SENSOINCOMUM Foto: Halyson Vieira e Lívia Ramos
Jornal-laboratório do curso de Jornalismo - UFU - Desde 2010 - Ano 7 - Nº 31 - Agosto - Setembro/2016
UFU-Patos sai do papel em meio a investigações p. 6 e 7
INstruída
INdolor
INfluência
INovação
O "x" da questão: Conselho de Graduação decide manter vestibular tradicional p. 3
Crise no Hospital de Clínicas, o maior da região, causa transtornos para estudantes e pacientes p. 4
Transparência e ética são exigências do MP para restauração das fundações de apoio da UFU p. 8
Com robôs autônomos, PatosBot participa de evento internacional e busca apoio p. 9
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n. 31 - Set/Out 2016 - Senso Incomum
INflamada
Editorial
Desbravar é preciso
EXPEDIENTE Jornal‐laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Reitor: Elmiro Santos Resende/ Diretor da FACED: Carlos Henrique de Carvalho/ Coordenador do Curso de Jornalismo: Gerson de Sousa/ Professores responsáveis: Felipe Saldanha, Ivanise de Andrade, Mirna Tonus, Vinícius Dorne, Vinicius de Souza/ Jornalista responsável: Mirna Tonus (MTb 22610)/ Editores‐chefe: Bruna Lie e Nasser Pena/ Editores de capa: Ana Luisa Nogueira, Halyson Vieira, Lívia Ramos/ Editores de arte: Iury Machado, Halyson Vieira, João Reginaldo/ Editores de seção: Aline Carrijo, Ana Eliza Barreiro, Ana Luísa Nogueira, Ana Luiza Figueiredo, Camilla de Freitas, Daniel Gonzaga, Elaíny Carmona, Gabriela Tostes, Halyson Vieira, Heloir Schwaickardt, Isabela Rodrigues, Isadora Ruiz, Iury Machado, Jhyenne Gomes, João Reginaldo, Josielle Ingrid, Mariana Marques, Nadja Nobre, Nasser Pena, Samantha Loren, Thais Fernandes, Thiago Crepaldi, Vinícius Passos/ Editora de mídias digitais: Elaíny Carmona/ Diagramadores: Aline Carrijo, Ana Eliza Barreiro, Ana Luisa Nogueira, Ana Luiza Figueiredo, Bruna Lie, Camilla de Freitas, Camila Romão, Clarice Bernardes, Gabriela Tostes, Halyson Vieira, Heloir Schwaickardt, Iury Machado, Isabela Silveira, Jhyenne Gomes, João Reginaldo, Juliana Evangelista, Lívia Ramos, Lucas Silva, Maísa Melo, Mariana Marques, Natália Spolaor, Pedro Henrique, Samantha Loren, Vinícius Passos, Wando Moreira/ Revisão: Ivanise de Andrade (MTB DRT/MS 97)/ Finalização: Danielle Buiatti/ Tiragem: 2.000 exemplares/ Impressão: Imprensa Universitária ‐ Gráfica UFU/ sensoincomumufu@gmail.com/ www.sensoincomum.net
Pensar a UFU para além dos limites de Uberlândia é a pro‐ posta do Jornal Senso Inco‐ mum, nas edições de 2016. Rumo aos campi avançados, a busca é pela informação descentralizada, na tentativa de garantir a representativi‐ dade de todos que fazem a universidade. Nesta primeira edição, ru‐ mamos ao campus de Patos de
Minas, criado em 2010, que, por uma série de questões judi‐ ciais, teve a construção do pré‐ dio embargada. O sonho do campus próprio escorreu pelo ralo. A UFU‐Patos, nome dado pela comunidade acadêmica da cidade, não parou por conta dos processos. Aulas teóricas e práticas, grupos de pesquisa, atléticas e movimento estudan‐
til funcionam a todo vapor, mas com muitas dificuldades na maior parte das vezes. Vislumbrar o campus fica cada vez mais difícil. Os estu‐ dantes não têm expectativas de ter aulas num bloco oficial‐ mente da UFU e, nas ruas, o povo trata a questão com des‐ caso ou como piada. Conheça mais sobre essa realidade nesta edição do Senso Incomum.
Crônica
O perigo mora ao lado Isabela Silveira Impressionante como várias situações de risco já estiveram do meu lado sem que eu perce‐ besse. Passo quase todas as tar‐ des no bloco 5S da UFU. Em uma tarde de outubro, três mulheres foram assaltadas à mão armada dentro de uma sa‐ la no mesmo bloco. Os bandi‐ dos fugiram pela Avenida Segismundo Pereira, por onde eu passo todos os dias para chegar em casa. Na primeira semana de aula, em 2015, enquanto eu come‐ morava com meus novos cole‐ gas a semana de calouros, uma jovem de 18 anos foi seques‐
trada e levada para um terreno baldio. Em setembro do mes‐ mo ano, uma mulher sofreu tentativa de estupro dentro do banheiro do bloco 3D. Eu esta‐ va a poucos metros do ocorri‐ do. Poderia ter sido comigo. Por sorte, eu estava em casa. Espera! Por sorte? Repenso. Quando uma coisa ruim acon‐ tece com uma mulher, não só dentro da universidade, é co‐ mo se estivesse acontecendo comigo. Por mais que eu reflita em busca de soluções, não encon‐ tro uma eficiente. Sigo vivendo com medo, em estado de alerta por 24 horas e rezando pra ter mais sorte que minhas compa‐
Charge
Após eleições municipais, Odelmo Leão volta a Brasília...
nheiras. Não fui a vítima dessa vez, mas estou jogada num mar perverso de insegurança. Eu, que diversas vezes ouvi mulhe‐ res gritando por socorro bem embaixo da minha janela e não pude ajudar. Eu, que já morei em uma cidade grande como Belo Horizonte e precisava des‐ cer no ponto de ônibus da en‐ trada da favela todos os dias. Eu, que passei várias férias no centro de São Paulo. Eu, que fi‐ quei perdida em alguns lugares “não gourmetizados” do Rio de Janeiro. Eu, que gosto de sair por aí sozinha para conhecer o mundo. Eu, que sou mulher. Eu, que sou aluna da Universi‐ dade Federal de Uberlândia.
IN struída
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Universidade revive polêmica do vestibular Conselho de Graduação vota pela manutenção do processo seletivo na UFU Isadora Ruiz Em agosto de 2016, o Con‐ selho de Graduação (CON‐ GRAD) da UFU votou pela continuidade do vestibular tra‐ dicional como forma única de ingresso no segundo semestre letivo de 2017. Em votação apertada, que resultou em 24 votos favoráveis, 21 contrários e seis abstenções, rejeitou‐se a possibilidade de adesão total ao Sistema de Seleção Unifica‐ da (SiSU) para ingresso nos cursos superiores da insti‐ tuição. O professor Orosimbo An‐ drade de Almeida Rego, atual‐ mente à frente da Diretoria de Processos Seletivos (DIRPS), afirma que, durante as reu‐ niões antecedentes à votação, foram considerados os dois la‐ dos da moeda. “O SiSU repre‐ senta uma forma de acesso facilitado ao estudante que faz o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) sem precisar se deslocar até Uberlândia, MG”, explica. Em contrapon‐ to, Rego alega que a evasão dos alunos ingressantes pelo SiSU era quase o dobro da‐ queles que entraram pelo pro‐ cesso seletivo do vestibular tradicional. O estudante Frederico Fer‐ reira, do curso de Direito da UFU e integrante do coletivo Juntos, é contra a decisão do Conselho, pois diz acreditar que a motivação dos favorá‐ veis seria o interesse em manter o status quo da Universidade como instituição ainda elitiza‐ da. “O vestibular tradicional só atinge nichos específicos de es‐ tudantes do Ensino Médio”, destaca. De acordo com o professor Orosimbo Rego, foram apre‐ sentados números e argumen‐ tos favoráveis, bem como contrários, o que culminou na
Foto: Milton Santos/DIRCO UFU
O vestibular da UFU do segundo semestre de 2016 teve mais de 20 mil inscritos, disputando 1646 vagas na instituição
decisão tomada. O diretor res‐ salta, contudo, que esta delibe‐ ração não é definitiva e foi colocada apenas para o pro‐ cesso seletivo do segundo se‐ mestre de 2017. Nada impede que a adesão total ao SiSU volte a ser considerada em tempos futuros.
Vestibular versus SiSU Quando questionado sobre o caráter elitista do processo seletivo tradicional, o repre‐ sentante da DIRPS, diz que é preciso ter cautela. Ele consi‐ dera forte o discurso da in‐ justiça do processo, uma vez que o vestibular em si não é injusto, mas carrega uma difi‐ culdade já advinda do sistema de ensino do Brasil. Para Orosimbo Rego, as cotas já constituem um grande avanço na democratização e na plu‐ ralização do acesso à univer‐ sidade. O universitário Frederico Ferreira observa que, mesmo com as tentativas da UFU em abandonar o conteudismo tra‐ dicional dos vestibulares, o processo seletivo continua ex‐ tremamente elitista e injusto. O aluno indica que existe um
recorte de classe e é notável a discrepância de renda entre os aprovados pela avaliação tra‐ di‐ cional e pelo SiSU, mesmo com a adoção das cotas pe‐ la Universidade. O estudante também destaca a importân‐ cia do ENEM como tentativa de construir um ensino univer‐ salizado no Brasil, ao permitir a busca de outras potencialida‐ des que não a capacidade de memorização, como os conhe‐ cimentos adquiridos nas vivên‐ cias do dia a dia.
E, aí, estudante? O acadêmico Frederico Fer‐ reira explica que não houve a participação dos diretórios e centros acadêmicos nas discus‐ sões da pauta e critica a falta de posicionamento do Diretó‐ rio Central dos Estudantes (DCE). O CONGRAD garante que 15% do total dos membros está reservado aos estudantes. Para Ferreira, o percentual li‐ mita o contato da comunidade estudantil com as pautas dis‐ cutidas nas reuniões. Já o pro‐ fessor Orosimbo Rego admite a participação de poucos estu‐ dantes no conselho.
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O vestibular tradicional só atinge nichos específicos de estudantes do Ensino Médio
Frederico Ferreira
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INdolor
HC-UFU: dívidas e leitos fechados marcam crise Problemas administrativos e atrasos de repasses afetam alunos e pacientes Pedro Silva e Halyson Vieira
Alunos coletam brinquedos Estudantes da Medicina realizam campanha de arrecadação para a Brinquedoteca da Enfermaria do HC‐UFU. Os principais itens utilizados são lápis de colorir, jogos, gizes de cera, massas de modelar, bolas e gibis. Pontos de coleta: ‐ Biblioteca, Reitoria, 3Q, CC, 5R, 1J (Campus Santa Mônica) ‐ Xalé, CC, Biblioteca, Portaria do HC, Ambulatório de Pediatria (Campus Umuarama) ‐ Paróquias S. Francisco de Assis e Sta. Clara (Umuarama) ‐ Paróquia São Judas Tadeu (Roosevelt) ‐ Igreja Nossa Senhora Aparecida (Aparecida) ‐ Monte Sião (Bom Jesus) ‐ Filiais da Igreja Sal da Terra ‐ Colégios Batista, Gabarito e Nacional
O Hospital de Clínicas da UFU passa por uma de suas maiores crises e as interrupções nos atendimentos do Pronto Socorro é a principal prova. O hospital tem uma dívida que beira R$ 50 milhões e havia 121 leitos fechados em outu‐ bro, segundo o diretor da divi‐ são orçamentária da Fundação de Assistência, Estudo e Pes‐ quisa de Uberlândia (FAEPU), Edilberto Batista Mendes Ne‐ to. Já a direção do hospital afirmou, em nota, que funcio‐ na atualmente com os 520 lei‐ tos existentes. No embate entre a admi‐ nistração do HC e os órgãos públicos que fazem seu finan‐ ciamento, há acusações de atra‐ so nos repasses e problemas de gestão. Enquanto isso, a popu‐ lação fica sem uma resposta concreta.
Foto: Pedro Henrique Silva
Mulher com criança de colo chega às pressas ao Pronto Socorro do HC-UFU
Prejuízos ao ensino O HC‐UFU é um dos maio‐ res hospitais‐escola de Minas Gerais. Nele, alunos dos cursos da área da saúde têm aulas to‐ dos os dias, por isso, são dire‐ tamente afetados por proble‐ mas que parecem não acabar. Eles têm menos condições de trabalho e estudo e ainda têm de enfrentar a fúria da popula‐ ção devido ao atendimento ruim. De acordo com o professor Ben Hur Braga, diretor da Fa‐ culdade de Medicina da UFU, o hospital tem perdido sua identidade como instituição de ensino e falta diálogo entre a gestão e a comunidade acadê‐ mica. Para ele, o ponto fraco dessa crise são as atuais ges‐ tões, tanto do hospital quanto da universidade. “A gestão prejudicou o ensino. Não foi a falta de recurso, foi a falta de diálogo”, frisa.
Para Julia Nunes, aluna do curso de Enfermagem, a crise do HC provoca diversas defici‐ ências no hospital. “O pronto socorro é uma das principais áreas da saúde, pois demanda muito conhecimento, prática e agilidade. Para essas habili‐ dades se desenvolverem, preci‐ samos estudar neste setor do hospital”, ressalta.
O HC continua na UTI Mas não são apenas os alu‐ nos e professores que sofrem. Uma aluna do curso de Medi‐ cina que não quis se identificar diz perceber uma fragilidade muito grande no ensino devido às condições em que o HC se encontra nesse momento. Se‐ gundo ela, é penoso ver como é complicado conseguir cirur‐ gias eletivas por falta de vagas. “Atendi uma paciente que rela‐ tava muita dor abdominal. De‐
pois da consulta, descobri que levaria mais de um ano para ela conseguir a cirurgia”, diz. Para uma moradora de Monte Alegre de Minas que preferiu não dizer seu nome, o hospital tem atendido bem seu irmão do ponto de vista clíni‐ co, mas falhou na recepção. A jovem conta que no dia da in‐ ternação, um senhor só foi atendido porque sua esposa fez um ‘barraco’ na porta do hos‐ pital. “Ele faleceu ontem, imagi‐ na se não tivesse sido atendido então”, questiona ela. O diretor do HC‐UFU, Pau‐ lo Sérgio de Freitas, admite a falta de funcionários, de mate‐ riais de consumo e medicamen‐ tos, mas explica que estão tomando medidas internas pa‐ ra resolver os problemas. “A direção tem priorizado a segu‐ rança dos pacientes e também das equipes que prestam aten‐ dimento”, completa.
INclusiva
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Desafios de uma vida sobre rodas Falta de acessibilidade no Educa compromete autonomia de cadeirantes Elaíny Carmona Cézar Batista Ferreira, co‐ nhecido como Cezinha, é ca‐ deirante e frequenta o Campus Educação Física há quase três décadas para tratamento. Ex‐ atleta paralímpico de natação, ainda coleciona suas medalhas, mas deixou as competições no passado já que, segundo ele, teve de escolher entre competir e continuar treinando. “O Educa é minha segunda casa.” O ex‐atleta relata que ape‐ sar de ser bem tratado pela comu‐nidade acadêmica, seu dia a dia sobre a cadeira de rodas não é nada fácil. O cam‐ pus, mesmo atendendo uma grande quantidade de pessoas da comunidade externa, geral‐ mente com deficiência física e dificuldade de locomoção, ainda não possui acessibilidade. Os pacientes praticam es‐ portes e outros são atendidos por estagiários do curso de Fi‐ sioterapia na clínica de orto‐ pedia. “Aqui tem mais escadas do que salas de aula”, relata uma das alunas, que não quis se identificar.
Foto: Elaíny Carmona
Sem perspectivas
Obstáculos: em frente a um dos acessos da clínica de fisioterapia, Cezinha comprova a precariedade de uma das rampas do Educa.
Há escadas por todo o cam‐ pus, inclusive na entrada princi‐ pal, que obriga os pacientes a usarem uma das entradas alter‐ nativas. Porém, isso não elimina os obstáculos. Sobre essa entra‐ da, Cezinha diz já ter prendido uma das rodas da cadeira dele em uma fenda, num dia chuvo‐ so, e só conseguiu sair de lá com a ajuda de alguém que se solida‐ rizou com a situação. Quando questionados sobre possíveis mudanças na estrutu‐ ra do local, tanto o paciente
quanto a aluna entrevistados dizem que não se ouve falar em melhorias. “Eles não pensam na gente”, diz Cezinha. Enquanto passeava pelo Edu‐ ca, o ex‐atleta mostrou como as rampas existentes são precárias. Durante o trajeto, ele precisou de ajuda em diversos pontos para poder subir ou descer, difi‐ cultando sua autonomia. Ele enfrenta seus dias com alegria, mas mostra na prática que a vi‐ da de quem usa cadeira de ro‐ das não é nada fácil.
Goalball: inclusão para deficientes visuais Esporte paralímpico oferecido pela UFU promove socialização de atletas Clarice Bernardes O Goalball, esporte para pessoas com deficiência visual, é uma das práticas oferecidas pelo Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Defi‐ ciência da Faculdade de Educa‐ ção Física e Fisioterapia da UFU. Segundo o professor Fer‐ nando Dias, coordenador do projeto e técnico voluntário desde 2009, o programa conta com doações e o apoio da UFU. Atleta de goalball há cinco anos, Gisele Ferreira da Silva,
29 anos e mãe de dois filhos, é experiente em competições como o Campeonato Brasilei‐ ro, integrando a equipe femi‐ nina de Uberlândia. Quando nas‐ceu, o diagnóstico era o de que ela não enxergaria nem falaria. Mas apesar da perda de visão, Giselle tem superado a depressão com o Goalball. “O esporte muda a vida das pesso‐ as”, acredita. A modalidade é praticada por atletas com vários graus de deficiência visual em igualdade de condições. Todos
usam óculos e um tampão of‐ talmológico para que os atle‐ tas das categorias B1 (cegos totais ou com percepção de luz), B2 (atletas com percep‐ ção de vultos) e B3 (atletas que conseguem definir ima‐ gens), possam jogar juntos. Os treinos são gratuitos e abertos a pessoas com deficiên‐ cia visual de ambos os sexos e idades de toda a região. Eles acontecem no Ginásio dois do Campus Educação Física às se‐ gundas, terças e quintas‐feiras à tarde.
O diretor da Faculdade de Educação Física e Fisio‐ terapia (FAEFI), Guilherme de Agostini, diz que são to‐ madas algumas ações internas para amenizar a falta de acessibilidade no campus, como a realoca‐ ção dos projetos para pré‐ dios próximos às entradas alternativas. Tal medida, segundo ele, torna a loco‐ moção dentro do local mais tranquila. Já o coordenador de Fi‐ sioterapia, Angelo Piva Bi‐ agini, admite a falta de acessibilidade e diz que não há previsão de obras para melhorias.
Mais sobre o jogo Segundo a Confederação Brasileira de Desportos Visuais, a partida de Goolball tem dois tempos de 12 minutos, com três minutos de intervalo cada um. O esporte conta com três atletas titulares e três reservas em cada equipe, saindo vencedora aquela que fizer mais pontos. A quadra mede 9 m de largura por 18 m de comprimento. A bola tem 76 cm de diâmetro, pesa 1,25 kg e possui guizos para que os atletas ouçam seu som durante o jogo.
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IN capa
n. 31 - Set/Out 2016 - Senso Incomum
O IMPASSE UFU-P Ações judiciais contra membros da antiga Prefeitura de
Nasser Pena e Samantha Loren
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O que vai ficar pronto daqui a dois anos é o que a gente precisava em 2011
Peterson Gandolfi
”
A construção do campus da UFU na cidade de Patos de Mi‐ nas é atravessada por uma complexa questão judicial. O Ministério Público Federal (MPF) é o responsável pela moção de dois processos, uma Ação Ci‐ vil Pública (ACP) e uma Ação de Improbidade Administrati‐ va. Essas ações se alongam desde 2011 e têm como réus membros da gestão da UFU à época ‐ o ex‐reitor Alfredo Jú‐ lio Fernandes, o ex‐vice reitor Darizon Alves e o ex‐pró‐reitor de Planejamento e Administra‐ ção e recém‐eleito reitor Valder Steffen ‐ bem como a ex‐prefei‐ ta do município, Béia Savassi, sua irmã Maria Teresa de Cas‐ tro Alves Neves e seu cunhado Nelson Ribeiro Neves. Todos são acusados de serem respon‐ sáveis por um esquema de cor‐ rupção que buscou favorecer a ex‐prefeita e sua família no pro‐ cesso de doação do terreno para o campus. Essas complicações fazem os estudantes e os pro‐ fissionais da Universidade viven‐ ciarem, cotidianamente, difi‐ culdades para desempenhar su‐ as atividades. Segundo o professor Peter‐ son Gandolfi, assessor da UFU em Patos, o processo de doa‐ ção feito na cidade asseme‐ lhou‐se aos de Ituiutaba e Monte Carmelo. “O processo aqui deu problema devido a um viés político entre famílias.
Assessor do campus, Peterson Gandolfi, abre passagem para veículo da Un A fazenda está dentro de um lote de uma delas e a outra fi‐ cou chateada, porque a valori‐ zação da região vai ser enorme”, afirma. O argumento do MPF é que o processo foi pouco divulgado e alguns dos possíveis doado‐ res não tiveram acesso a um conjunto de exigências infraes‐ truturais feitas pela universida‐ de. Por este fator, foi escolhido o terreno oferecido pela famí‐ lia da ex‐prefeita, o que moti‐ vou o MPF a recomendar à UFU, em 2010, o cancelamen‐ to dessa decisão, além da reali‐ zação de uma licitação para a seleção de um novo terreno. A Universidade não acatou a recomendação, afirmando que
a escolha da área já havia sido concretizada, o que não era verdade, pois o processo só foi finalizado em janeiro de 2011. Em desacordo com essa alega‐ ção, o Ministério Público inici‐ ou uma Ação Civil Pública em agosto de 2011, a fim de anu‐ lar a doação feita pelo casal Maria Teresa Neves e Nelson Ribeiro. Em relatório escrito por Val‐ der Steffen, consta que apenas o imóvel apresentado pelos parentes de Béia Savassi cum‐ pria as condições exigidas pela Universidade. Entretanto, pa‐ ra o MPF, havia outra área que também atendia às exi‐ gências. Questionado sobre a acusação de fraude do docu‐
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PATOS DE MINAS Patos e ex-gestores da UFU paralisam obras do campus
ção, em ofício assinado pelo ex‐vice reitor Darizon Alves, de que a instituição havia acei‐ tado a doação do imóvel. Para que a construção do campus não fosse prejudicada pelas ações, a Universidade lançou edital para nova doa‐ ção, em 2013, o que resultou nos mesmos vencedores do pri‐ meiro processo, os parentes de Béia Savassi. Entretanto, o MPF alega que, apesar de o novo método de escolha do terreno ser regular e cumprir as recomendações, não anularia as ações do passado. Foto: Nasser Pena
niversidade levar equipe de reportagem até o terreno da construção mento, Steffen explica que, ao analisar as propostas, não pos‐ suía nenhuma informação sobre outro doador que atendesse às demandas. “Eu fiz o relatório. Era uma comissão nomeada pe‐ lo reitor e alguém tinha que co‐ locar no papel para o Conselho Universitário”, afirma.
O processo Com o sucesso na ACP e a paralisação das obras, o MPF ingressou, em 2012, com ou‐ tra Ação Civil contra todos os envolvidos no processo, acusan‐ do‐os de Improbidade Adminis‐ trativa. Béia Savassi, Maria Teresa e Nelson Ribeiro são ain‐ da acusados de tentativa de en‐
riquecimento ilícito, pois, antes mesmo da escolha do terreno, os três teriam adqui‐ rido 261 lotes vizinhos à área doada, avaliados, no total, em aproximadamente R$ 46 mil à época. Hoje, com base em es‐ timativas de corretores locais, o valor dos terrenos chegaria a R$ 22 milhões. O MPF afirma que houve favorecimento por parte da UFU à proposta feita pela ir‐ mã e pelo cunhado da ex‐pre‐ feita, tanto pelo fato de a Universidade não ter acatado a recomendação de parar as tra‐ tativas, quanto por emitir rela‐ tório de que apenas o imóvel deles atendia às especificidades exigidas. E, ainda, pela afirma‐
Perspectivas A Ação de Improbidade se desenrola até os dias atuais e, segundo a analista processual do MPF em Patos de Minas, Gizelle Tolentino, a tendência é que o processo se alongue pe‐ los próximos anos. Mesmo se for comprovada a tese da acu‐ sação, “a UFU não corre o ris‐ co de perder o terreno”, afirma. Em meio a essa problemáti‐ ca, as obras da universidade foram reiniciadas no dia 5 de setembro de 2016, com previ‐ são de término em 2018. Contudo, os atrasos já mos‐ tram efeitos. “O que vai ficar pronto daqui a dois anos é o que a gente precisava em 2011. Hoje, não atende meta‐ de da nossa necessidade”, afir‐ ma Gandolfi.
Aulas UFU-Patos ‐ Bloco M da sede da Universidade de Patos de Minas (UNIPAM) ‐ Dois prédios concedidos pela Prefeitura, sendo um para aulas e outro para os laboratórios.
Arte: Halyson Vieira e Isadora Puríssimo
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Efeitos dos cortes ‐ A UFU perdeu 52 bolsas de alunos já selecionados no edital de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica em 2016; ‐ A Universidade demitiu 45% dos profissionais que realizavam a segurança dos campi; ‐ Falta material para desenvolver pesquisas; ‐ Projetos de extensão e pesquisa estão sendo suspensos; ‐ Funcionários estão sendo demitidos; ‐ Contratos com a iniciativa privada estão sendo rompidos.
INsumo
UFU tem repasses reduzidos até 2017 Do RU ao Intercampi, o contingenciamento afeta a vida da comunidade universitária Bruna Lie A política de redução orça‐ mentária adotada pelo Gover‐ no Federal fez com que os repasses financeiros para a UFU fossem reduzidos em 2015 e 2016, e serão menores em 2017. O orçamento das universidades federais tem so‐ frido cortes progressivos des‐ de 2013. Naquele ano, apenas em investimentos, foram exe‐ cutados R$ 44 milhões pela UFU. Em 2015, foram R$ 20 milhões, quando a previsão era de pelo menos o dobro desse valor. Segundo o dire‐ tor de Orçamento da UFU,
Alfredo Ferrão, o Governo não atingiu o índice de arre‐ cadação esperado e, por isso, foi aplicada a contenção de recursos. Essa política fez com que a UFU perdesse repasses. “Isso atrapalha o planeja‐ mento da Universidade. O corte mais significativo foi em investimentos, o que acaba in‐ terrompendo obras, especial‐ mente nos campi avançados”, afirma Ferrão. De acordo com a Pró‐Reito‐ ria de Assistência Estudantil, a UFU oferece mais de 7 mil bolsas. Esses recursos são do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que cres‐
ceu nos últimos anos, mas não acompanhou a demanda de alunos que precisam de auxí‐ lio. Ações de incentivo ao es‐ porte ou assistência psicológica também são feitas com recur‐ sos da assistência estudantil. O pró‐Reitor de Assistência Estudantil, Leonardo Barbosa, explica que a situação é grave e coloca em xeque a perma‐ nência de estudantes com vul‐ nerabilidade social. “Hoje, nós temos a necessi‐ dade de cortar bolsas. É uma situação triste e pode causar a evasão de muitos estudantes que dependem desse auxílio”, ressalta Barbosa.
IN fluência MPE exige mudanças nas fundações da UFU Promotor de Justiça explica, em entrevista, os problemas enfrentados
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Ana Luisa Alves Nogueira
Nós queremos que as fundações cumpram seu papel Fernando Martins
”
As fundações de apoio da UFU surgiram para auxiliar na administração e mobilidade das mais diversas áreas da institui‐ ção. Atualmente, a UFU conta com quatro destas fundações ati‐ vas: a Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (FAEPU), a Fundação de Apoio Universitário (FAU), a Fundação de Rádio e TV Universitária (RTU) e a Fundação de Desenvolvi‐ mento Agropecuário (FUNDAP). O promotor de justiça e cu‐ rador das fundações, Fernando Martins, explicou o funciona‐ mento destes órgãos, seus vín‐ culos com a Universidade, os problemas enfrentados e as mudanças que devem ser reali‐ zadas para melhorar a gestão e a transparência das funda‐ ções, conforme exigências do Ministério Público Estadual (MPE).
Senso Incomum: Quais mu‐ danças são exigidas pelo MP? Fernando Martins: Nós re‐ comendamos diminuir o qua‐ dro de servidores celetistas e foi isso que a RTU fez. Isso é um aspecto importante e que melhorou as finanças. Outra si‐ tuação que agora vai melhorar é que ela vai mexer na grade de programas e vai retirar aqueles que são considerados obsoletos, aqueles que tem muito mais um viés ideológico do que informa‐ tivo e vai fechar contratos com serviços que necessitam de pu‐ blicidade. SI: Até que ponto, em ter‐ mos ilícitos, esta falta de políti‐ ca nas fundações favorecia a UFU? FM: Eu posso dar o exemplo de uma apuração que estamos fazendo na curadoria de fun‐ dações sobre a construção de um protótipo de avião que foi feito na cidade de Tupacigua‐
ra. Estamos tomando provi‐ dências severas em relação a isso. Esses casos são provas ou, no jargão jurídico, a compro‐ vação empírica de que, se não há controle, há possibilidade de algumas pessoas se enrique‐ cerem ilicitamente através de recursos que são destinados às fundações. SI: Então todas as fundações estavam desvirtuadas de suas finalidades FM: Sim. Se não houvesse a curadoria, teríamos o desman‐ do. Nós queremos que as fun‐ dações cumpram seu papel e sua finalidade social. A princi‐ pal delas é o atendimento do interesse público. SI: As fundações têm salva‐ ção? FM: Tem salvação. Precisa‐ mos enxugar o número de ser‐ vidores e certamente tratar com transparência as suas ne‐ gociações.
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PatosBot luta por visibilidade com robôs Equipe de robótica busca apoio financeiro para protótipos autônomos
Foto: Samantha Loren
Robô da equipe P.Teleco (esq.) e Osmar, novo robô da PatosBot (dir.): desempenho entusiasma equipe
Iury Machado Algum material de cor preta e fita crepe ou uma cartolina e fita isolante já são suficientes para saírem andando. Os carri‐ nhos autônomos criados pela equipe de robótica do curso de Engenharia Eletrônica e Tele‐ comunicações da UFU ‐ Patos têm buscado visibilidade em competições da área. A estéti‐ ca pode não ser muito atraen‐ te, mas o objetivo tem sido alcançado. “Trata‐se de um seguidor de linha, um carri‐ nho dotado de sensores e mi‐ crocontrolador, capaz de seguir uma linha no chão”, explica o estudante Marcelo Masson, integrante da equipe.
Primeiros passos O que hoje rende bons resul‐ tados começou de forma rudi‐ mentar, fato que não impediu a imaginação do ex‐instrutor de Eletroeletrônica, técnico e estu‐ dante do curso, Afonso Pujoni, de improvisar. “Como no início do curso eram poucas as aulas práticas no laboratório de ele‐ trônica, eu tinha tempo para desenvolver projetos de meu in‐ teresse. Utilizando materiais das minhas ‘tralhas’ de técnico, mon‐ tei o primeiro veículo, feito de uma caixa de sapatos”, lembra.
A experiência instigou o professor do curso e coordena‐ dor do projeto, Laurence Ama‐ ral, que soube da existência de robôs adquiridos pela UFU, mas que não eram utilizados, pois ninguém sabia programá‐los. Com a ajuda da Internet, Afonso revitalizou os equipa‐ mentos, montou labirintos e pistas de cartolina e fita isolan‐ te para que fossem testados. A partir daí, nasceu a ideia de criarem um robô para compe‐ tir no Torneio Universitário de Robótica (TUR) 2013, na UFU.
Competições Sob o nome de P.Teleco (Pa‐ tos Telecom), uma equipe de alunos foi formada e peças no‐ vas foram adquiridas. Para competir, o grupo sentiu neces‐ sidade de criar uma pista de testes que reproduzisse os pos‐ síveis obstáculos do torneio, além de realizar os ajustes ne‐ cessários na parte mecânica e no código de programação. Auxiliados pelo técnico do Ins‐ tituto de Física (InFis), Daniel Araújo, a pista foi criada, mas o carrinho foi eliminado na primeira fase. Formada uma nova equipe, o nome mudou para PatosBot e as ambições aumentaram. O objetivo dos novos membros
seria construir um robô, Osmar, para competir no maior evento de robótica da América Latina, a Winter Challenge, em que alunos e empresas se encontram para trocar conhecimentos e proporcionar oportunidades no mercado de trabalho.
A autonomia é o futuro O bom desempenho entusi‐ asmou mais alunos do curso, como Nadyne Souza. “Para quem foi pela primeira vez, a participação no Winter Chal‐ lenge 2016 rendeu um resulta‐ do muito satisfatório, tendo em vista a experiência dos competidores de outras univer‐ sidades”, conta. A aluna, então, resolveu dar continuidade ao projeto. “Isso fez com que o Marcelo e eu ti‐ véssemos a ideia de chamar al‐ guns alunos para participar e montar uma equipe, primeira‐ mente pequena, com funções bem‐atribuídas”. O plano para o futuro é a conquista de maior autonomia e o ingresso na categoria sumô, em que o carrinho é colocado em um círculo para medir forças com outro e empurrá‐lo para fo‐ ra. Com o histórico de supera‐ ção e criatividade, PatosBot luta para colher ainda mais frutos de bons trabalhos.
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Utilizando materiais das minhas ‘tralhas’ de técnico, montei o primeiro veículo Afonso Pujoni
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Atletas de Patos reclamam da falta de transporte
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A gente deveria ter garantido o transporte. Eles deveriam participar do congresso técnico
Leonardo Barbosa
IN tervalo
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Equipe Arquibancada O Arquibancada UFU surgiu em parceria com a DIESU e tem como idealizadores Thiago Crepaldi, conhecido como Zina, Gabriela Tostes, Lívia Ramos, Ana Luiza Figueiredo e João Reginaldo Júnior, coordenados pelo professor Rafael Duarte. Os conteúdos esportivos da UFU estão disponíveis no Facebook e no Tumblr.
Alunos gastam dinheiro próprio para participar de eventos em Uberlândia João Júnior A Divisão de Esporte e Lazer Universitário (DIESU) da UFU promove durante todo o ano diversos campeonatos esporti‐ vos com o intuito de estimular a interação entre os alunos. Contudo, o único evento para o qual a universidade disponi‐ biliza transporte para os estu‐ dantes dos campi avançados é a Olimpíada Universitária, que ocorre anualmente entre os meses de outubro e dezembro. Assim, quando as atléticas dos campi avançados desejam participar de outros torneios que ocorrem em Uberlândia, os estudantes precisam se juntar e tirar dinheiro do próprio bolso para as viagens. O pró‐reitor da assistência es‐ tudantil, Leonardo Barbosa, afirma que a UFU não dispõe de verba suficiente para transportar as atléticas a todos os campeo‐ natos realizados em Uberlândia. A solução, segundo ele, seria tornar apenas as Olimpíadas
evento de integração entre to‐ dos os campi. Os outros tor‐ neios realizados durante o ano ocorreriam como competições descentralizadas em todas as cidades em que a Universidade tem alunos. “Somos todos UFU, mas a prioridade é Uberlândia”, des‐ taca Felipe Marques, diretor da Associação Acadêmica Atlé‐ tica Engenharias e Biotecnolo‐ gia da UFU de Patos de Minas (AAAEB). Enquanto isso, em frente à sala da atlética, alguns
veículos da Universidade ficam parados devido ao sistema de quilômetros rodados criado pela Instituição. O problema, segundo os alunos, é que o preço está acima dos valores de mercado. Uma viagem de Patos para Uberlândia custaria cerca de R$1300. O aluno reclama que a atlética não recebe trans‐ porte para participar do con‐ gresso que acontece semanas antes das Olimpíadas e que de‐ fine questões importantes do evento.
Foto: Thiago Crepaldi
Mesmo sem verbas, alunos de patos participam de Campeonato Society
O jornalismo feito da Arquibancada Projeto de extensão cobre eventos esportivos por meio de redes sociais digitais Daniel Gonzaga da Silva Entre as tradições da UFU estão os eventos esportivos. Pen‐ sando nisso, em abril deste ano, a Atlética FACED teve a ideia de realizar cobertura jornalística esportiva das competições uni‐ versitárias para página no Fa‐ cebook. O professor Rafael Duarte Venâncio Oliveira acre‐ ditou na ideia e assim surgiu o projeto de extensão Arquiban‐ cada UFU. “O Arquibancada é parte in‐ tegrante da iniciativa Esportí‐ dia, grupo de estudos referência na área, que ainda têm como
projetos o Tirinhas Olímpicas e o Triângulo do Futebol, além de outras ações, fazendo de Uberlândia um importante nú‐ cleo de estudos sobre esporte e mídia no Brasil”, explica Oli‐ veira. Conforme os realizadores do projeto, o cenário do esporte na universidade é marcado pe‐ lo baixo investimento financei‐ ro e apoio estrutural. “Usamos nossos próprios recursos. A câ‐ mera, pacotes de dados do ce‐ lular, transporte”, explica a aluna participante Ana Luiza. Apesar das dificuldades, o Arquibancada segue como re‐
ferência de jornalismo espor‐ tivo na universidade, man‐ tendo o gosto dos participan‐ tes pelas práticas jornalísti‐ cas. “O projeto é como um filho. Nos anima a continuar aprendendo sobre jornalismo e esporte, mantém nosso foco na prática da profissão”, afir‐ ma a acadêmica Gabriela Tostes. A aluna e participante Ana Luiza Figueiredo afirma que, em pouco tempo, o projeto al‐ cançou grande visibilidade. “As Atléticas apoiam e expandem o alcance do nosso trabalho”, completa.
IN sight
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Clube para os amantes da sétima arte Cineclube UFU exibe e discute filmes semanalmente no campus Santa Mônica Juliana Izabel Evangelista Se você é apaixonado por filmes, o Cineclube da UFU é uma excelente opção. O proje‐ to surgiu no início deste ano, com sessões que ocorrem toda semana, às 16h, geralmente no bloco 5O do campus Santa Mônica. Criado pelo estudante de História Arthur Carvalho, o Cineclube tem como principal objetivo unir pessoas que com‐ partilham do mesmo interesse, além de gerar debates acerca dos filmes. A ideia ganhou for‐ ça, tornou‐se projeto de exten‐ são e conta com a colaboração de outros estudantes do curso, orientados pela professora de História Mônica Brincalepe. A equipe responsável busca consolidar a iniciativa. “Quero poder voltar na UFU daqui uns dez anos e, ainda, assistir uma sessão”, sonha o fundador Arthur Carvalho. Segundo o estudante de Ar‐ quitetura Lucas Eduardo Bue‐
“ Foto: Arquivo CineClube
Em cartaz, “Pulp Fiction”, aclamado filme do diretor Quentin Tarantino
no, que acompanha as exibições com frequência, o objetivo tem sido cumprido. “O projeto criou uma identi‐ dade e um hábito nos partici‐ pantes. Todo mundo sabe que sexta‐feira à tarde é dia de Ci‐ neclube. Já não imagino mais a UFU sem ele e creio que só ten‐ de a expandir”, afirma. Uberlândia também possui outro clube de cinema, o Cine‐ clube Cultura, que funciona há 30 anos. O atual coordenador, Paulo Soares Augusto, destaca
a importância da iniciativa na universidade que, por não pos‐ suir caráter comercial, possibili‐ ta maior liberdade para tra‐ balhar com os filmes. “A discussão gera um pensamento para além da imagem”, acredita. O Cineclube UFU conta ain‐ da com a participação do pú‐ blico na escolha dos filmes, que a cada mês apresenta uma temática diferente. As exibi‐ ções são gratuitas, abertas ao público e com a emissão de certificados.
IN formal SENSO INCOMUM chega a todos os campi da UFU Publicação do curso de Jornalismo completa seis anos com nova proposta editorial Vinicius Passos Após seis anos de existência, o Jornal laboratório Senso Inco‐ mum traz, pela primeira vez, ma‐ térias de todos os campi UFU e conta com edições especiais vol‐ tadas para as unidades de Patos de Minas, Ituiutaba e Monte Carmelo. A proposta partiu de alunos do curso de Jornalismo, que desbravam os locais com o acompanhamento dos docen‐ tes. Estudantes e professores dos campi avançados se mos‐
tram empolgados com a novi‐ dade. O professor e assessor da reitoria em Patos de Minas, Peterson Gandolfi, vê no jor‐ nal uma possibilidade de dar visibilidade ao que considera de grande importância. “É ne‐ cessário que vocês [futuros jornalistas] mostrem o que nosso campus tem de bom. Como os laboratórios, que são de grande importância para o desenvolvimento acadêmico”, ressalta. A estudante do curso de Geologia no campus Monte
Carmelo Vanessa Santos tam‐ bém diz estar satisfeita com a proposta. “Acredito que deve ser abordada a questão da pre‐ cariedade em alguns cursos. Como o de Geologia, que sofre horrores por falta do básico para se manter aberto”, co‐ menta. Segundo o aluno de Jorna‐ lismo Gustavo Medrado, um dos idealizadores do projeto, a necessidade de maior repre‐ sentatividade dos campi avan‐ çados foi a principal motivação para a proposta do grupo.
A discussão gera um pensamento para além da imagem Paulo S. Augusto
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Um campus pra chamar de seu Heloir Cristiano Schwaickardt
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Não posso chamar o lugar em que estudo de nosso campus
Matheus Carvalho de Matos
Atualmente no quarto pe‐ ríodo do curso de Biotecnolo‐ gia, Matheus Carvalho de Matos, 19, optou por Patos de Minas porque a concorrência para entrar era menor do que em Uberlândia, onde também existe o curso. Quando come‐ çou a graduação, descobriu que a UFU não tinha um cam‐ pus na cidade. Desde o início, a UFU em Patos está instalada em um dos blocos da UNIPAM e em ou‐ tros prédios, situação retratada na matéria de capa desta edi‐ ção. “Não posso chamar o lu‐ gar em que estudo de nosso campus”. Matheus sente‐se cha‐ teado: “Sair na rua e as pessoas não saberem que existe UFU aqui, ou quando já têm conhe‐ cimento, acharem que estuda‐ mos de favor na UNIPAM”. O universitário mora com três amigos e vai a pé para as aulas de período integral diur‐ no, que se concentram nas ter‐ ças, quartas e quintas‐feiras. “Isso acontece porque muitos professores moram em Uber‐ lândia e preferem ir embora
mais cedo na quinta e chega‐ rem mais tarde na segunda”, explica. Matheus gostaria que os es‐ tudantes da UFU‐Patos tives‐ sem as mesmas possiblidades de esporte, lazer e eventos que os colegas nos outros campi. “Havia o ‘Dançando na UFU’, que eu adorava. Hoje em dia, o único evento é o ‘SimTeci’, um simpósio de tecnologia. Já arte e cultura não se vê”, criti‐ ca. Aluno de Iniciação Científi‐ ca, teve que começar sua pes‐ quisa em Uberlândia. “Em Patos, não tínhamos condi‐ ções. Temos uma pequena bi‐ blioteca e um número bem limitado de livros”, observa Matheus. Mesmo assim, ele adora estudar na UFU. “Acre‐ dito que precisamos melhorar, mas sou muito feliz aqui”. Ter um espaço para dar identidade à sua faculdade faz parte da vivência universitária. Para Matheus, um campus es‐ truturado e que atenda às ne‐ cessidades dos universitários são prerrogativas essenciais pa‐ ra poder chamar esse espaço de seu.
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IN termitente Varal Poste uma foto no Instagram ou Facebook com #varaldosenso e participe.
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Foto: Heloir Schwaickardt
Matheus conta sobre sua rotina no “campus” da UFU em Patos de Minas
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