Jornal ID 83 dez/2014 - jan/2015

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Boas Festas e um ótimo

2015! twitter.com/intdiagnostica

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dezembro 2014 / janeiro 2015 - Ano 13 - nº 83

Chicago, onde a Radiologia mundial se encontra

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Radiological Society of North America (RSNA) realizou seu 100o Congresso de 30 de novembro a 5 de dezembro, em Chicago, EUA. Trata-se do maior e mais importante evento do setor de diagnóstico por imagem do mundo, e por isso sua relevância não apenas para os profissionais locais, mas para os médicos e profissionais da imagem de todo o mundo. A entidade foi fundada em 1915, originalmente como Western Roentgen Society. Nesta edição, histórica, apresentou mais de 3 mil aulas e recebeu especialistas de 110 países – o Brasil colaborou levando cerca de 800 inscritos.

Confira aqui a cobertura da sessão de abertura, que contou com a tradicional palestra do presidente da entidade – este ano, Dr. N. Reed Dunick – e uma aula inaugural apresentada pelo Dr. Francis S. Collins, diretor do National Institutes of Health (NIH), agência norte-americana de pesquisa médica que apoia estudos científicos que transformam descobertas em saúde. O ID apresenta, ainda, um resumo do que foi apresentado pelas principais empresas do setor na exposição comercial do congresso. Páginas 3, 5, 11, 13 e 14

O grande desafio da Saúde: transformar pesquisa e inovação em benefícios para o paciente

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or trás de cada imagem, há um paciente. Essa é a grande mensagem que o 100º Congresso da RSNA tentou passar para os milhares de especialistas que visitaram Chicago na última semana de novembro. E embasa, também, a nossa mensagem de Ano Novo. “Os radiologistas devem se lembrar de que existe uma pessoa por trás das imagens que vemos todos os dias. Os resultados melhoram quando o próprio paciente entende o cuidado que recebe, e quando radiologistas se comunicam mais proativamente com a equipe de saúde.” Parece tão simples, mas é tão complexo: falta a muitos especialistas olhar, como nessa imagem de cérebro, que o paciente é um pouco mais do que isso. O fascínio pela tecnologia, a pesquisa pela pesquisa apenas, também foram motivos de análise e estão nessa edição, como uma contribuição para que tenhamos um ano melhor. Dr. Francis S. Collins, diretor do National Institutes of Health (NIH), apontou a necessidade de traduzir a pesquisa em resultados, enfatizando que “há uma enorme lacuna entre o que conseguimos diagnosticar e o que podemos tratar realmente”, afirmou. O Brasil e a China foram citados como exemplos de países que estão mudando o seu foco nos investimentos em pesquisa, em inovação e em gestão. E isso vem ao encontro a uma postura empresarial, como a

“É provável que a tomossíntese substitua a mamografia”

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afirmação é do Dr. Edward Sickles, referência mundial no diagnóstico do câncer de mama com intensa atuação no projeto que criou o BI-RADS. O professor também esteve em São Paulo para participar do simpósio do A. C. Camargo Cancer. Na ocasião, ele fez uma análise das principais alterações da nova versão do protocolo e falou sobre a importância do rastreamento. Ainda, Dr. Sickles explicou que, a seu ver, apesar da tomossíntese ser hoje menos estudada do que outros métodos, suas indicações são de que ela é um melhor caminho para fazer mamografia, e não demoraria a substituí-la. O professor também abordou a questão da imagem molecular em mam que, segundo ele, está em sua infância. “Ela pode ter um papel importante em outras partes do corpo, mas, na mama, não encontraram ainda o caminho”. Página 7

da GE Healthcare que está empenhada em investir em formação de mão de obra, qualificação e produção de equipamentos que beneficiem os pacientes. “No futuro, teremos equipamentos com tecnologia nacional vendidos fora do Brasil”, prevê Daurio Speranzini Jr., CEO e Presidente da GE para a América Latina. O momento é de reflexão, o processo passa por maior equilíbrio, mais organização e mais investimentos. Não podemos perder o rumo e as expectativas, mas a questão é essa: qual o caminho? Buscar tecnologia, investir em educação, em pesquisa e desenvolvimento, sempre! Mas com propósito claro: a melhora na condição e no bem-estar do paciente, que deve continuamente ser o foco dos profissionais da Saúde de qualquer país. Em 2015, chegará ao Brasil a primeira ressonância magnética de 7 Tesla, que será recebida pela FMUSP, direcionada para pesquisas. Já estamos atrasados, pois, em estudos sobre Mal de Parkinson, nesta edição, pesquisadores mostram que essa tecnologia já esta mostrando caminhos. Um grande passo? Sem dúvida! Que este seja o primeiro rumo à era da inovação, a inovação com propósito, a inovação que se converte em cuidado real com o paciente! Um ótimo fim de ano a todos e um 2015 repleto de inovações!

Um novo olhar sobre a radiologia oncológica

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ara o Dr. Anwar Padhani, radiologista e professor do Mount Vernon Cancer Centre, do Reino Unido, que também esteve em São Paulo no Simpósio Internacional de Imagem em Oncologia, é fundamental o trabalho conjunto entre a Radiologia e Oncologia. O especialista concedeu uma detalhada entrevista o ID - Interação Diagnóstica explicando como o Reino Unido trata e acompanha de forma inovadora patologias como o câncer de próstata. Enfatizou também que o entrosamento entre as equipes médicas é fundamental para a qualidade do atendimento prestado ao paciente. O Dr. Padhani também é integrante do comitê executivo da International Cancer Imaging Society, entidade da qual já foi presidente. “Nosso objetivo é educar radiologistas de todo o mundo em oncologia, e mostrar a diferença que isso pode significar”, explica. Página 6

Dra. Emily Fox defende a combinação de métodos para mama

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o Brasil para participar do Congresso Brasileiro de Radiologia, realizado no Rio de Janeiro, Dra. Emily Fox Conant integrou o grupo de pesquisadores responsável por um estudo, publicado em junho deste ano no Jornal da Associação Médica Americana (JAMA). Em entrevista ao ID, ela explicou os resultados, os benefícios observados e apontou os próximos passos da pesquisa e as inovações tecnológicas adotadas em sua instituição. Dra. Conant é chefe do Departamento de Radiologia em Imagem da Mama e professora de Radiologia do Hospital da Universidade da Pensilvânia. Página 8


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Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

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editorial

Por trás de um grande evento, o marketing de uma cidade

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s que conhecem Chicago no verão e na primavera, dizem que a cidade é realmente muito agradável, bonita, arquitetura arrojada, museus, parques, e tudo que um turista precisa para se divertir um pouco. Isso sem falar no seu comércio, na sua estrutura de lazer gastronômica. Mas, é no inverno que se conhece a competência da cidade e aqui vai um comentário especial para o seu evento da área da imagem. Todos os passos são minimamente calculados e nos levam a perguntar: quem bolou tudo isso. Por quê? Se pensarmos no frio, na dificuldade de conviver com as mudanças de temperatura, só um gênio do marketing e da arquitetura poderia bolar uma cidade como esta, e instituir um evento do porte do Congresso da RSNA para o final de novembro, início de dezembro. Respira-se eficiência neste evento. A começar pela sessão de abertura, rigorosamente no horário, com temas de alto nível e propostas, sem entra-e-sai de jovens médicos aos celulares, sem enrosco de microfone, sem conversas ao pé do ouvido, sem ruído. Elevados e subterrâneos construídos cuidadosamente, facilitando o acesso, vencendo o tráfego intenso. Conforto para o visitante.

Deixando de lado a alimentação, no evento, mas, quem precisa comer, tudo flui com qualidade, desde a distribuição dos crachás, da valorização da Imprensa (temos até uma sala, com alimentação), o marketing e a comunicação visual são um exemplo dessa eficiência. Cadastrado, você pode tudo. É importante que falem bem. Por trás de tudo que se faz há um cuidadoso trabalho de marketing. Nos últimos cinco anos, o ID tem marcado presença física no evento e observado que toda a cidade se beneficia dele associando-o até ao consumismo da “Black Friday”, tradicional no calendário americano, mas, que para muitos se tornou o motivo maior da visita a Chicago.

A exposição comercial dispensa comentários O conteúdo científico imenso, mais de 3.000 aulas, vai se adequando – o marketing está aí para isso – à diversidade do público presente, de mais de 110 países, onde o Brasil com cerca de 800 inscritos em 2015, vai marcando seu espaço, apresentando sua contribuição e ganhando muito respeito. Com mais de 54 mil associados distribuídos por todo o mundo, o RSNA – quando se fala tanto em inovação, gestão, empreendedorismo – consolida, cada vez mais, os instrumentos de marketing, focado na qualidade.

Por Lizandra Magon de Almeida e Lilian Mallagoli (SP)

especial/RSNA

Pesquisa biomédica: transformando descobertas em saúde Os participantes do RSNA 2014 tiveram a oportunidade de assistir, na sessão de abertura, a uma palestra especial do Dr. Francis S. Collins, diretor do National Institutes of Health (NIH), agência norte-americana de pesquisa médica que apoia estudos científicos que transformam descobertas em saúde.

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m aula intitulada “Oportunidades Excepcionais em Pesquisa Biomédica”, ele pontuou a necessidade crítica de revigorar a área e disparou: “O financiamento dobrou de 1998 a 2003 e, depois, parou e declinou, sobretudo quando comparado à inflação desde então. Os pesquisadores enfrentam mais dificuldades: as taxas de subsídio caíram de 25% a 35%, de antes de 2003, para pouco mais de 15% hoje. Outros países, como China e Brasil, tomam o caminho inverso e aumentaram seus investimentos em pesquisa biomédica drasticamente”. Dr. Collins destacou o programa “Brain Research through Advancing Innovative

Neurotechnologies” (BRAIN, ou “Pesquisa do Cérebro por meio de Neurotecnologias Inovadoras Avançadas) do NIH como uma oportunidade para “mentes brilhantes”. Ele afirmou que, em setembro, o instituto recebeu US$ 46 milhões para mais de cem pesquisadores de 15 estados e três países para desenvolver ferramentas, tecnologias e abordagens que servirão de base para o BRAIN. Os primeiros anos serão voltados para métodos para mapear o cérebro e melhorar as técnicas de imagem minimamente invasivas, entre outros. Em seu discurso, ele destacou a interdependência de imagem e genômica, e usou como exemplo o fato de que pesquisadores encontraram uma variante do gene que afeta

os “fios” do cérebro e pode ter um papel na doença de Alzheimer. Por sua vez, o Cancer Imaging Archive é um recurso aberto de imagens médicas específicas do câncer com links entre o arquivo de imagem e dados do genoma. Dr. Collins explicou que, como grandes fornecedores de dados, os profis-

sionais da área têm agora um grande desafio em lidar com esses dados. Outro pronto levantado pelo diretor é a necessidade de traduzir a ciência em tratamento de fato: “Há uma enorme lacuna entre o que conseguimos diagnosticar e o que podemos tratar de fato. O NIH trabalha hoje com dez empresas biofarmacêuticas em um projeto para transformar o modelo atual para desenvolver novos diagnósticos e tratamentos. Como parte desse esforço, eles pretendem pesquisar mais sobre a doença de Alzheimer, estudando pessoas antes do início dela”, explicou. Para ilustrar como a saúde pode ser aprimorada com a ciência, ele usou a elastografia. Dr. Collins disse, ainda, que seu instituto também trabalha para desenvolver tecnologias para estender as percepções de imagens em locais de baixa renda.


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o bimestre

Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

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ão Paulo – Diretoria do InRad recebe SPR – A tradicional reunião do corpo clínico do Instituto de Radiologia do HCFMUSP e dos médicos residentes, no fim de outubro, teve um caráter especial: foi realizada na sala da Congregação da Faculdade e contou com a presença da diretoria da SPR. O objetivo foi promover aproximação dos novos profissionais com as atividades da entidade, visando o congraçamento e tomada de consciência sobre o papel da entidade e seus projetos

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de atualização. O InRad apresentou seus dados, números de atendimento e o complexo tecnológico. Ao agradecer o convite para a reunião, Dr. Antonio José da Rocha, presidente da SPR, apresentou os novos projetos da entidade: o novo site, focado no ensino e na atualização, e uma nova política de valorização do associado em dia com sua semestralidade, oferecendo inscrições gratuitas nos dois principais eventos da entidade a partir de 2015 – a Jornada Paulista de Radiologia (JPR) e o Curso de Atualização em Imagem Prof. Dr. Feres Secaf.

ão Paulo – SBUS repete sucesso de anos anteriores – Os frutos do intenso trabalho da diretoria da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia começam a aparecer com maior intensidade. O 18º Congresso da SBUS, presidido pelo Dr. Waldemar Naves do Amaral, reuniu, em outubro, um público muito expressivo e conferencistas de alto nível científico. Na foto, com os Drs. Ayrton Pastore e Adilson Ferreira, convidados, e a presença dos Drs. Edson Iglezias, Antonio C. Matteoni, presidente eleito do CBR, Fernando Mauad e Franscio Mauad Filho.

ão Paulo – Imagem em Oncologia – Com a participação dos Profs. Edward Sickles, Jano Szklaruk, Vikas Kundra, dos Estados Unidos, e Anwar Padhani, da Inglaterra (na foto com os Drs. Rubens Schjoniak, diretor do Departamento de Imagem, Elvira Ferreira Marques, chefe do Serviço de Mamografia, e Marcos Duarte), o A. C. Camargo Cancer Center promoveu um Simpósio Internacional de Oncologia em que, além de discutir conteúdo científico,

procurou enfatizar o papel da tecnologia dentro de todo processo de atendimento. Cerca de 400 médicos, de diversos estados, marcaram presença.

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h i c a g o – C IR promove evento científico – Presidido pela Dra. Rosa Soto e com participação do Dr. Miguel Stopen, o Colégio Interamericano de Radiologia teve o seu tradicional encontro, no evento da RSNA, no sábado, dia 28, onde foram apresentados temas e discutidos aspectos técnicos e científicos da especialidade.

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hicago – CBR e FLAUS em espaço conjunto – A exemplo da SPR que, por sua parceria com a RSNA, já tem espaço próprio no evento de Chicago, neste ano o CBR e a Federação Latino-americana de Ultrassom em Medicina e Biologia instalaram um estande conjunto onde recepcionaram brasileiros e latinos, em um clima de muita descontração, como enfatizaram os Drs. Henrique Carrete Jr., presidente do CBR, e Maria Cristina Chammas, presidente da FLAUS.


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Por Lizandra Magon de Almeida e Lilian Mallagoli

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reportagem

A força da pesquisa e o cuidado com o paciente apontam os caminhos da especialidade “Os radiologistas devem se lembrar, que existe uma pessoa por trás das imagens que vemos todos os dias. Os resultados melhoram quando o próprio paciente entende o cuidado que recebe, e quando radiologistas se comunicam mais proativamente com a equipe de saúde”.

para tratar doenças até o desenvolvimento de modalidades de imagem, nossa profissão mudou a medicina. Acredito que conseguiremos conduzir a pesquisa necessária para avançar nossa especialidade, e que essa abordagem vai prevalecer. É uma oportunidade de ouro para moldar o futuro da nossa profissão”, enfatizou.

Histórias entrelaçadas

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ssa, no entender da equipe do ID – Interação Diagnóstica, é a grande mensagem que fica da 100ª edição do Congresso da Radiological Society of North America, em 30 de novembro em Chicago, Estados Unidos, de palestra do presidente da entidade, Dr. N. Reed Dunnick, para um auditório atento e interessado. Além de abordar o passado e discorrer sobre os cem anos da sociedade, ele focou grande parte de seu discurso no futuro da radiologia. Chefe do Departamento de Radiologia da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, o Dr. Dunnick listou alguns aspectos que vê como essenciais para ajudar na evolução da especialidade e sua adaptação para as necessidades do futuro. Entre eles: desenvolver pesquisadores para as próximas gerações; educar os radiologistas em atuação por meio de produção de pesquisas e técnicas terapêuticas de novas imagens; financiar os bons trabalhos e profissionais; incentivar a parceria e troca de informações entre disciplinas dentro da radiologia; melhorar as políticas do setor público; e manter as relações de trabalho com a indústria do setor. No entanto, Dr. Dunnick reconhece que isso não é tudo: “Se casarmos nossa força na pesquisa e descoberta com o nosso foco no cuidado centrado ao paciente, acredito que a RSNA e

Radiologia estarão resolvidas para os próximos cem anos para o mundo todo”, afirmou. O presidente da RSNA listou alguns avanços nas tecnologias para embasar a teoria de que a pesquisa é integral para a qualidade no cuidado com o paciente: “O ultrassom praticamente substituiu as biópsias hepáticas de pacientes com cirrose na Europa, a tomografia

eliminou laparotomias por ser muito precisa na identificação de doenças do abdômen, e a ressonância magnética tornou possível adquirir muitas informações sobre a estrutura do corpo”. Para ele, as capacidades somadas de todos esses avanços foram essenciais para a transformação da medicina: “Da descoberta da radiação

Exposição faz o resgate histórico Como parte da programação do RSNA 2014, os 100 anos da entidade foram marcados também com uma exposição de equipamentos, os primeiros em cada especialidade, mostrando que a própria história moderna da Radiologia se confunde com a história da Radiological Society of North America. Fundada em 1914, a entidade, ao instituir o evento, abriu os caminhos para a divulgação e valorização do método, institucionalizou o intercâmbio científico e promoveu os avanços tecnológicos, participando intensamente do seu desenvolvimento. A GE Healthcare, presente desde o primeiro evento, registrou a história com equipamentos e documentos, conforme é possível constatar pelas imagens.

Dr. Dunnick afirmou que, nesses cem anos, as histórias da Radiologia e da RSNA foram entrelaçadas. Explicou que a mudança do nome da sociedade em 1919 para RSNA – originalmente, era Western Roentgen Society – foi motivada por seu crescimento no número de associados. Hoje, a RSNA tem mais de 54 mil sócios de 140 países. Entre as inovações com o passar do tempo, o presidente da sociedade ressaltou as melhorias na radiografia e fluoroscopia, que permitiram fazer imagem com menos radiação. “Os meios de contrastes também permitiram aos radiologistas fazer imagens não apenas de veias, mas de órgãos. Quando pensamos na fundação da RSNA, em 1915, percebemos o quanto o mundo hoje é radicalmente diferente”, finalizou.


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entrevista

Por Lilian Mallagolli (SP)

Mudanças de paradigmas definem o perfil do radiologista na Oncologia “A imagem está no centro de tudo, de todas as decisões do grupo multidisciplinar, não apenas do diagnóstico, mas do planejamento do tratamento e ao acompanhamento dos pacientes, principalmente, em Oncologia. No Reino Unido essa é uma prática na rotina dos serviços, onde 85% dos pacientes têm que ser discutidos desde o diagnóstico inicial por um grupo com um cirurgião, um oncologista, um patologista, um radiologista e um enfermeiro. Se isso não ocorre, somos demitidos. Tudo tem que ser documentado.”

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afirmação é do Dr. Anwar Padhani. radiologista e professor do Mount Vernon Cancer Centre, do Reino Unido, que esteve em São Paulo, participando do Simpósio Internacional de Imagem em Oncologia, realizado pelo Hospital A. C. Camargo, em outubro, que reuniu grandes nomes da especialidade, do Brasil e do exterior. Ele tem ampla expertise em técnicas avançadas de ressonância magnética e imagem oncológica. Atualmente, em sua instituição, um centro especializado no tratamento de câncer, ele trabalha com cânceres comuns, como pulmão, mama, colorretal e próstata, e os casos mais delicados, como sarcomas e tumores pediátricos, são direcionados a hospitais do centro de Londres. No Reino Unido, há centros de cânceres que compartilham o cuidado com o paciente com outros hospitais. Esses centros são “alimentados” por pacientes que chegam dos hospitais, recebem o cuidado especializado; os pacientes são tratados pelo centro e retornam aos hospitais de onde vieram, que geralmente são perto de suas casas. “Nos centros de câncer, reconhecemos a patologia muito rapidamente, e a imagem está no centro de tudo, de todas as decisões, não apenas do diagnóstico, mas do planejamento do tratamento e do acompanhamento desses pacientes. Em todo estágio dessa jornada do paciente – e é de fato uma jornada, que começa com a pergunta ‘Tenho câncer?’ e chega a ‘Meu câncer tem cura?’, ‘Ele vai voltar?’, ou ainda, ‘Quanto tempo tenho de vida?’ – a imagem está em todo ponto dessa trajetória. Eles perceberam que esse é o melhor caminho, e se apoiam muito no trabalho da equipe de Radiologia em todas as etapas dessa jornada”, enfatiza o Dr.Padhani , que tem trabalhado muito a imagem como parte da abordagem multidisciplinar do paciente com câncer. “Em todos os pontos, o paciente é discutido por um grupo multidisciplinar. Então, por exemplo, se há um câncer, ou um questionamento sobre qual o estágio do câncer, a decisão do tratamento deve ser feita por esse grupo multidisciplinar, São cinco membros que tomam uma decisão juntos sobre um paciente em particular. Isso é obrigatório. 85% dos pacientes têm que ser discutidos desde o diagnóstico inicial por um grupo como esse. Se isso não ocorre, somos demitidos. Tudo tem que ser documentado”, afirma. Dessa for-

ma, aprimoram o cuidado com esse paciente. Pegam o paciente por inteiro, e não apenas seu problema isoladamente. “Nossos centros especializados são, então, totalmente integrados ao sistema de hospitais da cidade, pois depois de receber esse tratamento especializado e multidisciplinar, o paciente retorna para o hospital de seu bairro, sempre monitorado por nós. Todo mundo sabe o que ocorre com cada paciente a todo o momento”, acrescenta.

Câncer de próstata

meçam agora a olhar para a estratégia e iniciar mudanças, como Holanda e Estados Unidos. O câncer de próstata é muito comum, e o fato é que muitos pacientes, que não precisam, acabam submetidos à cirurgia. Isso ocorre não apenas pelo diagnóstico exagerado, mas também pelo tratamento exagerado. Então, por um lado, Dr. Padhani explica que há o subdiagnóstico, mas também há o outro extremo, o que mostra o quão delicado é assunto. “Por isso, usamos a RM, porque conseguimos levar luz a esse cenário escuro”, explica.

Doenças ósseas Reconhece, assim, que eles têm conseOutra forte área de atuação do professor guido dar grandes passos. O Reino Unido tem é em metástases ósseas, mais comuns do avançado muito na incorporação racional das que se imagina. No entanto, novas tecnologias de imagem Dr. Padhani afirma que se para o rastreamento do câncer trata de uma área em que de próstata, por exemplo. “Se a imagem ainda é feita de você tem um paciente com forma muito ruim. O modo suspeita de câncer de próstata, como se avalia as respostas ele obrigatoriamente tem que é ainda muito antigo. “O passar por um exame de RM que fazemos hoje é: trataantes de realizar a biópsia. mos o paciente portador No Brasil ou nos Estados de metástases ósseas até Unidos, essa não é a conduta que a doença mostre sinais – a RM viria depois da biópde progressão e algo ruim sia. Porém, a biópsia causa aconteça ao paciente, então sangramento, e acaba por dizemos – ah, o tratamento influenciar de forma negativa não funcionou, vamos tentar nos resultados de uma RM, algo diferente”, afirma. Nem então pensamos sobre isso e os profissionais médicos, resolvemos inverter”, afirma. Dr. Anwar Padhani nem o paciente saberão se o tratamento para Trata-se de uma grande mudança no o acometimento neoplásico dos ossos está paradigma. E, por isso, eles são hoje capazes funcionando, até que o paciente quebre um de tratar melhor esse paciente – conseguem osso, ou sinta dores. Não é possível saber. dizer com segurança se determinado paciente Não é possível identificar benefícios, apenas precisa ou não da biópsia. problemas, então não se sabe se o tratamento “Temos um grupo de homens e sabemos está ou não ajudando. que 50% dele tem câncer de próstata. Se você “Temos, então, trabalhado fortemente fizer a biópsia e ela identificar a patologia nessa área, usando a imagem. Ao invés de em apenas 30% dele, perderá 20%. E esses perguntarmos ‘o paciente está piorando, que é homens virão para uma segunda, terceira, a pergunta padrão atual, passamos a testar traquarta biópsias, um trauma. O médico sabe tamentos e intervir com exames que buscam que é um câncer, e não consegue encontrá-lo. saber se o paciente está melhorando. Talvez No Reino Unido, decidimos parar com isso. não consigamos aumentar sua expectativa de Fazemos a RM primeiro, e ela pode ajudar a vida, por exemplo, mas conseguimos interfedecidir se devemos fazer a biópsia e a idenrir mais cedo nas decisões terapêuticas, fazer tificar o local específico onde o câncer está, com que ele tenha mais qualidade de vida, poupando inúmeras intervenções e sofrimenos dor”, afirma. mento para o paciente”, explica Dr. Padhani. Segundo o médico, é preciso utilizar a imaOs serviços de saúde do Reino Unido gem funcional e multiparamétrica para olhar o têm feito o procedimento dessa forma há cerca exame do paciente de outra forma, e encontrar de dez anos, e no ano passado conseguiram essas respostas. Trata-se, portanto, de compretransformar as diretrizes para que ele seja ender como a imagem pode ajudar os pacientes regra. Segundo Dr. Padhani, outros países co-

a se sentirem melhor por mais tempo.

Radiologia oncológica “Um radiologista oncológico precisa saber sobre tratamentos, caminhos possíveis, drogas, alternativas, então ele acaba por ter uma função diferenciada do radiologista em si: não se trata de um episódio; é algo mais amplo, mas você precisa saber de cada passo do paciente. Ele precisa apresentar caminhos e consequências desses caminhos”, explica. Ele afirma que as decisões de um radiologista oncológico e de um radiologista são diferentes em um a cada cinco pacientes. No Reino Unido, não há radiologistas oncológicos de determinada especialidade, mas sim radiologistas agora se especializando em oncologia. “A oncologia é cerca de 30% a 40% do trabalho de qualquer radiologista, então já está mais do que na hora dos profissionais focarem em oncologia”, diz, “porque não se trata do passo tomado no momento, mas sim do próximo e do seguinte”. Dr. Padhani também é integrante do comitê executivo da International Cancer Imaging Society - www.icimagingsociety. org.uk (ICIS), entidade da qual já foi presidente. “Nosso objetivo é educar radiologistas de todo o mundo em oncologia, e mostrar a diferença que isso pode significar”, explica. A instituição realiza reuniões-satélite frequentemente, em diferentes países – foram feitas duas reuniões nos últimos dois anos no Brasil. São encontros em conjunto de diversos especialistas, levantando a importância do desenvolvimento da radiologia oncológica. “Se você vai para um congresso da área, oncologia é apenas uma matéria do conteúdo total, não há tanta ênfase, estudos sobre consequências e uso da imagem de forma concentrada”, aponta. “Oncologia não é sobre órgãos; ela está em todas as subespecialidades, pode estar em diversos órgãos, partes do corpo. Então não tem como a oncologia se manter como uma matéria separada; ela deve ser transversal, passar por todas as matérias, todas as subespecialidades”, defende. As mudanças, no entanto, exigem paciência. “Precisamos mostrar como podemos trabalhar juntos. Geralmente, as subespecialidades são muito poderosas em seus centros. Trata-se um trabalho político e educacional para mostrar aos hospitais e clínicas que, sim, oncologia pode estar em todos os setores. E não é porque será difícil que deixaremos essa tarefa de lado”, finaliza.


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Por Lilian Mallagoli (SP)

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entrevista

A “linguagem” do BI-RADS® e os rumos que a tecnologia está ditando para a mamografia Referência mundial no diagnóstico do câncer de mama com intensa atuação no projeto que criou o BI-RADS®, o Dr. Edward Sickles foi um dos convidados do A. C. Camargo Cancer Center para o elogiado Simpósio Internacional de Imagem em Oncologia, realizado em São Paulo, no mês de outubro. Analisou as principais alterações do protocolo e falou sobre a importância do rastreamento em câncer de mama e das tecnologias adicionais à mamografia.

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adiologista e diretor do serviço de Diagnóstico por Imagem das Mamas da University of California in San Francisco, Edward Sickles é autor de mais de 200 artigos científicos, mas, o seu currículo mostra também que ele integrou grupos de pesquisas que foram responsáveis por apontar as evidências que justificam o rastreamento em câncer de mama e dirigiu o comitê Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS®), que determinou o padrão mundial de classificação de lesões nas mamas. Ao lado dos drs. Rubens Chojniak, diretor do Departamento de Radiologia e da dra. Elvira Ferreira Marques, diretora do Serviço de Mamografia, o Dr. Sickles concedeu entrevista ao ID Interação Diagnóstica onde apontou as principais alterações na última edição do BI-RADS ® e as expectativas dos especialistas ameri-

canos com os avanços tecnológicos. ID – Quais as alterações mais relevantes na última edição do BI-RADS®? Dr. Edward Sickles – Nos Estados Unidos, o BI-RADS® é o único sistema utilizado em absolutamente tudo para a mama, o que faz dele uma ferramenta de grande importância em nosso país, e aqui eu diria que ocorre algo semelhante. Trata-se de uma linguagem para interpretar exames de imagem que capacita o radiologista a usar as palavras corretas em seu relatório, para que o documento seja organizado e faça sentido. Ele ajuda o radiologista a pensar sobre os achados e fazer as interpretações corretas, e ele consegue produzir um relatório que é padrão, então não há confusão sobre o que está escrito lá. Por ser uma linguagem, muda com o tempo. Nas ciências médicas, a linguagem também muda. No ano passado, depois de cerca de dez anos, fizemos uma nova edição do BI-RADS®. Ele teve muitas atualizações que devem ser consideradas, avanços em mamografia, em ultrassom e em RM, e também em como avaliamos os resultados desses exames, como os auditamos. E é importante fazer isso, porque o radiologista, o hospital, o paciente e mesmo o governo, têm que saber que o exame está sendo feito da forma correta. As maiores mudanças ocorreram em ressonância magnética, por ser a modalidade mais jovem, em seguida em ultrassom e, por último, em mamografia, porque é a modalidade mais antiga e estabelecida. Algo que particularmente é muito útil aos radiologistas é o fato da nova edição ser eletrônica, e provavelmente haverá um app

para telefone. Isso facilitará a atualização. ID – A tomossíntese é apenas o primeiro avanço da mamografia digital ou será o novo padrão-ouro da mamografia no rastreamento mamográfico? Dr. Edward Sickles – A tomossíntese tem sido estudada menos extensivamente do que a RM ou o US. Então, não temos ainda tanta informação dela. No entanto, as indicações iniciais são de que se trata de um melhor caminho para fazer mamografia. Se a experiência inicial for verificada e validada com mais pesquisas e estudos, é provável que ela substitua a mamografia. Não haverá mais mamografia digital: haverá tomossíntese. Nos Estados Unidos, Dr. Edward Sickles acredito que isso ocorrerá em três ou quatro anos, pode ser até mais rápido. Com o ultrassom e a mamografia, se encontram mais cânceres, mas, se encontram também mais falsos positivos. Com a tomossíntese, se encontram mais cânceres, mas muito menos falsos positivos. É uma combinação muito melhor e é o motivo pelo qual acredito que ela vai progredir rapidamente, pois há coisas boas nos dois lados. ID – A mamografia será substituída por outras tecnologias ou ela sempre terá um papel de destaque? Dr. Edward Sickles – Essa questão é

complicada. Provavelmente, não; possívelmente em algumas mulheres com alto risco, imagens adicionais serão feitas, será a mamografia mais alguma coisa. Agora, o melhor teste adicional é a RM, e não o ultrassom. A imagem molecular está em sua infância, quando consideramos imagem da mama. Não há muitos trabalhos desenvolvidos, e a maior parte não é muito encorajador. Ela pode ter um papel importante em outras partes do corpo, mas, na mama, não encontraram ainda o caminho que funcione. Vão encontrar, provavelmente, mas pode levar anos. E a RM, como exame de rastreamento, é ainda muito cara, não está amplamente disponível e leva muito tempo, você precisa de uma injeção na veia. A RM hoje leva 30 minutos, e muito tempo para interpretar.

Histórico da imagem mamária Em novembro, foi publicado um artigo do Dr. Edward Sickles na Radiology, da RSNA, contando a história da imagem mamária. A edição na íntegra, para assinantes, pode ser acessada no endereço: http://tinyurl.com/nphjsg6.


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reportagem

Por Priscila Novaes (RJ)

Combinação de métodos maximiza a detecção do câncer de mama Três anos de pesquisas feitas por especialistas norte-americanos enfatizam a importância da utilização da tomossíntese em complemento à mamografia digital, para maximizar a detecção do câncer de mama e reduzir resultados falsos positivos.

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ara a Dra. Emily Fox Cocombinada à tomossíntese, foi observado nant, chefe do Departamento um menor índice de ‘recall’, o que foi trade Radiologia em Imagem duzido como uma diminuição de resultados da Mama e professora de falsos positivos. Mais cânceres invasivos Radiologia do Hospital da foram detectados com o método combinado. Universidade da Pensilvânia, esse posi“Estes pacientes tiveram menos necessidade cionamento está balizado não só em novos de repetir exames ou realizar biópsias de estudos e pesquisas, mas é decorrente dos forma desnecessária”, ressaltou. avanços introduzidos nessa tecnologia. Novas frentes Ela integrou o grupo de pesquisadores responsável pelo estudo, publicado em juA nova proposta do estudo norte-amenho deste ano no Jornal ricano é a aplicação das da Associação Médica pesquisas em populações Americana (JAMA), e específicas e a observândurante o Congresso do cia dos resultados em CBR, falou ao ID: explilongo prazo. “Ao olharcou seus resultados, os mos idades e densidades benefícios observados diversas, não teremos o e foi além, apontando mesmo nível de estatísos próximos passos da ticas, mas chegaremos às pesquisa e as inovações tendências mais aproxitecnológicas adotadas madas”, explicou. em sua instituição. A professora e pesA pesquisa intituquisadora adiantou ao lada “Diagnóstico por ID alguns dos resultados imagem de mama utijá observados: “Olhando lizando tomossíntese Dra. Emily Fox Conant para a população mais joem combinação com a vem, abaixo dos 50 anos, mamografia digital” avaliou um total de detectamos que o impacto da tomossíntese 454.850 exames, dos quais 281.187 pafoi maior, que o método auxilia de forma cientes, ou mais da metade, receberam mamais expressiva nesta faixa etária. É bom mografia digital apenas e outra população, para todos, mas em particular as mais jode 173.663 pessoas, recebeu a mamografia vens”, pontuou. “O próximo passo é buscar digital combinada à tomossíntese. a biologia dos cânceres”, resumiu. Para Os resultados apontaram que, em paela, é preciso analisar os diagnósticos com cientes que passaram por mamografia digital tomossíntese ao longo do tempo para saber

se o impacto é de longo prazo. “Queremos verificar quem será diagnosticado. É uma pesquisa de décadas”, conclui. Em termos tecnológicos, a aposta atual é a mamografia sintética 2D, que elimina uma exposição da paciente a doses de radiação. Os novos equipamentos reconstroem as imagens de 3D em uma imagem sintetizada tal qual a 2D. Dra. Emily Fox aprova a nova tecnologia como um grande trunfo da radiologia: “A melhor qualidade

“Esperamos implementar este método em nosso hospital em janeiro de 2015”, afirmou, complementando, porém, que o desafio não se restringe à aplicação da tecnologia, mas concentra ainda questões econômicas sobre o custo da inovação. “No caso do Fast MRI, a pretensão é manter o mesmo valor que temos para US, que é hoje de 300 dólares”, explicou. Dra. Emily Fox destacou também a atuação da Sociedade Americana Roentgen

Confira os resultados comparados: Mamografia Digital Mamografia Digital + Tomossíntese Taxa de reconvocação (recall) Taxa de diagnóstico por biópsia Taxa de detecção de câncer Taxa de detecção de câncer invasivo Taxa de detecção de câncer in situ Valor preditivo positivo para recall Valor preditivo positivo para biópsia

107 / 1000 exames 18.1 / 1000 exames 4.2 / 1000 exames 2.9 / 1000 exames 1.4 / 1000 exames 4.3% 24.2%

91 / 1000 exames 19.3 / 1000 exames 5.4 / 1000 exames 4.1 / 1000 exames 1.4 / 1000 exames 6.4% 29.2%

Fonte: “Diagnóstico por imagem de mama utilizando tomossíntese em combinação com a mamografia digital”, JAMA - junho 2014.

possível de imagem com a menor dose possível”. Em se tratando de RM, Dra. Emily apontou outra novidade em fase de implementação na Universidade da Pensilvânia. No chamado “Fast MRI”, a exposição do paciente leva de três a quatro minutos.

Ray. Mais antiga sociedade de radiologia dos Estados Unidos, a ARRS, na sigla em inglês, é parceira do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). O acordo de parceria global inclui acesso a publicações científicas e intercâmbio de professores.


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notícia

Radiologia Brasileira indexada no PubMed Central A Revista Radiologia Brasileira, criada em 1958, publicação científica do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), obteve uma grande conquista em outubro, após intenso trabalho de sua equipe: a indexação no PubMed Central (PMC), respeitável base de dados internacional.

S

egundo a entidade, essa conquista representa maior visibilidade para o periódico, que deve alcançar fatores de impacto cada vez mais significativos e aproximar-se da indexação ao Medline, a mais importante base de dados bibliográficos da área médica. Em julho, a revista havia recebido aprovação no aspecto científico; agora, a recebeu no quesito técnico, que com-

tributação

Governo isenta equipamentos médicos nacionais de PIS e COFINS

A

s indústrias médicas brasileiras passam a ter mais capacidade de competir com as multinacionais daqui pra frente. No dia 14 de novembro, foi sancionada a Lei 13043/2014, que prevê a isenção de PIS e COFINS para o setor de equipamentos para a saúde, um alívio para o setor produtor de equipamentos médicos, hospitalares, laboratoriais e odontológicos. Até então, apenas produtos fabricados fora do Brasil tinham essa isenção de impostos nas compras feitas por hospitais públicos e filantrópicos. A falta de isonomia tributária perante os importados configurava-se como um dos mais graves problemas enfrentados pelo setor. Por isso, esta é considerada uma grande conquista do setor, que poderá finalmente oferecer produtos com as mesmas vantagens tributárias que os importados. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO), o setor sentirá rapidamente os efeitos da isenção, pois as empresas poderão se valer dela a partir da publicação da regulamentação. No âmbito do governo, a expectativa é de que a renúncia fiscal seja recuperada integralmente em menos de um ano devido aos efeitos positivos sobre a atividade produtiva da economia. Retirados o PIS-COFINS e o IPI, o resultado anual confirma um aumento de 0,3% no PIB e mais 132 mil postos de trabalho em toda a indústria brasileira. Nos preços, a queda poderá ser de 9,8%, beneficiando hospitais públicos e filantrópicos, além da população brasileira.

preende os arquivos em PDF, em XML e imagens do periódico. A indexação de uma revista cientifica é o reconhecimento a um trabalho que leva em conta, a continuidade, a qualidade, o conteúdo e a normatização do conteúdo. Aprovada, os trabalhos tem um novo referencial e valorizam o currículo dos autores dos trabalhos. O CBR acredita que a indexação ao PMC deve se concretizar este ano e, então, o conteúdo estará disponível para usuários do mundo inteiro, desde a edição de março/abril de 2014.

Dr. Edson Marchiori, editor-chefe da publicação

Para o presidente da entidade, Dr. Henrique Carrete Jr., ao atingir mais visibilidade, a revista, que tem como editor-chefe o Dr. Edson Marchiori, atrairá progressivamente artigos de qualidade, conquistará o merecido reconhecimento pela comunidade científica internacional e poderá cumprir ainda melhor seu papel no crescimento dos programas de pósgraduação e dos especialistas. A Radiologia Brasileira é também indexada à SciElo (base de dados do Brasil), à Lilacs (latino-americana) e à Scopus (mundial).


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dezembro 2014 / janeiro 2015 - Ano 13 - nº 83 Luiz Carlos de Almeida (Chicago, EUA)

entrevista

GE: “No futuro, teremos equipamentos nacionais vendidos lá fora” A GE escolheu o Brasil para ser o quinto país do mundo a contar com uma extensão de Crotonville, sua universidade corporativa. Instalada no Rio de Janeiro, no mesmo endereço que acolhe o novo Centro de Pesquisas Global da companhia, a Crotonville Rio receberá investimentos de US$ 50 milhões e funcionará como o centro de formação e qualificação de líderes da empresa na América Latina.

E

ducação, pesquisa e desenvolvimento (P&D) estão no centro das atenções da empresa, que, em novembro, com a presença de Jeff Immelt, presidente mundial da organização, anunciou um acordo com o parque tecnológico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com o objetivo de fortalecer a produção local de pesquisas aplicadas, focadas em solucionar desafios do mercado em segmentos estratégicos. O acordo permitirá a identificação de oportunidades de pesquisa conjunta, e a previsão é de que os benefícios cheguem a clientes e parceiros da GE e da Universidade. Um dos articuladores do projeto no Brasil, Daurio Speranzini Jr., CEO e presidente da operação de Healthcare na América Latina, falou ao ID – Interação Diagnóstica, no Congresso da RSNA sobre o projeto e suas implicações, bem como benefícios para o País e, principalmente, para os pacientes, maiores beneficiados pelainiciativa. ID – Como estão as atividades da GE em educação, pesquisa e desenvolvimento? Daurio Speranzini – Em novembro a GE inaugurou o seu centro de pesquisas nono Rio de Janeiro. Por estar no Rio, ele se pautou na área de petróleo, mas isso não significa que outras áreas não se beneficiarão disso. Nesse mesmo momento, a GE Healthcare também iniciou a sua estrutura de P&D no Brasil. Era um desejo antigo mudar o investimento da Europa e dos Estados Unidos para cá, um país emergente. Faltava pesquisa e desenvolvimento aqui. Indicamos o Eudemberg Silva para a nova diretoria de P&D na divisão de saúde, uma pessoa com muito conhecimento em tecnologia, que conhece a empresa e o mercado muito bem, e conhece todas as dinâmicas do mercado de Healthcare. Foram contratados também cientistas clínicos que, junto com os profissionais do exterior, vão iniciar uma nova etapa no campo de pesquisa aqui no Brasil. Estão previstos investimentos de cerca de 7 milhões de dólares em P&D, para projetos de curto prazo na região. ID – Quais os próximos passos ? Daurio Speranzini – Agora precisamos passar pelo processo de reestruturação dos projetos, entender com o Governo quais são as áreas de maior necessidade e fazer com que os nossos clientes da América Latina e do Brasil possam participar do processo de forma colaborativa,

para que nossos pacientes sejam beneficiados por produtos e serviços desenvolvidos por cientistas brasileiros. Em educação, agora é oficial nossa parceria com o Senai – SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que visa o treinamento de médicos, enfermeiros, técnicos e engenheiros das nossas modalidades. Temos praticamente 10 mil m2 de espaço com o Senai-SP na Vila Leopoldina, nossa tecnologia embarcada está lá, e, em três meses, os cursos de aprimoramento já estão com 70% de seus períodos ocupados. Acreditamos que no ano que vem todos os cursos estarão completos. ID – Quais são as iniciativas da GE em inovação? Daurio Speranzini – Temos ajudado os nossos parceiros, queremos inspirá-los a pensar em inovação, –não só em P&D, mas também fazeendo com que as pessoas tenham formação educacional adequada e uma veia de empreendedorismo para buscar essa inovação. Temos também tentado inspirar o mercado para migrar para um centro de inovação, que é muito mais do que um centro de P&D. Inovação é mais amplo, toca em modelo de negócios, qualificação das pessoas, e é muito mais do que propriamente a tecnologia, mas sim o que se quer de benefício para o paciente. E, claro, o investimento em P&D exige uma estrutura muito maior. Então, com o Hospital das Clínicas, por exemplo, temos tentando ajudar a direcionar esse pensamento estratégico, essa tendência, com o objetivo de ter o centro de inovação mais estruturado. ID – A GE na RSNA e a evolução tecnológica, como avaliar ? Daurio Speranzini – Cada período é uma evolução, e você busca movimentos estratégicos. Sinto que cada vez mais a GE se prepara para ajudar o cliente a fazer com que o paciente seja mais bem tratado, que a qualidade de vida das pessoas seja mais longeva. É muito mais uma discussão sobre os resultados, as contribuições que nossa tecnologia e serviços podem dar para os nossos clientes, para que eles possam contribuir efetivamente para a aumentar a longevidade dos pacientes. É isso que estamos buscando. A evolução da tecnologia suporta tudo isso, é o meio para que tudo aconteça. Mas nessa última onda, o que vejo é que a empresa se prepara para

de descentralização e de acesso à saúde que ele genuinamente ser um parceiro de seus clientes. já fez, e isso não pode parar. É um ganho que ID – Entre tantos lançamentos da GE, há tivemos, que pequenos grupos tiveram, que algo que você destacaria, em benefício do áreas longe do eixo Rio - São Paulo tiveram, e paciente? não podemos perder isso. Daurio Speranzini – É difícil destacar um ID – Em que medida esse processo de inomais importante; é um grupo de coisas que, vação vai refletir na fabricação local? estruturadas e conectadas, dão o resultado que Daurio Speranzini – Vai também, de duas a gente quer. Na área de Healthcare IT, temos formas: aumentando o conteúdo de produção alguns softwares que ilustram nossa ambição: local e gerando produtos brasileiros desenvolconcentrar e deter toda a informação do paciente vidos por engenheiros e pesquisadoresnacionais, em uma única plataforma. sendo utilizados por brasileiros e consumidores Hoje, sobretudo nas áreas públicas, muitos de outros países. pacientes se envolvem com a estrutura de saúde, É um processo de em diferentes pontos, e médio, longo prazo. não se tem o histórico disEstamos iniciando um so. Estamos trazendo uma novo ciclo para a área de ferramenta que é capaz de saúde e tenho certeza de colocar todas as informaque bons pesquisadoções de um paciente em res vão apareuicer. No uma linha de tempo clara futuro, teremos equipapara que qualquer pessoa mentos com tecnologia possa ter seu histórico, nacional vendidos fora passando por diversos do Brasil. serviços. Vamos ganhar ID – Quais suas excontrole maior sobre a pectativas para 2015? movimentação de paDaurio Speranzini cientes, informações que – Para o Brasil, é ainda podem nos ajudar a tomar muito boa. O gap existe decisões que serão benéquando a gente avalia ficas para a própria vida os Estados Unidos com dele. Falo aqui das inforcapacidade ociosa de mações de qualquer tipo, máquina e até de mão de documentação, áreas Daurio Speranzini na exposição comercial da de obra. Não podemos do hospital, incluindo GE, no RSNA 2014 confundir: o Brasil é um país que precisa contilaboratório clínico, tudo integrado. E o próprio nuar o investimento em tecnologia e infraestrusistema vai te forçar a tomar algum tipo de ação: tura tecnológica. É muito cedo para pensar em vamos ganhar produtividade e assertividade no redução de investimento pelo Governo. Acho diagnóstico. que o Governo vai continuar aportando o que ID – E, no Brasil, como estão os trabalhos for preciso. Estamos longe de instrumentalizar da fábrica em Contagem, MG? a infraestrutura necessária. Se investir de forma Daurio Speranzini – Muito bem! O fato de inteligente e rápida, quem vai se beneficiar serão estarmos aumentando o desenvolvimento em os pacientes. Tem muita coisa para fazer. P&D é diretamente proporcional aos resultados A área privada parece que vai muito bem, de nossa fábrica. As fábricas conseguem, com mas sempre dependendo do nível de emprego instrumentos de financiamento, democratizar o do país. Não vejo em 2015 um aumento no nível acesso à tecnologia, e acho que é uma tendência de desemprego. É preciso que a área privada que não pode parar. continue investindo. 2014 foi o ano da área O Governo busca alternativas de subsídios privada, ela que fez os grandes investimentos. para financiamento. Espero, com os colegas Tenho expectativas de que continuemos cresdo setor, mostrar ao Governo que o Finame cendo a níveis de 7% a 8% no Brasil. somado à produção local é a grande ferramenta


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entrevista

Por Lilian Mallagolli (SP)

Novo momento da Fujifilm com novos modelos de negócios Em meados de outubro, o executivo Eduardo Tugas assumiu a gerência da Divisão Médica da Fujifilm. Ele passou, portanto, a ser responsável por toda a operação de serviços e vendas da empresa no Brasil. Há cerca de dois meses na empresa, já iniciou suas atividades propondo um novo modelo de negócios.

M

inha experiência de quatro anos técnicos para ganhar penetração no mercado”, com equipamentos de radioteraaposta. “Vamos trabalhar muito para chegar a lugapia, considerados bens de capital res onde não estamos ainda. Há muito a ser feito!” e bastante complexos, me mostrou Mamografia a importância da sinergia entre os departamentos, áreas técnicas, de vendas, de A Fujifilm conta hoje com 21 equipamentos de aplicação, dos softwares, e tudo isso hoje passa mamografia Amulet 1 instalados no Brasil. Agora, pelo novo momento que a Fujifilm apresenta para surge a nova plataforma de mamógrafos 100% deo mercado, de uma empresa totalmente dedicada a senvolvidos pela Fujifilm, o Amulet Innovality: é filmes para uma empresa de tecnologia da informao primeiro equipamento que alia imagens de alta ção e de equipamentos de média e alta complexidefinição, tomossíntese mamária com resolução de dade, com o mamógrafo digital com tomossíntese”, 50 microns e sistema de estereotaxia. explica Eduardo Tugas. A função tomossíntese Para ele, é muito claro do Amulet Innovality ofereesse momento que vive a ce dois modos de ação para Fujifilm vive, de consoliatender diferentes cenários dar a mudança da imagem clínicos. A opção Standard de uma empresa de filme utiliza uma faixa angular para de equipamentos com que permite a tomossíntese tecnologia moderna. “O rápida, utilizando uma baixa mercado de filme hoje está dosagem de radiação e aprenum decréscimo de 8% a sentando alta resolução. Já a 10% de seu volume anual. modo High Definition perO mercado muda, e é preciso mite a produção de imagens se adequar, reposicionar a com um nível ainda melhor empresa”, completa. de detalhamento, uma vez O executivo credita sua que utiliza um ângulo maior contratação à sua experide captação de imagem, ência em lidar com assis- Eduardo Tugas, da Fujifilm. resultando em uma melhor tência técnica, hardware e resolução de profundidade, software; agora, o plano é liderar esse período de o que garante uma visualização mais nítida e eficaz. integração. Para a Fujifilm, o lançamento se adequa à “A Fujifilm está liderando o uso de uma nova realidade das clínicas brasileiras por permitir tecnologia inovadora conhecida por VNA – venque um único equipamento ofereça duas opções dor neutral archive. A empresa está lançando seu de exames com qualidade de visualização e mais Synapse VNA: trata-se de uma camada em nuvem rapidez. “Além do ganho para os pacientes, é onde se integram todos os sistemas, com leitura e possível aumentar a produtividade da clínica com integração de todas as origens, de diferentes moa incorporação de uma única tecnologia”, afirma dalidades e laboratórios. Ele cria um número de Eduardo Tugas. identificação digital, um protocolo VNA”, afirma O equipamento conta ainda com a resoluEduardo. ção de 50 microns, que garante mais nitidez na Com esta nova tecnologia de informação e a imagem, possibilitando o diagnóstico precoce recém-lançada plataforma de mamografia digital de células tumorais, o que pode ser decisivo no que pode ter tomossíntese, chamada Amulet Intratamento do câncer. novality, a Fujifilm define seu momento. “Nosso Com o Innovality, a Fujifilm espera se tornar objetivo é dar continuidade e mais agilidade à um marco no acesso ao diagnóstico precoce do nossa linha de produção na área de tecnologia e de câncer de mama e atender uma demanda reprimida equipamentos de alta complexidade. Os produtos dos centros que oferecem o exame – mais um passo da Fujifilm são reconhecidos como os melhores do grandioso a ser liderado pelo novo executivo em segmento; precisamos agora aprimorar os serviços seu quadro.

Projeto Por Carlos Alberto Goular (x)

Acelerando a inovação no Brasil

A

ABIMED – Associação Brasileira de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde – tem como meta ser um protagonista ativo na defesa e expansão do setor de produtos para a saúde no Brasil, com o objetivo de proporcionar maior acesso da população a novas tecnologias médicas e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país. Neste contexto, a promoção da inovação é imprescindível para que estes objetivos possam ser atingidos. Priorizar a inovação no setor de produtos para saúde é um dos grandes anseios de nossas mais de 170 associadas. Por essa razão, além de eleger o fomento à inovação como foco principal de atuação em seu Planejamento Estratégico, a ABIMED adotou o lema Acelerando a Inovação no Brasil, e lançou campanha com este tema. A inovação é fundamental ainda para que o Brasil eleve seu patamar tecnológico e não corra o risco de ficar defasado tecnologicamente ou de perder oportunidades de participar da cadeia global de desenvolvimento de produtos para a saúde e de sua comercialização ao redor do mundo Uma das primeiras preocupações da campanha foi gerar informações mais precisas sobre o setor e mapear os principais gargalos à inovação. Dessa necessidade nasceu uma parceria com a Fundação Dom Cabral que resultou no estudo “Desafios para Aceleração da Inovação no Setor de Produtos para a Saúde no Brasil”, em fase de conclusão. O Brasil está entre as nações consideradas de maior potencial de crescimento em inovação, segundo analistas, mas o seu “capital” inovador – instituições, recursos humanos, pesquisa, infraestrutura, sofisticação do mercado e sofisticação dos negócios – precisa ser eficientemente transformado em conhecimento, tecnologia e criatividade, injetando taxas mais elevadas de inovação da economia. Para isso, é necessário aumentar a interação entre universidade, empresas de fomento, e indústria, reduzir os tempos para realizar pesquisas clínicas e aprovar patentes, encurtar o tempo para registro e introdução de novas tecnologias no mercado, agilizar incorporação das inovações no SUS e no rol da ANS, e, como consequência, garantir o acesso da população a uma assistência médica com qualidade e de ponta. Em relação à área regulatória, é necessário ter agências fortes, eficientes, com autonomia e metas claras para agilizar a introdução de novas tecnologias no país. O setor de produtos para a saúde entende que tem uma grande contribuição a dar ao país, uma vez que ocupa espaço importante no seu desenvolvimento socioeconômico: vem crescendo de maneira sustentável nos últimos anos, em índices bem acima da economia nacional; possui faturamento anual ao redor de R$ 20 bilhões, gera mais de 130 mil empregos diretos e indiretos, conta com portfólio de cerca de 10 mil produtos, segundo a Organização Mundial de Saúde; e detém tecnologia avançada, crucial para o avanço da indústria local e melhor posicionamento do Brasil no comércio mundial. A ABIMED ainda defende o fortalecimento de estratégias públicas que fortaleçam a inovação com competividade global, contribuam para o aumento das exportações, bem como para a disseminação do conhecimento sobre incentivos disponíveis para a pesquisa & desenvolvimento. Esses são fatores essenciais para que maior número de empresas possa usufruir deles. Outro ponto fundamental para o setor é a desoneração e/ou redução de impostos nos produtos para saúde, para tornar a inovação acessível a uma maior parte da população. Todas estas medidas devem estar suportadas por um ambiente ético de negócios que gere segurança para investimentos no setor. Para uma melhor efetivação desses objetivos, a ABIMED pretende reforçar as alianças com parceiros do setor e sociedades médicas, apresentar sugestões para autoridades da saúde, tanto no âmbito político quanto de regulação, além de fortalecer e aprofundar a interlocução com as agendas reguladoras. (x) Carlos Alberto Goulart é presidente-executivo da ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde.


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dezembro 2014 / janeiro 2015 - Ano 13 - nº 83

A ultrassonografia de tórax na atualidade: muito além do derrame pleural Introdução A ultrassonografia avançou muito em termos técnicos nas últimas décadas, não só na aquisição e processamento de imagens, mas também na sua portabilidade, permitindo o desenvolvimento de aparelhos pequenos e móveis, aliado a uma qualidade de imagem adequada. Dentro desse contexto, a ultrassonografia de tórax vem ganhando um papel importante, principalmente em pacientes de unidades de terapia intensiva e semi-intensiva, permitindo, em associação à radiografia beira leito, uma avaliação bastante satisfatória de alterações parenquimatosas pulmonares e do espaço pleural. Tais conhecimentos e habilidades já são competências de muitos médicos intensivistas e pneumologistas de grandes hospitais, notadamente europeus (1,2). Nossa intenção é discorrer um pouco sobre as alterações básicas da ultrassonografia de tórax, que hoje em dia vai muito além da constatação e quantificação de derrames pleurais.

linha pleural, artefatuais “em espelho” da mesma, encontrada em indivíduos normais [Fig. 1A e 1B] e apagadas em algumas situações discutidas adiante (3). Linhas B As linhas B são verticais à linha pleural, saindo da mesma (ou eventualmente de pequenas consolidações justa-pleurais) e atingem a borda inferior da imagem. São bem-definidas, se movem junto com a linha pleural através da respiração e apagam as linhas A [Fig. 2]. Em 30% de indivíduos voluntários sadios, uma ou duas linhas B podem ser encontradas por espaço intercostal, notadamente nas regiões pulmonares decúbito dependentes. A linha B representa o preenchimento de um septo interlobular ou intralobular, podendo então, em linhas gerais, ser encontradas em edemas pulmonares ou intersticiopatias (1,3).

80% da população, logo bastante comuns, e que podem ser confundidas com as linhas B coalescentes acima discutidas. Elas também são verticais e emergem da linha pleural, na forma de aparentes feixes agrupados, porém não são bem definidas, não apagam as linhas A e não são perfeitamente sincronizadas com a respiração (3,4) – [Fig. 4].

Princípios de imagem Normalmente, gases e conteúdos aéreos não são bem caracterizados à ultrassonografia e, portanto, o parênquima pulmonar normal não é visível subjacente à pleura. A linha pleural, entretanto, em condições habituais, é vista como uma linha hiperecogênica deslizando suavemente e sincronizada com a respiração [Fig. 1A e 1B]. E é a partir dela e de artefatos gerados por ela que deriva boa parte da ultrassonografia torácica. Para realização do exame, utilizamos preferencialmente o transdutor convexo de baixa frequência (3-5 MHz) e varremos todos os espaços intercostais do tórax, mobilizando o paciente no leito para a avaliação do dorso. O tempo total do exame é estimado em cerca de 10 a 15 minutos.

Fig. 4 – Ultrassonografia de tórax normal, apresentando as linhas Z (setas) – encontradas em até 80% da população.

Consolidações

Fig. 2 – Linha B (seta) – representa o espessamento do septo interlobular ou intralobular. Em linhas gerais é encontrado em edemas e intersticiopatias.

Quando a linha B fica espessa, no formato de um feixe de várias linhas B agrupadas, contíguas, chamamos-a de “linha B coalescente” [Figs. 3 e 5A], que por sua vez representa, em linhas gerais, o vidro fosco encontrado na periferia dos pulmões nas tomografias de alta resolução (1,3).

As consolidações pulmonares são processos que “hepatizam” o parênquima pulmonar, geralmente infecciosas, substituindo o conteúdo aéreo normal por conteúdo mais denso, tornando-se caracterizável à ultrassonografia, desde que não haja parênquima normal entre a linha pleural e a consolidação. Em outras palavras, só conseguimos ver consolidações mais periféricas. Na ultrassonografia elas se apresentam como estruturas com ecogenicidade de tecido, aparentemente sólidas. Podem ser diminutas, periféricas [Fig. 5A] ou maiores, onde se destacam focos hiperecogênicos de permeio, que nada mais são do que os broncogramas aéreos [Fig. 5B]. (3,5)

Fig. 5A – Pequena consolidação subpleural, da qual emerge uma linha B coalescente. Fig. 3 – Linha B coalescente, que nada mais é do que um feixe de linhas B agrupadas (seta grossa). Representa, em linhas gerais, o vidro fosco encontrado nas tomografias de alta resolução do pulmão. Neste caso, associa-se um pequeno derrame pleural.

Fig. 1A e 1B – Ultrassonografia de tórax normal. A seta grossa representa a linha pleural, que em situações normais deve ser vista deslizando conforme a respiração. As setas finas representam as linhas A (artefatos em espelho).

Achados de imagem Linhas A Abaixo da linha pleural podem ser encontradas as linhas A, que nada mais são do que linhas horizontais paralelas à

Falsas Linhas B (Linhas E e Z) As falsas linhas B são linhas verticais à linha pleural que podem ser confundidas com as linhas B verdadeiras, porém representam outras entidades descritas a seguir. São representadas principalmente pelas linhas E e Z. As Linhas E, “E” de enfisema subcutâneo, são as linhas verticais que aparecem quando há gás no subcutâneo, porém não emergem da linha pleural, emergem do subcutâneo e não são sincronizadas com a respiração, pois o gás está parado. Podem ser confundidas com as linhas B verdadeiras, pois, a exemplo das mesmas são bem definidas e também apagam as linhas A. As linhas Z são linhas artefatuais presentes em mais de

Fig. 5B – Consolidação pulmonar e derrame pleural. Os focos hiperecogênicos de permeio à consolidação representam os broncogramas aéreos.

Continua


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A ultrassonografia de tórax na atualidade: muito além do derrame pleural

septos interlobulares espessados, a exemplo do que vemos na tomografia de alta resolução dos pulmões.

Conclusão

X

O uso do Doppler (colorido ou Power) pode ser útil para a identificação de fluxo no interior da consolidação, ajudando a diferenciar de atelectasias (5). Além disso, a presença de fluxo na consolidação pode indicar melhor penetração de antibióticos, enquanto a ausência do mesmo pode sugerir um parênquima prestes a necrotizar, com pior penetração de antibióticos [Fig 6]. (6)

- Pneumonia intersticial – Como temos septos inter e intralobulares espessados, veremos na ultrassonografia múltiplas linhas B, porém agora irregularmente espaçadas, eventualmente com linhas B coalescentes, representando o vidro fosco, e até mesmo leve diminuição do deslizamento pulmonar. - Pneumonia alveolar – representada pelas consolidações discutidas anteriormente. Ressalta-se que a ultrassonografia permite a detecção até de diminutas consolidações milimétricas, desde que justa-pleurais (periféricas).

Fig. 7A – Modo M evidenciando ausência de pneumotórax. A seta representa a linha pleural (mais hiperecogênica) e abaixo dela é possível ver o aspecto de “grãos de areia”, determinado pela movimentação habitual do pulmão.

A ultrassonografia de tórax, aliada à radiografia beira leito, muitas vezes é suficiente para o diagnóstico e conduta das afecções pulmonares de pacientes internados, sobretudo em ambientes intensivos / semi-intensivos. A assimilação e prática deste conhecimento por médicos radiologistas podem ser cruciais na multidisciplinaridade médica, muitas vezes até dispensando a realização da tomografia de alta resolução dos pulmões, cuja mobilização até o setor de radiologia pode ser arriscada e de alto custo financeiro e operacional (1,3,4).

Referências Bibliográficas 1. Lichtenstein DA, Mezière GA. Relevance of lung ultrasound in the diagnosis of acute respiratory failure the BLUE protocol. Chest. 2008;134:117–25.

Fig. 6A – Consolidação pulmonar e derrame pleural. O Doppler colorido evidencia fluxo no interior da consolidação, indicando maior chance de penetração de antibióticos.

2. Lichtenstein D, Mezière G, Biderman P, Gepner A. The comettail artifact: An ultrasound sign ruling out pneumothorax. Intensive Care Med. 1999;25:383–8. 3. Bouhemad B, Zhang M, Lu Q, Rouby J-J. Clinical review: Bedside lung ultrasound in critical care practice. Crit Care. 2007;11:205. 4. Arbelot C, Ferrari F, Bouhemad B, Rouby J-J. Lung ultrasound in acute respiratory distress syndrome and acute lung injury. Curr Opin Crit Care. 2008;14:70–4. 5. Blaivas M. Lung Ultrasound in Evaluation of Pneumonia. J Ultrasound Med. 2012;31(6):823–6.

Fig. 7B – Modo M evidenciando pneumotórax. A seta representa a linha pleural (mais hiperecogênica) e abaixo dela é possível ver que não há os “grãos de areia”, pois o gás no espaço pleural não nos permite documentar a movimentação pulmonar.

Fig. 6B – Consolidação pulmonar e derrame pleural. O Doppler colorido evidencia ausência de fluxo no interior da consolidação, indicando um provável componente pré-necrótico ou necrótico, sujeito a menor penetração de antibióticos.

Pneumotórax Quando presente, não vemos o pulmão se movimentando com a respiração, porque o gás no espaço pleural não permite que vejamos a linha pleural subjacente deslizando. Assim, quando nos deparamos com um pulmão aparentemente parado, e por conseguinte, não sincronizado com a inspiração e expiração do paciente, devemos estar diante de um pneumotórax. Tal aspecto pode ser documentado no “Modo M”, com foco sobre a linha pleural. Como o normal é ter movimento pulmonar, no modo M vemos um aspecto de “grãos de areia”. Caso haja pneumotórax não vemos a movimentação pulmonar escondida pelo gás suprajacente, e no modo M temos linhas horizontais no lugar dos “gãos de areia” (2) – [Fig. 7].

Uma outra característica que auxilia no diagnóstico é procurar por linhas B, pois, se o pneumotórax não nos permite ver a linha pleural, também fica impossível ver linhas B que, por definição, são formadas e emergem a partir da linha pleural. Portanto, a presença de linhas B descarta pneumotórax (2). A ultrassonografia é um método com muito boa acurácia para detectar pneumotórax, às vezes até superior à radiografia em pneumotórax mínimos e localizados (3).

Discussão Uma vez que sabemos reconhecer e interpretar as linhas B (espessamento septal interlobular e intralobular) e linhas B coalescentes (vidro fosco), podemos estreitar nossa interpretação diagnóstica. Abaixo resumimos os mais importantes (1,3,7): - Edema hemodinâmico – linhas B regularmente espaçadas (cerca de 7,0 mm entre elas, que é o diâmetro do lóbulo pulmonar secundário). As linhas B nada mais são do que os

6. Bouhemad B, Liu Z-H, Arbelot C, Zhang M, Ferarri F, Le-Guen M, et al. Ultrasound assessment of antibiotic-induced pulmonary reaeration in ventilator-associated pneumonia. Crit Care Med. 2010;38:84–92. 7. Gargani L. Lung ultrasound: a new tool for the cardiologist. Cardiovasc Ultrasound. 2011;9(1):6.

Autores Paulo Savoia Dias da Silva 1 Antonio Rahal Junior 1 Fabio Augusto Cardillo Vieira 1 Miguel Jose Francisco Neto 2 Marcelo Buarque de Gusmão Funari 3 1 – Médico Radiologista 2 – Médico Radiologista, Coordenador Médico e Chefe do Setor de Ultrassonografia 3 – Médico Radiologista, Gerente Médico e Chefe do Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Hospital Israelita Albert Einstein


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Esclerose tuberosa Uma importante causa de epilepsia na infância Achados de imagem e dicas interessantes para o diagnóstico A esclerose tuberosa pertence ao grupo das facomatoses, doenças onde há comprometimento do sistema nervoso central e de órgãos de origem ectodérmica. Nas crianças com crises convulsivas de repetição (epilepsia) é obrigação do radiologista investigar sinais radiológicos de esclerose tuberosa. Trata-se de uma doença de herança autossômica dominante (múltiplos genes são envolvidos na herança), com risco de 2 a 3 % de se repetir numa futura gravidez, de modo que o aconselhamento genético é fundamental. Em 15 a 20% dos casos nenhuma mutação é encontrada e nestes casos a clínica é mais suave. A detecção das lesões de pele (manhcas hipocrômicas-Fig.1 e adenoma sebáceo da faceFig.2) pode ser o primeiro passo no diagnóstico da esclerose tuberosa, sendo estas lesões o único critério major (Tabela 1) que pode ser avaliado no exame clínico! Outras alterações que podem ser encontradas no exame clínico são o fibroma subungueal/periungueal (surge após a puberdade) (Fig.3) e o hamartoma astrocítico da retina (Fig.4), que em geral surge nos primeiros meses de vida, podendo determinar leucocoria (Fig.5). O hamartoma é demonstrado em 15% dos pacientes, sendo geralmente bilateral e múltiplo.

A tríade clínica clássica da esclerose tuberosa é conhecida como Tríade de Vogt e caracteriza-se por: 1

Convulsões de difícil controle;

2 Retardo mental; 3 Adenoma sebáceo (angiofibroma) da face, com distribuição bimalar. A tríade completa está presente em menos de 50% dos pacientes, enquanto os achados de ressonância magnética (RM) estão presentes em mais de 95% deles, sendo o exame de imagem bastante importante para o diagnóstico. As alterações de imagem podem ser vistas já na vida intra-uterina e são progressivas.

Achados radiológicos na ET 1 - Túberes subcorticais São lesões hamartomatosas de localização subcortical/cortical, que alargam os giros acometidos e determinam convulsões. O número de túberes tem relação com a prevalência das convulsões. A maioria (85-90%) ocorre no compartimento supra tentorial e apenas 15% no cerebelo. Aparecem como lesões hipointensas em T1 e hiperintensas em T2 e FLAIR (Figs.6 e 7), geralmente não captantes de contraste (menos de 10% mostram realce). Degeneração cística (Fig.6 B e G) e calcificação (Fig.7B) podem ocorrer.

Fig.6: Masc., 3 meses. Convulsões de difícil controle. Desenvolvimento no limite da normalidade. A-D: axial T1 com transferência de magnetização; E-G: axial T2. Túberes subcorticais com baixo sinal em T1 com MT (setas em A) e alto sinal em T2 (setas amarelas em E-F) são demonstrados nos lobos frontais e no lobo parietal esquerdo. Há degeneração cística em túber parietal esquerdo (seta vermelha em B e G). Nódulos subependimários com sinal alto em T1 e baixo em T2 são demonstrados junto às margens ventriculares e faixas de displasia transmanto são vistas no T1 com MT (C), mas não nas imagens em T2 (E-G).

Fig.1 (A e B)-Máculas hipopigmentadas- ocorrem em 90% dos casos, sendo frequentes ao nascimento.

Critérios major para diagnóstico de ET Frequentes Manchas hipomelanóticas Angiofibroma de face Túberes corticais Nódulos subependimários Faixas de displasia transmanto Tabela 1: Critérios major para diagnóstico de esclerose tuberosa (ET) J Pediatr Health Care 2007; 21: 108-114.

Fig.2-Angiofibroma da face: têm distribuição bimalar, são vistos em 75% dos casos, surgem entre 1 e 5 anos de idade.

Outras alterações que podem ser encontradas no exame clínico são o fibroma subungueal/ periungueal (surge após a puberdade) (Fig.3) e o hamartoma astrocítico da retina (Fig.4), que em geral surge nos primeiros meses de vida, podendo determinar leucocoria (Fig.5). O hamartoma é demonstrado em 15% dos pacientes, sendo geralmente bilateral e múltiplo.

Túberes e nódulos subependimários são vistos em 95 a 100% dos pacientes. 2 - Nódulos subependimários São nódulos hamartomatosos observados junto às margens ventriculares, ocasionando suave compressão sobre as mesmas. Apresentam sinal alto em T1 e baixo em T2 nas crianças bem pequenas, nas quais a substância branca ainda não está mielinizada (Fig.6). Mais tarde, quando ocorre mielinização, os nódulos terão sinal alto em T2, a menos que calcificados, quando podem ser vistos com ausência de sinal em T2 e especialmente na sequência para susceptibilidade magnética (Fig.7 C e D). A prevalência de calcificação aumenta com a idade (Fig.8). Realce de contraste pode acontecer e não indica necessariamente tumor. Nódulos subependimários captantes de contraste, quando localizados junto ao forame de Monro, são suspeitos de representar astrocitoma de células gigantes subependimário. Fig.3: Fibroma periungueal

Fig.4: Hamartomas astrocíticos da retina

Fig.5: Leucocoria

Continua


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Esclerose tuberosa Uma importante causa de epilepsia na infância Achados de imagem e dicas interessantes para o diagnóstico continuação

Fig.7: Masc., 19 anos. Convulsões mesmo em uso de medicação; retardo mental e adenoma sebáceo na face. Coronal T2 (A) mostra túberes subcorticais bilaterais, inclusive com degeneração cística (seta). B- axial GRE mostra calcificação em túber junto a corticalidade do hemisfério cerebelar esquerdo, com leve retração do córtex nesta topografia. Há nódulos subependimários calcificados com baixo sinal em T2 (C) e na sequência de susceptibilidade magnética (D).

Fig.10: Fem., 11 anos ET diagnosticada no US gestacional (rabdomioma cardíaco) Tem manchas hipocrômicas na pele (A) e adenoma de face (B).

Fig.10: continuação… Axial FLAIR (C,F) e T2 (D,G) não mostram, alterações, enquanto túberes subcorticais e faixas de displasia transmanto podem ser demonstrados no axial T1 com MT (E,H).

Fig.8: A- Macroscopia mostrando nódulos subependimários; B- tomografia computadorizada mostrando calcificação nos nódulos.

3 - Faixas de displasia transmanto São faixas de displasia que atravessam o parênquima estendendo-se desde junto ao córtex até junto a margem ventricular. São demonstradas em até 27% dos pacientes, sendo mais comuns nas regiões frontais (Fig.9).

Fig.9: Mesmo paciente da figura 7. Notar faixa de displasia transmanto frontal direita (seta) estendendo-se da superfície cortical até a margem ventricular. Notar ainda cistos na substância branca profunda junto aos ventrículos.

Fig.11:Masc., 5 meses. Rabdomioma cardíaco. Iniciou convulsões recentemente. Túberes subcorticais são vistos em ambos os hemisférios cerebrais (A e B), inclusive com degeneração cistica (setas amarelas em A e B). Há faixa de displasia transmanto frontal esquerda (seta vermelha em B) e nódulos subependimários (C). Realce de contraste é demonstrado em nódulo junto ao forame de Monro (D,E), que mede 14 mm, sugerindo astrocitoma.

4 - Cistos na substância branca Além da degeneração cística dos túberes subcorticais, cistos podem ser vistos na substância branca profunda junto aos ventrículos (Fig.9), podendo representar vacuolização da mielina ou espaços perivasculares dilatados.

Na sequência T2 aparecem como faixas de hipersinal de permeio a substância branca já mielinizada (hipointensa em T2). Na criança muito pequena porém, a deficiência de mielina na substância branca pode dificultar a identificação das faixas de displasia. Nestes pacientes, a melhor sequência para demonstrar as faixas é o T1 com a técnica de transferência de magnetização (“magnetization transfer”- MT) (Fig.6 C). Em alguns pacientes a sequência T1 com MT pode ser a única sequência a mostrar alterações no exame (Fig.10).

5 - Astrocitoma de células gigantes subependimário Tumor de baixo grau (Grau I) que ocorre no contexto da esclerose tuberosa, sendo demonsrtado em até 26% dos pacientes. Apesar de baixo grau, a maioria dos autores concorda que deve ser ressecado já que pode sofrer degeneração anaplásica e com frequência obstrui da drenagem do sistema ventricular, determinando hidrocefalia.

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Esclerose tuberosa Uma importante causa de epilepsia na infância Achados de imagem e dicas interessantes para o diagnóstico Conclusão

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Quando um nódulo subependimário captante de contraste, situado junto ao forame de Monro, mede mais do que 12 mm, este é considerado suspeito de astrocitoma de células gigantes subependimário (Fig.11). Além do critério tamanho, o “follow up”com exames seriados pode ajudar a definir o diagnóstico. Crescimento em exames seriados indica tumor (Fig.12). A sequência T2 de alta resolução (FIESTA) pode ser útil em demonstrar obliteração do forame de Monro (Fig.13). Como é de baixo grau e tem cresicmento lento, o astrocitoma pode alcançar grandes dimensões, determinando importante efeito de massa sobre as estruturas vizinhas (Fig.14). Fig.12:Nódulos subependimários captantes de contraste são demonstrados em A. Exame de controle (B) realizado 1 ano depois mostra aumento exuberante do nódulo, configurando crescimento de astrocitoma de células gigantes.

Fig.15: Mesmo paciente da figura11. Angio-ressonância mostra aneurisma da artéria carótida interna direita (seta).

Considerações finais

Evolução

As lesões da esclerose tuberosa são progressivas, de modo que recomenda-se que ressonâncias de controle sejam realizadas a cada 1 a 3 anos. As lesões podem se tornar melhor vistas numa ressonância de controle por dois motivos: progressão das lesões e/ou mielinização da substância branca. À medida em que ocorre mielinização da substância branca as lesões tornam-se mais evidentes (Fig.16). Associações Lesões de esclerose tuberosa e Sturge Weber (ou angiomatose encéfalo trigeminal) podem ser demonstradas num mesmo paciente, condição conhecida como facomatose híbrida (Fig.17).

Fig.16: A,B: Axial T2 aos 3 meses de vida- há imagens suspeitas de túberes nas regiões temporais (setas). C,D- axial T2 cerca de 1 ano depois mostra com clareza túberes bilaterais com hipersinal (setas). Fig.13: Nódulos subependimários calcificados (A), túberes subcorticais e faixas de deisplasia transmanto (B) são demonstrados neste paciente com ET. Há realce de contraste em nódulos subependimários bilateralmente (C- axial com contraste). A sequência FIESTA (D) mostra obliteração do forme de Monro pelo astrocitoma bilateralmente, justificando a hidrocefalia.

Fig.14: Masc., 6 anos. Convulsões neonatais recebendo diagnóstico de ET. Astrocitoma de células gigantes com importante componente cístico e componente sólido captante de contraste, situado junto ao forame de Monro esquerdo, comprimindo o terceiro ventrículo e determinando dilatação dos ventrículos laterais. Há outros nódulos subependimários captantes de contraste. A- sagital T1, B: coronal T1 com contraste, C,D- axial T1 com contraste.

Fig.17: Facomatose híbrida Fem., 1 ano e 9 meses. Primeira convulsão com 51 dias de vida. Desde então convulsões semanais. Atraso neuropsicomotor. Túberes subcorticais, nódulos subependimários e faixas de displasia transmanto típicos de esclerose tuberosa são vistos em A (axial T1 MT) e B (axial T2). No estudo contrastado (C) há realce leptomeníngeo à esquerda relacionado a extenso angioma e típico de Sturge Weber.

Referências Bibliográficas 1

A J Barkovich. The Phakomatoses. In Pediatric Neuroimaging. Lippincott Williams & Wilkins. 2005, 4th edition, pp 463-476. 2. Baron Y, Barkovich AJ. MR Imaging of tuberous sclerosis in neonates and young infants. AJNR Am J Neuroradiol. 1999 May;20(5):907-16. 2. Umeoka S, Koyama T, Miki Y, et al. Pictorial review of tuberous sclerosis in various organs. Radiographics 2008, Nov-Dec; 28 (7), e32 doi. 10.1148/ rg.e32. Epub 2008 Sep 4. 3 Leung AK, Robson WL. Tuberous sclerosis complex: a review. J Pediatr Health Care 2007; Mar-Apr, 21 (2): 108-114. 4 Goh S, Butler W, Thiele EA. Subependymal giant cell tumors in tuberous sclerosis complex. Neurology 2004; Oct 26, 63 (8):1457-1461 5 Kremer S, Scmidtt E, Klein O et al. Leptomeningeal enhancement and enlarged choroid plexus simulating the appearance of Sturge-Weber disease in a child with tuberous sclerosis. Epilepsia 2005, Apr, 46 (4): 595-596.

Autora 6 - Alterações vasculares Lesões vasculares não são comuns na esclerose tuberosa, entretanto podem ocorrer. A mais comum delas é o aneurisma da artéria carótida interna (Fig.15). Portanto recomenda-se que estas crianças sejam investigadas com angio-ressonância magnética do crânio além de ressonância do crânio.

Lara A Brandão Neurorradiologista clínica IRM e Clínica Felippe Mattoso - Grupo Fleury - Rio De Janeiro


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Tumor Desmoide em Região Cervical Relato de Caso Resumo: O tumor desmoide, também chamado de fibromatose, é um tumor fibroblástico benigno raro do sistema músculo aponeurótico dos tecidos profundos. Sua incidência é de cerca de 2,4 a 4,3 casos por 1 milhão de pacientes e acomete adultos entre 20 e 40 anos. Pode ser classificado, de acordo com sua localização, em fibromatose abdominal, intra-abdominal e extra-abdominal, esta última correspondendo a 1/3 dos tumores desmóides e apenas 10 a 25% destes estão localizados na cabeça e pescoço. Relatamos o caso de um paciente de 45 anos, no qual foi diagnosticado um tumor desmóide cervical posterior, ressaltando suas características nos exames de imagem.

Introdução: O tumor desmoide é uma lesão de difícil diagnóstico através dos exames de imagem e que pode ser confundida inclusive com uma neoplasia maligna, pois possui caráter infiltrativo e pode se apresentar com intensidades de sinal variáveis nas diversas sequências de ressonância magnética. No entanto, existem algumas características mais frequentes nos exames de imagem que, juntamente com o quadro clínico do paciente, devem nos fazer pensar na fibromatose como um dos diagnósticos diferenciais da lesão.

Figura 2: RM no plano sagital, ponderado em T2 e no plano axial, ponderado em T2 com saturação de gordura. Massa infiltrativa hiperintensa.

Caso Clínico: Paciente do sexo masculino, com 45 anos de idade, queixava-se de massa cervical posterior dolorosa. Não relatava outras comorbidades. Realizou uma ressonância magnética da região cervical que evidenciou uma volumosa lesão expansiva, heterogênea, de aspecto infiltrativo, comprometendo a musculatura da nuca e paravertebral, de praticamente toda a região cervical, realçando intesamente pelo meio de contraste endovenoso (Gadolínio). A coluna vertebral não apresentava alterações significativas. Foi sugerido biópsia da lesão, cuja avaliação anatomo-patológica confirmou o diagnóstico de fibromatose extra-abdominal (tumor desmóide).

Figura 3: Ressonância magnética da região cervical nos planos coronal e sagital, com ponderação em T1, pós-gadolínio, demonstrando massa com intenso realce heterogêneo.

Figura 1: Ressonância magnética da região cervical, planos sagital e axial, com ponderação em T1 sem e com saturação de gordura, mostrando volumosa massa sólida, predominantemente isointensa ao músculo, infiltrativa.

Figura 4: Ressonância magnética da região cervical no plano axial, mostrando intenso realce da massa pelo meio de contraste endovenoso.

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Tumor Desmoide em Região Cervical Relato de Caso Conclusão

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também é uma opção terapêutica devido ao fato de que esses tumores apresentam receptores de estrogênios. Existem alguns relatos na literatura de redução espontânea das lesões ou até desaparecimento completo, principalmente após algum procedimento de biópsia, no entanto, na maioria dos casos em que a lesão não é retirada completamente há uma chance de recidiva de 80% e mesmo nos casos de ressecção completa da lesão o risco de recidiva é de 25%.

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Conclusão: A fibromatose extra-abdominal, apesar de rara, deve ser considerada como dignóstico possível em um paciente com massa solitária, aderida a estruturas profundas, com características infiltrativas, principalmente quando na ressonância magnética apresenta-se hiperintenso em T2, isointenso a musculatura em T1 e com intenso realce pelo meio de contraste. No entanto, o diagnóstico de certeza é feito pelo estudo anatomopatológico, através do achado de células em fuso.

Referências Bibliográficas

Figura 4: Material de biópsia com achados histopatológicos demonstrando proliferação fusocelular.

Discussão: O tumor desmoide, também chamado de fibromatose, é um tumor fibroblástico benigno raro e acomete o sistema músculo aponeurótico. Pode se confundido com neoplasia maligna como um fibrossarcoma ou fibro-histiocitoma maligno, pois invade estruturas adjacentes. É classificado, de acordo com a sua localização em abdominal, intra-abdominal e extraabdominal, sendo que esta corresponde a somente 1/3 dos tumores desmóides. A fibromatose extra-abdominal afeta adultos entre 20 e 40 anos e apenas 10-25% dos casos localizam-se na cabeça e pescoço. Os principais locais acometidos são ombro, parede torácica, dorso, quadril e joelho, sendo que na região da cabeça e pescoço as principais localizações são supraclavicular, face, cavidade oral, couro cabeludo e seios paranasais, em ordem decrescente. Clinicamente se apresenta como massa indolor, mas pode ser dolorosa dependendo das estruturas acometidas. O principal exame de imagem para avaliação da lesão é a Ressonância Magnética e os achados podem variar bastante de acordo com os componentes do tumor, podendo ser isointenso ou hipointenso em T1, hiperintenso ou hipointenso em T2, no entanto, o mais comum é que se apresente isointenso ao músculo em T1 e hiperintenso em T2, com intenso realce pelo meio de contraste endovenoso. O tratamento de escolha do tumor desmóide é a ressecção com margens amplas e, nos casos em que não é possível esta abordagem, pode ser feita a radioterapia. O tamoxifeno

1. Murphey MD, et al.. From the archives of the AFIP: musculoskeletal fibromatoses: radiologic-pathologic correlation. Radiographics, 29(7): 2143–2173, nov. 2009. 2. Lewin JS, Lavertu P.. Aggressive fibromatosis of the pre-vertebral and retropharyngeal spaces: MR and CT characteristics. AJNR Am J Neuroradiol, 16(4 Supl):897–900, apr.1995. 3. Robbin MR, et al.. Imaging of musculoskeletal fibromatosis. Radiographics, 21 (3):585– 600, mai. 2001. 4. Nakayama K, et al.. Malignant fibrous histiocytoma of the temporal bone with endocranial extension. AJNR Am J Neuroradiol, 18:331–34, feb. 1997.

Autores Rodrigo Dias Duarte Médico Especialista em Radiologia – Clínica Serdil, Porto Alegre (RS) Soraya Stoffels Médico Residente em Radiologia – Clínica Serdil, Porto Alegre (RS) Lucas Mendes Médico Especialista em Radiologia Clinicor, Indaial (SC)


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Por Lizandra Magon de Almeida e Luiz Carlos de Almeida (Chicago, EUA)

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RSNA 2014

Grupos brasileiros atentos às inovações marcam presença Principal evento de marketing na área do diagnóstico por imagem em todo o mundo, o Congresso da RSNA em sua 100ª edição não foi o maior de sua história, e, seguindo uma tendência, enfatizou os recursos digitais e apresentou as principais inovações em cada uma das linhas de equipamentos.

A

Analisado sob uma ótica comercial, o evento é sempre a oportunidade de abrir negociações, sequenciar conversas e até fechar compras, para serem concluídas no Brasil. Comitivas dos grandes grupos, como DASA, Alliar, Fleury, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Albert Einstein, Hospital das Clínicas/FMUSP e

A. C. Camargo Cancer Center, além de suas participações no conteúdo cientifico, conheceram de perto os principais avanços e travaram contatos para futuros investimentos. O ID Interação Diagnóstica fez um registro do que considerou mais relevante a interessante para o mercado brasileiro, no que se refere a produto e mudanças estruturais implantadas em empresas ali

presentes, e que fazem parte do seu corpo de anunciantes. Um registro especial – e isso não há fotografia que mostre as dimensões dos estantes, e, neste ano de 2014, GE Healthcare e Siemens superaram as expectativas, com área e linhas de produtos apresentadas. Na sequencia, Toshiba, Fujifilm, Hologic, Philips, Hitachi e Samsung, com áreas muito

grandes soluções inovadoras em suas linhas de produtos. Marcante, também, a participação da Agfa Healthcare, Carestream, Mindray, Bayer, Bracco, Esaote, Guerbet, Mindray e Ziehm Imaging, com novas propostas para 2015. No ritmo de contatos e negócios, o ID conversou com executivos de algumas empresas, cujas considerações registramos a seguir.

Arco com detector digital é novidade da Ziehm

Samsung: TC móvel que dispensa blindagem

O grande lançamento da Ziehm Imaging foi o novo arco cirúrgico com detector digital Vision RFD 3D, uma evolução do sistema motorizado lançado em 2013. O sistema anterior já permitia a rotação do arco com controle remoto. Agora, é possível realizar uma rotação orbital e assim capturar imagens seriais que podem resultar em uma reconstrução multiplanar. Segundo o CEO para as Américas, Nelson Mendes, o novo sistema permite um giro em quatro eixos, com movimentos combinados que permitem a aquisição de imagens 3D semelhantes às da tomografia computadorizada, mas com uma potência de gerador de 25 kW. “É um recurso muito útil dentro do centro cirúrgico para verificar, por exemplo, o posicionamento dos pinos depois de uma cirurgia de coluna ou para avaliar os resultados de uma cirurgia de pelve, por exemplo, que é uma área complexa e exige um campo de visão maior”, explicou. O Vision RFD 3D tem opção de tela de 30 x 30 cm ou de 20 x 20 cm. O sistema ainda está em aprovação pelo FDA nos Estados Unidos, mas como é uma evolução de um modelo anterior que já está disponível no Brasil com aprovação Anvisa, deve estar apto à comercialização em pouco tempo, segundo Nelson Mendes.

A empresa participa há apenas três anos do Congresso da RSNA mas, segundo Denilson Kuratomi, e é uma das que mais cresce anualmente, e já ocupa um dos dez maiores estandes da exposição comercial. “Mesmo diante do cenário econômico duvidoso, a Samsung não para de investir. E o Brasil, nesse escopo, é um dos países-chave pra a empresa se diferenciar na área médica. Nos últimos meses, o Brasil foi a maior subsidiária em faturamento nesse setor”, afirma. Também há três anos no segmento médico, a empresa oferece um portfolio completo de equipamentos de raios X, fixo ou móvel, cinco modelos de US considerados top de linha e lançou agora o TC móvel, de 8 e 32 cortes: “Você não precisa de blindagem, no break, pode ligar o equipamento diretamente na rede estabilizada do hospital e levá-lo na beira do leito”. Para Denilson Kuratomi, o grande diferencial da Samsung está em seu desenvolvimento na área eletrônica: “Todos os equipamentos com tela de LED, baixo ruído e baixo consumo de energia, entre outros tópicos, seguindo o DNA da Samsung. Isso resulta em produtos com melhor qualidade. Todos têm dois anos de garantia, no mínimo. Nossos transdutores duram um ano. Temos equipamentos de pequeno porte com grande performance”. Na foto, ao fundo a equipe com o TC móvel.

Carestream mostra novo RX e lança ultrassonografia Este ano, a empresa revelou sua nova modalidade - um sistema de ultrassom destinado a estabelecer um novo padrão para a facilidade de uso. O sistema The Touch de seu ultrassom oferece um painel de controle inteiramente sensível ao toque e configurável, representando um novo nível de operação intuitiva. Também há ferramentas de produtividade diferenciadas e um processador poderoso que fornece eficiência e qualidade de imagem avançada. Na área de radiografia, a empresa apresentou soluções flexíveis, modulares e móveis que atendem restrições de orçamento e espaço e reduzem o tempo de procedimento. A empresa focou, ainda, em seus sistemas de TI, que atendem às necessidades dos profissionais de saúde de hoje e apoiam a colaboração clínica com o acesso conveniente, com informações e compartilhamento em tempo real. Com esse portfolio, como enfatizou Roberto Godoy, diretor de marketing, a empresa amplia sua área de atuação, “abrindo novas frentes para o mercado do diagnóstico por imagem, com soluções práticas e realistas” (na foto, com Renato Panzani).

Agfa: plataformas mais amigáveis Com produtos digitais e equipamentos, a Agfa Healthcare mostrou que o seu foco foi ampliada e se concentra em duas áreas: TI e Imagem. “Normalmente, as pessoas optavam por sistemas best of breed, ou seja, escolhiam o melhor para a situação. Hoje, preferem sistemas que integrem tudo. Chamamos de care centric workflow, com plataformas mais amigáveis, que podem reunir todos os exames de um hospital, não só de imagem mas também de patologia, cardio, etc.”, explica Vladimir Marafiotti, diretor para a América Latina. A segunda área, de Imaging, é dos sistemas DR de digitalização, que substitui os filmes e o processamento. A Anvisa acabou de aprovar o retrofit dos aparelhos portáteis para a instalação do DR, e o executivo explica que, na América Latina, ainda há espaço para o CR, porque existem fluxos diferentes e diferentes níveis orçamentários. No RSNA, lançaram o DR 400 para radiologia geral, e alguns modelos de DR móveis que complementam a linha que já possuem. “O foco na área de diagnóstico por imagem é baixar a dose, e alguns equipamentos baixam em até 60%. E o enfoque nisso é cada vez maior, especialmente na área pediátrica”, finaliza o executivo.


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RSNA 2014

Por Lizandra Magon de Almeida e Luiz Carlos de Almeida (Chicago, EUA)

Grupos brasileiros atentos às inovações marcam presença Hologic mostra sua nova mamografia 3D A empresa iniciou, em outubro, o mês da conscientização do câncer de mama com o anúncio de sua mamografia 3D, chamada Genius. Trata-se do único equipamento 3D que tem o exame aprovado pela FDA norte-americana. O equipamento é projetado para permitir que os médicos vejam massas e distorções associadas ao câncer de forma mais clara do que com a mamografia 2D tradicional. Em um estudo publicado no Journal of the American Medical Association, os pesquisadores relataram que a tecnologia detecta 41% a mais de câncer de mama invasivos, reduzindo alarmes falsos. Uma equipe de mulheres desenvolveu o nome Genius e a identidade da marca. Várias delas passaram pelo câncer de mama, tornando a campanha Genius um esforço profissional e pessoal.

Na foto, a equipe com o prof. Giovanni Cerri).

Toshiba integra radiologia intervencionista a TC O New Infinix 4DCT integra perfeitamente a radiologia intervencionista (RI) e a tomografia computadorizada (TC) em uma solução. O equipamento fornece intervenções mais rápidas, seguras e acuradas. Com ele, os profissionais da saúde podem planejar, tratar e verificar em um único cenário clínico, para o melhor atendimento ao paciente, ao invés de transferi-lo de um departamento ao outro, correndo o risco de provocar infecção. Ainda, ele maximiza o potencial total dos sistemas de RI e TC para entregar imagens de TC em tempo real durante intervenções ao invés de imagens semelhantes às finais. O sistema melhora o fluxo de trabalho com sua tecnologia Guidance, que permite a transição automática entre modalidades. E é também capaz de economizar horas ao permitir aos médicos fazer os dois procedimentos na mesma sala e verificar o sucesso do tratamento imediatamente após o procedimento. Clinicamente, ele melhora o fluxo de oncologia e de cirurgia cardíaca. Ele fornece imagens de intervenção com imagens de TC de tumores hepáticos e produz visões mais precisas do coração e das colocações de stent. Os médicos também podem ajustar o procedimento com os estudos em tempo real, em vez de confiar em imagens tomográficas tomadas em um momento anterior. A Toshiba também anunciou, durante o RSNA: RM de 1,5T All-New Vantage Elan, rica em recursos de imagem de RM para ser configurada pela comunidade; melhorias em seu sistema de TC, a linha de produtos Aquilion ONE; e a nova série Platinum do ultrassom Aplio, que ajuda o consumidor a consolidar os serviços.

Soluções digitais ampliam o foco da Bayer “Temos uma área de negócio chamada Informatics, adquirida por meio de uma empresa chamada Radiomedics, do Canadá, que está incorporada em nossa unidade de negócio de radiologia”, explica Jaime Murata, diretor da empresa no Brasil. O executivo explica que há com isso dois objetivos: um é um sistema para gerenciamento do controle de radiação a que o paciente é submetido durante os exames de tomografia. “É um software integrado que captura as informações diretamente do TC e faz o armazenamento de quantidade de radiação que o paciente recebe a cada exame”, afirma. O segundo é um controle digital, o gerenciamento de quantidade/dose de contraste que o paciente recebe, hoje armazenado de forma digital e controlado manualmente. O sistema Certegra, apresentado no RSNA 2014, permite, por meio de uma interface com o sistema de injeção de contraste, que as injetoras captem a quantidade exata de contraste e fluxo para cada paciente. “No Brasil, queremos fazer um plano piloto com algumas instituições de ensino, porque isso requer realmente uma plataforma de suporte de TI bastante forte, que é um segmento diferente que teremos que desenvolver”, explica Murata.

Siemens: novas ferramentas e inovações A Siemens aproveitou para mostrar novos avanços, e marcar uma nova etapa na história da empresa. O evento marcou também a chegada do novo gerente de marketing, Antonio Carlos Ribeiro, que substitui Stefano Garbin, transferido para o Chile. Ferramentas digitais que agilizam o acesso foi uma das tendências do evento, e a empresa apresentou o Teamplay, que permite a integração de dados, a partir de várias máquinas, na nuvem. Trata-se de novo conceito, para o ‘C-level’ das empresas, uma ferramenta que de forma rápida e fácil permite o acesso de como são manipulados os exames em relação à dose, performance do equipamento e compartilhamento de imagens. Nessa linha, o Frontier, software de manipulação 3D de imagens, uma estação de pós-processamento que, segundo Antonio Ribeiro, “vai revolucionar o trabalho na área da pesquisa e desenvolvimento”. O tomógrafo Somatom Force, um equipamento de dupla fonte - há dois tubos girando simultaneamente na máquina, para melhorar a qualidade e o tempo de aquisição - foi a grande estrela da área, e a RM de 1,5 Tesla, denominada Magnetom Amira, a mamografia digital com tomossíntese e o arco cirúrgico, com detector plano de cadeia de imagem totalmente digital, despertaram grande interesse dos visitantes.

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INVESTIMENTO

Campo Mourão receberá primeira RM da Toshiba fabricada no Brasil A Toshiba Medical do Brasil marcou a inauguração da linha de fabricação de equipamentos de RM em Campinas, com a entrega do primeiro aparelho de 1,5 RM Tesla, Titan Advance, à Clinica de Diagnóstico por Imagem Dr. Marcos Corpa, da cidade de Campo Mourão, Paraná.

O

ato contou com a presença dos principais executivos da Toshiba Medical Systems Corporation, Toshio Taniguchi, presidente & CEO e Chikao Kamijima, vice-presidente, e de Gerardo Schattenhofer, presidente & CEO da Toshiba Medical Systems Brasil, além dos demais diretores da empresa. Marcado por muita descontração e informalidade, o ato da entrega foi realizado no pátio da fabrica da Toshiba, no distrito

Industrial de Campinas, onde a empresa já fabrica equipamentos de ultrassom e de tomografia computadorizada, ocasião em que o sr. Gerardo Schattenhofer enfatizou ao ID – Interação Diagnóstico sua satisfação pelo acontecimento, que marca mais uma etapa no projeto da empresa, ampliando sua linha de equipamentos fabricados no País. Lembrou que há pouco mais de um ano a Toshiba iniciou a fabricação de ultrassom, hoje com mais de 300 equipamentos já comercializados e, logo em seguida, a de tomógrafos, com mais de 100 equipamentos vendidos, apenas no mercado interno. A ampliação da produção é o próximo passo e visa atender o mercado de exportação. O Dr. Marcos Corpa, diretor da Clínica, que esteve acompanhado de sua esposa, sra. Derci Ercoli Corpa e de sua filha, Ana Cristina E. Corpa, médica radiologista, agradeceu e enfatizou que a aquisição deste equipamento, com 1,5 Tesla, tem um significado muito especial para ele e toda sua equipe. Vem coroar um esforço iniciado há cerca de 30 anos, quando ele fundou sua clínica, em Campo Mourão, com apenas um aparelho de RX. Hoje, com 1.200 m2 de área, equipada com o que há de mais moderno, a chegada dessa ressonância vem contribuir para “que os nossos pacientes tenham um atendimento cada vez melhor, com maior eficiência e acurácia”. Para a Monica Parra Biuldes, gerente de Produto RM, o Titan Advance de 1,5T é um equipamento de última geração que possui diversas tecnologias voltadas ao conforto do paciente, menor tempo de aquisição dos exames e excelente qualidade de imagem. A Titan proporciona um ambiente confortável ao paciente pois é wide bore (a abertura do gantry é bem maior que os sistemas convencionais) e possui sistema de redução de ruído exclusiva da Toshiba – Pianissimo. Também incorpora tecnologias exclusivas como capacidade de estudos angiográficos sem a necessidade de utilizar contraste, o que permite examinar pacientes com problemas renais ou mesmo aqueles com alguma contra indicação ao uso de meios de contraste, com mais segurança”. O evento, seguido de um coquetel, contou com a presença de toda a diretoria da Toshiba Brasil, com sua nova configuração, Akira Taniguchi – Diretor Vice-Presidente; Katsutoshi Yuasa – Diretor Fábrica; Flávio Martins – Diretor Comercial; Sérgio Braggio – Diretor de Serviços, Cássio P. Pacheco – Diretor Financeiro; Luiz Felipe Silva – Diretor Jurídico e Eduardo R. Cordeiro – Diretor de Planejamento Estratégico.

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CBR 2014 - Resgate

CBR presta homenagens e empossa sua diretoria em janeiro O Congresso Brasileiro de Radiologia (CBR 14) e do XVII Congresso Latinoamericano de Radiologia Pediátrica forma realizados simultaneamente, de 9 a 11 de outubro, no Rio de Janeiro, e são considerados um sucesso pelas entidades organizadoras.

Latino-americana de Radiologia Pediátrica (SLARP), também recebeu a honraria do CBR pela larga contribuição profissional ao setor. A Medalha de Ouro foi entregue por Dr. Pedro Daltro, presidente da SLARP. Dr. Armando destacou as mudanças ocorridas no setor no País desde 1977, quando ainda era residente: “O Brasil tinha uma radiologia muito atrasada tecnologicamente. Hoje não temos mais isso. Essa transformação fez com que o radiologista deixasse de ser coadjuvante para se tornar uma especialidade das que mais contribuíram para a qualidade de vida do homem”, comparou.

F

oram 420 aulas nos três dias e 25 empresas expositoras. Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), estiveram presentes mais de 3 mil participantes. Os painéis eletrônicos bateram recorde de número e qualidade: 865 trabalhos inscritos e 656 (76%) apresentados nas áreas Cardiovascular/Tórax, Mama, Medicina Interna/Geniturinário/ Gastrintestinal, Musculoesquelético, Neurorradiologia/Cabeça e Pescoço, Pediatria, Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia/Medicina Fetal e Ultrassonografia Geral. Todos foram submetidos a um grupo de 32 avaliadores, sob coordenação do Dr. Nelson Caserta. Durante a abertura do evento, o Dr. Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho Diretor do Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas da FMUSP (HCFMUSP) e diretor científico da Associação Médica Brasileira (AMB) recebeu a mais alta homenagem rendida pela entidade, a Medalha de Ouro. “Hoje o radiologista é um elemento fundamental da saúde no País”, afirmou. A Medalha de Ouro foi entregue pelas mãos do presidente eleito do CBR, Dr. Antonio Carlos Matteoni, durante cerimônia solene de abertura congresso. Ele elogiou

Dr. Antonio Matteoni lidera novo grupo

Acima, Dr. Antonio Carlos Matteoni, presidente-eleito do CBR (à dir.), entrega homenagem ao Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri. Ao lado, Dr. Armando Rocha Amoedo (à esq.) cumprimenta Dr. Avellar

o trabalho do corpo diretor à frente do InRad - HCFMUSP: “O InRad é uma ilha de excelência, talvez nenhuma instituição privada tenha tudo o que o Instituto tem”. “É um prazer grande entregar essa homenagem mais do que justa por tudo o que Dr. Gio-

O vanni fez pela radiologia paulista, brasileira e mundial”, emendou. Ao lado de Dr. Giovanni, Dr. Armando Rocha Amoedo, membro da Sociedade

novo corpo diretor da entidade, eleito em setembro por eleições via internet, tomará posse em 1º de janeiro de 2015. À frente do grupo, estará o Dr. Antonio Carlos Matteoni, profissional da Bahia eleito presidente, que pelos próximos dois anos comandará o CBR, substituindo o atual presidente Dr. Henrique Carrete Jr., de São Paulo. Dr. Manoel de Souza, atual diretor científico, será um dos profissionais que permanecerá na entidade, já que mantém seu cargo no novo grupo.


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tendência

Pesquisas de RM podem levar a um diagnóstico precoce do Parkinson Três estudos envolvendo RM para a detecção de Parkinson, apresentados nos Estados Unidos trazem conclusões animadoras a que os professores envolvidos chegaram: a RM pode se tornar um marcador confiável para a doença de Parkinson, geralmente diagnosticada por meio do histórico médico e achados clínicos, como rigidez muscular e tremores.

O

s três estudos de RM integram reportagem publicada no RSNA News, e mostram que os pesquisadores descobriram mudanças distintas na substância negra (SN), uma massa de células de tamanho crescente no mesencéfalo que normalmente produz a dopamina neurotransmissora. A reportagem explica que os pacientes da doença de Parkinson perdem células que produzem dopamina na SN, levando a problemas com controle motor entre outros sintomas. Todos os três estudos mostraram diferenças consistentes na aparência da SN em pacientes normais comparados a pacientes diagnosticados com Parkinson. Dois dos estudos usaram imagem de RM 7T ultra alto-campo – tecnologia de ponta para instituições de pesquisa – enquanto a outra confiou em imagem de RM 3T, geralmente disponível nas clínicas. “O estudo inicial foi conduzido por neurorradiologistas, neurologistas e médicos da Universidade de Nottingham no Reino Unido, e publicado na edição de julho de 2013 da Neurology. Liderada pelos Drs. Anna Blazejewska e Stefan Schwarz, o grupo investigou mudanças na imagem de RM 7T ao nigrosome-1 da substância negra revelando uma estrutura em formato oval encontrada em pacientes saudáveis mas ausente em pacientes com a doença de Parkinson. Os pesquisadores conseguiram fazer a correlação entre seus achados de imagem aos achados histológicos usando técnicas de coloração imuno-histoquímica para demonstrar o nigrosome-1”, descreveu a matéria. Em um estudo subsequente pela mesma equipe de pesquisa liderada pelo Dr. Schwarz, achados prévios foram traduzidos para uma plataforma de imagem de RM 3T revelando um formato específico de “cauda de andorinha” indicando a presença de nigrosome-1 – parte da SN que tem uma concentração densa de células produtoras de dopamina. Pesquisadores determinaram que o formato de cauda fracionado era claramente visível em pacientes normais mas não presente em pacientes com Parkinson. O estudo foi publicado na edição de abril de 2014 do jornal PLoS ONE. “A avaliação radiológica visual rendeu uma alta acuracidade diagnóstica para a doença de Parkinson versus uma população de controle clínico não selecionada. Avaliar a substância negra... para a aparência típica de ‘cauda de andorinha’ tem o potencial de se tornar uma ferramenta de diagnóstico de imagem de RM 3T nova e simples de aplicar para a degeneração nigral na doença de Parkinson”, escreveram os autores.

Estudo italiano Outro estudo, publicado em junho de 2014 na Radiology, usou imagem de RM 7T para distinguir uma organização de três camadas da SN em pacientes sem a doença de Parkinson, como também mudanças das estruturas distintas na SN de pacientes com a doença. A pesquisa foi parte de um protocolo experimental maior fundado pelo governo italiano para estudar o impacto clínico de imagem de RM de ultra alto-campo em diagnósticos de doenças neurodegenerativas. Segundo a RSNA News, pesquisadores da Universidade de Pisa, liderados pelo Dr. Mirco Cosottini, fizeram imagens do cérebro de 38 pessoas, incluindo 17 pacientes com doença típica de Parkinson e 21 pessoas saudáveis, como também uma amostra de

cérebro de uma pessoa falecida. Imagens revelaram uma organização interna de três camadas da SN em pacientes saudáveis, e perda daquela organização distintiva em pacientes com a doença. “Para determinar se as diferenças nas imagens de 7T eram um marcador de diagnóstico confiável para o Parkinson, dois neurorradiologistas estudaram imagens da SN saudável em oito temas. Investigadores avaliaram então independentemente imagem do grupo de estudo, corretamente identificando 100% de pacientes com Parkinson e

96% dos controles saudáveis. Cada um dos avaliadores conduziu duas avaliações cegas com uma semana de diferença. Os resultados foram consistentes em ambas e entre elas antes e depois das avaliações”, informou a reportagem. “Começamos o trabalho sabendo que a estrutura interna da SN nunca havia sido detectada com técnicas de neuroimagem. A introdução do sistema de RM 7T ultra altocampo – o primeiro no país – nos dá uma oportunidade única de explorar o mesencéfalo em temas saudáveis e em pacientes com

Parkinson em uma resolução extraordinariamente alta”, disse Dr. Cosottini. A matéria finaliza explicando que o grupo está atualmente estudando pacientes com sintomas atípicos da doença para avaliar se as mudanças de sinal na substância negra detectáveis com a RM 7T ultra alto-campo são únicas ao Parkinson ou compartilhadas por outras condições. Embora mais pesquisa seja necessária, os autores acreditam que esses achados têm o potencial de melhorar o diagnóstico precoce de Parkinson no futuro. (Fonte RSNA News – ed. Setembro 2014)


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eventos

IMAGINE traz dois especialistas internacionais em Oncologia A 13ª edição do IMAGINE – Encontro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do InRad-HCFMUSP será realizada em 13 e 14 de março, no Centro de Convenções Rebouças, e seu tema central será Oncologia. O evento, no entanto, não abrirá mão do seu caráter multidisciplinar.

E

sse tema será coordenado pelos Drs. Marcos Roberto de Menezes e Marcio Ricardo Taveira Garcia. Dois convidados norteamericanos já estão confirmados para a programação científica principal: Dr. Dushyant V. Sahani, do Massachusetts General Hospital da Harvard Medical School, de Boston, e Dr. David M. Panicek, do Memorial SloanKettering Cancer Center, de Nova York. O centro de convenções foi totalmente reformado e agora poderá abrigar todas as atividades do evento, sem a

necessidade de alocação de programações em outros prédios do Complexo HCFMUSP, como vinha ocorrendo. Segundo a Comissão Organizadora, formada pelo Prof. Giovanni Guido Cerri, Dras. Maria Cristina Chammas, Eloisa Santiago Gebrim e Claudia da Costa Leite, o formato geral do evento será mantido, “mas o conforto será, sem dúvida, muito maior. O novo Rebouças somou seis salas à estrutura que já existia, além de novos espaços para exposição e circulação”. Haverá uma sala específica para a programação de Oncologia; no entanto, o tema será

abordado de forma transversal em todos os outros programas que compõe o Imagine: ultrassonografia, dividida em geral, ginecologia, fetal e vascular; neurorradiologia; cabeça e pescoço; musculoesquelético; medicina nuclear; tórax; medicina interna, divida em gastrintestinal e geniturinário; entre outros. As demonstrações práticas serão intensificadas, buscando fortalecer ainda mais o vínculo ensino-atualização e oferecer um conteúdo que atenda ao público do evento com temas da rotina dos serviços. As programações para profissionais não médicos também

JPR’2015: atenção ao prazo de inscrição de painéis e temas livres Até 13 de janeiro de 2015, congressistas interessados em expor seus estudos na 45ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR’2015) devem acessar o site do evento - www.jpr2015.org.br - selecionar “Painéis e Temas Livres”, ler o regulamento e submeter todas as informações requeridas.

O

s trabalhos serão avaliados e selecionados pela Comissão Julgadora da Jornada Paulista de Radiologia (JPR) e, os aprovados, serão apresentados

no evento. O evento, organizado pela Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SPR), se realizará de 30 de abril a 3 de maio, em São Paulo, Brasil. Este ano, conta em sua organização com a parceria feita com as Sociedad Espanhola de Radiologia Médica (SERAM), Sociedade Portuguesa de Radiologia e Medicina Nuclear (SPRMN) e Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia (SPNR). Sua programação científica traz como tema central as campanhas Image Gently e Image Wisely, oferecendo aos congressistas um curso específico sobre esse tema no sábado, 2 de maio. Para esse projeto, liderado pelo Dr. Antonio Soares Souza, já estão convidados os Drs. Donald Frush, Inês Boeachat e George Bisset, dos EUA.

A campanha Image Gently (www.imagegently.org) é uma iniciativa da Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging (Aliança para a Segurança de Radiação em Imagem pediátrica) que visa melhorar a prática médica em exames de imagem pediátrica, valorizando ações de proteção contra radiação em crianças. Já a campanha Image Wisely (www.imagewisely.org) é organizada pelo Colégio Americano de Radiologia (ACR) e pela RSNA e visa discutir questões relacionadas à proteção radiológica em adultos, como a redução da radiação em exames de imagem medicamente necessários e a eliminação de procedimentos desnecessários. Também já está confirmada a realização de uma sessão especial em espanhol, coordenada pelos Drs. Pablo Soffia e Tufik Bauab Jr. sobre o tema “Sinais Radiológicos - Sala América Latina de Discussão de Casos”. Essa sessão reunirá casos de Neurorradiologia, Tórax, Abdome e Musculoesquelético.

serão mantidas e reunidas no mesmo espaço: Enfermagem em Radiologia; Curso para Técnicos, Tecnólogos e Biomédicos em Radiologia. O curso de Gestão de Tecnologia da Informação será um dos destaques: ele reflete as necessidades atuais dos médicos em estarem atentos para áreas que permeiam a principal veia de seus trabalhos. O módulo é coordenados pelos Drs. Fernando Cembranelli e Eduardo Yasumura. As inscrições já estão abertas no site www.hybrida.com. br, onde também há mais detalhes sobre o encontro.

Encontro

Porto Alegre sedia Ebraus em junho

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m 2015, o V Encontro Brasileiro de Ultrassonografia (Ebraus), organizado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), será realizado simultaneamente à XXV Jornada Gaúcha de Radiologia, nos dias 19 e 20 de junho. O local será o Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, Porto Alegre, RS. Será a terceira vez que o CBR promove o evento em conjunto com jornadas regionais e locais, depois da Bahia (2013) e do Ceará (2014). Existe, assim, expectativa de aumentar o número de participantes no Sul, que em jornadas anteriores tem se mantido entre 500 e 600. A principal característica do Ebraus são as aulas práticas (hands-on) com interação direta entre professores renomados e os especialistas que querem aprender mais sobre os exames, verificar se sua técnica está de acordo com os padrões exigidos pelo CBR e se atualizar em novas tecnologias. A programação científica será divulgada em breve. Outras informações em: www.cbr. org.br.


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acontece

Programas de Aperfeiçoamento do Fleury

CBR

Curso para formação de Auditor do Padi

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e 26 a 30 de janeiro de 2015, será realizado pelo CBR o I Curso de Formação de Auditor Externo do Padi, no PersonalRad, em São Paulo. O Padi - Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem foi criado pela entidade com o objetivo de qualificar nacionalmente os serviços, públicos ou privados, que aderirem voluntariamente ao programa, por meio de avaliações, criteriosas e imparciais, do cumprimento de requisitos mínimos de qualidade, segurança e sustentabilidade. Essa trajetória segue ao encontro do Programa de Qualificação de Prestadores de Serviços de Saúde (QUALISS), desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determina normas e padrões para operadoras de planos de saúde e seus prestadores de serviço. Por isso, o Auditor Padi é parte importante de um processo que integra várias pontas de uma mesma cadeia de desenvolvimento profissional. Informações e inscrições estão disponíveis no endereço http://padi.org.br/seja-um-auditor.html.

São três os programas: 1.

2.

ESR

Congresso Europeu tem inscrições abertas

D

epois do grande movimento causado pelo RSNA 2014, agora é hora de olhar para outro importante congresso internacional: o Europeu de Radiologia (ECR), que em 2015 será realizado de 4 a 8 de março, em Viena – diferentemente das edições anteriores, agora será de uma quarta-feira a um domingo. As inscrições estão abertas no site da Sociedade Europeia de Radiologia (ESR), organizadora do evento - www. myesr.org. Tradicionalmente, o evento reúne mais de 20 mil participantes de mais de cem países, e se torna um centro global para a discussão científica. Durante os cinco dias, serão apresentados 343 palestras e 2.682 trabalhos científicos. Graças à iniciativa “Invista na Juventude”, da ESR, centenas de radiologistas trainees e técnicos de radiologia serão beneficiados com a inscrição gratuita no evento, com acomodação inclusa. O tema do evento será “Radiology without borders” (“Radiologia sem fronteiras”), valorizando seu caráter global, e a programação científica preliminar também pode ser conferida no site da sociedade.

stão abertas as inscrições para os programas de Aperfeiçoamento Médico em Diagnóstico por Imagem oferecidos pelo Fleury. São direcionados para radiologistas que tenham concluído pelo menos três anos de residência reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) ou Colégio Brasileiro de Radiologia, e para cardiologistas.

Programa de Aperfeiçoamento Médico em Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética: Coordenadores: Drs. Maria Lúcia Borri, Giuseppe D’Ippolito e Luiz de Abreu Junior; Hospital São Luiz; 8 vagas; Programação teórica composta por aulas teóricas semanais e reunião científica mensal. Programa de Aperfeiçoamento Médico em Diagnóstico por Imagem com área de concentração: Coordenador: Dr. Carlos Homsi;

3.

Hospital Alemão Oswaldo Cruz; 1 vaga para Neuroimagem, 1 para Medicina Interna e 1 para Imagem do Aparelho Musculoesquelético; Programação teórica composta por reunião científica mensal. Programa de Aperfeiçoamento Médico em Ecocardiografia: Coordenador: Dr. Wilson Mathias Junior; Hospital São Luiz; 4 vagas para Ecocardiografia em adultos e 1 para Ecocardiografia Pediátrica; Programação teórica composta por reunião científica mensal.

A prova será aplicada em 30 de janeiro de 2015, às 8h. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até 16 de janeiro de 2015. Para mais informações, entre em contato por e-mail – especialização@grupofleury.com.br - ou pelos telefones (11) 5033-9805 ou 5033-9715. Editais completos e fichas de inscrição podem ser encontradas no site http://tinyurl.com/o2s3hsx.

Expediente Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­ cia­listas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, ginecoobstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian) Hilton Augusto Koch Dolores Bustelo Carlos A. Buchpiguel Selma de Pace Bauab Carlos Eduardo Rochite Omar Gemha Taha Lara Alexandre Brandão Nelson Fortes Ferreira Nelson M. G. Caserta Maria Cristina Chammas Sandro Fenelon Alice Brandão Wilson Mathias Jr. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Lilian Mallagoli - edição Alice Klein (RS) Denise Conselheiro (SP) Rafael Bettega Priscilla Lopes (SP) Priscila Novaes (RJ) Arte: Marca D’Água Fotos: Cleber de Paula, André Santos, Lucas Uebel (RS) e Wilton Marcelino (PE) Imagens da capa: Getty Images Administração: Hybrida Consultoria Impressão: Duograf Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.37A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br


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