamente momento, o mercado vai migrar para o digital, e ter Jornal ID – O que a Carestream está preparando para posicionar nossas soluções qual o tratamento para aquele essa base tradicional significa que ainda há grandes o RSNA 2014? para que se moldem às nepaciente, se vai ser levado à oportunidades para os clientes fazerem a migração Jianqing Bennett – Nos últimos anos, temos sempre cessidades específicas locais. cirurgia, ou mesmo se o trataapresentado soluções inovadoras no Congresso, e contiApesar de muitos dos desafios mento feito está progredindo. para o digital, de um modo muito eficiente. E nuaremos a fazer isso. Mas, de forma geral, a empresa tem em saúde serem globais e semeA partir disso, temos alavannessa transição, podemos ajudar.” uma abordagem única: nos esforçamos muito para entender lhantes, o mercado brasileiro tem cado muito nosso desenvolvimento Robert Eisenbraun, quais são as necessidades dos clientes. Às vezes, você tem sua singularidade. As necessidades em tecnologia digital, investimos diretor geral do Brasil regiões diferentes com dinâmicas diferentes. Então nossa de nossos clientes mudam gradualmuito em inovação, como é o caso da preocupação é conversar com esses clientes e identificar mente, e queremos nos certificar de que tecnologia empregada no Revolution. como estão evoluindo, para que possamos apresentar novas estamos acompanhado-as. Temos, por exemplo, a melhoria tube & line, soluções. Este ano não será diferente: vamos surgir com Apesar das questões econômicas atuais terem que são basicamente melhorias clínicas para o paciente respostas novas para cobrir as necessidades deles. desapontado os brasileiros e o crescimento esperado não de UTI, que geralmente tem muitos tubos para Jornal ID – Quais são os próximos paster se concretizado, a população continua a crescer, e, conmonitoramento contínuo, e nós possibilisos da Carestream? sequentemente, as necessidades na saúde também. Particutamos ao médico ver se está tudo no “Em nossa região, Jianqing Bennett – Primeiralarmente para as nossas soluções, focadas em raios x, temos lugar correto, se o paciente está temos o suporte para investir na mente, vamos continuar invesbons resultados. de fato melhorando. O médico aproximação de nossos clientes. Esta é uma tindo em raios x e em tecnoJornal ID – O Brasil seria um dos principais mercados também pode ver qual o estratégia muito importante que seguimos, não logia da perspectiva de TI de raio x para a Carestream? aspecto daquela imagem apenas para entender suas necessidades, mas também – computação na nuvem Jianqing Bennett – O raio x é a primeira linha de imade raios x comparado ao para fornecer a melhor experiência de venda e de serviços e aplicações móveis que gem diagnóstica para nós. Geralmente, o procedimento com período anterior, perda indústria. Isso tem sido parte de uma iniciativa muito imrodam na nuvem. A Caele é 50% de todo o procedimento clínico – TC, RM, PET/CT, mitindo identificar de portante de como conduzimos a América Latina. Tenho passado restream sempre verifica medicina nuclear. Quando você fala em procedimentos de imediato o progresso muito tempo no Brasil nos últimos 18 meses para entender o quais as necessidades dos imagem diagnóstica, não faz muita diferença falar em países do paciente. clientes que ainda não em desenvolvimento, desenvolvidos ou emergentes – o raio Também fizemos mercado, porque isso é essencial. Temos um time global muito foram atendidas, sempre x, geralmente, cobre 50% do total realizado. Dessa forma, desenvolvimento do profissional, e, para mim, é importante entender o mercado considerando qual nova mantemos o mesmo foco para todos os países. ponto de vista ergonôexatamente como é, para fornecer suporte à equipe local. modalidade ou abordagem Jornal ID – O raio x é um exame de grande alcance mico para garantir que, O Brasil é o país líder da América Latina não apenas por deve ser feita. aqui. Diante de outras potentes tecnologias, porém, como o técnico movimente e seu tamanho, mas pelos serviços avançados que possui, Sempre lançamos novos ele ficará no futuro? manuseie o raio x com são líderes no mundo, inclusive.” produtos, novas soluções feitas Jianqing Bennett – No geral, em imagem diagnóstifacilidade. Para tanto, leAlberto Caballero Brousset, diretor para atender o mercado ainda não ca, o raio x é sempre o primeiro a ser acessado e o mais vamos muito em conta as geral da América Latina atendido. O raio x digital não foi popular, também por razões clínicas; ele te dá o primeiro observações de nossos clientes. inventado pela Carestream, mas o modo entendimento básico do que os sintomas clínicos podem O Revolution também eleva o nível como incorporamos nossas soluções é para ser, e acreditamos que ele continuará a ser o primeiro meio de comunicação – quando a imagem está entender claramente quais são as necessidades reais de de se obter um diagnóstico, por fornecer imagem do corpo sendo feita, ela é na mesma hora repassada ao nossos clientes. Essas necessidades podiam estar lá antes, e inteiro, osso ou tecidos moles, e também pela rentabilidade. PACS do hospital via wireless, então os radiologistas, acabaram não sendo atendidas por outras empresas. O panorama está mudando por causa da tecnologia que geralmente não estão ao lado do paciente, conseguem A área de tecnologia de detecção de imagem digital envolvida. Então, além de diagnósticos básicos, estamos ter acesso imediato. Então, essas são as três características abre um novo horizonte, porque somada ao tradicional continuamente evoluindo para a imagem dinâmica. Ele principais do raio x móvel: as clínicas, as ergonômicas e raio x, que produz imagem estática, permite fazer a imapoderá te dar, no futuro, uma informação clínica muito mais de eficiência do fluxo de trabalho. gem dinâmica. rica, até chegar a um grau em que poderá substituir, por Jornal ID – Quais as tendências no setor de imagem?
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Inovação
Primeiro ultrassom com tecnologia Samsung chega ao Brasil Em 2011, a Samsung adquiriu a Medison, deixando claro desde então que seu objetivo seria o de dominar o mercado de ultrassonografia em poucos anos. Um grande passo nesse sentido foi dado no início de setembro, quando a marca Samsung Medison apresentou ao Brasil o primeiro equipamento desenvolvido utilizando-se a tecnologia proveniente de ambas e voltado ao setor de obstetrícia: o ultrassom UGEO WS80A.
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“A empresa pensa, porém, nos benefícios que vão além o primeiro equipamento Premium que reúne dos que o que o equipamento de ultrassom em si pode ofeo melhor de dois mundos: a parte de diagrecer. Hoje, tempo o aplicativo Hello, Mom disponível para nóstico clínico e processamento de imagem sistemas Android, que permite aos pais receber a imagem da Medison somada ao melhoramento eledos exames e compartilhar trônico da rapidamente pelo smarSamsung”, explica Detphone ou tablet. Também nilson Kuratomi, head da oferecemos imagens em divisão da área médica. 3D: os pais podem, duranO lançamento oferece te o exame, ver detalhes do tela sensível ao toque, bebê usando os óculos. O permitindo aos médicos se nosso equipamento é oticoncentrar mais nas imamizado para ter a melhor gens, a entrada fácil de daresolução de imagem, que dos e a redução do estresse é, no mínimo, HDMI”, ao pressionar botões, além completa Denilson. Sede TGC digital. O monigundo ele, isso mostra a tor Led de 21.5” oferece precoupação da Samsung qualidade de imagem, cor Medison não apenas com e resolução superior aos o médico, mas também monitores convencionais. Dra. Maria Cristina Chammas, diretora Serviço de Ultrassonografia do InRad, ladeada por Denilson Kuratomi, Carmen Nan e Taryna com o paciente, que acaba Item opcional, o porta Navarro, da Samsung. por procurar e confiar mais transdutor endovaginal naquele médico que oferece esses recursos. impede os usuários de derrubarem os transdutores que O novo equipamento é duas vezes mais rápido que os não se encaixam de forma segura nos suportes padrão, e disponíveis no mercado, utiliza Windows 7, consome menos há ainda apoio para a organização dos cabos dos transduenergia e produz menos ruído. “A área médica é um dos tores nos dois lados do equipamento. É possível também pilares de crescimento futuro para a Samsung, e o Brasil é ajustar a altura do equipamento sem esforço. O aquecedor o principal mercado para a empresa. Esse lançamento vem de gel é um recurso padrão e mantém o produto em uma reforçar nossa estratégia”, finaliza. temperatura de 30oC.
lançamento
Mamógrafo digital da Fuji em duas opções
A
Fujifilm, acaba de lançar no Brasil o mamógrafo AMULET Innovality, e os participantes do CBR poderão ver de perto este equipamento que reúne tecnologia digital de última geração, com imagens de alta definição, tomossíntese mamária com resolução de 50 microns e sistema de estereotaxia. A nova solução permite a realização de dois exames em um único equipamento. As imagens captadas a partir de ângulos diferentes são reconstruídas em fatias, na qual a estrutura de interesse está sempre em foco. Após a reconstrução das imagens tomográficas, é possível identificar as lesões com mais facilidade do que no procedimento de mamografia de rotina. A função tomossíntese presente no AMULET Innovality, oferece dois modos de ação para atender diferentes cenários clínicos. A opção Standard utiliza uma faixa angular que permite a tomossíntese rápida, utilizando uma baixa dosagem de radiação e apresentando alta resolução. Já a modo High Definition permite a produção de imagens com um nível ainda melhor de detalhamento, uma vez que utiliza um ângulo maior de captação de imagem, resultando em uma melhor resolução de profundidade, o que garante uma visualização mais nítida e eficaz. O equipamento conta ainda com a resolução de 50 microns, que garante mais nitidez na imagem, possibilitando o diagnóstico precoce de células tumorais, o que pode ser decisivo no tratamento do câncer. Com design inovador, o mamógrafo possui bordas arredondadas, projetadas para reduzir o desconforto causado pela compressão das mamas. Desta forma, as pacientes encontram-se mais relaxadas durante a realização do exame de mamografia.
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Rastreamento mamográfico: uma questão atual para os radiologistas tram fortemente em dois autores, Gotzsche e Olsen, e se baseiam nos estudos canadenses e seus seguimentos. No entanto, uma grande quantidade de sociedades médicas e de especialistas que têm uma interpretação diferente desses dados. É interessante notar que, após uma publicação desses autores no BMJ (7), foi publicada uma resposta rápida (questionamento eletrônico ao editor) apontando uma tendenciosidade do BJM e desses autores e entendendo que o editor chefe do BMJ teria deixado de divulgar conflito de interesses por não informar que faz parte do conselho do Cochrane Nórdico (8). De onde vêm os argumentos desses autores? Justamente de dois artigos canadenses originais (1, 9) e de seus seguimentos. De 8 estudos
Periodicamente observamos críticas ao rastreamento mamográfico. Em 1993, uma análise de dados de um estudo canadense levou o National Cancer Institute a retirar a recomendação para o rastreamento mamográfico na faixa entre 40 e 50 anos (1), posição essa revertida em 1997. Em 2009, a U.S. Preventive Services Task Force (USPTF), após realizar um painel de especialistas, decidiu recomendar que o rastreamento se iniciasse aos 50 anos e com intervalo de 2 anos. Essa iniciativa foi duramente criticada por diversas sociedades científicas mundialmente, que argumentaram sobre a grande perda de anos vida que essa nova recomendação traria (2, 3), e como sua conclusões eram mal baseadas do ponto de vista científico (4). Mais recentemente, o Conselho Médico Suíço (5), influenciado por um novo seguimento do mesmo trabalho canadense (6), retirou a recomendação para rastreamento mamográfico do câncer de mama naquele país, entendendo que os inconvenientes não compensavam os benefícios, e citou: “A redução do risco relativo de cerca de 20% na mortalidade do câncer de mama atualmente descrita na maior parte dos relatórios de especialistas vem com o preço de uma considerável cascata diagnóstica...”. Novamente, múltiplas sociedades médicas criticaram a posição do Conselho Médico Suíço. Esses dados tiveram alguma repercussão no Brasil, onde má interpretação deles motivou afirmativas como a de que “a mamografia não serve para nada” veiculadas na internet.
Ponderação O que pensar disso tudo? A arte médica requer tirocínio para avaliar o grande volume de dados de pesquisa visando o benefício do paciente. Implica em usar o bom senso para evitar os modismos e saber identificar conflitos de interesse além dos declarados e óbvios. Nesse contexto não é possível ignorar esses argumentos contra o rastreamento mamográfico, mas deve-se recebê-los com o necessário espírito crítico. Vamos analisar melhor os dados disponíveis.
Análise multilateral dos dados As grandes críticas ao rastreamento mamográfico vem de trabalhos publicados no British Medical Journal (BMJ), se concen-
reservas através dessas décadas. É natural que todas as publicações de seguimentos desses estudos canadenses encontrem resultados que não suportem a diminuição de mortalidade pelo rastreamento, pois são reanálises do mesmo material contaminado por erros metodológicos. Por outro lado, há um robusto número de publicações mostrando os benefícios do rastreamento mamográfico a partir dos 40 anos. Além dos estudos randomizados e controlados, vários estudos observacionais têm demonstrado benefícios da mamografia na redução da mortalidade por câncer de mama. Embora o poder de conclusão desses estudos seja menor, eles têm o mérito de incorporar novas realidades nessa área, como a melhora da atenção mé-
Ilustração
Introdução
criticada por não levar em conta parâmetros epidemiológicos importantes, e os números reais são provavelmente muito menores (10, 15). Esses números dependem de muitas suposições, e as estimativas variam bastante, mas é inegável que isso acontece. Falam também de estresse desnecessário. Curiosamente, nunca entra nessa equação a necessidade de tratamentos mais agressivos para mulheres fora do programa de rastreamento que apresentam consequentemente cânceres mais avançados. Muitas dessas mulheres sobrevivem, porém às custas de tratamentos mais agressivos para obter o mesmo resultado. Esses tratamentos mais agressivos também são geradores de estresse e despesa. Uma vez que a paciente sobreviva, não é estudado o tamanho do seu tratamento. É de bom senso postular a hipótese de que as pacientes do grupo rastreado tenham recebido tratamento menos agressivo. Talvez possamos dar um nome a esse fenômeno para que ele eventualmente passe a ser contabilizado. Quem sabe algo como “tratamento de agressividade reduzida”.
Conclusão
“É útil lembrar que rastreamento mamográfico é caro, e esforços devem ser feitos para controlar seu custo. É imprescindível o controle de qualidade”.
randomizados e controlados analisando o rastreamento mamográfico realizados há várias décadas, seis mostraram que a mamografia diminui a mortalidade por câncer de mama, e dois, os estudos canadenses, não mostraram. Esses estudos, no entanto, foram duramente criticados quando à sua metodologia. As críticas mais importantes foram a utilização em mais de 50% das pacientes de mamografias de qualidade inferior e, principalmente, a contaminação do grupo rastreamento com mulheres portadoras de nódulos palpáveis (10, 11). Ora, essa prática se assemelha a encaminhar a um grupo de pacientes sendo estudado para uma medida de prevenção do infarto do miocárdio pacientes com angina estável. Naturalmente os benefícios da medida serão subestimados quando comparados a um grupo que não recebeu a medida preventiva, mas que tinha menor número de pacientes com angina instável. Por esse motivo, os resultados dos estudos canadenses foram vistos com
dica, em especial da quimioterapia. É fora do nosso escopo citar todos esses artigos, portanto nos restringiremos a duas publicações extremamente relevantes: a publicação de Tabar (12) dos resultados acumulados no estudo dos dois condados suecos após 29 anos, mostrando uma forte redução da mortalidade nas pacientes rastreadas e um recente estudo norueguês (13), que mostrou que o convite para rastreamento reduziu a mortalidade por câncer de mama em 28%.
Outras considerações Os críticos do rastreamento mamográfico citam frequentemente outros dos seus problemas: biópsias desnecessárias, custos, sobrediagnóstico e sobretratamento. Esses dois últimos se referem a pacientes que são tratadas de câncer de mama e que jamais desenvolveriam a doença. Já foi citado que o sobrediagnóstico no rastreamento mamográfico poderia ser de até 31% (14), mas a metodologia dessa estimativa foi duramente
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11. Tarone RE. The Excess of Patients with Advanced Breast Cancer in Young Women Screened with Mammography in the Canadian National Breast Screening Study Cancer 1995; 75:997-1003.
5. Biller-Adorno N, Jüni P. NEJM 2014; 370:1965-7 6. Miller et al. Twenty five year follow-up for breast cancer incidence and mortality of the Canadian National Breast Screening Study: randomised screening trial. BMJ 2014;348:g366 doi: 10.1136/bmj. g366 7. Pal Suhrke, Jan Maehlen, Ellen Schlichting, Karsten Juhl Jorgensen, Peter C Gotzsche, and PerHenrik Zahl. Effect of mammography screening on surgical treatment for breast cancer in Norway: comparative analysis of cancer registry data. BMJ 2011;343:d4692
12. Tabar L et al. Swedish two-county trial: Impact of mammographic screening on breast cancer mortality during three decades” Radiology. 2011;260(3):658-63. 13. Harald Weedon-Fekjær, Pål R Romundstad, Lars J Vatten. Modern mammography screening and breast câncer mortality: population study. BMJ 2014;348:g3701 doi: 10.1136/bmj.g3701. 14. Bleyer A, Welch HG. Effect of three decades of screening mammography on breast cancer incidence. N Engl J Med 2012;367(2):1998–2005. 15. Duffy SW, Parmar D. Overdiagnosis in breast câncer screening: the importance of length of observation period and lead time. Breast Cancer Res 2013; 15:R41.
É muito grande o número de evidências de que o rastreamento mamográfico do câncer de mama a partir dos 40 anos reduz a mortalidade de forma significativa. No entanto, sabe-se também que a eficiência dessa redução está longe de ser ideal, e que há um preço financeiro e humano a se pagar por esse benefício. As críticas acima citadas têm o mérito de estimular nosso aperfeiçoamento constante. É útil também lembrar que rastreamento mamográfico é caro, e esforços devem ser feitos para controlar seu custo. É imprescindível o controle de qualidade. Nada mais caro que um falso negativo por falta de qualidade. Além disso, devemos nos esforçar para obter a melhor relação custo-benefício com os equipamentos. Devemos escolher as formas mais baratas de biópsia que sejam eficazes, uma vez que um custo significativo dos programas de rastreamento é o das biópsias. Não devemos negligenciar nosso papel em dar suporte e preservar nossas pacientes de procedimentos excessivamente invasivos. Talvez essas fossem as discussões mais importantes nesse momento. Igualmente importante seria discutir estratégias para que a paciente diagnosticada com lesão suspeita tenha sua biópsia agilizada, e a paciente diagnosticada com câncer tenha seu tratamento agilizado (já há lei nesse sentido, mas, ela está sendo cumprida?). Um efeito colateral dessa polêmica requentada é que ela pode desviar nossos esforços e foco para longe do que realmente interessa. Mas podemos também aproveitar o ensejo para acender essas discussões tão atuais e pertinentes.
Autor Hélio S. A. de Camargo Jr (x) Membro da Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia, Sociedade Brasileira de Mastologia e Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. (xx) Artigo publicado originalmente no Portal da Febrasgo.
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Aspectos de imagem dos métodos de aumento das mamas: ensaio pictórico
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erca de 3,4 milhões de procedimentos mamários estéticos são realizados ao ano no mundo1. Desses, mais da metade são para aumento das mamas, através do qual se altera o tamanho e a forma da mama e se corrigem assimetrias2,3, representando mais de 15% de todos os procedimentos cirúrgicos realizados por cirurgiões plásticos atualmente1,4,5. Com este fim, desde o final do século XIX, diferentes substâncias têm sido aplicadas nas mamas para reconstruílas ou aumentá-las3. Em 1895, Vincenz Czerny utilizou tecido autólogo de um lipoma para corrigir uma assimetria pós-cirúrgica3,6–8. Posteriormente, relatou-se o uso de injeções de parafina3,7,8 que, apesar das complicações associadas, permaneceram populares durante a 1a metade do século XX3,9. Outros materiais foram, por curtos períodos, utilizados para promover o aumento mamário, tais como marfim, borracha moída, bolas de vidro, esponjas sintéticas e cartilagem de boi, com níveis variados de complicações3,7,8,10. Nas décadas seguintes à 2a Guerra Mundial, inúmeras substâncias líquidas começaram então a ser injetadas, como óleos e silicone líquido, este último mais popular entre 1950 e 19603,8. Só em 1964 que os primeiros implantes de silicone foram desenvolvidos, e aperfeiçoados até 1990, quando surgiram os implantes salinos e os de duplo lúmen3,8. Mais recentemente, houve o advento da injeção de ácido hialurônico e o uso do “sutiã interno”2,11,12. Diante da elevada demanda por cirurgias de aumento mamário e dos diversos procedimentos e materiais que podem ser utilizados para esse fim, nosso objetivo é demonstrar os principais aspectos de imagem observados em diferentes métodos de aumento das mamas.
Injeção de parafina Abandonada no meio médico pelas sérias complicações associadas13, o uso da parafina manteve seu uso informal por ser um meio rápido, barato e relativamente indolor de aumento das mamas, com efeito cosmético atrativo e imediato13,14. Na mamografia (MMG) aparece como múltiplas massas circunscritas e não calcificadas, obscurecidas pelo parênquima mamário, quando injetadas recentemente (Fig. 1). Mais tardiamente há formação de parafinomas, com distorções arquiteturais, calcificações distróficas ou em anel, opacidades ou massas indistintas13,14.
tidos como insatisfatórios, associam-se complicações15 como necrose gordurosa, calcificações e distorções arquiteturais3,14. Sugere-se ainda que os adipócitos injetados induzem alterações clínicas e radiográficas que comprometem a detecção do câncer de mama15,18. Dentre as alterações na MMG destacam-se cistos e microcalcificações (Fig. 2), na US e ressonância magnética observam-se formações císticas e cistos de necrose gordurosa15,16,18.
Injeção subcutânea de silicone líquido A injeção de silicone líquido tende a se espalhar e migrar para linfonodos ou embolizar7,14, sendo banida na década de 1970 pelas inúmeras complicações14, que incluem linfadenopatias, infecções, formação de granulomas (“siliconomas”), hepatite granulomatosa, embolismo e até óbito, se injeção
Figura 2: INJEÇÃO DE GORDURA: Incidências em CC revelam nódulos radiotransparentes (cistos oleosos), característicos da gordura injetada.
Na ultrassonografia (US) pode ser observadas alterações na mama e no espaço retroglandular, como coleções líquidas e os “parafinomas”, que cursam com intensa sombra acústica posterior, em “tempestade de neve”, que obscurece o parênquima mamário13,14.
Injeção de gordura Com o advento da lipoaspiração em meados de 1970, a gordura aspirada pôde ser injetada em outras partes do corpo, incluindo as mamas, visando seu aumento15,16. No entanto, apresenta limitações que incluem o volume de gordura que pode ser injetado por procedimento e a porcentagem de sobrevivência do enxerto3,17. Além de resultados Figura 4: INJEÇÃO SUBCUTÂNEA DE SILICONE LÍQUIDO: USG do mesmo caso mostra a presença de cistos complexos (siliconomas) e o aspecto em “tempestade de neve” (padrão difusamente hiperecogênico com áreas de atenuação acústica).
arterial inadvertida7,14,19. Na mastopatia por silicone, formamse massas bem delimitadas e com calcificação periférica até massas espiculadas, difíceis de serem diferenciadas de neoplasias14,19. Na MMG, observam-se nódulos hiperdensos, circunscritos, com calcificações parietais (Fig. 3), obscurecendo o parênquima normal19. Na US observam-se cistos complexos (“siliconomas”) e o aspecto em “tempestade de neve” (Fig. 4), observado nos parafinomas20.
Implantes mamários A colocação de implantes é a forma mais comum de aumento mamário21. Os primeiros implantes eram compostos por um envelope preenchido por silicone em gel; posteriormente surgiram implantes com válvulas preenchidos por salina. São mais comumente de lúmen único, porém existem variações que incluem o duplo lúmen, compostos de silicone e salina21,22. Os implantes podem ser colocados anteriormente (prépeitorais) ou posteriormente (retropeitorais) ao músculo peitoral maior. E quando implantados, forma-se uma capsula fibrosa ao seu redor21,22. Na MMG são vistos como formações ovais, anteriores (Fig. 5) ou posteriores ao músculo peitoral (Fig. 6), com envelope denso ao seu redor. No implante salino pode se observar a valva, e seu centro mais radiolucente (Fig. 7). Na US, observa-se conteúdo anecóico e a cápsula fibrosa é vista como um envoltório ecogênico, podendo ter calcificações associadas. No duplo lúmen, as duas câmaras podem ser visibilizadas (Fig. 8)21,22. Figura 1: INJEÇÃO DE PARAFINA: Mamografia nas incidências médio-lateral-oblíqua (MLO) e CC (crânio-caudal) demonstrando numerosas calcificações, esparsas e bilaterais, a maioria redonda ou anelar, associadas a aumento de densidade das mamas.
Figura 3: INJEÇÃO SUBCUTÂNEA DE SILICONE LÍQUIDO: Incidências em MLO e CC mostram nódulos hiperdensos ao tecido fibroglandular, com contornos circunscritos, alguns com calcificações parietais. A paciente apresenta também implantes de silicone.
Continua
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Aspectos de imagem dos métodos de aumento das mamas: ensaio pictórico continuação
Figura 5: IMPLANTES DE SILICONE: PRÉ PEITORAL: (A) Mamografias em CC e MLO: implantes radiopacos em situação pré peitoral. (B)Ultrassonografia: implante de silicone anecóico, com evoltório ecogênico. Pode haver ecos internos de reverberação. (C) Ressonância magnética: sequência específica para silicone (STIR) evidenciam implantes com hipersinal, sem sinais de rotura.
Figura 9: INJEÇÃO SUBCUTÂNEA DE ÁCIDO HIALURÔNICO: (A)Mamas antes da injeção do produto, sem alterações mamográficas. (B) Menos de um ano após a injeção, podemos notar múltiplas lesões hiperdensas na região posterior das mamas, adjacente ao músculo peitoral maior. (C)Dois anos após a injeção, as lesões já são menos evidentes.
Figura 7: IMPLANTES SALINOS: Mamografias em CC e MLO: implantes em situação pré peitoral. Em relação aos implantes de silicone, os salinos são mais radiotransparentes.
Figura 6: IMPLANTES DE SILICONE: RETROPEITORAL: (A) Mamografias em CC e MLO: implantes radiopacos em situação retropeitoral. Observar a linha radiopaca que representa o músculo peitoral maior, melhor visibilizada na incidência MLO (setas). (B) Ultrassonografias: implantes anecóicos em situação posterior ao músculo peitoral maior (seta). (C)Ressonância magnética: Sequência T1. Observar o implante em posterior ao músculo peitoral maior (seta).
Figura 10: INJEÇÃO SUBCUTÂNEA DE ÁCIDO HIALURÔNICO: Na ultrassonografia, o observam-se múltiplas coleções hipoecóicas com ecos internos, de tamanhos variados. As coleções podem ser bem definidas ou dispersas no tecido fibroglandular, algumas comunicantes entre si e com o músculo peitoral.
Injeção subcutânea de ácido hialurônico No meio cirúrgico, os procedimentos minimamente invasivos vem ganhando espaço23, assim como a injeção de ácido hialurônico, um preenchedor de partes moles temporário, absorvido em 12 a 18 meses2,24,25. Sua injeção pode ser realizada ambulatorialmente, sob anestesia local, em aplicações únicas ou múltiplas entre o músculo peitoral e o tecido glandular, com poucas complicações2,23–25. Na MMG o ácido hialurônico aumenta a densidade do parênquima, de forma generalizada ou como múltiplas lesões circunscritas (Fig. 9). A US é útil nesses casos pois o aumento da densidade mamária na mamografia reduz sua sensibilidade2,23,25. Ao ultrassom, observam-se múltiplas coleções anecóicas, mas que podem apresentar ecos internos e variações de tamanho e ecogenicidade25 (Fig. 10).
Sutiã interno
Figura 8: IMPLANTES DE DUPLO LUMEN: (A)Não há diferenças significativas no aspecto da mamografia, comparativamente ao implante de silicone puro. (B)Ultrassonografia: observar a linha ecogênica (seta reta) dividindo a porção salina (interna) da porção de silicone (externa), mas os dois lúmens apresentam conteúdo anecóico. (C)Ressonância magnética: nas sequências T1 e T2, nesta última é possível observar o lúmen externo (silicone – seta reta) com hipossinal e o lúmen interno (salino – seta curva) com hipersinal.
Composto por uma tela que pode ser confeccionada por diversos materiais, como polipropileno e vicril, o sutiã interno é mais utilizado na ptose mamária, podendo ser utilizado na simetrização pós-mastectomia11,12. Para funcionar como o sistema suspensório natural da mama, a tela é colocada, sem tensão, ao redor da glândula mamária e fixada no local de cruzamento da 2a costela e a fáscia peitoral, ponto de fixação natural do peito juvenil (Fig. 11)11,12.
Continua
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Aspectos de imagem dos métodos de aumento das mamas: ensaio pictórico
Conclusão
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Referências Bibliográficas 1. Domestic G. ISAPS International Survey on Aesthetic / Cosmetic Procedures Performed in 2013. 2013;1–16.
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Figura 11: “SUTIÃ INTERNO”: (A)Mamografia demonstrando a tela (seta). (B)Ressonância magnética: observar as telas (setas).
Autores Luciana C. Zattar Ramos Danilo Schwab Duque Vera L. Nunes Aguillar Patricia Akissue de C. Teixeira Daniela Gragolin Giannotti Vivian Larissa N. Omura Carla Basso Dequi Vera Christina C. de S. Ferreira Larissa A. João Moyses Marco Antônio Costenaro Cláudia C. Leite Giovanni Guido Cerri Médicos – Departamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Sirio-Libanês - SP
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Medidas e ângulos nas radiografias de membros inferiores: como fazemos Objetivos Demonstrar quais as medidas mais utilizadas na prática clínica rotineira, após um levantamento realizado entre ortopedistas, salientar a necessidade de um rigor técnico na realização das diversas incidências radiográficas e correlacionar com as principais implicações clínicas e terapêuticas
I. Estudo radiográfico das coxas Medidas do ângulo colo-diafisário de fêmur ✓
Ângulo formado entre o eixo central do colo femoral e o eixo longitudinal da diáfise femoral • Ângulos > 128 graus: coxa valga • Ângulos < 120 graus: coxa vara
✓ A medida média nas mulheres é menor que nos homens ✓ Em crianças, valores até 160 graus podem ser considerados normais, de acordo com alguns autores Implicações na conduta: nas crianças, ângulos menores ou iguais a 90 graus associados a claudicação exuberante, limitação de abdução e rotação podem indicar osteotomia valgizante
Figura 3: índice de Insall Salvati. No exemplo, índice de 1,47, indicando patela alta.
✓ Implicações clínicas das alterações da altura patelar: • Patela alta: maior probabilidade de luxações e de condropatia patelofemoral • Patela baixa: - Maior chance de desenvolvimento de artrose patelofemoral - Limitação do arco de movimento do joelho
III. Estudo radiográfico das pernas Medida do ângulo metáfise-diáfise da tíbia
✓ Objetivo: diferenciar a tíbia vara fisiológica da não fisiológica (Blount) Figura 1: medida do ângulo colodiafisário do fêmur. No exemplo, ângulo inferior a 120 graus indicando coxa vara.
II. Estudo radiográfico dos joelhos Medida da altura patelar 1. Índice de Caton-Dechamps: ✓ Método de obtenção: • Radiografia de perfil do joelho, com flexão entre 10 e 80 graus ✓
✓ Método de obtenção: • Paciente em pé • Radiografia das pernas na incidência de frente ✓ Realizada principalmente em crianças ✓ Ângulo formado entre uma linha que passa na porção superior da metáfise proximal da tibia (linha verde na figura 4) e outra perpendicular ao eixo da diáfise da tibia (linha amarela na figura 4) •
Encurvamento fisiológico: - 5,1 graus (variação de 2,8 graus) entre 11 e 20 meses de idade - 3,7 graus (variação de 3,1 graus) entre 21 e 30 meses - Ângulos > 11,0 graus: geralmente relacionados a doença de Blount
Relação entre a distância da borda inferior da superfície articular ao ângulo anterossuperior do planalto tibial (medida 2 na figura 2) e o comprimento da superície articular da patela (medida 1 na figura 2) • Normal: 0,6 a 1,3 • ICD > 1,3: patela alta • ICD < 0,6: patela baixa
✓ Desvantagem: método indireto (calcula a relação entre a patela e a tíbia e não em relação ao fêmur) Figura 2: índice de Caton Dechamps. No exemplo, índice de 0,53, indicando patela baixa
2. Índice de Insall Salvati:
✓ Método de obtenção: • Radiografia do joelho em perfil com flexão entre 20 e 70 graus ✓
Relação entre o comprimento do tendão patelar (medida 2 na figura 3 ) e o comprimento da patela (medida 1 na figura 3) • Normal: 0,8 a 1,2 • IIS>1,2: patela alta • IIS<0,8: patela baixa
✓ Desvantagens: • Método indireto • Em relação ao ICD apresenta maior variabilidade interobservadores devido à grande variação na morfologia do polo inferior da patela
Figura 4: medida do ângulo metáfise-diáfise da tíbia.
Continua
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Medidas e ângulos nas radiografias de membros inferiores: como fazemos continuação
✓
✓ Valores normais no adulto: 25 a 45 graus • Ângulo > 45 graus: retropé valgo • Ângulo < 25 graus: retropé varo
Figura 5: sequela de tíbia de Blount, com acentuado varismo da tíbia e consequente deformidade em varo dos membros inferiores.
IV. Estudo radiográfico dos pés
1. Ângulo dos pés para avaliação do arco longitudinal plantar Ângulo da altura do calcâneo (pitch do calcâneo)
Na incidência em perfil, é o ângulo formado entre uma linha que divide o tálus em duas metades iguais e uma linha que tangencia a supercície plantar do calcâneo (figura 9)
Figura 8: mesmo exemplo da figura 7, a incidência de frente mostra ângulo talocalcaneano de 35 graus, indicando valgismo do retropé, comumente associado aos pés planos.
✓ Obtido nas radiografias dos pés com carga, incidência em perfil ✓ Formado entre duas linhas que partem da porção mais inferior do calcâneo, uma em direção à face plantar da cabeça do quinto metatarso e outra acompanhando a borda inferior do calcâneo (figuras 6 e 7). ✓ Valores normais: 15 a 20 graus • Ângulo < 15 graus: pé plano • Ângulo > 20 graus: pé cavo
Figura 9: mesmo exemplo das figuras 7 e 8 mostra ângulo talocalcaneano na incidência em perfil de 49 graus, indicando retropé valgo.
3. Ângulo de valgismo do hálux ✓
Principal objetivo: auxiliar, junto com o ângulo varismo do primeiro metatarso, na classificação do valgismo do hálux para definição da conduta terapêutica
✓ Método de obtenção: radiografia dos pés de frente com carga Figura 6: medida do ângulo da altura do calcâneo. No exemplo, arco plantar longitudinal normal.
✓ Ângulo formado entre os eixos longos do metatarso e da falange proximal do hálux ✓ Valores normais < 15 graus • Ângulos > 15 graus: hálux valgo
Figura 7: ângulo da altura do calcâneo de 5,3 graus, indicando pé plano.
2. Ângulo dos pés para avaliação do alinhamento do retropé Ângulo Talocalneano ✓ Métodos de obtenção: radiografias de frente ou de perfil com carga ✓ Nas radiografias de frente (figura 8): ângulo entre a linha que divide o tálus em duas metades iguais, paralela à sua margem medial e uma linha paralela à superfície lateral do calcâneo ✓ Valores normais em adultos: 15 a 30 graus • Ângulo > 30 graus: retropé valgo • Ângulo < 15 graus: retropé varo
Figura 10: medida do ângulo do valgismo do hálux de 19 graus, indicando hálux valgo.
Continua
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Medidas e ângulos nas radiografias de membros inferiores: como fazemos continuação ✓
4. Ângulo de varismo do primeiro metatarso Método de obtenção: radiografia dos pés de frente com carga
✓ Formado entre os eixos longos do primeiro e do segundo metatarsos ✓ Valores normais: 5 a 10 graus • Valores > 10 graus: varismo do primeiro metatarso
Figura 11: mesmo exemplo da figura 10 mostra medida do ângulo de varismo do primeiro metatarso de 13,8 graus indicando varismo do metatarso, comumente associado a valgismo do hálux.
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✓ Vantagens: • Menor exposição à radiação • Permite avaliação de desvios angulares dos membros inferiores ✓ Desvantagem: • Promove magnificação dos membros inferiores em até 3% no fêmur e 1,5% na tíbia, dependendo da circunferência dos membros e da divergência do feixe de raios-x ✓ Acurácia semelhante à da escanometria, de acordo com alguns trabalhos ✓ Mensurações pelo método de Juan Farrill: • Primeira medida (medida 1 na figura 13): do ponto mais alto da cabeça femoral até a projeção do centro da incisura dos côndilos femorais numa linha que tangencia os côndilos femorais (mede o encurtamento femoral) •
Segunda medida (medida 2 na figura 13): deste último ponto entre os côndilos femorais até o ponto mais baixo da superfície artciular da tíbia (mede o encurtamento tibial)
•
Terceira medida (medida 3 na figura 13): medida direta: do ponto mais alto da cabeça femoral até o mais baixo da superfície articular distal da tíbia
•
Quando há diferença entre as medidas diretas dos membros inferiores, define-se o encurtamento funcional, que geralmente ocorre por desvios em varo ou em valgo em algum dos membros
Figura 13: medidas dos membros inferiores realizadas na teleortorradiografia utilizando o método de Juan Farrill.
2. Medidas dos desvios angulares dos membros inferiores
V. Estudo radiográfico panorâmico dos membros inferiores 1. Medidas dos comprimentos dos membros inferiores A. Escanograma com régua milimetrada (método de Bell-Thompson) ✓ Método de obtenção: • Paciente deitado com régua entre os membros inferiores • Distância tubo-chassi = 100 cm • Três exposições centradas na bacia, nos joelhos e nos tornozelos • Paciente permanece imóvel e o chassi move-se ✓ Vantagem: • Não determina magnificações dos ossos longos ✓ Desvantagens: • Realizada na posicão deitada • Maior exposição à radiação • Não permite a visualização de toda e extensão do osso • Não permite avaliação da altura dos pés ✓ Medidas a partir de três parâmetros: • Ponto mais alto da cabeça femoral (traço 1 na figura 12)
✓ Importância: • Desvios angulares dos membros inferiores promovem stress sobre a cartilagem articular, meniscos, osso subcondral, ligamentos, podendo contribuir para evolução da osteoartrose, independente da causa (congênitas, traumáticas, etc) • Quando decorrente de osteoartrose já existente, o desvio angular pode ser causado pela perda da espessura da cartilagem ou perda de altura óssea e, nestes casos, contribuem para agravá-la A. Eixo tibiofemoral mecânico ✓ Método de escolha na avaliação do alinhamento dos membros inferiores ✓ Método de obtenção: • Obtido a partir de radiografias panorâmicas dos membros inferiores realizadas com o paciente em pé, incluindo das cabeças femorais até os tálus, com as tuberosidades das tíbias voltadas para a frente. A tentativa de realizarmos o exame com as patelas voltadas para a frente pode levar a alterações nas medidas dos desvios angulares, devido à lateralização das patelas em considerável parte da população ✓ Traço 1 na figura 14 - eixo de carga: do centro da cabeça femoral até o centro da superfície artciular da tíbia ✓ Traço 2 na figura 14 - eixo mecânico do fêmur: do centro da cabeça femoral até um ponto central entre os côndilos femorais
Figura 12: medidas realizadas no escanograma pelo método de Bell Thompson.
✓ Traço 3 na figura 14 - eixo mecânico da tíbia: do ponto central entre as espinhas tibiais até o centro da superfície articular distal da tíbia
• Ponto mais baixo do côndilo femoral medial (traço 2 na figura 12)
• Ponto mais baixo da superfície articular distal da tíbia (traço 3 na figura 12)
✓ Traço 4 na figura 14 - eixo tibiofemoral mecânico: desvios a partir de 180 graus • Centro do joelho lateral ao eixo de carga: varo (por convenção: valores negativos)
B. Teleortorradiografia:
• Centro do joelho medial ao eixo de carga: valgo (por convenção: valores positivos)
✓ Método de obtenção: • Exposição radiográfica única dos membros inferiores com raios centrados nos joelhos • Distância tubo-chassi = 180 cm • Paciente em pé com as tuberosidades anteriores das tíbias voltadas para frente. • Pode-se usar um calço para tentar nivelar a pelve
Figura 14: obtenção da medida do eixo tibiofemoral mecânico.
Continua
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Medidas e ângulos nas radiografias de membros inferiores: como fazemos Conclusão
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B. Eixo tibiofemoral anatômico ✓ Método de obtenção • A vantagem da utilização dos eixos anatômicos é a possibilidade de ser obtido a partir de radiografias dos joelhos de frente. No entanto, o ideal é que seja calculado em radiografias panorâmicas de frente, para que não deixe de ser diagnosticada alguma deformidade proximal ou distal nos membros inferiores
Figura 18: mesmo paciente da figura 17. Radiografia do joelho mostra sinais de artropatia degenerativa no compartimento medial relacionada ao desvio em varo do joelho.
✓ Traço 1 na figura 15 - eixo de carga ✓ Traço 2 na figura 15 - eixo anatômico do fêmur: é paralelo à diáfise femoral, passando pelo centro das espinhas tibiais ✓
Traço 3 na figura 15 - eixo anatômico da tíbia: é paralelo à diáfise tibial e coincide com o seu eixo mecânico, passando pelo centro das espinhas tibiais
✓ Traço 4 na figura 15- eixo tibiofemoral anatômico Figura 15: obtenção da medida do eixo tibiofemoral anatômico.
D. Avaliação do alinhamento dos membros inferiores nos pós-operatórios de artroplastia dos joelhos • Alguns autores consideram ideal um valgo de até 4 a 6 graus no pós-operatório, com maior sobrevida da prótese • Linha de Maquet (figura 19): linha que vai do centro da cabeça femoral até o centro da superfície articular do tálus. Quando cruza o terço médio da prótese está relacionada a maior sobrevida da mesma
Figura 19: paciente com prótese femorotibial no joelho direito. Linha de Maquet cruza o terço lateral da prótese, o que poderia estar relacionado a uma menor sobrevida da prótese.
Figura 16: gráfico mostrando valores de normalidade dos desvios angulares dos membros inferiores desde o nascimento até próximo à puberdade.
✓
Quando não for possível a visualização adequada das cabeças femorais: utilizar um ponto médio entre as corticais internas da diáfise femoral ao nível do trocânter femoral menor e unir ao ponto no centro entre os côndilos
✓
Quando não for possível a visualização adequada dos tornozelos: utilizar um ponto médio na diáfise tibial no ponto mais distal visível e unir ao ponto ao centro entre as espinhas tibiais C. Considerações sobre as medidas dos desvios angulares dos membros inferiores
✓ No adulto: • Valor normal: valgo de até 5 a 7 graus ✓ Na criança: • O varismo dos membros inferiores poder ser considerado fisiológico até cerca de 2 anos de idade • O varismo dos membros inferiores regride após os 2 anos de idade, evoluindo para valgismo, o qual atinge seu máximo entre3 a 6 anos, podendo chegar a ultrapassar 15 graus, conforme mostra o gráfico da figura 16 • Aos 7 anos: valgismo semelhante ao do adulto (5 a 7 graus) ✓ Quando acompanhar radiograficamente: • Assimetria de valgismo ou varismo • Valgismo 2 desvios padrão acima ou abaixo do esperado para a faixa etária • Progressão rápida do valgo em idade não esperada • Crianças com altura abaixo do percentil 25 Figura 17: varismo do joelho esquerdo (centro do joelho localizado lateralmente ao eixo de carga, em amarelo), cuja medida do eixo tibiofemoral mecânico é de (-) 6,8 graus.
Conclusão O conhecimento das medidas mais utilizadas na prática clínica diária para a avaliação dos membros inferiores nos estudos radiográficos é essencial para um entendimento completo do aparelho locomotor, permitindo melhora na qualidade e confiabilidade das informações transmitidas para os médicos em sua prática rotineira.
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Autores Érica Narahashi Marcelo A. C. Nico Xavier M. G. R. G. Stump Médicos Radiologistas do Grupo do Aparelho Locomotor do Fleury
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Encefalocele Transesfenoidal Transpalatina: diagnóstico pré-natal – Relato de caso 1. Resumo Os autores descrevem o caso de uma gestante de 28 anos, nuligesta, sem antecedentes mórbidos, que ao realizar seu primeiro controle ecográfico fetal de rotina com 21 semanas de gestação, recebeu o diagnóstico de encefalocele basal, do tipo transesfenoidal transpalatina. Os defeitos do tubo neural são as malformações mais comuns do sistema nervoso central. As encefaloceles frontais são as mais raras, é uma rara entidade patológica que ocorre em 1:35000 nascimentos. Caracteriza-se pela herniação do tecido neural através de um defeito nas estruturas ósseas da base do crânio. A meningoencefalocele transesfenoidal associa-se com anomalias do desenvolvimento facial, do sistema óptico e do encéfalo. As malformações faciais estão quase sempre presentes e as características encontradas incluem hipertelorismo, fissura nasal mediana, base nasal alargada, fenda labial ou palatal, síndrome da fenda facial medial ou crânio bífido oculto frontal. O diagnóstico precoce antenatal é fundamental no seguimento e conduta pré e pós-natal.
Figura 2: Corte sagital do crânio, visão do perfil fetal demonstrando herniação do parênquima cerebral via transpalatina (encéfalo na cavidade oral do feto).
2. Introdução As malformações mais frequentes do Sistema Nervoso Central (SNC) são causadas por defeitos de fechamento do tubo neural (DTN)1. Os defeitos do tubo neural são multifatoriais complexos, envolvendo fatores genéticos e ambientais. Dados como a geografia, etnia, nutrição, doença materna, idade materna , paridade, abortos anteriores, gestações múltiplas, obesidade, status socioeconômico dos pais, são importantes determinantes epidemiológicos de DTN. A deficiência de folato tem sido implicado como a principal causa de DTN após teratógenos. Toxinas, antiepilépticos e drogas, tais como a carbamazepina e valproato, também pode induzir DTN. Os DTN são encontrados frequentemente associado com várias outras síndromes cromossômicas e desordens genéticas únicas, como aberrações cromossômicas2. A encefalocele (ou cranium bifidum) é um defeito do tubo neural, doença na qual ocorre a herniação do cérebro e das meninges por aberturas no crânio1-4. São as malformações estruturais mais diagnosticadas à ultrassonografia, respondendo por cerca de 50% dos achados ultrassonográficos. As encefaloceles congênitas ocorrem nas regiões occipital, chamadas de encefaloceles posteriores, ou frontal, as anteriores. A encefalocele basal é um tipo de encefalocele anterior (ou frontal), que caracteriza-se pela herniação do tecido neural através de um defeito nas estruturas ósseas da base do crânio2,7,8. É uma rara entidade patológica que ocorre em 1:35.000 nascimentos1-6. Constitui 1 a 10% de todas as encefaloceles3. A encefalocele basal é classificada em transetmoidal, esfenoetmoidal, esfeno-orbital, esfenomaxilar e transesfenoidal8,9. O tipo transesfenoidal, o qual estamos relatando nesse caso, é o menos freqüente, representando 5% das encefaloceles da base do crânio2,7,10. Outras anomalias estão frequentemente associadas, como: fenda palatina e/ou labial, agenesia do corpo caloso, coloboma de nervo óptico, obstrução do dueto lacrimal, anoftalmia, hipertelorismo, nariz bífido, hidrocefalia, dextrocardia, agenesia renal, entre outras16-21. Apesar de, no hemisfério ocidental, cerca de 80 a 90% das encefaloceles ocorrerem na região occipital2. Pode causar deficiências motoras e intelectuais graves. O tratamento efetivo mais disponível é a cirurgia reparadora1. Sabe-se que níveis apropriados de ácido fólico podem ajudar a prevenir este tipo de malformações antes e durante os primeiros tempos da gravidez2. A encefalocele basal transesfenoidal atravessa o osso esfenoide em qualquer uma de suas partes, podendo o defeito ósseo está localizado, inclusive na sela túrcica9-16. Os autores assim descrevem um caso de Encefalocele Basal Transesfenoidal e fazem uma revisão de literatura sobre essa rara malformação.
Figura 3: Corte sagitaloblíquo da face, visão parcial do perfil fetal, demonstrando herniação do parênquima cerebral na cavidade oral e fenda labial.
Figura 4: Corte coronal da face fetal , demostrando hipertelorismo.
3. Relato de caso Paciente feminina, 28 anos, gestante com idade gestacional estimada pela primeira ecografia de 21 semanas, primigesta, sem comorbidades ou história familiar de malformação congênita, sem queixas ou alterações relatadas no acompanhamento pré-natal, vem ao ambulatório para realizar controle ecográfico fetal de rotina. Durante o exame, observou-se abertura da calota craniana na base do crânio, ao nível do osso esfenóide, por onde o parênquima cerebral herniava emergindo da calota craniana, atravessando o palato e atingindo a cavidade oral (figuras 1, 2 e 3). Apresentava ainda hipertelorismo e fenda lábio-palatina (figura 3 e 4). Realizado Ressonância Magnética Nuclear fetal, que evidenciou as mesmas alterações supracitadas (figuras 5 e 6). Durante o seguimento pré-natal, o feto evoluiu para o óbito com aproximadamente 30 semanas. No exame físico fetal, após o óbito, foi constatado a abertura na base do crânio e herniação do parênquima cerebral para cavidade oral, através de uma fenda lábio-palatina (figuras 7 e 8).
Figura 5: Ressonância Magnética Nuclear (corte axial em T2), mostrando a abertura na base do crânio fetal.
Figura 6: Ressonância Magnética Nuclear (corte sagital em T2), mostrando a abertura na base do crânio fetal e encefalocele transesfenoidal transpalatina.
Figura 1: Abertura da base do crânio.
Continua
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Encefalocele Transesfenoidal Transpalatina: diagnóstico pré-natal – Relato de caso Conclusão
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Figura 7: Exame após morte fetal, demostrando a fenda lábio-palatina, encefalocele transpalatina e hipertelorismo.
6. Jabre A, Tabaddor R, Samaraweera R. Transsphenoidal meningoencephalocele in adults. Surg Neurol 2000;54:183-8. 7. Pollock JA, Newton TH, Hoyt WF. Transsphenoidal and transethmoidal encephaloceles. A review of clinical and roentgen features in 8 cases. Radiology 1968;90:442-53. 8. Mahapatra AK. Anterior encephaloceles. Indian J Pediatr 1997;64:699-704. 9. Raman Sharma R, Mahapatra AK, Pawar SJ, Thomas C, Al-Ismaily M. Transsellar Transsphenoidal Encephaloceles: Report of two cases. J Clin Neurosci 2002; 9:89-92. 10. Morioka M, Marubayashi T, Masumitsu T, Miura M, Ushio Y. Basal encephaloceles with morning glory syndrome and progressive hormonal and visual disturbances: Case reports and review of literature. Brain Dev 1995;17:196-201.
Figura 8: Exame após morte fetal, demostrando a abertura da base do crânio (esfenoide) e encefalocele transesfenoidal.
11. Modesti LM, Glasauer FE, Terplan KL. Sphenoeth-
moidal encephalocele: A case report with review of literature. Childs Brain 1977;3:140-53. 12. Michael LL. Sphenoethmoidal cephalocele with cleft palate: Transpalatal versus transcranial repair. J Neurosurg 1983;58:924-31. 13. Faggin R, Pentimalli L, Grazzini M, Saetti R, Drigo P, d’Avella D. Combined endoscopic-microsurgical approach for transsphenoidal (sphenopalatine) encephalocele with an intralesional pituitary gland. Case report. J Neurosurg Pediatr 2009;4:262-5. 14. Blustajn J, Netchine I, Fredy D, et al. Dysgenesis of the internal carotid artery associated with transsphenoidal encephalocele: a neural crest syndrome? AJNR. 1999, 20:1154-1157. 15. Machado MAC Jr, Barbosa VAO, Pires MCM, et al .Meningoencefaloventriculocele transesfenoidal assintomática em adulto. Arq Neuropsiquiatr. 2001, 59(2-a):280-282. 16. Mylanus EAM, Marres HAM, Vlietman J, et al. Transalar sphenoidal encephalocele and respiratory distress in a neonate: a case report. Pediatrics. 1999, 103(1):1-12. 17. Diebler C, Dulac O. Cephaloceles: clinical and neuroradiological appearance. Neuroradiology. 1983, 25(4):199-216. 18. Elster AD, Branch CL Jr. Transalar sphenoidal encephaloceles: clinical and radiologic findings. Radiology. 1989, 170:245-247. 19. Choudhury AR, Taylor JC. Primary intranasal encephalocele: report of four cases. J Neurosurg 1982, 57:552-555. 20. Lewin ML. Sphenoethmoidal cephalocele with cleft palate: transpalatal versus transcranial repair. J Neurosurg 1983, 58:924-931. 21. Reigel DH. Encephalocele. In Section of Pediatric Neurosurgery, American Association of Neurological Surgeons: Surgery of the developing nervous system. New York: Grune & Straton, 1982, p 49-60.
Autores 4.Discussão A encefalocele basal transesfenoidal transpalatina relatada neste caso, é a mais rara das encefaloceles , representando apenas 5% de todos os casos3,8. Embora seja uma patologia de baixa prevalência, ela ainda representa um grande desafio para o cirurgião, pela variedade e gravidade das lesões1. O diagnóstico precoce cada vez mais está sendo possível, com o grande avanço tecnológico da ultrassonografia. Concluimos que, a descrição desse caso tem grande importância, apesar da sobrevivência desse feto ter sido inviável, devido a alta morbimortalidade dessa malformação, sendo seu diagnóstico pré-natal relevante para planejamento e melhor conduta na gestação e no período neonatal.
Ana E Ferreira 1,2 Francisco Mauad-Filho 1,2 Fernando M Mauad 2,3 1. Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Ribeirão Preto, Brasil; 2. FATESA/Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica Ribeirão Preto (EURP), Ribeirão Preto, Brasil; 3. Radiologista, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Ribeirão Preto, Brasil.
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Por Antonio Cavalcanti (SP)*
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ponto de vista
A magia e o encantamento da Radiologia: como resgatá-los? Cada um de nós tem uma história para contar de como foi parar na Radiologia.
E
u me formei em l967 na Faculdade de Medicina da USP em São Paulo. Naquela época a Radiologia fazia parte do Departamento de Clínica Médica, não sendo dadas aulas de Radiologia na graduação. A cadeira de Radiologia só foi criada anos depois, porque não havia professores suficientes, com títulos acadêmicos na especialidade, para se constituir uma cátedra. No sexto ano como interno passei dois meses na Pneumologia da Clínica Médica e conheci o Dr. Valente (João Valente Barbas Filho) que era um grande médico, muito conhecido e estimado no Hospital, e que sabia muito bem como avaliar radiografias do tórax. Ele aperfeiçoava seu conhecimento indo sempre até a Anatomia Patológica para avaliar o resultado das autópsias dos pacientes que tinham feito radiografias de tórax. Durante mais de 20 anos viveu esta rotina, fazendo a correlação histopatológica e radiográfica, que me possibilitou um grande aprendizado. Ele passava todos os dias no Pronto Socorro, avaliava os casos e já dava orientação para o esclarecimento dos diagnósticos. Num hospital com mais de 1500 leitos havia casos internados na Neurologia, Ortopedia, Obstetrícia, etc. que tinham alterações pulmonares. “Esse paciente sofreu uma ressecção parcial do quinto arco costal à esquerda,
tem o hemitórax esquerdo menor do que o direito, pequeno desvio do mediastino para a esquerda, uma fixação alta da cúpula frênica esquerda, um menor número de vasos e uma maior transparência do pulmão esquerdo.Apresenta também um pequeno “infiltrado” no lobo superior direito. A soma dos achados sugere que o paciente tenha sido operado de lobectomia superior esquerda por tuberculose.” O paciente confirmou o diagnóstico. Para mim aquilo era MÁGICA. Eu não sabia que se podia obter tantas informações de uma simples radiografia de tórax. Havia um pensamento, um raciocínio e uma inteligência. Não era uma decoreba. E tudo parecia muito fácil. Podia ser comparado, mais ou menos, com o ENCANTAMENTO de ver o Pelé e a Garrincha jogando futebol, o Rod Laver e a Maria Ester Bueno no tênis, Frank Sinatra e Ellis Regina cantando. Era uma época romântica, diferente da de hoje quando assistimos ao pobre campeonato brasileiro de futebol, aos jogos de tênis que só tem “aces” a mais de 200 km/h e apenas duas ou três trocas de bola e ouvimos o FUNK e o RAP como se fosse música. Antes de ir para a Radiologia eu não conhecia nenhum radiologista. Ao entrar em contato com eles, notei que todos eram hábeis semiologistas e avaliavam as radiografias tirando delas muitas informações com apenas pouquíssimos dados clínicos
sobre os pacientes, fornecidos no pedido pelos médicos solicitantes. A Radiologia já tinha mais de 70 anos e os sinais radiológicos estavam bem estabelecidos e amadurecidos. Foi quando descobri que no time da Medicina o radiologista era o goleiro: quando acertava os diagnósticos, não fazia mais do que a sua obrigação porque tinha “as máquinas para ajudar” e quando não acertava era um “frangueiro”. Naquela época não havia procura pela especialidade. Haviam vagas para residentes e estagiários e, apesar disso, nos anos de 1965, 1966 e l967 não houve interessados. Em l968 os residentes eram: o Paulo Wierman, eu e o Túlio Bastos; o estagiário era o Goro Ono. O aprendizado era feito com contacto direto com os radiologistas. Os livros eram poucos, com ilustrações de má qualidade. Quando um livro era lançado, demorava mais de um ano para a sua publicação chegar ao Brasil e as novidades já estavam praticamente superadas. Os Técnicos de Radiologia do Serviço faziam centenas de radiografias por dia e os, relativamente poucos, exames contrastados eram realizados pelos médicos. Depois que o Dr. Paulo de Almeida Toledo assumiu a cátedra de Radiologia houve um aumento significativo no número de interessados em seguir a carreira que mais tarde se tornaram grandes médicos.
Ministravam aulas no curso da FMUSP, onde inspiravam muitos alunos a seguir o caminho da Radiologia e também davam aulas nas Jornadas e nos Congressos. Vou citar aqui apenas o nome do Dr. Jorge Kawakama (para muitos o professor com a maior didática da Radiologia Brasileira) porque existem centenas de colegas, falecidos e outros vivos, que encantavam e encantam os alunos e os médicos que assistiam e assistem as suas aulas. O advento da Ultrassonografia propiciou o encontro dos radiologistas com os pacientes. Afinal de contas os radiologistas também são médicos (por enquanto). Por outro lado, a Tomografia, a Ressonância Magnética e outros exames de Imagem tendem a afastar os radiologistas dos doentes e proporcionaram, em todo o mundo, o aparecimento da Telerradiologia e a transformação da Radiologia em “commodity”. Daqui a pouco a Radiologia vai ser feita por robôs. Todo mundo questiona e coloca em discussão o desinteresse do jovem pela Radiologia, que ainda representa 80% de todo atendimento por imagem. Será apenas a má remuneração ? A fala de incentivo dos professores? O que as instituições tem feito para incentivá-los? me pergunto: aonde foi parar a MÁGIA e o ENCANTAMENTO da Radiologia? * Médico Radiologista
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Por Lilian Mallagoli (SP)
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inovação
Agfa apresenta ao Brasil plataforma de RFID para a Saúde Muitos mercados, sobretudo o de Varejo, já se beneficiam mundialmente da tecnologia RFID – Radio-frequency Identification, ou Identificação por Radiofrequência. Faltava o setor da Saúde usufruir dessa tecnologia, que surgiu na Segunda Guerra Mundial e já está disponível de forma mais concreta há vinte anos.
“
G
eralmente, a Saúde é sempre um dos últimos verticais a aderir às tecnologias. No caso da RFID, esse atraso se deu devido a limitações tecnológicas e desafios de processos de negócios. Finalmente, após dez anos de maturação e dois anos trabalhando firmemente nesse projeto, apresentamos uma solução robusta ao mercado brasileiro”, afirmou James Thornhill, diretor de serviços e desenvolvimento de negócios da Agfa Healthcare nos Estados Unidos. O executivo esteve em São Paulo na segunda quinzena de julho para apresentar a solução em um evento oficial e fazer visitas comerciais a clínicas e hospitais, junto a executivos brasileiros da Agfa. Em linhas gerais, a RFID utiliza etiquetas inteligentes em produtos, pessoas, papéis ou outros itens de interesse. Essa etiqueta fornece informações ao seu sistema central – no caso, o software TrackStar – usando uma combinação de equipamentos, antenas e até câmeras. Por meio de ondas de rádio, a etiqueta eletrônica se comunica com um leitor de radiofrequência. Em funcionários, ela pode ser implantada nos crachás e, em pacientes, nas pulseiras de internação. A informação que a etiqueta vai fornecer, ao rastrear e monitorar processos e pessoas, depende das necessidades do hospital – quanto tempo o paciente ficou deitado e quanto tempo circulou e por onde, por quais setores
um diretor médico passou naquele dia e quanto tempo gastou em cada um, ou ainda quais dos funcionários do hospital lavou as mãos antes e depois de cada procedimento. No Varejo, por exemplo, ele é utilizado para controle de estoque e vendas, entre outros. “Problemas como fuga de pacientes psiquiátricos, roubo de equipamentos e remédios ou sequestro de bebês poderiam ser facilmente resolvidos e identificados com o uso da RFID”, afirmou Thornhill. E - ele garantiu - a tecnologia empregada na etiqueta não influencia em exames de diagnóstico por imagem, como US, TC ou RM. Apesar de pequenas start-ups brasileiras já terem desenvolvido José Laska, diretor da Agfa Healthcare Brasil, recepcionou o diretor de negócios da empresa, alguns soluções para rastreamentos, James Thornhill, em evento em São Paulo. é a primeira vez que todas as possibilidades estão reunidas em uma só solução de negócios, ela pode proporcionar, e então vão se questionar como vicom um só banco de dados em uma única plataforma de veram sem ela até hoje”, completou. Business Intelligence (BI). A solução da Agfa permite, Dentre os principais benefícios levantados pelos exeinclusive, combinar etiquetas de setores e finalidades cutivos, estão a administração de recursos para resultados diferentes, cruzar seus dados e prover a informação nesuperiores, a redução de custos operacionais, a otimização cessária. Ela é totalmente escalável. do fluxo da equipe e do paciente, a informação baseada em “Já temos a tecnologia instalada em 50 sites nos Estados evidência vista rapidamente e a consequente tomada de Unidos, e agora começamos a apresentá-la e a moldá-la para decisão aprimorada para cada setor do serviço. A plataforma o mercado brasileiro. Até agora, não vi nenhuma grande da Agfa, nos Estados Unidos, é utilizada em rastreamento de empresa da Saúde oferecer uma plataforma de RFID aqui – bens, controle de inventário, fluxo de trabalho do paciente, somos a primeira”, explicou José Laska, presidente da Agfa segurança e administração de riscos. Healthcare no Brasil. “Não temos ainda uma meta para o Trata-se de um novo e eficaz Big Brother? “Essa seria a mercado, mas sabemos que há uma enorme demanda – os comparação mais óbvia. O importante é a instituição utilizar serviços precisam entender a solução de BI, entender o que essas informações de forma construtiva”, frisou Thornhill.
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PRODUÇÃO
Figlabs, do Grupo Gnatus, apresenta seus equipamentos de US fabricados no Brasil Projeto iniciado há seis anos, tendo à frente um grupo de pesquisadores do Laboratório GIIMUS (Grupo de Inovação em Instrumentação Médica e Ultrassom) do Departamento de Física da USP – Campus Ribeirão Preto, torna-se uma importante realidade com a aprovação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do registro de equipamentos de ultrassom.
I
niciado em 2008, o projeto evoluiu e criou a empresa Figlabs Pesquisa e Desenvolvimento, hoje integrada ao Grupo Gnatus, líder no segmento de Odontologia e agora com uma área médica recém-iniciada. A Figlabs lançou sua linha de equipamentos de ultrassom com registro Anvisa no XIX Congresso da SOGESP, em São Paulo. Está localizada no SUPERA Parque de Inovação e Tecnologia em Ribeirão Preto, no Campus da USP, e possui uma estrutura formada por pesquisadores atuando em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para ultrassom. A linha de montagem dos equipamentos está na fábrica da Gnatus que hoje contempla mais de 50 pessoas. Neste início, estão sendo fabricados seis modelos, sendo quatro equipamentos de ultrassom fixos e dois modelos portáteis. O Engenheiro de Computação, mestre em Física Aplicada a Medicina e Biologia e doutorando na mesma área, Thiago Almeida, diretor comercial da empresa, está otimista. Ele conversou com o Jornal ID sobre como pretende conquistar uma parte do mercado brasileiro, o quão competitiva consegue ser e garante: com a relação saudável que a empresa possui com algumas Universidades nacionais e internacionais e o desenvolvimento científico característico da empresa, a perspectiva é lançar outras soluções em breve. Jornal ID – Como começou o projeto da Figlabs e de fabricação de ultrassom no Brasil? Thiago Almeida – Em 2008, criamos a Figlabs com o objetivo de viabilizar ao mercado produtos com base em resultados de pesquisas científicas realizadas dentro de um laboratório da USP. No Laboratório GIIMUS, identificamos potenciais soluções e produtos que poderiam ser utilizados no mercado médico-hospitalar. O ultrassom para diagnóstico por imagem rapidamente atraiu o nosso interesse em desenvolver um equipamento nacional, pois o conhecimento da física e da engenharia, necessários para este desenvolvimento, nós já tínhamos. Em 2009, com o apoio de agências de fomento e empresas de tecnologias, iniciamos a construção de um protótipo de hardware para ultrassom. Em paralelo, trabalhamos novas técnicas de imagem para ultrassom, como a elastografia estática, usando compressão. Atualmente temos pesquisas no desenvolvimento de soluções usando
técnicas modernas como vibroacustografia possa operar todo o sistema de um equipavação pela Anvisa. Como você avalia a e vibromagnetoacustografia. A Figlabs foi mento de ultrassom remotamente. Estamos expectativa e quais projetos vocês estão atrás de parceiros que pudessem levar suas com um protótipo em teste e com resultadesenvolvendo para colocar o produto no soluções e tecnologias para o mercado. Em dos promissores. Esta solução possibilita mercado? 2012, o Grupo Gnatus iniciou um processo ao médico acessar o sistema para realizar Thiago de Almeida – Esta aprovação dede expansão e investimentos diversificados medidas, ajustar configurações e gerar laumonstra que todos os requisitos solicitados em novas áreas, e uma delas foi a área de dos remotamente, tendo o auxílio de um pela Agência Reguladora foram atendidos. diagnóstico por imagem. O Grupo Gnatus médico local manipulando e ajustando a O produto já foi colocado nas escolas de ulrapidamente percebeu o potencial da emposição do transdutor. Temos uma equipe trassom e analisados por médicos com expepresa. Em 2013 a Figlabs passou a de desenvolvedores experientes e fazer parte do Grupo. Foi realizada médicos atuando diretamente no uma análise para conhecimento do projeto. Esta plataforma vai ajudar mercado de ultrassom, viabilização na complementação de um diagdo projeto para atender as necessinóstico que necessite de uma sedades do país e preparação da linha gunda opinião. Também será um de montagem dos equipamentos cuja sistema fundamental e inovador aprovação pelo organismo certifino processo de ensino a distância cador aconteceu em poucos meses. de novos ultrassonografistas. Jornal ID – Vocês se apoiaram Jornal ID – Como vocês se em alguma tecnologia do exterior tornarão competitivos em relaou ele foi todo iniciado aqui? ção a custo? Thiago de Almeida – Iniciamos Thiago de Almeida – Temos o desenvolvimento de um hardware a vantagem de ser uma empresa para ter um projeto totalmente na100% nacional, que está dentro cional. Este processo foi incentiva- Na sede da Gnatus, em Ribeirão Preto, o eng. Thiago de Almeida e o de um parque tecnológico que do pelo Prof. Dr. Antonio Adilton presidente da empresa, Gilberto Nomelini. possibilita incentivos fiscais. Carneiro, fundador do Grupo de Esses equipamentos vão atender Inovação em Instrumentação Médica e o PPB (Processo Produtivo Básico) e, com riência. Os resultados estão surpreendendo Ultrassom e um dos pioneiros no desenisso, temos incentivos fiscais que permitia todos principalmente pela qualidade de volvimento de técnicas elastográficas por rão ter uma excelente relação custo-beneimagem e desempenho dos equipamentos. ultrassom no Brasil. Percebemos que o fício. Temos uma fábrica em Ribeirão Preto Muitos médicos desconheciam a existência hardware da maioria dos equipamentos com condições de atender essa demanda de desenvolvimento nacional de tecnolode ultrassom possuía a mesma arquitetura. de mercado. Nos últimos meses, treinamos gias para ultrassom. Estamos otimistas e O diferencial está no software para gerar uma equipe para fazer passo a passo essa queremos levar o melhor para a sociedade. e processar as diferentes modalidades de montagem do equipamento e testes. EstaProdutos com qualidade e que sejam acesimagens. Para testar as funcionalidades e mos prontos para atingir a expectativa que síveis a todos. técnicas ultrassônicas, montamos no Lao mercado tem. Jornal ID – Quantos modelos vocês vão boratório GIIMUS da USP, um laboratório Jornal ID – A Figlabs se originou na lançar e quais seus focos? com toda a instrumentação necessária para universidade. Esse relacionamento vai Thiago de Almeida – Nesse momento o desenvolvimento e caracterização de sipersistir nos projetos futuros? são quatro modelos de ultrassom fixo e dois nais ultrassônicos. Fizemos contatos com Thiago de Almeida – Com certeza! modelos portáteis. Pretendemos atender o diversos fornecedores de partes e peças para Essa parte de pesquisa e desenvolvimento mercado de US como Ginecologia, Obsteequipamentos de ultrassom. Iniciamos um está enraizada na Figlabs, seus sócios são trícia, Vascular, Cardiologia, Abdômen e trabalho para a transferência de partes e doutores, mestres e não podemos deixar a Musculoesquelético. peças para a Figlabs, porém sempre atentos pesquisa acabar na nossa instituição, é a Jornal ID – Sobre os portáteis, vocês ao custo que isso poderia implicar ao promaior motivação da empresa. Inovar está no tiveram alguma interferência no design duto final. É comum hoje muitas empresas nosso dia a dia. Pensamos nisso a todo modo aparelho ou foi transferência também? fabricarem partes e peças no exterior para mento. Temos parcerias com a Universidade Thiago de Almeida – Foi transferência, reduzir custos e realizar apenas a monde São Paulo, com universidades do exteporém para os próximos modelos estamos tagem no país. A Figlabs está adotando rior. Inclusive, um dos sócios atualmente discutindo a possibilidade de projetos com este procedimento de horizontalizar a sua está fazendo doutorado na Universidade de designs ainda mais inovadores. estrutura comum em grandes empresas de Columbia, nos Estados Unidos, e isso será Jornal ID – Dentre as novas tecnolotecnologias. E em breve pretendemos ter o nosso diferencial. Algumas de nossas gias, como está o projeto do teleultrassom? em nossos produtos mais funcionalidades pesquisas vêm de conversas com clientes Thiago de Almeida – Tivemos um proagregadas com o desenvolvimento que que dão ideias e sugestões para melhoria jeto de teleultrassonografia aprovado pelo estamos trabalhando. do produto. Isso é fundamental para nós e CNPq de quase meio milhão de reais para Jornal ID – A grande notícia é a apropara o nosso cliente. desenvolver um sistema em que o médico
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Parceria
Proteção
HSL e Siemens criam centro de referência em imagem cardiovascular
Seguro Médico: caminhos para evitar problemas
O
s novos tempos do relacionamento médico paciente, em especial aqueles que trabalham com o diagnostico, de um modo geral, abriram caminhos, mas, também criaram situações de conflito, nunca sonhadas, entre elas, a possibilidade do erro médico. A grande maioria das ações judiciais contra médicos por “erro médico”, são jugadas improcedentes. Entretanto o entendimento atual do STJ é o de aplicação do Código de Defesa do Consumidor, e, o médico denunciado fica obrigado a apresentar as provas de que não cometeu nenhuma irregularidade. Cabe ao médico o ônus da prova tanto na esfera civil, quanto na administrativa e criminal. Financeiramente isto quer dizer que o médico terá que arcar com as despesas com honorários advocatícios, despesas com perito, custas judiciais e depósitos recursais, entre outras. Além do desconforto financeiro, o médico poderá também ter despesas com um possível acordo ou indenização. A relação médico-paciente mudou, O clima de confiança não existe mais. Com a chegada de planos de saúde e medicina de grupo essa relação foi colocada em xeque. Os clientes não pensam duas vezes antes de processar o médico, a clínica ou hospital e o plano de saúde pelo que ele entende ser um “erro médico”. Vivemos uma época de mudança de valores. O Seguro de Responsabilidade Civil, também conhecido como Seguro Médico, é um dos mecanismos que essa nova relação medico-paciente trouxe para o mercado. Com o seguro, o médico transfere para seguradora a responsabilidade, num eventual processo. Esta é a realidade, e o médico pode então contar com serviços que auxiliarão a enfrentar o problema, com mais certeza e segurança. •
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Algumas dessas vantagens; As despesas são pagas pela seguradora, de forma antecipada e não mais por reembolso, portanto, o médico não terá que usar o seu capital. As coberturas têm validade em todo o território nacional. O advogado é de livre escolha do médico e recebe seus honorários da seguradora. Alguns produtos permitem que o médico contrate retroatividade de cobertura por até cinco anos. A seguradora pode disponibilizar um médico para atender ao segurado e melhor interpretar o ocorrido. A renovação contínua do seguro traz ao médico uma proteção permanente de sua carreira pois os prazos se estendem por alguns anos à frente em virtude da cobertura de prazo complementar. A seguradora também disponibiliza treinamentos para a prevenção de eventuais processos. Contratação de seguro para a PJ com cobertura diferenciada para o chefe de equipe,
A cultura do Seguro é prática consolidada nos países mais avançados e não tem volta. É importante uma reflexão sobre o tema, focado na sua própria segurança, econômica e funcional. É uma forma de se evitar aborrecimentos futuros. Ítala Carneiro Diretora da Nova Geração Seguros Médicos.
O Hospital Sírio-Libanês e a Siemens fizeram uma parceria e, em agosto, inauguraram o Centro Internacional de Referência em Imagem Cardiovascular, pioneiro no Brasil. O objetivo é oferecer um centro de excelência na área, compartilhando tecnologia de ponta e experiências.
O
centro também será baseado na capacitação profissional, na elaboração de novos protocolos de exames e diagnósticos de no desenvolvimento de novas técnicas. Apesar de ser a primeira unidade deste tipo da Siemens nas Américas, é a quarta implantada pela empresa no mundo – as demais são na Alemanha, em Mônaco e em Taiwan. Em relação a equipamentos, o parque do hospital, que já possui algumas das melhores máquinas oferecidas pela Siemens, permanecerá o mesmo, mas agora será mais voltado para a pesquisa. Eles continuarão disponíveis para o uso diário, mas a expectativa é que a parceria permita o desenvolvimento de novos softwares. A cerimônia de inauguração foi iniciada por Vivian
à imagem desde o início, e por isso sempre sou um defensor de qualquer método de imagem em cardiologia. Sem imagem, hoje, você não exerce a medicina. Por isso, me sinto muito honrado com esta parceria e agradeço ambas as instituições por essa oportunidade”. Vice-presidente da Siemens Healthcare no Brasil, Armando Lopes ressaltou que a confiança é a base de qualquer relacionamento e se disse honrado com a parceria, que demonstra a confiança que o hospital deposita na multinacional: “Há um senso de responsabilidade muito grande. O Sírio-Libanês sempre demonstrou preocupação máxima co a tecnologia para oferecer um tratamento mais eficiente e personalizado. Para se ter uma ideia disso, o primeiro equipamento da Siemens, de ultrassom, foi por ele adquirido há quase 20 anos”, lembrou. Finalizando as apresentações institucionais, Rui Duarte Brandão, vice-presidente mundial de relacionamento com o cliente, explicou que a fabricante só consegue evoluir se seus parceiros também evoluem. “É importante manter uma relação próxima e estruturada com aqueles que fazem o melhor. Por isso, para nós, é uma grande honra estar aqui, contribuindo para a evolução da saúde”, frisou. A cerimônia contou, ainda, com três apresentações. O Dr. Luiz Francisco Rodrigues de Ávila falou sobre TC e RM em cardiologia – o estado da arte; ele é coordenador de imagem em ressonância e tomografia cardiovascular do Hospital SírioLibanês. Em seguida, o Dr. Okan Prof. Giovanni Cerri, no HSL, ladeado pelos Srs. Armando Ekinci, vice-preLopes e Rui Duarte Brandão, da Siemens. sidente de HealAbdalla Hannud, presidente do conselho de admithcare Consulting nistração do hospital, que lembrou que “a história da & Clinical Affairs nossa instituição é marcada por renovação e incorpoda Siemens, faração de constantes tecnologias. Esse trabalho, que lou sobre o fuanunciamos hoje, reafirma essa nossa vocação”. turo da imagem Em seguida, foi a vez do Prof. Dr. Giovanni Guicardiovascular, do Cerri, também integrante do conselho, dar sua afirmando que o palavra: “Trata-se de um projeto muito importante importante não é para nós, porque é uma oportunidade de colaborar Sra. Vivian Hannud, presidente do conselho questionar qual a de administração do HSL. com a tecnologia da Siemens e com o projeto em depróxima tecnolosenvolvimento. Nosso hospital sempre se pautou em ter gia, mas como combinar e cruzar as informações fornetecnologia de ponta. Que essa parceria possa oferecer o cidas por todas as modalidades existentes. A palestra de melhor ao paciente!”, reforçou. O professor frisou, ainda, encerramento foi feita pelo Dr. Jens Deerberg-Wittram, que é uma experiência gratificante atuar ao lado de uma da Harvard Business School, sobre medição de resultaempresa líder na área de diagnóstico por imagem, e que dos em saúde. Ele é o primeiro presidente do Internaessa associação trará os melhores frutos: vai estreitar a tional Consortium for Health Outcomes Measurement relação e buscar a assistência de melhor qualidade. (ICHOM), desenvolveu e implantou estratégias corpoO Prof. Dr. Roberto Kalil Filho reforçou as palavras rativas e elaborou sistemas mundiais para comunicação do Dr. Giovanni: “Minha história profissional está ligada e medição de resultados na área médica.
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gestão
Os novos desafios administrativos na rotina do médico
Projeto
Manual do Padi: um avanço no caminho da qualidade
Boas práticas, gestão e liderança, são alguns dos desafios que os serviços de imagem e os médicos em especial passaram a enfrentar na ultima década, ampliando o rol de atividades em sua rotina diária.
E
ssa foi a principal mensagem da aula profeliderança, de missão, visão e a função de comunicador. rida pelo Dr. Marcelo Buarque de Gusmão “Eu diria que essa necessidade surgiu sobretudo de duas Funari, na abertura do I Congresso Intergrandes causas: pela profissionalização das empresas e nacional de Diagnóstico por Imagem do pelo tamanho que elas têm – veja o tamanho do HIAE, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), por exemplo”, afirmou. em São Paulo, no mês de agosto, denominada Gestão e “Dentre os desafios, acredito que um dos maiores seja a Liderança em Imagem. Para um público de cerca de 600 área médica criar essa cultura durante a formação do médiprofissionais ligados à área, o diretor do Departamento co. O médico moderno trabalha inserido em uma estrutura de Imagem mostrou a importância que o gerenciamento multiprofissional, e há práticas que devem ser ensinadas e a administração têm para o na faculdade, e ainda não são. profissional médico nos dias Da mesma forma, esse papel vale de hoje, sendo fundamental na para as sociedades médicas. Mas escolha do melhor procedimeno médico, hoje, de modo geral, só to, na maneira de implementar adquire este aprendizado depois as inovações tecnológicas e no de ser lançado no mercado de estabelecimento de novas prátrabalho”, sinalizou. ticas advindas de estudos interComo exceção, Dr. Marcelo nacionais, e que em muito tem Funari destacou o curso de promodificado a tradicional rotina fissionalismo apresentado na de trabalho do médico. JPR’2014, graças à parceria que “Trata-se de um tema, ou um a Sociedade Paulista de Radioconjunto de ações, que ganham logia, organizadora do evento, mais e mais importância nos conrealizou com a Sociedade Nortegressos. Antes, eles eram todos Americana (RSNA), responsável pautados exclusivamente por pela organização do curso: “Foi de temas científicos, mas isso está altíssimo nível”. mudando. Temos que trazer esses Ele reconhece que o Brasil, temas de administração, gestão por ser um país heterogêneo, e liderança para as discussões acaba por apresentar ilhas de Dr. Marcelo Funari, do HIAE, e os novos desafios do médicas”, afirmou o profissional. médico. Primeiro Mundo e, às vezes, Dr. Funari reconhece que o até superiores às dos países desetor de Saúde não foi o pioneiro em implementar práticas senvolvidos. Por isso, pelo desenvolvimento de redes de gestão profissionalizada, mas isso não significa que sua hospitalares, de redes de laboratórios, é essencial que o importância seja pequena, ao contrário. As boas práticas profissional médico se dedique a temas de gestão e lidede gestão são imprescindíveis para o sucesso dos serviços rança, que hoje são fatores críticos. “E, aos residentes, aos de imagem e das respectivas carreiras. que começam agora, sugiro que comecem a desenvolver As mudanças do cenário econômico têm grande o interesse desde já por qualquer prática administrativa, influência nisso: pequenas clínicas e empresas estão se que seja – qualidade e processos, tecnologia da informação fundindo, é uma tendência, e as grandes necessitam de ou outra. Isso deve engrandecer muito suas carreiras!”.
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té 12 de outubro, está em consulta pública, na página www.cbr.org.br/padi, o manual do Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi), produzido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Os interessados, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, podem opinar a respeito dos princípios e regras com base nos quais o programa será lançado. Pela primeira vez, um documento dessa natureza é colocado em discussão no segmento da imagem diagnóstica, e sua aprovação trará grandes benefícios para a especialidade. Os tópicos da consulta pública, governança e gestão administrativofinanceira, gestão da qualidade, realização do serviço, serviços de apoio diagnóstico e gestão da infraestrutura, radiação e segurança dão uma dimensão da complexidade e diversidade de atividades no universo médico atual . O CBR enfatiza a importância da participação de toda a comunidade radiológica e de outros setores do segmento, como agências reguladoras, operadoras de saúde, hospitais etc. O objetivo principal do programa é incentivar os serviços a buscarem a excelência, com foco na qualidade dos exames e laudos e na segurança do paciente. O Padi está sendo estruturado por especialistas da área no âmbito do CBR, considerando a larga experiência da entidade em programas de qualidade relacionados a Mamografia, Ultrassonografia, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética. A consulta pública subsidiará a formatação final do Padi, a ser apresentada pelo CBR em breve. “Nossa expectativa é enriquecer o documento a partir das contribuições recebidas e, então, iniciar as etapas mais práticas para o lançamento do programa, como a realização dos cursos de auditores e o estabelecimento dos requisitos e valores de participação das clínicas e serviços”, afirma o Dr. Conrado Furtado de Albuquerque Cavalcanti, um dos idealizadores do Padi.
Serviços, tecnologias e vendas: agilize seus contatos
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eventos
IMAGINE: tema central será Oncologia Com um temário central focado em Oncologia, mas sem abrir mão do seu caráter multidisciplinar, a 13ª edição do IMAGINE – Encontro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do InRad-HCFMUSP será realizada em 13 e 14 de março, no Centro de Convenções Rebouças, que foi totalmente reformado e agora poderá abrigar todas as atividades do evento, sem a necessidade de alocação de programações em outros prédios do Complexo HCFMUSP, como vinha ocorrendo.
D
estaca a Comissão Organizadora, que é formada pelo Prof. Giovanni Guido Cerri, Dras. Maria Cristina Chammas, Eloisa Santiago Gebrim e Claudia da Costa Leite, que o “formato geral do evento será mantido, mas o conforto será, sem dúvida, muito maior. O novo Rebouças somou seis salas à estrutura que já existia, além de novos espaços para exposição e circulação”. O tema central desta edição será Oncologia, sob a coordenação do Dr. Marcos Roberto de Menezes e do Dr. Marcio Ricardo Taveira Garcia. Dois convidados norte-americanos já estão confirmados para a programação científica principal: Dr. Dushyant V. Sahani, do Massachusetts General Hospital da Harvard Medical School, de Boston; e Dr. David M. Panicek, do Memorial SloanKettering Cancer Center, de Nova York.
em geral, ginecologia, fetal e vascular; neurorradiologia; cabeça e pescoço; musculoesquelético; medicina nuclear; tórax; medicina interna, divida em gastrintestinal e geniturinário; entre outros”. As demonstrações práticas serão intensificadas, buscando fortalecer ainda mais o vínculo ensino-atualização e oferecer um conteúdo que atenda ao público do evento com temas da rotina dos serviços. As programações para profissionais não médicos também serão mantidas e reunidas no mesmo espaço: Enfermagem em Radiologia; Curso para Técnicos, Tecnólogos e Biomédicos em Radiologia; e Curso de Gestão e Tecnologia da Informação. Em meados de outubro as inscrições estarão abertas. Programe-se!
IMAGINE’2015 e seus grandes desafios: repetir o êxito anterior, crescer e manter a qualidade.
Esclarecem, também, as organizadoras, “que haverá uma sala específica para a programação de Oncologia; no entanto,
o tema será abordado de forma transversal em todos os outros programas que compõe o Imagine: ultrassonografia, dividida
Informações: Hybrida Eventos - (11) 3284-6680 - imagine@hybrida.com.br.
HEVA: foco na formação de residentes em Diagnóstico por Imagens
O
Hospital Estadual Vila Alpina (HEVA), sob a gestão do SECONCI-OSS, está localizado na região sudeste do município de São Paulo e beneficia uma população de mais de 350 mil habitantes. Fundado em 2001, pratica a assistência humanizada, seguindo as diretrizes da Política Estadual de Humanização (HumanizaSES). Obteve em 2008 a Acreditação Plena (Nível 2), pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e, em 2011, conquistou a Acreditação Canadense, do Canadian Council on Health Services Accreditation (CCHSA). O treinamento em Radiologia e Diagnóstico por Imagens teve início como um programa de aperfeiçoamento em 2008, reconhecido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e, desde 2013, tornou-se parte do Programa Nacio-
nal de Residência Médica. Atualmente contando com três bolsas da Secretaria Estadual de Saúde – SP (SES-SP) por ano, tem seu acesso regulamentado pela prova do SUS, com a coordenação do Dr. Marcelo Valente. Segundo ele, seu grande potencial é expresso por meio de seus números, que serão ainda mais expressivos quando incoorporados ao seu programa os dados de seu campo de estágio junto
ao Serviço Estadual de Diagnóstico por Imagem – SEDI II (tabela abaixo). Acreditando em uma formação completa, esta instituição pretende em breve se tornar uma referência na formação dos profissionais na área do Diagnóstico por Imagens e, assim, cumprir seu papel, contribuindo ainda mais para a melhoria da assistência à saúde em nosso Estado.
Exames realizados em 2013
RX
Contrastado
TC
RM
USG
Doppler
HEVA
90.000
100
17.000
6500
9.000
1.500
125.000
SEDI - II
300.000
2.400
65.000
10.000
65.000
9.000
500.000
Mamografia
D.O.
Total
Unidade 24.000
8.000
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parceria
JPR’2015 terá Sociedades Espanhola e Portuguesa de Radiologia como parceiros O desafio da Jornada Paulista de Radiologia (JPR), organizada pela Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SPR), para 2015 é inovador. A 45ª edição do evento, que se realizará de 30 de abril a 3 de maio, em São Paulo, Brasil, está sendo organizada com a Sociedad Espanhola de Radiologia Médica (SERAM), a Sociedade Portuguesa de Radiologia e Medicina Nuclear (SPRMN) e a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia (SPNR).
A
programação também receberá professores da Radiological Society of North America (RSNA), da Federación Latinoamericana de Sociedades de Ultrasonido en Medicina y Biología (FLAUS), do American Institute for Radiologic Pathology (AIRP) e da Society for Pediatric Radiology (SPR) pela campanha Image Gently, entre outros. O evento traz como tema central as campanhas Image Gently e Image Wisely, oferecendo aos congressistas um curso específico sobre esse tema no sábado, 2 de maio. Para esse projeto, liderado pelo Dr. Antonio Soares Souza, já estão convidados os Drs. Donald Frush, Inês Boeachat e George Bisset, dos EUA. Convidados brasileiros somarão conhecimentos a essa atividade, que tem como objetivo discutir como melhorar a prática radiológica realizando exames de qualidade e ao mesmo tempo resguardar a saúde dos pacientes protegendo-o da radiação. A campanha Image Gently (www.imagegently.org) é uma iniciativa da Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging (Aliança para a Segurança de Radiação em Imagem pediátrica) que visa melhorar a prática médica em exames de imagem pediátrica, valorizando ações de proteção contra
Simpósio Internacional Delboni Auriemo
C
om temas de Cabeça e Pescoço, Cardiologia, Imagem da Mulher, Musculoesquelético, Neuroimagem e Urologia, será realizado em São Paulo, no WTC Convention Center, no dia 1º de Novembro, o 3° Simpósio Internacional Delboni Auriemo. O evento se desenvolverá em seis salas simultâneas, com a participação dos convidados, Drs. Samir Noujain, Harvey Hecht, Jesica Leung, Bruce Rosen e Jelle Barentsz. A coordenação de cada área estará a cargo dos Drs. Maria Cristina Chammas e Soraia Ale, em Cabeça e Pescoço; Alexandre Murad Neto, Carlos Eduardo Suaide Silva, Marly Uellendahl e Roberto Cury, em Cardio; Flora Finguerman e Maria Helena Mendonça, em Imagem da Mulher; Carlos Longo e Hamilton Guidorizzi, em Musculoesquelético; Renato Adam Mendonça e René Rivero, em Neuroimagem; e Leonardo Kayat e Roberto Blasbalg, em Urololgia. Mais informações e inscrições no site www.delboniauriemo.com.br/simpósio internacional. Vagas limitadas.
radiação em crianças. Já a campanha Image Wisely (www.imagewisely.org) é organizada pelo Colégio Americano de Radiologia (ACR) e pela RSNA e visa discutir questões relacionadas à proteção radiológica em adultos, como a redução da radiação em exames de imagem medicamente necessários e a eliminação de procedimentos desnecessários. Também já está confirmada a realização de uma sessão especial em espanhol, coordenada pelos Drs. Pablo Soffia e Tufik Bauab Jr. sobre o tema “Sinais Radiológicos - Sala América Latina de Discussão de Casos”. Essa sessão reunirá casos de Neurorradiologia, Tórax, Abdome e Musculoesquelético.
Trabalhos científicos Em 20 de outubro, serão abertas as inscrições para submeter resumos científicos de painéis e temas livres para avaliação e seleção por parte da Comissão Julgadora da JPR, e posterior apresentação no evento. A partir dessa data, até 13 de janeiro de 2015, congressistas interessados em expor seus estudos devem acessar o site do evento www.jpr2015.org.br - selecionar “Painéis e Temas Livres”, ler o regulamento e submeter todas as informações requeridas. Mais detalhes sobre o evento poderão ser consultados no site www.jpr2015.org.br a partir do dia 20 de outubro.
Dra. Maria Inês Boechat, tem intensa atuação no controle de radiação em imagens pediátricas.
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atualização
Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
Oncologia pede mais interação entre imagem e especialista O aumento da incidência do câncer, os reflexos desta situação no Brasil, os avanços da tecnologia e a necessidade de maior interação entre o especialista e a área a imagem são alguns dos grandes desafios da medicina moderna, que o médico terá de enfrentar para oferecer um tratamento adequado ao paciente oncológico. Com intensa atividade na área, seja como Diretor da Radiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) ou no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o Dr. Marcos Menezes vê com otimismo a evolução dos tratamentos, a preocupação com qualidade de vida e do aumento do tempo de sobrevida e a importante participação da radiologia nesse cenário.
“
O
que se percebe no universo encurta caminhos para o êxito no tratamenmédico nacional e internacioto e gera o menor custo para o sistema de nal é o aumento da incidênSaúde, outro ponto importante a ser gerencia do câncer na população, ciado em todo esse processo. Recentemente obviamente exigindo mais ficaram demonstrados o impacto e o ganho atendimento”, afirmou, ao analisar a intensa de se fazer rastreamento com tomografia de mobilização em torno da doença, os movitórax de baixa dose nos pacientes de risco mentos sociais e o aparelhamento de novas para câncer de pulmão, o que deve levar ao instituições. “O câncer tem matado até mais um amento significativo de demanda para do que a doença cardiológica, então esse auesse exame”. mento exponencial dos pacientes tem gerado O diagnóstico por imagem desempenha preocupações em relação a como atender com um importante papel na monitorização da qualidade esse aumento resposta da maioria do tracrescente de demanda no tamento para câncer, sejam sistema de saúde seja púcirúrgicos, quimioterápicos blico ou privado. Por outro ou radioterápicos. “O palado, os avanços na área ciente com câncer, desde o trouxeram uma melhora momento do diagnóstico, significativa dos tratamenserá seguido até o fim da tos, e os pacientes acabam vida e, provavelmente, fará tendo uma maior sobrevimuitos exames de imagens, da com busca por melhor o que impôs alguns desaqualidade nos tratamentos”, fios para a equipe médica completou. - em especial, aos profisDe fato, no processo sionais da imagem de lidar de evolução do tratamencom volumes cada vezes to contra o câncer, a ramaiores de exames, que Dr. Marcos de Menezes. diologia e os métodos de geram um enorme volume imagem têm assumido um papel central, de informação. A radiologia se torna parte começando pelo diagnóstico e auxiliando na integrante dos fóruns multidisciplinares conduta e no tratamento. “Pode ser no rastrede decisão sobre a conduta do paciente amento, no diagnóstico precoce, ou inserida oncológico, para a qual devemos trazer a nos programas: a imagem é fundamental informação diagnóstica com mais valor”, expara se detectar precocemente, é o melhor plicou Dr. Marcos. Segundo ele, o principal caminho para se conseguir tratamento mais deles é o de como manejar esse paciente, eficiente e a cura desses pacientes. Isso já como otimizar, selecionar exames para cada está provado, e diagnosticar precocemente fase desse tratamento ou cada situação do
paciente, buscando a otimização do melhor resultado com o menor custo. Esse cenário incentivou, inclusive, a criação de uma sessão na JPR focada em oncologia, na qual a questão introduzida foi colocar em discussão com os professores, a maioria deles membro de instituições focadas em atendimento do paciente oncológico, o melhor uso dos recursos da radiologia no tratamento e no diagnóstico. “No evento da JPR, o que se tentou discutir, em um workshop com a participação de nomes de referência, foi como manejar melhor, como usar melhor os recursos que a gente tem. Também houve sessões que tentaram explorar principalmente os futuros avanços com novas técnicas aplicadas em oncologia, como estudo de perfusão, PET/RM, estudos de imagem molecular, tudo agregado a trazer maior sensibilidade e especificidade no diagnóstico do câncer”, afirmou Dr. Marcos. Ele ressaltou, ainda, que outra característica da sessão foi reunir colegas de demais especialidades e áreas, como os próprios oncologistas, para discutir e mostrar aos radiologistas a visão deles, o que esperam do diagnóstico por imagem: “Acho isso muito importante. Cada vez mais, o radiologista, no cenário do paciente oncológico, tem que interagir bastante com o corpo clínico, tanto com oncologistas, como cirurgiões. O radiologista não é um ‘laudador’, mas um consultor desses colegas. As decisões hoje são multidisciplinares, então a participação em reuniões desses profissionais é cada vez mais importante”, afirmou.
Foi, portanto, expressando a realidade já vista nas instituições que a organização da JPR levou esses outros profissionais para o evento, para discutir e mostrar a sua experiência e dividir esse conhecimento com o resto da radiologia. A sala cheia e a resposta positiva de muitos participantes mostrou o sucesso da iniciativa. Outra área de atuação da radiologia bastante importante no universo oncológico é a intervenção guiada por imagem, a indicação de procedimentos guiados por imagem que tem crescido exponencialmente. Cada vez mais, o conceito de medicina de precisão com uso de drogas específicas para cada tumor e perfil de expressão genética, vem aumentando a necessidade de amostras teciduais para orientação de qual será o melhor esquema de quimioterapia para aquele paciente, aquele tumor e para a fase específica de tratamento. A Intervenção desempenha importante papel como opção menos invasiva e com menor morbidade m relação aos procedimentos cirúrgicos, demonstrando melhores resultados no controle local de tumores com as terapias ablativas com a radiofrequência e a crioablação guiadas por tomografia. A intenção, por isso, é manter essa sessão de oncologia em 2015, como já vem sendo feito há cerca de cinco anos com a intervenção guiada por imagem. “A intervenção desempenha um papel importante no diagnóstico menos invasivo com possibilidades de tratamentos e diagnósticos hoje guiados por imagem. Isso é algo que tem crescido bastante”, finalizou Dr. Marcos de Menezes.
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estante
Eventos
Ecocardiografia Pediátrica Acaba de ser incorporado ao acervo das principais livrarias especializadas do País, a obra Ecocardiografia Pediátrica, de autoria de Lilian Lopes, Doutora pela Faculdade de Medicina da USP, lançada neste mês de setembro, em São Paulo, e editada pela Revinter.
A
obra é resultado do trabalho dessa especialista e colaboradores, na prática diária, prefaciada pelo Prof. Norman Silvermann, da Universidade da Califórnia, onde realizou seu programa de fellow e aperfeiçoou seus conhecimentos. E, justamente as palavras do professor, que prefacia a obra, podem dar uma ideia dada de sua importância, para os que querem ou precisam se atualizar sobre o assunto. “Este livro será de grande valia para muitos que usam a ecocardiografia como parte de suas práticas de medicina, desde os médicos que realizam e interpretam a ecocardiografia até os cirurgiões que se baseiam nos diagnósticos ecocardiográficos dos pacientes submetidos a cirurgia. O livro também será de interesse para as disciplinas de radiologia cardíaca e ressonância magnética e para as enfermeiras que cuidam desses pacientes após a cirurgia.” E, concluindo: “Vale a pena uma leitura e, em seguida, uma releitura para assimilar os conceitos e nuances oferecidas a partir da combinação de excelentes ilustrações e excelente escrita”. Com grande experiência na área, estágios especializados na Harvard Medical School e Research Fellow no Laboratório de Ecocardiografia Pediátrica e Fetal da Universidade da Califórnia, a Dra. Lilian Lopes também é diretora da Clínica Ekokid em São Paulo.
“Oncologia” é o sétimo título da Série CBR Publicado pela Editora Elsevier, o novo e sétimo livro da aclamada Série CBR, “Oncologia”, será lançado no 43º Congresso do Colégio Brasileiro de Radiologia – CBR 14, no Riocentro, Rio de Janeiro. A sessão de autógrafos está agendada para 10 de outubro, às 15h40.
Cetrus realiza 7ª edição de seu Congresso de Ultrassonografia
S
erá realizado em 5 e 6 de dezembro a 7ª edição do CONCETRUS – Congresso Cetrus de Ultrassonografia, simultaneamente ao 2º Encontro Internacional de Medicina Fetal. Os eventos serão apresentados no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, e contarão com uma programação científica de alto nível, com palestras, demonstrações práticas e reuniões de consenso realizadas por profissionais de todo o País. Além de conferencistas nacionais, o Congresso receberá professores internacionais para discutir os avanços técnico-científicos em Diagnóstico por Imagem. Dentre os confirmados, estão os Drs. Jan Deprest (Bélgica), referência mundial em Medicina Fetal e investigação de novas técnicas cirúrgicas (Tratamento Fetal), Diana Bianchi (EUA), abordando temas como Genética em Medicina Fetal. Demais temas a serem abordados são: Elastografia, Contrastes Ultrassonográficos, Rastreamento de Pré-eclâmpsia no 1° Trimestre, Atualização Terapêutica Fetal, Diagnóstico e Seguimento Doppler na Vitalidade Fetal, US Pélvica Transvaginal, BIRADS-US Dr. Claudio Pires, do Cetrus. 2013, Sistematização do US na Artrite Reumatoide, Aneurisma da Aorta Abdominal, Estudo das Artérias Digestivas e Estenose Carotídea. Confira as áreas cobertas pelos dois eventos na tabela abaixo:
7º CONCETRUS
2º Encontro Internacional
• • • • • • •
• • • •
Medicina Interna Elastografia e Constrastes US Ginecologia Obstetrícia Mama Músculo Esquelético Vascular
Outras informações e inscrição estão disponíveis no endereço www.concetrus.com.br.
Congresso da SILAN em São Paulo
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s Drs. Marcos Duarte Guimarães, coordenador do Setor de Imagem Torácica dos Departamentos de Imagem do Hospital Heliópolis e do A. C. Camargo Cancer Center, e Rubens Chojniak, diretor do Departamento de Imagem do A. C. Camargo Cancer Center e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Nove de Julho, assinam a obra como editores. Respondendo pela Série CBR, estão os Drs. Isabela Silva Muller, Giuseppe D’Ippolito e Antônio José da Rocha. No mesmo dia, às 10h15, a editora oferecerá uma sessão de autógrafos para outro lançamento: “Fundamentos de Radiologia e Diagnóstico por Imagem”, dos Drs. Adilson Prando, chefe do Departamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Vera Cruz e diretor do Centro Radiológico, ambos em Campinas (SP), e Fernando Moreira, chefe dos Serviços de Diagnóstico por Imagem dos hospitais Nove de Julho e Paulistano.
Tratamento Fetal Genética em Medicina Fetal Rastreamento e Prevenção Alterações na Anatomia e no Crescimento Fetal
A
Sociedade Ibero Latino-Americana de Neurorradiologia Diagnóstica e Terapêutica (SILAN) e a Sociedade Brasileira de Neurorradiologia Diagnóstica e Terapêutica (SBNR), uniram-se para organizar o SILAN SBNR 2014, a ser realizado de 1° a 5 de novembro, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. Na programação científica, foram incluídos os principais avanços e técnicas diagnósticas, especialmente em ressonância magnética, tomografia computadorizada multislice e ultrassom. Também serão apresentados os maiores avanços na intervenção com a apresentação de resultados de consagrados materiais terapêuticos e a experiência atual e futura. Será disponibilizado um curso pré-congresso com temas que variam do básico ao avançado, possibilitando assim a participação de residentes, neurorradiologistas principiantes e profissionais experientes, que poderão aproveitar a oportunidade para buscar atualização. Informações: http://sbnr.org.br/silan2014/.
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teses
RM de corpo inteiro no estadiamento do câncer de pulmão
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tese de Doutorado intitulada “Avaliação do Estadiamento de Pacientes Portadores de Câncer de Pulmão de Células Não Pequenas através da Ressonância Magnética de Corpo Inteiro” foi apresentada pelo Dr. Marcos Duarte, que foi aprovado por unanimidade pela banca examinadora, com menção honrosa a extensa produção científica desenvolvida pelo autor nos últimos dois anos. O orientador foi o Dr. Jefferson Luiz Gross (Dep. Cirurgia Torácica – A. C. Camargo Cancer Center) e os co-orientadores foram os Drs. Rubens Chojniak e Eduardo Nóbrega, do Departamento de Imagem – A. C. Camargo Cancer Center, e Myrna Godoy, do Departamento de Radiologia Diagnóstica MD Anderson Cancer Center.
O trabalho demonstrou e concluiu que a Ressonância Magnética de Corpo Inteiro é um ferramenta alternativa eficaz com desempenho muito semelhante ao exame de PET-CT, considerado o padrão ouro no estadiamento destes pacientes. Atualmente, os resultados do estudo estão sendo formatados para publicação em revista indexada internacionalmente. Em breve estarão disponíveis para toda a comunidade científica e radiologistas interessados nesta técnica. A banca examinadora foi composta pelos Drs. Edson Marchiori (Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense e Professor asociado da Universidade Federal do RJ), Bruno Hochhegger (Professor Adjunto da Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre / RS), Ricardo Terra (Professor Adjunto do Dep. Cirurgia Torácica da Universidade de São Paulo) e Vladmir Cordeiro (Orientador Permanente da Pós-Graduação do A. C. Camargo Cancer Center).
Câncer de próstata é tema de tese apresentada na UFRJ
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Dr. Carlos Antonio da Silva Franca obteve o título de Doutor após defender a tese “Braquiteria com Sementes de Iodo-125 no Tratamento do Câncer de Próstata Inicial: Resultados de 15 anos de Seguimento”, pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina (Radiologia) da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). O profissional foi orientado pelos Professores Antonio Carlos Pires Carvalho e Antonio Belmiro Rodrigues Campbell Penna. O Prof. Hilton Koch presidiu sua banca, composta pelos Professores Lea Mirian Barbosa da Fonseca, Luiz Carlos Duarte de Miranda, Maria Izabel Sathler Pinel e Marcio Lemberg Reisner.
Expediente Interação Diagnóstica é uma publicação de circulação nacional destinada a médicos e demais profissionais que atuam na área do diagnóstico por imagem, espe cialistas correlacionados, nas áreas de ortopedia, urologia, mastologia, ginecoobstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian) Hilton Augusto Koch Dolores Bustelo Carlos A. Buchpiguel Selma de Pace Bauab Carlos Eduardo Rochite Omar Gemha Taha Lara Alexandre Brandão Nelson Fortes Ferreira Nelson M. G. Caserta Maria Cristina Chammas Sandro Fenelon Alice Brandão Wilson Mathias Jr. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Lilian Mallagoli - edição Alice Klein (RS) Denise Conselheiro (SP) Rafael Bettega Priscilla Lopes (SP) Priscila Novaes (RJ) Arte: Marca D’Água Fotos: Cleber de Paula, André Santos, Lucas Uebel (RS) e Wilton Marcelino (PE) Imagens da capa: Getty Images Administração: Hybrida Consultoria Impressão: Duograf Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.37A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das mensagens publicitárias e os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br
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