Interação Diagnóstica #93 Agosto/Setembro 16

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AGOSTO / SETEMBRO DE 2016 - ANO 15 - Nº 93

O impacto da inteligência artificial no futuro dos radiologistas

Menos invasiva e mais ágil, intervenção amplia o papel da imagem

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interesse pela Radiologia Intervencionista aumenta entre os profissionais. A técnica oferece muitas alternativas diagnósticas e terapêuticas e, neste contexto, tem interface com outras especialidades médicas, que requisitam frequentemente o suporte do radiologista intervencionista em diversos casos clínicos. Quem foi ao Congresso da SOBRICE (Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endoscópica), realizado em São Paulo, pode conhecer um pouco mais sobre toda esta evolução. No evento, o ID Interação Diagnóstica conversou com o dr. Ricardo de Paula Pinto, presidente da entidade, dr. Silvio Cavazzola e dr. Joaquim Mattos Leal, sobre o tema e o futuro dessa atividade. Pag. 5

As inovações tecnológicas vêm mudando os fluxos de trabalho e propondo maior interação entre diferentes áreas de conhecimento. Na medicina, as transformações prometem ser profundas e definitivas. Neste contexto, o médico, em especial o radiologista, tem papel central e algumas alternativas para confirmar a relevância do seu papel na promoção da saúde dos pacientes. Nesta edição, o ID Interação Diagnóstica levantou os principais aspectos da questão, tanto sob o ponto de vista das demandas dos pacientes quanto dos desafios para médicos e sistemas de saúde. Você vai conferir ainda a opinião de especialistas sobre o assunto. Em uma entrevista exclusiva, o dr. Conrado Cavalcanti, que é médico radiologista do Hospital Sírio Libanês e coordenador do PADI-CBR (Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem), aprofundou a análise sobre os desafios e perspectivas para a carreira do radiologista. Pags 3, 6, 7 e 8.

CBR’16

CBR16 terá Sergio Moro na abertura

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abertura do 45º Congresso Brasileiro de Radiologia (CBR16), em Curitiba, no dia 13 de outubro, no centro de convenções Expo Unimed, neste ano será diferente. Contará com a presença do Dr. Sergio Moro, juiz federal da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba (PR), especializada em crimes financeiros, de lavagem de dinheiro e crimes praticados por grupos organizados. O juiz é reconhecido nacionalmente por sua atuação na Operação Lava Jato. O Congresso vai tratar de assuntos de grande interesse, com um conteúdo científico atual, foco na Radiologia Abdominal e marcará também e eleição da nova diretoria, em Assembleia Geral, visto que apenas uma chapa se candidatou, liderada pelo prof. Manoel de Souza Rocha, atual diretor científico da entidade. Interessados em participar têm até o dia 23 de setembro para fazer sua inscrição com desconto. Informe-se no www.congressocbr.com.br Pag. 18

PI RADS: um protocolo para alterações prostáticas Trabalho realizado na PUC RS, tendo a frente o dr. Matteo Baldisserotto, e elaborado pela dra. Marcia Oliveira Moraes, para sua tese de mestrado, intitulada Importantes considerações sobre a segunda versão do PI RADS (Prostate Imaging Reporting and DataSystem) é um dos pontos altos do conteúdo do Caderno Application, nesta edição, ao lado de pesquisa sobre Radiação e uma revisão de literatura sobre Tomossíntese. Vale a pena conferir.

Tecnologia e inovação: o papel da mão de obra qualificada Com o objetivo de preparar mão de obra qualificada para atender às carências do mercado de saúde, a GE Healthcare em parceria com o SENAI implantou um programa de ensino que começa a mostrar seus resultados. Em matéria nesta edição, o diretor da GE Healthcare, Daurio Speranzini Jr., fala sobre esse projeto. Pag. 16


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AGO / SET 2016 nº 93

Por Luiz Carlos de Almeida e Sylvia Veronica

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EDITORIAL

O radiologista no centro das transformações tecnológicas

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o mundo digital, os desafios da qualificação, da multidisciplinaridade e de novos modelos de trabalho podem levar a especialidade a um lugar de maior destaque no contexto do atendimento à saúde

que atestam a especialização e, mais recentemente, os programas de acreditação que, ao organizar serviços, reestruturar gestões, criam níveis de exigência para o profissional, que valorizam o seu trabalho e podem refletir na sua remuneração.

“A visão humana é uma das tarefas mais difíceis para computadores e a maior dificuldade dos algoritmos das máquinas em alcançar o desempenho do trabalho humano é justamente não conseguirem explicar porque um objeto foi identificado como anormal”. Esta afirmação, do dr. Eliot Siegel, da Universidade de Maryland, Estados Unidos, no mundo tão digital, pode tranquilizar aqueles que temem pelo futuro do diagnóstico por imagem e, ao mesmo tempo, decepcionar aqueles que acreditam que os aplicativos e demais recursos digitais vão fazer tudo.

Durante décadas, desde que Roentgen descobriu os raios X e Marie Curie implementou a radiologia móvel, o processo de evolução da especialidade acontece em ritmo compatível com a realidade do momento. O médico radiologista era apenas um emissor de laudos, nos porões dos hospitais, hoje está no centro das decisões. Talvez essa realidade modesta e até ambígua, já que a importância do profissional era subestimada, tenha gerado uma postura mais contida do médico da imagem ao longo de décadas. O advento dos demais métodos, CT, RM e o US, vem mudando esta realidade.

O discernimento e a capacidade de decidir são habilidades do cérebro humano, guiado pela visão. Por trás de tudo, a mente avalia, define e conduz. Por trás de um monitor, há sempre uma cabeça pensando. Mas o que parece óbvio está sendo esquecido por muitos.

Agora, o trabalho é em equipe e a imagem tem que estar presente, dar sua parcela de contribuição no diagnóstico, opinar e conduzir raciocínios. O paciente é um ser integral e deve ser visto dentro da multidisciplinaridade, como forma de obter resultados mais precisos e eficientes.

Estas considerações dão uma dimensão das preocupações que assolam a cabeça dos que têm o compromisso de decidir sobre o futuro das instituições, sobre o papel das especialidades, sobre a capacidade do médico e a sua importância, insubstituível, no trato com a doença. Impossível não reconhecer o quanto avançamos, na agilidade do ato diagnóstico, com tecnologias cada vez mais sofisticadas. Mesmo em países com tantas diferenças regionais, como o Brasil e outros tantos, a imagem do diagnóstico corre acelerada, mas, para que isso ocorra, alguém tem de dizer o que contém aquela imagem. Neste contexto, o dr. Siegel mantém a firme defesa de que a Radiologia, como síntese de uma especialidade, é a que mais se beneficia de tudo isso e abre para o profissional que estuda, que se aplica e que se atualiza, uma gama enorme de opções. Instrumentos têm sido criados ao longo dos anos pelas entidades representativas justamente para estabelecer parâmetros, para definir posturas e valorizar a qualidade. São os eventos médicos, com suas possibilidades de atuação, os títulos de especialista, como referenciais

Como será então o futuro do médico radiologista? Como tratar este profissional? Questões como esta percorrem os gabinetes e as salas de laudos de todos que atuam e se interessam no futuro do trabalho médico. Como resolver os conflitos de interesse, a necessidade crescente de atualização, a pressa dos mais jovens e a pouca paciência da geração digital? Muitas dessas respostas são difíceis de encontrar. Uma certeza nos motiva a continuar questionado: é preciso se atualizar continuamente. Nesta edição do ID Interação Diagnóstica, a nossa matéria principal traz uma série de informações a fim de contribuir com esta reflexão tão importante para o futuro da especialidade. Vamos mostrar algumas novidades na área da inteligência artificial que vêm transformando processos e fluxos de trabalho em hospitais e clínicas, e o que revelam pesquisas a respeito das expectativas dos pacientes sobre o trabalho do radiologista. Para estimular a discussão, convidamos especialistas para analisar o papel dos profissionais e demais agentes da área médica diante deste novo contexto. Boa leitura.

CO M U N I C A D O

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O BIMESTRE

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Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

ão Paulo – Padi acredita primeira clínica na capital paulista – Serviço de referência, com 38 anos de história, o Cura Imagem Diagnóstica é a primeira da capital paulista a receber o certificado do Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi) do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). A entrega do documento aconteceu no dia 14 de julho, na sede do CBR, em São Paulo (SP). Esteve presente o radiologista prof. Jacob Szenjfeld, que recebeu o certificado das mãos do presidente, dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, e do coordenador do Padi, dr. Conrado Cavalcanti. “Mais uma grande clínica junta-se ao Padi. Ter um parceiro com tantos anos de história e excelentes serviços prestados à sociedade mostra a força do programa do CBR, que, com certeza, se tornará cada vez maior”, enaltece o dr. Matteoni. “Estamos muito satisfeitos por receber a acreditação do programa. Sentimo-nos

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amadurecidos, percebendo lista, a auditoria interna é que os processos passaram um imenso protetor para a funcionar melhor após a os problemas do dia a dia adoção do Padi”, exalta o prof. de qualquer clínica e tem Jacob, que considera o CBR um direcionamento muito ter seu próprio programa de interessante, pois a verificertificação uma iniciativa cação de erros de procedimuito poderosa e uma intermentos ou de protocolos pretação bastante correta e permite a educação e a avançada das necessidades correção, a melhoria dos da especialidade. “Os doutoprocessos, além de ser uma res Henrique Carrete Junior, retroalimentação positiva. Antonio Carlos Matteoni de Para ele, a realização de Athayde e Conrado Cavalprotocolos bem definidos canti, que são os líderes do e desenvolvidos para o Padi, têm um lugar especial atendimento do paciente “O Padi não é algo passageiro. Veio para ficar”, afirmou o prof. Jacob ao receber o documento. na história da radiologia, tem ajudado sobremaneiação no ensino e na prestação de serviços porque o programa chegou para mudar a ra a gestão das clínicas de Diagnóstico por diagnósticos, a qualidade é fundamental especialidade. Não é algo passageiro. Veio Imagem: “Temos uma variedade enorme de ferramenta de gestão e acredita que os gespara ficar e ser aprimorado.” Referiu-se, tamriscos no cotidiano: identificação, protocolos tores de clínicas estejam se conscientizando bém à equipe de auditores, que considerou errados, emergência, mau atendimento, ende sua importância: “Existe um custo para “ extremamente eficiente, respeitosa com tre outros. Se há um protocolo sistematizado, a clínica, mas seu resultado é evidenciado procedimentos e processos de atendimento”. isso melhora de forma significativa a atuação em várias ações. De acordo com o especiaPara o prof. Jacob, que tem forte atuda clínica”, conclui.

ecife – Evento mostra a força da entidade – Com a participação de 550 inscritos e 80 professores convidados, a XIX Jornada Pernambucana de Radiologia, presidida pela dra. Maria de Fatima Vasco Aragão, e o XXVI Curso de Diagnóstico por Imagem da Mama, coordenado pela dra. Norma Maranhão, mais uma vez mostrou a força da SRPE, uma das filiadas do CBR mais atuantes. Aulas com conteúdo científico e prático de qualidade para a atualização dos profissionais da Radiologia, ministradas por professores brasileiros, e a presença Dras. Maria de Fatima Aragão e Norma Maranhão ladeadas, a partir da esquerda, pelos drs. Scott Atlas (EUA), Antonio C. Matteoni, Antonio Soares e os homenageados, do professor Scott Atlas, da Universidade Manoel Rocha, Antonio Aguiar e Ronaldo Lins. de Stanford (USA), fortaleceram da programação científica. Maranhão pela criação do Curso de Diagnóstico por Imagem Fátima Vasco Aragão, iniciou agradecendo todo o empenho Durante o evento, foi realizada uma festa regional, com da Mama, há 26 anos. Foram homenageados com o título de e ajuda da Comissão Organizadora e Diretoria Executiva, do homenagem ao mestre Vitalino, ceramista e músico. Na soMembro Honorário os radiologistas dr. Antonio Aguiar (PE), Colégio Brasileiro de Radiologia e das empresas patrocinalenidade de abertura, a presidente da SRPE, dra. Maria de dr. Manoel Rocha (SP) e dr. Ronaldo Lins (MG). doras para realização do evento. Agradeceu a dra. Norma


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Por Fernanda Ayres e Luiz Carlos de Almeida (SP)

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PESQUISA & INOVAÇÃO

RM 3,0T no diagnóstico de lesão cerebral em prematuros Estudos realizados com ressonância magnética com campo de 3,0 T em prematuros têm demonstrado uma alta prevalência de hemorragia cerebelar nesses pacientes. Essa descoberta pode ter implicações em relação a parte cognitiva e motora, e abre um amplo espectro de possibilidades para especialistas da área a longo prazo.

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assunto foi tema de apresentação da dra. Mai-Lan Ho, chefe de Neurorradiologia e professora assistente na Universidade da California, San Francisco, no Congresso da RSNA, e abordado no informativo da instituição, onde ela destaca que “um sistema padronizado de pontuação pode ser aplicado para ajudar na classificação da lesão cerebral e previsão de resultados neurológicos”. O tema vem repercutindo, pois, reconhece a especialista, “Há 25 anos se pensava que o cerebelo era responsável apenas pela cordenação motora e equilíbrio. Vários trabalhos relatam déficits cognitivos e psiquiátricos em pacientes com lesões cerebrais congênitas ou adquiridas. Isso é importante para os nossos estudos porque lesão cerebelar em prematuros pode ajudar a explicar sua deficiência cognitiva”, disse a dra. Ho. O diagnóstico de lesão cerebral em prematuros tem progredido com a introdução de novas modalidades de exames de imagem. Estima-se que a incidência de lesões cerebelares ocorria em 10% dos prematuros com o advento da ressonância magnética com campo de 1,5T. Essa proporção saltou para mais de 20% com a utilização de equipamento de 3,0 T. O estudo está em curso e se apoia na experiência de outro grande nome da Neurorradiologia Pediátrica, o prof. A. James Barkovich, da UFSC, e outros pesquisadores, que em análise mais recente identificaram 37% dos lactentes em proporção que se aproxima da prevalência de prejuízo cognitivo nos neonatos prematuros. Em 2012, no evento em que este estudo foi apresentado, o índice de 35% a 40% foi considerado uma

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descoberta siginificativa, e deve-se considerar que até 50% dos prematuros podem ter problemas de desenvolvimento. Outra importante conclusão dos pesquisadores, com base nestes dois estudos, “é que a hemoragia cerebelar está estatisticamente associada à hemorragia intraventricular, mas não com lesão da substância branca ou ventriculomegalia”. A grande questão tem sido saber se é possível a utilização dos estudos de imagem para avaliar os fatores de risco em prematuros associados com o desenvolvimento neurológico. Ao se confirmar a hipótese deste estudo será pos-

sível identificar os pacientes “O cerebelo humano representa 10% do volume de risco precocemente e intracraniano, mas contém aplicar medidas terapêuticas 80% do total de neurônios preventivas. no cérebro”, disse a Dr. MaiO alto volume de admissões na unidade de te-Lan Ho. “Fascinante que a rapia intensiva neonatal na proporção de neurônios entre Universidade da Califórnia o cerebelo e cérebro foi relativamente preservada ao longo torna-a um dos poucos centros mundiais capazes de da evolução, o que realmente investigar este problema. O faz o cerebelo ser um centro grupo é um dos primeiros a Dra. Mai-Lan Ho, da Universiexecutivo superior”. (RSNA dade da California se concentrar no estudo do News – a partir de informações de Paul LaTour). cerebelo, além das lesões cerebrais.


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MATÉRIA DE CAPA

Por Sylvia Veronica e Luiz Carlos de Almeida (SP)

Estreitar a comunicação entre o radiologista e o paciente, um grande desafio No mundo impactado pelas novidades da inteligência artificial, os médicos têm a oportunidade de reencontrar o melhor sentido para a sua função ao se relacionar com os seus pacientes de maneira mais próxima e com comunicação cada vez mais clara e objetiva

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iante das atualizações tecnológicas, a exemplo da computação cognitiva – tecnologia capaz de identificar e correlacionar padrões complexos de dados – e outras soluções de inteligência artificial que vêm provocando transformações em várias áreas do conhecimento, sobretudo na Medicina, o papel dos médicos de diversas especialidades começa a passar por modificações. Por essa razão, entende-se que o profissional deverá estar cada vez mais próximo dos pacientes, aumentando assim a relevância da comunicação objetiva, clara e transparente. Pesquisas sobre as expectativas dos pacientes mostram que as pessoas estão cada vez mais interessadas nesse diálogo. Sendo assim, é preciso investir na gestão médica e implementar modificações que possam preparar os sistemas de saúde para o futuro que já chegou, tornando os serviços mais eficientes, com maior qualidade para os pacientes e rentabilidade para as empresas. Estudo recente da Academic Radiology (Jornal da Association of Univerty Radiologist) sugere que exames de radiologia são, mais do que nunca, um ótimo pretexto para a aproximação e o diálogo entre médicos e pacientes. E que o desafio de fazer com que tal comunicação flua de maneira clara, transparente e eficiente é dos radiologistas. Muitas perguntas surgem quando os pacientes têm acesso aos relatórios antes mesmo do que os médicos, algo que já é realidade também no Brasil, e que essa demanda obriga os médicos a centrar a comunicação no paciente, que é leigo, mas precisa entender o que se passa com a sua saúde. Para investigar o quanto os pacientes estão fazendo uso de seus relatórios de radiologia online, os pesquisadores avaliaram mais de 129 mil pessoas nos Estados Unidos em 2014. Do total, 61.131 tiveram pelo menos um relatório de radiologia disponível, e 31.308 (51,2%) viram tais relatórios. Aqueles que viram os seus resultados de laboratório e notas clínicas eram mais propensos a ver os relatórios de radiologia. Mulheres com 25 a 39 anos de idade e falantes da língua inglesa eram mais propensas a ler os resultados dos exames. O estudo recomendou que os radiologistas precisam estar cientes de que os pacientes frequentemente leem os seus próprios relatórios de exames quando eles estão disponíveis online, o que aumenta a importância da especialidade nos processos médicos.

Ameaça das máquinas? A possibilidade de que as tecnologias de inteligência artificial substituam o trabalho dos radiologistas é previsão de futuro que já foi apontada por alguns, mas, na opinião do dr. Eliot Siegel, da Universidade de Maryland, barreiras técnicas e regulatórias vão impedir que isso aconteça por um longo período. O especialista declarou, durante o Society for Imaging Informatics in Medicine, realizado nos Estados Unidos, que a imaginologia será a última especialidade médica a ser vencida pela inteligência artificial. “Os profissionais não devem temer serem substituídos por computadores, pelo menos em radiologia, tão cedo”, declarou o médico, segundo divulgação do portal especializado em radiologia AuntMinnie.com. E acrescentou que a tecnologia oferece um grande potencial para melhorar a medicina e o diagnóstico por imagem a curto prazo. “Não vejo evidência para sugerir neste momento que haja qualquer mudança fundamental na nossa capacidade de aplicar estas redes no espaço de radiologia para chegar ao ponto em

que possamos substituir as verificações efetuadas pelos radiologistas. A visão humana é uma das tarefas mais difíceis para computadores”, disse Siegel. A maior dificuldade dos algoritmos das máquinas em alcançar o desempenho do trabalho humano é justamente não conseguirem explicar porque um objeto foi identificado como anormal. “Se um computador em 2016 não pode sequer encontrar as glândulas suprarrenais, então como poderiam me substituir como radiologista”, provocou o dr. Siegel. As dificuldades das máquinas não param por aí. De acordo com o dr. Eliot Siegel, “nossos olhos e cérebros evoluíram ao longo de muitos e muitos anos para detectar padrões e que combinam com o nosso conhecimento da medicina, fisiologia, a probabilidade priori da doença, e o reconhecimento das tendências. Além disso, registros médicos eletrônicos têm centenas de dimensões que exigem abordagens diferentes”. O especialista levantou mais aspectos para sustentar a defesa da supremacia dos radiologistas na relação com as máquinas. Ele considerou que, ainda contando com a possibilidade de construção de uma máquina com tais habilidades, o processo de aprovação do seu uso pelos organismos reguladores norte-americanos poderia levar décadas. “E mesmo que um programa fosse tão inteligente para ler livros e artigos de jornal, rever as imagens sobre PACS ou relatórios médicos eletrônicos melhor que os radiologistas, como e por quanto tento deveria ser testado para essa comprovação de superioridade?”. As contribuições da inteligência artificial para aplicações em radiologia, defendeu o médico, serão incrementais. Ele aponta que as máquinas poderão sugerir critérios de seleção para a mamografia e câncer de pulmão, identificação dos pacientes com risco de reações ao contraste e ajuste da dose, transferência dos resultados das estações de trabalho para softwares de reconhecimento de fala, melhoria da eficiência do serviço com diminuição tempos de espera e da qualidade na digitalização, entre outros benefícios.

Watson Saúde, da IBM, tem novos parceiros para ampliar alcance Uma iniciativa para desenvolvimento da inteligência artificial em aplicações de imagem é a plataforma Watson da IBM, que está dando passos no rumo da comercialização. No mês passado, a empresa anunciou, nos Estados Unidos, os seus parceiros, entre eles a Agfa Healthcare, para treinamentos, testes, desenvolvimento e implantação do sistema. O Watson Saúde é composto por equipamentos de imagem e fornecedores de software, sistemas de saúde, centros médicos acadêmicos e prestadores de serviços de radiologia em ambulatório. A colaboração pretende oferecer soluções de computação cognitiva e contribuir para o tratamento do câncer, diabetes, doença ocular, cerebral e cardíaca. O objetivo da criação da plataforma de informações é reunir dados com base na experiência diversificada e compartilhar descobertas para informar como a comunidade médica pode reduzir as ineficiências operacionais e financeiras, melhorar os fluxos de trabalho das equipes e adotar uma abordagem focada no paciente para melhorar os cuidados com a saúde. Anne Le Grand, vice-presidente de imagem da IBM para Watson Saúde, declarou que a intenção é permitir aos parceiros fazer uso da capacidade do Watson para obter insights de dados de imagem não estruturados e que combinam fontes de informação estruturadas, tais como registro eletrônico de saúde de dados e relatórios de radiologia e patologia. Inicialmente, haverá treinamento em uma variedade de ambientes de cuidados ao paciente.

Com a palavra, os especialistas As transformações promovidas pelas novas tecnológicas da inteligência artificial e suas repercussões na gestão da saúde, na valorização profissional e na busca pela acreditação e qualidade dos serviços médicos foram analisadas por especialistas a convite do jornal ID Interação Diagnóstica: “Acredito que os radiologistas devem se reaproximar dos pacientes. Isto passa por contatos antes e após a realização dos exames. O radiologista deve-se colocar à disposição para explicar o exame, suas limitações e potencialidades diagnósticas, bem como eventuais riscos. Precisamos também evoluir na função de consultores dos nossos colegas de outras especialidades no que concerne à escolha do exame radiológico mais adequado para a situação clínica em investigação. O papel dos radiologistas em reuniões multidisciplinares hospitalares, nas quais são decidas as condutas, é relevante. Mais comuns em centros acadêmicos, tais reuniões multidisciplinares progressivamente estão sendo implantadas em serviços hos-

pitalares privados e contribuem para a adoção de condutas padronizadas e mais baseadas em evidências científicas”, Manoel Souza Rocha, diretor clínico do InRad HC FMUSP. “Quanto à outra questão (PONTE PARA O DIÁLOGO ENTRE MÉDICOS E PACIENTES), trata-se da visão de um artigo e uma opinião ainda a ser observada com mais extensão. O radiologista pode e deve orientar seu paciente quanto aos exames que realiza ou que podem ser indicados, bem como discutir com o médico ou equipe, o meio mais apropriado para conduzir a avaliação. Discordo entretanto que este possa ser um meio de fazer o diálogo do médico com o seu paciente. Entendo que esta conexão deveria já estar sempre presente. Esta relação direta é a principal razão da arte médica, cabendo ao radiologista contribuir para esta interação. Na sua ausência, não há ação médica e não deve o radiologista interpor-se para supri-la. Os exames de imagem representam uma parte da investigação que o médico ou a equipe médica estão a efetuar

para conduzir a um diagnóstico que auxilie o paciente. A orientação e conduta devem ser dadas pelo médico titular do paciente, cabendo ao radiologista contribuir para este objetivo, de maneira ética, atualizada e em sintonia com os demais atos médicos. Discordo portanto que possa caber ao radiologista suprir eventual carência no diálogo do médico com seu paciente. Isto é totalmente diferente de colaborar com a ação médica e orientar sobre os meios de sua especialidade que melhor possam auxiliar o paciente”. Nelson Marcio Gomes Caserta, Departamento de Radiologia Unicamp. “De fato, a utilização de uma comunicação pouco clara ou demasiadamente técnica por parte dos médicos causa interpretações errôneas e ansiedade por parte de pacientes e de seus familiares. Atualmente, muitos pacientes têm conhecimento da importância dos exames de imagem para o diagnóstico de doenças, para a definição de tratamentos e prognósticos. É portanto compreensível que eles queiram saber o resultado de seus exames e a evolução dos arquivos eletrônicos e dos portais de internet vieram para facilitar esse acesso. O acesso irrestrito dos pacientes aos laudos de exames, levanta algumas novas questões como qual conteúdo poderia ser incluído ou

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Estreitar a comunicação entre o radiologista e o paciente, um grande desafio CONCLUSÃO

omitido de um laudo, qual a linguagem apropriada e quais seriam as suas implicações éticas e legais. O radiologista deve refletir sobre a qualidade e as implicações da redação de seus laudos, entendendo que esses relatórios podem ser também uma oportunidade de comunicação direta com o paciente”, dr. Rubens Chojiak, diretor do Departamento de Radiologia do ACCamargo Câncer Center. “A comunicação do médico radiologista com o paciente e com o médico atendente ou especialista é objeto de constante questionamento. O paciente e o médico atendente pressionam o médico radiologista em busca de respostas mais rápidas que permitam indicar orientações cirúrgicas e interferências na conduta terapêutica. Se o radiologista ficar

acomodado atrás do monitor, perde oportunidades, como a de se aproximar do paciente, propor protocolos mais específicos, associar as imagens a doenças específicas. O médico atendente tem que lidar com número crescente de imagens e precisa de apoio para interpretá-las e é comum receber as imagens em ambientes inadequados para visualização e interpretação. A leitura dos laudos do radiologista agiliza o atendimento do médico, focaliza melhor o diagnóstico e torna o atendimento mais seguro”, prof. Jacob Szenfeld, titular do Departamento de Radiologia Unifesp. “No Brasil, existem serviços de excelência, serviços intermediários e serviços ruins. O que determina essa diferença é o custeio muito heterogêneo promovido pelos diferentes

compradores dos serviços de radiologia. Aqueles serviços que recebem menos pelos exames tendem a economizar nos custos, mas muitos buscam melhor qualidade na medida do possível, por meio de processos de acreditação. Acredito que as inciativas dos órgãos de classe têm sido eficazes para a melhoria da qualidade da especialidade e a conscientização de seus especialistas. É inevitável atender as exigências de mercado, e principalmente benefíciar os pacientes. É importante, dentro de todo este contexto e dos avanços da especialidade que o profissional da imagem aprimore também o seu relacionamento com o paciente, abrindo espaço para um contato, sempre que necessário. Será melhor para ambos”. Dr. André Scatingo Neto, coordenador do Serviço de Radiologia – INRad HCFMUSP.

A comunicação eficiente é essencial para o futuro da radiologia*

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s avanços da tecnologia têm permitido aperfeiçoar as técnicas que associam a imagem morfológica com os estudos funcionais. Cada vez mais a radiologia estará próxima da medicina nuclear. Na radiologia, o desenvolvimento de novas sequências de ressonância magnética, aprimorando a qualidade das imagens e reduzindo o tempo de aquisição das sequências, é o que se apresenta de mais promissor. Vemos isto nos estudos de tórax, com as novas sequências aproximando a qualidade das imagens pulmonares daquelas obtidas por tomografia computadorizada, que atualmente é o padrão ouro. Outro aspecto a ser considerado são as mudanças potenciais trazidas pela telerradiologia na estruturação dos serviços de imagem, no mercado de trabalho e na contratação de profissionais – com a possibilidade de trabalho em casa, o que reduz os deslocamentos, com consequente melhora na qualidade de vida dos profissionais. Uma dúvida constantemente levantada nos meios acadêmicos é como serão os futuros

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congressos de radiologia ou, mais amplamente, como será o ensino da radiologia nos próximos anos. Lidamos com uma geração altamente informatizada. Como tornar o ensino adequado para essa geração? Aprende-se nos conceitos iniciais de didática que “a mensagem deve ser escrita na linguagem do receptor, e não na do emissor”. Assim, ou aprendemos a “falar” com essa nova geração, ou não conseguiremos mais nos comunicar... Deve ser considerado que tudo isto tem um custo, e muito alto. Este custo, que já é alto para os países ricos, é quase proibitivo para o Brasil, onde ocorre uma divisão social muito preocupante, com apenas a minoria das pessoas tendo acesso a essa tecnologia, enquanto a maioria da população luta para conseguir acesso ao sistema público de saúde, composto basicamente por médicos mal formados, aparelhos sucateados ou desativados, decorrentes de um descaso crônico do poder público, que é generalizado e apartidário, tanto do governo federal como dos estaduais e municipais, com raríssimas exceções.*Prof. Edson Marchiori, Universidade Federal do Rio de Janeiro – titular do Departamento de Radiologia.


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ACREDITAÇÃO

Por Sylvia Veronica (SP)

Valorização profissional pode aproximar radiologistas e pacientes Quais os desafios e as perspectivas para a carreira do radiologista? A questão abre uma grande discussão, principalmente nos momentos de crise, em que os desacertos ficam mais evidentes. As lideranças médicas têm colocado o problema na pauta, procuram caminhos e enfatizam os debates, como aconteceu na JPR 2016, quando o tema “Profissionalismo, Liderança e Gestão em Saúde” foi debatido por profissionais e especialistas do Brasil e dos Estados Unidos.

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m entrevista exclusiva ao jornal ID Interação Diagnóstica, o dr. Conrado Furtado de Albuquerque Cavalcanti, que é médico radiologista do Hospital Sírio Libanês e coordenador do PADI-CBR (Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem), analisa o atual momento da Medicina e os desafios impostos pelas novas tecnologia e a realidade brasileira. As significativas mudanças na Medicina, provocadas sobretudo pelas inovações tecnológicas nos últimos anos, têm impactos em todas as áreas, e na radiologia não é diferente. A relevância da especialidade se mantém, mas os modelos de trabalho passam por transformações. Diante deste contexto, a função do profissional precisa agora ser reavaliada para que a sua imprescindível importância seja reconhecida e integrada aos novos formatos da gestão dos serviços médicos. Nos últimos anos, a radiologia foi ficando mais longe do paciente e, já há algum tempo, por exemplo, os laudos podem ser emitidos à distância com o suporte tecnológico. Se o médico fica afastado do paciente e do médico solicitante, ele perde importância na cadeia de tratamento. Se no passado, os exames de ultrassom e raio-X viraram commodities, o

mesmo pode e está acontecendo com os exanão tem título de especialista, nem residência reconhecida, e isso é preocupante”, lembrou mes de Tomografia e Ressonância Magnética. o especialista. Em várias partes do mundo tenta-se Atualmente, o sistema de saúde no Brasil reverter essa realidade, com a retomada da não está saudável do ponto de vista financeiro. importância do radiologista na cadeia de Por mais que os reajustes concedidos pela cuidados ao paciente. “É uma tarefa bastante ANS às operadoras sejam bem superiores à complexa, no sistema de saúde brasileiro, inflação, a taxa de sinistralidade aumentou. fazer com que o radiologista recupere a imDe um lado, os convênios portância que perdeu. Coe operadoras estão com má nhecimento, boa formação saúde financeira. Do outro profissional e uso racional lado, há uma pressão por dos recursos disponíveis redução, ou ausência de são os caminhos para a reajustes, dos valores dos recuperação”, comentou exames de diagnóstico. o dr. Conrado Cavalcanti. “As margens de lucro esAo avaliar o papel do radiologista nos divertão ficando cada vez mais estreitas, e o sistema tenta sos ambientes do serviço compensar isso com ganho médico, o dr. Conrado em escala. Resumindo, fidestacou que, em alguns hospitais, a interface do escou ruim para convênios e operadoras, e está ruim, já pecialista com o corpo clíhá algum tempo, para nós nico é grande, o que é mais do setor de diagnósticos. difícil ser reproduzido nas Somam-se a isso questões clínicas de imagem, onde regulatórias das agências a troca de informações e Dr. Conrado Cavalcanti, coordenador do PADI/CBR como a ANS e Anvisa, e discussões clínicas entre de projetos de lei no Congresso que podem os médicos solicitantes e os radiologistas são prejudicar muito nosso setor”, analisou o dr. menos frequentes. Em outra análise, para os Conrado. médicos recém-formados, as restrições no núO modelo atual do sistema de saúde, que mero de vagas para radiologistas, por causa da paga conforme o número de procedimentos estagnação do mercado nos últimos nos, torna (fee for service), em algum momento, precisará mais difícil o começo na profissão. ser revisto. O dr. Conrado Cavalcanti salientou A qualidade da formação dos profissioque premia-se apenas a quantidade de procenais é mais um ponto a considerar, diante das elevadas taxas de reprovação nas provas de dimentos, e questões mais importantes, como título de especialista. O título é fundamental qualidade e desfecho clínico, são desprezadas. para a atuação do médico no atendimento aos Diálogos nesse sentido estão começando, pacientes, no ensino e na pesquisa científica. tanto no nível governamental, como no nível É concedido pelo Colégio Brasileiro de Raprivado, onde pode-se citar o exemplo do ICOS (Instituto Coalizão Saúde). Contudo, diologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), as soluções efetivas ainda devam demorar em conjunto com a Associação Médica Braalgum tempo. sileira. “Sabe-se que parte dos profissionais “É preciso passar a premiar a qualidade e que atua na área de diagnóstico por imagem

Benefícios da acreditação passam pela remuneração

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rograma pioneiro do CBR foi reconhecido pela ANS e a aplicação do fator de qualidade terá início em janeiro de 2017. O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) foi reconhecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como entidade acreditadora por meio do Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi) e como gestora de outros programas de qualidade em Mamografia, Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada e Ultrassonografia. O reconhecimento garante que as clínicas acreditadas pelo Padi tenham direito ao melhor índice na aplicação do fator de qualidade definido pela Lei nº 13.003/14 e regulado pela Resolução Normativa nº

364. A partir de janeiro de 2017, o fator passa a valer para as clínicas radiológicas e de diagnóstico por imagem. Autorizado a atuar no estabelecimento de critérios de aferição e controle da qualidade da prestação de serviços na saúde suplementar, o Colégio vai contribuir com a melhoria contínua dos serviços de imagem. O CBR começou a elaborar o seu programa de acreditação em 2013, com o propósito de abordar a qualidade dos processos e dos procedimentos médicos. Mais de cem radiologistas de todo o Brasil participaram do desevolvimento do Padi, que envolveu a pesquisa sobre as experiências de sucesso de outros programas no Brasil e no mundo. Atualmente, mais de 40 clínicas de todo o país estão em processo de acreditação.

o uso racional dos recursos, e não a quantidade. No mundo ideal, o paciente deve realizar os exames realmente necessários, todos eles com qualidade, com segurança, em ambiente adequado, com radiação mínima, por um profissional titulado e por um serviço acreditado. E esse exame deveria ser muito bem remunerado”, resumiu o especialista.

Valor da comunicação São os pacientes que sugerem o papel dos radiologistas nos novos formatos dos serviços médicos a partir das transformações tecnológicas. Entre os diversos estudos sobre o assunto, o mais recente, divulgado pela Academic Radiology e realizado pela Universidade de Washington, revelou que mais da metade dos pacientes que têm acesso aos laudos radiológicos dos seus exames de imagem querem conversar com o radiologista sobre os resultados. Outros estudos também têm mostrado a importância de que as recomendações dos radiologistas em tais laudos sejam observadas pelos médicos solicitantes dos exames. A atuação mais próxima do paciente, a comunicação clara, simples e transparente parece ser portanto o que se espera dos médicos no novo contexto dos serviços de saúde. O dr. Conrado Cavalcanti concorda com a tendência, mas destacou que, para que se torne realidade, é preciso haver modificações no sistema de saúde, na gestão médica e na postura dos profissionais. “Na Europa é mais comum o acesso direto ao radiologista, mas no Brasil essa cultura não existe. Há mercado para esta prática, mas envolve custos que precisam ser observados. Por um lado, o radiologista vai produzir menos, por outro, agrega-se valor ao serviço. Acredito que essa nova postura irá, inclusive, ajudar a reposicionar o radiologista na cadeia de cuidados ao paciente”, pontuou o especialista. A qualidade e a busca pelas acreditações são o caminho para todas as especialidades médicas, seja na radiologia, em especialidades clínicas ou cirúrgicas. O dr. Conrado Cavalcanti defendeu que a qualidade envolve custos, mas a tendência é que, com o tempo, ela passe a ser remunerada. “Qualidade não é apenas a realização do exame em um bom aparelho e por um bom médico. É muito mais do que isso e precisa ser garantida em todas as etapas do atendimento ao paciente, desde o agendamento do exame, até sua entrega. Muitos serviços médicos se inscreveram para obter certificações, mas nem todos têm a maturidade necessária, e podem levar um certo tempo para se adequarem a todas as normativas e critérios. Mas é fato que a cultura da qualidade tem crescido muito no Brasil”, concluiu.


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AGOSTO / SETEMBRO DE 2016 - ANO 15 - Nº 93 Por Sylvia Veronica e Luiz Carlos de Almeida (SP)

MERCADO

Tecnologia da informação impulsiona Carestream no Brasil Apesar do momento difícil da economia brasileira, multinacional comemora bons resultados no mercado local e faz planos para o País. Plataformas digitais para informatizar o trabalho de centros de imagem e hospitais são o seu carro-chefe.

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(Vendor-Neutral Archive, ou “arquivo independente do undada em 2007 para assumir as operao computador apenas para a leitura de exames e a profornecedor”), sistema universal de armazenamento e ções da divisão de saúde da Kodak – então dução de laudos. O Brasil, eu diria, está em algum ponto acesso a dados clínicos que permite que toda a equipe vendida para o grupo canadense Onex no meio disso: a adoção de sistemas departamentais tem médica trabalhe com dados de diversos departamentos, Corporation – a Carestream vem passando sido considerável – ainda vendemos muitos PACS e RIS, em quaisquer formatos, em uma mesma plataforma, fapor uma transformação nos últimos anos. A exclusivamente para os setores de radiologia –, mas muicilitando a tomada de decisão. tas instituições já estão pulando essa etapa direto para a empresa ainda produz filmes radiológicos e equipamentos de radiografia, sua atividade de origem, mas hoje seu Hobert acredita que o surgimento de plataformas os sistemas corporativos e as plataformas de colaboração principal negócio é o desenvolvimento clínica”, analisa o diretor. e a implementação de sistemas de TI Equipamentos (Tecnologia da Informação) para o seApesar do foco em TI, a Carestream tor de diagnóstico por imagem. continua investindo em equipamentos Essa mudança de foco vem rendenpara diagnóstico por imagem. Nesse do resultados animadores no mercado segmento, seus principais produtos são brasileiro, segundo Kevin J. Hobert, os raios-x digitais, nas modalidades CEO da companhia sediada nos EstaCR e DR – incluindo um modelo DR dos Unidos. O diretor executivo esteve portátil. Hobert afirma que, embora os no Brasil em junho, em visita a clientes negócios nessa área no mercado brasilocais, e conversou com o ID sobre os leiro não estejam crescendo no mesmo negócios da empresa no Brasil. ritmo dos sistemas de TI, a empresa vai “Somos uma empresa indepenampliar sua oferta de equipamentos dente há nove anos e, em todo esse no País. tempo, o Brasil tem sido um mercado Um exemplo é um novo aparelho extraordinário para nós”, afirma Hode tomografia computadorizada com bert. “Nos últimos dois a três anos, tem tecnologia cone beam (feixe cônico) sido mais difícil. A desvalorização do dedicado a exames das extremidades Real impactou nossos clientes e o merdo corpo, com indicações em ortopedia cado em geral não tem crescido como e medicina esportiva, por exemplo. antes, mas diante das circunstâncias, Segundo o diretor, o equipamento nossa equipe local vem fazendo um tem benefícios como uma blindagem grande trabalho”, avalia o diretor. Segundo Hobert, as vendas de sis- Roberto Godoy, Kevin Hobert, CEO da Carestream, Klaus Erdbobories e Robert Eisenbraun, na sede da empresa, em que dispensa a necessidade de salas São Paulo. especiais e a possibilidade de operar temas de TI da empresa no Brasil em com aplicação de peso (o que permite que exames de ar2016 devem ter um crescimento de 100% em relação ao mais abrangentes, que integram diferentes sistemas de TI ticulações, por exemplo, sejam feitos com os pacientes em ano passado. Ele atribui esse bom resultado ao fato de que e expandem suas finalidades para além dos serviços de posições mais naturais), além do menor custo em relação a a tecnologia da informação ajuda as instituições médicas a radiologia – envolvendo também o fluxo de trabalho de um tomógrafo de corpo inteiro. Esse equipamento deverá “prestarem seus serviços com maior eficiência e a reduzir outras áreas da instituição médica –, é importante para chegar ao mercado brasileiro no final deste ano. custos”, condições fundamentais para a sobrevivência em promover a maior adoção da tecnologia da informação em Outra novidade é a linha de ultrassom, recémtempos de crise. mercados como o brasileiro, que contempla realidades tão -introduzida no portfólio da Carestream, que aguarda O diretor destaca também o portfólio amplo de distintas em um mesmo país. apenas a conclusão da fase de registro para ser lançada produtos de TI ofertado pela empresa. Além de sistemas “Existem, no mundo, mercados mais desenvolvicomercialmente no Brasil. dos que adotaram a TI em nível departamental há duas PACS e RIS (categorias já bem disseminadas no meio da Atualmente, todos os equipamentos vendidos pela décadas, e hoje estão na terceira ou quarta geração de imagem médica), a Carestream passou a se concentrar Carestream no País são importados, mas Hobert não dessistemas. Mercados como esses, em geral, estão hoje mirecentemente no que chama de full clinical collaboration carta a fabricação local no futuro. “Isso é algo que estamos grando para sistemas corporativos, que cobrem todos os platform (“plataforma completa de colaboração clínica”, discutindo no momento. Estamos analisando o que seria departamentos. Nos países em desenvolvimento, muitos em tradução livre), um conjunto que engloba, além de necessário e como poderíamos colocar isso em prática, mercados nem chegaram ainda a implementar os sistemas PACS/RIS, soluções como portais dedicados aos pamas ainda não temos um planejamento”, afirma o diretor. cientes e aos médicos que solicitam os exames e o VNA departamentais, trabalhando ainda com filmes e utilizando


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REGISTRO

Câncer de mama: região de Bauru avança com a tecnologia digital Com o foco na detecção e na qualidade do diagnóstico, a Clínica Cristina Castro dá mais um passo na busca da excelência no diagnóstico preciso e precoce do câncer de mama instalando um mamógrafo digital de campo total.

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o momento em que comemora o seu sexto ano de existência, a clinica investiu na aquisição do mamógrafo Amulet Inovallity, FUJIFILM, tecnologia que vai beneficiar a região central do estado de São Paulo com diagnósticos precisos. Em entrevista concedida ao ID Interação Diagnóstica, a dra. Cristina Andrea A. C. Castro, especialista em Diagnóstico por Imagem pelo Colégio Brasileiro de Radiologia, comemora o investimento e as expectativas que se abrem para suas pacientes. O novo mamógrafo vem agregar mais qualidade a sua estrutura de trabalho. “Trabalhando com diagnóstico por imagem dedicado à mulher desde 1994, inicialmente com mamografia analógica, posteriormente mamografia digitalizada CR (Fujifilm) e agora com alta tecnologia por meio da recente aquisição do mamógrafo digital direto de campo total, acredito que alcançamos uma importante etapa na qualidade oferecida às nossas pacientes”, declara a médica. Com uma estrutura integrada, a Clínica Cristina Castro conta com exames de ultrassonografia mamária e endovaginal e procedimentos invasivos de mamas orientados por ultrassom e/ou estereotaxia, consolidando sua história centrada na qualidade e no conforto para a paciente. A tecnologia diMais conforto e qualidade para as pacientes. gital direta oferece

alta definição da imagem, possibilita avaliação adequada da mamas densas e das pacientes mais jovens, além de permitir total integração com os sistemas PACS e RIS, arquivamento dos exames e posterior comparação. “As ferramentas como inversão de imagem e ampliação aprimoram a visualização das calcificações e contribuem na avaliação de lesões mamárias sutis”, Dra. Andrea Cristina Castro, em sua enfatiza a medica. clinica em Bauru. Questionada sobre o que a levou a aquisição dessa tecnologia, dra. Cristina Castro cita algumas razões: o equipamento possui detetor de selênio amorfo e conversão direta com padrão hexagonal fechado (HCP) e o uso do AEC inteligente que possibilitam otimizar a dose de radiação para cada tipo de mama, consequentemente reduzindo a exposição da paciente a radiação; alta resolução da imagem para mamas densas e em pacientes mais jovens, sendo o único equipamento do mercado com resolução de 50 microns; e o suporte da empresa fornecedora, FujiFilm, com a qual a médica já trabalha há anos. Para dra. Cristina, o atendimento à mulher exige um ambiente acolhedor e as características de design desse aparelho, como luz indireta e estampa delicada, tornam o ambiente mais humanizado. Os resultados desse investimento já podem ser sentidos, pois o fluxo de exames cresceu, há menor taxa de reconvocação e a alta qualidade da imagem permitem aos profissionais realizarem seu trabalho com satisfação, refletindo o compromisso da Clínica Cristina Castro com a credibilidade dos profissionais que solicitam os exames e a confiança das pacientes, finalizou a médica.

LANÇAMENTO

Sistema inteligente arquiva imagens com foco nas demandas do paciente

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cesso às informações e exames em uma plataforma online integrada garante atendimento rápido e eficaz . Uma nova solução para gerenciamento de imagens foi lançada pela Fujifilm e promete atender com mais eficiência às necessidades do fluxo de trabalho de diversos departamentos. Com o Synapse VNA (Vendor Neutral Archive), os médicos conseguem acessar os resultados dos exames assim que são arquivados, agilizando o atendimento do paciente, e podem compartilhar, em tempo real, exames e prontuários com profissionais de outras unidades hospitalares, para casos de transferência ou emergências. O sistema utiliza um arquivo integrado que não depende de hardware ou fornecedor específico, simplificando o acesso às operações de TI e reduzindo custos com migrações. Seu sistema flexível cataloga os arquivos de imagem e mantém os dados em um modelo focado no paciente, permitindo um único ponto de acesso para EMRs e outros softwares. Todas as informações inseridas são armazenadas em camadas. Com isso, os assuntos mais relevantes ficam prontamente acessíveis. A solução faz backup frequente das informações mais antigas em dispositivos de armazenamento com melhor custo benefício. Ferramenta simula o uso da grade antidifusora e reduz as doses de radiação O processamento de grade virtual que corrige os efeitos de dispersão da radiação nos exames de raios X é a solução oferecida pelo software Virtual Grid, mais um lançamento da FujiFilm. A ferramenta simula o uso da grade antidifusora, item presente em equipamentos fixos de raios X, e melhora o contraste e nitidez das imagens feitas a partir de um aparelho sem a grade. O software foi projetado para intuitivamente reconhecer e reduzir a dispersão da radiação, aperfeiçoando a qualidade da imagem durante a análise clínica.


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Lung Perfusion Blood Volume na avaliação de alterações perfusionais de angiotomografias em dupla energia: ensaio iconográfico

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diagnóstico do tromboembolismo pulmonar agudo está relacionado com a tríade; probabilidade clínica do paciente estar afetado, valores aumentados de dímero-D e associação com a positividade em exames de diagnóstico por imagem, sendo a angiotomografia computadorizada multislice uma das principais ferramentas no diagnóstico do TEP, com uma sensibilidade de 80% e especificidade de 89,5% [WALEN et al., 2014; KALKAN et al., 2015]. A evolução tecnológica dos tomógrafos para a aquisição de imagens em dupla energia logo tornou-se grande possibilidade para uma maior acurácia, com sensibilidade e especificidade de 100% no diagnóstico de tromboembolismo pulmonar agudo [KRASNICKI et al., 2012; THIEME et al., 2012]. Sabendo-se que o espectro de atenuação de fótons de raio-X de diferentes energias é específico para átomos de elementos diferentes, é possível após a aquisição do exame em dupla energia, a identificação de componentes químicos baseada neste espectro. Desta forma é possível identificar a distribuição do iodo no tecido pulmonar, permitindo a avaliação da perfusão no parênquima pulmonar com a construção de mapas de iodo pela ferramenta Lung-Perfusion Blood Volume/Lung-PBV (Figura 1).

Figura 2: TEP oclusivo com defeito perfusional. Angiotomografia das artérias pulmonares de um sujeito de 70 anos do sexo feminino. Em [A] a seta de cor amarela aponta falha de preenchimento sugestiva de tromboembolismo pulmonar agudo em ramos segmentar e subsegmentar da artéria pulmonar direita, confirmada em [I] e [II] pela área com defeito perfusional.

Figura 1: Angiotomografia Computadorizada das artérias pulmonares positiva para TEP. Exame de angiotomografia das artérias pulmonares de paciente de 72 anos do sexo feminino, em [A] a seta de cor amarela aponta falha de preenchimento sugestiva de tromboembolismo pulmonar agudo em ramo subsegmentar posterior da artéria pulmonar direita, confirmada em [B] pela área com hipoperfusão. Na tromboembolia pulmonar espera-se que a oclusão vascular determine uma redução do aporte de sangue para o tecido pulmonar irrigado pela artéria em questão. Isso representaria uma redução na concentração de iodo detectado pela técnica de dupla energia neste tecido. Este achado representaria uma ferramenta auxiliar à detecção de focos de tromboembolismo pulmonar como observado na (Figura 2). Existem entretanto embolos hemáticos nas artérias pulmonares que não determinam oclusão ou mesmo redução luminal significativa nestes vasos. Desta forma teremos tromboembolismos pulmonares oclusivos e determinando defeitos perfusionais e outros não oclusivos estes últimos sem alteração do mapa de perfusão em relação ao restante do parênquima (Figura 3), (Figura 4) e (Figura 5), como tem sido demonstrado em estudos recentes [IKEDA et al., 2014]. Devem ser consideradas também como possíveis falhas na detecção de defeitos perfusionais o fato de existir a circulação colateral sistêmica brônquica que irriga as áreas de oclusão tromboembólicas arterial pulmonar, como demonstrado em estudo recente [KOIKE et al., 2014], onde não foi identificado defeito perfusional pela Angiotomografia Computadorizada em dupla energia (TCDE) e que havia defeito perfusional ao método de SPECT/CT V/Q decorrente da utilização de radiofármaco com estrutura de macroagregados que ficam restritos na circulação pulmonar. Tal limitação pode ser contornada por um controle mais rígido do tempo de aquisição, desta forma evitando contaminação significativa da circulação sistêmica pelo contraste iodado.

Figura 3: TEP não oclusivo sem defeito perfusional. Angiotomografia das artérias pulmonares de um sujeito de 70 anos do sexo feminino. Em [A] a seta de cor azul aponta falha de preenchimento sugestiva de tromboembolismo pulmonar agudo de caráter não-oclusivo em ramo subsegmentar da artéria pulmonar direita, sem defeito perfusional [B].

CONTINUA


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Lung Perfusion Blood Volume na avaliação de alterações perfusionais de angiotomografias em dupla energia: ensaio iconográfico CONCLUSÃO

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A presença de artefatos como as áreas de consolidação acabam dificultando a análise das áreas de falha de enchimento sugestivas de TEP bem como das alterações perfusionais (Figura 6).

Figura 4: TEP não oclusivo sem defeito perfusional. Angiotomografia das artérias pulmonares do sujeito de 70 anos do sexo feminino, ilustrado na figura anterior. Em [A] as setas de cor azul apontam falhas de preenchimento sugestiva de tromboembolismo pulmonar agudo de caráter não oclusivo em outro ramo subsegmentar e em ramo do tronco basal da artéria pulmonar direita, sem defeito perfusional em [B].

Figura 6: Artefatos na análise Lung-PBV. Exame de angiotomografia das artérias pulmonares de um sujeito de 44 anos do sexo masculino. Os artefatos de hipoperfusão nas bases posteriores em [B] são decorrentes da limitação da análise perfusional nas opacidades e consolidações pulmonares basais posteriores, retratados pelos círculos de cor amarela na imagem [A]. A TCDE permanece como o principal exame de imagem para diagnóstico de TEP, agora contando com uma ferramenta valiosa de análise que mostrou-se útil para ajudar a identificar trombos oclusivos em ramos pequenos. A expectativa futura também é que a ferramenta de o Lung-PBV possa dar informações sobre eventual potencial de sofrimento do tecido pulmonar ou mesmo representar de forma mais precisa o comprometimento das trocas gasosas.

Referência Bibliográfica Ikeda, Y., Yoshimura, N., Hori, Y., Horii, Y., Ishikawa, H., Yamazaki, M., Neto, Y., Aoyama, H. Analysis of decrease in lung perfusion blood volume with occlusive and non-occlusive pulmonary embolisms. European journal of radiology. 2014; 83(12):2260-2267. Kalkan, A. K., Ozturk, D., Erturk, M., Kalkan, M. E., Cakmak, H. A., Oner, E., Uzun, F., Tasbulak, O., Yakisan, T., Celik, A. The diagnostic value of serum copeptin levels in an acute pulmonary embolism. Cardiology journal. 2013. Koike, H., Sueyoshi, E., Nagayama, H., Ashizawa, K., Sakamoto, I., Uetani, M., Kudo, T., Ikeda, S. Discrepancy between Dual-Energy Computed Tomography Lung Perfusion Blood Volume and Lung Perfusion Single-Photon Emission Computed Tomography/Computed Tomography Images in Pulmonary Embolism. American journal of respiratory and critical care medicine. 2014; 189(12):71-72.

Figura 5: TEP não oclusivo sem defeito perfusional em plano coronal. Angiotomografia das artérias pulmonares do sujeito de 70 anos do sexo feminino, ilustrado nas figuras 3 e 4. Em [A] a seta de cor azul aponta falhas de preenchimento sugestiva de tromboembolismo pulmonar agudo de caráter não-oclusivo em segmento apical, sem defeito perfusional em [B].

Kraśnicki, T., Podgórski, P., Guzi ski, M., Czarnecka, A., Tupikowski, K., Garcarek, J., Marek, S. M. Novel clinical applications of dual energy computed tomography. Advances in clinical and experimental medicine: official organ Wroclaw Medical University. 2011; 21(6):831-841. Thieme, S. F., Graute, V., Nikolaou, K., Maxien, D., Reiser, M. F., Hacker, M., Johnson, T. R. C. Dual energy CT lung perfusion imaging—correlation with SPECT/CT. European journal of radiology. 2012; 81(2):360-365. Walen, S., Leijstra, M. A., Uil, S. M., Boomsma, M. F., van den Berg, J. W. K. Diagnostic yield of CT thorax angiography in patients suspected of pulmonary embolism: independent predictors and protocol adherence. Insights into imaging. 2014; 5(2):231-236.

Autores Eduardo Dib Souza Santos Jerez Pâmela Bertolazzi Paula Caparroz Lúcio Saulo de Tarso Oliveira Cantoni Fernando Freitas Oliveira Giovanni Guido Cerri Residência em Área Profissional da Saúde Biomedicina no Diagnóstico por Imagem da Sociedade Beneficente de Senhoras Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, São Paulo, Brasil


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Importantes considerações sobre a segunda versão do PI-RADS

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esde o surgimento do BI-RADS (Breast Imaging and Reporting Archiving Data System) nos anos 90, várias têm sido as tentativas de replicar o sucesso alcançado por ele em outras áreas do estudo da imagem. Em 2012 foi lançada a primeira versão do “Prostate Imaging Reporting and Data System” (PI-RADS), cujo objetivo era padronizar os protocolos de ressonância magnética da próstata, bem como os laudos e termos utilizados para a sua descrição. A ausência de padronização dos protocolos utilizados, e as inúmeras formas de interpretação e descrição dos achados, representavam os principais motivos pelos quais a Ressonância Magnética Multiparamétrica (RMmp) ainda não havia sido incorporada na prática diária do Câncer de Próstata. A experiência demonstrou algumas limitações da primeira versão do PI-RADS. Foram utilizadas várias abordagens em relação à combinação dos escores de cada sequência da Ressonância Magnética Multiparamétrica, contribuindo para uma variação na performance do PI-RADS, que em combinação com os avanços da tecnologia, bem como com as mudanças na prática clínica, levaram o American College of Radiology (ACR), European Society of Urogenital Radiology (ESUR), e o AdMeTech Foundation’s International Prostate MRI Working Group a formarem um comitê para discutir e fundamentar os parâmetros do PI-RADS, com o objetivo de reduzir a variabilidade na interpretação de imagens, melhorar a comunicação com os médicos da assistência e permitir uma padronização da coleta de dados para monitorização de resultados, o que finalmente originou o lançamento da segunda versão em 2014(1,2).

A

B

C

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Os principais objetivos da segunda versão do PI-RADS (PI-RADS v2) são estabelecer “guidelines” para padronizar: A. Parâmetros técnicos minimamente aceitáveis para a RMmp B. Terminologia e conteúdo dos laudos da RMmp C. Categorias de avaliação com níveis de suspeição ou risco de Câncer de Próstata clinicamente significativo

A. Parâmetros Técnicos minimamente aceitáveis para a RMmp: -

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As imagens de Ressonância Magnética da Próstata devem ser adquiridas em aparelho de 3 Tesla ou 1,5 Tesla. Não é recomendado utilizar aparelhos com campo magnético inferior a 1,5 Tesla na avaliação do câncer de próstata. A utilização da bobina endoretal não está bem estabelecida, não havendo evidências que justifiquem a sua utilização frente ao desconforto causado aos pacientes. A Espectroscopia de Prótons não é recomendada na nova versão do PI-RADS, pois não foram observados dados que justificassem o tempo necessário para sua realização. A repetição das sequências cuja qualidade de imagem está comprometida por artefatos de imagem ou outras razões é fundamental. As imagens da sequência ponderada em T2 devem apresentar a maior qualidade possível, face a sua importância na detecção dos cânceres clinicamente significativos, especialmente na Zona de Transição (Figura 1). Protocolo recomendado e principais orientações em cada sequência realizada:

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1. Sequência ponderada em T1: Determinar a presença de conteúdo hemático na próstata e vesículas seminais, que pode estar relacionado a realização de biópsias previas, e pode ser fonte de confusão na interpretação das imagens. Delimitar os contornos da próstata e integridade da gordura adjacente. Identificar metástases linfonodais e esqueléticas no campo avaliado.

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2. Sequência ponderada em T2: Diferenciar a anatomia prostática zonal. Pesquisar alterações focais, principalmente na Zona de Transição. Avaliar a presença de invasão das vesículas seminais e extensão extraprostática. Definir o volume da próstata.

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3. Imagens ponderadas em Difusão: Avaliar a presença de lesões suspeitas para o câncer de próstata clinicamente significativo, principalmente na Zona Periférica, utilizando-se altos valores de b (> 1400 s/mm2). Obter os mapas de ADC (Apparent Diffusion Coefficient) que auxiliam na identificação das áreas de restrição à difusão e cujo valor medido em uma tumoração focal está inversamente relacionado ao Grau de Gleason, ou seja, quanto menor o valor de ADC encontrado, maior o Grau de Gleason no estudo anatomopatológico. 4. Estudo contrastado Dinâmico / Perfusão:

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Auxiliar na detecção das causas não malignas de aumento do PSA, como os processos inflamatórios e/ou infecciosos, devendo ser incluído em todos os exames de RMmp da próstata, apesar de agregar pouca informação à combinação T2 + DWi na detecção do câncer prostático. Devem ser obtidas imagens ponderadas em T1 antes, durante e após a administração do meio de contraste endovenoso (Gadolínio). O pós-processamento com subtração poderá auxiliar na avaliação das imagens.

B. Terminologia e conteúdo dos laudos da RMmp O PI-RADS v2 é baseado em uma escala de avaliação de 5 pontos de acordo com a probabilidade dos achados da RMmp estarem relacionados a presença de Câncer de Próstata clinicamente significantivo, o que corresponde a um câncer com Gleason > 7 e volume > 0,5ml, e/ou sinais de extensão extraprostática. Dados clínicos como o PSA sérico recente e história pessoal de evolução do PSA, dados e resultados da biopsia de próstata com o escore de Gleason, bem como resultado do Toque Retal (TR), realização de terapia prostática prévia e dados de historia familiar, devem estar disponíveis ao radiologista no momento da interpretação das imagens. Apesar disto, o PI-RADS v2 não incorpora as características clínicas em seu escore e não informa diretamente o tratamento de escolha para o câncer diagnosticado(2).

Figura 1: RMmp com cortes axiais no terço médio da próstata, evidenciando-se na sequência ponderada em T2 (A), nódulo hipointenso localizado no segmento posterolateral direito da Zona Periferica, exibindo impregnação precoce no estudo dinâmico e mapa colorido (B e C), com importante restrição a difusão, caracterizada por alto sinal na sequência com alto valor de b (D), baixo sinal no mapa de ADC (E) e alto sinal na sequência exponencial (F).

Tabela 1: Diferenças entre as versões 1 e 2 do PI-RADS PI-RADS v1

PI-RADS v2

1. Escore de 3 a 15 para as sequências T2, 1. Escore de 1 a 5 baseado na sequência dominante DWi e DCE; ou 3 a 20 se incluída a MRSi (Zona Periférica = Dwi e Zona de Transição = T2) 2. Relevância do DCE igual as demais sequências (5 pontos)

2. Função secundária do DCE (positivo ou negativo)

3. DWi – ADC é fundamental 3. DWi – imagens com alto valor de b (b > 1400) e ADC são fundamentais 4. Mapa setorial com 27 segmentos

4. Mapa setorial com 39 segmentos

5. MRSi pode ser incluída

5. MRSi não é incluída

6. Dimensões não são utilizadas 6. Dimensões maiores do que 15mm são utilizadas em T2 e Dwi para separar os escores 4 e 5. ADC  =  ”apparent diffusion coefficient “ (coeficiente de difusão aparente); DCE  =  ”dynamic contrast-enhanced imaging” (Estudo contrastado dinâmico/perfusão); DWI = “diffusion weighted imaging” (Imagens ponderadas em difusão); MRSI  =  ”magnetic resonance spectroscopic imaging” (Espectroscopia de prótons); PI-RADS  =  ”Prostate Imaging and Reporting and Data System”; T2W  =  ”T2-weighted imaging” (Imagens ponderadas em T2); v  =  ”version” (versão) (2).

A maior diferença entre a primeira e a segunda versões do PI-RADS encontra-se no fato de que na versão anterior os escores eram somados, enquanto na versão atualizada os escores são aplicados sequencialmente. Também na versão atual, diferentemente da anterior, são ressaltadas as sequências de maior importância para cada zona anatômica, sendo a sequência de difusão (DWi) a referência para a avaliação da Zona Periférica e a sequência ponderada em T2 para a Zona de transição (Tabela 1) ((1–3). Na avaliação da Zona periférica, a sequência ponderada em T2 não modifica o escore definido pela DWi, e o estudo dinâmico (DCE) não influencia na classificação dos achados com baixa (PI-RADS 1 e 2) e alta (PI-RADS 4 e 5) probabilidade de Câncer de Próstata (CaP) clinicamente significativo, mas apenas naqueles com achados intermediários ou incertos (PI-RADS 3), cuja ausência de impregnação (DCE negativo) mantém a classificação prévia, contudo a presença de impregnação (DCE positivo) modifica a classificação de 3 para PI-RADS 4 .

CONTINUA


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Importantes considerações sobre a segunda versão do PI-RADS CONCLUSÃO Processo semelhante deve ser realizado na avaliação da Zona de Transição, onde a presença ou ausência de impregnação não é capaz de modificar o escore definido pela sequência T2, assim também como o escore da sequência de difusão (DWi), quando este estiver classificado entre 1 e 4. Porém, se o escore da DWi for classificado na categoria 5, o escore total deverá ser modificado de 3 para PI-RADS 4. Outra importante diferença entre as versões do PI-RADS e que merece ser comentada, é a utilização das dimensões da lesão, não incluída na primeira versão. A medida de 1,5cm é utilizada na versão atual para separar as Categoria 4 e 5 nas Zonas Periférica e de Transição.

DWi

1 1 - 5 2 1 - 5 1 - 5 3 4 1 - 5 5 1 - 5

C. Categorias de avaliação da RMmp com níveis de suspeição ou risco do Câncer de Próstata clinicamente significativo: A classificação do PI-RADS v2 de acordo com os achados da RMmp para a suspeita de Câncer de Próstata clinicamente significativo, isto é, câncer com Gleason > 7 e volume > 0,5ml, e/ou sinais de extensão extraprostática, está baseada nos achados de imagem identificados nas sequências de maior importância para cada zona anatômica. A partir desta primeira avaliação, as demais sequências devem ser avaliadas e as devidas modificações devem ser realizadas no PI-RADS final, lembrando que não mais se realiza o somatório das sequências e sim uma combinação entre as categorias.

ZONA PERIFÉRICA T2 DCE PI-RADS 1 - 5 1 - 5 - + 1 - 5 1 - 5

1 2 3 4 4 5

a = anterior; AFS = estroma fibromuscular anterior; CZ = zona central; L = esquerda; p = posterior; pl = posterolateral; pm = posteromedial; PZ = zona periferica; R = direita; TZ = zona de transição; US = esfincter uretal.

Tabela 2: Padronização das variáveis na zona periférica da próstata, na sequência ponderada em T2 da RMmp, de acordo com o PI-RADS v2. 1 2 3 4 5

Sinal hiperintenso e homogêneo Hipointensidade linear ou “wedge-shape” ou hipointensidade moderada difusa, usualmente com margens indistintas Intensidade de sinal heterogênea, ou não circunscrita, arredondada, hipointensida de moderada. Outros não classificados como 2,4 ou 5 Foco/massa moderadamente hipointenso, homogêneo, circunscrito, confinado a próstata, menor que 1,5cm no maior diâmetro Semelhante ao anterior porém maior ou igual a 1,5cm na maior dimensão ou extensão extra-prostática definida/comportamento invasivo

Figura 1: Modelo de setorização da próstata proposto pelo PI-RADS v2. American College of Radiology.

- - -

Tabela 3: Padronização das variáveis na zona de transição da próstata, na sequência ponderada em T2 da RMmp, de acordo com o PI-RADS v2. ESCORE

ZONA DE TRANSIÇÃO

1 2 3 4 5

Sinal intermediário homogêneo Nódulo encapsulado, circunscrito, hipointenso ou heterogêneo (HPB) Sinal heterogêneo com margens obscurecidas Outros não classificados como 2, 4 ou 5 Área moderadamente hipointensa, homogênea, lenticular ou não-circunscrita e menor que 1,5cm no maior diâmetro Semelhante ao 4 porém maior ou igual a 1,5cm no maior diâmetro ou extensão extra prostatica definida/comportamento invasivo.

Tabela 4: Padronização das variáveis nas zonas de transição e periférica da próstata, na sequência ponderada em DWi e mapa de RMmp, de acordo com o PI-RADS v2. ESCORE

ZONA PERIFÉRICA E ZONA DE TRANSIÇÃO

1 2 3 4 5

DWi e ADC normais Hipointensidade indistinta no ADC Leve/moderada hipointensidade focal no ADC e isointensa/levemente hiperintenso em alto valor de b (DWi) Marcada hipointensidade focal no ADC e hiperintensidade em alto valor de b (DWi); menor que 1,5cm no maior diâmetro Semelhante ao 4 porém maior ou igual a 1,5cm no maior diâmetro, ou extensão extra prostática definida/comportamento invasivo.

Referência Bibliográfica

1 2 3 4 4 5

Deve ser assinalada em um mapa setorial a localização de até quatro lesões intra-prostáticas vistas na RMmp e categorizadas como PI-RADS 3, 4 e 5, devendo-se ainda identificar a lesão index, que corresponde a lesão com o maior PI-RADS ou a lesão com maior dimensão, no caso de todas as lesões apresentarem a mesma categoria PI-RADS.

Os achados da RMmp da próstata devem ser avaliados e graduados de acordo com as características de imagem. A localização da lesão identificada na próstata deve ser a primeira observação a ser realizada, determinando-se a partir desta, a sequência de imagem dominante (Difusão para a Zona Periférica e T2 para a Zona de Transição). O escore final será obtido a partir da avaliação da sequência dominante e demais sequências (Tabelas 2-6).

ZONA PERIFÉRICA

1 - 5 1 - 5 1 - 5 1 - 5 < 4 1 - 5 5 1 - 5 1 - 5 1 - 5 1 - 5

Tabela 6: Esquema de categorização dos achados na Zona de Transição, de acordo com as sequências da RMmp, padronizados pelo PI-RADS v2.

A classificação em 5 categorias do PI-RADS v2 deve ser interpretada da seguinte forma: 1 Muito baixa probabilidade do câncer de próstata clinicamente significativo estar presente. 2 Baixa probabilidade do câncer de próstata clinicamente significativo estar presente. 3 Intermediária probabilidade do câncer de próstata clinicamente significativo estar presente (presença incerta/indeterminada). 4 Alta probabilidade do câncer de próstata clinicamente significativo estar presente. 5 Muito alta probabilidade do câncer de próstata clinicamente significativo estar presente.

ESCORE

ZONA DE TRANSIÇÃO T2 DWi DCE PI-RADS

1 2 3 4 5

Tabela 5: Esquema de categorização dos achados na Zona Periferica, de acordo com as sequencias da RMmp e padronizados pelo PI PI-RADS v2.

-

-

- -

As seguintes regras para a medida da lesão são recomendadas: Medir a maior dimensão de uma lesão suspeita no plano axial. Caso a lesão suspeita apresente uma medida maior em outro plano, registrar a medida e o plano de imagem. Medir as lesões da Zona Periférica no ADC e da Zona de Transição no T2, caso não seja possível, medir na sequência que melhor demonstre a lesão, indicando a sequência utilizada, número da imagem ou série. Recomendações na aplicação clínica: Biópsias devem ser consideradas para as classificações PI-RADS 4 ou 5, contudo, na presença de uma RMmp negativa, ou seja, sem evidencias de lesões classificadas como PI-RADS > 3, caso permaneça a alta suspeição clínica, deve ser realizada a biópsia sistemática. Para as lesões classificadas como PI-RADS 3, outros fatores clínicos devem ser avaliados, como por exemplo a densidade do PSA. Na presença de uma fraca suspeita de um CaP clinicamente significativo (densidade do PSA < 0,15), repetir a RMmp após 9-12 meses, pode ser a conduta a considerar, diferentemente dos casos onde há uma forte suspeita de um CaP clinicamente significativo (densidade do PSA > 0,20), onde uma biópsia sextante com fragmentos adicionais direcionados a lesão, deve ser realizada. Os radiologistas devem ser treinados para o uso do PI-RADS v2, pois mesmo para os radiologistas mais experientes, é um desafio começar o uso do escore. O estudo da correlação da imagem com o histopatológico auxiliará o radiologista a aumentar a acurácia na aplicação do PI-RADS v2.

O PI-RADS v2 é uma importante contribuição para a padronização da RMmp, pois acredita-se que ele auxiliará no aumento da detecção precoce e localização do CaP clinicamente significativo, bem como na redução do sobrediagnóstico do CaP indolente(2,3). A RMmp padronizada pelo PI-RADS v2 deverá tornar-se uma excelente ferramenta na avaliação da próstata, reduzindo assim o número de falso negativos quando realizada previamente à biopsia, e auxiliando na decisão da conduta terapêutica quando utilizada para o estadiamento. É altamente recomendada a utilização do PI-RADS v2 na prática clínica, o que poderá originar dados e experiências relevantes, bem como apontar falhas, para que em conjunto, novas considerações possam ser incorporadas nas futuras versões do PI-RADS.

Autores

1. PI-RADS TM Prostate Imaging – Reporting and Data System. 2015; 2. Barrett T, Turkbey B, Choyke PL. PI-RADS version 2: What you need to know. Vol. 70, Clinical Radiology. 2015. p. 1165–76. 3. Kasel-Seibert M, Lehmann T, Aschenbach R, Guettler F V., Abubrig M, Grimm MO, et al. Assessment of PI-RADS v2 for the Detection of Prostate Cancer. Eur J Radiol. 2016;85(4):726–31. 4. Baldisserotto M, Neto EJD, Carvalhal G, Toledo AF De, Almeida CM De, Cairoli CED, et al. Validation of PI-RADS v . 2 for Prostate Cancer Diagnosis With MRI at 3T Using Coil, External Phased-array. J MAGN Reson IMAGING. 2016;3–8.

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Márcia Oliveira Moraes Médica Radiologista. Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Matteo Baldisserotto Médico Radiologista, Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. Professor Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul


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REVISÃO DE LITERATURA

Detecção de distorção arquitetural por Tomossíntese mamária: algoritmo de manejo com Correlação Radiológica-Patológica

A

tomossíntese mamária tem demonstrado seu potencial de reduzir o número de rechamadas (recall) nos estados Unidos e Europa, com o aumento concomitante na detecção de câncer, quando usada junto com a mamografia bidimensional (2D). Esse duplo benefício é alcançado devido a habilidade da tomossíntese de evidenciar os achados em tecidos sobrepostos. A distorção arquitetural demonstrou ser a terceira anormalidade mamográfica menos detectada em estudos 2D falso-negativos. Esse artigo esclarece o uso prático de tomossíntese na avaliação da distorção arquitetural, identifica seus desafios potenciais e propõe um algoritmo para o manejo da distorção arquitetural detectada pela tomossíntese.

Tomossíntese Digital Mamária: - Tomossíntese e imagens mamográficas 2D podem ser adquiridas durante uma única compressão mamária, com séries de projeções de tomossíntese de baixa dose obtida quando o tubo de RX gira através de um arco, seguida pela aquisição de imagens 2D. As imagens projetadas são reconstruídas para criar um conjunto de imagem 3D. São realizadas secções de 1mm o que reduz a sobreposição de tecidos e melhora a visualização das anormalidades mamográficas. A realização de tomossíntese foi aprovada pela US Food and Drug Administration, em conjunto com a mamografia 2D. - Apesar da dose para realizar mamografia 2D e tomossíntese em conjunto seja maior que a da mamografia sozinha, ela ainda está abaixo dos limites de segurança da FDA de 3mGy. - Nossa instituição oferece tomossíntese para todos os pacientes que se apresentam para tomografia de screening. - Nós rotineiramente utilizamos tomossíntese com mamografia 2D para screening se mais que 4 incidências são necessárias, incluindo em mulheres com mamas grandes ou com implantes de silicone.

Considerações Clínicas e Diagnóstico Diferencial: A distorção arquitetural pode ser um achado sutil em mamografia convencional, principalmente em mamas densas. A análise retrospectiva de mamografias 2D mostra que 12 a 45 % dos cânceres não diagnosticados eram áreas de distorção arquitetural.

com e/ou o potencial para desenvolver câncer é incerto. A cicatriz radial detectada por tomossíntese demonstrou associação com malignidade em uma taxa de 29%. Cicatrizes pós-procedimento de biópsias, nodulectomia e mamoplastias redutoras podem se manifestar como distorção arquitetural. Porém, esses tipos de distorções se estabilizam ou regridem com o tempo. Outras causas benignas de distorção são a necrose gordurosa e a adenose esclerosante.

Aplicações na clínica prática - A tomossíntese reduz o ruído das estruturas (limitação da mamografia 2D) e facilita a identificação das estruturas, inclusive as distorções arquiteturais. - em pequeno estudo recente, a tomossíntese identificou mais rapidamente as distorções que a mamografia, com 73% das distorções evidenciadas apenas na tomossintese, e 21% dessas (mamograficamente ocultas) correspondiam a câncer. - a inspeção cuidadosa das distorções na tomossíntese pode revelar uma massa mamograficamente oculta (a mamografia mostra apenas a “ponta do iceberg”). - em alguns casos a distorção pode ser vista em apenas uma incidência mamográfica. Na tomossíntese, ela aparece em alguns cortes tomomográficos e pode ser identificada tridimensionalmente (barra de localização). - a tomossíntese desfaz a sobreposição de tecidos, desse modo as interfaces entre gordura e tecido ou cistos adjacentes são percebidos mais facilmente, orientando o ultrassom complementar e a biópsia guiada por ecografia. - Se uma distorção arquitetural é identificada, é importante correlacionar os achados com a história clínica e exames anteriores. Na ausência de biópsia prévia ou procedimento cirúrgico na área, é necessário avaliação adicional da distorção. - É importante estar ciente que distorções sutis podem mimetizar tecido fibroglandular normal em incidências compressivas, pois alguns cânceres podem se “desfazer” na imagem mediante compressão. - Em muitos casos, a tomossíntese demonstra com tanta clareza as distorções que incidências complementares não são necessárias. - Distorções arquiteturais mamograficamente suspeitas devem ser avaliadas com ultrassom. Se tiverem um correspondente ecográfico, a biópsia deverá ser feita. O valor preditivo positivo para malignidade é de 10,2% - 47%(maior valor quando detectadas por tomossíntese).

A tomossíntese pode demonstrar melhor a distorção arquitetural comparada a mamografia 2D, especialmente em mamas densas. Cicatriz radial e lesões complexas esclerosantes são consideradas patologicamente benignas, mas tipicamente se manifestam como distorção arquitetural. Geralmente descobertas incidentalmente, essas desordens não estão relacionadas a trauma ou a cirurgia. A decisão sobre acompanhar ou retirar essas lesões é controversa, pois a associação

- Se o achado ecográfico tem uma correlação vaga, um marcador deve ser colocado sobre o local do achado e incidências mamográficas adicionais devem ser obtidas, para confirmar a correlação. Imagens mamográficas pós-biópsia com marcador confirmam a correlação das lesões vistas na mamografia e US.

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Detecção de Distorção Arquitetural por Tomossíntese mamária: Algoritmo de Manejo com Correlação Radiológica-Patológica CONCLUSÃO - Em alguns casos de distorções, não se encontra um correspondente ecográfico. Nesses casos, pode-se indicar biópsia por estereotaxia guiada por tomossíntese ou biópsia por estereotaxia convencional. - Em alguns casos, as distorções podem ser questionáveis (vistas em uma só incidência, sutis ou obscurecidas por tecido denso). Na ausência de um correspondente ecográfico, a Ressonância Magnética pode ser considerada para caracterização adicional. Se houver uma área correspondente com captação na ressonância, a distorção poderá ser confirmada. Pode se realizar biópsia guiada por ressonância (com imagens mamográficas com marcador pós-biópsia para confirmar). - Como em todas as biópsias, a imagem e os achados histopatológicos precisam ser comparados para assegurar concordância. - Se os achados imagenológicos não sustentam um diagnóstico de malignidade, causas benignas como cicatriz radial, lesão complexa esclerosante e necrose gordurosa podem ser consideradas concordantes. Se houver qualquer discordância entre imagem e histologia, a excisão cirúrgica é prudente.

X

Desafios Potenciais: Se uma distorção arquitetural na tomossíntese não tem correspondente ecográfico ou na ressonância, o que fazer? - localização com agulhamento guiado por tomossíntese; - biópsia estereotáxica guiada por tomossíntese;

Ou

- tomossíntese de controle em curto intervalo de tempo.

Conclusão: As distorções arquiteturais são sempre melhor caracterizadas por tomossíntese. O diagnóstico diferencial dessas distorções é variável e inclui entidades benignas como cicatriz radial ou outras alterações proliferativas, bem como carcinoma ductal e carcinoma lobular invasivos. A investigação deve ser realizada no sentido de caracterizar bem a lesão, o que envolve outras modalidades diagnósticas como US e RM . E em alguns casos, a investigação inclui biópsia estereotáxica, biópsia guiada por tomossíntese ou agulhamento guiado por tomossíntese.

Autores Renata Brutti Berni (x) Radiá dos Santos Mamorad RS Revisão de literatura: Departamento Radiologia da Universidade de Yale Radiographics 2016; 36: 311 – 321

Nota da redação (x) Revisão de artigo realizada por Renata Brutti Berni, especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem (MEC e CBR), médica radiologista da Mamorad/ RS e Radiá dos Santos, especialista em Radiologia e Mastologia, Doutora em Radiologia, membro da Comissão de Qualificação em Mamografia do CBR e Presidente da Comissão de Ultrassom da sociedade Brasileira de Mastologia, diretora médica da Mamorad/ RS. As ilustrações são referentes a casos da clínica Mamorad/ RS


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Tomografia Computadorizada e o Estudo das Radiações Ionizantes

A

tomografia computadorizada (TC) é um método de diagnóstico por imagem eficaz, reprodutível, de baixo custo quando comparada com métodos avançados como a ressonância magnética (RM) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que se difundiu mundialmente. Entretanto, estudos demostram que a TC é capaz de expor o paciente cerca de 100 vezes mais à radiação ionizante do que a radiografia convencional. Os efeitos biológicos como câncer, radiodermatite, leucemia, catarata, mutações genéticas e morte celular são eventos indesejáveis que pacientes expostos podem desenvolver. Alguns parâmetros técnicos como a adequações dos protocolos, das fases, do mAs, do kVp, da extensão a ser estudada e do pitch são necessárias para uma redução efetiva da dose. Portanto, os princípios básicos de proteção contra as radiações devem ser respeitados. Os profissionais de diagnóstico por imagem devem estar familiarizados com as técnicas de redução da dose a fim de minimizar os riscos da radiação ionizante.

Introdução Desde o início de sua utilização como método de diagnóstico por imagem nos anos 70 do século XX, a tomografia computadorizada (TC) passou por uma série de inovações. A preocupação com a dose de radiação ionizante nos exames de TC tem sido motivo de discursão na comunidade cientifica e entre profissionais de diagnóstico por imagem, incluindo os técnicos e radiologistas, bem como motivo de pesquisas que visam à redução da radiação aos menores níveis possíveis 1,2.

probabilidade de aparecimento dos efeitos biológicos. O aumento do risco de câncer como leucemia e tumores cerebrais, radiodermatite e catarata são alguns exemplos. Quando a radiação interage diretamente com a molécula de DNA pode causar desde mutações genéticas até a morte celular 6,7.

Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada (TC) é um método de diagnóstico por imagem eficaz, reprodutível, de baixo custo quando comparada com métodos avançados como a ressonância magnética (RM) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que se difundiu mundialmente. Entretanto, estudos demostram que a TC é capaz de expor o paciente cerca de 100 vezes mais à radiação ionizante do que a radiografia convencional. Em seu artigo, o físico alemão Willi A. Kalender, demonstra que a TC contribui com uma elevada proporção (60%) de exposição à dose de radiação ionizante dentro do universo do coletivo de dose eficaz (Figura 1) 8. A TC emprega um método axial de aquisição de imagens sendo capaz de realizar reconstruções ortogonais e volumétricas. Baseia-se na emissão de feixes de raios X e foi utilizada para aplicação clínica ainda no início dos anos

queimaduras de pele, esterilidade e catarata. Estes efeitos eram mais frequentes no início da utilização da radiação, quando a proteção radiológica não era preconizada 11. Os efeitos estocásticos dependem da quantidade de exposição ao longo do tempo. Os riscos estão presentes mesmo em exposição a baixas doses, se eventualmente ocorrer exposições ao longo da vida do indivíduo. São efeitos probabilísticos que podem se manifestar após anos da exposição. O desenvolvimento de neoplasias como leucemias e tumores cerebrais são exemplos destes efeitos 11.

Prevenção O modelo utilizado pela Academia Nacional de Ciências no mais recente relatório sobre os efeitos biológicos da radiação ionizante (conhecidos como BEIR VII) baseia-se no pressuposto de que não existe um limite abaixo do qual a exposição à radiação não cause nenhum dano 12. Os conceitos básicos de proteção e otimização de radiação ionizante devem seguir o princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable), ou seja, irradiar o mínimo possível sem prejuízo na qualidade e interpretação das imagens 2. Realizar uma análise crítica sobre a indicação dos exames; oferecer técnicas alterna-

Definição As radiações ionizantes são ondas eletromagnéticas capazes de arrancar um elétron de um átomo. Ao interagirem com a matéria, desencadeiam uma série de ionizações, transferindo energia aos átomos e moléculas presentes no campo irradiado, promovendo alterações físicoFigura 1. Os números apresentados referem-se à Alemanha ano de 2006. -químicas intracelulares. Entre os tipos de Fonte: http://iopscience.iop.org/article/10.1088/0031-9155/59/3/R129/pdf 8. radiações, somente os raios X e gama são considerados ionizantes, isto é, têm energia suficiente 70 do século passado pelo físico norte americano, Allan para interagir e ionizar átomos 3. MacLeord Comark e pelo o engenheiro inglês, Goldfrey As radiações eletromagnéticas do tipo raios X e Newbold Hounsfield 9. gama são as mais penetrantes. Dependendo de sua De uma forma resumida, a TC contém em uma fonte energia e do comprimento de onda, podem atravessar de raios X que emite um feixe de radiação em forma de vários centímetros do tecido humano até metros de leque ou cone que é acionada ao mesmo tempo em que blindagem de concreto. As diferenças entre ambas estão realiza um movimento circular ao redor do paciente. no comprimento de onda e na origem. A radiação gama No lado oposto a essa fonte, está localizada uma série resulta de mudanças no núcleo atômico, não possui de detectores que transformam a radiação em um sinal carga e nem massa, possui um comprimento de onda elétrico que é convertido em imagem digital. Dessa formuito curto e sua energia se propaga pelo espaço, sem ma, as imagens correspondem a secções. A intensidade a necessidade de um meio material. Sendo assim, é (brilho) reflete a absorção da radiação e pode ser medida mais penetrante interagindo e causando mais danos em uma escala (unidades Hounsfield) 9, 10. 3 no tecido atingido . Efeitos Adversos Os raios X são emitidos quando os elétrons atôA principal desvantagem é que pode emitir elevadas micos sofrem uma mudança de orbital. Não possuem doses de radiação ionizante, quando comparada com massa e seu alcance depende da energia. Embora apreoutros métodos de imagem. A depender da intensidasentem baixo poder de ionização, existe um alto poder de e da quantidade de vezes que a dose é absorvida ao de penetração. Os raios X também são produzidos pelo longo do tempo, o paciente pode acabar desenvolvendo choque de elétrons submetidos a um campo elétrico complicações, classificadas como efeitos determinísticos de alta voltagem em uma ampola a vácuo, conforme ou efeitos estocásticos. descobriu Wilhelm Konrad Roentgen, em 1895 4,5. Os efeitos determinísticos, ou reações teciduais, A radiação ionizante pode causar diversos efeitos são característicos de altas doses limiar. Dependem indesejáveis. A principal questão é a probabilidade do diretamente de elevadas dose, mesmo em uma única dano que varia de acordo com a taxa de dose absorvida, exposição. São capazes de proporcionar morte celular, ou seja, quanto maior a taxa de dose absorvida, maior a

tivas como ressonância magnética e ultrassonografia, quando disponíveis e bem indicadas; aperfeiçoar os protocolos direcionados para a investigação e ajustar os parâmetros técnicos como mAs, do kVp, extensão a ser estudada e pitch são muito relevantes para uma redução efetiva da dose.

Conclusão Os profissionais de diagnóstico por imagem devem sempre colocar em prática os princípios básicos de proteção radiológica e devem estar familiarizados com as técnicas de redução da dose a fim de minimizar os riscos da radiação ionizante.

Autores Melissa Guimarães Biomédica, aluna especial do programa de pós graduação do AC Camargo Marcos Duarte - Coordenador da Disciplina e Professor Adjunto de Radiologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); - Docente da Pós Graduação do AC Camargo Cancer Center; - Coordenador da Residência / Aperfeiçoamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Heliópolis


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AGO / SET 2016 nº 93

Sandra Franco* (SP)

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MOMENTO

Saúde no Brasil: resta esperança? O barato sai caro. Certamente esse é um dos ditados populares mais precisos quanto à Economia. Quando se trata de saúde e qualidade de vida, então, é praticamente indiscutível. Entretanto, o atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, parece desconsiderar essa máxima, tendo eleito outra para caracterizar sua gestão: “Não há nada mais certo que nossos próprios erros. Vale mais fazer e arrepender, que não fazer e arrepender”.

E

ssa assertiva de Maquiavel serve bem para ilustrar a política pública nacional que consiste em lançar um novo projeto a cada gestão, muitas vezes em detrimento de apenas se aprimorar o já existente. A recente defesa do Ministro no que se refere à criação de um plano de saúde “mais popular” (com menor custo para o consumidor), com acesso a menos serviços do que o rol para cobertura mínima obrigatória determinada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), causa estranhamento. A ideia do ministro seria a de diminuir os custos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Dra. Sandra Franco, consultora jurídica.

Ocorre que a proposta traz, em seu bojo, validade jurídica duvidosa. Nem se irá entrar no mérito de que um Ministro propõe que haja regras diferentes para a criação de um plano, por conveniência do Estado, em total afronta à Lei. Ora, o Governo criou uma Autarquia (ANS) que se destina a regular a saúde privada no país; deu a essa Autarquia poderes para exigir das Operadoras um rol mínimo de procedimentos com cobertura obrigatória, mas quer, sob arrepio da lei, oferecer aos pretensos novos usuários de um plano público de saúde popular um serviço aquém dos já existentes na iniciativa privada. A flexibilização das atuais regras seria um grande risco para os usuários e clientes das operadoras. Sem dúvida, poderiam aumentar os abusos praticados pelas operadoras. Ou seja, seria uma medida sem benefícios reais à população. Não se discutem os evidentes problemas de financiamento do SUS e a visível incapacidade dos gestores para prestar bons serviços com os parcos recursos, mas a proposta de superlotar clínicas e hospitais particulares, com um novo modelo de plano de saúde, não resolverá o crônico problema da saúde no Brasil. O cerne dos problemas em saúde pública ou privada começa antes por medidas preventivas para que se trate a saúde dos cidadãos e não as suas doenças. O saneamento básico continua ausente na maior parte do país. Outro aspecto está no fato de que se estaria apenas transferindo as filas e o caos da saúde pública para a privada. O que seria feito com relação às doenças preexistentes já tratadas pelo SUS antes da contratação do suposto plano “popular” da rede privada? Haveria carência para que fossem feitos exames de pacientes que esperam meses já na fila? Enfim... Em um reino não tão distante da saúde pública, a saúde privada também apresenta suas mazelas. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelou, em seu levan-

tamento anual, que a maior parte das reclamações (39%) de beneficiários de planos de saúde em 2015 foi sobre problemas com a rede credenciada, marcação, agendamento e descredenciamento de rede. Para corroborar a tese de que o Ministro só em pensar nessa ideia já deveria se arrepender, acrescenta-se que o fenômeno da Judicialização da Saúde tenderá a crescer e haverá ainda mais gasto público com as ações obrigando o plano “popular” e privado de saúde a dar cobertura a procedimentos não contratados. Afinal, a saúde é direito de todos, garantido constitucionalmente. De qualquer maneira, onde serão realizados os

procedimentos não cobertos pelos planos populares? Já disse o atual Ministro que o brasileiro “não é obrigado a aderir aos planos de saúde”; não obstante, ele próprio está a induzir o cidadão a pagar um plano para que possa ter atendimento. Quase surreal até em país de Macunaíma. Aumentar a eficiência dos recursos do SUS passa por uma série de medidas que sempre necessitam de vontade política. O cidadão não pode se acostumar a sempre esperar a vontade do poder público. Tampouco seria digno se sujeitar ao disparate de o próprio Estado ir contra a Constituição

e leis específicas para criar uma saída que serve antes a interesses empresariais do que ao público. O país padece com a baixa eficiência na utilização dos recursos públicos, sofre na carne os efeitos da corrupção generalizada, continua a pagar seus impostos e ainda é vítima de governantes que jogam dados com a Saúde pública. O que nos resta? *Sandra Franco é consultora jurídica, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São José dos Campos (SP), presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde – drasandra@sfranconsultoria.com.br


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PONTO DE VISTA

Compliance vai muito além de seguir regras Dentro de uma corporação, nem sempre é fácil prevenir erros, detectar problemas, reportar equívocos ou, principalmente, evitá-los. Na área da saúde, um dos mais importantes setores no Brasil, que movimenta quase 10% de todo o PIB nacional, é de suma importância discutir as melhores práticas para que o setor continue crescendo de forma plena e sustentável, sem solavancos, e ainda contribua com o desenvolvimento do País.

É

aí que o compliance surge no cenário. Originário da expressão em inglês “to comply”, o termo significa o mesmo que agir de acordo com uma norma pré-estabelecida. É uma forma de garantir a conduta ética de relacionamento tanto entre os colaboradores, como da empresa em relação ao mercado. Para as instituições de saúde, as normas de compliance vão muito além de somente enquadrá-las em regras organizacionais, sendo utilizada também para manter a boa imagem da companhia e a governança alinhada com a visão e os valores da empresa. Há diversos órgãos focados na regulamentação do setor, sendo responsáveis pela fiscalização das regras e normas nas instituições com o intuito de manter a qualidade dos serviços prestados ao paciente. A acreditação da ONA (Organização Nacional de Acreditação) e a Joint Commission são exemplos das principais certificações desse setor e qualquer instituição almeja ter. As instituições que seguem padrões e normas, por exemplo, têm mais facilidade de obter uma pontuação maior do EMRAM (Modelo de Adoção do Prontuário Eletrônico do Paciente), que possui estágios que vão de zero a sete, de menor a maior eficiência. Segundo dados do HIMSS Analytics, os riscos de infecção por assepsia diminuem de 15% para 11% nos estágios mais altos do EMRAM. Ataques cardíacos também sofrem uma diminuição neste mesmo cenário de altos estágios de EMRAM: os riscos diminuem de 16% para 10%. Para ilustrar, supomos que no momento de ministrar um medicamento a um paciente, a instituição esteja de acordo com padrões e melhores praticas e as siga

para aplicar o medicamento e, atrelado a um sistema de informação que possui dados do diagnóstico clínico, dosagem, efeito, peso e sexo da pessoa que o receberá. Isso é importantíssimo para que todo o processo tenha um encadeamento positivo, desta forma diminui-se a possibilidade de aplicar 200ml de uma medicação que o paciente deveria receber apenas 20ml e que poderia prejudicá-lo ou levá-lo ao óbito. Em quatro anos, o número de processos por erro médico no STJ (Superior Tribunal de Justiça) cresceu 140%, o que mostra que a adoção de processos normatizados se torna urgente, pois a medida tem a função de ajudar na fluência e segurança do trabalho dos colaboradores e, consequentemente, numa maior segurança e eficácia no atendimento ao paciente. Sem um processo informatizado, com atividades importantes para o fluxo de trabalho sendo realizadas em papel, fica muito mais complicado atingir bons parâmetros de qualidade. Um processo de documentação integrado, por exemplo, que só é possível por meio da informatização, seria a solução para grande parte dos erros como perda de prontuários e administração errada de medicamentos. O fato de ter um software de gestão, faz com que o atendente tenha que preencher todos os campos obrigatórios, com todas as especificidades de cada operadora de convênio, caso contrário, ele não consegue dar andamento ao atendimento. Além disso, o médico precisa assinar o laudo de forma padronizada, sempre no campo certo, senão o sistema não valida essas informações. Com isso, hospitais e clínicas vão elevar o nível de assertividade, garantir maior otimização de tempo, dimi-

nuir índices de infecção hospitalar e etc. Invariavelmente, será necessário, nesse momento, aferir e comparar seus serviços não só internamente, mas com outras instituições. Neste nível de maturidade, o compliance passa a ser uma ferramenta de inteligência e as consequências vão muito além do que somente cumprir as regras impostas pelo mercado. Afinal, estamos lidando com vidas. Esse compartilhamento de informações entre hospitais traz benefícios tanto para a instituição, que faz um benchmarking saudável da concorrência, como para a melhoria no atendimento ao paciente, gerando uma revolução na saúde, pois nunca uma instituição vai querer ficar abaixo dos padrões claros delineado pela concorrência. Mas para que isso aconteça, é necessário que as particularidades, conceitos e nomenclaturas das instituições sejam extremamente padronizadas entre si. Não adianta, por exemplo, medir o número de ocupação de leitos e comparar com outro hospital, se a minha instituição considera leitos em manutenção como ocupados e o concorrente não. Adaptar estes detalhes, com o auxílio de sistemas de informação que consigam homogeneizar este conteúdo, ainda é um desafio para o Brasil. Mas com a consciência crescente de sua necessidade, estamos seguindo o caminho de países da Europa e dos Estados Unidos para atingi-lo. Nos cabe olhar estes exemplos e focarmos em melhorar nossos parâmetros de comparação com o auxílio da tecnologia, não só para seguir regras, mas para salvar vidas. Roberto Ribeiro da Cruz - CEO da Pixeon Robson Miguel - Diretor de Vendas


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ENSINO & ATUALIZAÇÃO

Com o foco no jovem médico, Curso Feres Secaf supera todas expectativas Evento contou com dois renomados professores estrangeiros, recebeu a final do Concurso SPR-AIRP e foi palco para o 2º Encontro de Residentes. Mais de mil profissionais de diversos Estados brasileiros marcaram presença, em busca da informação atualizada proferida por palestrantes renomados da área da Imagem no 20º Curso de Atualizaçao em Imagem Prof. Feres Secaf, na ultima semana de julho, em São Paulo. Graças à parceria da SPR com o American Institute for Radiologic Pathology (AIRP), o curso recebeu dois professores estrangeiros: os Drs. Jennifer Harvey, da área de Mama, que atua na Universidade de Virgínia, Estados Unidos, e Koenraad Mortele, do Beth Israel Deaconess Medical Center, também nos Estados Unidos, que atua em Medicina Interna.

D

ra. Harvey é professora e vice-presidente de Desenvolvimento de Instrutores da Universidade de Virginia, Departamento de Radiologia e Imaginologia Médica, e também responde pela diretoria da Divisão de Imagem da Mama e pela co-diretoria da Equipe de Cuidados com a Mama. “Tenho amor pelo ensino e pela pesquisa. Minha pesquisa diz respeito à densidade da mama e sua influência sobre o risco de câncer de mama”, afirmou. Sobre o curso, disse que ficou Os profs. Koenraad Mortele e Jennifer Harvey, dos Estados Unidos, foram as principais atrações do 20 curso Feres Secaf, e fiaram impressionados com a qualidade dos casos apresentados pelos residentes brasileiros. muito bem impressionada pelo • 3º lugar – Giovana Bittencourt Basso nível das apresentações: “Os palestrantes etapa final do Concurso SPR-AIRP. No fim – caso: Criptococose Óssea em Paciensão muito atualizados; aprendi muito aqui! da tarde de sábado, foi realizada a final, que te Imunossuprimio Transplantado Também foi interessante aprender a abordapremiou seis pessoas com benefícios para Renal; gem de vocês, que é um pouco diferente da participação no Curso de Quatro Semanas nossa nos Estados Unidos, mas que leva aos (Four-Week Course) do American Institute • 4º lugar – Mauro Mitsuru Hanaoka – mesmos resultados”. Sobre a parceria com for Radiologic Pathology (AIRP), em Macaso: Adamantinoma de Tíbia; o AIRP, classificou como muito importante ryland, Estados Unidos. Após a avaliação • 5º lugar – Luiz Ricardo Marques Peie disse ter grandes expectativas para com da Comissão Científica do Concurso, foram xoto – caso: Linfoma Ósseo Primário; os residentes. selecionados os seis autores dos melhores • 6º lugar – Andre Cesar Ozawa RodriOlhando para o futuro da radiologia, casos enviados, que fizeram uma apresengues – caso: Gigante Cisto de Vesícula elogiou muito a tomossíntese e disse acretação oral no evento. Após as apresentaSeminal Sintomático Associado a ditar que, em dez anos, todos a usarão: ções, a decisão final foi feita no local pelos Agenesia Renal Ipsilateral/Sindrome “Isso porque, com ela, encontramos mais avaliadores. de Zinner; cânceres que geralmente são mais invasi“As apresentações foram espetaculares, Os principais prêmios foram para os 1º vos. Além disso, conseguimos reduzir os as melhores que já vi! Foram os casos mais e 2º lugares: passagem e inscrição custeadas falsos positivos, então menos mulheres são bem preparados que já vi em toda minha pela SPR. O 3º lugar recebeu inscrição grachamadas para repetir o exame por causa carreira. Após a primeira apresentação, tuita no curso, oferecida pelo AIRP. E do 4º de dúvidas”. pensei, ‘ninguém vai superá-la, foi muito ao 6º lugares, o prêmio foi 50% de desconto Dra. Harvey disse, ainda, que percebeu boa’, e dei nota máxima para todos os quena inscrição no curso AIRP, benefício tamque aqui os jovens profissionais são muito sitos”, afirmou o professor, que fez parte da bém oferecido pelo Instituto. apaixonados pela área e extremamente incomissão julgadora. “E então vieram os cinco teressados. “Na minha prática diária, vejo seguintes, e eles eram tão bons quanto o 2º Encontro de Residentes que os residentes amam os temas de Mama primeiro, eu não podia acreditar!”, afirmou. A 2ª edição do Encontro de Residentes e eles vêm até nós para se desenvolverem; Os seis finalistas apresentaram-se e consistiu de uma sessão de discussão de eles querem fazer os exames, conversar ficaram assim colocados: casos clínicos com o objetivo de promover com as pacientes, fazer as biópsias, são • 1º lugar – Daniel Borges Montel – a educação e o congraçamento de residentodos muito dedicados, e tive essa mesma caso: Neurocisticercose racemosa com tes e aperfeiçoandos, durante a manhã do impressão aqui. Acho que é meio natural, meningite eosinofílica e hidrocefalia domingo. quem gosta, procura fazer, então não vejo comunicante; Serviços variados da especialidade fograndes problemas em incentivar os jovens; ram convidados a participar: HC-FMUSP, • 2º lugar – Bernardo Salgado Pinto eles estão bem encaminhados”, afirmou. Santa Casa de São Paulo, FCM – Unicamp, Oliveira – caso: Teratoma Maduro da Já Dr. Mortele ficou impressionado UNESP – Botucatu, Documenta – Ribeirão Adrenal; com a qualidade dos casos apresentados na

Preto, Medimagem, FAMERP – São José do Rio Preto, EPM – Unifesp, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Heliópolis, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital do Servidor Público Estadual, Hospital A. C. Camargo e FMUSP-Ribeirão Preto. Além deles, foram apresentados casos da Associação Colombiana de Radiologia (ACR) e da Sociedade Chilena de Radiologia (SOCHRADI). Cada serviço designou um residente/ aperfeiçoando para preparar e apresentar um caso completo na sessão de discussão de casos. Durante a apresentação, os moderadores da sessão, Drs. Hugo Guerra e Nelson Caserta, levaram a discussão do caso à plateia que pôde apontar o diagnóstico ou diagnósticos diferenciais do caso, em uma sessão muito dinâmica e informal, que contribuiu para o aprendizado em conjunto. Os apresentadores dos dois melhores casos receberam como prêmio uma viagem para a Argentina, para fazer suas apresentações no Congreso Argentino de Diagnóstico por Imágenes (Imágenes). Foram: •

1º lugar – Augusto Lio da Mota Gonçalves Filho, R5 da Santa Casa de São Paulo, com o caso Panencefalite esclerosante subaguda;

2º lugar – Paula Nardocci, R3 da FAMERP – São José do Rio Preto, com o caso Paracoccidioidomicose.


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APERFEIÇOAMENTO

Educação e profissionalização para suprir carências do mercado da saúde A diversidade regional e seus contrastes, a carência de profissionais qualificados para atender a essa grande demanda de mão de obra qualificada tem sido um dos principais obstáculos para que o setor saúde se expanda, que os serviços possam oferecer atenção qualificada e tirem maior proveito dos investimentos feitos em tecnologia.

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esmo em momentos de crise, saúde é fundamental e a última década é testemunha do crescimento da área, com a implantação de tecnologia em todos os mais remotos pontos do Pais. A grande questão que vem sendo colocada é como seguir o ritmo de crescimento da área ? Reconhecem os gestores e especialistas que muitos dos equipamentos presentes nas instituições de saúde deixam de oferecer seus melhores resultados por serem subaproveitados, já que falta conhecimento por parte dos profissionais de como manuseá-los da melhor forma. “E necessária uma atenção especial na educação e na formação profissional”, enfatizam todos. Como “consultores em saúde” e sendo a maior empresa digital industrial do mundo, a GE Healthcare identificou essa carência, e já há algum tempo passa a oferecer não só equipamentos voltados para a área da saúde, mas também soluções customizadas, que são desenvolvidas e estudadas de acordo com os objetivos específicos das instituições. Como parte dessa oferta personalizada, a empresa possui opções de programas de treinamentos específicos para atender as necessidades encontradas. Pensando nisso, a GE Healthcare uniu-se ao Senai São Paulo, em 2011, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de mão de obra técnica na área de equipamentos biomédicos. O investimento em cursos de capacitação em saúde permite que muitos profissionais

mos que além de oferecer equipamentos tenham a chance de construir uma carreira e soluções em saúde para nossos clientes, estruturada. também temos a missão de ser parceira no O espaço, que está localizado na cidade incentivo e crescimento dos profissionais da de São Paulo, no SENAI Vila Leopoldina, foi área. Possibilitar o mais alto conhecimento totalmente desenvolvido para que os alunos possam vivenciar na prática o conteúdo aprendido, com foco em cursos clínicos e técnicos na área da saúde. Além disso, os alunos podem contar com laboratórios multifuncionais para treinamento técnico, focados na manutenção de equipamentos médicos, com as mais recentes inovações da companhia, Para quem tem interesse em complementar os seus conhecimentos, mas precisa de mais flexibilidade nos estudos, a companhia disponibiliza também educação continuada à distância, por meio de conteúdos online. Com mais de 400 cursos em todas as modalidades, também há conteúdos disponíveis em inglês. Outra sugestão é se aperfeiçoar por meio dos Webnars da GE, que acontece quando um especialista coordena uma conferência online, ministrada por experts de “Maximizar o uso de tecnologia tão sofisticada exige mão acordo com os temas de interesse. de obra qualificada”, enfatiza Daurio Speranzini Jr. Para Daurio Speranzini Jr., presiem inovação para os participantes reforça o dente e CEO da GE Healthcare para a Américompromisso da GE Healthcare com o cresca Latina, promover ações que proporcionam cimento do País”, destaca Daurio. maior desenvolvimento de profissionais e Para mais informações sobre outros das instituições de saúde, colaboram dicursos, acesse: Educação GE (http://educaretamente para a atuação de funcionários caoge.com.br/Calendario). mais qualificados no mercado. “Acredita-

EXPANSÃO

Einstein instala unidade de pós-graduação em Belo Horizonte

I

nstituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein acaba de inaugurar uma Unidade de Ensino em Belo Horizonte, com cursos em nível de pós-graduação A capital mineira é o terceiro município brasileiro com maior número de estabelecimentos e profissionais de saúde. Por isso, foi a cidade escolhida para abrigar a terceira unidade de ensino do HIAE, que acaba de inaugurar sua Faculdade de Medicina em são Paulo. A partir de agosto, o Einstein ocupa uma área de 520m² na Rua Paraíba, nº 550, no bairro Savassi, no 23º andar do edifício Renaissance. Os 27 cursos de pós-graduação que serão oferecidos possuem o reconhecimento do MEC e abrangem as diversas áreas da saúde, como medicina, fisioterapia, enfermagem, nutrição e gestão. A Unidade comporta 500 alunos O corpo docente será composto por profissionais do Hospital Albert Einstein e os cursos serão os mesmos oferecidos pelas unidades em São Paulo e Rio de Janeiro – cidades que já contam com Unidades Ensino Einstein. Só em 2015, o Einstein teve mais de 3 mil alunos matriculados em seus cursos de pós-graduação.


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Por Luiz Carlos de Almeida e Sylvia Veronica (SP)

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VALORIZAÇÃO

Radiologia intervencionista ganha importância sustentada no pilar da interdisciplinaridade O interesse na especialidade aumenta entre os profissionais e cresce o reconhecimento na acurácia das técnicas que, minimamente invasivas, promovem recuperação mais rápida do paciente e redução dos custos da hospitalização

ILUSTRAÇÃO

A

e tornar-se um intervencionista, tem de fazer a prova de radiologia intervencionista evolui em venosas e arteriais, ginecológicas e oncológicas. “Hoje, título, que é outro filtro”, lembrou o dr. Joaquim. ritmo acelerado e oferece muitas altera intervenção oncológica é quase uma subárea dentro da radiologia intervencionista, com interfaces entre henativas diagnósticas e terapêuticas. Neste Trabalho em equipe traz contexto, tem interface com outras espepatologistas clínicos, oncologistas, a medicina nuclear, melhores resultados principalmente a radioembolização, que é outra modacialidades médicas, que requisitam freA interdisciplinaridade, como destacou o dr. Silvio quentemente o suporte do radiologista intervencionista lidade de tratar alguns tipos de tumores. A Sociedade de Cavazzola, já é realidade em situações práticas em que a em diversos casos clínicos. Acontece que nem sempre a Radiologia Intervencionista Americana, que tem mais de situação do paciente é analisada em conjunto pelo solicitação de suporte é feita no momento da doença médico clínico, o imaginologista, o radiologista indo paciente em que ainda é possível uma atuação tervencionista, os profissionais da medicina nuclear eficaz. Por isso, promover maior integração da rae da oncologia, além do cirurgião. diologia intervencionista com as demais especiali“Por exemplo, eu tenho um doente que só pode dades médicas é propósito da SOBRICE (Sociedade ser tratado com quimioterapia porque o radiologista Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia pontuou que a lesão é pior do que eu achava que Endoscópica). E, neste contexto, investimento na era. A partir daí, eu me reporto ao intervencionista melhor formação dos médicos, para que estejam para que me ajude a chegar na lesão, seja com catéter, mais preparados para oferecer os tratamentos ou agulha, um fio guia para que eu possa entregar a ao menos ter conhecimento mais profundo dos droga que vai curar o paciente”, disse o dr. Ricardo. processos também é um desafio. “É o conceito americano de Tumor Board Os drs. Ricardo Augusto de Paula Pinto, Silvio Meeting”, complementou o dr. Silvio, “quando Cavazzola e Joaquim de Mattos Leal, presidente oncologista, clínico, cirurgião, profissionais da e diretores da SOBRICE, debateram juntos as inenfermagem, anestesista, radiologista intervencioterfaces da radiologia intervencionista com outras nista e hepatologista reúnem-se para definir qual a especialidades médicas, a relevância cada vez maior melhor abordagem para aquele tipo de lesão. Nesse da técnica na oncologia e os desafios da formação trabalho, a radiologia intervencionista tem um pados novos profissionais em entrevista ao ID – InDr. Ricardo Augusto de Paula Pinto, presidente, ladeado pelos drs. Silvio Cavazzola pel fundamental porque consegue atuar com maior teração Diagnóstica, durante evento realizado pela e Joaquim de Mattos Leal, diretores da SOBRICE. precisão na região afetada pela doença”. entidade em São Paulo. Os três especialistas ressaltaram que essas transforsete mil associados, enxerga no Brasil um grande poten“Em vez de esperar que as especialidades nos procumações nos modelos de trabalho têm muito a ver com o rem, estamos fazendo o movimento na direção delas, por cial de desenvolvimento de novos intervencionistas. No que tem mudado na oncologia. “Aquele tratamento único meio dos congressos e das atividades com outras socieBrasil, o Colégio Brasileiro de Radiologia tem hoje 17 para todos os casos tem sido colocado em dúvida e o que centros de formação de profissionais em diversas regiões”, dades médicas, mostrando o que nós podemos oferecer. vem acontecendo é a individualização do tratamento, a comentou dr. Ricardo. Estão conosco no evento, por exemplo, as Sociedades de combinação de técnicas, e a radiologia intervencionista O contato com a radiologia intervencionista desde Oncologia Cirúrgica e de Oncologia Clínica”, pontuou está intimamente relacionada a essa tendência, porque os primeiros anos da formação do médico é defendido o dr. Ricardo de Paula Pinto. oferece condições e abordagens que antes eram indispopelo presidente da SOBRICE, tanto para que seja possíO médico destacou a participação da radiologia níveis. Surge a oncologia intervencionista, a união da intervencionista como parte do tratamento de doenças vel formar melhores especialistas quanto para fazer com clínica com a radiologia”, afirmou o dr. Joaquim. que os novos médicos de outras especialidades tenham Para o dr. Ricardo, o profissional que deseja a formaconhecimento mais aprofundado e possa entender as ção em radiologia intervencionista e é oriundo da área cipossibilidades e indicações do método. “Estimular o rúrgica tem maior aptidão para lidar com imagens, assim interesse científico nos estudantes, a produção de artigos como o radiologista traz naturais habilidades cirúrgicas, e a publicação de casos, a participação em congressos e o o que os caracterizam “com perfil híbrido”, na opinião aprendizado com os mais experientes é necessário para do especialista. “Os chamados procedimentos não vasque seja possível se tornar um médico melhor”, defendeu. culares, aqueles que não são feitos através das punções Em oito anos de trabalho na formação de residentes arteriais venosas, são cada vez mais requisitados pela no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o acurácia e sensibilidade dos métodos de imagem, com dr. Joaquim de Mattos Leal destaca que o compromisso, melhor diagnóstico e como alternativa de tratamento, por a dedicação e a interação com os pacientes, não apenas exemplo, nas ablações de tumores renais, hepáticos, pulcom a imagem radiológica, é o maior aprendizado que monares e ósseos, entre outros, além de procedimentos os jovens médicos podem receber. “Na residência, o como endoprótese de aorta, embolizações de mioma, conprofissional é estimulado a apresentar os seus trabalhos trole das hemorragias digestivas”, concluiu o dr. Ricardo. e, ao final da formação, para ter o título de especialista


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PESQUISA & INOVAÇÃO

Por Milene Couras (RJ)

PUC-Rio apresenta projetos inovadores aplicados à área da saúde Projeto de pesquisa com impressão 3D de fetos, em tamanho real, a partir de exames de ultrassom está trazendo um grande alento para gravidas cegas, para que percebam através do tato, a fisionomia e o formato do corpo dos seus bebês. Mas, a proposta não termina ai, pode avançar em pesquisas cirúrgicas para antes do feto nascer

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esenvolvido pelo Prof. Jorcom os departamentos da PUC e com seus ge Lopes, coordenador do pesquisadores para saber quem desenvolvia Núcleo de Experimentação pesquisa para a área da saúde e se estavam Tridimensional (NEXT) e da interessados em unir-se a nós, médicos. O linha de pesquisa em bioderesultado tem sido surpreendente”, afirmou sign do laboratório Tecnologia e Saúde da o professor Hilton Koch. PUC-Rio, esse trabalho contou a parceria do Entre os projetos está a pesquisa com o médico Heron Werner Junior, do DASA impressão 3D de fetos desenvolvida pelo Rio, e está integrado a um movimento mais amplo, que vem sendo desenvolvido pela PUC Rio e foi abordado em simpósio sobre Medicina e Inovação, mostrando a experiência da instituição. “A medicina de vanguarda alia a melhor tecnologia e a maior humanidade. Educar os futuros médicos é gerar no presente os profissionais que farão o futuro”, falou o Prof. Hilton Koch, decano do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, ao abrir o simpósio. O evento reuniu em torno de 250 pessoas, médicos em sua maioria, para apresentar os grandes avanços que pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento têm alcançado e aplicado à área da saúde. O Reitor da Pontifícia Prof. Hilton Koch à frente de um novo projeto educacional da PUC RJ com o foco no futuro do médico. Os recursos tecnológicos farão Universidade Católica do Rio a diferença. de Janeiro, Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J., ressaltou a importância das Prof. Jorge Lopes, coordenador do Núcleo inovações obtidas através da Medicina aliade Experimentação Tridimensional (NEXT) da à tecnologia. “Tenho o sonho de construir e da linha de pesquisa em biodesign do laboratório Tecnologia e Saúde da PUC-Rio, e um núcleo interdisciplinar de referência na a partir dessa pesquisa, avanços científicos área médica na PUC-Rio, e os trabalhos aqui permitiram, através de exames de imagem, apresentados são o início da construção de navegar dentro do corpo humano e explorar uma Medicina Tecnológica”, falou o Reitor, outras áreas. que aproveitou o evento para homenagear o O Prof. Jorge Lopes, junto com uma médico Clementino Fraga Filho, falecido em equipe de designers e médicos, começou maio deste ano. “Era uma pessoa de alma a explorar novas possibilidades, com a grandiosa, muito ligado a Deus, que merece impressão 3D de diferentes órgãos, permitodas as homenagens por tudo que fez para tindo o estudo específico para diferentes a Medicina do nosso país”. casos clínicos, desde próteses ortopédicas a A contribuição que áreas do conhecimento como Design e Informática têm dado válvulas cardíacas. Com a navegação virtual à Medicina é muito grande, e na PUC-Rio e o trabalho de tratamento imagético dos têm sido desenvolvidos alguns trabalhos softwares desenvolvidos, tem sido possível pioneiros. Muitos desses projetos já eram estudar possibilidades cirúrgicas para fetos conduzidos separadamente dentro da Uniantes mesmo deles nascerem. versidade e foi a partir da construção do Entre os diversos trabalhos com destaque internacional desenvolvidos pela equiprojeto de uma graduação em Medicina pe de Lopes, ele citou um caso, em parceria inovadora que se tornou possível uma com a Fiocruz, de autopsia de um coração maior integração. “Entramos em contato

fetal que foi microtomografado e que está sendo publicado na Alemanha. “Temos toda a tecnologia necessária para desenvolver excelentes trabalhos aqui no Rio de Janeiro, sem precisar buscar em outros países. Basta apenas unirmos os profissionais e trocarmos experiências que o resultado será revelador”, finalizou o professor e pesquisador.

Dando sequência ao evento, o coordenador executivo do MedLes e da linha de pesquisa e-health do laboratório Tecnologia e Saúde da PUC-Rio, prof. André Lucena, falou sobre os softwares e aplicativos de âmbito médico desenvolvidos por sua equipe. O MedLes faz parte do Laboratório de Engenharia de Software e é o segundo maior laboratório dentro do departamento de Informática da PUC-Rio. Lucena explicou alguns dos principais projetos feitos em parceria com a Apple no

desenvolvimento de aplicativos em IOS focados na medicina. Alguns deles são: o DocPad, que seria um tipo de Dropbox para todos os assuntos médicos; o Solução de Voz, que pretende minimizar o tempo que os médicos gastam após consultas e cirurgias escrevendo o prognóstico; o Pré Natal Digital, que já é um sucesso, para o acompanhamento de grávidas; e o Diapets, para diabéticos, que informa níveis de açúcar no sangue, quando aplicar insulina e quando se alimentar, tudo em forma de jogo e que será testado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. O encerramento do simpósio ficou por conta do Prof. Jorge Biolchini, coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa do CCBS e do laboratório de Tecnologia e Saúde da PUC-Rio, que provocou a plateia a pensar novas possibilidades de interdisciplinaridade para inovação no campo da Medicina e suas diversas interfaces com outros campos do conhecimento. “Multidisciplinaridade é o somatório de todos os conhecimentos e uma convergência, gerando resultados novos. A interdisciplinaridade trabalha na interface, gera novas zonas de conhecimento, diferentes perspectivas sobre o mesmo espaço, métodos e caminhos de desenvolvimento do conhecimento diferentes. O passo mais além é o da transdisciplinaridade, quando um determinado conhecimento atinge um grau de universalidade transversal a diferentes áreas. Inovação é a criatividade transformada em potencial de mudança. Na Medicina, inovar é aprimorar a qualidade da vida”. Biolchini encerrou sua fala citando o jovem Albert Einstein, que em 1907 foi recusado a entrar como pesquisador na universidade por suas “ideias radicais”, e que anos depois afirmou: “Você não pode resolver problemas usando o mesmo modo de pensar que os criou”.

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ACONTECE

INSCRIÇÕES

Prêmio ABIMED de Inovação Transformacional

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té o dia 30 de setembro, empresas de todo o Brasil poderão se inscrever para concorrer ao 2º Prêmio ABIMED de Inovação Transformacional. O prêmio reconhecerá projetos que promovam uma inovação transformadora em duas categorias: ampliação do acesso da população à saúde ou melhoria do padrão de cuidados médicos. No ano de 2015, trabalho envolvendo Teleimagem e Telerradiologia, com benefícios diretos para pacientes das mais remotas regiões do Amazonas, foi agraciado com a láurea. Poderão participar empresas que tenham disponibilizado no mercado brasileiro produtos, processos ou serviços inovadores com resultados verificáveis. Serão priorizados nas duas categorias os trabalhos que contribuam também para melhorar a sustentabilidade do sistema de saúde do país. As inscrições gratuitas e a entrega dos trabalhos poderão ser feitas no site da ABIMED, no link http://www.abimed.org.br/inovacao/ premio-abimed até 30 de setembro. Neste período também estarão disponíveis neste endereço eletrônico o regulamento e a ficha de inscrição. Os trabalhos que concorrem ao 2º Prêmio ABIMED de Inovação Transformacional serão avaliados por uma banca formada por especialistas de reconhecida atuação na área da saúde. Os resultados serão divulgados no início de novembro. A cerimônia de premiação ocorrerá em dezembro de 2016 no evento “Prêmio Líderes da Saúde”, em São Paulo.

Radiologia Abdominal será um dos destaques do CBR 16 O evento abrirá espaço, também, para um curso exclusivo para acadêmicos de medicina e promoverá uma maratona radiológica para residentes. Especialistas internacionais enriquecem a programação científica.

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XLV Congresso Brasileiro de Radiologia (CBR 16) vai levar à Curitiba (PR), entre os dias 13 e 15 de outubro, renomados professores brasileiros e estrangeiros. Um dos maiores destaques é a presença da americana dra. Anne Osborn, considerada o maior nome da neurorradiologia mundial. A Sociedade de Radiologia Abdominal (SRA), dos Estados Unidos, é parceira do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico Por Imagem (CBR) no evento e vai trazer ao Brasil seis especialistas para participar do Congresso. O evento sediara, também, Assembléia Geral para discussão de temas de interesse da classe e eleição da nova diretoria, que terá candidato único, o prof. Manoel de Souza Rocha, atual diretor cientifico da entidade. Como parte da programação científica, serão 18 módulos em diagnóstico por imagem e três cursos sobre gestão e mercado. A Federação Latino-Americana das Sociedades de Ultrassonografia (Flaus) e a American Roentgen Ray Society (ARRS) são parceiras do evento.

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Estudantes e residentes terão uma programação especial. Um curso voltado aos estudantes, com palestras sobre radiologia e as urgências torácicas, abdominais e neurológicas, entre outras temas, vai apresentar a especialidade a fim de que possa ser considerada uma opção de carreira médica. Outro destaque do CBR 16 é a Maratona Brasileira dos Residentes em Radiologia e Diagnóstico por Imagem (MBR). Os interessados deverão formar equipes para responder questões sobre a radiologia. Os vencedores vão ganhar passagens para o Congresso da ARRS, que será realizado em New Orleans (EUA), em 2017. O CBR 16 terá conteúdo atualizado e abrangente em módulos a exemplo de tórax e mama. Entre os temas sobre tórax, estão o rastreamento do câncer de pulmão, as doenças das vias aéreas, circulação pulmonar e doenças infecciosas. As tecnologias de tomografia computadorizada e Lung-RADS serão abordadas. Em Mama, o palestrante dr. Per Skanne vai falar sobre mamografia digital e tomossíntese para aumento da taxa de detecção do câncer e redução do falso-positivo nos exames. Informe-se www.congressocbr.com.br.

Doenças degenerativas e vasculares: curso no Rio

ias 10 e 11 de setembro, o Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro (RJ), sediará o Curso de Doenças Degenerativas e Vasculares do Sistema Nervoso Central, ministrado pela dra. Lara Brandão. O evento, que se inicia no sábado, à partir das 8 horas, com o tema Demência de Alzheimer e Transtorno Cognitivo Leve, promove uma ampla revisão nos aspectos correlacionados, como demências não Alzheimer, demências com corpos de Lewy, demência vascular, degeneração cortical assimétrica e doença priônica. Demência pré senil e causas tratáveis de demência, distúrbios de movimento hiper e hipocinético (Parkinson idiopático e atípico) complementam a programação, que terá como ponto de referência a discussão de casos. Inscrições e demais informações pelo telefone: (21) 96713- 8780 ou pelo e mail neuroimagem@hotmail.com


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EVENTOS

Congresso da SBUS: temas livres até 30 de setembro

C

om a participação de mais de 100 palestrantes, o 20° Congresso Brasileiro de Ultrassonografia da SBUS será realizado de 19 a 22 de outubro, no Centro de Convenções Frei Caneca. O temário será amplo, desde de pequenas partes, ginecologia, obstetrícia, pediatria, a áreas bem especificas como a medicina fetal. Grandes nomes da especialidade, como Maria Cristina Chammas, Ronaldo Magalhães Lins, Francisco Mauad Filho, Ayrton Roberto Pastore, Maria Virginia Machado, Monres José Gomes, Heverton Petersen, Peter Celio Françolin, Carlos Ventura, vão participar do evento. O congresso tem a frente os drs. Waldemar Naves do Amaral e Sang Chon Cha e inicia sua programação com três cursos, no dia 19, de Medicina Fetal, coordenado pelo dr. Sang Chon Cha; Vascular, pelo dr. Carlo Stephano Brito; e Medicina interna, pelo dr. Fernando Marum Mauad. Como já é uma tradição no evento da SBUS, a abordagem através de hands on terá um espaço especial para pediatria.

Expediente Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­cia­listas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, gineco-obstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian), Hilton Augusto Koch, Dolores Bustelo, Carlos A. Buchpiguel, Selma de Pace Bauab, Carlos Eduardo Rochite, Omar Gemha Taha, Lara Alexandre Brandão, Nelson Fortes Ferreira, Nelson M. G. Caserta, Maria Cristina Chammas, Alice Brandão , Wilson Mathias Jr. Consultores informais para assuntos médicos. Sem responsabilidade editorial, trabalhista ou comercial. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313

O Congresso da SBUS abre espaço, também, para a apresentação de trabalhos na forma de poster, e os interessados podem se inscrever até o dia 30 de setembro, pelo site do evento: www. sbus.org.br/congresso, encaminhando seu trabalho para o email: sbusdigital@gmail.com

Redação Alice Klein (RS), Daniela Nahas (MG), Denise Conselheiro (SP), Lilian Mallagoli (SP), Milene Couras (RJ), Rafael Bettega (SP) Silvana Cortez (SP), Sylvia Verônica Santos (SP) e Valeria Souza (SP) Arte: Marca D’Água Fotos: André Santos, Cleber de Paula, Henrique Huber e Lucas Uebel Imagens da capa: Getty Images

Cursos no InRad: novos temas

A

programação de Cursos Avançados em Diagnóstico por Imagem do Centro de Estudos Radiológicos Rafael de Barros, iniciada em 5 de agosto, reserva para os próximos meses temas de grande interesse, alguns remanejamentos de datas e uma nova logística do Centro de Treinamento do InRad. Diversas alterações foram feitas na grade original, do primeiro semestre, motivo pelo qual os interessados devem estar atentos. O curso de Densitometria Óssea para Técnicos e Tecnólogos será no dia 8 de outubro, e o de Densitometria Óssea para Médicos será nos dias 21 e 22 de outubro. Já o curso Hands On de Oncologia do ICESP

teve sua data alterada para os dias 3 a 5 de novembro. Um curso Integrado de Ultrassonografia e Ecocardiografia de Emergência e UTI, coordenado pelo dr. Dalton de Souza Barros, será realizado, pela primeira vez, nos dias 3 e 4 de setembro. Cursos de Análise Multidisciplinar das Doenças da Mama, organizado pela equipe do CEDIM, de Aplicação Prática dos Meios de Contraste e de Neuro Vascular completam a lista dos novos cursos. O Centro de Estudos Radiológicos já tem um novo site: www.eventick.com.br, que agilizará o processo de inscrição e gerenciamento dos eventos promovidos pelo InRad. Informe-se: (11) 26617067.

Administração/Comercial: Sabrina Silveira Impressão: Duograf Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.108A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br


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