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Rodr igo Mendonça
J o r n a l
O m b r os p r a q u e t e q u er o
M e s m o s e m n ot a r m os , e l e s s ã o u m a d a s e s t r u t u r a s m a i s e x i g i d a s p e l o c or p o h u m a n o e , q u a n d o l e s i on a d os , o t r a t a m e n t o p od e s e r d i f í c i l . U m a e q u i p e d e p r of e s s or e s e a l u n os d a U F U d e s e n v ol v e u u m e q u i p a m e n t o q u e p od e f a c i l i t a r e a c e l e r a r e s s a r e c u p e r a ç ã o.
André Víctor Moura Rodr igo Mendonça
você sabia
O ombro e suas curiosidades
Movimentos repetitivos, como os feitos diante do computador, podem ocasionar tendinite
O tabagismo altera a vascularização e cicatrização do tendão, podendo ser prejudicial para quem é submetido a cirurgias do ombro. Tendinites (repercussões inflamatórias no tendão) por movimentos repetitivos, quando mal tratadas, podem evoluir para a ruptura do tendão. A Prótese de ombro é aconselhada para pacientes que apresentam dores no ombro que não melhoram com fisioterapia. É também relacionada a algum dano da articulação do ombro, fazendo com que o paciente apresente uma perda da mobilidade articular pelo desgaste e pela deformidade que ocorre nessa articulação. Tenha cuidado ao praticar tênis, beisebol, vôlei, pois são esportes que causam mais le-
Expediente
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sões no ombro, devido ao movimento do saque e sobrecarga. Ao usar mochilas, apoie em ambos os ombros para evitar sobrecarga. A bursite não acontece somente nos ombros. É uma inflamação da bursa em várias articulações no nosso corpo, logo, pode-se ter bursite nos quadris, joelhos, cotovelos entre outras regiões. Nem toda dor no ombro significa que você tem bursite. A acupuntura é indicada como tratamento alternativo para algumas doenças do ombro. Ela tem uma função analgésica satisfatória. Ah, se você é supersticioso, vale essa dica: ao entrar em um funeral, jogue sal sobre o ombro, pois isto afasta a morte e os espíritos para longe de você.
Esta publicação é parte integrante do projeto de popularização da ciência – Universidade Federal de Uberlândia (UFU) / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) Reportagens: Ana Beatriz Tuma, André Victor Moura e Diélen Borges Edição: Ana Spannenberg (MTb 9453) Fotos: Diélen Borges, Lucas Felipe Jerônimo e Rodrigo Mendonça Arte e Diagramação: Danielle Buiatti Tiragem: 2.000 exemplares (Distribuição gratuita) Informações: popciencia@ufu.br
“Ombro mecânico” é construído na UFU
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Equipamento robótico visa ajudar na recuperação e reabilitação dessa parte do corpo
Ana Beatriz Tuma e André Víctor Moura
Todos os dias garotos e garotas carregam consigo mochilas para as escolas. Por sua vez, as mães deles levam bolsas para o trabalho ou para fazer compras no supermer-
ta músculo-esquelético, nós temos o ‘ombro congelado’. Essa é uma situação em que há uma inflamação onde a cápsula se adere ao osso”, explica.
dade Federal de Uberlândia (UFU), Valdeci Carlos Dionísio. Ele menciona como exemplos as fraturas e lesões neurológicas, sendo a principal dessas o acidente vascular encefálico, no qual a pessoa não consegue se movimentar. Doenças também ocorrem no ombro. “Para citar uma das mais importantes do ponto de vis-
e estudantes trabalham juntos desde 2008 com esse objetivo no projeto “Desenvolvimento de uma estrutura robótica atuada por cabos para reabilitação/recuperação dos movimentos do ombro humano”, coordenado por Rogério Sales da Faculdade de Engenharia Mecânica (Femec).
Em muitos casos, é preciso da ajuda de um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional para que o ombro seja recuperado ou reabilitado. Dionísio diz que, hoje, a fisioterapia é feita manualmente. Isso quer dizer que é o terapeuta quem realiza os movimentos de tratamento no paciente, não existindo equipamentos que auxiliem esse profissional. Já para outras partes do corpo, como as mãos, o professor conta que há aparelhos de recuperação. No entanto, a busca por esse tipo de equipamento já acontece na UFU. Professores
Rodr igo Mendonça
na UFU
cado. Na maior parte das vezes, quem é encarregado de transportar esses objetos é o ombro, região do corpo humano em que a parte de cima do braço se liga com o tronco, ou seja, o tórax, o abdômen e a bacia. Se a mochila estiver pesada por conter, por exemplo, muitos livros e cadernos, não só a coluna do estudante pode ser machucada como também o ombro. O mesmo acontece no caso de bolsas cheias de itens desnecessários. Mas outras circunstâncias também podem prejudicar essa parte do corpo, conforme diz o professor do curso de fisioterapia da Universi-
Desde 2008, uma equipe da UFU trabalha na construção do equipamento que ajuda na reabilitação dos movimentos do ombro
Rodr igo Mendonça
na UFU
O movimento passivo, como o proposto, já é realizado nesse tratamento, porque facilita a cicatrização, explica Dionísio
O professor Sales conta que o cérebro dos seres humanos tem flexibilidade na recuperação dos movimentos. Por isso, a equipe envolvida no projeto busca produzir um aparelho robótico para ajudar no tratamento dos mais diversos tipos de lesões no ombro. “Pensamos em fazer o desenvolvimento de uma estrutura que o fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional pudesse
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fazer o movimento uma vez no braço humano e, depois, a máquina repetiria os movimentos em um determinado ciclo de operações”. O tipo de movimento que a estrutura robótica pretende gerar é o passivo, em que não há necessidade do paciente fazê-lo ativamente. Segundo o professor de fisioterapia da UFU, Valdeci Carlos Dionísio, o movimento passivo já é um dos métodos utilizados no tratamento do ombro, sendo muito importante em diversas situações, como em lesões músculo-esqueléticas, neuro-musculares e também em queimaduras. A função de tal movimento é “facilitar processos de cicatrização, ou, então, evitar aderências cicatriciais entre a cápsula articular e osso”, explica. Para exemplificar a importância de tal tipo de movimento, Dionísio cita a doença do “ombro congelado”, em que há perda progressiva dos movimentos. Dessa forma, o movimento passivo permite que esse padrão de perda não seja instalado. Ele também evita que a doença aumente. Outra ocasião de trata-
mento do ombro é pós-traumatismos, como fraturas e luxações (deslocamento do osso), que, muitas vezes, necessitam de cirurgia para que exista a melhora da estrutura lesionada. “Para que haja uma recuperação mais rápida, eficaz, é necessário entrar com o movimento passivo, que auxilia o processo de reparo, diminui a dor e facilita a recuperação da força muscular”, diz o professor. Com relação às lesões neurológicas, como o acidente vascular encefálico, Dionísio explica que esse movimento pode evitar deformidades, para que quando a pessoa se recupere tenha a articulação íntegra.
Mecanismo de funcionamento
A estrutura robótica que está sendo desenvolvida é operada por quatro cabos presos em um suporte que é fixado ao braço da pessoa em tratamento. “O profissional da saúde faz o movimento do braço do paciente e, depois de ‘ensinar’ a estrutura robótica, ela repete os movimentos em uma determinada quantidade de ciclos e velocidade definidos por esse profissional”, explica Rogério Sales. De acordo com o professor, o objetivo do aparelho é auxiliar os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais e não substituí-los. “Em uma situação em que o indivíduo possa produzir o movimento numa velocidade
controlada (mais rápida, mais lenta) com o
Por enquanto, há apenas um protótipo do
acompanhamento da máquina, sozinho, sem o terapeuta estar intervindo, facilita o atendimento dentro de clínicas e seria interessante dentro
“ombro mecânico” sem que haja a versão comercial do produto. Os testes com seres humanos ainda não foram feitos. Segundo o coordenador
genharia Mecatrônica. “Eu aprendi muito, porque essa área de engenharia com biológicas eu não sabia que existia. Elas estão ligadas entre si e eu achei muito interessante isso”, conta Moreira. Já Resende diz que pelo projeto envolver a área de biológicas teve que estudar os movimentos dos membros humanos aprendendo a respeito disso.
A estrutura ajuda o paciente com movimentos passivos, a partir de um comando inicial feito pelo profissional de saúde
Página de site totalmente dedicada com exercícios para o ombro e para outros membros do corpo. Todos os exercícios para ombros e outros são explicados com animações 3D profissionais. http://www.passion4profession.net/br /exercicios-ombros/ Site que ajuda a constatar se o que você sente no ombro é fora do normal e qual o procedimento que deve ser feito. Vale lembrar que o site não vale como consulta médica. http://cabanavc.com/ombro/
na UFU
ENTENDA MAIS
Sales, esses testes têm data indefinida para acontecer, sendo o ano de 2013 o mais provável deles. Isso é devido à equipe estar com dificuldades em terminar o sistema de controle do protótipo, que é feito por placas desenvolvidas na Faculdade de Engenharia Mecânica. Rodr igo Mendonça
dos hospitais”, avalia Valdeci Carlos Dionísio. Ele ressalta que quanto mais veloz é a retomada ao movimento, mais ligeira e fácil é a recuperação do paciente. “Se a máquina estivesse dentro do hospital, algumas horas após a cirurgia se inicia o trabalho com o movimento passivo e a recuperação do indivíduo será mais rápida”, conclui. O projeto não beneficia apenas à população mas também aos alunos da UFU envolvidos nele, conforme afirmam dois ex-integrantes da equipe de Rogério Sales, Wilgo Moreira, aluno da Engenharia Mecânica e Lucas Resende, aluno da En-
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Quer ter uma aula de anatomia online sobre o ombro? O site “Aula de anatomia” mostra as especificidades de cada membro do corpo humano. Acesse: http://www.auladeanatomia.com/sistem amuscular/ombro.htm Você tem um irmão ou irmã criança que gosta de jogar na net? Então, corra para mostrar este jogo educativo online sobre o corpo humano (cabeça, ombro, joelho e pé) para ele (a): http://www.smartkids.com.br/jogoseducativos/corpo-humano-cabecaombro-joelho-e-pe.html
06 Fotos: Lucas Felipe Jer么nimo
fa莽a vc!
Fuja das dores Ana Beatriz Tuma
Fisioterapia ajuda adolescente
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Estudante do 3º ano do Ensino Médio, Mayra Alves Afonso, diz que computador foi causa de dores no ombro CIÊNCIA EM PAUTA: Como surgiu seu problema no ombro? MAYRA: Eu passava quatro horas seguidas digitando. Aí teve uma hora que começou a doer e dar uns caroços. Eu pensei: ah, não é nada, e continuei. Aí começou a dor, dava até choque. Depois do pulso foi pro ombro. Nesse braço eu perdi a força.
CP: E onde foi que você fez fisioterapia? MAYRA: Foi no Hospital Santa Clara. O fisioterapeuta também passava exercícios pra eu fazer em casa, tinha uma pomada pra melhorar. CP: E você seguia tudo direitinho? MAYRA: Às vezes. Tem que passar três vezes ao dia e fazer os exercícios.
CP: Além do computador, teve que fazer alguma outra mudança? MAYRA: Não, só o computador mesmo. CP: Na escola, isso te atrapalha? MAYRA: Não, não muito. Se ficar muito tempo escrevendo atrapalha, começa a dor. Aí eu paro um pouquinho, faço exercício. CP: Mais alguma coisa que você gostaria de comentar? MAYRA: Só que eu agora quero ser fisioterapeuta. CP: Ah, então acabou te influenciando? MAYRA: É desde pequena. Porque meu pai sofreu acidente e eu via que ele fazia fisioterapia e eu fui gostando. Aí eu fui fazer lá e gostei mesmo. Eu fui vendo o tanto que é bom ajudar os outros
Diélen Borges
CP: Foi o computador que desencadeou o problema. E você continua usando muito, hoje em dia? MAYRA: Não, não posso! Eu tive que trocar por no-
CP: Por que o notebook é melhor? MAYRA: Porque você fica com a mão mais esticada e não fica tanto tempo com a mão no mesmo movimento [do mouse].
diga aí!
CP: O que você sente é uma falta de firmeza no braço? MAYRA: Se eu for fazer algum exercício físico, tipo arrumar a casa, torcer um pano, dói pra caramba. Eu não tenho força pra segurar qualquer coisa.
tebook, que é melhor.
Diélen Borges
Mayra explica que para evitar dores ao escrever muito na escola, ela pára um pouco e faz exercícios
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