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FEVEREIRO / MARÇO - ANO 15 - Nº 90
Aplicativos inovam a relação na saúde e mostram caminhos para sair da crise
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s avanços e as perspectivas da saúde digital no Brasil, com seus diversos aplicativos e aparelhos para monitorar cuidados, diagnosticar em tempo real e que já promovem uma revolução em vários países, foram o tema cenral do eHealth 2016, sediado no Instituo de Radiologia, no inicio de fevereiro. Empresas, profissionais da saude e
membros do governo analisaram as múltiplas oportunidades que o segmento oferece, tendo recebido U$ 4,5 bilhões de investimentos em todo o mundo. A “Inovação e o Futuro da área da Radiologia” tem sido tema de grandes discussões e de posicionamentos. O Complexo HCFMUSP acaba de formular projeto com a GE Healthcare para seu Projeto Inovar, que será centrado no InRad, e já tem um
Cardiologia ganha mais precisão com suporte da Radiologia “Intensificar a aproximação entre radiologia e cardiologia será uma das prioridades da sua gestão, além de fortalecer a educação eletrônica e a inovação, sobretudo, avaliando as formas mais adequadas de tratar o conhecimento”. Em entrevista ao ID, ao assumir a presidência da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, dr. Ibraim Mascarieli. Pinto, que atua no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, uma das referencias da especialidade, no Estado e no Grupo Fleury Medicina Diagnóstica. Ele reconhece que a imagem aprimora o diagnóstico e que, portanto, deve estar cada vez mais integrada ao trabalho da clínica cardiovascular. Destaca também que esse reconhecimento tem sido muito importante para fortalecer os laços das duas especialidades. Pag. 6.
primeiro tema, Trauma no esporte. O ID – Interação Diagnóstica apresenta, nesta edição nº 90, que marca seus 15 anos, amplo material sobre o tema, que abriu a 100ª edição do RSNA. Com palestras do dr. Ronald L. Arenson, presidente a entidade no ato, do executivo da GE Healthcare, Jeffrey Immelt, e será tema central da JPR 2016. A ABIMED entregou, no final do ano, o seu premio de Inovação. Projeto de
Telerradiologia que interliga 62 serviços de diagnóstico por imagem do Amazonas, foi um dos ganhadores. O eHealthSummit realizado no InRad deixou bem claro que no Brasil, a carência de regulamentação, estrutura e profissionais de TI ainda é obstáculo, mas os investimentos, parcerias e o diálogo entre pesquisadores, empresas e governos devem melhorar o cenário ao longo dos anos. Pags. 4, 7 e 10.
Imagem é decisiva no diagnóstico da Microcefalia
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édica especializada em medicina fetal, dra. Denise Araújo Lapa Pedreira falou ao ID Interação Diagnóstica sobre as melhores práticas na identificação da Microcefalia em bebês durante a gestação e defendeu, como condição ideal, que o ultrassom seja realizado por especialista com experiência em medicina fetal. A médica explicou que esse profissional é qualificado para fazer a análise mais completa de todos os dados dos exames, o que dará precisão e segurança aos resultados, evitando alarmar equivocadamente as grávidas e suas famílias. A dra. Denise também destacou a urgente necessidade de mobilização de toda a sociedade no combate ao mosquito Aedes Aegypti, a fim de evitar a proliferação dos vírus da Zika, Dengue e Chikungunya. Pag. 4
Nota da redação Cercado de muitas duvidas incertezas, no fechamento da edição o Ministério da Saude divulgou noticia sobre a confirmação de primeira morte por Microcefalia. As suspeitas médicas caminham para confirmar a transmissão do vírus pelo mosquito da Dengue. Há controvérsias, mas, nada impede que os casos suspeitos sejam bem avaliados e a segurança emocional das gestantes preservada. LCA
Dra. Denise Araújo Lapa Pedreira, médica especializada em medicina fetal, da AVI Fetal e do Hospital Albert Einstein
Mamografia: muito mais que uma comemoração
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câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente no sexo feminino, respondendo por cerca de 25% dos novos casos a cada ano. A prevenção, a difusão de medidas educacionais e as expectativas do setor, fazem parte de um texto oficial, enviado pela Comissão de Controle de Qualidade do Colégio
Brasileiro de Radiologia, que publicamos na pag. 12. O texto foi divulgado como parte das comemorações do Dia da Mamografia, oficializado como 5 de fevereiro, onde a Comissão faz uma análise do momento, enfatiza posturas e defende maior qualidade no processo diagnóstico, onde inclui a formação de profissionais. Mais informações cbr.org.br
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FEV / MAR 2016 nยบ 90
FEV / MAR 2016 nº 90
Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
EDITORIAL
ID comemora 15 anos e prepara mudanças Não é sempre que se faz 15 anos. Para um veículo impresso, que entrou em circulação no início da década passada, quando as primeiras conquistas digitais começavam a se consolidar, com Bill Gates e Steve Jobs, podemos afirmar, sem susto, que esta avaliação é muito real. Completamos 90 edições, 180 meses, e cerca de 3.000 páginas, 360 artigos de revisão ou atualização, aproximadamente, e, com certeza chegamos aos pontos mais distantes do País, se o Correio deixou. O nosso próprio sistema de produção, ao longo dessa década e meia, se modificou. Começamos com “paste up”, gravação de chapa e hoje temos a impressão direta, graças ao processo digital. O conteúdo, que chegava em CD e depois em pendrive, passou a vir direto, os autores corrigem na tela, e assim por diante. Nesse período tudo está em transformação. As conquistas digitais, os aplicativos, e todo acervo tecnológico que
COMUNICADO
formata a linguagem, que cria milionários das redes sociais, também está mudando os nossos rumos, agora já estamos nos tablets, nos smartphones, ou seja, na era digital móvel. O acesso à informação mudou, mas, o conhecimento ainda é um diferencial. Pensado, refletido, produzido com imagens e conteúdo médico, esse conhecimento tem que ter um refinamento a altura de quem se interessa. E aí, entra a publicação impressa para preencher essa lacuna. Na visão de quem aprecia ter em mãos uma bela revista para folhear, um livro muito bem editado - gesto tão prosaico, que alimentou a nossa vida por décadas -, não pode morrer. Deve-se aperfeiçoar; pois, é inegável que as novas gerações têm pressa, precisam e buscam a informação em tempo real, mas resumida. Números incalculáveis de acessos às redes sociais mostram essa realidade. As influências externas ditam as regras para o mundo todo, em todas as nações e, nós, simples mortais do terceiro mundo temos que segui-las. Aos poucos, o ID tem se integrado à nova realidade e, a partir da próxima edição, que circulará na JPR´2016, novas mudanças
serão introduzidas. A primeira delas diz respeito à circulação: será mantida a versão impressa, somada ao envio por sistema digital para um mailing de 26 mil nomes, em todo o País. O nosso site será reformulado e ampliado para o formato de um portal, com atualizações quinzenais. Para abastecer este conteúdo, novas áreas do conhecimento médico serão introduzidas, como imagem cardiovascular, ecocardiografia, gestão e inovação, além das já existentes. A implantação será periódica, com segurança para não retroceder, aberta a sugestões e de fácil acesso ao internauta. Por isso, o ID – Interação Diagnóstica continuará sendo impresso, mas se ajustará a estas conquistas digitais, que permitem mais agilidade e interatividade, o que hoje é muito importante. Em tempos de crise, não há muito a comemorar.
Os orçamentos estão mais enxutos, projetos especiais paralisados e os investimentos, contidos. O horizonte é bem incerto, mas, vencer dificuldades está na alma do brasileiro. Aqui, faço reverência aos membros do nosso Conselho Editorial que, sempre que solicitados, nos enriquecem com seu conhecimento, equilíbrio e ponderação, pelo qual sou muito grato. Às instituições parceiras que nos dedicam atenção especial e, também ao rol de empresas que, mesmo diante de um quadro econômico desfavorável, mantiveram a parceria que nos ajuda a crescer, a levar informação de qualidade a todo o País, colaborando com a nossa missão de divulgar conhecimento. Finalizando, a nossa modesta, informal, mas, muito bem formada e preparada equipe de colaboradores: Rafael Bettega, Lilian Mallagolli, Sabrina Silveira, Denise Conselheiro, Silvana Cortez, Silvia V. Santos, Valeria Souza, André Almeida Fernandes, Kioshi Hashimoto e Cleber de Paula, em São Paulo; Alice Klein, no Rio Grande do Sul; Daniela Nahass, em Minas Gerais e Milene Couras, no Rio de Janeiro, a nossa gratidão. Obrigado, a todos que nos ajudaram a chegar até aqui: ID, 15 anos!
Atualização do seu endereço Buscando maior eficiência na circulação do ID – Interação Diagnóstica, que hoje é distribuído por 12 mil nomes em todo o País, e considerando as grandes barreiras que este processo está enfrentando, por fatores como: inadequação dos endereços, problemas com o código postal, a própria dificuldade dos Correios, o mesmo acontecendo com a agência que foi contratada para envio do jornal, pedimos que nos respondam as questões abaixo. 1) Está recebendo jornal regularmente? 2) Seu endereço está correto ?
3) Gostaria de continuar recebendo ? 4) Não quer mais receber a versão impressa ?
As respostas nos ajudarão a aperfeiçoar a circulação e devem ser feitas através do email: id@interacaodiagnostica.com.br www.facebook.com/jornalid
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FEV / MAR 2016 nº 90
ESPECIAL
Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
Imagine´2016: um formato que prioriza o prático Com um novo formato, mais compacto, priorizando demonstrações através de hands on e workshops, que somados ao conteúdo multidisciplinar do evento, fortalecem a programação em temas de atualização, tanto para os jovens médicos como para os médicos mais experientes, o Imagine 2016 - XIV Encontro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem inicia suas atividades no dia 4 de março, no Centro de Convenções Rebouças.
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tema central será “Ultrassonografia”, coordenado pela dra. Maria Cristina Chammas, que pretende “enfatizar a interação e demonstrações práticas, a partir de temas de toda casuística do InRad e da expertise da equipe do Serviço de Ultrassonografia, com a participação de convidados de referência. A Comissão Cientifica do evento, que conta com a presença de todos os diretores e chefes de serviço da instituição, elaborou um temário atualizado e dinâmico. Assim, na área de Neuro, dra. Claudia da Costa Leite e Leandro Lucato: de Mama, dr. Nestor
Carlos Alberto Buchpiguel e Marcelo Tati; de Geniturinario, dr. Ronaldo Baroni; de Intervenção Guiada por Imagem, dr. Marcos Menezes; de Cardio e Angio RMTC, dr. Cesar Nomura; de US em Medicina fetal, dr. Sergio Kobsyashi; de Densitometria óssea, dr.Flavio S. Castro e Rubens Schwartz; de Oncologia, dr. Marcio Taveira Garcia; de Pediatria, dra. Lisa Suzuki e de Tórax, pelo dr. Ricardo Guerrini. de Barros e Luciano Chala de Cabeça e Pescoço, Eloisa S. Gebrim e Regina Lucia Elia Gomes: de Medicina Interna, dr. Manoel de Souza Rocha: de Músculo esquelético, dr. Marcelo Bordalo: de Medicina Nuclear,
Um espaço adequado para as demais atividades Como já é uma tradição, o Imagine promove também atividades para técnicos,
tecnólogos em radiologia, enfermagem e profissionais que atuam na área de gestão, com eventos específicos para cada atividade. Neste ano de 2016, estes eventos serão sediados no Centro de Treinamento do InRad, reformado e adequado, sob a coordenação> Gestão, dra. Marisa Madi; Enfermagem, enfª Rosemeire K. Hangai; e Técnicos, Tecnólogos e demais atividades afins, Alexandre Siegmann. A secretaria do evento está a cargo da Hybrida Consultoria, a Agencia Oficial é a Mello Faro Turismo. Informe-se conheça a programação: contato@imagine-inrad.com. br - www imagine-inrad.com.br
HCFMUSP e GE formalizam projeto de parceria para pesquisas Como parte de um projeto focado na inovação, a GE Healthcare e o Hospital das Clinicas FMUSP formalizaram compromisso para a realização de estudos e pesquisas, inicialmente, com a área do diagnóstico por imagem.
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Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e a GE Healthcare formalizaram parceria com o objetivo de desenvolver pesquisas, com duração de cinco anos, e que implicam em investimentos da ordem de R$ 20 milhões. O primeiro projeto de parceria que se desenvolverá com o Instituto de Radiologia acaba de ser formalizado, e prevê a realização de estudos sobre doenças como esclerose múltipla, mal de Alzheimer e câncer. Para o Prof. Giovanni Guido Cerri, presidente do Conse-
lho Diretor do InRad, “essa parceria outro acordo com o Hospital das Clítraz novos recursos a hospitais de nicas para desenvolver softwares que ensino e possibilita que façamos melhorem a produtividade em hospipesquisa mesmo em um momento tais e a qualidade dos procedimentos. difícil da economia”. Projeto Inova As pesquisas começam este ano com projetos que já estavam bem O Hospital das Clínicas acaba avaliados. Um deles, que estudará de aprovar a formalização do projeto traumas em jogadores de futebol e o Inova HCFMUSP, que tem como resultado da repetição no cérebro e principal objetivo encorajar a inovasuas consequências neurodegeneração no âmbito da instituição, admitivas, envolvendo a área de Neurornistrar a propriedade intelectual geProf. Giovanni Guido Cerri e Daurio Speranzini Jr., radiologia, coordenada pela Profa. rada nesse ambiente e providenciar presidente e CEO da GE Healthcare para a AL Claudia da Costa Leite. meios para promover a transferência Daurio Speranzini Jr., presidente e CEO da GE Healthde conhecimento científico, tecnológico e cultural ao setor care para a América Latina, enfatizou que “há quatro anos produtivo público e privado, visando a melhoria da saúde queremos fazer parcerias no Brasil”. A empresa ainda avalia do Estado e da Nação.
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Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagolli (SP)
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ENTREVISTA
Expertise dos profissionais da imagem é essencial para diagnóstico da microcefalia As melhores práticas para a identificação da Microcefalia durante a gestação, o papel da tecnologia no diagnóstico e acompanhamento e a urgência de conscientização sobre o combate ao Aedes Aegypti, movimenta o noticiário e preocupam os médicos.
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ID Interação Diagnóstica entrevistou a dra. Denise Araújo Lapa Pedreira, médica especializada em medicina fetal, da AVI Fetal e do Hospital Albert Einstein, envolvida com uma Rede de especialistas preocupados com o assunto, que nos apresenta caminhos e a necessidade de uma mobilização geral na luta contra o mosquito “Aedes Aegypti”. ID – Diante da preocupante epidemia do Zika vírus, a senhora acredita que o papel da ultrassonografia no diagnóstico da Microcefalia já está bem definido? Dra. Denise – Esse papel ainda não está
definido. Enxergamos muito provavelmente a ponta do iceberg, que é o diagnóstico tardio no terceiro trimestre de gestação. A Microcefalia aparentemente se manifesta somente entre o final do segundo e o começo do terceiro trimestre – em pacientes que fizeram acompanhamento ultrassonográfico com resultado normal, o morfológico do primeiro e o do segundo trimestres também normais, e quando realizam ultrassom do terceiro trimestre se nota a Microcefalia no bebê. Quando os primeiros especialistas verificaram a historia pregressa dessas pacientes, viram que a maior parte delas teve Zika ou um quadro parecido com Dengue ou Chikungunya, mas que o exame tinha dado negativo para as duas últimas. E como ainda não temos a sorologia para o Zika, o resultado negativo seria feito por exclusão, e todos se perguntavam se seria mesmo a doença porque não havia certeza e ainda não há, infelizmente, o diagnóstico confiável no Brasil nem no mundo. ID – O Zika vírus pegou de surpresa o meio médico. Passado o período da tomada de consciência sobre o problema, como a senhora avalia a atuação em busca de soluções? Dra. Denise – Primeiro, se a gestante tiver
um quadro clínico sugestivo de uma dessas
falia. No entanto, a microcefalia pelo zika três doenças, é preciso pedir a sorologia a seguro e evitará que a paciente fique comtraz um desafio a mais porque, junto com pletamente alarmada sem razão. fim de excluir as possibilidades e ficar com ID – Qual o conselho para o imaginologisa zika como diagnóstico provável. Para fazer ela, as fontanelas estão se consolidando ta que se depara com uma situação suspeita? o diagnóstico da zika, pode-se colher no sanmais cedo, ou seja, a cabeça fica tão pequena gue o PCR para ver se há o vírus circulante. que as suturas se aproximam demais, e isso Dra. Denise – Que encaminhe a paciente para um especialista em medicina fetal, e Acontece que isso só pode ser feito até sete dificulta a ultrassonografia da cabeça do não deixe a gestante alarmada. Porque a dias depois da manifestação do quadro clínifeto, principalmente no terceiro trimestre co, em geral com febre e manchas no corpo. dimensão da cabeça é normalmente pequena da gestação. Portanto, o aparelho de melhor Confirmado o Zika, o médico acompanha a em 5% da população da população. Imagine resolução tem a capacidade de compensar paciente a cada quatro semanas pelo ultraspreocupar 5% das grávidas com suspeita de essas alterações e traz mais informações. Para som para buscar sinais ultrassonográficos de microcefalia que não existe? o diagnóstico, precisamos simplesmente da ID – Quais as repercussões da microcefalia infecções congênitas. No entanto, difícil é medida correta da cabeça, no plano DBP, Diâmetro Biparietal, habitualmente saber se haverá a detecção precoce medido, para verificar a curva. porque os sinais do Zika não são O ultrassonografista precisa ter semelhantes aos de outras infecções expertise para identificar e mecongênitas como rubéola e citomegalovirus. Como a Microcefalia é dir a curva e ter a segurança do tardia, podemos ter um segmento diagnóstico. ID – Qual a orientação para toultrassonográfico normal e ao final dos os profissionais da área da imaa surpresa com a malformação do cérebro do bebê. Com o diagnóstigem e especialidades correlatas? co da microcefalia pelo ultrassom, Dra. Denise – Considerem resta fazer a amniocentese para sempre, no início da investigação, tentar detectar o vírus – mas mesmo que o bebê é normal e afirmem que o exame do liquido amniótico que há microcefalia apenas com venha negativo, não se pode afastar total certeza. Não esqueçam que a possibilidade da doença, uma vez em 5% da nossa população o que é algo novo e não se sabe qual é diâmetro da cabeça é normalmente pequeno, principalmente a sensibilidade do diagnóstico pelo se comparado ao do restante da PCR do liquido amniótico. Dra. Denise Lapa Pedreira, do HIAE, enfatiza a gravidade do momento e ID – Dentro desse quadro de população. a necessidade de uma mobilização geral contra o Aedes.
tantas incertezas, como a senhora vê a contribuição do ultrassom para concretizar um diagnóstico mais preciso? Dra. Denise – O ultrassom tem de ser
feito por um especialista com experiência em medicina fetal porque esse profissional vai verificar os exames anteriores, conferir a datação da gestação e classificar a microcefalia. Isso porque existem bebês que têm a cabeça pequena porque são bebês pequenos. Para confirmar microcefalia, relacionamos as dimensões de cabeça e barriga, e de cabeça e fêmur. O diagnóstico do especialista é
Dra. Denise Araújo Lapa Pedreira é graduada pela Faculdade de Medicina da USP, com residência em ginecologia e obstetrícia na mesma instituição, e especializada em medicina fetal pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). No âmbito da medicina fetal, é especialista em infecções congênitas e em cirurgia fetal. Atua em consultório e no Hospital Albert Einstein. É coordenadora da rede regional de medicina fetal, que identificou os primeiros casos de alterações ultrassonográficas provocadas pelo vírus zika.
Perfil
na saúde do bebê? Dra. Denise – Ainda não sabemos. Ao
que parece, a microcefalia causada pelo zika é muito acentuada, porém o Zika é doença nova e assim não podemos afirmar qual é o prognostico neurológico ou como essas crianças vão evoluir. Os bebês com microcefalia causada por rubéola ou citomegalovirus têm alterações de liquido amniótico e calcificações intracranianas que não estamos verificando nos casos originados pelo zika vírus. ID – A qualidade do equipamento de imagem pode interferir no diagnóstico na microcefalia? Dra. Denise – Acredito que não, mas
como estamos falando de medições de tamanho da cabeça, a experiência do ultrassonografista em obter o corte é mais importante ou é tão importante quanto a validade do equipamento. Todos os equipamentos com menos de cinco anos de uso têm qualidade da imagem para o diagnóstico da microce-
ID – Qual o papel dos profissionais de saúde na divulgação de informações seguras? Dra. Denise – Infelizmente, temos que
ser alarmistas em relação ao zika vírus porque a repercussão fetal provavelmente é grave. A gente não sabe ainda, mas tudo indica que, se a cabeça está pequena, é porque o cérebro não se desenvolveu e dessa maneira a criança sofrerá perdas. Não sabemos o que ela poderá recuperar, mas a gente tem de estar alarmada a fim de combater o mosquito aedes aegypti, o grande vilão. Basta que todos nós eliminemos a água parada em casa, nas ruas e nas empresas. Vamos ser todos agentes de saúde, denunciar más práticas – sejam terrenos baldios, pneus abandonados – aos órgãos competentes e pedir providencias. Combatendo um mosquito a gente combate quatro tipos de dengue, chikungunya e zika, ou seja, seis infecções virais potencialmente graves para a saúde de qualquer um, especialmente as grávidas.
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ENTREVISTA
Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagoli (SP)
Integração e inovação apontam os caminhos para a relação Cardiologia/Radiologia Com uma história de trabalho em imagem cardiovascular, num dos principais centros especializados do País, o Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, em São Paulo, o dr. Ibraim Masçarieli Pinto acaba de ser empossado na presidência da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
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arte integrante da referenciada equipe da Fleury Diagnóstico, o dr. Ibraim M. Pinto falou ao ID – Interação Diagnóstica sobre seus planos a frente da SOCESP, focado no fortalecimento da entidade e na integração cada vez maior com a área da imagem cardiovascular. ID – Como cardiologista, é o primeiro imaginologista a assumir a presidência da SOCESP. Como vê essa integração das duas especialidades e qual é o papel que a imagem ocupa na cardiologia? Dr. Ibraim Masçarielli Pinto – Eu acho que
e insuficiência cardíaca – na qual, aliás, os métodos de imagem ajudam bastante. Essa visão destes diversos segmentos me permitiu perceber que a cardiologia, os cardiologistas e a medicina têm múltiplas necessidades. Se quisermos atender bem, temos que atender todos esses aspectos. Fazer diagnóstico por imagem é fundamentalmente prestar serviço; prestamos serviço para o paciente e o médico. Então, essa minha carreira dentro da imagem ensinou pra mim que somos úteis quando ajudamos os outros. É isso que quero levar para a SOCESP, essa ideia de que a Sociedade está a serviço do cardiologista, do paciente e da medicina, porque uma entidade, como ela, pode ser um grande polo de integração – assim como o cardiologista precisa do radiologista, em alguns momentos, e dos neurologistas, dos nefrologistas e outros, a SOCESP também vive isso e busca levar ensinamentos mais amplos para todas essas outras classes.
– avaliar como é melhor examinar um paciente, identificar quando é melhor solicitar um exame que tenha um custo mais elevado, mas que resolva a situação, por exemplo. O contrário também é verdade: existem situações clínicas nas quais o exame bom é o exame barato. Temos que discutir isso, criar cartilhas de aplicação desses conhecimentos para que todo mundo possa se beneficiar e sobreviver nessa época de crise que passamos. ID – A SOCESP tem programas com atuação na área de ensino mais formal? Dr. Ibraim Pinto – Sim, além do congresso,
temos o curso de reciclagem no mês de agosparte da resposta está em uma palavra da to, um curso de imersão de quatro, cinco dias sua pergunta, que é “integração”. A imagem para a pessoa ver toda a cardiologia. Existem hoje está integrada na avaliação do paciente. também os eventos nas regionais – a SOCESP Ela não substitui a clínica, mas pode ajustar tem 18 regionais no interior do Estado de o curso da clínica, então serve para refinar São Paulo e em cada uma delas são feitos ao o diagnóstico, estratificar risco, tanto do menos quatro a seis eventos anuais para levar indivíduo que já tem doença cardíaca e que o conhecimento a cada região. precisamos identificar a gravidade, como do Algo que queremos fortalecer muito nesta assintomático que ainda não gestão é a educação eletrônica. tem doença estabelecida. A SOCESP já tem um proCom a imagem, conseguigrama de educação eletrônica mos dizer se o risco dele com o Governo do Estado de é maior ou menor. Essa São Paulo para os médicos da integração faz com que o clírede pública. Queremos transnico conheça a cardiologia formar isso em algo útil para clínica e o cirurgião cardíaco o sócio. Claro que o programa também conheça cada vez tem que ser aperfeiçoado, mais a imagem, e a use no mas ele permite a participadia a dia. Como já fazemos ção interativa para quem não imagem cardíaca há alguns puder estar presente. Vamos anos, acho que podemos disponibilizar em formatos mostrar e, até participar, pequenos para ficar útil para bastante dessa aproximação. a pessoa acessar no celular, Então, a imagem é bemno tablet e no computador, e -vinda na clínica e a clínica assim facilitar a visualização é indispensável para quem no metrô, no trânsito. faz imagem. Acho que isso ID – A evolução do diaglevou a esse momento em nóstico por imagem tem traque uma pessoa que faz, zido benefícios para todas as preferencialmente imagem Dr. Ibraim Mascarelli Pinto assume a presidência da SOCESP, a maior entidade de especialidades. Como avalia os cardiologistas o País. – na verdade, é minha única benefícios para a Cardiologia? atividade profissional –, viesse a ocupar ID – Ao assumir em um momento complicaDr. Ibraim Pinto – Inicialmente, é preciso posição dentro de uma sociedade da área de do como esse que o País vive, quais os grandes deixar bem claro um dos motivos por que eu cardiologia. desafios que você vê e o que a SOCESP está gosto do seu trabalho, que me dá prazer em ID – Sua trajetória passa pela Escola Pauplanejando em termos de conteúdo científico dar essa entrevista para o seu jornal: ele me lista de Medicina, onde se formou, e o levou a para seu próximo evento, em maio? permite dar um exemplo prático. Algo muito trabalhar em duas frentes muito importantes: Dr. Ibraim Pinto – A primeira coisa de bom aconteceu com imagem cardíaca: o carque precisamos é de austeridade na gestão o Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, um diologista e o radiologista vêm trabalhando da SOCESP. A Sociedade tem duas caracdos mais importantes do Estado de São Paulo, juntos. Temos no Brasil a melhor experiência terísticas muito importantes: a sucessão e o Grupo Fleury em Medicina Diagnóstica. A de convívio entre as duas especialidades do é feita de maneira muito harmônica, não experiência dessa somatória será sua contrimundo inteiro e ninguém no mundo pode existe continuísmo, mas, sim, harmonia de buição em sua gestão? testemunhar o trabalho harmônico de ratransição, o que torna o convívio muito fáDr. Ibraim Pinto – Parte disso foi discudiologista e cardiologista como nós vemos cil. Quem assume a presidência da SOCESP tida na nossa primeira reunião de diretoria: aqui. Só para dar uma ideia, temos a pritem que ter participado de pelo menos duas a minha vida reflete, na verdade, o que é meira diretriz brasileira conjunta entre duas gestões como diretor, então quem entra já o cardiologista hoje. Ele atua junto da poespecialidades usando imagem. Isso mostra conhece a entidade. Ainda assim, diante do pulação que precisa do SUS e da que tem quanta gente está interessada no assunto em momento político e econômico que vivemos, atendimentos particulares ou de seguros de relação à aceitação clínica. há a necessidade de ter muita austeridade saúde, convênios etc. Isso me permite ver A imagem hoje é parte do dia a dia do na gestão dos interesses do associado, do que a cardiologia – e o mesmo vale para a cardiologista. Temos que lembrar que são negócio SOCESP. Por isso, estamos revendo imagem cardíaca – não é algo único. Há modiferentes métodos de imagem e cada um os processos, cortando custos. Deixamos de mentos em que a gente vai ajudar e precisa deles vai ser utilizado em um determinado realizar algumas reuniões fora de São Paulo daquele cardiologista que está na rede básica momento. Então, por exemplo, ultrassom de e estamos usando referendos eletrônicos de de Saúde, ou daquele que está no serviço carótidas de score de cálcio para quem quer comunicação, a internet para trocar ideias, público, em um serviço terciário, daquele estratificar riscos, tomografia de coronárias porque é preciso gastar menos. que atua no consultório ou atua em centros para quem tem uma suspeita clínica mais A segunda é que a crise vai fazer com muito sofisticados. Perceber isso deixou bem avançada, exames de perfusão como a cintiloque sejamos mais criativos. Vamos ter que claro pra mim que a atuação frente à SOCESP grafia, o eco stress como a própria ressonância usar mais formas eletrônicas de aprendizado, não pode ser voltada apenas para um desses por stress para decidir se eu preciso fazer um a internet para ensinar e o nosso Congresso, grupos, a gente tem que ter uma atuação que tratamento intervencionista ou se eu vou nos dias 26, 27 e 28 de maio, que tem como atenda aquele médico que está na porta atenmanter em tratamento clínico, o ecocardiotema “O Futuro da Cardiologia”. Vamos ter a dendo emergência cardiovascular, o que está grama para avaliar quadro de dor no peito ou oportunidade de usar mais a tecnologia para na UBS atendendo casos cardiovasculares e falta de ar. O médico já sabe incorporar no seu aprender. Como podemos nos beneficiar da aquele que precisa conhecer os avanços mais dia a dia o que sempre pode melhorar para internet para discutir um caso, para trocar sofisticados e profundos, pois ele lida com ajudar na decisão de qual exame pedir para ideia? Não se trata de falar só em equipaquadros mais complicados, com doenças já cada momento clínico, de maneira a usar mais estabelecidas, com pacientes que têm infartos mento, mas de um uso racional de recursos racionalmente os recursos na rede privada e
na pública. É preciso que a gente decida qual o melhor exame em cada decisão clínica, e de novo a SOCESP se oferece como uma porta de conversação para os radiologistas, porque o uso indiscriminado de exames não é bom para ninguém, nem para o paciente, nem para o médico, nem para quem faz o exame. Tudo o que é feito em excesso acaba desacreditado, então tem que ser bem feito com critérios certos, e então fará a diferença na vida de todos. ID – Houve um amadurecimento gradativo nesse processo? Dr. Ibraim Pinto – Vem ocorrendo um
amadurecimento natural dos próprios cardiologistas, que usam os exames, e dos radiologistas, que fazem os exames para que a gente chegue nesse termo em comum. Claro que existe o outro lado, o de progresso tecnológico, que sempre traz coisas novas, mas de novo o papel da sociedade científica é chamar atenção para que novos métodos sejam avaliados, a eficácia precisa ser comprovada, a relação custo-benefício precisa ser demonstrada. Às vezes, um exame é extremamente custo-efetivo em determinada situação, mas é inadequado em outra. Temos planos para esta gestão de criar fluxogramas para ajudar o clínico a tomar uma decisão e, de novo, queremos conversar muito com os radiologistas para que essa seja uma decisão harmônica e que possa beneficiar todo mundo, do País inteiro. ID – Fala-se muito em inovação – como você vê o avanço para a ciência cardiológica no mundo? Dr. Ibraim Pinto – Acho que o principal
avanço da ciência cardiológica no momento seja a necessidade de implementar um método científico na prática, ou seja avaliar, determinar cada situação clínica. Seria fácil dizer, por exemplo, que o maior avanço é genético, mas pode não ser. O que conhecemos de genética foi frustrante em algumas situações e positivas em outras; se a pessoa tem cardiomiopatia hipertrófica, o diagnóstico genético não faz parte da linha de frente, mas é útil para avaliar os familiares desse paciente e descobrir quem tem mais ou menos chances de ter a doença. O mesmo vale para os métodos diagnósticos e diferentes formas de tratamento. Hoje, sabemos que quem tem obstrução na artéria coronária pode ou não se beneficiar de um stent ou de uma cirurgia – vai depender do que outros exames vão dizer. Acho que isso é o que mais me encanta no momento que a gente vive, esse questionamento que leva ao desenvolvimento de novas pesquisas para que tenhamos muita segurança de fazer o certo causando o menor malefício e com o menor custo possível. Mais do que o avanço tecnológico ou de conhecimento, é a forma como estamos tratando o conhecimento. Muito daquilo que se faz hoje será mudado nos próximos anos por causa dessa visão; temos que questionar sempre o conhecimento estabelecido, questionar se aquilo que fazemos é definitivamente o melhor, porque pode ser hoje, mas não será definitivamene. Precisamos estar sempre prontos para aceitar as mudanças e as novidades, mas com espírito crítico muito atento. ID – Gostaria de deixar uma mensagem final? Dr. Ibraim Pinto – Gostaria de agradecer esse apoio que sempre recebi da comunidade cardiológica e da radiológica, e esperar que nesses dois anos a gente possa promover uma integração e interação maior entre as especialidades.
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FEVEREIRO / MARÇO - ANO 15 - Nº 90 Por Silvana Cortez (SP)
PONTO DE VISTA
“A Radiologia deve abraçar a inovação”, destaca Arenson, no RSNA
O futuro do laudo pode não estar na sala de laudos
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o começo da revolução industrial, a força das águas garantia o fornecimento de energia para o maquinário. Toda fábrica necessitava ficar perto de um rio que girava moinhos para obter essa energia. A transformação do vapor em força motriz tirou a fábrica da beira do rio, mas ainda assim eram necessários equipamentos complexos de transmissão e um posicionamento das máquinas que não condizia com o fluxo de trabalho. A eletricidade veio depois, com uma vantagem incrível. O maquinário poderia receber separadamente a energia e, assim, os donos das fábricas ganhavam uma nova flexibilidade para expandir a operação e organizar de forma coerente o workflow. A liberdade que algumas tecnologias trazem são uma revolução para os setores nos quais são aplicadas. Contei essa pequena história para mostrar que uma nova tecnologia pode mudar a forma como trabalhamos, afetando diversos setores da economia e revolucionando o fluxo das atividades. Na área da saúde não poderia ser diferente. Na radiologia, por exemplo, as novas estações de trabalho ou mesmo módulos de visualização no PACS podem oferecer condições de diagnóstico muito mais avançadas, que faz com que muitos defendam que o futuro pode estar dentro das salas de laudos. Acredito que, apesar do PACS ser o caminho lógico para a otimização do diagnóstico, não creio que isso acontecerá na sala física de laudos. Há alguns anos já é factível tirar uma dúvida Roberto Ribeiro da remotamente com um médico radiologista ou Cruz, CEO da Pixeon um profissional laudar de uma instituição de Medical Systems. saúde distante do local onde foi feita a aquisição da imagem. Thomas Friedman, em 2014, já contava no livro O Mundo É Plano, sobre como hospitais americanos de pequeno e médio porte terceirizavam a elaboração de laudos das tomografias para médicos australianos, pois assim haveria uma maior velocidade de entrega, afinal há um fuso horário favorecendo isso. Uma vez que é feita a aquisição da imagem, ela está na nuvem e pode ser acessada em qualquer lugar, já não existe barreira para essa questão. Claro que ainda há muito o que caminhar para que o laudo seja feito em aparelhos móveis, como um tablet ou um celular, e para que não necessitemos mais da sala de laudo física. Há ainda questionamentos como a resolução dos monitores, que passam por normas nas quais é necessária uma resolução mínima adequada para a visualização correta e segura de um exame, por exemplo. Isso talvez, num futuro próximo já não seja mais um grande percalço. A tendência é o barateamento do preço dos monitores de altíssima resolução e o aprimoramento das telas para aparelhos móveis para visualização mais fidedigna. Este futuro não está tão longe como parece, a mobilidade dos equipamentos e a conexão de internet estão cada vez mais acessíveis. Esses pontos caracterizam uma nova revolução tecnológica na área da saúde bem similar àquela que a eletricidade trouxe às fábricas, com uma maior mobilidade e flexibilidade no fluxo de trabalho. A consequência disso é palpável não somente no mercado, mas também para o paciente, pois uma maior agilidade para entrega dos laudos, pode antecipar tratamentos e consequentemente salvar vidas.
ENTREVISTA
Os desafios e o futuro da Radiologia foram um dos pontos de destaque do 100º Congresso da RSNA, em Chicago, em função da crescente demanda por medicina personalizada, prestação integrada de cuidados de saúde, expansão maciça de dados e crescimento da telemedicina.
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um momento que obriga os profissionais da imagem a serem ousados e estarem focados na inovação”, destacou o dr. Ronald L. Arenson, em sua palestra que marcou sua despedida da presidência da entidade, que a partir de agora terá como presidente eleito, o dr. Richard L.Baron. Do outro lado, o empresário e CEO da General Electric, Jeffrey Immelt, abordou a visão de mercado sobre o Futuro da Radiologia. De forma sintética, o ID – Interação Diagnóstica traz um pouco dessas duas abordagens. O médico Arenson ressalta que Ronald Arenson, past-presios “radiologistas preci- dente do RSNA sam estar prontos para a grande demanda que virá com o avanço ilimitado da tecnologia, onde já são realidade o chip de 7 nanômetros com transistores funcionais da IBM, quatro vezes mais potente do que os anteriores; a ultra câmera de 2D que pode capturar 100 bilhões de quadros por segundo; e as pulseiras de identificação de rádio frequência que eliminam qualquer risco de erros de identificação do doente”. “Temos muito trabalho a fazer, já que a tecnologia está no estágio de encontrar-se com o que era sua promessa de futuro. Trabalho que exige gestão de mudança e abraçar de uma vez por todas essa tecnologia”, disse o ex-presidente. E ainda completou: “os radiologistas devem estar dispostos a mudar e explorar novas fronteiras, para encontrar novas formas de prestação de cuidados e se adaptar às circunstâncias”. “Por que nossa profissão deve abraçar a inovação?”, questionou Arenson. E, completou: “Não vamos esquecer que cada um de nós, enquanto indivíduos, também tem o poder de ajudar a promover o abraço de nossa profissão à tecnologia”. Para ele, os radiologistas devem demonstrar o valor da profissão como sendo um catalisador, criar uma
cultura de apoio à investigação, cultivar parcerias intersetoriais e estimular a integração da infraestrutura tecnológica..
Inovação, a chave para o futuro “O futuro dos cuidados de saúde pertence às pessoas que desejam investir na incerteza durante tempos bons e ruins e moverem-se rapidamente para melhorar a produtividade e os resultados”, explicou Jeff Immelt, durante sua palestra sobre Novos Horizontes – Redefinindo Inovação. Para ele, o setor da saúde ainda está nos estágios iniciais de onde as análises podem levá-lo, isso apesar do crescimento contínuo que aconteceu nos últimos anos. Jeff agrupa o potencial de inovação, dentro da radiologia, em três temas: medicina de precisão; a fusão de radiologia e patologia; e a mobilidade global e local. Em termos de mobilidade, Jeff Immelt explicou que há muitas tecnologias em desenvolvimento e que “estamos apenas arranhando a superfície dos tipos de ferramentas que irão fazer monitoramento em um ambiente móvel, com valor clínico”. Ainda, segundo o CEO da GE, a chave para o futuro da radiologia está na obtenção de resultados clínicos, que melhorem a satisJeffrey Immelt, CEO da fação do paciente e reGE Healthcare. duzam os custos com mais qualidade. “Todos que estão no setor da saúde, hoje, têm que aprender a crescer e diminuir custos ao mesmo tempo. Têm que aprender a produzir bons resultados e fazê-lo de forma produtiva”, salientou. Finalizando, contrabalançou suas análises, ponderando que “os equipamentos são incríveis – o poder do tomógrafo, o poder de uma RM -, mas as máquinas nunca serão mais poderosas do que qualquer clínico”. (fontes: cobertura local, assessoria RSNA e RSNA News)
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INOVAÇÃO
Sylvia Veronica dos Santos (SP)
Saúde digital aposta em inovação e diálogo para crescer no Brasil InRad sediou evento que reuniu médicos, setores da indústria e governo a fim de avaliar os impactos do eHealth no país
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o Brasil, a saúde digital ainda tem um longo caminho para se desenvolver, mas alguns avanços significativos vêm acontecendo e um dos mais importantes é a ampliação do diálogo entre a indústria, os médicos e hospitais e as empresas aceleradoras de saúde com atuação no país. Com o objetivo de apresentar as novidades e desafios nessa área, o Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas (InRad) sediou em fevereiro o eHealthSummit 2016, encontro entre empresas que investem em inovação no eHealth, profissionais e membros do governo. Organizado pelo Inova HCFMUSP, a Berrini Ventures, aceleradora de saúde dedicada a startups, e pela consultoria Syte, o evento reuniu cerca de 300 pessoas no InRad e teve transmissão online. Além das discussões sobre o futuro da saúde digital no país, os participantes conheceram os projetos de startups de saúde. São ferramentas, com destaque para aplicativos mobile, que trazem soluções para a comunicação entre gestores, profissionais e pacientes, para a gestão de consultórios e hospitais, home care, entre outras. O diretor da Faculdade de Medicina da USP, José Otávio Costa Auler Júnior, falou aos participantes do evento sobre a vocação do Hospital das Clínicas e do InRad na promoção e desenvolvimento de inovações na área médica. “Temos mais de 200 grupos de pesquisa e de inovação trabalhando em diversas especialidades, com foco na assistência médica e na formação de recursos humanos. Não haveria melhor lugar do que o InRad para abrigar esse evento”. Linamara Battistella, secretária dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Estado de São Paulo, demonstrou entusiasmo com a iniciativa e comemorou os avanços nos serviços de monitoramento dos pacientes com dificuldades de mobilidade. “As soluções da saúde digital permitem treinar cognitivamente o indivíduo e assim melhorar a sua qualidade de vida, a exemplo dos idosos que moram sozinhos. Esse evento é um marco indiscutível na inovação. Compartilhar conhecimentos, inovações, e ideias para o futuro deve ser o nosso compromisso. In-
O evento mobilizou personalidades e profissionais do meio acadêmico, empresarial e de governo
dústria, academia e pesquisadores precisam trazer novas fórmulas para fazer da saúde para todos: uma realidade”. Justus Wolff, consultor da Syte, destacou que em 2015, somente nos Estados Unidos, cerca de 265 startups de saúde digital, receberam investimentos de mais de US$ 2 milhões. “Os setores de engajamento do consumidor, que recebeu US$ 629 mil, e de cuidados médicos coordenados, com US$ 208 mil, são os que mais tendem a crescer neste ano”. No ano passado, o setor de saúde digital (eHealth) recebeu investimentos de 4,5 bilhões de dólares em todo o mundo, um volume pouco maior do que o do ano anterior, que alcançou US$ 4,3 bilhões, com tendência de crescimento para os próximos anos em todas as especialidades médicas. Esses números estão no levantamento da Rock Health, empresa financiadora de projetos mundiais de interseção de saúde e tecnologia.
Inovar é desafio O eHealth tem atraído a atenção das indústrias de diversos segmentos, a exemplo de fármacos e telecomunicações, a fim de desenvolver sistemas, aplicativos e aparelhos
para monitorar pacientes e todo o tipo de fluxo de informação que envolva os cuidados à saúde em tempo real. Os benefícios de tais tecnologias, tanto para a redução de custos em todas as etapas da gestão da saúde quanto na melhoria da assistência aos pacientes, são diversos, mas a inovação encontra alguns obstáculos no Brasil, sobretudo regulatórios e estruturais. Daniel Branco, CEO da Medicinia, empresa desenvolvedora de aplicativos médicos para comunicação entre profissionais e pacientes, destacou que os entraves regulatórios no Brasil criam barreiras de entendimento, e que ainda existem incertezas sobre aspectos que envolvem ética e segurança. “Quem trabalha com inovação no Brasil acaba buscando mercados onde as inovações são aceitas, até mesmo por questão de sobrevivência. O país precisa avançar na regulamentação e saber o quanto perde com a má comunicação na relação médico-paciente. Nos Estados Unidos, sabe-se que são desperdiçados nada menos do que 12 bilhões de dólares por ano. No Brasil, ainda são proibidas consultas médicas online, por meio dos aplicativos ou de vídeos, algo que reduziria bastante a presença das pessoas nos centros médicos, muitas vezes, apenas para mostrar resultados de exames. Isso seria positivo para todos”. A proposta dos aplicativos da Medicinia é otimizar processos de alta, laboratoriais, de comunicação intra-hospitalar e indicadores de qualidade. Outros desafios para o desenvolvimento
do eHealth no país são a carência de gestores e profissionais de TI, as necessidades de infraestrutura de telecomunicações para acesso à Internet e de treinamento para médicos e população em geral no uso das ferramentas digitais. Fernando Cembranelli, CEO da Berrini Ventures, defende que a inovação em saúde é um mundo novo e que o diálogo é hoje a principal alternativa para desenvolver o mercado. “O diálogo ainda não acontece como deveria, por isso eventos como o que realizamos são importantes, pois a principal estratégia para o desenvolvimento da saúde digital é a atuação de forma colaborativa. Esse é um tema a ser amplamente discutido na sociedade”. No final do evento, oito startups em saúde digital apresentaram seus projetos e detalharam soluções para reduzir custos com a saúde e melhorar a assistência aos pacientes em home care. As startups passaram por seis meses de aceleração para rever e completar o desenvolvimento dos principais pontos relativos ao modelo de negócios e produto da empresa: tecnologia, precificação, análise de mercado e concorrência. Também foram abordados conhecimentos sobre estratégia e implementação de ações comerciais e de vendas. As startups participantes do programa também receberam mentoria e participaram de diversos eventos, o que contribuiu ainda mais para o desenvolvimento dos seus negócios.
I Demo Day Durante o Demo Day, cada startup teve 5 minutos para apresentar um Pitch para uma banca avaliadora formada por Ingrid Barbosa (Oswaldo Cruz), Dr. Rodrigo (Oswaldo Cruz), Priscila Torres (Blog Encontrar), Allan Costa (Investidor-anjo), Ricardo Politi (Broota), Marco Bego (Hospital das Clínicas), Ermínio Lucci (Investe São Paulo), Guilherme Pinho (Monashees), André Nery (Echos) e Léa Lagares (Sebrae). As startups escolhidas pelos jurados e que se destacaram com suas ideias e modelos de negócio escaláveis foram a Vitta em segundo lugar - solução completa e integrada, resolvendo problemas cotidianos dos consultórios com o uso da tecnologia, os tornando mais produtivos e organizados, e a Epistemic em primeiro lugar - tem como objetivo transformar a qualidade de vida das pessoas com epilepsia com um sistema que prevê um ataque 25 minutos antes que ele ocorra. Além de alertar o usuário, o dispositivo envia uma mensagem SOS para um aplicativo que pode ser instalado em smartphones do cuidador do usuário. Segundo os jurados, a escolha não foi fácil, mas baseada no fruto do trabalho e dedicação de toda a equipe e a solução com grande potencial de disrupção.
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FEVEREIRO / MARÇO - ANO 15 - Nº 90
Mamografia com contraste: pronta para a rotina clínica? 1. Introdução A detecção precoce do câncer de mama por mamografia demonstrou reduzir substancialmente a mortalidade. No entanto, este método tem uma baixa sensibilidade e especificidade em pacientes jovens e mulheres com mamas densas devido a um contraste reduzido entre um possível tumor e o tecido ao redor (TABAR et al., 2011). No momento, a ressonância magnética (MR) é a melhor ferramenta complementar na investigação, detecção do câncer de mama e da avaliação da extensão da doença no planejamento pré-operatório (LIBERMAN et al., 2003; HOLLINGSWORTH et al., 2008). Especialmente em mulheres com carcinoma lobular invasivo (ILC), a ressonância magnética pré-operatória pode reduzir a taxa de reexcisão e é mais precisa na estimativa do tamanho da lesão do que a mamografia sozinha (MANN, et al., 2010). No entanto, devido aos elevados custos e à disponibilidade limitada, exames pré-operatórios com ressonância magnética de mamas podem ser realizados apenas de forma muito restrita. Além disso, pode haver um elevado número de resultados falso-positivos em pré-operatórios de ressonância magnética, que tem que ser descartados, o que resulta em um número elevado de biópsias adicionais que podem atrasar o tratamento e aumentar consideravelmente seu custo (MANN et al., 2008). A introdução da mamografia digital permitiu o desenvolvimento de outras tecnologias adicionais que são menos dispendiosas do que a RM e deverão ser mais amplamente disponíveis. Uma delas é a mamografia digital com contraste de dupla energia (CESM). A CESM melhora a sensibilidade para a detecção de câncer de mama, sem diminuir a especificidade porque proporciona maior contraste e melhor delimitação da lesão do que a mamografia sozinha (DROMAIN et al. 2011; DROMAIN et al., 2012).
Os resultados preliminares com exame CESM sugerem que, semelhante à ressonância magnética de mamas, esta técnica deve ser de particular interesse para a avaliação da extensão da doença, permitindo uma melhor avaliação do tamanho da lesão e detectar doença multifocal adicional do que a mamografia sozinha ou combinada com a ultrassonografia (DROMAIN et al. 2011). O que mais impressiona no método, é a repetição quase que sistemática dos dados apresentado até o momento. Apesar de casuísticas pequenas ainda, os trabalhos têm mostrado sensibilidade extremamente alta, ao redor de 95 %, semelhante a ressonância, porém, uma especificidade muito superior à da ressonância, próxima dos 90 %. Desta forma, vamos ter um aumento significativo da acurácia, valor preditivo negativo próximo de 96% e valor preditivo positivo na mesma grandeza. Quando comparamos a mamografia digital, com a mamografia com contraste, há sempre um
grande incremento na sensibilidade e especificidade, pois, a imagem de baixa energia, não perde em qualidade e capacidade diagnóstica em nada, e ainda há a imagem resultante final, de alta sensibilidade e especificidade, não havendo nenhuma interferência na sua acurácia em relação a densidade mamária. Na comparação direta da mamografia com contraste e a ressonância magnética, os dados da literatura são consistentes, repetitivos e excelentes, havendo sensibilidades comparáveis, e especificidade superior na mamografia com contraste.
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Mamografia com contraste: pronta para a rotina clínica? CONTINUAÇÃO
No que tange a dosimetria, o único aparelho disponível no mercado até agora GE Senobright® informa haver um incremento de apenas 20% da dose, sendo sempre abaixo dos níveis recomendados pelos guidelines de segurança. Nitidamente, se as publicações mantiverem-se com tais valores de sensibilidade, estaremos diante de uma rara e ótima oportunidade, pois habitualmente os métodos sensíveis, não tem sua especificidade tão elevada e vice versa. A hipótese é que a CESM proporcione detecção de lesões de forma mais precisa, identifique focos adicionais e avalie de forma mais exata o tamanho das lesões (no pré-operatório) do que a mamografia digital e não será inferior à ressonância magnética.
2. Sobre o método
Após a obtenção desta série de incidências ( crânio-caudal e médio-lateraldas mamas), é realizada a subtração das imagens de alta e baixa energias, obtendo-se como resultado final a imagem apenas das áreas de realce pelo contraste iodado. Uma das vantagens em relação ressonância é a diminuição dos artefatos de movimentação. Outra grande vantagem, é que com apenas um exame, temos a informação da mamografia tradicional, aliada a uma poderosa imagem funcional, semelhante à da ressonância magnética. O câncer de mama é bem evidenciado com o contraste, pois o mesmo é permeável à membrana dos vasos tumorais, impregnando o tumor e a neovascularização associada a ele (LOBBES MARC et al., 20014).
A mamografia com contraste de dupla energia (CESM) consiste numa técnica semelhante à mamografia digital convencional, porém com a utilização de contraste iodado e de filtros especiais. As imagens são obtidas entre 2 a 7 minutos após a administração endovenosa do contraste (MARTINS et al., 2014). São realizadas duas séries de imagem, uma de baixa energia (semelhante a mamografia convencional), e outra imediatamente após, ainda com a paciente com a mama comprimida, de alta energia.
Diagnóstico: CARCINOMA INVASIVO DE TIPO HISTOLÓGICO NÃO ESPECIAL (ductal invasivo) COM DIFERENCIAÇÃO APÓCRINA, GRAU 2 HISTOLÓGICO (Nottingham) E GRAU 3 NUCLEAR
A mamografia convencional, no rastreamento do câncer de mama, tem suas limitações na avaliação de mamas densas, onde a sensibilidade pode ser de apenas 48% em comparação com mamas gordurosas onde sua sensibilidade pode chegar a 98% (MARTINS et al., 2014).Também apresenta dificuldades na avaliação da extensão local da lesão, podendo subestimar o tamanho do tumor, havendo frequentemente necessidade de uma nova abordagem cirúrgica em até 30 % dos casos, além de muitas vezes não identificar focos de lesão maligna em outros quadrantes mamários (LOBBES MARC et al., 20014), gerando custos adicionais.
Em ambas as situações a mamografia com contraste de dupla energia tem se mostrado superior, com maior sensibilidade que a mamografia convencional. Estudos tem demonstrado uma boa relação do tamanho do tumor na mamografia com contraste e o tamanho histológico. Permite também a detecção de microcalcificações, sendo que por isso pode ser mais sensível que a ressonância magnética no diagnóstico de carcinoma ductal in situ (MARTINS et al., 2014). Wildberger et al. em seu estudo mostrou que a acurácia diagnóstica da CESM é superior em relação à mamografia convencional, encontrando sensibilidade e valor preditivo negativo de 100%, além de especificidade e valor preditivo positivo significativamente maiores.
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Mamografia com contraste: pronta para a rotina clínica? CONCLUSÃO
Referências bibliográficas TABAR, L.; VITAK, B.; CHEN, T. et al. Swedish two-county trial: impact of mammographic screening on breast cancer mortality during 3 decades. Radiology, 260:658–66, 2011.
Outros estudos mostram resultados semelhantes relativos ao aumento na acurácia dos parâmetros diagnósticos (LOBBES MARC et al., 20014). Alguns tipos de câncer de mama estão associados com resultados falso-negativos na mamografia, sendo eles: carcinoma lobular, carcinoma ductal in situ sem calcificações e pequenas massas não espiculadas (LOBBES MARC et al., 20014). Aparentemente até agora não há perda de sensibilidade nestes casos. Por estes motivos a mamografia com contraste vem sendo estudada como alternativa ao uso da ressonância magnética e sendo complementar à mamografia convencional em suas limitações (LOBBES MARC et al., 20014). Obviamente, por ser tecnicamente no que tange ao posicionamento igual a mamografia, podemos afirmar desde já, que as mesmas limitações de posicionamento serão observadas aqui: lesões profundas, mediais, axilares justa implantes podem não ser incluídas no exame. Também a avaliação axilar será limitada. Portantanto, é importante saber as limitações habituais da mamografia e transporta-las para esta nova tecnologia.
Concluindo
A ressonância magnética apresenta-se hoje como método de maior sensibilidade no diagnóstico de câncer de mama, porém também tem suas limitações: alto número de falsos positivos, ausência de dados na literatura provando sua redução na mortalidade, pacientes claustrofóbicas, em uso de marcapasso e/ou aparelhos metálicos, que não poderão realizar este exame, além do mesmo ser caro e consumir tempo, não sendo assim acessível a um grande número de pessoas. A oportunidade de incrementar um exame, mantendo todo o conhecimento adquirido em mais de 50 anos com a mamografia, novamente torna o método ainda mais atraente. Sabemos o potencial e as limitações da mamografia digital, e da ressonância magnética, e parece ficar nítido que a mamografia com contraste mescla estes métodos, usando o melhor de cada um deles. Talvez estejamos vivendo mais uma quebra de paradigma na avaliação das mamas. Se os robustos dados da literatura persistirem, é possível vislumbrar num futuro próximo, um cenário onde possamos ter um método simples, reprodutível, não operador dependente, com valor preditivo positivo e negativo extremamentee altos, evitando realizações não apenas de biópsias desnecessárias, mas também de outros métodos como ressonâncias magnéticas e até ultrassonografias das mamas. Com isto teríamos neste cenário, uma significativa redução de custos e diminuição da ansiedade das pacientes, permitindo um aumento das taxas de diagnóstico precoce do câncer de mama.
FASCHING, P.; HEUSINGER, K.; LOEHBERG, C. et al. Influence of mammographic density on the diagnostic accuracy of tumor size assessment and association with breast cancer tumor characteristics. Eur J Radiol, 60:398–404, 2006. LIBERMAN, L.; MORRIS, E.; KIM, C. et al. MR imaging findings in the contralateral breast of women with recently diagnosed breast cancer. AJR Am J Roentgenol, 180:333–341, 2003. HOLLINGSWORTH, A.; STOUGH, R.; O’DELL, C.; BREKKE, C. Breast magnetic resonance imaging for preoperative loco regional staging. Am J Surg 196:389–397, 2008. MANN, R.; LOO, C.; WOBBES, T. et al. The impact of preoperative breast MRI on the re-excision rate in invasive lobular carcinoma of the breast. Breast Cancer Res Treat 119:415–422, 2010. MANN, R.; KUHL, C.; KINKEL, K.; BOETES, C. Breast MRI: guidelines from the European Society of Breast Imaging. Eur Radiol 18:1307–1318, 2008. DROMAIN, C.; THIBAULT, F.; MULLER, S. et al. Dual-energy contrast enhanced digital mammography: initial clinical results. Eur Radiol 21:565–574, 2011. DROMAIN, C.; THIBAULT, F.; DIEKMANN, F. et al. Dual-energy contrast-enhanced digital mammography: initial clinical results of a multireader, multicase study. Breast Cancer Res 14:R94, 2012. MARTINS, I. et al. Contrast-enhanced spectral mammography - a pictorial review. European society radiology.ECR 2014, poster C0115, 2014. LOBBES MARC, B. I. et al. Contrast-enhanced spectral mammography in patients referred from the breast cancer screening programme. Eur Radiol DOI 10.1007/s00330-014-3154-5, 2014.
Autor Guilherme Rossi Especialista em Diagnóstico por Imagem pelo Colégio Brasileiro de Radiologia Diretor da Nova Medicina Diagnóstica
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Ensaio iconográfico
Complicações radiológicas relacionadas ao tratamento quimioterápico Resumo Complicações e reações adversas ao tratamento quimioterápico ocorrem frequentemente com o uso de drogas citotóxicas convencionais e atualmente exibem um novo espectro de apresentação radiológica com o crescente uso de novas drogas alvo na prática clínica. Essa miríade de achados radiológicos em pacientes oncológicos frequentemente é de difícil interpretação, pois pode ter relação com quimioterapia, status clínico, cirúrgico ou imunológico ou, mais provavelmente, representar a sobreposição de todas essas condições. Os relatos de imagem relacionados à toxicidade de drogas ainda são escassos e de cobertura limitada, devido à enorme gama de tratamentos, efeitos colaterais e órgãos envolvidos. Dessa forma, ilustraremos algumas destas complicações relacionadas ao tratamento quimioterápico e suas apresentações radiológicas. Unitermos: Quimioterapia; Câncer; Radiologia;
Introdução
Os pacientes com câncer de pâncreas submetidos à gastroduodenopancreatectomia possuem uma maior chance de desenvolver esteatose. Cerca de 30% desses pacientes desenvolvem esteatose nos primeiros 12 meses após a cirurgia. Os principais mecanismos que estão envolvidos com este alto índice de esteatose nesses pacientes são: •
Diminuição do número de células produtoras de insulina, causando diabetes pancreatogênica.
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Perda ponderal associada à desnutrição, causando a queda do número de lipoproteínas que exportam os lipídios hepáticos.
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Estresse oxidativo nas células hepáticas pela quimioterapia, que pode resultar em esteatose.
Os principais quimioterápicos que estão associados com o desenvolvimento da esteatose são os taxanos, o 5-fluoracil e os derivados da platina (9).
O câncer é a 2ª causa de morte no Brasil, com cerca de 180.000 em 2010, perdendo apenas para as causas cardiovasculares, que foram responsáveis por 326.000 mortes, segundo o DATASUS. Esses dados motivam o desenvolvimento de novos tratamentos com novas drogas e a especialização contínua dos profissionais envolvidos no cuidado e na avaliação do paciente oncológico (1). Apesar da maior eficácia dos novos tratamentos, principalmente com drogas alvo, as complicações e reações adversas ao tratamento oncológico ainda ocorrem frequentemente, podem ser graves e com potencial risco à vida dos pacientes. Podemos relacionar estes efeitos adversos por órgãos/sistemas ou também específicos a certos tipos de drogas. Dessa forma, é possível o reconhecimento de sinais radiológicos frequentemente associados à quimioterapia, que servem de alerta para o diagnóstico adequado e para a conduta rápida. Assim, descreveremos alguns padrões radiológicos típicos e complicações ocasionadas pela administração de quimioterapia sistêmica encontrados em pacientes oncológicos.
Complicações por órgãos e sistemas 1. Sistema Nervoso Central
Fig. 2 - Paciente com adenocarcinoma de pâncreas fez cirurgia de gastroduodenopancreatectomia parcial em mar/2009 e quimioterapia com gencitabina de maio a agosto de 2009, sendo interrompida por toxicidade. Fig.A: TC de 03/2009 mostra dilatação da via biliar sem sinais de esteatose. Fig.B: TC para controle de 03/2010 mostra esteatose difusa, ascite e carcinomatose peritoneal.
2.2 – Perfuração Gastrointestinal
Alguns agentes quimioterápicos, particularmente metotrexate, tanto na administração intratecal quanto sistêmica (2,3) e cisplatina (3,4), podem promover alterações na substância branca cerebral.
A perfuração gastrointestinal, bem como a formação de fístulas, são graves eventos adversos associados a vários quimioterápicos, tendo o bevacizumabe um papel de destaque (8,10). Outros quimioterápicos relacionados com perfuração GI são o taxol, citosina, CHOP, cisplatina e mitomicina (8).
Pacientes podem estar assintomático, com sintomas transitórios ou raramente com sintomas permanentes (2,4).
Linfoma gastrointestinal está comumente associado à perfuração com o tratamento quimioradioterápico (8).
Relatos na literatura afirmam que estes achados podem estar associados a áreas multifocais de necrose de coagulação e edema axonal (2).
A incidência de perfuração gastrointestinal é de 0.9%, com uma mortalidade de 21.7% e risco relativo de 2,14, segundo meta-análise com 12.294 pacientes (Figura 3) (10)
Os achados habituais são o envolvimento difuso e simétrico da substância branca central e periventricular, geralmente preservando as fibras subcorticais (Figura 1) (2,4). São precoces e com mínima ou nenhuma modificação dos valores dos metabólitos da substância branca na espectroscopia de prótons (4).
O risco varia com a dose de bevacizumabe e o tipo de tumor, sendo maior em pacientes com carcinoma colorretal (risco relativo de 3.10) e câncer de células renais (risco relativo de 5.67) (10).
Outros efeitos dos quimioterápicos incluem hemorragias intracranianas, trombose dos seios venosos, leucoencefalopatia posterior reversível e necrose laminar cortical (3,5).
Outros efeitos adversos importantes relacionados ao uso do bevacizumabe são: hemorragia, crise hipertensiva, síndrome nefrótica e insuficiência cardíaca congestiva (10).
Fig. 3 - Paciente com carcinoma de rim metastático, tipo células claras, submetido à nefrectomia citorredutora em 09/2009. Em 11/2009 iniciou tratamento com interferon + bevacizumabe (6MU). Fig.A axial e Fig. B coronal: TC de 28/02/2010 mostra extravasamento do meio de contraste oral do estômago para cavidade pleural. Fig. 1 - Mulher 78 anos, com diagnóstico de linfoma primário do sistema nervoso central em 11/2008. Realizou quimioterapia em altas doses com metotrexate por 90 dias, término em 02/2009. Fig.A: TC de 11/2008 com lesão hipoatenuante na substância branca peritrigonal esquerda. Fig.B: TC de 01/2010 mostra extensa hipoatenuação difusa da substância branca dos hemisférios cerebrais, em regiões periventriculares, profundas e subcorticais.
2. Trato Gastrointestinal 2.1 – Deposição de gordura no fígado O acúmulo de gordura no fígado (Figura 2) pode estar relacionado ao tratamento de metástases hepáticas, como de câncer colorretal, e ser responsável pelo aumento das transaminases (9).
2.3 – Pneumatose Intestinal Pneumatose intestinal é definida como a presença anormal de gás na parede intestinal, sendo considerado um sinal radiológico e não um diagnóstico (Figura 4). (11). A patogênese da pneumatose intestinal ainda não é totalmente esclarecida, porém quando a possível causa é um agente quimioterápico, alguns efeitos podem ser considerados responsáveis: imunossupressão pelo QT, facilitando a proliferação bacteriana; dano a células da mucosa intestinal por serem de proliferação rápida; alteração da integridade física da própria mucosa, permitindo a extensão do ar para a parede.
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Ensaio iconográfico
Complicações radiológicas relacionadas ao tratamento quimioterápico CONTINUAÇÃO
Além do QT, uma numerosa lista de patologias pode causar pneumatose intestinal: infarto intestinal, trauma, doenças pulmonares, idiopática, etc (8,11).
Fig. 6 - Paciente 17 anos com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin fez quimioterapia com ABVD (adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina). Apresentou leucopenia (Lo: 300) e dores abdominais no nadir de QT. TC mostra espessamento focal do ceco e cólon ascendente com leve densificação da gordura adjacente (tiflite).
Fig. 4 - Paciente com câncer de reto irressecável fez 10 ciclos de Folfox + Avastin até 01/2010. Em uso de tramadol alternado com morfina para controle de dor. Veio ao PS com dor e distensão abdominal em 03/2010. TC mostra distensão e pneumatose de alças intestinais (seta). Realizado suporte clínico sem melhora do quadro. Evoluiu para laparatomia e ileostomia.
2.4 – Pseudocirrose
2.6 – Calculose A calculose biliar (Figura 7) está intimamente relacionada com os pacientes oncológicos por diversos fatores, entre eles a estase biliar, desidratação e quimioterapia. Um dos principais mecanismos relacionados à quimioterapia é o aumento da excreção biliar de colesterol, como ocorre por exemplo com o tamoxifeno. Nos primeiros 5 anos após o início do tratamento, até 30% dos pacientes apresentará calculose biliar (16).
Em pacientes oncológicos, com ou sem doença metastática para o fígado, o tratamento quimioterápico pode resultar em áreas de retração tumoral e cicatrizes. Este aspecto geralmente é chamado de pseudocirrose, pois a macroscopia é semelhante à cirrose macronodular (Figura 5) (12).
Fig. 7 - Paciente de 71 anos com diagnóstico de sarcoma de alto grau no retroperitôneo em 07/2007. Realizou quimioterapia com doxorrubicina, sendo substituída devido à cardiotoxicidade pela ifosfamida. Calculose biliar é também frequentemente encontrada nestes pacientes oncológicos, notando-se mútliplos cálculos calcificados no interior da vesícula biliar.
Ao contrário da cirrose, estes fígados não apresentam fibrose portal, porém podem manifestar nódulos regenerativos (12). A hipótese fisiopatológica envolve o mecanismo de oxido-redução do citocromo P-450 usado pelos hepatócitos para a biotransformação das drogas. Os agentes quimioterápicos mais frequentemente associados a estas alterações são metotrexate e 6-mercaptopurina (13). As principais alterações hepáticas são: contornos lobulados, redução relativa do lobo direito, aumento do lobo caudado e hipertensão portal, que podem se desenvolver dentro de semanas ou até meses após o início do tratamento (12). Frequentemente a detecção de tumor residual é difícil, pois o aspecto heterogêneo do parênquima pode obscurecer as lesões (12). O fígado com doença metastática difusa e infiltrativa, associado à reação desmoplásica, pode ter aparência cirrótica, podendo inclusive cursar com hipertensão portal, esplenomegalia e varizes esofágicas. As principais causas são as neoplasias de mama e melanoma (12)
3. Hematológica A quimioterapia é uma causa comum de anemia (14), pois reduz o número de células de linhagem vermelha produzidas pela medula óssea (15). Outra forma de anemia causada por quimioterápico seria hemorrágica (ex: cistite hemorrágica) (Figura 8). Vários quimioterápicos estão relacionados com anemia. Os principais são oxaliplatina, doxorrubicina, isofosfamida, capecitabina, etc.
Fig. 8 - Paciente de 71 anos com diagnóstico de sarcoma de alto grau no retroperitôneo em 07/2007. Realizou quimioterapia com doxorrubicina, sendo substituída devido à cardiotoxicidade pela ifosfamida. Fig.A: TC de tórax mostrando baixa atenuação do sangue em relação à parede do vaso. Exame laboratorial: Hb 8,3 Ht 24,1.
Fig. 5 - Paciente com carcinoma de reto metastático realizou 2 ciclos de quimioterapia com FLOX e 5 ciclos de cisplatina de 08/2009 a 10/2009. Fig.A: TC de ago/2009 com múltiplas metástases hepáticas antes do tratamento. Fig B: TC de nov/2009 mostrando redução volumétrica, contornos lobulados e atenuação heterogênea; achados que dificultam a avaliação de lesões focais.
2.5 – Enterocolite Neutropênica / Tiflite Colite neutropênica é uma condição clinico-patológica caracterizada por um processo inflamatório abdominal que envolve o ceco, o colón ascendente e o íleo terminal nos pacientes com neutropenia (8,9).
4. Pulmonar
A associação temporal entre a administração de drogas quimioterápicas e colite neutropênica subjacente sugere o diagnóstico (8).
As toxicidades pulmonares são importante causa de falha terapêuticas. Apesar de comuns, suas causas não são totalmente explicadas (7). Os infiltrados pulmonares são as manifestações radiológicas mais comuns, em todos os tipos de quimioterápicos (clássicos e drogas-alvo) (9). Como outros efeitos adversos pulmonares, podemos destacar o broncoespasmo, hemorragias, tromboses venosas e reações de hipersensibilidade (7,9,17).
Os achados patológicos mais comuns são espessamento (edema) da parede intestinal (>4mm), ulcerações na mucosa, hemorragia focal e necrose transmural (Figura 7) (8).
A pneumonite intersticial é um dos padrões mais comuns de reação aos quimioterápicos, porém é um diagnóstico de exclusão (7,9,18).
É importante salientar que o tratamento precoce desta condição está intimamente relacionado à queda na mortalidade destes pacientes. Desta forma, o diagnóstico radiológico imediato é fundamental (8).
Pacientes afetados apresentam início insidioso, que pode evoluir com dispnéia e tosse seca (7).
Os achados clínicos mais relevantes são diarréia aquosa, íleo paralítico, dor abdominal, náusea e hiporexia.
CONTINUA
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Ensaio iconográfico
Complicações radiológicas relacionadas ao tratamento quimioterápico CONTINUAÇÃO Os principais achados nos exames de imagem incluem:
Atualmente, novas drogas foram incorporadas nesse combate, porém atuando de forma mais específica. São conhecidas como terapia molecular (drogas alvo), as quais agem diretamente na regulação da atividade celular através de receptores de membrana ou sinalizadores moleculares. Nesse novo grupo estão incluídos os anticorpos monoclonais (Rituximab, Bevacizumab), os inibidores da tirosinoquinase (Sorafenib ), entre outros.
•
RX tórax: Opacidades heterogêneas difusas
•
TCAR (Figura 9): Opacidades em vidro fosco
•
Áreas focais de consolidação
•
Achados de fibrose mais tardios (broquiectasia de tração e faveolamento) com predomínio nas bases pulmonares
A principal diferença nos efeitos adversos dessas drogas está no fato de que alguns deles podem ser previstos, pois ao atacarem células tumorais com crescimento rápido, outras células normais, também de crescimento rápido, como as da medula óssea e do intestino, serão afetadas, ocasionando mielossupressão e efeitos gastrointestinais. No entanto, as drogas de terapia molecular podem ocasionar efeitos adversos inesperados e de amplo espectro, dificultando seu diagnóstico.
1. Bleomicina Bleomicina é um quimioterápico comumente utilizado para o tratamento de carcinomas de células escamosas, testículo e linfoma de Hodgkin (17). Entre 3 – 5% dos pacientes desenvolvem toxicidade em algum grau, sendo que o prognóstico é ruim e a maioria morre em 3 meses por insuficiência respiratória (17). Manifestações mais comuns (7,17,18,20): • Dano alveolar difuso Fig. 9 - Homem de 75 anos, com diagnóstico em 12/2008 de adenocarcinoma gástrico, fez três ciclos de QT (5-fluoracil, leucovorina e oxaliplatina) , sendo a última em 05/2009, evoluindo assintomático. Fig.A: Exame de 07/2009, sem alterações significativas. Fig.B: Exame de 02/2010 evidenciando infiltrado pulmonar bilateral, caracterizado por opacidades em vidro fosco e focos de opacificação irregular de aspecto retrátil.
•
Pneumonia intersticial não específica
•
Pneumonia em organização (paciente pode ser assintomático) (Figura 11).
•
Nódulos pulmonares (5mm a 3cm, maioria subpleural)
5. Timo Entre 10 a 25% dos pacientes em QT podem vir a desenvolver hiperplasia rebote. Está comprovadamente associada ao tratamento quimioterápico e geralmente ocorre nos primeiros 2 anos após o início do tratamento (19). Na hiperplasia tímica há o aumento no tamanho e do peso do timo, com preservação de sua organização microscópica. Sua forma pode estar preservada ou, mais comumente, bilobulada (Figura 10). Importante diferenciar entre o rebote tímico e a infiltração neoplásica
(19)
:
•
Rebote tímico: aumento difuso, densidade heterogênea (gordura e tecido linfóide entremeados), contornos bem definidos e vascularização preservada.
•
Infiltração neoplásica: contornos nodulares, áreas de necrose ou focos de calcificação de permeio e realce heterogêneo ao meio de contraste.
As causas mais comuns são as situações de estresse recente, como infecção, queimadura extensa, corticoterapia, RT e QT (19).
Fig. 11 - Homem 25 anos, com diagnóstico de tumor germinativo misto de testículo, realizou três ciclos de QT com bleomicina (última em 06/2009). Internou em 07/2009 com tosse seca e febre. Fig.A: TC em 13/07/09 que evidenciou opacidades em vidro fosco esparsas bilateralmente, predominantemente medulares e peribroncovasculares. Fig.B: TC realizada em 03/02/2010 após suspensão do tratamento, evidenciando resolução do quadro pulmonar em comparação com o anterior.
2. Antraciclinas Doxorrubicina é um quimioterápico que age sobre diversos tumores sólidos, dentre eles a bexiga, mama, estômago, pulmão, ovário, tireoide e sarcomas (21). A cardiotoxicidade é dose dependente, geralmente muito grave, limitando o tratamento (21). Cerca de 36% dos pacientes durante a QT desenvolvem cardiotoxicidade e 30% evoluem para ICC em 37 meses (22). A dispneia é comum e pode ocorrer pela insuficiência cardíaca diastólica (7,21). A toxicidade pulmonar é rara, sendo mais comum durante a infusão (8%). Está associada mais comumente à pneumonia em organização (mais em pacientes com linfoma) e pneumonite intersticial não específica (PINE), que é caracterizada por opacidades em vidro fosco difusas e bilaterais (Figura 12) (7,18).
Fig. 10 - Mulher, 29 anos, com diagnóstico em 01/2009 de linfoma de Hodgkin, estadio IIIB. Submetida a 6 ciclos de QT até 08/2009 e 17 sessões de RT, a uútima em 12/2009. Fig. A e B: paciente durante a QT em 06/2009. Fig. C e D: exame de 02/2010, 6 meses após QT e 3 meses após RT demonstrando o aumento volumétrico do timo, que apresenta densidade e realce preservados.
Complicações específicas as drogas As drogas desenvolvidas ao longo dos anos para o tratamento do câncer classicamente tem como principal função inibir a divisão celular e como alvo as células com progressão rápida. As mais conhecidas desse grupo são: ciclofosfamida, cisplatina e bleomicina, entre outras.
Fig. 12 - Mulher 56 anos com diagnóstico de sarcoma pleomórfico no membro superior direito em 11/2006. Apresentou recidiva pulmonar sendo submetida a dois ciclos de QT (doxorrubicina), último em 09/11/2009, quando evoluiu com dispnéia e tosse seca. Fig.A: TC de 11/2009 com opacidades em vidro fosco esparsas e bilaterais, durante QT. Fig.B: TC de 01/2010 com melhora das opacidades em vidro fosco após a suspensão da QT. Ecocardiograma de 02/2010 com disfunção do ventrículo esquerdo.
CONTINUA
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Ensaio iconográfico
Complicações radiológicas relacionadas ao tratamento quimioterápico CONCLUSÃO
3. Temozolamida
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Referências Bibliográficas
A temozolamida (TMZ) é um agente alquilante de baixo peso molecular 100% absorvido por via oral e praticamente eliminado após 8 horas da ingestão. A dose tolerada máxima deve ser de 1000 mg/m2, dividida em 5 dias a cada 28 dias (23).
1.
A toxicidade dose-limitante da temozolomida é a mielossupressão, porém a incidência de neutropenia grau 3 ou 4 e de trombocitopenia é geralmente inferior a 10% (23) . Essas condições podem facilitar infeccções oportunistas e hemorragias em sítios diversos (Figura 14).
Choi H, Charnsangavej C, Faria SC, Tamm EP, Benjamin RS, Johnson MM, Macapinlac HÁ, Podoloff DA. CT Evaluation of the Response of Gastrointestinal Stromal Tumors After Imatinib Mesylate Treatment: A Quantitative Analysis Correlated with FDG PET Findings. AJR 2004;183: 1619-1628.
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Menos de 10% dos pacientes necessitam de hospitalização, transfusão sangüínea ou interrupção da terapia devido à mielossupressão, que não é cumulativa (23). A pneumonite intersticial pode ocorrer em até 4,8% dos pacientes (7,23).
Fig. 13 - Paciente com diagnóstico de glioblastoma multiforme iniciou tratamento radioterápico com Temozolamida (TMZ) após cirurgia em 10/2009. A dose inicial de TMZ foi de 75 mg com pico de 200 mg/m2. Em 02/2010 iniciou quadro de dispnéia e febre com repetidas visitas ao pronto atendimento. Fig.A e B: TC de tórax com padrão de pavimentação em mosaico e focos de consolidação pulmonar. A biópsia pulmonar evidenciou pneumocistose e hemorragia alveolar. O tratamento foi antibioticoterapia e interrupção do quimioterápico.
4. Imatinibe Imatinibe é um quimioterápico utilizado no tratamento de Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST) metastático ou irressecável (6,24). Cerca de 80% dos pacientes apresentam rápida melhora ao PET e até 91% dos pacientes tem resposta objetiva ou estabilidade prolongada da doença (24). Padrões tomográficos de degeneração cística são comumente encontradas nas metástases de GIST tratadas com imatinibe e servem como critério de boa resposta a medicação (Figura 14) (6). Importante salientar que os critérios de WHO ou RECIST não deverão ser utilizados para avaliação de resposta ao tratamento, pois estão baseados em mensurações. Os critérios que devem ser utilizados nesses casos são baseados no espessamento das paredes das lesões císticas e no realce de componentes sólidos intra-císticos, independentemente das medidas obtidas na lesão.
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O imatinibe também está associado a maior risco de sangramento gastrointestinal e alterações pulmonares (7,8).
Fig. 14 - Paciente com diagnóstico de GIST metastático em 01/2009 começou quimioterapia com Imatinibe (400mg) em 02/2009. TC comparativas de 02/2009 e 01/2010 mostram degeneração cística das metástases hepáticas.
Conclusão O paciente sob tratamento quimioterápico (QT) representa um desafio na prática clínica, pois apresenta peculiaridades relacionadas à neoplasia de base, aos antecedentes clínicos/cirúrgicos e ao uso de drogas quimioterápicas. As complicações relacionadas à QT devem ser entendidas dentro de um contexto clínico singular e desafiante, muitas vezes de difícil diagnóstico e evolução incerta, sendo que muitas vezes só podem ser reconhecidas após a exclusão de outras hipóteses. Dessa forma, o conhecimento das principais complicações e/ou efeitos adversos associados aos quimioterápicos é fundamental para a correta valorização dos sinais radiológicos, diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Autores Regis Otaviano França Bezerra, Vagner da Sá Cardassi, Marcio Ricardo Taveira Garcia Médicos Radiologistas Departamento de Radiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
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Phantom para treinamento de biopsia de tireoide guiada por ultrassom Introdução A tireoide, uma das maiores glândulas endócrinas do corpo humano, é responsável pela produção de hormônios fundamentais para o controle do metabolismo. O hormônio tireoestimulante (TSH), produzido na adeno hipófise, e o iodo, proveniente da alimentação, são fundamentais na produção desses hormônios conhecidos por T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). O câncer da tireoide pode ser considerado o mais comum da região da cabeça e pescoço. De acordo com estudos os nódulos tireoidianos estão presentes entre 19-67% da população [1]. No entanto, apenas uma pequena parcela desses nódulos são malignos. A diferenciação, entre nódulos malignos e benignos, pode ser feita por técnicas de diagnóstico por imagem como ultrassom, tomografia computadorizada (CT), ressonância magnética, ente outras. O método mais utilizado nos últimos anos é a biópsia por agulha fina, também conhecida por punção aspirativa por agulha fina (PAAF). Nesse procedimento, uma agulha é inserida até a região da lesão, então são retirados fragmentos de tecido biológico para análise microscópica. Durante todo o procedimento o equipamento de ultrassom é uma ferramenta de auxílio médico que permite a visualização das estruturas internas a pele em tempo real.
Treinamento Durante um procedimento de PAAF o equipamento de ultrassonografia é utilizado para visualizar e guiar a agulha a atingir o alvo. No entanto, a técnica exige treinamento do médico com relação a destreza, visual e manual, para manipular o transdutor ultrassônico e a agulha simultaneamente. Algumas ferramentas caseiras, como carnes frescas, frutas, legumes, etc, podem ser utilizadas para o treinamento dessas habilidades. Porém, o mais indicado é o treinamento em produtos que possuam um padrão de qualidade e possa mimetizar regiões específicas do tecido biológico, conhecidos por phantoms. Os phantoms para ultrassonografia podem ser fabricados com diversos materiais, entretanto, espera-se que o contraste entre estruturas diferentes apresentem a mesma aparência que o tecido a ser mimetizado. Modelos importados apresentam boa reprodução dos aspectos estruturais e a relação de contraste das estruturas. Todavia, o valor do produto somado a carga de impostos dificulta a difusão da cultura de treinamentos utilizando phantoms. Desta forma, o trabalho em questão apresenta uma alternativa nacional de phantom padronizado para treinamento de procedimentos de biópsia de tireoide guiada por ultrassom.
Figura 3 - Lobo esquerdo da tireoide mimetizada no phantom.
As lesões típicas da tireoide podem ser mimetizadas de acordo com as características em modo B de ultrassonografia. Além das características ultrassônica semelhantes as encontradas em um exame clínico, o phantom apresenta uma resposta táctil próxima à da pele. Sendo assim, ocorre uma resistência a entrada da agulha, conferindo mais uma variável ao treinamento. O phantom ainda conta com lesões típicas da glândula, com achados clínicos como sombra acústica, diferenças de contraste (hiperecóica, hipoecóica e isoecóica), calcificações, contorno irregular de lesão, etc.
Phantoms O modelo apresentado foi obtido a partir de um manequim masculino. Desta forma, o busto possui a região da cabeça e pescoço com informações morfológicas aproximadas de um adulto. O material, a base de hidrocarbonetos de cadeia saturada, possui propriedades acústicas variáveis, permitindo assim que o interior do phantom possua Figura 1- Phantom mimetizador de tireoide para treiestruturas semelhantes as encontradas namento de biópsia guiada por ultrassom em um adulto [2]. Além disso, o material pode ser reciclado após uma sequência de treinamentos, garantindo assim custos mais baixos quando comparados a modelos importados.
Imagens em modo-B de ultrassonografia O phantom em questão contém as seguintes estruturas internas: traqueia, veias e glândula tireoide.
Figura 4 - Lesão hipoecóica na tireoide mimetizada no phantom
Conclusão Este trabalho apresenta uma ferramenta de treinamento de habilidades médicas com padrão de qualidade. De acordo com médicos que usaram o phantom, o produto poderá inserir uma etapa de treinamento na formação de alunos dos cursos de graduação e especialização em ultrassonografia.
Agradecimentos Este trabalho parcialmente financiado pela FAPESP (PIPE), CAPES e Departamento de Física USP-RP.
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2
S. L. Vieira, T. Z. Pavan, J. E. Junior, and A. A. O. Carneiro, “Paraffin-Gel Tissue-Mimicking Material for Ultrasound-Guided Needle Biopsy Phantom,” Ultrasound Med. Bi-ol., vol. 39, no. 12, pp. 2477–2484, Dec. 2013.
Autores Felipe Wilker Grillo, Sérgio Oliveira Bueno da Silva, Theo Zeferino Pavan e Antonio Adilton Oliveira Carneiro Departamento de Física da Universidade de São Paulo, Campus Ribeirão Preto - SP Figura 2- Lobo direito da tireoide mimetizada no phantom
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Por Silvana Cortez (SP)
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ENTREVISTA
Telerradiologia: programa interliga 62 municípios no Amazonas Um ambicioso projeto que integra 62 municípios no Amazonas, com o uso da telemedicina, está mudando a vida de pacientes do interior do Estado, tornando mais ágil o acesso ao diagnóstico por imagem, em especial à mamografia.
P
acientes que esperavam por quase seis meses para receber o resultado de suas mamografias, por exemplo, podem ter o primeiro diagnóstico em minutos e o encaminhamento muito mais rápido. Esse programa, que tem a frente à Secretaria da Saúde do Amazonas, foi implantado pela empresa Diagnext.com, com um perfil inovador. Utiliza a transmissão via satélite, que é muito mais rápida, tem um custo menor e garante uma eficiência sem precedentes. Graças a esse perfil, o projeto de Telemedicina foi premiado pela ABIMED, no concurso de inovação promovido pela entidade, no ano de 2015. Implantado em 2014, o programa quebrou uma rotina cruel para os pacientes que aguardavam o envio dos exames para a Capital, dependendo de uma logística sem similar no País, atravessando rios, superando enchentes ou secas intermináveis. O laudo impresso viajava semanas para retornar ao seu destino, em algumas vezes sem encontrar o paciente com vida. O avanço tecnológico na área da imagem diminuiu as distâncias, como enfatiza Leonardo Melo, presidente da Diagnext. com o “uso da telerradiologia, 62 unidades da Saúde do Amazonas, equipadas com Raios X e Mamógrafos, foram integradas a uma central de laudos no Hospital Universitário Francisco Mendes, em Manaus, com toda tecnologia digital necessária para captação e processamento das imagens. Hoje, pacientes do interior do Estado não precisam mais se deslocar para a capital com a finalidade de realizar exames radiológicos. Os exames são realizados na sua região e no seu município e enviado por telerradiologia. O procedimento que poderia demorar semanas ou meses para ter seu diagnóstico, leva agora até 48 horas, tempo necessário para emissão do laudo e do diagnóstico, de acordo com a urgência. Os números da Secretaria da Saude mostram que, em 2015, foram realizados cerca de 200 mil exames de imagem, entre raios X e mamografia, e identificados 8.500 casos com suspeita de câncer, dos quais 40 foram encaminhados para tratamento.
Baixo custo Responsável pelo trabalho, a Diagnext, que já tem projetos semelhantes na Bahia e no interior de São Paulo, em conjunto com entidades sociais, tem como principal característica a agilidade nos processos e redução de custos. “Graças ao projeto de telemedicina, com ênfase na telerradiologia, o governo amazonense conseguiu diminuir o custo com transporte de pessoas do interior para a capital em mais de R$ 500 mil por ano”. destaca Leonardo Melo, presidente da empresa. Melo explicou também que o sistema foi desenvolvido por sua empresa, é totalmente nacional e tem baixo custo. “Para a transmissão do exame e do laudo, por exemplo, compartilhamos o mesmo
meio de comunicação com outras 60 aplicações que o governo amazonense usa via satélite. Isso é mais um fator de redução dos custos”. “Temos um diferencial tecnológico muito favorável à nossa realidade, com esse sistema nacional. Comparando-o com empresas internacionais que trabalham com telemedicina, no Afeganistão, por exemplo, que também é um ambiente hostil, vemos
que o processo deles demora horas para transmitir uma imagem, quando o nosso leva apenas um minuto”, ressalta Leonardo Melo. A Secretaria de Saúde do Amazonas já estuda o uso da Telemedicina para fortalecer, também, as ações de prevenção ao câncer de colo de útero, por meio da telecolpocitologia, o que irá ampliar o acesso das mulheres ao exame preventivo.
Prêmio ABIMED Foi graças ao diferencial do projeto, a tecnologia desenvolvida e pelos resultados alcançados no Amazonas que a Diagnext. com venceu o Prêmio ABIMED (Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde), na categoria “Ampliação do acesso da população à saúde”. Os ganhadores de 2015 foram anunciados em dezembro último.
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PARA SUA INFORMAÇÃO
Gestão, criatividade e inovação A área do diagnóstico por imagem, na mesma proporção de seu crescimento e sofisticação, está mudando os rumos da Medicina, abrindo novos caminhos, trazendo novas soluções que exigem não apenas conhecimento científico, como eficiência e capacidade de gestão. E, no momento em que a economia patina, as incertezas políticas se agravam, empresas, clínicas e serviços da área da imagem e as empresas fabricantes e prestadoras de serviços do setor têm que se ajustar a esse novo modelo e conhecer melhor toda sua complexidade. O médico, como figura chave nessa engrenagem, expande sua área de atuação e agrega para si novas funções, o que torna obrigatório vivenciar melhor esse mercado.
E
nsino médico no HIAE – Com uma nova proposta de ensino, o Hospital Israelita Albert Einstein inicia, no mês de fevereiro, dia 25, as atividades de sua Faculdade de Medicina. A primeira turma, com 50 alunos, já foi selecionada e a equipe, que tem a frente o médico Claudio Lottenberg, já se prepara para o novo desafio. Todos os cuidados que cercam um projeto dessa natureza, a come- Claudio Lottenberg çar pelos Hospitais Universitários que darão suporte ao projeto já foram concluidos. A área do diagnóstico por imagem, liderada pelos drs. Marcelo Buarque de Gusmão Funari, Miguel José Francisco Neto, Ronaldo Hueb Baroni tem um programa curricular inovador. Teremos material sobre o assunto.
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ercado da saúde encolheu – No final de 2015, a ABIMED, entidade que reúne 147 empresas do setor, em seu Encontro Anual, apresentou um balanço do setor de produtos para saúde, que encolheu, 7,6% no ano e as perspectivas para 2016, também não são animadoras. “Depois de crescer ao redor de dois dígitos durante uma década, o setor de produtos para saúde começa a sentir os efeitos da crise econômica. De janeiro a outubro de 2015, o índice de consumo aparente apresentou uma queda de 7,6% em relação a igual período do ano anterior. A estimativa é que o faturamento do setor Carlos Alberto Goulart, presidente executivo da fique ao redor de U$ 10 bilhões”, destacou ABIMED Carlos Alberto Goulart, presidente executivo da entidade. Os dados de desempenho, foram levantados pela consultoria econômica Websetorial para a ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde.
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gfa HealthCare: n o v o p re s i d e n t e para a AL – Com grande experiência no mercado, Roberto Ferrarini acaba de assumir a presidência da Agfa Helthcare para a America Latina. Terá como tarefa principal conduzir a ações da empresa no mercado no continente latinoamericano, onde a Agfa HealthCare tem uma forte presença, em especial na área do diagnóstico por imagem. Sua chegada coincide com a aquisição, pela Agfa Healthcare da empre- Roberto Ferrarini, presidente da Agfa Helthcare para a sa, Tip Group, com sede em Graz, na America Latina Áustria. Como as duas empresas têm longa experiência na otimização de processos em saúde e amplo conhecimento sobre os fluxos de trabalho dentro dos hospitais, a união permitirá vantagens imediatas nas áreas de Business Intelligence (BI) e soluções ERP para os clientes, além de aumentar a competitividade do mercado mundial.
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ova unidade do Icesp em Osasco – O primeiro centro de radioterapia, vinculado ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), localizado fora da capital paulista, acaba de ser instalado em Osasco. A nova unidade, está equipada com acelerador linear, capacitada a realizar 600 sessões por mês em pacientes com câncer de mama, próstata, tumores do sistema nervoso central, ginecológicos, Dr. Paulo Hoff, diretor do Icesp. do trato gastrointestinal e sarcoma. Para o diretor geral do Icesp, dr. Paulo Hoff, a criação dessa nova unidade amplia a capacidade de atendimento e descentraliza os serviços, ampliando a oferta de procedimentos aos pacientes, mantendo a qualidade máxima na prestação de serviços.
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Por Luiz Carlos de Almeida e Lilian Mallagolli (SP)
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ENTREVISTA
“Pedimos um visualizador que seja universal” O Jornal Interação Diagnóstica traz uma entrevista com o Dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, Presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) sobre a obrigatoriedade da entrega ao paciente de seus exames de imagem em meios que não sejam o CD ou o papel.
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ecentemente, a Associação Brasileira da Indústria de Material Fotográfico e de Imagem (Abimfi) emitiu comunicados sobre a nota técnica conjunta da Anvisa 2/2014, que esclarece a Lei 6360/1076, lembrando que seu descumprimento “expõe as empresas às sanções previstas na Lei 6437/1977 (...) desde advertências até o cancelamento da autorização de funcionamento da empresa, além de multas”. Aqui, Dr. Antonio Carlos Matteoni explica a posição do Colégio Brasileiro de Radiologia em relação ao tema e explora as melhores possibilidades de mídias para clínicas, médicos e pacientes. ID - Interação Diagnóstica – Recentemente, a Abimfi emitiu comunicados sobre a nota técnica referente ao uso de CD e papel no diagnóstico por imagem. Pelo que definiram, esses materiais estão proibidos. Qual a posição do CBR? Dr. Antonio Matteoni – Primeiramente, agradeço a oportunidade de o CBR se pronunciar. Acredito que o tema deveria ter sido discutido com o Colégio antes de se tornar público. Tivemos reunião com eles e a coisa caminhou bem. Entendemos, e isso é algo que tem ocorrido no mundo todo, que a imagem tem que ser entregue ou colocada à disposição do paciente em algum meio que seja diagnóstico. Não defendemos a entrega do filme em papel, exceto no caso de ultrassonografia e de densitometria óssea, que podem ser entregues em papel. ID - Interação Diagnóstica – Qual a posição do Colégio sobre o filme?
Dr. Antonio Matteoni – Achamos que, quando se entrega o filme para o paciente, ninguém entrega o exame completo. Por outro lado, quando é entregue via digital, você entrega todo o exame para o paciente, todos os cortes e sequências. ID - Interação Diagnóstica – Qual seria, então, na visão de vocês, o melhor formato de entrega de exames? Dr. Antonio Matteoni – O que temos defendido no CBR é que, se entregue em papel, deve-se acompanhar uma mídia digital, seja um CD, um DVD ou no filme. Porém, sabemos que no filme o exame não é entregue completo, mas parcial. No momento em que você coloca os resultados na nuvem, como alguns hospitais já fazem, você entrega o exame muito mais completo ao paciente, um procedimento muito melhor do que entregar várias folhas de filme. Então, por que não entregar o filme ou o papel associado a um DVD ou a um CD com o exame completo? Ou, ainda, disponibilizá-lo na nuvem para que o paciente acesse por senha? Ali, ficam todas as imagens armazenadas. Defendemos a posição que é mundialmente aceita, uma evolução também ambiental. O método antigo, de processadora, gerava muito resíduo, e o tratamento dele era complicado. Depois se migrou para o filme digitalizado e mídias digitais que requerem aparelho digital ou um CR, ambos de valor elevado e manutenção cara, mas as clínicas tem absorvido. Salientamos que obrigatoriamente a mídia digital tem que ter um visualizador universal. Em suma, a posição do CBR é que seja entregue o estudo em um meio diagnóstico.
aceitamos a entrega em papel, exceto nos ID - Interação Diagnóstica – Qual deve dois exames que citei inicialmente. ser a grande preocupação das clínicas de O exame de imagem tem que ser enimagem nessa questão? tregue em um meio que qualquer pessoa Dr. Antonio Matteoni – Sem dúvida, a tenha condições de realizar o diagnóstico. de entregar o filme e o CD obrigatoriamente Quem olhar o exame, deve conseguir emitir acompanhar, ou as imagens na nuvem. No o laudo no mesmo padrão de qualidade do CD, deve conter um visualizador que qualexaminador. quer pessoa consiga ver; ID - Interação não pode existir incomDiagnóstica – Como o patibilidade de sistema. sr. avalia o papel em É preciso haver um conrelação à qualidade? senso, entender o que é Dr. Antonio Matmelhor para o paciente e teoni – De modo geo que é possível de ser ral, o exame tem que feito pelas clínicas. ser entregue em um ID - Interação Diagmeio que seja diagnóstica – Dentre as mínóstico. Não adianta dias que o sr. citou, qual entregar em um CD seria a mais indicada, ou ruim, que ninguém padrão? consiga abrir, ou até Dr. Antonio Matno próprio filme, se a teoni – Não existe uma imagem não tiver quadeterminação padrão – lidade. Não adianta será que é melhor para mandar 20 filmes se o paciente ter DVD, CD Dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, ou nuvem? Nada é defi- Presidente do Colégio Brasileiro de Radiolo- eles não têm qualidade gia e Diagnóstico por Imagem (CBR) de impressão. O papel nitivo. A nuvem, de fato, não é diagnóstico, então o exame não deve gera custo adicional muito alto para a emser entregue exclusivamente em papel; deve presa, pois é preciso investir para armazenar haver uma mídia acompanhando-o obrigatodas essas imagens e fazer a administração toriamente. disso. É importante haver a segurança do Além disso, o filme tem a vida média paciente, a certeza de que outras pessoas menor do que a de um CD. Se o paciente não consigam acessar, e também facilidade sair da clínica com o filme digital e esquecêde encontrar o exame quando preciso. -lo no carro, por exemplo, debaixo do sol, Achamos que o exame pode, sim, ser perde seu exame. É preciso ter cuidado no entregue em CD, um formato mais completo armazenamento desse filme. De modo geral, do que em dez ou 15 folhas de filme, ou em sua vida média é mais curta. CD associado ao filme. De modo algum,
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DIA NACIONAL DA MAMOGRAFIA
Qualidade é o foco em beneficio das pacientes O câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente no sexo feminino, respondendo por cerca de 25% dos novos casos a cada ano. Mundialmente, desde 1990, a incidência do câncer de mama tem aumentado a uma taxa anual de 0,5% a 1,0%, no entanto nos países emergentes tem sido verificado um aumento de 3% a 4% por ano. Portanto, o aumento da incidência se dá tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. No Brasil, segundo dados do INCA, são esperados aproximadamente 60.000 novos casos para 2016, equivalendo a 56,2 casos / 100.000 mulheres. É relativamente raro antes dos 35 anos, sendo que acima desta idade, a incidência cresce rápida e progressivamente, especialmente após os 50 anos. O câncer de mama é a maior causa de morte por câncer nas mulheres em todo o mundo, com cerca de 520.000 mortes estimadas por ano. É a segunda causa de morte por câncer nos países desenvolvidos, atrás somente do câncer de pulmão. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. São esperados para 2016, cerca de 14.000 óbitos pela doença.
Repercussão Social O aumento da incidência, os diferentes quadros de morbidade e ainda as elevadas taxas de mortalidade que frequentemente acompanham as portadoras desta moléstia, a curto, médio ou longo prazo, sinalizam que devemos intervir de forma efetiva nesta questão. Estamos falando de uma enfermidade de grande repercussão social, pois geralmente atinge a mulher numa fase da vida em que desempenha papel importante na sociedade, tanto nas atividades profissionais como também na estrutura da família.
O diagnóstico precoce e sua importância A importância de se diagnosticar o câncer de mama em estágios iniciais, já é conhecida a mais de um século. Quanto menor a extensão loco regional do tumor, melhor será o prognóstico.
O câncer de mama identificado precocemente, quando a lesão ainda é sub clínica, isto é, a lesão não é identificada no exame físico e a mulher é assintomática, apresenta prognóstico mais favorável e elevado percentual de cura. Outra vantagem de extrema importância é a possibilidade de cirurgias menos agressivas, menos mutilantes, com resultados estéticos melhores, permitindo a mulher uma melhor qualidade de vida, mantendo a auto estima, sem comprometer a sua sensualidade e sexualidade. Apesar dos avanços terapêuticos (oncologia clínica e radioterapia) ocorridos nas últimas décadas é o diagnóstico precoce, especialmente no estágio sub clínico, o evento que reduz significativamente a taxa de mortalidade causada por esta enfermidade.
treio organizado. Os motivos responsáveis por este fracasso são muitos: má distribuição dos mamógrafos, localizados principalmente no sul e sudeste; dificuldade de acesso ao agendamento devido a problemas de deslocamento ou burocráticos; aparelhos sucateados por falta de recursos para manutenção; assim como também pela falta de conhecimento da importância da mamografia por parte das pacientes, que não procuram os postos para realizar o exame. Outro fator grave atualmente no Brasil é a falta de Ilustração
Situação atual
Fazendo o diagnóstico precoce Com o advento da mamografia mais diagnósticos precoces são realizados, trazendo todos os benefícios mencionados. É a mamografia o método preconizado para o rastreamento na rotina da atenção integral a saúde da mulher. Todos os outros métodos de imagem são métodos complementares. É oportuno mencionar, que um dos aspectos da maior importância no diagnóstico precoce do câncer de mama é a conscientização dos médicos para a necessidade em diagnosticar esta neoplasia na fase mais inicial possível, ou seja o diagnóstico sub clínico. Não menos importante é a conscientização das mulheres em realizar seus exames periódicos, isto é, participarem de um programa de rastreio com a realização de uma mamografia a cada ano a partir dos 40 anos. Segundo dados da OMS, a cobertura mamográfica ideal para um programa de rastreamento seria de 70% da população na faixa etária alvo. No entanto, para que se tenha êxito se faz necessário informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada, garantir acesso ao diagnóstico e tratamento, bem como garantir a qualidade das ações.
Situação Atual do Brasil No Brasil, a cobertura mamográfica média pelo SUS chega a 26% das mulheres entre 50 a 69 anos, variando de 12% na região norte até 34% na região sul. Leva-se ainda em consideração que no Brasil não há um programa de ras-
qualidade dos exames. Atualmente menos de 10% das clínicas participam do Programa de Controle de Qualidade em Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), feito em conjunto com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). E dessas clínicas que voluntariamente se inscrevem, cerca de um terço não passa na primeira avaliação, que inclui problemas com a dose de radiação, qualidade da imagem clínica, ou mesmo do laudo. É por isso que o dia 05 de fevereiro deve ser, sempre, uma data para reflexão; reflexão sobre a importância da mamografia para todas as mulheres acima de 40 anos; reflexão sobre como transformar para melhor este cenário sombrio existente hoje no Brasil. Comissão Nacional de Mamografia - Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
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EVENTOS
Expediente
SPR realiza 2ª edição da Jornada com a RSNA Os preparativos para a 46ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR’2016) estão acelerados. O evento está agendado para 28 de abril a 1º de maio, novamente no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Como tema principal, está a inovação: “Tecnologia a serviço da vida”.
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ela segunda vez em sua história, a Jornada será organizada em parceria com a Sociedade de Radiologia da América do Norte (RSNA). Para tanto, foram selecionados coordenadores das duas entidades, que juntos definiram a programação científica e os professores convidados de cada um dos 17 módulos. A primeira parceria entre elas foi feita no evento de 2014, e há ainda a promessa de novo trabalho em conjunto para daqui a dois anos, em 2018. Essa parceria foi criada em 2011, quando houve as primeiras conversas e ambas decidiram em trabalhar juntas para planejar e programar a reunião de 2016, projetada para mostrar o que de melhor é oferecido por elas. Esse é o primeiro acordo do tipo feito pela RSNA com uma entidade da América Latina. As inscrições estão abertas, e há benefícios aos sócios da SPR, que não pagam a taxa – para tanto, devem estar em dia com a anuidade e fazer sua inscrição até 4 de abril. Para quem não é associado, há desconto na inscrição até 29 de fevereiro. O evento também promete entregar qualidade na área de trabalhos científicos: as inscrições para a apresentação ou exposição de Painéis e Temas Livres se encerraram em janeiro, e a SPR registrou o índice recorde de mais de 900 trabalhos inscritos. Os selecionados têm, agora, até 16 de março para enviar seus conteúdos à sede da Sociedade, de acordo com as regras descritas por eles em seu site. Apesar de ainda faltar alguns meses, algumas atividades tradicionais já estão confirmadas e agendadas no calendário do evento: •
Sessão de Abertura: 28 de abril, das 11h15 às 12h30, na Sala Q – Hall E. Além dos discursos tradicionais que compõem o cerimonial, haverá uma aula inaugural apresentada pela RSNA;
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Sessão de Interpretação de Imagens: 29 de abril, das 17h45 às 18h45, na Sala Q – Hall E. Atividade já bastante esperada em todas as JPRs, a tradicional sessão (CCRP) reunirá quatro radiologistas para discutir casos avançados em Diagnóstico por Imagem;
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Coquetel de Abertura: 28 de abril, das 18h30 às 20h, no Restaurante Oficial da JPR, no Hall A. Depois das atividades do primeiro dia, um coquetel será oferecido pela SPR. Esse evento social visa à confraternização de todos os participantes e a entrada é livre;
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Lançamentos de livros: a JPR tem como tradição apresentar ao público livros de significativa importância para o setor da Radiologia, já que um dos grandes objetivos do evento é difundir e aprofundar o conhecimento nesta área. Médicos e editoras que produziram livros de ensino técnico participam ativamente das sessões de autógrafos e apresentação de lançamentos nos estandes das livrarias presentes no evento. Acompanhe as novidades, confira todas as informações e faça sua inscrição no endereço www.jpr2016.org.br.
Interação Diagnóstica é uma publicação de circulação nacional destinada a médicos e demais profissionais que atuam na área do diagnóstico por imagem, espe cialistas correlacionados, nas áreas de ortopedia, urologia, mastologia, ginecoobstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian) Hilton Augusto Koch Dolores Bustelo Carlos A. Buchpiguel Selma de Pace Bauab Carlos Eduardo Rochite Omar Gemha Taha Lara Alexandre Brandão Nelson Fortes Ferreira Nelson M. G. Caserta Maria Cristina Chammas Alice Brandão Wilson Mathias Jr. Consultores informais para assuntos médicos. Sem responsabilidade editorial, trabalhista ou comercial. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Alice Klein (RS) Daniela Nahas (MG) Denise Conselheiro (SP) Gislene Rosa Silva (SP) Lilian Mallagoli (SP) Milene Couras (RJ) Sylvia Verônica Santos (SP) Valeria Souza (SP) Arte: Marca D’Água Fotos: André Santos, Cleber de Paula, Henrique Huber e Lucas Uebel Imagens da capa: Getty Images Administração/Comercial: Sabrina Silveira Impressão: Duograf Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.108A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das mensagens publicitárias e os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br
Congresso do Einstein será em agosto
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ias 26 e 27 de agosto, o Hospital Israelita Albert Einstein promoverá o III Congresso Internacional de Diagnóstico por Imagem, simultaneamente com o VII Simpósio de Ressonância Magnética e II Curso de Suporte a Vida em Radiologia (Centro de Simulação Realística) O evento, que tem a frente a equipe do Departamento de Diagnóstico por Imagem definiu os principais temas dos cursos teórico-práticos, como Abdome/Pelve, Enfermagem, Engenharia clinica, Física guiada por RM. Gestão em Imagem, Mama, Músculo esquelético, Neurorradiologia, PE-CT, Pediatria, Raios X – Atualização de Protocolos, Tórax,, Ultrassonografia e Emergências ultrassonográficas. Estão previstos curso prático de pós processamento de Imagem em Radiologia, assim como módulos de Cardio e Neuroimagem. Local: Auditório Moise Safra – Hospital Israelita Albert Einstein Av. Albert Einstein, 627 – 1º andar – Bloco A Informações: www.einstein.br/eventos
Serviços, tecnologias e vendas: agilize seus contatos Oportunidades Medison V10 4D - 2012 - 4 Transdutores R$ 82.000,00 Medison X8 4d - 2011 - 4 Transdutores R$ 59.000,00 Toshiba Nemio XG - 2008 - 3 Transdutores R$ 35.000,00 Mais informações: tel: (019) 98363-5105 com Wilson
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