Revista Terra Querida - Piauiensidade 2 Educação+Esporte

Page 1








Flávio Meireles escreveu

ELE É O CARA Ele nasceu em dezembro de 1979. Filho de pais analfabetos, estudou em Cocal da Estação e Piracuruca, até entrar na Universidade Estadual do Piauí (Uespi), em Parnaíba. Casado com a professora Elizete Costa do Amaral e pai dos gêmeos Sávio e Saul, Antonio Cardoso do Amaral, professor de Matemática da rede pública de Cocal dos Alves, foi eleito o Homem do Ano ALFA e é um dos principais motivos de orgulho dos piauienses em 2011. Para conquistar o título de Homem do Ano, Antonio Amaral deixou para trás gente graúda na votação popular realizada no site da

revista ALFA. Ele ficou à frente de nomes como Luciano Huck, Romário, Neymar, Anderson Silva e o expresidente Fernando Henrique Cardoso. A sua eleição, no entanto, não foi por acaso. Amaral é referência para uma geração de alunos que tem levado o nome de Cocal dos Alves a destaque nacional quando o assunto é educação, não só na Olimpíada Brasileira de Matemática, cujo principal expoente é o multimedalhista Sandoel de Brito Vieira, mas também em outras áreas. Que o diga Izael Araújo, vencedor da quinta edição do concurso


COCAL DOS ALVES EM NÚMEROS Eles são filhos de família humilde e de pouco estudo. Quase sempre, moram em comunidades rurais onde até bem pouco tem sequer havia energia elétrica. Via de regra, vivem em casas simples, onde a realidade é o pote de barro, o fogão à lenha e a rede de tucum. Muitas vezes, são obrigados a caminhar por quilômetros para conseguir um transporte que os leve ao colégio. Eles tinham tudo para desanimar. Mas, ao contrário, contribuem para que Cocal dos Alves seja destaque nacional na educação. 5.500 habitantes 7.000.000 É o número de alunos, do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio de todo o Brasil, que participaram da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, iniciativa da Fundação Itaú Social e do Ministério da Educação, na qual Francicleiton de Pinho Cardoso, aluno do Ensino Médio Augustinho Brandão, faturou medalha de bronze. 500.000 É o número de alunos inscritos no concurso Soletrando, do Caldeirão do Huck, em 2011, quando o colocalense Izael Araújo faturou o título de campeão. 100.000 É a quantia em Reais (R$) faturada por Izael Araújo como prêmio por ter sido campeão do Soletrando 2011. 41 É o número de medalhas que alunos de Cocal dos Alves faturaram desde 2005 na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Desse total, oito foram de ouro, sete de prata e 26 de bronze. Estudantes da cidade ainda conquistaram 61 menções honrosas. 40 É o número de notas 10 que Sandoel de Brito Vieira tirou em Matemática nos cinco últimos anos na escola. “Desde a 7ª série (Ensino Fundamental) o Sandoel só tira nota 10 em Matemática", conta Amaral. Além disso, entre 2005 e 2010, ele também conquistou três medalhas de ouro, duas medalhas de bronze e uma menção honrosa na OBMEP. 16 É o número de alunos do Ensino Médio Augustinho Brandão inscritos e aprovados no vestibular da Universidade Federal do Piauí (UFPI) do ano passado. Destaque para Sandoel de Brito Vieira (1º lugar em Licenciatura em Matemática) e Marilene Magalhães de Brito (1º lugar em Bacharelado em Estatística). 10 É o número de horas diárias que estuda Cristiane Vieira Amaral, aluna do Ensino Médio Augustinho Brandão, que pode ser a primeira estudante da cidade aprovada no curso de Medicina. 3 É o número de aprovações em vestibulares que Francicleiton de Pinho Cardoso conseguiu ao final de 2010. O jovem cocalense foi aprovado para os cursos de Letras Português, Filosofia e Comunicação Social. 2 É o número de quilômetros que João Francisco da Rocha Filho, aluno do 3º ano do Ensino Médio Augustinho Brandão, caminha para pegar o ônibus que o levará da comunidade rural Gengibre até o Centro de Cocal dos Alves. À noite, ele caminha os mesmos dois quilômetros quando precisa voltar para casa. 0 É o número de escolas públicas estaduais piauienses à frente do Ensino Médio Augustinho Brandão no ranking do Enem divulgado recentemente. No ranking envolvendo todas as escolas do estado - particulares, estaduais e federais o colégio ficou na 49ª colocação


Soletrando, no programa Caldeirão do Huck. Foi o professor Amaral o responsável por inscrever o aluno no quadro da TV Globo. “Durante as aulas de Matemática eu fui percebendo que ele tinha um dicionário na cabeça”, diz o professor. “Fico feliz porque conquistar o prêmio é uma forma de ajudar a educação pública a ficar em evidência e acredito que isso possibilitará um maior envolvimento de todos para que ela melhore. Mas fico triste em constatar que o que eu fiz poderia ter sido feito por milhares de professores”. Quem visita a cidade e conhece os protagonistas desse sucesso descobre que o exemplo de Cocal dos Alves não tem nenhum grande segredo: determinação e responsabilidade na dose certa são os principais ingredientes dessa receita que o município não se cansa de saborear. “Não tem segredo. Os

resultados acontecem quando os professores se empenham, os alunos acreditam no projeto e a escola proporciona um ambiente saudável”, argumenta Amaral. “Todo ano, o colégio está entre as 10 melhores escolas públicas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Piauí. Nossos alunos acreditam no projeto e agarram com unhas e dentes as oportunidades. Por isso, conquistam esses resultados”, complementa. Essa mistura envolvendo alunos dedicados, pais determinados, professores rigorosos e bom ambiente escolar só poderia ter uma consequência: um ensino de qualidade, testado em olimpíadas escolares e comprovado em vestibulares. “Todos os alunos que se envolveram nas Olimpíadas de Matemática e concluíram o Ensino Médio em Cocal dos Alves, não tiveram dificuldades para passar no vestibular”, destaca Amaral.

IZAEL ARAÚJO vencedor da quinta edição do concurso Soletrando, no programa Caldeirão do Huck.


Vanessa Mendonça escreveu

A CAPITAL DOS DOUTORES De município voltado para a pequena agricultura à cidade com maior número de Doutores per capita do Brasil. Esta tem sido a trajetória de Bom Jesus, no Sul do Piauí. Após tornar-se celeiro do agronegócio do Estado, o município ganha bons ares de cidade universitária. A instalação, em 13 de novembro de 2006, do campus Cinobelina Elvas, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), é um dos responsáveis pelo salto educacional de Bom Jesus. No campus, onde hoje estão matriculados 1.314 alunos, são oferecidos cursos de Engenharias Agronômica e Florestal, Zootecnia, Medicina Veterinária e Ciências

Biológicas, especialidades que atendem às necessidades do mercado local. A UFPI já mantinha, desde 1982, o Colégio Agrícola de Bom Jesus, melhor escola pública do Piauí segundo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010. Mas foi a oferta de cursos universitários, voltados para atender à crescente demanda por mão-de-obra qualificada da cadeia produtiva do agronegócio, que mudou a realidade de milhares de jovens da cidade e de municípios circunvizinhos. Bom Jesus é hoje uma das cidades com maior número de Doutores per capta do Brasil. Dos 89

professores do Cinobelina Elvas, 70 são Doutores, 17 são Mestres (muitos deles já estão fazendo Doutorado) e apenas dois são Especialistas. “A riqueza natural da região e as boas condições de trabalho permitem que esses professores possam realizar suas pesquisas e isso é um grande atrativo para a maioria deles”, explica o diretor. Segundo o diretor do campus, Lindenberg Sarmento, que é Doutor em Genética e Melhoramento Animal, por sua boa estrutura e qualificado corpo docente, os cursos têm atraído até mesmo alunos de outros estados do Norte, Sul e Centro-oeste. Na Universidade são desenvolvidos vários projetos de pesquisa e extensão que vão ao encontro das necessidades da população local. “Temos projetos desde aproveitamento de resíduos alimentares até soluções para as cadeias produtivas da bovinocultura de leite, ovino e caprinocultura”, exemplifica Sarmento. Em breve, também será oferecido curso prévestibular para a população de todo o Vale do Gurguéia a fim de preparar os futuros alunos do campus. A oferta de vagas deve aumentar nos próximos anos. “Estamos elaborando propostas de quatro novos cursos de licenciatura para aproveitar nossa estrutura no período da noite: Letras, Química, Física e Matemática”, afirma o diretor.


Maria Romero escreveu

O SEGREDO DO SUCESSO Eles são jovens, piauienses, estudantes do 3º ano do Ensino Médio público estadual e compartilham de um importante ponto em comum: tiveram coragem para seguir um novo caminho. Ela abriu mão de quatro horas diárias de descanso e lazer para passar mais de dez horas estudando. Também abriu mão de estudar num colégio particular para enfrentar o desafio ao estudar num colégio público. Ele buscou o caminho da liderança e dos novos desafios, inicialmente, como presidente do grêmio estudantil da escola, e acabou se tornando representante do Brasil

no Prêmio Duque de Edimburgo, realizado no Quênia, pela Corte Real Britânica. As proporções nas vidas de Paloma Vanderlei e Rafael Oliveira são bem distintas, mas os reflexos na vida dos jovens foram igualmente significativos. Paloma estuda no Centro de Ensino Médio de Tempo Integral (Cemti) João Henrique de Almeida Sousa, que fica no bairro Morada Nova, zona Sul de Teresina. Rafael frequenta o Colégio Estadual Zacarias de Góis, o Liceu Piauiense, que recentemente também implantou o sistema de ensino em tempo integral.

Os dois estudantes consideram o modelo que mantém o aluno por mais tempo na escola - não apenas no ambiente físico, mas participando ativamente de projetos, oficinas, atividades complementares e de reforço disciplinar – extremamente positivo para uma melhora no desempenho. “Eu tinha muita vontade de conhecer e de vivenciar o ensino em tempo integral. Hoje eu sei que, com isso, estou estudando mais, me dedicando mais e aprendendo mais” conta Paloma, que antes obtinha médias entre 6 e 7 e hoje alcança notas entre 7 e 8 na nova escola.


#Integração Os gestores Edvaldo Lima (Liceu Piauiense) e Gideão Machado (Cemti João Henrique) ressaltam alguns pontos que sentem como decisivos para a melhoria do aprendizado e do desempenho dos alunos. O acompanhamento do professor, o trabalho pedagógico especialmente desenvolvido para alunos com rendimento inferior, a inclusão da família no processo de aprendizagem, a garantia de suporte estrutural e pedagógico aos alunos que passam o dia na escola e a promoção de atividades complementares e extra-classe. Segundo eles, esses são os passos para seguir o caminho que tem levado ao destino certo na educação do Piauí.

Rafael diz que além de ter percebido pessoalmente o efeito do incentivo docente ao aprendizado, conseguiu notar a satisfação e a melhoria nos resultados dos colegas de escola. “Como presidente do grêmio estudantil, vejo que os alunos estão realmente satisfeitos porque têm uma estrutura de qualidade o dia inteiro, gostam do trabalho dos professores e sentem vontade de permanecer todas essas horas na escola”, destaca Rafael.

OS 5 PASSOS

Compromisso docente: os professores são criteriosamente selecionados e devem estar disponíveis para trabalhar também em tempo integral, pois acompanham os alunos nos deveres extraclasse e ministram oficinas durante a tarde.

Mais tempo na escola: os estudantes chegam a passar mais de 10 horas por dia na escola, o que significa mais tempo disponível aos professores e vice-versa. Além disso, participam de outras atividades que proporcionam conhecimentos diferenciados.

Suporte ao estudante: durante o tempo que passam na escola, os alunos dispõem de três refeições por dia, espaços silenciosos para estudar, livros didáticos, obras literárias, periódicos para consultas, computadores com internet, além da presença docente.

Trabalho com a família: os pais participam de reuniões mensais, para que estejam sempre informados quanto aos resultados dos filhos. O incentivo e a participação familiar contribuem para o aprendizado.

Trabalho pedagógico diferenciado: além da maior atenção que os professores dispensam aos alunos, o trabalho é realizado o mais individualmente possível. Cada aluno é atendido conforme suas dificuldades particulares, em classe e fora dela.


Flávio Meireles escreveu

SERTANEJOS E FORTES Durante um bom tempo, o esporte piauiense dependia do surgimento esporádico de um ou outro nome para ganhar destaque no cenário nacional. Era um Leonardo consagrando-se como um dos maiores artilheiros do Sport aqui, um Zé Maria defendendo a Seleção Brasileira ali, um Benito Mussolini derrubando dificuldades e adversários nos tatames acolá. Hoje, a realidade no estado é outra: são meninos e meninas, homens e mulheres brigando de igual para igual pelas primeiras posições em suas respectivas modalidades.


#ORGULHO NOME: SARAH GABRIELLE CABRAL DE MENEZES IDADE: 21 CIDADE NATAL: TERESINA ESPORTE: JUDÔ MAIOR CONQUISTA: BICAMPEONATO MUNDIAL JÚNIOR (2008 E 2009) SONHO: CONQUISTAR UMA MEDALHA OLÍMPICA

Terceira colocada no ranking da Federação Internacional de Judô, Sarah Menezes é o principal nome não só desta geração, mas de toda a história do esporte piauiense. Detalhe: ela nunca precisou deixar o Piauí para se tornar o maior expoente do país – e um dos maiores do mundo! – na categoria até 48 quilos. Às vésperas de disputar a sua segunda Olimpíada (a primeira foi a de Pequim, em 2008), ela tem um currículo e tanto para quem tem apenas 21 anos: além de uma série de conquistas que lhe garantem a proximidade do topo do ranking na sua categoria, é bicampeã mundial júnior e, em 2009, conquistou o Prêmio Brasil Olímpico, oferecido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) à melhor atleta do país naquele ano. O novo desafio da judoca são os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, onde Sarah Menezes tem a companhia de outras duas piauienses na delegação brasileira: Aparecida, jogadora do Vitória de Santo Antão (PE) e natural de Cristalândia, convocada para defender a Seleção Brasileira de futebol feminino, e Cruz Nonata, fundista convocada pela Confederação Brasileira de Atletismo para disputar as provas de 5.000 metros e 10.000 metros rasos. Para sua preparação para o Pan e as Olímpiadas, a CBJ doou um tatame oficial.


#CAMPEÃO NOME: RÔMULO BORGES MONTEIRO IDADE: 21 CIDADE NATAL: PICOS ESPORTE: FUTEBOL MAIOR CONQUISTA: COPA DO BRASIL 2011 SONHO: DISPUTAR UMA COPA DO MUNDO

Dez anos, três meses e 19 dias. Esse foi o tempo que o torcedor piauiense teve que esperar para ver um jogador nascido nesta terra filha do sol do equador jogando novamente pela Seleção Brasileira. A estreia do picoense Rômulo no time de Mano Menezes acaba por coroar um momento especial de uma geração de esportistas locais talentosos que incorporam bem a frase mais emblemática do clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Natural do Município Modelo, Rômulo deixou o Piauí em 2005, quando seguiu rumo a Caruaru para submeter-se a testes no Porto, time pernambucano com larga tradição na revelação de jovens talentos. Quatro anos depois, ele já era jogador do Vasco, realizando o sonho de quase todo garoto no país: ser jogador de futebol e defender um grande clube brasileiro. Na última semana de setembro, ele realizou mais um sonho (desta vez, de todo jogador de futebol): jogar pela Seleção Brasileira. A estreia não poderia ter sido melhor: jogando de forma discreta e eficiente, fez a sua parte na vitória por 2 a 0 sobre a Argentina, conquistando o título do Superclássico das Américas.


#SUPERAÇÃO NOME: CRUZ NONATA DA SILVA IDADE: 37 CIDADE NATAL: TERESINA ESPORTE: ATLETISMO MAIOR CONQUISTA: 4ª COLOCADA NA CORRIDA DE SÃO SILVESTRE 2010 SONHO: DISPUTAR UMA OLIMPÍADA

Cruz Nonata, aos 37 anos, é a mais velha, ainda em atividade, nessa geração de sertanejos e fortes do esporte piauiense. Mas a sua estreia nas provas de atletismo aconteceu há apenas sete anos. O seu debute em competições de grande porte não poderia ter sido melhor: em 2005, foi a 28ª na Corrida Internacional de São Silvestre, prova na qual sempre se destaca e onde, em 2010, alcançou a 4ª colocação e garantiu um lugar no pódio pelo segundo ano consecutivo. Especialista em provas de fundo, ela é líder no ranking da Confederação Brasileira de Atletismo na categoria Meia Maratona, e segunda colocada nos 5.000 metros, 10.000 metros e na Corrida de Rua de 10 quilômetros.


#INOVAÇÃO NOME: LUCAS ALVES PINTO IDADE: 17 CIDADE NATAL: TERESINA ESPORTE: BADMINTON MAIOR CONQUISTA: OURO NO CAMPEONATO SUL-AMERICANO JÚNIOR 2010 SONHO: DISPUTAR AS OLIMPÍADAS JÁ EM 2012, EM LONDRES

Os caçulinhas da safra de bons valores do esporte local vêm do badminton. O mais novo é Fernando Vieira Jr. Aos oito anos, ele é o sétimo colocado na categoria Masculino Sub 11 do ranking da Confederação Brasileira de Badminton. Apenas um ano mais velha, Sânia Valéria Passos Lima vai ainda mais longe: é a primeira colocada do ranking na categoria Feminino Sub 11. Além dela, outros dois piauienses lideram suas categorias no país: Gabriel Teixeira de Sousa (Masculino Sub 11) e Waleson dos Santos (Masculino Sub 13). Mas o badminton piauiense não se resume apenas à molecada nascida a partir dos anos 2000. Lucas Alves Pinto, Francielton Farias, Andreza Miranda Santos, Ana Cristina Silva, Jéssica Fernanda Oliveira, Gabriela Pereira, Emanuelly Rocha Farias, Thaianara B. da Silva também são nomes de respeito no cenário do esporte no país, sempre figurando entre os ponteiros. Lucas Alves Pinto, inclusive, conquistou três medalhas (duas de prata e uma de bronze) no III Open Colombia International disputado no início do mês em Bogotá. De todos os destaques do badminton no Piauí - e são muitos nas mais diversas categorias! -, Lucas Alves Pinto é o principal nome. Com apenas 17 anos, já foi alçado para a categoria principal da modalidade e pode defender o Brasil nas Olimpíadas de Londres em 2012.


#FUTURO NOME: VINÍCIUS FEIJÃO NOGUEIRA IDADE: 12 CIDADE NATAL: TERESINA ESPORTE: TÊNIS MAIOR CONQUISTA: VICE-CAMPEÃO DA COPA GUGA KUERTEN EM 2010 SONHO: TORNAR-SE UM TENISTA DE PONTA NO PAÍS

Entre os mais novos, destaque para o tenista Vinícius Nogueira. Aos 11 anos, ele tem conquistado resultados significativos para o tênis piauiense nos últimos anos. Em 2011, por exemplo, ele deixou para trás o problema da transição de categorias (agora, disputa a categoria até 12 anos) e, ao lado de Samuel Torres, conquistou a Copa da Federações de Tênis, competição equivalente a um Campeonato Brasileiro. Décimo oitavo lugar do ranking da confederação Brasileira de Tênis na categoria até 12 anos, ele é tratado como uma joia. “Em 2012, as perspectivas são de que Vinícius supere esse difícil ano de transição e possa figurar entre os três melhores do país”, vislumbra Romildo Nogueira, pai e principal entusiasta do garoto.


#FILHODEPEIXE NOME: LAURO WILSON CABRAL FILHO IDADE:18 CIDADE NATAL: TERESINA ESPORTE: NATAÇÃO MAIOR CONQUISTA: MEDALHA DE PRATA NOS 200 METROS BORBOLETA NO SUL-AMERICANO DE NATAÇÃO 2011 SONHO: DISPUTAR A OLIMPÍADA DO RIO DE JANEIRO EM 2016

Não só dos gramados, dos tatames, das pistas e das quadras vivem os grandes nomes do esporte piauiense na atualidade. Das águas, o grande expoente é Lauro Filho. Depois de se destacar na natação piauiense, ter uma experiência em Recife, defender o Tênis Clube (uma das mais importantes equipes do país), ele é uma das grandes promessas da natação do Flamengo e, em agosto, foi convocado pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para integrar a Seleção Brasileira e tornou-se o primeiro piauiense disputar o Campeonato Mundial Júnior de Natação, realizado em Lima (Peru).


#FORTALEZA NOME: CAIC BALDUÍNO BARBOSA DE DEUS CIDADE NATAL: TERESINA ESPORTE: HANDEBOL MAIOR CONQUISTA: CAMPEONATO BRASILEIRO ESCOLAR DE HANDEBOL 2011 SONHO: CONQUISTAR O CAMPEONATO MUNDIAL ESCOLAR 2012 (CROÁCIA)

Se sozinhos, eles são fortes, em grupo eles são uma verdadeira fortaleza. Que o diga o Centro de Aprendizagem e Integração de Cursos Balduíno Barbosa de Deus, da Vila Bandeirantes, que conseguiu um feito inédito para o esporte piauiense. No final de novembro, a equipe conquistou o Campeonato Brasileiro Escolar de Handebol, disputado no Distrito Federal. A conquista garantiu à equipe uma vaga no Campeonato Mundial Escolar, que será realizado no ano que vem, na Croácia. Se o futebol já não é mais vistoso como na década de 70, pelo menos o Piauí soube se reinventar e hoje celebra a existência de uma geração que brilha no cenário esportivo como nunca antes havia brilhado. Bom para o Piauí, que tem de quem se orgulhar. Melhor para essa turma, que tem a oportunidade de escrever o nome da história do esporte local.


Carlos Lustosa Filho escreveu

CORRER, PEDALAR, NADAR, VOAR

Se atletas são os homens que mais se aproximam da figura dos clássicos heróis gregos, o que dizer dos paratletas, esportistas que transformam suas limitações em um mero detalhe perante suas conquistas? Os feitos deles são verdadeiras lições de vida para as pessoas como eu ou você, leitor. Que o diga o triatleta piauiense Ângelo Medeiros Borim, 25 anos. Ele nasceu em Teresina, morou em São Paulo, voltou ao Piauí para estudar e retornou para São Paulo para cursar Psicologia na Pontifícia Universidade Católica, a PUC. Nesse vai-e-vem todo, quando era criança e adolescente, ele chegou a fazer natação, mas nunca pensara em ser atleta.


Apesar de jovem, Borim tem a vida cheia de episódios marcantes: aos 12 anos, ele perdeu a irmã, aos 17, a mãe e, em 2006, aos 20 anos, um acidente de carro tirou-lhe o antebraço direito. Esse fato acabou sendo um divisor de águas no seu destino. “Eu não tinha planos claros. O acidente acabou sendo uma parada, uma reflexão. Perguntar pra mim mesmo o que eu queria me ajudou a me apropriar do meu caminho. Algo assim serve pra você se orientar por si. Tudo está dentro de você”, declara. E foi com este pensamento que ele se reergueu. Voltou para as piscinas com mais afinco, primeiro com uma forma de reabilitação, depois como uma filosofia e uma oportunidade para toda a vida. Em 2007, Ângelo começou a treinar forte na natação. Ele chegou a ser vice-campeão brasileiro em 2008 nas provas dos 50 metros e 100 metros nado livre, mas frustrado com as marcas que obteve nos anos dois seguintes, tentou algo novo. “Até o começo de 2010, eu treinava especificamente para a natação, mas de repente, vi que os resultados não acompanhavam a minha dedicação, fui então experimentar o triatlo. Participei de uma prova de triatlo olímpico (1,5km de natação, 40 km de bicicleta e 10 km de corrida) e me apaixonei”, descreve. Desde então, o atleta nunca mais parou e vem conseguindo destaques não só nas provas nacionais como internacionais. Já obteve o 5º lugar no

mundial em Budapeste, na Hungria, no ano passado e o 2º em Pequim, na China, este ano. Com a aprovação do triatlo para o programa das Paraolimpíadas no Brasil, Ângelo está empolgado e determinado a buscar uma medalha. “Vou trabalhar para as Paraolimpíadas do Rio. Quero muito ganhar”, assegura, focando o treinamento para daqui a cinco anos. Conhecedor da realidade do esporte com deficientes no Piauí, o atleta diz que o Estado pode virar um celeiro de campeões. “O trabalho realizado no Ceir pelo Childerico Robson com o futebol e o basquete é importante, mas é preciso de mais gente para formar e cuidar dos atletas. O Piauí tem tudo para ser uma referência no esporte com deficientes”, avalia. Angelo Borim é a prova cabal de que determinação e perseverança superam as dificuldades. O esporte na sua vida foi apenas o catalisador que proporcionou um autoconhecimento e o papel de ser um exemplo, para todos. “O esporte é um caminho ótimo para a inclusão. Esporte é minha vida. Ele proporciona às pessoas comuns a se perguntarem dos seus limites. E quando você vê o atleta deficiente você diz, 'Como esse cara consegue'? E mentaliza 'será que eu consigo'? O deficiente no esporte faz a sociedade se reorientar sobre os seus próprios limites e ver como deve fazer. E assim a sociedade se reinventa”, observa.


Carlos Lustosa Filho escreveu

#Futuro O professor diz que o Piauí em breve deve ser um dos lugares onde a pesquisa será aplicada a pacientes nesta fase de testes e diz que mais pesquisadores podem surgir no Estado, se houver incentivo. "Uma boa forma de acelerar esse setor é a criação de uma incubadora de empresas de tecnologia, que deve ser apoiada em conhecimento acadêmico e investimento público. O pontapé inicial foi a criação do instituto Delta, entidade que agrega profissionais de TI, iniciativa da indústria e academia locais, presidida pelo Prof. Dr. Pedro Alcântara Neto, da UFPI, mas que ainda não está recebendo incentivos governamentais. É preciso também apoiar a criação de cursos de mestrado e doutorado acadêmicos, através de bolsas para que os melhores alunos fiquem no estado", observa.

VENDO ALÉM DA TECNOLOGIA Os celulares mudaram completamente a forma como as pessoas se comunicam. Há um bom tempo eles não fazem apenas ligações e mandam mensagens, mas agora estão indo além e podem ser uma grande ferramenta no diagnóstico de doenças. É nesta premissa que o teresinense Erick Baptista Passos, 34 anos, trabalha. Ele é professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI), doutorando em Computação e pesquisador que participa de um projeto de um dos maiores centros de pesquisa tecnológica do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT),

nos Estados Unidos. Sua pesquisa propõe uma utilidade diferente para o telefone portátil: o diagnóstico de problemas na visão. "Esse projeto começou no MIT Medialab quando acidentalmente o professor Ramesh Raskar, coordenador do grupo de pesquisa Camera Culture, descobriu que sua esposa não conseguia visualizar um invento do grupo com um dos olhos”, lembra Erick Passos. Ao investigar o problema, o professor descobriu que as técnicas pesquisadas por ele poderiam ser úteis para entender problemas da visão humana. Erick conta que o trabalho começou em

2009 e teve participação de outros pesquisadores brasileiros. "Comecei a me envolver com o grupo no início de 2010, antes de me mudar para Boston para um período no MIT MediaLab. Durante minha estada lá, inventamos e desenvolvemos o CATRA, e também criamos novas versões aperfeiçoadas do NETRA", descreve. O CATRA e o NETRA são dispositivos pequenos com um conjunto de lentes que mais parecem um brinquedo, mas que ao serem acoplados a um telefone com tela de alta resolução fazem uma espécie de termômetro de como está a visão do


usuário, possibilitando a identificação da catarata e de outros problemas oculares. A palavra-chave do projeto é a mobilidade, já que celulares podem ser transportados facilmente a regiões distantes, atendendo a comunidades que não tinha acesso a exames de vista. Além disso, nestas plataformas o próprio paciente pode realizar o exame, capaz de diagnosticar diversos parâmetros do olho humano, tais como os erros de refração, distância focal, velocidade de focagem, opacidade do cristalino, entre outros. O custo é outra vantagem. O uso dos dispositivos em aparelhos celulares é uma alternativa a equipamentos que realizam os mesmos exames, mas custam milhares de dólares. "Nós elaboramos o protótipo e estamos realizando testes em várias partes do mundo. A ideia é que daqui a alguns anos o CATRA e o NETRA possam ser produzidos e vendidos à população", explica Erick Passos. Os dois dispositivos já ganharam prêmios importantes do circuito científico internacional como o 1º lugar no "Vodafone Foundation Wireless Innovation Project", Google Innovation Grant, MIT Global Challenge 2010 e 2011, NASA Health Challenge 2010.


Fテ。bio Lima escreveu

NOSSOS HERテ的S




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.