Jornal ID 89 dez 2015/jan 2016

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A equipe do ID deseja a todos um Feliz Ano Novo, com muita paz e muita alegria. E, ao mesmo tempo agradece o apoio e confiança de todos os seus parceiros, anunciantes e colaboradores.

DEZEMBRO 2015 / JANEIRO 2016 - ANO 13 - Nº 89

Imagine’2016: foco na abordagem multidisciplinar O grande diferencial do XVI Encontro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, que acontece nos dias 4 e 5 de março em São Paulo, será a abordagem multidisciplinar. E é definido como um evento para quem quer se atualizar e rever temas que estão ligados à realidade de cada um. Inscrições e mais informações: www.imagine@hybrida.com.br .

Inscrições abertas para a JPR’2016 A 46ª Jornada Paulista de Radiologia, que acontece entre 28 de abril e 1º de maio em São Paulo, já está com inscrições abertas. Pesquisadores e professores interessados em apresentar trabalhos têm prazo até 11 de janeiro para enviar um resumo. Nesta edição, o evento retoma a organização conjunta com a RNSA. Mais informações: www.jpr2016.org.br .

RSNA/INOVAÇÃO

O futuro já está na sala de laudos Ao longo dos seus 100 anos, a Radiological Society of North America notabilizou-se por ser o centro de referência para o diagnóstico por imagem. Além de abordar e mostrar a evolução da especialidade, em todo o mundo, ela discute tendências, aponta caminhos e propõe novos rumos para a especialidade. Neste ano de 2015, o tema central do evento foi “Inovação, a chave para o futuro”, mostrando as inúmeras facetas da tecnologia por imagem, conceituando a inovação não apenas como a criação de novos equipamentos, mas também e, principalmente, como melhor utilizá-la, inovando e criando novas aplicações para os recursos existentes. Para Adam Flowers, da Thomas Jefferson University, “o futuro já está disponível nas salas de laudos. As finas estações de trabalho e os módulos de visualização atachados ao PACS fornecem uma análise semiautomatizada de características fisiológicas e oferecem condições para pesquisar e inovar, mudando posturas e ampliando as possibilidades diagnósticas”. Na medida das possibilidades, com toda crise e dificuldades, o Brasil vem se estruturando seja com parcerias entre instituições, como o Complexo HCFMUSP, seja com o respaldo de agências como a FAPESP, para buscar na inovação, formas de melhor atender. E, nesta edição, temos um exemplo de projeto inovador no Instituto do Coração de São Paulo, premiado e aprovado pela comunidade cientifica da “Sonotromboembólise”, de autoria do dr. Wilson Mathias Jr., diretor do Serviço de Ecocardiografia, que poderá mudar a conduta no atendimento de urgência aos pacientes com sintomas de enfarto. Veja na Pag. 6

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om o alarme de sempre e com a porteira arrombada, como dizem no Interior, o problema do Zika Vírus ganha proporções nunca esperadas e refletem a situação sanitária do País.

Diante da gravidade, o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, que prevê suporte às gestantes e aos bebês e intensifica as ações de combate ao mosquito da dengue. Até 30 de novembro de 2015, 1.248 crianças, em 14 estados do País, nasceram com suspeita de microcefalia relacionadas ao Zika Vírus. Este número significa que são 99,7 para cada 100 mil nascimentos. Um registro especial para a atuação da médica Angela Mello, da Paraíba, que, diante da suspeita, encaminhou pacientes para exames em São Paulo, na Escola Paulista de Medicina. Na pág. 8, uma ampla matéria sobre o assunto, onde os exames de neuroimagem fetal constituem importante aliado no diagnóstico da doença. O tema repercutiu internacionalmente, mobilizando a Organização Mundial da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde, já que o problema poderá se estender para a America Latina.

Exame do Cremesp é obrigatório para Concurso Público em SP

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Secretaria da Saúde de São Paulo, a exemplo que já fazem grandes instituições, como o Hospital Albert Einstein, de São Paulo, que não abrem mão da qualidade, oficializou em 2 de dezembro, a obrigatoriedade do exame do CREMESP para os médicos que pretendem concorrer a vagas em concursos públicos paulistas. O tema foi um dos assuntos da sessão de inauguração da nova sede do CREMESP (foto). Segundo o secretário de Estado Ao centro, o dr. David Uip, secretário da Saúde do Estado de São Paulo, que defende a realização da Saúde, David Uip, a decisão já do exame do CREMESP, na solenidade de inauguração da nova sede da autarquia. Ao seu lado, vale partir de 2015, mas ele gostaria dr. Bráulio Luna Filho e outras autoridades da área. A partir de agora para ingresso em de “ter condicionado a contratação concurso público na área da saúde, no Estado de São Paulo, o médico deverá participar do dos novos médicos à aprovação no exame do CREMESP exame, mas que, por força de lei, ainda não pode fazer essa gistro ao resultado da prova. Para isso, seria preciso alterar exigência.” O CREMESP aplica há 11 anos o teste para os a legislação federal. recém-formados em medicina no Estado. Nesse período, a Em entrevista ao ID – Interação Diagnóstica, o dr. Brautaxa de reprovação tem sido acima de 50%. Apesar de ser lio Luna Filho, presidente do CREMESP, analisa a imporexame obrigatório para obtenção do registro do conselho, tância do exame, que está em sua 11ª edição, enfatizando mesmo quem vai mal nele não é impedido de exercer a que outras unidades da Federação pretendem adotar esse profissão. Por lei, o conselho não pode condicionar o remodelo. Pág. 7

Osmar Bustos

Zika Vírus, números crescem e Governo lança plano


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DEZ 2015 / JAN 2016 nº 89

Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

EDITORIAL

Acesso digital ampliado sem abrir mão da versão impressa

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ncerrando as comemorações dos seus 100 anos, o RSNA teve como tema central, Inovação. A palavra está presente na tela das principais estações de trabalho, nas salas de laudo e nas intenções dos que atuam na área da imagem e nas mensagens publicitárias. É a busca de todos, do mais jovem que não levanta a cabeça do visor do celular, dos jovens que mergulham em aplicativos, em jogos eletrônicos, ou os médicos que cada vez mais dependem de seu mouse e sua tela até para emitir uma receita.

Não temos escolha. É aceitar ou aceitar a realidade digital e, mesmo não gostando, incluí-la na sua rotina, na proporção de sua competência. No seu devido tempo, o ID – Interação Diagnóstica – vem incorporando esses recursos tecnológicos na sua rotina. Há um bom tempo já não somos apenas um jornal, mas como dizem os entendidos, somos uma mídia impressa. Estamos no site, no tablet, no smartphone e mais coisa vem por ai. Em uma semana tivemos mais de 1.500 acessos, para citar a força dessa mídia. Na nossa história, que não é tão longa, já passamos por tudo, por crises, outras crises, bons momentos e novas crises. Sem perder a elegância. Nos aproximamos dos 15 anos, que serão comemorados em fevereiro. Serão, então, 90 edições, cerca de 2.700 páginas de informações, reportagens e artigos, gerados a partir da nossa realidade científica, dos programas de ensino e atualização e de conteúdo pesquisado no exterior. Muito trabalho para enviar o veículo para 12 mil médicos em todo o nosso País, enfrentando as dificuldades de circulação, a concorrência com a mídia digital e muitas coisas mais, como custos, ineficiências e etc. Como jornal, o ID tem uma missão: produzir conteúdo de qualidade, tornando-o acessível aos mais diversos pontos do País. Nunca ficamos alheios à nossa realidade: não existe apenas um Brasil. Somos, pelo menos dois, embora, acreditamos que são tantas as diferenças regionais que fica difícil identificá-los. Temos um Brasil brasileiro, um Brasil japonês, alemão, e assim toda esta imensa legião de povos que ajudam a construir nossa Nação. Vai demorar, mas tempo não falta. Para se adequar a tudo isso, como se ajustar nos tempos atuais? Vivendo numa corda bamba, entre as atribulações econômicas e políticas, os avanços da tecnologia, a pressão dos mais jovens e a acomodação dos mais velhos. Deixando a retórica de lado, o mundo tem pressa: tudo isso para dizer que o ID também está inovando. Seu site evoluirá para um Portal, com um conteúdo científico mais amplo, valorizando as parcerias que nos alimentam ao longo destes 15 anos, acrescentando outras e, principalmente, atualizando e dinamizando o conteúdo impresso. O conteúdo impresso continuará circulando. Seu design atual será mantido, com alguns ajustes e aperfeiçoamentos. Ainda existe quem gosta de ler no papel. São nossos formadores de opinião, aqueles que nos enviam uma carta para dizer que mudaram o endereço, que o correio entregou o jornal amassado, se poderíamos enviar outro pois sumiu o da coleção, ou aqueles que comunicam apenas um falecimento e que cancelemos o envio. Isso não tem preço, é missão. Vamos com calma, selecionar quem quer recebê-lo no formato impresso ou digital. E, aos poucos, ajustar o mailing. Vamos aperfeiçoar o digital. O Portal do ID será lançado em fevereiro, nos 15 anos, acompanhado de outras novidades, que serão comunicadas em breve. Mas isso serão surpresas. Com todos os entreveros da nossa política, das nossas tragédias sanitárias, ainda temos o que comemorar. A Inovação está presente na pauta do ID, dia a dia. Esta edição mostra isso mais uma vez. É só conferir. Que 2016, seja um pouco melhor para todos. Feliz Ano Novo.

COMUNICADO

ID Editorial

Atualização do seu endereço Buscando maior eficiência na circulação do ID – Interação Diagnóstica, que hoje é distribuído por 12 mil nomes em todo o País, e considerando as grandes barreiras que este processo está enfrentando, por fatores como: inadequação dos endereços, problemas com o código postal, a própria dificuldade dos Correios, o mesmo acontecendo com a agência que foi contratada para envio do jornal, pedimos que nos respondam as questões abaixo. 1) Está recebendo jornal regularmente? 2) Seu endereço está correto ?

3) Gostaria de continuar recebendo ? 4) Não quer mais receber a versão impressa ?

As respostas nos ajudarão a aperfeiçoar a circulação e devem ser feitas através do email: id@interacaodiagnostica.com.br www.facebook.com/jornalid

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O BIMESTRE

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Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

io de Janeiro – Um novo desafio para Hilton Koch – Há 41 anos na instituição, onde chegou como residente do prof. Nicola Casal Caminha, o radiologista Hilton Koch assumiu no dia 24 de novembro de 2015, a Mordomia do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Depois de passar pela Mordomia dos Prédios, Koch – que chefia o Serviço de Radiologia - tem amplo conhecimento sobre as dificuldades e possibilidade de fazer a Santa Casa se reerguer. “Agradeço ao Provedor por me dar mais um motivo para continuar vivo”, disse Koch emocionado durante sua posse. Desde que o desembargador Francisco Horta assumiu a Provedoria, vêm sendo implementadas medidas com o objetivo de sanear as dificuldades da instituição, uma das mais antigas do País. Algumas enfermarias foram reformadas e estão em ótimo estado e outras, ainda, estão precárias e deterioradas, impossibilitadas de serem reabertas. Francesco Mazzarone, ex-Mordomo do Hospital Geral e atual Mordomo dos Prédios, está trabalhando junto com Koch, contribuindo com todo conhecimento adquirido referente às condições e necessidades do Hospital Geral. Durante a posse de Hilton Koch à Mordomia, o provedor Francisco Horta ressaltou as qualidades do chefe de Serviço e a importância do compromisso dos Irmãos da Santa Casa. “O compromisso é ajudar gratuitamente a instituição. Os Irmãos que não honrarem este compromisso serão afastados. Tenho 81 anos e quase não durmo por causa dos compromissos que tenho. Afastarei quem for preciso, pois enquanto eu estiver na Santa Casa ninguém mais irá roubar”, enfatizou Horta. A solenidade foi realizada no Salão Nobre da Santa Casa e estiveram presentes diversos chefes de Serviço e Enfermarias do Hospital.

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ão Paulo 1 – Inovações acessíveis ao clínico – Com a participação de profissionais de referência na área do diagnóstico por imagem, São Paulo sediou a quarta edição do Simpósio Internacional de Medicina Diagnóstica Delboni Auriemo, com a participação de convidados das áreas laboratorial e imagem. Coordenado pelo dr. Emerson Gasparetto, o evento focou em temas inovadores e teve por objetivo o relacionamento entre o clínico e o imaginologista. Com mais de 800 participantes, distribuídos por cinco salas, o evento constituiu-se num grande êxito e, segundo os organizadores, “foi um sucesso e cumpriu seus objetivos. Entre eles, o de levar informações e conteúdo inovador para que o clínico se atualize e tire o máximo proveito da estrutura diagnóstica do grupo”.

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ão Paulo 2 – Personalizando o cuidado através da imagem – O A.C Camargo Cancer Center colocou em discussão e abordou os principais avanços da especialidade em seu II Simpósio Internacional de Imagem em Oncologia, com uma abordagem focada em orientações práticas para a interpretação de exames e para o manejo de pacientes oncológicos. A Comissão Organizadora – drs. Rubens Chojniak, diretor do Departamento de Radiologia, Eduardo Nóbrega Pereira Lima, Elvira Ferreira Marques, Marcos Duarte Guimarães, Paula Nicole Vieira Pinto e Chang Jeng Tuyng – comemora o êxito do evento. Enfatiza também a participação dos convidados, drs. Jay Paul Heiken e Jonathan G. Goldin, ambos dos Estados Unidos, na abordagem multidisciplinar do câncer e seu impacto na redução da morbidade e mortalidade.

ecife – Homenagens no Dia do Radiologista – A Sociedade de Radiologia de Pernambuco, promoveu nos dias 6 e 7 de novembro, com a participação de 150 médicos, um Curso de Imagem em Cabeça e Pescoço, com o prof. Hugh Curtin, de Harvard Medical School. O evento marcou as comemorações do Dia do Radiologista, agora oficialmente regulamentado em todo o País. Uma tradição seguida por todos ex-presidentes, o evento marca a conclusão do ano para os residentes, com a premiação dos melhores e uma homenagem à personalidade que tenha contribuído para a especialidade. O Curso Internacional de Cabeça e Pescoço da SRPE, contou com a participação das especialistas Cristiane Abbehusen (BA), Maria de Fátima Vasco Aragão, (PE), Regina Lucia E. Gomes (SP) e Silvia Benício (SP). Na abertura do evento houve a “Solenidade do Dia do Radiologista” em comemoração aos 120 anos da Radiologia. Dra. Maria de Fátima Aragão, presidente da SRPE, fez uma avaliação dos trabalhos realizados e promoveu a outorga do Título de Membro Honorário da SRPE aos drs. Hugh Curtin (USA) e Éolo Albuquerque Filho (PE) pelo inestimável trabalho prestado à radiologia. Os residentes laureados no ano foram dr. Leandro de Assis Freitas, do Hospital da Restauração (R1) e dra. Juliana Siqueira(R2) e dr. Bruno Motta (R3), da Clínica Lucilo Ávila Jr.


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RSNA 2015

Reflexões sobre o futuro digital que está chegando Em outubro, o dr. Adam Flanders, radiologista da Filadélfia, Estados Unidos, com 32 anos de experiência e que atua no Hospital Universitário Thomas Jefferson, publicou um artigo no RSNA News, veículo da Sociedade Norte-Americana de Radiologia sobre Informática e o fato de seu futuro já ser um fator presente. Seu artigo foi ao encontro do tema do Congresso da RSNA deste ano – Inovação é a Chave para o Futuro – e defendeu que a radiologia está em um ponto de transição.

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o listar as grandes inovações dos últimos anos na área, ele deu ênfase ao projeto piloto lançado em 2009 pela RSNA, chamado Image Share: uma rede que capacita os radiologistas a compartilhar imagens médicas com pacientes usando registros pessoais de saúde sem a necessidade de utilizar mídias como CDs ou DVDs. Outra iniciativa da entidade apontada por ele foi o RadLex, um léxico padronizado de termos de radiologia automaticamente reconhecido e recuperado por registros eletrônicos de saúde. Segundo ele, trata-se de precursores de estações de trabalho PACS que conseguem ter a consciência sobre todas as imagens, regionais ou nacionais. Assim, em alguns anos, os radiologistas ficariam livres de ter que rastrear todo e qualquer exame feito anteriormente, pois esse sistema o faria automaticamente. Dentre os desafios da área, dr. Flanders cita o big data – que ele define como “o crescimento e armazenamento exponencial de dados estruturados e não estruturados, bem como os meios para armazenar, analisar e consumir grandes volumes de dados para resolver problemas”. Ele lembra que o big data ainda não está disponível para toda a área médica, e que a radiologia experimentou esse desafio quando o uso cruzado de imagens de diversos departamentos começou a aumentar. “Enfrentamos o desafio desenvolvendo e abraçando o PACS e um novo método para analisar visualmente grande dados volumétricos de imagem – a interpretação volumétrica. Lideramos o campo ao desenvolver formas inovadoras de arquivar, indexar, entregar com eficiência e interpretar grandes conjuntos de dados”, explicou. Ele acredita, no entanto, que o futuro já está disponível nas salas de laudos, em certo grau: as finas estações de trabalho e os módulos de visualização atachados ao PACS fornecem uma análise semiautomatizada de características fisiológicas, como perfusão, difusão, estenose volumétrica e modelagem 3D, o que permite o rápido desenvolvimento de novas ideias e processos. Já algoritmos de aprendizagem a partir da máquina ou de aprendizagem mais profunda ajudarão a criar abstrações ou extrações de níveis mais altos a partir de conjuntos de dados complexos, além de identificar padrões e inter-relações fundamentais. Após discorrer sobre o valor em utilizar o aprendizado de máquinas para analisar dados, ele questiona: pode o processo de combinar listas genômicas e demográficas de problemas clínicos e medicamentos melhorar a nossa capacidade de estabelecer um diagnóstico inicial ou reconhecer mudanças sutis na doença existente?

Para o dr. Flanders, a imaginologia médica se situa no nexo do processo de diagnóstico. Ele afirma ser teoricamente possível interligar o processo de interpretação de imagens em uma única estação de trabalho PACS para uma vasta coleção de dados, com o objetivo de fornecer diagnósticos altamente específicos e precisos, além das melhores práticas para o tratamento e resposta. “Imagine identificar um novo nódulo pulmonar em um paciente e combinar isso com milhares (ou até milhões) de pacientes com características semelhantes, demográficas, de raça, localização geográfica, estilo de vida, tabagismo e histórico de exposição a substâncias tóxicas, e mesmo com o histórico

genético. Em vez de fornecer uma recomendação baseada em Fleischner para follow-up no seu relatório, você será capaz de fornecer uma probabilidade exata de que o nódulo é maligno, se a imagem de acompanhamento ainda é necessária e que tratamento é o mais adequado para o paciente”, afirma. Seus exemplos de melhorias são diversos. Ele conclui que sistemas sob demanda como esses poderiam rastrear o tipo de trabalho feito pelo radiologista baseado em modalidades, indicações e diagnósticos, e periodicamente fazer recomendações direcionadas especificamente aos interesses, forças e fraquezas do profissional, além de entregar o conteúdo por e-mail.


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PESQUISA

US e microbolhas no tratamento inicial do infarto agudo Projeto de Pesquisa do InCor, apresentado no último Bubble Meeting, em Chicago, para o tratamento do infarto pode revolucionar e agilizar condutas nos serviços de emergência. A técnica consiste na aplicação de ultrassom para criar microexplosões que desobstruem as artérias. Os estudos, que têm a frente o prof. Wilson Mathias Jr., diretor do Serviço de Ecocardiografia do InCor, demonstram que o procedimento é simples e eficaz, com resultados promissores para o tratamento inicial de pacientes com infarto agudo do miocárdio, especialmente em regiões de difícil acesso a hospitais.

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Instituto do Coração do e científico da Universidade de Nebraska, Ultrasound), realizada em setembro passado Hospital das Clínicas da nos Estados Unidos, e da empresa Philips. em Chicago (EUA). Faculdade de Medicina da O professor destaca que a eficácia e Índices de eficácia Universidade de São Paulo a simplicidade que esse tratamento tem animadores (InCor) tem obtido bons mostrado poderão representar um grande Segundo o professor, no estudo-piloto resultados no estudo da Sonotrombólise – benefício para o tratamento do infarto, em realizado no InCor, a técnica apresentou técnica que emprega o ultrassom, associado especial no Brasil, onde muitos pacientes um índice de eficácia próximo a 70% na à aplicação endovenosa de contraste por miainda não têm acesso à infraestrutura hospidesobstrução das artérias – “sem o uso de crobolhas, no tratamento do infarto agudo talar necessária para um atendimento rápido medicamentos fibrinolíticos”, ressalta. Ou do miocárdio e de outras síndromes trome adequado. “Hoje, para que um paciente seja, esse índice foi observado em pacientes bóticas. O procedimento requer a aplicação com infarto agudo do miocárdio receba um de ultrassom sobre o coração do paciente, na área do infarto, porém sem a finalidade de gerar imagens: quando as microbolhas injetadas na corrente sanguínea entram no campo do ultrassom, elas vibram e se rompem, formando microexplosões na região do coágulo que causam a desobstrução mecânica da artéria. Segundo o prof. Wilson Mathias Júnior, diretor do Serviço de Ecocardiografia do InCor, a técnica não apresenta efeitos colaterais e tem aplicação simples. “Estamos falando de uma tecnologia que, se for comprovadamente eficaz, como temos percebido, deverá estar disponível para a população em 5 a 10 anos, com uma grande vantagem: será possível tratar essas síndromes trombóticas na sala de emergência, com equipamentos de fácil manuseio”. Nos estudos realizados no InCor, são usados equipamentos convencionais de ultrassonografia, mas futuramente a técnica poderá ser aplicada por meio de aparelhos específicos, de operação ainda mais simples. “Quando essa tecnologia Dr. Wilson Mathias Jr., (à direita) do InCor SP, autor da pesquisa apresentada no “Bubble Meeting”, em estiver plenamente desenvolvida, não será Chicago, a dra. Maria Cristina Chammas, do InRad HCFMUSP, e o dr. Arnaldo Rabichoffsky, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. preciso usar um equipamento de imagem, que não haviam recebido ainda nenhum tratamento de eleição, ele deve ser submemas apenas uma fonte emissora de ultrasmedicamento para desbloquear os vasos. som. É um tratamento que poderia ser feito tido a uma angioplastia primária, coisa que “Esses pacientes chegaram à emergência do no pronto socorro, simplesmente colocando uma fração muito pequena da população InCor com dor no peito, quadro típico de inum transdutor ou um eletrodo grande sobre brasileira tem acesso. Muito pouca gente farto, e foram enviados o mais rapidamente o tórax do paciente, acionando a fonte de consegue chegar rapidamente a um hospipossível para a sala de cateterismo. Nesse tal que tenha sala de hemodinâmica após ultrassom e injetando de forma endovenosa intervalo entre a chegada, o diagnóstico e sentir dor no peito, e também são poucos as microbolhas”, explica o professor. a sala de hemodinâmica, nós aplicamos a os que têm acesso a uma segunda forma O prof. Wilson Mathias é o pesquisaterapia”, explica. dor responsável pelo projeto que conduz o de tratamento, que é a injeção de fibrinoOs resultados desse estudo já estão líticos”, avalia Mathias, lembrando que desenvolvimento desta técnica no InCor, sendo publicados e apresentados em eventos esses medicamentos também precisam ser financiado pela Fapesp (Fundação de Ammédicos internacionais, como a 30ª “Bubble paro à Pesquisa do Estado de São Paulo). O administrados com rapidez, caso contrário o Conference” (Annual Advances in Contrast trabalho também conta com apoio financeiro quadro do paciente pode piorar e chegar às

complicações de um infarto com disfunção cardíaca grave. O pesquisador destaca ainda o problema dos efeitos colaterais dos fibrinolíticos, que podem causar hemorragias e têm uma eficácia “longe da ideal”.

Desobstruindo as artérias rapidamente Com a técnica da Sonotrombólise, Mathias acredita que muitos desses pacientes possam ter suas artérias desobstruídas rapidamente já no primeiro atendimento de emergência, sendo então encaminhados com tranquilidade para um hospital de referência, onde receberão o tratamento complementar para as outras complicações de sua doença. “Digamos que, no momento principal do infarto ou do AVC, que é o momento em que se começa a perder massa de músculo cardíaco, temos a possibilidade de abortar esse processo de forma relativamente simples e em qualquer local, por mais distante que seja”. O professor estima que hoje, no Brasil, somente 30% dos pacientes que sofrem infarto agudo do miocárdio tenham acesso ao tratamento tido como ideal para seus casos, enquanto 70% recebem apenas o tratamento “clássico”, que é simplesmente cuidar das complicações que advêm do infarto. “Acredito que o impacto que esse tratamento pode ter no nosso país é gigantesco, pois hoje não se trata de forma adequada os pacientes com infarto agudo do miocárdio no Brasil. Nosso sistema de saúde está criando um passivo muito grande para o tratamento atual e futuro desses pacientes, porque uma doença coronária mal tratada pode resultar em morte ou na insuficiência cardíaca – a qual, já sabemos por inúmeras pesquisas internacionais, é um fator desestabilizador do ponto de vista financeiro dos sistemas de saúde, pois requer um tratamento de altíssimo custo”. “Obviamente, a preservação da vida é o objetivo primário do nosso projeto, mas ele também tem um impacto social muito grande no que diz respeito a reduzir custos para o sistema de saúde, permitindo que os recursos sejam aplicados de forma mais adequada para a população”, avalia o professor.


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Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagolli (SP)

REPORTAGEM

Imagem oncológica prioriza o que é melhor para o paciente “Precisamos ser mais críticos nas indicações para os exames de imagem, precisamos educar nossos colegas sobre quando é ou não apropriado solicitar um exame de imagem. Precisamos disseminar o que é melhor para o paciente”. O alerta é do dr. Jay Paul Heiken, professor de Radiologia e Diretor de Imagem Abdominal do Edward Mallinckrodt Institute of Radiology, da Washington University School of Medicine, em St. Louis, Missouri.

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m dos convidados do II Simpósio Internacional de Imagem em Oncologia do A. C. Camargo Cancer Center, organizado pelo Departamento de Diagnóstico por Imagem da Instituição e que teve como tema central o manejo de temas incidentais. Realizado em 23 e 24 de outubro de 2015, em São Paulo, contou com a participação de um expressivo número de convidados. Na ocasião, dr. Heiken falou ao ID – Interação Diagnóstica – e enfatizou a importância dessa conscientização em beneficio do próprio paciente. Explicou, dentro de todo este processo, a importância do trabalho desenvolvido por entidades médicas e se focou na Sociedade Internacional de Imagem do Câncer (International Cancer Imaging Society – ICIS), criada há 15 anos: “Ela hoje já tem um enorme número de fellows e também de membros em todo o mundo. É focada em educação na imagem oncológica para aprimorar o cuidado aos pacientes com câncer. Realizamos uma reunião anual, uma sessão científica e um curso anual na Europa. Também organizamos diversos eventos em todo o mundo para propiciar essa educação em imagem oncológica onde ela é necessitada”, explicou. Dr. Heiken também abordou a questão da quantidade dos exames praticados nos dias de hoje. Para ele, a imagem é uma ferramenta fundamental na avaliação de pacientes com câncer e de pacientes em geral. “Porém, acho que fazemos muitos exames desnecessários. Precisamos ser mais críticos nas indicações para os exames de imagem, precisamos educar e orientar nossos colegas sobre quando é ou não apropriado solicitar um exame de imagem. Precisamos disseminar o que é melhor para o paciente”, alertou. “A imagem é extremamente útil e tem um papel muito importante para todos os pacientes, incluindo os que têm câncer, mas ela não pode ser utilizada em excesso.” Ele também defendeu a comunicação com o paciente, sobretudo em casos de rastreamento. “Pegamos doenças incidentais que precisam ser monitoradas, às vezes o paciente precisa passar por intervenção, o que pode causar complicações, então acho que devemos ser muito cuidadosos em realmente só realizar os exames que são indicados. Para exames de rastreamento, o médico tem que se certificar de que aquele determinado paciente precisa desse rastreamento; precisamos trabalhar com nossos médicos de referência, e então conversar com o paciente e fazê-lo

entender de quais exames de rastreamento ele depende de fato”, explicou. Durante sua aula, dr. Heiken valorizou muito o trabalho multidisciplinar entre os diversos especialistas. “Os radiologistas têm um papel central no cuidado com o paciente. Por isso, precisamos também ter um papel importante no grupo multidisciplinar que discuta os casos, porque nosso conhecimento sobre a imagem é muito importante para o cuidado com o paciente. Quando decisões de como administrar o paciente são feitas, precisamos estar lá e fazer nosso papel, para que nosso conhecimento seja incorporado nessa tomada de decisão”, concluiu.

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Dr. Jay Paulo Heiken, ladeado pelos drs. Rubens Chojniak e Eduardo Pereira Lima, no evento do A. C. Camargo Cancer Center.


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REPORTAGEM

Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

Neuroimagem fetal, um aliado no diagnóstico da “Microcefalia” Cercado de muita preocupação, o expressivo número de casos de bebês nascidos com microcefalia no Brasil coloca na linha das discussões a saúde sanitária do País. Dúvidas, controvérsias e muita discussão, enfatizadas pelas peculariedades dos casos diagnosticados, inclusive com óbitos sob suspeita, levaram o ministro da Saúde, Marcelo Cordeiro, a decretar que o Brasil está em estado de emergência sanitária.

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governo federal também criou o Plano NacioEsclareceu, inicialmente, o dr. Malinger: “quando a nal de Enfrentamento à Microcefalia. Trata-se caixa craniana do feto é menor do que a média, é preciso de uma grande mobilização envolvendo miinvestigar se existe alguma alteração cerebral. No entanto, nistérios e órgãos federais, em parceria com o que se observa é que, em muitos casos, fetos ou crianças estados e municípios, para conter novos casos com crânio pequeno ou grande apresentam um cérebro sadio de microcefalia relacionados ao Zika Vírus. Está previsto, e nascem saudáveis. Devido a isso, não podemos nos basear inclusive, o reforço nas equipes de agentes de saúde e o apenas na verificação das medidas do crânio. É preciso investigar se o sistema nervoso central do feto ou criança está auxílio das Forças Armadas e Defesa Civil. comprometido. Se estiver, precisamos ainda saber o porquê. Os números justificam essa preocupação: nos últimos O dr. Renato Ximenes e a dra. Patrícia S. de Oliveira, que meses foram notificados mais de 1.248 casos suspeitos em coordenaram os exames, explicaram que “foram utilizados 14 estados (dados apurados até 30 de novembro/15). E o os mais avançados recursos de diagnóstico por imagem para Ministério da Saúde já tem a confirmação de que os casos buscar uma análise detalhada do acolhimento encefálico dos estão relacionados com o Zika Vírus. fetos. Concluída a investigação por imagem, foi observado o Os pesquisadores e especialistas da área apontam como principal razão para o surto o contágio pelo Zika Virus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, causador da infecção durante a gestação. Setores da área da saúde se mobilizam, aprofundam os estudos, mas diante do incontrolável problema sanitário que é o Aedes aegypti, essa preocupação aumenta e da concentração de casos na região Nordeste para as demais regiões é só um piscar de olhos. Aliás, o primeiro caso suspeito de microcefalia em São Paulo, no município de Guarulhos, foi divulgado em 6 de dezembro/15. A mãe relatou que no primeiro trimestre de gestação teve um quadro semelhante à dengue, com dor no corpo, febre, manchas avermelhadas e uma conjuntivite. Por sua gravidade, a Fundação IDI, instituto com laços de relacionamento com a Faculdade Paulista de Medicina – UNIFESP, Drs. Renato Ximenes e Gustavo Mailinger, no evento sobre Zika Vírus, em São Paulo. colocou o assunto na pauta das suas discussões no Curso Internacional Masterclass Neuroimagem Fetal, estado do encéfalo dos dois fetos, constatando-se a anomalia. no qual a microcefalia foi um dos temas discutidos. Para o dr. Ximenes, “é preciso uma equipe multidisciplinar Duas gestantes da Paraíba, enviadas pela dra. Angela trabalhando junto, com diretrizes bem estabelecidas para Mello, examinadas pela Fiocruz, e que haviam tido febre e buscar a causa”. exantema durante a gestação e cujos fetos apresentavam siSobre a relação dos casos de microcefalia associados à nais de microcefalia, foram examinadas durante o evento em suspeita do Zika Vírus, o dr. Malinger salientou: “em toda a São Paulo, por especialistas da área de Neuroimagem Fetal. minha carreira, nunca presenciei casos de microcefalia provocados pelo contágio de vírus como Zika Vírus ou dengue, por O evento contou com a participação do dr. Renato Ximenes, da Fundação de Medicina Fetal Latinoamericana e exemplo. Contudo, é importante investigar a possibilidade diretor científico do Centrus-Campinas; da dra. Patrícia S. de o Zika Vírus ter sofrido algum tipo de mutação capaz de Oliveira, da Fundação IDI; do dr.Gustavo Malinger, radiofazê-lo provocar esse tipo de problema”. logista do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da No ano 2000, a prevalência de microcefalia no Brasil foi Universidade de Tel Aviv (Israel); e de ultrassonografistas de 5,5 casos por 100 mil nascidos vivos e em 2010, a média de diversas instituições. As duas gestantes convidadas era de 5,7 casos. Os dados oficiais recentes demonstram um realizaram exames de Neurossonografia e Ressonância aumento de 20 vezes da taxa observada nos anos anteriores. Magnética na Fundação IDI, com uma avaliação minuciosa A Organização Mundial da Saúde – OMS – e a Organização do encéfalo fetal. Panamericana da Saúde – Opas – também divulgaram alerta

sobre o Zika Vírus nas Américas. Segundo informe, em 1 de dezembro/15, nove países confirmaram a circulação do vírus: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.

Microcefalia, uma má-formação fetal O Colégio Brasileiro de Radiologia também colocou o tema na pauta de suas publicações, com esclarecimentos para os médicos da área da imagem. Os estudos mostram, até agora, que a microcefalia pode estar associada a alterações intra-cranianas, que podem levar a diminuição da circunferência cefálica. E em casos que o récem-nascido apresente biometria menor que 33 cm ao nascimento ou dois desvios padrões do limite inferior da normalidade, deve-se tentar buscar a possível etiologia, pois em alguns casos mais graves pode estar relacionado com alterações do desenvolvimento neurológico pós-natal, como distúrbios cognitivos graves, alterações na parte motora, problemas de audição e visão. Segundo especialistas, a doença pode estar associada a um encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco cerebral) com desenvolvimento anormal, ou falha no desenvolvimento embrionário ou por destruição do tecido cerebral, que pode ser secundária a processos vasculares ou infecciosos, por exemplo. O ID – Interação Diagnóstica – ouviu o dr. Renato Ximenes, que também é membro da Comissão de Ultrassonografia do CBR, que analisou o papel desse método no diagnóstico e acompanhamento da microcefalia. “A ultrassonografia tem papel muito importante no diagnóstico da microcefalia e sua possível etiologia. No momento atual, estamos presenciando casos de microcefalia que tem como possível causa uma infecção pelo Zika Vírus, que é da família do vírus da dengue. Durante um exame de ultrassonografia, pode-se suspeitar de mcrocefalia quando a medida da circunferência cefálica (CC) for menor do que dois desvios padrões (DP) do limite inferior da curva da normalidade para a idade gestacional. Também é importante ressaltar que essa diminuição da circunferência cefálica pode estar associada a danos no desenvolvimento do Sistema Nervoso que levam a uma diminuição do parênquima cerebral, que resulta na diminuição da circunferência cefálica. Nestes casos, deve-se avaliar as estruturas intra-cranianas para observar se encontramos sinais de infecção como ventriculomegalia, focos de calcificação e atraso na formação de giros e sulcos. E, em paralelo, caso sejam encontradas alterações intra-cranianas tentar estabelecer a etiologia, que nos casos mais recentes têm sido relacionados com o Zika Vírus”, explicou o dr. Ximenes.


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DEZEMBRO 2015 / JANEIRO 2016 - ANO 13 - Nº 89 Por Lilian Mallagoli (SP)

PONTO DE VISTA

Os caminhos da Saúde em tempo de crise

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m tempos de crise, os desafios são maiores para qualquer segmento da economia. Mesmo setores que teoricamente não deveriam ser significantemente afetados pelas intempéries do mercado, como é o caso da saúde, acabam sentindo os abalos provocados pela estagnação dos negócios que atualmente vivenciamos. O desemprego reduz o número de pessoas com plano de convênio médico. Consultas médicas e exames preventivos, por exemplo, também são afetados. A Bayer, em seu segmento de Radiologia, busca ir na contramão do mercado e acredita que estreitar o relacionamento com seus clientes – hospitais ou clínicas – é fundamental para enfrentar um cenário desfavorável. As atividades de treinamento que oferecemos para hospitais e clínicas parceiros são ferramentas importantes nesse sentido. Um trabalho específico de formação profissional e adoção de boas práticas ajuda a trazer mais eficiência e resultados, além de superar problemas característicos do mercado, como a alta rotatividade de funcionários. Um exemplo é a otimização do uso das doses de meio de contraste. Dessa forma, os profissionais que realizam os exames são capacitados para oferecer um atendimento individualizado e adotar protocolos específicos levando em conta o perfil de cada paciente para utilizar uma dosagem certa. A medida simples é importante para assegurar o cuidado e o bem-estar do paciente e ainda possibilita uma economia relevante dos recursos. O investimento em inovação é outra prática que a Bayer historicamente acredita e que é especialmente importante em momentos como este. Novos produtos ajudam a proporcionar diagnósticos mais precisos e detalhados, fazendo uma grande diferença para o tratamento do paciente, assim como possibilitando a obtenção de resultados com o uso mais assertivo de recursos. Cito como referência o pioneirismo da empresa no lançamento de produtos órgão-específicos, desenvolvidos para propiciar um diagnóstico adequado para uma parte específica do corpo e que hoje são tendência no mercado. Acredito que oferecer soluções completas e inovadoras é a única alternativa para as empresas não apenas em tempos de crise, mas para estarem prontas para os desafios futuros que farão parte do mercado de saúde. Jaime Murata Head de Radiologia Bayer Brasil

ENTREVISTA

RM centraliza a conduta nas doenças do cérebro Em novembro, dr. Scott Atlas, do Hoover Institution da Universidade de Stanford (Estados Unidos), esteve em São Paulo a convite da GE Healthcare. O neurorradiologista ministrou uma palestra no Senai para 50 formadores de opinião, entre os mais reconhecidos médicos da sua especialidade, e realizou um webseminar para a América Latina.

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que há de melhor está no setor privado. Os m entrevista ao ID, o dr. Atlas médicos fazem seu treinamento na universifalou sobre o papel da ressodade, mas para um treinamento avançado, nância magnética na neurorprecisam ir para os centros particulares das radiologia, sua especialidade. grandes capitais. Destacou, inicialmente – e Tenho percebido um crescimento sigesse foi o motivo principal de sua visita ao Brasil –, que a RM é a principal ferramenta nificativo na qualidade e quantidade de para o diagnóstico de doenças no cérebro e na equipamentos médicos nas grandes univercoluna, não apenas para o diagnóstico inicial, sidades brasileiras. Isso é bom, porque a unimas também para acompanhamento do paversidade deveria ser o centro de educação e treinamento dos médicos. Esse é um processo ciente. “Praticamente, toda doença no cérebro lento e há grandes desafios, mas vemos agora para a qual buscamos o diagnóstico se centraque estão na direção certa. liza na Ressonância Magnética (RM), exceto ID – Como está o uso de ressonância em situações de muita urgência em outras magnética na pediatria? áreas, em que a Tomografia Computadorizada Dr. Scott Atlas – A RM é muito impor(TC) é muito importante também”, afirma. O neurorradiologista, já esteve diversas tante, exatamente por causa da isenção de vezes no Brasil e acompanha de perto o papel radiação. Se você precisa de muitos exames que os governos de diferentes países têm nas ao longo dos anos, como é o caso de crianças questões de saúde. Além dos aspectos cienmuito doentes, a exposição à radiação se torna significativa.A tecnologia desenvolvida pela tíficos da sua especialidade, ele também deu GE e por outras empresas está muito direciosua visão sobre o momento atual do Brasil em relação à aquisição e ao uso de tecnologia de nada a reduzir a dose de radiação e tornar a ponta na imagem médica. TC mais segura. ID – Como o senhor ID – Tivemos, no mês avalia o papel do governo passado, a oportunidana introdução de inovade de entrevistar o neuções tecnológicas? rorradiologista Dr. Volker Dr. Scott Atlas – SabeLimmroth, da Alemanha. Sob perspectivas, ele disse mos que os custos iniciais que a medicina molecude investimentos em RM são mais altos em relação lar estaria consolidada, aos outros equipamentos sobretudo para esclerose de imagem. Mas, por outro múltipla, em 5 a 10 anos. lado, com essa tecnologia, O sr. concorda? as decisões e diagnósticos Dr. Scott Atlas – Isso se tornam mais específicos é o que eu chamaria de e mais rápidos, então, em “medicina personalizada”, longo prazo, o custo se tor- Dr. Scott Atlas, convidado da direcionada a descobrir, de GE Healthcare. forma específica, quem tem na mais baixo. Em muitos qual doença, e de que forma aquela doença é países, e no Brasil não deve ser diferente, os diferente em uma pessoa, quando comparada governos tentam alocar recursos, mas infelizàs demais com doença semelhante. Dessa mente, em muitos casos, estão condicionados forma, você consegue fornecer o tratamento aos seus orçamentos. Na área neurológica, correto a cada indivíduo. a maior parte dos pacientes precisa de um A esclerose múltipla é muito difícil de exame adequado, seja TC ou RM. ser tratada, por exemplo. Não é possível ID – Como o senhor vê o papel da eduentender muito bem suas causas e em cada cação nesse processo? paciente se manifesta de formas diferentes. Dr. Scott Atlas – Não basta apenas Parte do problema é que a análise do cérebro adquirir tecnologia. Há uma necessidade não é a mesma de uma pessoa para outra, grande de investimentos na infraestrutura, mesmo se a doença for idêntica. no processo de atualização para os médicos, E aí que entraria essa medicina personae de educação para a população como um todo. É preciso assegurar que os médicos que lizada, que, provavelmente, seria combinada estão usando esses equipamentos de ponta à biologia molecular. Eu diria que a combiestejam habilitados a tirar o máximo proveito nação da imagem avançada com a biologia da tecnologia, para que não haja prejuízo. Em molecular e a genética do paciente seria a sotodos os países há uma variação de região lução. Porém, estamos muito no início desse para região, mas o Brasil é um dos países processo. Há dez anos ouvi de especialistas onde as diferenças regionais são realmente que isso seria possível em cinco anos. gritantes – se você comparar, por exemplo, os Por outro lado, sim, é uma área emergencentros médicos de São Paulo, Rio de Janeiro, te muito importante. A imagem e a medicina e outras capitais, e às regiões mais afastadas. molecular, em minha opinião, vão ajudar a Claro, não podemos negar que os centros exavançar com a RM, porque a caracterização do tecido que é possível com a ressonância, tremamente desenvolvidos de São Paulo ou quando combinada ao que aprendemos da Rio de Janeiro estão em níveis muito altos. genética, será muito importante. Pode ser ou O Brasil é muito diferente dos EUA em não na direção da imagem PET, que é o que uma questão específica: lá, os centros de exmuitos defendem hoje, mas acho que é muito celência e os melhores equipamentos estão cedo para prever. nas universidades. No Brasil, há um histórico Essa resposta longa é para dizer que, sim, das universidades não terem condições de eu concordo com ele! obter os melhores equipamentos. Então, o

ID – No que se refere a tumores cerebrais, qual das técnicas avançadas de imagem o senhor acha mais útil: difusão, perfusão ou espectroscopia? Dr. Scott Atlas – São três técnicas avançadas diferentes. As melhorias na chamada RM convencional têm sido enormes nos últimos cinco anos, com a RM de alto campo. Acho que esse é o maior avanço ao considerarmos tumores cerebrais. Usamos agentes de contraste e imagem de perfusão com frequência. Acho que, das que você mencionou, a imagem de perfusão é a mais importante. O papel da imagem de difusão é muito relevante em pacientes com acidente vascular isquêmico, mas não com tumores cerebrais. A espectroscopia foi importante quando surgiu, há dez anos, mas não revolucionou a imagem de tumor cerebral, como era esperado. É uma das muitas ferramentas que usamos na RM para ajudar a distinguir entre a recorrência do tumor e os efeitos do tratamento no cérebro. ID – Após a empolgação inicial com a técnica de difusão tensorial e tratografia, onde estamos hoje? Dr. Scott Atlas – A DTI é uma técnica muito interessante, que permite mostrar os importantes tratos da substância branca no cérebro. É usada para ajudar na remoção de tumores por alguns cirurgiões porque é parte do que chamamos de um tratamento minimamente invasivo. É inocente da nossa parte dar um valor à técnica espelhado nos neurocirurgiões – uns acham a técnica muito importante; outros, não. Acho que radiologistas e médicos clínicos ainda estão tentando descobrir os usos mais importantes da DTI. ID – Após cirurgia, rádio e quimioterapia para um tumor cerebral, qual técnica de RM o senhor acha mais confiável para diferenciar recidiva tumoral de alteração induzida pelo tratamento? Dr. Scott Atlas – Uma combinação de imagens intervencionistas de alta qualidade com contraste e provavelmente com perfusão. Às vezes usamos espectroscopia com esse papel também. ID – Qual a sua opinião sobre os estudos de perfusão e permeabilidade capilar ajudarem a diferenciar pseudoprogressão tumoral de progressão tumoral verdadeira? Dr. Scott Atlas – A pseudoprogressão é encontrada em pacientes que estão sob certo tipo de quimioterapia e radiação. Quando se olha as imagens de RM, parece que o tumor progrediu, mas descobriu-se que muitos desses pacientes não têm sintomas de piora, apesar das imagens mostrarem isso, e se você observá-los, eles melhoram. Trata-se de um grande dilema do diagnóstico: a primeira reação é achar que o paciente precisa de um novo procedimento cirúrgico, ou mais quimioterapia, ou uma droga diferente, e o que acontece não é nada disso. É um problema de diagnóstico muito difícil, mas há certos achados na RM que podem resolvê-lo. O mais importante é que radiologistas e clínicos estejam conscientes desse fenômeno. Colaboraram: dra. Lara Brandão, Rafael Bettega e L.C. Almeida


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INOVAÇÃO

Chega ao mercado o primerio PET/CT digital O Vereos PET/CT, segundo os técnicos da empresa, está direcionado ao diagnóstico de câncer combinando alta resolução e rapidez de foco, com aumento do contraste da imagem. O design e o tamanho do túnel do equipamento também foram projetados para reduzir a sensação de claustrofobia em pacientes.

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m entrevista ao ID, Leonardo Packer, gerente de produto para as linhas de negócio de ressonância magnética e imagem molecular avançada da Philips para América Latina, antecipou algumas das qualidades desse equipamento, planejado para ser apresentado, também, na JPR´2016. ID – Qual o diferencial de um PET/CT digital, em relação aos demais? É o único? Leonardo Packer – O Philips Vereos PET/CT, o primeiro e único PET digital, oferece aumento significativo de qualidade com o dobro de resolução volumétrica, o dobro de sensibilidade e precisão quantitativa, com baixa dose de radiação, quando comparado a versões analógicas. Sua tecnologia Digital Photon Counting converte a fóton que sai do cristal detector automaticamente para um sinal digital, para que não haja nenhuma interferência na imagem. Uma vez sem distorção, o sistema melhora a qualidade e permite maior detectabilidade. Combinado com a alta resolução e rapidez, o contraste da imagem também aumenta, levando a uma melhor detecção da lesão e maior precisão do laudo. ID – Em que áreas ele tem maior aplicabilidade? É dedicado à oncologia apenas? Leonardo – O Vereos PET/CT é uma tecnologia premium voltada para o diagnósti- co geral de imagem molecular, capaz de realizar exames em todas as anatomias do corpo, incluindo coração e cérebro com uma qualidade

de imagem nunca antes vista no mercado. O grande avanço está mesmo no diagnóstico do câncer, pois o Vereos permite a visualização clara de lesões que não são visíveis em um PET analógico. A Philips inovou também no design e criou um equipamento com menor túnel do mercado e com uma aparência agradável, tudo isso para criar uma sensação de tranquilidade para o paciente. ID – Quando foi lançado no Brasil e quais os benefícios em pesquisa e e ensino? Leonardo – O equipamento foi lançado recentemente durante o Congresso de Medicina Nuclear, em outubro.O PET digital pode ajudar muito as entidades de pesquisa e ensino, pois é uma solução inovadora que vem para mudar a realidade do diagnóstico por imagem. Assim como aconteceu com a TV e a música, a tecnologia digital vai revolucionar a Imagem Molecular. ID – Já foi vendido algum para o Brasil? Onde? Considerações se julgar oportuno. Leonardo – A Philips do Brasil ainda não possui o registro na Anvisa para esse equipamento e, por enquanto, não pode ser comercializado. No entanto, existem vários serviços aguardando a aprovação do registro para investir nessa tecnologia. (fonte: Ass. Imprensa Philips)

MERCADO

Amil anuncia aquisição do Hospital Samaritano

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americana UnitedHealth, detentora dos negócios da Amil, deverá adquirir também o Hospital Samaritano, de São Paulo. A informação foi dada pelo jornal Valor Econômico, que revelou ainda que, segundo fontes do setor, o valor da transação será de R$ 1,3 bilhão. O jornal afirma também que os recursos da venda irão para o caixa da entidade beneficente mantenedora do Hospital Samaritano, que vai se desvincular do hospital e investir em outras ações de filantropia. O prédio, os equipamentos médicos e os funcionários do Samaritano, que torna-se uma empresa com fins lucrativos, ficará sob a administração da UnitedHealth. Segundo o Valor Econômico, além da UnitedHealth, outros interessados como Rede D’Or e três fundos de private equity participaram do processo para aquisição do Samaritano, de São Paulo. A venda do Samaritano, de São Paulo, é a primeira transação do setor envolvendo um hospital filantrópico administrado por uma entidade beneficente. Fundado em 1894, a instituição é uma das referências paulistas, atendendo pacientes de renda média e alta. Sua receita em 2014 foi de R$ 438 milhões.


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Doença de Erdheim-Chester Introdução A doença de Erdheim-Chester (ECD) é uma doença rara de células não-Langerhans e uma granulomatose multisistêmica, não-familiar, com manifestações generalizadas, de gravidade e agressividade muito variáveis. Foi descrita pela primeira vez em 1930, por Jakob Erdheim e William Chester. Há cerca de 500 casos descritos na literatura, porém esse número vem aumentando nos últimos 10 anos devido ao maior reconhecimento da doença. A maioria dos pacientes são diagnosticados com ECD entre as idades de 40 e 70 anos, com uma idade média ao diagnóstico de 55 anos, havendo um predomínio pelo sexo masculino de cerca de 70%.

Fisiopatologia A etiologia sobre EDC foi por muito tempo desconhecida, no entanto, a identificação recente da natureza clonal da doença reformulou a compreensão e o manejo clínico. Atualmente sabe-se que a inflamação crônica descontrolada é um importante mediador na patogênese, relacionada à mutação no BRAFV600E, que ocorre em mais de 50% dos pacientes. Na histologia observa-se uma doença lipogranulomatosa com infiltração por histiócitos carregados de lipídios (macrófagos espumosos), células gigantes de Touton e uma quantidade variável de fibrose. A coloração dos histiócitos por imunohistoquímica é tipicamente positiva para CD68 e CD168, em contraste com a histiocitose das células de Langerhans (LCH), positiva para S-100 e CD1a.

Figura 3. Ressonância Magnética das pernas. Tecido sólido infiltrando a medular óssea, com acentuado realce irregular pelo meio de contraste, predomínio na região metadiafisária da tíbia, extensão para a epífise e distribuição bilateral e simétrica. O mesmo aspecto é observado na região metadiafisária dos fêmures distais, fíbulas e no aspecto inferior do calcâneo.

Figura 1. Lâmina óssea. Proliferação de células fusiformes, com poucas atipias infiltrando o tecido ósseo, positivas para o marcador CD68, compatíveis com histiócitos.

Manifestações Clínicas Os achados clínicos são variáveis, já que a doença pode acometer quase todos os sistemas e órgãos. Não é raro que esses pacientes tenham um diagnóstico tardio ou ainda errôneo. Os sistemas e tecidos mais acometidos pela ECD são o musculoesquelético, tecidos do retroperitônio, cardiovasculares, pulmonares e renais. • Manifestações ósseas: São as alterações mais frequentes na doença de Erdheim-Chester. Apesar de praticamente todos os pacientes apresentarem envolvimento ósseo, apenas 50% deles referem dor. O acometimento é geralmente bilateral e simétrico, com espessamento e esclerose cortical das metáfises e diáfises dos ossos longos.

Figura 4. Cintilografia óssea. Hiperconcentração do radiofármaco na maxila, mandíbula, metade distal dos fêmures, tíbias, ulna direita, calcâneos e ombros.

• Manifestações cardiovasculares: Envolvimento cardiovascular é comum, mas frequentemente assintomático e detectado incidentalmente. A anormalidade mais comum é o revestimento circunferencial por tecido com densidade de partes moles da aorta torácica, abdominal e seus ramos, presente em até dois terços de pacientes. Pode ocorrer envolvimento das artérias renais, com hipertensão renovascular, e das coronárias, resultando em infarto do miocárdio, pericardite ou ainda derrame pericárdico. • Manifestações retroperitoneais: A infiltração de tecidos perinefréticos com aspecto em “rim cabeludo” é comum, bem como a associação com hidronefrose e redução do lúmen ureteral. Além disso, 30% dos pacientes apresentam imagens sugestivas de fibrose retroperitoneal, poupando entretanto a veia cava inferior e ureteres distais, ao contrário do que ocorre na fibrose retroperitoneal idiopática. Figura 2.Radiografia das pernas. Espessamento cortical, densificação da interface corticomedular e esclerose da medular com predomínio na região metadiáfisaria da tibia com distribuição simétrica.

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Doença de Erdheim-Chester CONCLUSÃO

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ponte, causando sintomas cerebelares progressivos, como disartria e ataxia, bem como sintomas do tronco cerebral. Por apresentarem acentuado realce ao meio de contrate, podem ser confundidas com tumores primários ou metastáticos, doença desmielinizante, processos inflamatórios, ou ainda leucodistrofias.

Figura 5- Tomografia computadorizada de abdome, imagem coronal: tecido de limites mal definidos envolvendo a aorta, desde o plano do diafragma até o terço distal. (setas vermelhas)

Figura 6- Tomografia computadorizada de abdome, imagem axial: tecido de limites mal definidos envolvendo a aorta, com sinais de infiltração do hilo renal esquerdo e discreta hidronefrose (setas vermelhas).

• Manifestações pulmonares: As alterações pulmonares podem estar presentes em até metade dos casos. A tomografia computadorizada pode ser semelhante a de um paciente com histiocitose de células de Langerhans, com doença predominantemente cística, espessamento dos septos interlobulares, opacidades em vidro fosco ou opacidades centrolobulares. O envolvimento pulmonar é muitas vezes assintomático, mas pode raramente manifestar-se com tosse ou dispnéia. • Manifestações neurológicas: A freqüência de comprometimento do sistema nervoso central (SNC) varia de 25% a 50%. Apresentam-se como lesões expansivas, infiltrativas e com realce ao meio de contraste, podendo acometer todo o neuroeixo, tanto nos compartimentos intra-axiais como nos extra-axiais. As lesões intra-axiais, mais comumente acometem os núcleos dentados do cerebelo ou a

Figura 7 - Imagens axiais da fossa posterior: Lesão expansiva localizada na ponte, nos pedúnculos e no aspecto mesial dos hemisférios cerebelares, com baixo sinal e T1, alto sinal em T2 e FLAIR e realce aumentado pelo meio de contraste (setas vermelhas)

Figura 8. Sagital e axial pós contraste e difusão: Lesão expansiva mediana suprasselar com realce aumentado pelo meio de contraste, sem restrição à difusão (setas vermelhas).

• Manifestações cutâneas: A manifestação cutânea mais comum é o xantelasma, acometendo 30% dos pacientes.

Tratamento e prognóstico Atualmente, não existem orientações universalmente aceitas para diagnóstico e tratamento de ECD. Em geral, o início da terapia é recomendado para todos os pacientes e a droga com mais evidências é o Interferon peguilado, porém estão em curso estudos com diversas drogas alvo, incluindo Vemurafenib e Sirulimus. Apesar disso, o prognóstico é reservado e os pacientes apresentam progressão da doença e baixa resposta às mais variadas propostas terapêuticas, com somente 43% de sobrevida em uma série com média de seguimento de 32 meses. A fibrose pulmonar e a insuficiência cardíaca, são causas mais comuns de morte nesse pacientes.

Autores Gerda Feitosa Nogueira, Regis Otaviano França Bezerra, Regina Lúcia Elia Gomes, Marcio Ricardo Taveira Garcia Médicos radiologistas, ICESP – Instituto do Câncer do Estado de São Paulo


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Estudo ultrassonográfico no espessamento parietal da vesícula biliar Introdução

Condições inflamatórias

O espessamento da parede da vesícula biliar é um achado relativamente freqüente em exames de diagnóstico por imagem e foi por muito tempo considerado um sinal altamente sugestivo de colecistite aguda, este conceito tem-se modificado, em decorrência de uma maior experiência dos profissionais e uma evolução tecnológica dos equipamentos de ultrassonografia. A parede da vesícula é composta por três camadas: a mucosa (hiperecogênica), a muscular (hipoecogênica) e a serosa (hiperecogênica). Sua espessura total não deve ultrapassar 3 mm no paciente em jejum adequado.

a) Colecistite aguda É uma doença relativamente comum, respondendo por 5% dos pacientes que se apresentam ao departamento de emergência com dor abdominal. Os achados ultrassonográficos são: espessamento da parede vesicular, distensão da luz vesicular, coleções líquidas pericolecísticas, sinal de Murphy ultrassonográfico positivo, hiperemia da parede vesicular ao Doppler.

Figura1. A) Difuso, B) Segmentar e C) Focal. FONTE: CERRI, CHAMMAS; Ultrassonografia abdominal, segunda edição, 2009,

O espessamento pode ser difuso, segmentar ou focal, e pode ocorrer em diversas situações (primárias ou não), sendo elas divididas em: estados edematosos generalizados, condições inflamatórias, condições neoplásicas e outras.

Estados edematosos generalizados Insuficiência cardíaca congestiva Essa patologia determina a condição clínica denominada de fígado cardíaco, que está associada à espessamento da segunda camada da vesícula com preservação do aspecto hiperecogênico da mucosa, ocasionado por aumento da pressão venosa intra-hepática.

Figura 3. Colecistite aguda (delaminação e lâmina de líquido perivesicular)

Colecistite crônica Figura 2. Espessamento parietal vesicular. FONTE: CERRI, CHAMMAS; Ultrassonografia abdominal, segunda edição, 2009,

Hipoalbuminemia As hepatopatias associadas à hipoalbuminemia e ascite, causam espessamento parietal, devido ao acúmulo de líquido na parede. Quando os níveis protéicos se normalizam, a espessura parietal também se reduz.

A colecistite crônica pode se manter assintomática por anos ou se manifestar através de cólicas biliares recorrentes, causando inflamação degenerativa da parede, constituída essencialmente de infiltrado linfomonocitário e fibrose.

Pancreatite aguda A pancreatite tem como suas principais causas as de origem biliar e alcoólica. Aproximadamente 64% dos pacientes cursam com espessamento parietal vesicular, por extensão do processo inflamatório.

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Estudo ultrassonográfico no espessamento parietal da vesícula biliar

CONCLUSÃO

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Condições neoplásicas Adenocarcinoma primário Adenocarcinoma primário da vesícula biliar é uma malignidade incomum, ocorrendo principalmente na população idosa. O espessamento parietal pode apresentar-se irregular focal ou difuso.

Metástases O melanoma maligno é responsável por 50 a 60% dos casos de metástase da vesícula. A apresentação clínica é de colecistite aguda, porém tem sido observado icterícia obstrutuva e hemobilia. O padrão ecográfico é o mesmo dos adenocarcinomas de vesícula biliar.

Outras Adenomiomatose

Figura 6. Espessamento parietal focal (fundo).

A adenomiomatose é caracterizada por hiperplasia da mucosa e hipertrofia da muscular, desenvolvendo os seios de Rokintansky-Aschoff. Geralmente está associada à colesterolose, apresentando o artefato em cauda de cometa.

Imagens/ ilustrações

Figura 7. Espessamento parietal com delaminação.

Conclusões O diagnóstico correto do espessamento da parede vesicular é de grande importância para diferenciar as diversas condições patológicas associadas, quando possível (através da correlação dos dados clínicos com os achados de imagem), e evitar colecistectomias desnecessárias.

Referências Bibliográficas RUMACK, CM; WILSON, SR; CHARBONEAU, JW; LEVINE, D. Tratado de Ultrassonografia Diagnóstica. 4ª edição. Volume I. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

Figura 4. Adenomiomatose associada à colesterolose.

CERRI, GG; CHAMMAS, MC. Ultrassonografia Abdominal. 2ª edição. Rio de Janeiro: Revinter, 2009. FELDMAN, MK; KATYAL, S; BLACKWOOD, MS. US artifacts.Radiographics. 2009;29:1179–89. BARBOSA, ABR et al. Espessamento parietal da vesícula biliar no exame ultrassonográfico: como interpretar? Radiol Bras. São Paulo, v.44, n.6, p. 381-387. Dec. 2011. VRIESMAN, AC; ENGELBRECHT, MR; SMITHUIS, RH, et al. Diffuse gallbladder wall thickening: differential diagnosis. AJR Am J Roentgenol. 2007;188:495–501.

Autoras Andrea Cavalanti Gomes Médica Assistente do Serviço de Ultrassonografia do InRad HCFMUSP Maria Cristina Chammas Diretora do Serviço de ultrassonografia do InRad HCFMUSP Adriana Paiva Marques Lima Torres Médica Aperfeiçoanda em Ultrassonografia do InRad HCFMUSP Figura 5. Seios de Rokintansky-Aschoff.


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Abordagem das lesões palpáveis na mama Faixa etária A idade da paciente é de grande importância na análise de lesões palpáveis, uma vez que alterações benignas da mama, potencialmente palpáveis, tem alta incidência em pacientes jovens. A taxa de incidência por 100.000 mulheres de alteração fibrocística atinge cerca de 137 na faixa etária de 25-29 anos, 411 entre 40-44 anos e 387 entre 45-49 anos, e depois diminui regularmente. A incidência de fibroadenoma é de 115 na faixa etária de 20-24 anos, e diminui regularmente até as idades de 45-49 anos. Da mesma forma as alterações palpáveis cíclicas oriundas das modificações hormonais, também são mais frequentes nas pacientes mais jovens e por isso, devem ser reavaliadas dentro de um intervalo de tempo. A linha divisória, para planejamento da investigação gira em torno de 30 anos.

Apesar de achados de imagem negativos associarem-se a um elevado VPN (valor preditivo negativo para malignidade), um quadro clínico suspeito deve sempre prevalecer para direcionar a conduta.

Cisto simples = BI-RADS 2 Diante de um diagnóstico de cisto simples, independente da idade da paciente, o caso está resolvido. Para redução dos sintomas, pode-se realizar punção esvaziadora com agulha fina.

1 Idade inferior a 30 anos a) Nódulos clinicamente suspeitos – continuar investigação com métodos de imagem e correlação com biópsia. Avaliar a concordância dos achados clínicos, de imagem e anátomo patológicos (TRIPLO TESTE). b) Nódulos com baixa suspeição clínica - podem ser controlados por novo exame físico na segunda fase do ciclo menstrual e /ou em um intervalo inferior a 3 meses. b,1) Redução do nódulo ou exame físico normal = retorno ao padrão de rastreamento indicado para a faixa etária.

Cisto complicado = BI-RADS 4 Cistos complicados incluem cistos de conteúdo espesso, com nível, cistos com finos septos. A associação com malignidade é baixa, portanto podem ser acompanhados ou direcionados a realização de punção aspirativa com agulha fina e estudo citológico.complementar. Nos casos de benignidade na citologia, realizar novo controle em 6 meses para avaliar recorrência da lesão.

Na próxima avaliação clínica, paciente e ginecologista observam que houve redução da alteração palpável ou mesmo observam um exame clínico normal. Portanto, o quadro clínico estava intimamente ligado as variações hormonais e retorna-se a rotina preconizada para a idade e de acordo com risco familiar. b.2) Persistência da palpação = continuidade da investigação com método de imagem

Cisto complexo = BI-RADS 4 Cistos complexos são caracterizados por paredes ou septos grosseiros, vegetações sólidas ou áreas vascularizadas e devem ser biopsiados. A abordagem percutânea deve incluir sempre biópsia de fragmento (agulha grossa ou à vácuo) direcionando a coleta da amostra para as regiões mais sólidas da lesão.

Se a massa persistir, ou frente a um nódulo palpável, em que, desde o ínicio, não se suspeita de alteração ligada ao ciclo menstrual deve-se partir para investigação. O exame de escolha, nestes casos é a ultrassonografia, sendo muito importante a sinalização correta ao ultrassonografista da presença da queixa palpatória e de sua localização. 2 Idade superior a 30 anos Para as pacientes com idade superior a trinta anos, frente a um nódulo palpável, sugerimos desde o início a ultrassonografia e, naquelas com idade superior a 40 anos, a mamografia e ultrassom podem ser realizados combinados. Nesta situação, a marcação cutânea da lesão na mamografia e correlação dos achados com os dados clínicos pode aumentar a sensibilidade e especidade dos achados.

Achados do exame de imagem na lesão palpávels sem alterações ou acúmulo de tecido fibroglandular a) Frente a um exame ultrassonográfico sem alterações significativas, a mamografia para mulheres que se aproximam dos 40 anos pode ser considerada e a conduta passa a ser baseada nestes achados. b) Diante de exames de imagem normais e clínica de baixa suspeição pode-se controlar por 3 a 6 meses ou 1 ou 2 ciclos menstruais. Se uma nova avaliação clínica demonstrar estabilidade ou mesmo melhora do quadro, seguir com rastreamento adequado para idade e risco familiar. c) No caso de aumento da área de palpação, biopsia cirúrgica ou percutânea guiada pelo achado palpatório deve ser indicada.

CONTINUA

Nódulo sólido Na presença de um nódulo sólido suspeito (birads 4 ou 5)), a correlação histológica é imperativa, seja por via percutânea ou cirúrgica. Lembrando que aqui cabem também os nódulos intraductais, áreas palpáveis associadas a microcalcificações, a distorção arquitetural sem correlação cirúrgica e densidades.


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Abordagem das lesões palpáveis na mama CONCLUSÃO No caso de um nódulo sólido, com características clínicas de baixa suspeição e características radiológicas provavelmente benignas (BI-RADS 3), pode-se indicar correlação histológica ou controle por imagem segundo os critérios adotados nos casos de lesões BI-RADS 3 não palpáveis ( exame físico a cada seis meses e exame por imagem por 2 a 3 anos, iniciando com controle semestral). Não se deve seguir um nódulo BI-RADS 3 palpável ou não, diante de mulheres que planejam uma gestação, cirurgia mamária (mamoplastias ou inclusão de implantes) ou no caso de serem doadoras ou receptoras de órgãos. Nestes casos é necessário um estudo histológico prévio. Adicionalmente a inclusão de biópsia no grupo de pacientes BI-RADS 3 com alto risco de câncer de mama também deve ponderado.

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No entanto na discordância entre os métodos, principalmente quando o aspecto clínico ou de imagem são suspeitos e oresultado histológico indeterminado ou benigno deve-se prosseguir com avaliação histológica completa da lesão através de cirurgia convencional. A exérese cirúrgica completa da lesão também deve ser considerada diante do resultados de hiperplasias atípicas, carcinoma lobular in situ, cicatriz radial, suspeita para tumor phillodes e tumores produtores de mucina pelas dificuldades diagnósticas e possibilidade de subestimação.

Referências Bibliográficas 1 NCCN Clinical Pratice Guidelines in Oncology (Breast Screening and Diagnosis

A conclusão de uma alteração palpável se faz analisando: Evolução clínica – benignidade é comprovada pela regressão do quadro clínico ou pela estabilidade. Métodos de imagem – alterações BI-RADS 3 que permanecem estáveis depois de um controle de 2 a 3 anos ou BI-RADS 2 (cistos) Histologia – biópsia percutânea ou cirúrgica para casos suspeitos. Diante de um resultado de biópsia percutânea benigna a correlação com o quadro clínico e imagem deve ser realizada. Um resultado de fibroadenoma é confortável e o seguimento é bastante aceitável. Entretando os resultados benignos inespecíficos devem ser analisados com maior cuidado. Desta forma, uma alteração palpável se conduz sempre, com o triplo teste, características do nódulo no exame clínico, na imagem e o resultado da biópsia. Cada qual atinge cerca de 80 a 90% de acurácia diagnóstica. A biópsia percutânea de fragmento seja ela à vácuo ou core, apresenta resultados semelhantes e com sensibilidade e especificidade próximos ao 100%, com resultados falso negativos bastante baixos quando se trata de massas. Portanto resolvem a maioria das lesões. Para alterações complexas (cistos complexos ou nódulos intra-ductais) ou nódulos muito fibrosos a biópsia à vácuo é preferível.

2 Philpotts et al, Percutaneos Breast Biopsy: emerging techniques and continuing controversies; Semin Roentgenol;2007. 3 Wai CJ et al, A modified triple test for palpable breast masses: the value of ultrasound and core needle biopsy; Ann Surg Oncol;2013;20:850-855. 4 L e u n g J W T, S i c k l e s E . A ; T h e p r o b a b l y b e n i g n assessment;Radiol Clin AM;2007;45:773-789.

Autores Gisele Guedes Netto de Mello Médica radiologista Unidade da Mulher – Fleury Medicina Diagnóstica


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Preparo intestinal para ultrassonografia do abdome total

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ste estudo buscou realizar uma ampla retensão da vesícula biliar.(FINBERG e BIRNHOLZ 1979) visão da literatura sobre quais são as eviAlém de estudos sobre o jejum, há outros que se focadências para o preparo dos exames de US ram na melhora da qualidade da imagem, principalmente do abdome superior. Foram encontrados do pâncreas, através da ingesta de água imediatamente pouco mais de 20 artigos publicados sobre antes do exame. Conforme sugerido por Crade et al. e os assunto desde a década de 70 até os anos 2000, todos também por Suramo et al., a ingesta de água parece ter expostos nessa revisão. Com base nessa revisão podemos potencial na melhora da visibilização do pâncreas e estruturas adjacentes. Entretanto são necessários estudos com observar que houveram formas de preparo diversas. Alguns melhor delineamento estatístico para avaliar se o uso de autores sugerem que seus preparos parecem beneficiar a água imediatamente antes do exame de US do abdome qualidade do exame de US abdominal (SOMMER et al. superior, melhora a qualidade do método. 1977) (SURAMO et al. 1984) (VOGEL et al. 1990). Entretanto, o benefício da melhora da qualidade da imagem No intuito de diminuir os gases intestinais, foram pode acarretar em efeitos adversos ao paciente, como com o escritos artigos propondo o uso de medicamentos como formas de preparo intestinal para o exame de US abdominal. uso de alguns medicamentos (SURAMO et al. 1984) ou até Neste trabalho foram apresentados estudos que mostram mesmo pelo jejum prolongado. Sinan et al. lembram que o uso das seguintes substâncias: simeticona, simeticonao jejum pode ser inconveniente e até perigoso para alguns -pancreatina, cleboprida associada a simeticona, dimeticopacientes, particularmente os diabéticos e aqueles que têm na, bisacodil, senna, dioctil, sulfato de magnésio, celulose de percorrer um longo caminho para o departamento de US. (SINAN et al. 2003) A seguir serão analisados os tipos de preparo propostos. Dentre os estudos que analisaram o jejum, podemos observar que os três estudos concluem que o jejum não é fundamental no preparo dos pacientes que irã realizar o exame de US do abdome superior (WINDLER e LEMPP 1985) (SINAN et al. 2003) (EHRENSTEIN et al. 2009). Cabe, no entanto, algumas considerações sobre o assunto, que serão abaixo expostas. No estudo de Sinan et al., os pesquisadores sugerem que uma refeição branda é compatível com um resultado técnico satisfatório de US abdominal, poucas horas após a refeição. Contudo, não foi definido com clareza estatística o intervalo entre a dieta branda e a realização Imagem de paciente sem o preparo do exame. Ainda, o estudo não realizou análise após o almoço ou refeições completas. Ainda referente ao jejum, no último estudo apresentado sobre o assunto, Ehrenstein et al. sugerem que o jejum não é necessário no preparo para ultrassonografias abdominais eletivas. Contudo, o mesmo estudo mostra que os pacientes em jejum tenderam a ter um valor médio mais elevado do índice de imagem calculado que os pacientes não-jejum, contudo essa diferença não foi estatisticamente significativa. Também foi citado que a maior diferença de avaliação foi encontrada para vesícula biliar, onde 73% dos pacientes em jejum contra 56% dos pacientes sem jejum foram julgadas como completamente avaliáveis (p=0,051). (EHRENSTEIN et al. 2009) O percentil esteve muito próximo de ter relevância estatística, assim devemos cogitar se em novos estudos, com uma população maior e com um grupo controle que tenha a Imagem de paciente com o preparo para a realização do exame deultrassom. última refeição mais próximo do exame, essa variável não será de fato estatisticamente significativa. O mesmo foi e lisina-vasopressina. Em alguns dos artigos apresentados encontrado no estudo de Windler e Lempp onde a visualizamais de uma substância fizeram parte de um único estudo, ção do trato biliar, em especial a vesícula biliar, poderia ser aumentando o número de variáveis expostas neste trabalho. significativamente melhor avaliada no grupo de pacientes Também é interessante salientar que em todos os artigos que estavam em jejum. (WINDLER e LEMPP 1985) citados sobre o uso de medicação, os pacientes tanto dos Os estudos apresentados mostram que após uma grupos controles quanto dos grupos teste estavam em jejum refeição gordurosa a vesícula biliar sofre uma contração de pelo menos 04 horas. variável (SACCHETTI et al. 1973) tanto no tempo, quanDentre os estudos apresentados sobre medicamentos to na intensidade. Baseados nos dados apresentados por no preparo para US de abdome, os que afirmaram ter Howard et al. podemos inferir que a vesícula biliar atinge resultados significativos foram os seguintes: Sommer et sua contração máxima em 2 a 2,5 horas após a ingesta de al. com o uso de simeticona; Suramo et al. com o uso de refeições gordurosas. (HOWARD et al. 1991). Contudo lisina-vasopressina; Vogel et al., com o uso combinado de não foram encontrados estudos que determinassem qual dieta e de laxantes (sulfato de magnésio e bisacodil); Varas o tempo mínimo para que a vesícula biliar esteja apresene Lopez com o uso de uma droga que combinou cleboprida tando uma repleção satisfatória para o exame de US de com simeticona; Lund et al. com o uso de preparações de abdome superior. celulose; e Abu-Yousef e El-Zein com a combinação de simeticona, água e rotação do paciente. Diante disso algumas Um outro resultado sobre a avaliação da vesícula considerações sobre esses resultados que serão expostas. biliar que deve ser ressaltado é o do estudo de Finberg No estudo de Sommer et al. que demonstrou efeito e Birnholz que avaliou a visibilização da vesícula biliar, positivo com o uso de simeticona, não há descrição de através de US, sem a necessidade de qualquer preparo cegamento do estudo, o que pode ter gerado algum grau nem mesmo jejum. O estudo mostrou que em apenas 4% de viés. Além disso, tanto no grupo controle, quanto dos pacientes a vesícula não foi identificada. A não visibilização da vesícula biliar estava altamente relacionada no grupo teste o percentual de visibilização foi baixo, a contração patológica e também evidenciou que repetir o talvez isso aconteça devido ao estudo ter sido publicado exame com o paciente em jejum mostrou aumento da disna década de 70, onde os aparelhos de ultrassom tinham

qualidade muito inferior aos atuais. Com uso da lisina-vasopressina, embora o efeito tenha sido altamente significativo, todos os pacientes que a usaram relataram sensação desagradável e a maioria deles tiveram palidez intensa e fraqueza. Assim Suramo et al. não recomendam o uso dessa substância como rotina no preparo de exames de US abdominal. O preparo proposto por Vogel et al., embora tenha apresentado melhora na qualidade de imagem da US abdominal, exige uma dieta de baixa caloria e de baixa formação de gás durante 2 dias associada ao uso de laxantes também por 2 dias. Além disso houve um certo grau de desconforto relatado pelo pacientes. Diante disso, essa não seria a forma ideal para um preparo padrão nos exames de US de abdome superior. Varas e Lopez tiveram uma melhora estatisticamente significativa na visibilização da cabeça e corpo do pâncreas após 02 horas da ingesta do medicamento, no entanto o mesmo não aconteceu ao tentar vizibilizar a cauda do pâncreas ou o rim esquerdo. Varas e Lopez acreditam que, além do efeito antifisético, o tratamento com cleboprida e simeticona produziu um efeito de esvaziamento gastrointestinal através do aumento da motilidade, movendo o gás para o intestino delgado e cólon, o que explicaria a razão pela qual não foi possível visualizar a cauda pâncreas e o rim esquerdo (VARAS e LOPEZ 1991). O uso de celulose no preparo para exames de US de abdome pode ser uma alternativa que traga melhora significativa na imagem do US abdominal, contudo conforme Lund et al. concluem ainda se está nos estágios iniciais do desenvolvimento de um agente gastrointestinal de contraste de ultrassom seguro e eficaz. Afirmaram ainda que os resultados preliminares em voluntários eram promissores. (LUND et al. 1992) O estudo de Abu-Yousef e El-Zein embora traga resultados positivos na visibilização do pâncreas, possiu algumas limitações para a técnica. Em pacientes acamados, que não são capazes de realizar a rotação de 360° sobre si mesmo, e em pacientes que não podem ou não deveriam ingerir a quantidade necessária de água (como os com pancreatite aguda), a técnica não pode ser utlizada. Dentre os estudos que não demonstram efeitos positivos do uso de medicamento no preparo para exames de US de abdome, deve ser dada especial atenção ao estudo de Pinto et al. Esse estudo realizado com uma população de 611 participantes onde foram estudados três tipos distintos de preparo, avaliando o preparo tradicional com 06 horas de jejum e a ingesta de água 01 hora antes do exame em um grupo versus a associação de anfiséticos com o preparo tradicional ou de antifiséticos e laxantes com o preparo tradicional. Pinto et al. concluiram que visualização dos órgãos abdominais foi satisfatória mesmo em pacientes que só haviam realizado como preparo o jejum e a ingesta de água. Também afirmam que os preparos com laxantes e antifiséticos devem ser excluídos do preparo de US abdominal. (PINTO et al. 2011) De acordo com as evidências, podemos inferir que não há necessidade de um jejum prolongado como parte do preparo para os exames de US de abdome superior. Além disso, a exclusão completa do jejum para pacientes eletivos também não deve ser recomendada, devido a ausência de evidências a respeito dos efeitos de uma refeição gordurosa sob a qualidade do exame. Quanto ao uso de medicamentos, as evidências não se mostraram suficientes para adotar algum medicamento em particular na rotina do preparo de US do abdome superior. O estudo de Pinto et al. ainda afirma que os preparos com laxantes e antifiséticos devem ser excluídos do preparo de US abdominal.

Autor Fernando Marum Mauad Medico Radiologista – FATESA/EURP Ribeirão Preto


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MERCADO

Os desafios da Esaote para 2016 Henrique Carvalho, novo Country Business Manager da Esaote no Brasil, concedeu entrevista ao ID sobre os projetos para a empresa.

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om mais de 16 anos de experiência na área médica, grande parte deles focado em ultrassonografia, Carvalho analisa com otimismo essa nova fase da empresa e os desafios que estão por vir. E a importância de consolidar a presença da empresa no País. ID – A Esaote já está há algum tempo no Brasil e passou por várias modificações. Como você vê o panorama atual e quais as suas expectativas para a empresa? Henrique Carvalho – Nosso último gestor, o Anderson Caiado, fez um trabalho excelente de reorganizar para que a empresa crescesse. Agora, com minha chegada, temos algumas metas, como por exemplo a de reafirmar nossa presença no Brasil. Nós nos mantivemos fortes no País – em 2015, foram lançados dois equipamentos de ultrassom: o MyLab Gamma, portátil, e o MyLab Six, ambos com performance muito boa, adequadas à nossa realidade. São máquinas de médio porte para atender uma faixa grande de mercado. Graças ao trabalho do gestor anterior, hoje encontro a empresa em um nível muito mais equilibrado. Temos o foco no cliente, algo muito relacionado à nova estrutura e alinhado com estratégia do CEO, Karl-Heinz Lumpi. Nosso objetivo também é trocar o modelo de negócio da empresa por distribuição. Ficaremos com poucas empresas

muito focadas no mercado em que atuamos. Estaremos, então, mais próximos ao cliente, atendendo de forma regional, com estoque de peças e assistência técnica locais. O cliente vai perceber a mudança no foco e certamente vai se sentir mais seguro. Precisamos atender bem o cliente que está em nossa base instalada para depois trazer novos clientes. ID – Como está a implementação dessa rede de distribuidores? Henrique Carvalho – Estamos com uma cobertura pronta em quase todo o território nacional, permitindo aos nossos clientes um contato muito mais próximo com a nossa estrutura local e um atendimento muito mais rápido e com menor custo. Ao longo do ano de 2016 esperamos atingir 100% de capilaridade no país. O time de distribuidores tem total alinhamento com a estratégia da empresa. Estão todos muito entusiasmados com a oportunidade de crescer novamente com a Esaote. ID – Qual qual a principal virtude dos novos equipamentos para a nossa realidade? Henrique Carvalho – Os equipamentos lançados durante este ano são intermediários. Temos lançamentos previstos para o próximo ano com performance superior. A Esaote é uma empresa italiana e, geralmente, pensamos que tecnologia bem desenvolvida vem de outras localidades. O brasileiro tende a ligar a Itália apenas como um destino turístico, mas este país é um polo altamente tecnológico, diga-se de passagem, os carros, designers e outras empresas que fornecem tecnologias avançadas. Todo o nosso processo é feito lá, desde a fabricação de um transdutor à finalização de placas em um equipamento. O MyLab Gamma e o MyLab Six trazem

desempenho, produtividade e ferramentas avançadas de diagnóstico dentro de equipamentos de médio porte. Atendem muito bem àquele cliente que vai começar agora um serviço com ultrassom ou o que já tem uma máquina ou duas máquinas e quer comprar uma terceira para aumentar a produtividade. Algumas das maiores preocupações da Esaote são com a produtividade, ergonomia e confiabilidade diagnóstica. Por isso, nossos equipamentos possuem fluxo rápido e interativo de uso, customizável, para que se adéque às necessidades de cada mercado. No fim do dia, isso representa pelo menos três exames realizados a mais, o que se reflete no ganho final. Além disso, temos foco no diagnóstico preventivo. ID – Vocês manterão o foco em ressonância magnética? Haverá progressos nessa área? Henrique Carvalho – Hoje temos três linhas de ressonância magnética dedicadas, focadas no conforto do paciente: O-Scan, S-Scan e G-Scan. Todas são abertas e de campo permanente. A primeira, por exemplo, não tem concorrentes no mercado; cabe em uma sala de 12 m2 e seu o consumo de energia é comparável ao de um chuveiro elétrico. O investimento inicialmente é muito baixo – geralmente, o retorno é obtido em menos de um ano. Seu custo operacional também é baixo e o resultado, por ser uma RM dedicada, é o melhor possível para aquele tipo exame pretendido. Focada em extremi-

dades, sua acurácia é perfeita. Por ser RM, não há radiação e a qualidade final do exame é muito agradável aos olhos do radiologista. Já a máquina G-Scan permite examinar o cliente em pé, ideal para exames de coluna e joelho, nos quais o impacto do carga do paciente é maior. Possibilita diagnósticos que não se podem realizar mesmo em máquinas de 3T. ID – Então, nessa nova fase, o foco continua a ser no ultrassom e na ressonância? Henrique Carvalho – São três focos, todos ligados à inovação. O terceiro é um software chamado Suitestensa, para SIS, RIS e PACS. Todo mundo tem esses sistemas para a radiologia, mas a Esaote tem a solução para a cardiologia também. O software não tem restrição de uso por marcas, então se o serviço contar com equipamentos de dez empresas diferentes e quiser interligar todas, nosso software permite essa integração. Esse também será um grande foco para 2016. ID – Resumindo, seus desafios são grandes... Henrique Carvalho – Maior que o desafio é a minha vontade de levar a Esaote ao nível que pretendemos atingir. Com um crescimento sólido vamos colocar nossa marca de vez dentro do País, para que ela volte a ser referência. Para isso contamos com um time de primeira linha e atuaremos muito próximos aos clientes para chegar a um serviço inigualável, recuperar o respeito e confiança por parte dos mesmos.


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PRODUTO

Alpinion chega ao Brasil Avançada tecnologia na fabricação de transdutores, o que caracteriza uma certeza de compatibilidade com seus equipamentos de ultrassom, e o respaldo da estrutura da For Medical, que se responsabiliza pelas vendas e assistência técnicas são as apostas da Alpinion para consolidar sua posição no País e competir com qualidade no mercado brasileiro.

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resente no Congresso Brasileiro de Radiologia, realizado em Outubro, no Rio de Janeiro, onde mais uma vez expôs seus equipamentos, E – CUBE 7, E – CUBE 9 e E – CUBE 15, empresa acredita que – apesar do momento em que vive o país, – está equipada para oferecer uma tecnologia que atenda às necessidades do mercado brasileiro. Sediada em Seul, na Coreia do Sul, a fabricante de equipamentos de ultrassom Alpinion, fez sua entrada oficial no País na Jornada Paulista de Radiologia, tendo como distribuidor exclusivo no Brasil, a For Medical, de Campinas (SP). No evento, a empresa expôs seus equipamentos da

linha E-CUBE, os primeiros a serem comercializados no Brasil. A série tem modelos que diferem entre si pelo porte e recursos. O modelo de entrada é o E – CUBE 7, um aparelho de ultrassom compacto, com recursos que garantem um bom desempenho na aquisição e processamento das imagens, transdutores de alta tecnologia (cristal único, phased array, entre outros) e um pacote de software para diferentes aplicações – exames gerais abdominais, ginecologia/ obstetrícia, exames cardíacos/vasculares e musculoesqueléticos. Os transdutores dos equipamentos são fabricados pela própria Alpinion – um fator positivo, segundo Marcial Martins, presidente da For Medical. “Alguns fabricantes têm fornecedores terceirizados para fabricar o transdutor, e com isso podem surgir problemas de compatibilidade entre o transdutor e a máquina. Se há uma nova necessidade de mercado, por exemplo, fica mais difícil fazer a adaptação. A Alpinion tem tecnologia avançada em transdutores, com engenheiros que vieram de grandes marcas e vasta experiência em ultrassom”, afirma o distribuidor. “É uma marca que já está chegando com um produto de ponta, sendo uma grande vantagem para nós”. “As participações da marca Alpinion nos eventos tem sido positivas, pela receptividade acima da nossa expectativa”, diz Marcial Martins.

REGISTRO

Beneficência de SP e Einstein formalizam parceria

U Marcial Martins, presidente da For Medical

Hoje a Alpinion está presente em 60 países e seus maiores volumes de negócios fora da Ásia estão na Alemanha (onde possui uma unidade própria) e na Rússia. “A expectativa da marca é tornar-se uma forte referência no mercado brasileiro e o principal país em vendas na América Latina”, afirmou Steven Chun. A Alpinion foi fundada em 2007 e pertence ao grupo sul-coreano Iljin, que atua em diferentes setores industriais. A For Medical está no mercado há 24 anos e representa marcas de referência mundial, como Fluke Biomedical, Medgraphics Diagnostics, Spacelabs Healthcare, IHI Shibaura, além de prestar serviços de engenharia clínica, calibração e assistência técnica nos principais hospitais do país.

ma parceria inovadora para viabilizar o desenvolvimento nas áreas de Oncologia e Hematologia foi firmada entre o Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e o Hospital Israelita Albert Einstein. O objetivo é contribuir para a melhoria do acesso, prevenção e tratamento, em busca de mais qualidade de vida para os pacientes. A iniciativa possibilita o compartilhamento de recursos e expertise do corpo clínico e potencializa a eficiência dos serviços prestados pelos dois hospitais, que são referência no tratamento de câncer no Brasil. Desta forma, a população passa a contar com mais acesso às inovações tecnológicas e de cuidados oferecidos aos pacientes. “Hoje, com o aumento da proporção da população idosa, a demanda para serviços cada vez melhores e personalizados, nos incentivou a fazer uma aliança com outra instituição que tem o mesmo propósito”, explica Rubens Ermírio de Moraes, presidente da diretoria administrativa da Beneficência. Também o presidente do Einstein, Claudio Lottenberg, salienta a importância da parceria: ”será uma contribuição para a construção e disseminação de novos padrões de referência em Oncologia e Hematologia”.


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EVENTOS

Imagine´2016: temas atuais com uma abordagem prática

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ias 4 e 5 de março, o Instituto de Radiologia HC/FMUSP promoverá no Centro de Convenções Rebouças, o XVI Encontro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, tendo como tema central, o Ultrassom. Organizado pelo Centro de Estudos Radiológicos Rafael de Barros, o evento terá como convidado o dr. Salomão Faintuch, nos temas de Oncologia. A abordagem multidisciplinar é, segundo os organizadores, “o grande diferencial do evento que, por estar ligado a estrutura do Complexo HCFMUSP, tem no conteúdo assuntos de grande relevância, que se apoiam numa estrutura comparável aos principais centros de imagem do mundo.

JPR 2016 já está com inscrições abertas O maior encontro de diagnóstico por imagem da América Latina está com inscrições abertas. Trata-se da 46ª Jornada Paulista de Radiologia a ser realizada entre 28 de abril e 1º de maio, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Nesta edição do encontro, a Jornada retoma a organização conjunta com a Sociedade de Radiologia Norte-Americana (RNSA), com o objetivo de apresentar o que há de melhor das duas associações. As inscrições têm prazos diferentes para associados da SPR e não associados. Membros da SPR podem ser inscrever até 13 de dezembro e são isentos de taxas. Para os demais interessados, o prazo é de 14 de dezembro a 3 abril. Após esta data, as inscrições só poderão ser feitas no local do evento. Para se inscrever basta acessar o www.jpr2016.org.br e ver as opções online, correios ou fax. Se preferir pode inscrever-se pessoalmente na sede da SPR – Av. Paulista, 491, conj. 31/32, São Paulo – SP.

Programação A Jornada contará com 17 cursos, além de palestras e exposição técnica, que visam apresentar os estudos e as evoluções na área de diagnóstico por imagem. As apresentações serão feitas em português, inglês ou espanhol. Entretanto, nem todas terão tradução simultânea. O horário dos cursos será das 8h30 às 18h30.

Trabalhos científicos Entre as aulas oficiais da JPR, os participantes poderão conhecer pesquisas que retratam o avanço da radiologia, disponibilizadas em pôsteres impressos e digitais. Os melhores trabalhos entre os painéis serão selecionados para apresentação comentada, que poderá ser feita por qualquer um dos autores, desde que inscrito no evento. Os pesquisadores e professores interessados em apresentar trabalhos devem submeter um resumo sobre o estudo para avaliação da Comissão de Painéis e Temas Livres, até 11 de janeiro. A JPR é o quarto maior evento mundial do tema e reúne congressistas, professores, coordenadores, convidados, expositores e visitantes do mundo todo. Informe-se: www.jpr2016.org.br .

Ao lado do compromisso com o ensino, busca também oferecer aos participantes a chance de se atualizar com temas ligados a realidade de cad”. Atenta ao que acontece nos principais eventos em todo o mundo, a Comissão Organizadora, que é composta pelo prof. Giovanni Cerri, dras. Eloisa Santiago Gebrim, Claudia da Costa Leite e Maria Cristina Chammas, está programando sessões interativas, hands on e workshops sobre temas de inovação, na área de ultrassom, por exemplo,

abordados com demonstrações práticas, que proporcionarão aos participantes um contato muito próximo com que se faz de melhor na especialidade. Uma dessas áreas, esclarece a dra. Maria Cristina Chammas, coordenadora da área de ultrassom, é a de Medicina Fetal, coordenada pelo dr. Sergio Kobayashi, que neste ano de 2016, terá um formato dinâmico que motivará e proporcionará aos inscritos um contato direto com a realização dos exames. Como é de praxe, o temário propor-

cionará, além da ultrassonografia, uma abordagem ampla, com temas de cabeça e pescoço, cardio e angio tc, densitometria, mama, medicina interna, neurorradiologia, oncologia, medicina nuclear, pediatria e emergências e musculoesquelético, além de outros, com a expectativa de atrair também os médicos mais experientes, para que revejam seus conceitos e condutas. As áreas de Enfermagem, Técnicos, Tecnólogos e de Gestão serão contempladas com cursos, que serão ministrados nas novas dependências do Centro de Treinamento do InRad, totalmente reformado. A organização é de responsabilidade da Hybrida Consultoria e a Agência Oficial do evento, a Mello Faro Turismo. Informações e inscrições: www.imagine@hybrida.com.br


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ENTREVISTA

Por Lilian Mallagoli (SP)

Evento do Delboni atualiza o clínico sobre avanços na área da imagem Com o objetivo de fortalecer o relacionamento clinico-diagnóstico, e procurando ouvir e mostrar o que há de mais inovador em beneficio do paciente, realizou-se, no final de outubro, o 4º Simpósio Internacional de Medicina Diagnóstica Delboni Auriemo, na prática, marcando o encerramento das atividades de atualização em São Paulo. A coordenação científica foi conduzida pelos drs. Emerson Leandro Gasparetto (foto), Octávio Fernandes e Ana Patricia Nascimento.

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omo uma companhia de medicina diagnóstica, estamos por dento das tecnologias da área laboratorial e de imagem e, como há muita inovação, nem sempre todos conseguem se atualizar. É nossa obrigação como empresa e como médicos divulgar essas atualizações”, explicou Dr. Gasparetto para definir os objetivos do evento. “Nossa plateia é toda de clínicos – eles vêm dizer do que precisam e a gente diz o que

temos de ferramenta para realizar. Essa troca de informações é essencial. Nós aprendemos a usar melhor nossas ferramentas para o que eles precisam e eles aprendem o que estamos usando e como podemos ajudar”, completou. O curso contemplou os módulos de cardiologia, coluna vertebral, fígado, imagem da mulher/endometriose, imagem da mulher/ mama e neuroimagem. As aulas foram oferecidas em seis salas simultaneamente e a organização recebeu seis professores estrangeiros:

os drs. Jagat Narula (cardiologia), Giovanna Ferraioli (fígado), Jérôme Boursier (fígado), Rosanne Kho (imagem da mulher – endometriose), Robin Birdwell (imagem da mulher - mama) e Volker Limmroth (neuroimagem). Para o ano que vem, já há a previsão de receber, novamente, seis professores estrangeiros. “A gente acredita que investir em ensino e pesquisa ajuda interna e externamente. Nossos médicos estão aqui, aprendendo, e voltarão para a rotina clínica com mais

conhecimento. O que existe de melhor, de referência no mundo, está sendo apresentado aqui. No momento em que o País está com escolas de medicina e hospitais universitários deteriorados, nos sentimos na obrigação de auxiliar nesse treinamento dos médicos, pois isso vai refletir positivamente junto a nossos pacientes”, ressaltou. Durante o simpósio, o ID entrevistou dois dos palestrantes do exterior – confira a seguir.

Elastografia para o fígado

A imagem na esclerose múltipla

“A área da mama foi a primeira a usar a elastografia. Em 2003, surgiu no mercado um aparelho para avaliação da rigidez do fígado, mas relacionado à fibrose hepática – basicamente, hepatite crônica. Esse método passou a permitir a avaliação da fibrose no fígado e sua rigidez. Antes da elastografia, para avaliar a fibrose, era preciso fazer a biópsia do fígado, um tratamento invasivo que oferece, ainda que pequeno, um risco de morte ao paciente, além de haver riscos de complicações no procedimento. Em diversos países, o paciente precisa ser admitido ao hospital para fazer a biópsia, e não é um procedimento seguro. Então, para substituir a biópsia, a elastografia se tornou interessante para o público, e forneceu grandes melhorias, com mais segurança. O método pode ser usado por diversas vezes, para fazer o acompanhamento do paciente, o que não seria possível com a biópsia. A fibrose não é uma doença que avança inadvertidamente, e pode ser controlada com o tratamento correto – daí a importância de repetir o exame após determinado intervalo. Ao mesmo tempo em que o paciente consegue obter a avaliação da morfologia do fígado, ele obtém tamDra. Giovanna Ferraioli, da bém o índice que diz qual o grau da fibrose hepática. Universidade de Pavia, Lombardia, Treinamento é muito importante. É essencial que o Itália. Ela foi convidada pela dra. operador faça o exame da forma correta. Há uma curva Maria Cristina Chammas de aprendizagem para usar o equipamento, e é mais curta no caso da elastografia point shear. No caso do aparelho de digitalização da fibrose, é preciso que o operador faça cem exames antes de avaliar o paciente. Entende-se que só a partir do centésimo exame, a habilidade dele será mais bem desenvolvida para a prática. Quanto a perspectivas, acredito que vamos substituir a biópsia do fígado em todo o mundo, talvez em menos do que cinco anos. Mas é importante começar da forma correta, e apenas realizar o exame após o treinamento.”

“A imagem é muito importante para o diagnóstico, mas também para monitorar as atividades, e nos ajuda a decidir se devemos intensificar o tratamento ou não. Para a esclerose múltipla, não utilizamos a tomografia computadorizada porque sua resolução não é boa o suficiente; é preciso confiar na ressonância magnética, o melhor método para a patologia, com todas as diferentes sequências que se consegue obter. Já a medicina molecular está despontando, e eu acredito que estará mais consolidada nessa área entre cinco a dez anos. No momento, não é o melhor método para a rotina clínica, mas, definitivamente, é a técnica do futuro. O que conseguiremos fazer é diferenciar que tipo de patologia o paciente tem. Imunologicamente, é muito diferente e varia muito de paciente para paciente. Se fosse possível realizar biópsia do cérebro, poderíamos personalizar o tratamento a cada caso. Portanto, a medicina molecular vai ser a ferramenta que vai nos permitir essa customização, identificando exatamente de que tipo de tratamento aquele paciente precisa, alinhado à patofisiologia. Se compararmos com o que fazíamos há 20, 25 anos, hoje progredimos e já conseguimos identificar a esclerose múltipla Dr. Volker Limmroth, do bem mais cedo no paciente. No entanto, o monitoramento ainda Hospital Universitário e não sofreu grandes avanços. da Faculdade de Medicina Não acredito que a América Latina esteja atrasada no método de Colônia, Alemanha. em relação à Europa ou aos Estados Unidos. A dificuldade maior está em identificar como levar tratamento para toda a população. Pessoas que moram em São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte têm acesso à boa medicina, como a praticada em outros países. O Brasil é muito grande e é muito difícil fornecer atendimento de qualidade em locais como Rondônia ou Amazônia – é um desafio. Os colegas que conheço aqui no Brasil têm os mesmos conhecimentos e tecnologias que os da Alemanha, mas é preciso considerar que são profissionais que vivem em grandes centros. O desafio é prover acesso a todos; a equiparação de conhecimento já existe.”


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ENSINO

Por Denise Conselheiro (SP)

Exames do CREMESP propõem caminhos para a qualidade do atendimento Avaliar os recém-egressos das faculdades de medicina para formar profissionais mais bem preparados, que atendam a população da melhor maneira possível. Esse é o principal objetivo do exame anual do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), segundo o prof. dr. Braulio Luna Filho, presidente da instituição. “Essa avaliação, realizada desde 2005, permitiu produzir dados concretos sobre os conhecimentos dos recém-formados, que ajudaram a colocar a qualidade da formação médica em pauta junto ao governo, às faculdades de medicina e instituições médicas. Com isso, as discussões sobre o tema saíram da retórica e alcançaram um patamar mais propositivo”, detalha.

A

iniciativa, que a cada ano mais se fortalece com o crescimento do número de participantes, vem repercutindo positivamente. Outros Conselhos Regionais se preparam para implementar o modelo de exame do CREMESP em seus estados. Ao ID, o prof. Braulio Luna Filho fez uma análise do programa e as expectativas com os resultados do exame de 2015, a serem divulgados nos próximos dias. Até agora, esses resultados do exame têm mostrado um quadro inquietante. Em 2014, cerca de 55% dos recém-formados em medicina não foram aprovados na avaliação do CREMESP, evidenciando que concluíram sua graduação sem a formação necessária para começar seu exercício profissional. “Normalmente, a maioria deles começa a trabalhar direto no prontosocorro. Você imagina o cenário: indivíduo recém-formado, sem condição adequada, trabalhando em setor de emergência, em que é necessário ter pessoas experientes, dedicadas, com conhecimento...”, lamenta Luna. Esse despreparo se reflete também na prática médica cotidiana. “E, então, vemos absurdos como médicos indicando procedimentos inadequados e cobrando por consultas atendidas por meio do SUS, por exemplo”, aponta. Tais problemas, destaca o presidente do Conselho, deveriam ser percebidos ainda durante a graduação. “Estamos convencidos que a maioria das escolas não consegue

identificar alunos que têm formação ruim ou não têm condições de seguir o curso de maneira adequada”, afirma. A ideia do exame, que se tornou obrigatório no Estado de São Paulo há quatro anos, é justamente ajudar a reconhecer tais lacunas. “Há escolas que melhoraram muito com o exame do Con-

dência de abertura de novas faculdades de medicina, parte de uma estratégia equivocada para ter um atendimento médico melhor distribuído por todo o país. “O Cremesp considera que no Brasil já existem escolas de medicina suficientes. O que falta é a melhor distribuição dos médicos, uma proposta de interiorização da medicina que permita que o médico jovem, ou que queira trabalhar no interior, tenha condições de exercer medicina de qualidade”, pondera Braulio Luna.

Uma nova chance para os reprovados

Dr. Braulio Luna Filho, presidente do CREMESP.

selho. E estamos trabalhando diretamente com aquelas que ainda não melhoraram, por meio de uma câmara técnica de escolas médicas, que compartilha os resultados e ajuda a identificar as limitações”, argumenta o médico. A expectativa é que esse trabalho junto às escolas aumente ainda mais, graças à ten-

No entanto, esses cuidados com a qualidade do ensino não se restringem às escolas. Os recém-formados que não foram aprovados no exame também recebem atenção especial. “A ideia é oferecer a esses profissionais a oportunidade de se atualizar e reciclar o seu conhecimento, com cursos on-line gratuitos promovidos pelas melhores instituições de São Paulo”, explica. “Vamos monitorar esses egressos e oferecer uma nova chance de fazer a prova depois desses cursos, para que demonstrem que sua formação melhorou”, completa. Para os próximos anos, o cenário é de ampliação do programa, repetindo a experiência em outras regiões. “Recentemente, tivemos uma pesquisa patrocinada pela Associação Paulista de Medicina em que 91% dos entrevistados se mostraram favoráveis ao exame do Conselho”, ressalta o especialista. “Essa iniciativa vem crescendo

muito, tenho absoluta certeza que em breve o exame deve ganhar abrangência nacional”, defende. Na verdade, os conselhos de outros estados estão acompanhando os avanços alcançados pelo programa do CREMESP e já demonstraram interesse em desenvolver iniciativas semelhantes. “Em 2015, o Conselho de Rondônia promoveu, em parceria conosco, seu próprio exame de avaliação dos recém-formados, e outros estados estão trabalhando para isso nos próximos anos”, comenta o presidente. Mesmo porque, de acordo com as projeções do especialista, em pouco tempo o exame do Conselho deve se tornar condição para a contratação de novos profissionais, como já ocorre nos mercados norte-americano e canadense. “A maioria das residências médicas de bom padrão em São Paulo já está exigindo que o aluno comprove sua aprovação no exame. Além disso, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo está estudando como tornar essa aprovação uma condição para o ingresso de novos médicos no serviço público, e diferentes instituições médicas privadas seguem o mesmo caminho”, enfatiza o médico. Todas essas medidas buscam alcançar o mesmo objetivo, melhorar a qualidade da formação médica. “Esse é um processo longo, uma luta em defesa da medicina, ciência que existe há dois mil anos e que faz bem para a humanidade quando bem feita”, conclui Luna.


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MERCADO

FATESA/EURP investe na pesquisa e amplia a qualificação A Faculdade de Tecnologia em Saúde de Ribeirão Preto – FATESA/EURP – já disponibilizou seu calendárioacadêmico para 2016. São cerca de 120 cursos, entre presenciais e a distância, na área de Ultrassonografia e imagem. Na área de graduação, a instituição oferece os cursos de Radiologia e de Estética e Cosmética. Todos os cursos são credenciados e qualificados pelo MEC – Ministério da Educação – , SBUS – Sociedade Brasileira de Ultrassonografia – e CNA – Conselho Nacional de Acreditação.

O

diretor geral da FATESA, dr. Francisco Mauad Filho, explica que a qualificação dos cursos é garantida pela experiência de 26 anos da instituição, inicialmente com a Escola de Ultrassonografia, depois ampliada para Faculdade, com um universo muito mais amplo. A infraestrutura, formada por sete núcleos, com 44 salas de exames, 41 aparelhos ecográficos, área de ensino no Hospital Santa Lydia, além, é claro, de corpo

Novos temas no programa do InRad O Centro de Estudos Radiológicos Rafael de Barros, integrado ao Centro de Treinamento do InRad, já definiu sua programação de cursos para o ano de 2016, com um temário abrangente. O calendário, em fase final de elaboração, está previsto para se iniciar em março, logo após o IMAGINE.2016. (11) 2661-6718. • Curso Neurorradiologia – (Tumores do Sistema Nervoso Central) • Curso Doppler Vascular: uma abordagem avançada da Técnica Diagnóstica – Membros Inferiores, Membros Superiores e Carótidas • Curso Física de Ressonância Magnética • Curso Teórico-Prático de Densitometria para Técnicos e Tecnólogos em Radiologia • Curso Densitometria Óssea para médicos • Curso Teórico-Prático de Ressonância Magnética dos Membros Superiores • Curso BIRADS: Enfoque prático e correlação com ultrassonografia • Curso de Elastografia Hepática • Curso Hands on de TC e RM dos ossos temporais • Curso Hands on de Radiologia Oncológica do ICESP • Curso Teórico-Prático de Ressonância Magnética dos Membros Inferiores • Curso BI-RADS de RM de Mama • Curso Métodos avançados de Neuroimagem – Bases teóricas e aplicações clínicas • Curso US Cervical com enfoque em tireoide • Curso Teórico-Prático de Mamografia para Técnicos e Tecnólogos em Radiologia • Curso teórico-prático de Imagem Vascular – Angio TC e Angio RM • Atualização e técnica em biópsia de próstata guiada por USG transretal • Curso Doppler em Medicina Interna • Curso Hands on de TC e RM em cabeça e pescoço • II - Curso de Enfermagem em Radiologia • Curso teórico-prático de Ressonância Magnética da Coluna Vertebral • II Curso de Atualização em RM • Curso Hands On em Radiologia Torácica (novo) • Curso de Análise Multidisciplinar das doenças da Mama (novo)

docente especializado, é, segundo o médico, “uma referência para todo este trabalho”.

Pesquisa científica A instituição também está focada em desenvolver projetos de pesquisa. Seu Departamento Científico estimula o desenvolvimento de projetos na área da imagem diagnóstica, com ênfase para a área de ultrassonografia, e para a produção de trabalhos nacionais e em publicações internacionais. A Faculdade é pioneira no Brasil a oferecer o curso de Pós-graduação Lato Sensu em ultrassonografia reconhecida pelo Ministério da Educação. “Os cursos de especialização somente

podem ser oferecidos por instituições de ensino superior, já credenciadas pelo MEC, únicas que legalmente podem oferecer cursos de especialização na área em que possuem competência, experiência e capacidade instalada”, lembra o dr. Francisco Mauad Filho. Por isso, é fundamental que os interessados busquem todas as informações das credenciais da instituição de ensino que pretende frequentar.

Inscrições Para mais informações sobre os cursos oferecidos e o processo de inscrição e seleção da FATESA/EURP, acesse www. fatesa.edu.br .

Prof. Francisco Mauad Filho e dr. Fernando Marum Mauad, da FATESA


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EVENTOS

Ecografia Vascular com Doppler: curso em BH Os especialistas que utilizam a Ecografia Vascular com Doppler em sua rotina já podem se inscrever para o novo curso da Cetrus, a ser realizado em 2016, na unidade de Belo Horizonte. As aulas serão ministradas nos finais de semana, facilitando o acesso dos interessados de diversas regiões do país.

O

a pouco contato com as doenças vasculares. Nosso objetivo é curso pretende capacitar médicos da área do diagnóstiunificar esse conhecimento e garantir o aumento de pacientes co por imagem, mas também atende aos cirurgiões vasculares, angiologistas e cardiologistas. Em entrevista nos consultórios. ao ID, o coordenador da Cetrus, dr. José Olímpio Dias ID – Quais os diferenciais do curso de Ecografia Vascular? Junior aborda os diferencias do curso, seu programa e o campo Dr. José Olímpio Dias – Nosso objetivo é prolongar o contato de atuação do profissional especializado em Ecografia Vascular do aluno com a técnica e a prática em ultrassom vascular. Para com Doppler. isso, pensamos em um programa ID – Como é o campo de atucompleto, incluindo tópicos báação da Ecografia Vascular atualsicos e avançados, enfatizando mente? aspectos teóricos e práticos. Com Dr. José Olímpio – Com o este curso, o profissional estará se envelhecimento da população e o capacitando ainda para a prova aumento da incidência de doenças de habilitação na área de atuação cardiovasculares, a procura pelo de Ecografia Vascular com Doppler, que exige conhecimento, médico nesta área só tem aumentado. Para atuar preventivamente, mas também algum tempo de é necessário maior abrangência experiência. no conhecimento. Hoje, a técnica ID – Como é o programa? do ultrassom vascular pode ser Dr. José Olímpio – Teremos aplicada em diversas áreas como a aulas teóricas, exames realizados angiologia, neurologia, geriatria e em pacientes sob supervisão, cardiologia, e nos permite avaliar interpretação de casos clínicos os pacientes sob o ponto de vista variados, troca de experiências tanto do diagnóstico como do com o convívio de profissionais prognóstico. convidados e a participação ativa ID – Quais as dificuldades do Dr. José Olímpio Dias Filho, do CETRUS BH. do aluno na apresentação de temas selecionados, elaboração de médico que trabalha nesta área? artigos e entrega final de um trabalho de conclusão. Dr. José Olímpio – São dois perfis que encontram hoje uma Nossa expectativa é que após a conclusão, o aluno esteja apto lacuna em suas formações: o cirurgião vascular, que entende para aplicação da técnica completa no seu dia-a-dia no consultóperfeitamente a utilidade do ultrassom vascular, mas não tem rio e assim estará um passo a frente, tendo se aprofundado para suficiente conhecimento técnico para realizá-lo. E o segundo, o realização de exames dos mais simples aos mais complexos em ultrassonografista, que tem toda a habilidade para manusear o nível de excelência. aparelho, mas tem recebido críticas por não informar com precisão o que o médico solicitante entende como prioritário, devido Mais informações: (11) 5070-6040 ou www.cetrus.com.br .

Expediente Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­ cia­listas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, ginecoobstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian) Hilton Augusto Koch Dolores Bustelo Carlos A. Buchpiguel Selma de Pace Bauab Carlos Eduardo Rochite Omar Gemha Taha Lara Alexandre Brandão Nelson Fortes Ferreira Nelson M. G. Caserta Maria Cristina Chammas Alice Brandão Wilson Mathias Jr. Consultores informais para assuntos médicos. Sem responsabilidade editorial, trabalhista ou comercial. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Alice Klein (RS) Daniela Nahas (MG) Denise Conselheiro (SP) Gislene Rosa Silva (SP) Lilian Mallagoli (SP) Milene Couras (RJ) Sylvia Verônica Santos (SP) Valeria Souza (SP) Arte: Marca D’Água Fotos: André Santos, Cleber de Paula, Henrique Huber e Lucas Uebel Imagens da capa: Getty Images Administração/Comercial: Sabrina Silveira Impressão: Duograf Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.108A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br

Empresas de telerradiologia se unem As brasileiras Telelaudo e Pró-laudo se uniram para formar a maior empresa de telemedicina aplicada a exames de radiologia da América Latina. Segundo a companhia, a fusão visa atender a grande demanda por laudos a distância no país e, para dimensionar este mercado, cita dados da consultoria Health IT News Direct que projetam que a área deverá registrar crescimento para US$ 23 bilhões, em 2015. Em 2010, o mercado movimentou US$ 9,8 bilhões. Nos Estados Unidos, 75% dos serviços de radiologia utilizam a telemedicina diariamente. Com a fusão, a capacidade para emissão de laudos da nova empresa passa para 60 mil laudos por mês e a equipe médica é formada por 150 radiologistas. Para o diretor executivo da empresa, Flávios Lanes, há uma mudança no mercado brasileiro. “Antigamente a telerradiologia era um quebra-galho, uma ajuda para momentos de grande demanda, férias do radiologista ou para cobrir plantões. Hoje a telerradiologia é parte da estratégia das instituições, que conseguem emitir laudos cada vez mais especializados em qualquer lugar do país”, explica Lanes.

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