Senso 32_nov-dez/16_jan-fev/17

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SENSOINCOMUM

Foto: Samantha Loren

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo - UFU - Desde 2010 - Ano 7 - Nº 32 - Nov - Dez/2016 - Jan/2017

Cursos sofrem com estrutura precária

p. 6 e 7

INfluência

INclusiva

INtervalo

INsight

Situação na ocupação do Glória continua incerta; Reitoria analisa soluções pacíficas p. 4

Estudantes de Monte Carmelo criam coletivo LGBT em meio a onda de intolerância p. 5

Diretoria de Esportes e time local propõem incluir rugby nas Olimpíadas Universitárias p. 10

Nova gestão da Dicult avalia cenário cultural e pretende consolidar plano de ações p. 11


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n. 32 - Nov/Dez 2016 - Jan/2017 - Senso Incomum

EXPEDIENTE Jornal‐laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Reitor: Valder Steffen / Diretor da FACED: Robson Luiz de França / Coordenador do Curso de Jornalismo: Gerson de Sousa / Professores responsáveis: Felipe Saldanha, Ivanise de Andrade, Mirna Tonus, Vinícius Dorne, Vinicius de Souza / Jornalista responsável: Mirna Tonus (MTb 22610) / Editores‐chefe: Isadora Ruiz e Iury Machado / Editores de

INflamada

Editorial

O problema é nosso O Senso Incomum dá continui‐ dade, nesta edição, à proposta de representar a UFU em toda a sua extensão. O jornal destaca o Campus Araras, em Monte Car‐ melo, que, em um cenário seme‐ lhante ao dos demais campi avançados, enfrenta adversidades em relação à infraestrutura. Cha‐ ma atenção a falta de espaços adequados para experimentos la‐

boratoriais, o que provoca o adi‐ amento de diversas disciplinas e prejudica o desenvolvimento dos estudantes. A conjuntura não é otimista: problemas na gestão, corte de verbas e medidas previstas na “PEC do Teto” complicam ainda mais a situação da comunidade acadêmica da UFU. Tais medi‐ das de contingenciamento pro‐

vocaram debates nas entidades políticas e também a suspensão das atividades na Universidade no final de 2016. Nesse contexto negativo e re‐ pleto de incertezas, faz‐se necessá‐ rio, mais do que nunca, a inserção da comunidade acadêmica nos impasses enfrentados pela Univer‐ sidade, tarefa que o Senso InCo‐ mum encara como missão.

capa: Josielle Soares e Nadja Nobre / Editores de Arte: Ana Luísa Nogueira, Bruna Lie, Maísa Melo, Nasser Pena, Samantha Loren, Thiago Crepaldi / Editores de editorias: Aline Carrijo, Ana Luiza Figueiredo, Camila Romão, Camilla de Freitas, Clarice

Opinião

Será o fim do jornalismo impresso em Ubercity? Gustavo Medrado

Bernardes, Elaíny Carmona, Halyson Vieira, João Junior, Josielle Soares, Juliana Evangelista, Lívia Ramos, Lucas Daniel Silva, Mariana Marques, Nadja Nobre, Natália Spolaor, Pedro Henrique Silva, Wando Moreira / Editores de mídias digitais: Gabriela Tostes e Jhyenne Gomes / Diagramadores: Aline Carrijo, Ana Luiza Figueiredo, Camila Romão, Gustavo Medrado, Jhyenne Gomes, Juliana Evangelista, Lívia Ramos, Lucas Silva, Mariana Marques, Natália Spolaor, Pedro Henrique Silva / Revisão: Ivanise Andrade (DRT/MS 097) / Vinicius Dorne

Ubercity, ou “berlândia” para os íntimos, parece fugir de tudo que a associa ao passado. Com pinta de capital, a cidade vem passando por transformações que deixaram essa senhora com cara de mocinha. No entanto, será que alguns antigos costumes, como tomar café enquanto se lê o jor‐ nal, serão esquecidos? Se você tem menos de 30 anos, aposto que substitui facilmente as velhas páginas de um jornal im‐ presso pelas infinitas possibilida‐ des de acesso ao conteúdo de seu smartphone. Eu também sou as‐ sim, fruto dessa geração imersa

(0011121 MTb) / Finalização: Danielle Buiatti / Tiragem: 2.000 exemplares / Impressão: Imprensa Universitária ‐ Gráfica UFU / sensoincomumufu@gmail.com / www.sensoincomum.net

ERRATA Erramos: O robô Osmar não é o novo protótipo da PatosBot, como descrito na legenda da página 9 da edição 31, mas sim da equipe P.Teleco. O pro‐ tótipo da PatosBot está à es‐ querda da foto.

Charge

nessa modernidade líquida em busca de tecnologias para saciar nossa sede diária de informação. E, talvez, não percebamos que, diante de tantas fontes, acabamos por nos perder e não absorver o que de melhor há por aí. Falando em informação, gos‐ taria de pedir um minuto de si‐ lêncio pelo encerramento de nosso único jornal impresso ex‐ pressivo. Por quase 80 anos, o Correio de Uberlândia acompa‐ nhou, relatou e documentou a história da cidade. O Grupo Al‐ gar, responsável pela editoração do informativo, disse que sua missão foi cumprida e, dado o atual cenário de crise nos grandes

periódicos, preferiu encerrar suas atividades de forma digna. É fato que os tempos muda‐ ram, mas será mesmo que uma medida tão drástica como essa era necessária? Afinal, assim co‐ mo o surgimento da TV não ma‐ tou o rádio, o impresso poderia existir diante da internet. Por fim, refaço a pergunta. Se‐ rá mesmo o fim do jornal impres‐ so em Ubercity? O futuro é só dos veículos digitais? Não pode‐ ríamos bolar alguma alternativa? Enquanto não temos essas res‐ postas, “aproveite o luto” en‐ quanto sacia sua sede de conhecimento com um bom im‐ presso: o Senso InComum.


INstruída

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Incertezas quanto às consequências da greve afetam comunidade acadêmica Alunos relatam preocupação com relação a reposição de aulas e novo calendário Ana Luisa Nogueira e Isabela Silveira A UFU passou por uma greve geral entre os dias 24 de outubro e 19 de dezembro de 2016, tendo como alguns objetivos impedir a aprovação da PEC 55, pelo Sena‐ do, e apoiar os estudantes secun‐ daristas nas ocupações das esco‐ las que protestavam contra a re‐ forma do Ensino Médio. A defesa da paralisação e os resultados ob‐ tidos com o movimento provoca‐ ram divergência de opiniões na Universidade. O desenrolar da greve foi con‐ turbado e contou com disputas judiciais. Segundo o Promotor de Justiça e professor da UFU, Mar‐ co Aurélio Nogueira, as discus‐ sões desencadearam embates en‐ tre professores. O Conselho Su‐ perior da Universidade (Consun) decidiu, ainda que não pela tota‐ lidade dos votos, pela suspensão do calendário acadêmico, mas houve quem se sentisse prejudica‐ do e pedisse judicialmente a revo‐ gação da decisão. A aluna do curso de Direito Luiza Queiroz afirma que a greve é uma ferramenta válida, mas que a maneira como foi conduzida gerou insegurança para os estu‐ dantes devido à divergência de opiniões. “Quando os professo‐ res e alunos do meu período ob‐ servaram que o movimento havia perdido força, fizeram uma vota‐ ção e decidiram voltar às aulas em dezembro. No entanto, com o anúncio do calendário de reposi‐ ção e sabendo que as atividades desenvolvidas durante a greve perderiam a validade, paramos novamente”, explica. Por outro lado, Frederico Ferreira, também estudante de Direito e representante do movi‐ mento grevista, diz que previa que a reposição seria desconfor‐ tável. “Calendário desregulado, estudar nas férias e ter interrup‐

Foto: Letícia França

Assembleia geral dos estudantes, realizada no Campus Santa Mônica em 20 de outubro de 2016, quando foi votada greve estudantil ção na matéria. Acreditamos que seria muito mesquinho e indivi‐ dualista em relação ao contexto macro do Brasil não participar do movimento”. O único campus da UFU que não deflagrou greve foi o de Patos de Minas, mas teve de arcar com as consequências do novo calen‐ dário junto com os outros campi. O estudante de Biotecnologia Matheus Carvalho diz ter sido contrário ao movimento uma vez que a paralisação não chamaria a atenção do governo devido ao momento conturbado vivido no país. “A greve seria um risco e a PEC 55 seria aprovada de qual‐ quer forma. Foi o que aconteceu”. Raphaela Gonçalves, graduan‐ da de Ciências Contábeis, afirma

não ter se sentido tão prejudica‐ da, porque alguns professores ministraram aulas enquanto o Consun não decidia pela suspen‐ são do calendário acadêmico. “Meu curso não tem a tendência de aderir a greves e paralisa‐ ções”, comenta também Mariana Santos, estudante de Engenharia Mecânica. Para a presidente da Adufu, Jorgetania Ferreira, a greve foi exitosa em suas metodologias, com início e término fortes. “Apesar de não ter atingido o objetivo principal, foi importante para preparar a sociedade acadê‐ mica para os problemas que vi‐ rão”. Ferreira expõe que a grade de reposição garante o direito de todos, grevistas ou não.

A greve seria um risco e a PEC 55 seria aprovada de qualquer forma. Foi o que aconteceu. Matheus Carvalho


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IN fluência

UFU e MPF medem forças no caso do Glória Mais de 2.300 famílias vivem na incerteza da moradia própria desde 2012 Ana Eliza Barreiro, Gustavo Medrado e Thiago Crepaldi

Precisamos muito mais de sensibilidade do que demonstrações de autoridade do Estado ฀ alder Steffen

Com cinco anos de existência e cerca de 18 mil moradores, a ocupação Élisson Prieto, conheci‐ da como Glória, passa novamen‐ te por momentos de tensão. A área pertencente à UFU é alvo de ação de reintegração de posse no âmbito do Ministério Público Fe‐ deral (MPF). A instituição se diz aberta a negociar com todas as instâncias envolvidas, mas a Jus‐ tiça não tem levado em conta qualquer solução que não passe pela desocupação da área. No início de 2017, ao intimar a UFU a pagar metade do orçamen‐ to previsto para realizar a reinte‐ gração de posse e demolição, em torno de R$ 7,4 milhões, o MPF cobrou também o desenvolvimen‐ to de um plano de ação para a sua efetiva realização. O recurso foi repassado no final de janeiro para uma conta judicial, mas o plano de despejo não foi feito. De acordo com o reitor da UFU, Valder Steffen, medidas co‐ mo essa provam total desconheci‐ mento sobre o estatuto da Uni‐ versidade. “Entre os objetivos da UFU, estão as questões relaciona‐ das à convivência pacífica e à promoção da paz. Portanto, não cabe à nossa instituição e nem te‐

mos competência para responder uma solicitação como essa”, diz. Steffen, quando questionado sobre a transferência do dinheiro, explicou que, mesmo com o posi‐ cionamento contrário do Conselho Universitário da UFU (Consun), não teve alternativa. Segundo ele, a situação chegou a uma fase em que não havia mais um retorno possível. “Era necessário concluir a ação, sob o risco de um novo processo de improbidade admi‐ nistrativa contra a figura do rei‐ tor”, afirma. O reitor espera que os R$ 7,4 milhões repassados à Justiça vol‐ tem para os cofres da Universida‐ de caso não ocorra a reinte‐ gração. Segundo ele, a verba po‐ derá ser utilizada em áreas de ex‐ trema necessidade, como o Hospital das Clínicas.

Soluções possíveis Leonardo Barbosa, presidente da comissão especial criada em 2014 pelo Consun para acompa‐ nhar o processo de negociação da área do Glória, lembra que o conselho sempre se posicionou contra a reintegração de posse e o uso da força para a retirada das famílias. Em 2015, quando Elmiro Re‐

Foto: Thiago Crepaldi

"Ocupar, resistir e morar aqui': palavra de ordem dos moradores do Assentamento Élisson Prieto, mais conhecido como Glória

sende, ex‐reitor da UFU, solicitou ao MEC recursos para fazer o despejo das famílias, Barbosa contou que a comissão não foi consultada. “Quando soubemos do pedido, discordamos da con‐ duta”, afirma. O ex‐reitor ale‐ gou, porém, ter sido obrigado a realizar a solicitação ao governo federal, pois não poderia retirar a ação. “Já não tinha mais o que fazer, então protocolei o pedido no MEC”, explica Resende. Uma possível solução pacífica para o Glória, segundo Leonardo Barbosa, do Consun, seria a apli‐ cação da Medida Provisória nº 759/2016, que prevê formas de regularização de assentamentos urbanos e rurais. Para ele, as par‐ tes envolvidas no processo devem estar minimamente sintonizadas e atuantes para tomar as medidas necessárias. “É preciso que tanto a Justiça Federal quanto o MPF entendam que a reintegração de posse será catastrófica”, alerta. Igino Marcos, advogado da Pastoral da Terra e representante legal dos moradores do Glória no processo da regularização da área, compreende as últimas ações do atual reitor frente às ne‐ gociações e disse acreditar na UFU para resolver a situação. “A Universidade é refém da legisla‐ ção e, mesmo com o dinheiro em conta, acreditamos na boa fé dos seus administradores”, afirma. O Senso InComum tentou con‐ tato com o juiz federal José Humberto Ferreira, responsável pelas questões envolvendo o Gló‐ ria, mas ele não atendeu a equipe de reportagem. Apesar de todos esses impasses jurídicos e políticos, as mais de 2.000 famílias resistem. Entre elas, a de Dona Leonide de Jesus, que almejava um lar para chamar de seu. No fim de janeiro, seu so‐ nho foi interrompido: ela morreu eletrocutada por um fio de alta tensão caído em uma rua do bairro.


INclusiva

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Resistência X LGBTfobia: alunos organizam coletivo para enfrentar discriminação Ideia é levar informação e debater sobre violência no Campus Araras Rodrigo de Azevedo Piadas, risos e práticas exclu‐ dentes, muitas vezes comparadas ao bullying, se disfarçam nos cor‐ redores da UFU. Especialmente no Campus Araras, os alunos LGBT lutam todos os dias para enfrentar as violências causadas pelo preconceito. Com o objetivo de enfrentar a homofobia na instituição, o estu‐ dante de Engenharia Florestal Guilherme Tanaka, 19, se juntou, no início de 2016, a 15 colegas e fundou o Coletivo LGBT. A fun‐ ção do grupo é levar informação às pessoas, debater sobre qual‐ quer tipo de violência e proporci‐ onar intervenções como rodas de conversa. Segundo Tanaka, em uma das ações, foram colocados cartazes na Universidade, mas a Prefeitura Universitária retirou, alegando que qualquer manifestação deve ser comunicada à gestão.

Homofobia Um episódio discriminatório ocorreu com a aluna do terceiro período do curso de Engenharia Florestal Andressa Gomes, 20, que assumiu a bissexualidade há pouco tempo. “Sempre foi co‐ mum escutar que a minha orien‐ tação sexual era indecisão ou forma de chamar atenção da soci‐ edade”, conta. Esse tipo de discur‐ so é reproduzido, segundo ela, por sua família, colegas da universida‐ de e até mesmo alguns gays, que afirmam que a bissexualidade não existe. Entre as queixas dos estudan‐ tes está a falta de instrução sobre como e onde denunciar os fre‐ quentes casos de LGBTfobia. Em função disso, muitas vítimas pre‐ ferem se calar diante das atitudes de preconceito. O assessor administrativo do

Foto: ฀ odrigo de Azevedo

Andressa e Guilherme relatam as situações de discriminação e preconceito que sofrem no dia a dia da Universidade campus, Edmar de Melo, afirma que, embora alguns alunos pro‐ ponham a discussão desse pro‐ blema, nunca houve relatos de violência. De acordo com ele, a Universidade está aberta a discu‐ tir sobre qualquer tipo de opres‐ são, visando ao respeito a todos que a frequentam. Para a gestão, os casos de homofobia, assim como outras formas de precon‐ ceito e violência, somente serão solucionados quando a Universi‐ dade admitir que o problema existe.

Conscientização A dificuldade em se respaldar legalmente contra a discrimina‐ ção ultrapassa os portões da UFU. Conforme a Secretaria Es‐ pecial dos Direitos Humanos do Governo Federal, até junho de 2016, o disque 100 recebeu 1.983 denúncias de atos homo‐ fóbicos. No Brasil, segundo o Grupo Gay da Bahia, um ho‐ mossexual é assassinado a cada 28 horas. Entre janeiro e julho de 2016, foram 132 mortes. Mesmo

assim, a homofobia não é consi‐ derada crime. Um Projeto de Lei da deputada federal Maria do Rosário (PT‐RS) inclui a homofo‐ bia como crime de ódio, tendo o preconceito como principal moti‐ vação, mas os opositores relutam contra o projeto, afirmando que ele não especifica quais atos de‐ vem ser considerados crimes. O presidente da União Nacio‐ nal de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, Andrei Lemos, em palestra realizada em outubro de 2016 no Campus Santa Mônica, reforçou o papel dos movimentos sociais na luta contra a homofobia e qualquer outro tipo de preconceito. Para ele, é preciso não apenas consci‐ entizar as pessoas a respeito dos atos de violência, mas é extrema‐ mente importante preparar e em‐ poderar os homossexuais para que sejam capazes de ocupar os espaços de discussões. “São nos‐ sos companheiros de luta, são as iniciativas e os movimentos po‐ pulares que podem dar uma no‐ va resposta para essa situação de violação de direitos”, alerta.

Sempre foi comum escutar que a minha orientação era indecisão ou forma de chamar atenção Andressa Gomes


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INcapa

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CAMPUS AINDA E

Falta de laboratórios, iluminação e pavimentação estão entre as Jhyenne Gomes e Lucas Daniel Vieira

Não podemos pensar a Universidade como sendo apenas sala de aula e laboratório Edmar de Melo

O campus avançado da UFU em Monte Carmelo surgiu em 2010, com os cursos de Sistemas de Informação, Agronomia e En‐ genharia de Agrimensura e Car‐ tográfica. Após uma diretriz do Ministério da Educação (MEC) que exige no mínimo cinco cursos em um campus, em 2015, foram acrescentados Geologia e Enge‐ nharia Florestal que, desde o princípio, enfrentam problemas com a falta de infraestrutura bá‐ sica. Sem laboratórios para aulas práticas e equipamentos adequa‐ dos, muitas disciplinas precisa‐ ram ser adiadas, provocando atrasos na formação dos estudan‐ tes e o aumento da evasão. Enquanto isso, quase 800 alu‐ nos e 80 professores se concen‐ tram no único bloco que existe dentro do espaço da instituição e em mais quatros lugares aluga‐ dos, como o Serviço Social da In‐ dústria (Sesi), JK Centro, Galpão e Boa Vista. O segundo bloco es‐ tá em construção e a estimativa é que seja entregue no segundo se‐ mestre de 2017. A previsão não ameniza os problemas estrutu‐ rais, já que o novo prédio conta‐ rá com apenas 12 salas de aula destinadas aos primeiros cursos. Para suprir as necessidades dos outros dois, seria necessária a construção de um novo bloco, ainda sem previsão para início. Segundo o ex‐assessor adminis‐ trativo do Campus Araras, Edmar Isaias de Melo, os cursos foram selecionados de acordo com as necessidades da cidade, como a graduação em Geologia, escolhi‐ da devido à presença de minerais na formação do solo. Outro caso é o da Engenharia Florestal, im‐ plantado em decorrência da de‐ manda das empresas na região.

Operários trabalham na construção do segundo bloco do Campus Araras, onde func Após ocuparem a Reitoria do Campus Santa Mônica, em Uber‐ lândia, em junho de 2016, os dis‐ centes de Monte Carmelo conse‐ guiram um acordo com represen‐ tantes da Reitoria e da Pró‐Reito‐ ria de Assistência Estudantil, que se comprometeram a resolver os problemas apresentados. Entre eles, estão a ausência da locação de um espaço para os laboratóri‐ os, o decorrente comprometi‐ mento das disciplinas labora‐ toriais e a falta de professores pa‐ ra todas as disciplinas. Como so‐ lução, o acordo previa revisão curricular para permitir que as disciplinas fossem cursadas em períodos posteriores e contrata‐ ção de três professores para o se‐ gundo semestre de 2016, e dois para o primeiro semestre de 2017. Segundo o discente do curso de Geologia Marcelo Rocha, os alunos conseguiram um espaço alugado para os laboratórios, mas faltam aparelhos e os eletri‐ cistas do prédio dizem que “os laboratórios não suportam estes

equipamentos juntamente com o ar condicionado ligado”. De acordo com a coordenadora do curso de Geologia, Larissa Araú‐ jo, foram abertas cinco vagas pa‐ ra a contratação de professores, sendo três já preenchidas. “Um professor já assumiu a disciplina e outros dois seriam chamados até o final de fevereiro”, explica a docente. Outras duas vagas não foram ocupadas, pois os inscritos não compareceram, mas já foi iniciada a realização de novos concursos. O curso, de acordo com a coordenadora, conta efeti‐ vamente com cinco docentes e dois técnicos contratados.

Reivindicações A fim de encontrar soluções viáveis, uma comissão foi criada para discutir e analisar conjun‐ tamente os principais problemas do campus. Participavam o Pró‐ reitor de Assistência Estudantil, à época Leonardo Barbosa, o ex‐ assessor administrativo de Monte Carmelo, Edmar Melo, e os dis‐


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EM CONSTRUÇÃO

s dificuldades que afetam quase 800 alunos em Monte Carmelo

Foto: Fulano Tal Nasser de Pena

cionará o RU; reitor garante que término está entre as prioridades centes Vanessa Santos, Marcelo Rocha e Jamille Rossi. Na comis‐ são, foi abordada a preocupação de que a construção do Bloco 2, onde foi integrado o projeto de um Restaurante Universitário (RU), seria afetada pelo corte de verbas, já que, de acordo com a comissão, a obra precisaria ser tratada como prioridade.

Busca por soluções As demandas dos discentes eram referentes à infraestrutura, como a iluminação do bloco até a entrada da Universidade e a pavi‐ mentação interna. Além disso, foi constatado, em avaliação junto ao Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) de Uber‐ lândia, que a água estava conta‐ minada e foi comprovada a necessidade de um poço artesiano e uma bomba dosadora, ambos já instalados. Entre as preocupações da co‐ missão, além de questões estrutu‐ rais, estava a taxa de evasão, que, segundo Melo, chegava a 30%.

Marcelo Rocha é um exemplo. Era aluno do curso de Geologia e, devido à falta de infraestrutura do campus e de investimentos no curso, transferiu sua graduação para outra universidade. ‘‘Eu não tinha muita expectativa de futuro em Monte Carmelo. Quando nós [alunos] precisávamos fazer algu‐ ma análise mais detalhada, a co‐ ordenadora do curso de Geologia fazia contato com a Unesp para que a gente pudesse fazer as ati‐ vidades no espaço da Universida‐ de. Além disso, gastávamos com transporte, pois a UFU não ofere‐ cia o recurso”, revela Rocha. Outro caso semelhante é o da estudante Vanessa Gomes, tam‐ bém discente do curso de Geolo‐ gia. “Nós tivemos de trancar uma matéria chamada de Mine‐ ral 2, que dependia de um labo‐ ratório com microscópios. Foi garantido, depois da ocupação [junho de 2016], que este laboratório estaria liberado em tempo hábil para o segundo semestre, mas não ficou pronto”. As demandas com recurso de

capital para toda a Universidade somam em torno de R$ 70 mi‐ lhões, mas, o que se tem de orça‐ mento atualmente são aproxi‐ madamente R$ 16 milhões. Se‐ gundo o reitor Valder Steffen, um programa com as obras emergen‐ ciais foi apresentado ao MEC no início de 2017. A proposta custa‐ ria cerca de R$ 38 milhões, re‐ cursos solicitados para a infraestrutura dos sete campi da UFU. Para o Campus Araras, está in‐ cluída a necessidade de recursos para a conclusão da construção do segundo bloco, além do custo para aquisição do espaço Sesi, que já é utilizado pela Universi‐ dade. “Monte Carmelo está entre as prioridades”, garante Steffen. Além da proposta enviada ao MEC, o reitor tem conversado com a Prefeitura da cidade para resolver a questão da pavimenta‐ ção externa, visto que a entrada fica no meio de um cafezal. Diante de todas essas questões, o Senso Incomum questionou o reitor sobre a viabilidade de man‐ ter a UFU em Monte Carmelo. Para ele, a missão da Universidade é oferecer chances. ‘‘Quando vejo um novo curso, um novo campus, entendo como uma oportunidade para a sociedade”.

Principais demandas ‐ Local para os laboratórios ‐ Contratação de cinco professores ‐ Pavimentação interna e externa ‐ Implementação do RU ‐ Iluminação provisória até a entrada do campus

Eu não tinha muita expectativa de futuro em Monte Carmelo Marcelo Rocha


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INdolor

Sair de casa pode afetar saúde emocional Psicólogos destacam necessidade de atenção a estudantes em momentos de transição Nayara Santos

Apoio ao aluno O Programa de Atendi‐ mento Psicológico da Divi‐ são de Saúde (Disau) recebe discentes para ori‐ entação semanalmente, oferecendo apoio individu‐ al e coletivo. A Disau fica na Av. João Naves de Ávila 2121, Bloco 3E, Campus Santa Mônica. Contato: (34) 3230‐9558.

Mudar de cidade pode signifi‐ car independência pessoal para muitos jovens que todo ano en‐ tram na universidade. Esse moti‐ vo de felicidade para muita gente pode, às vezes, desencadear al‐ guns problemas emocionais. Se‐ gundo a psicóloga clínica Lídia Silveira, mudar‐se para estudar já é algo esperado e bem‐aceito por muitas famílias brasileiras, mas nem todos os estudantes passam Foto: Nayara Santos pelo processo da mesma forma. “Quando o estudante possui um Divisão de Assistência ao Estudante apoia a permanência discente na UFU grau maior de dependências, co‐ mo emocional e financeira, pode Marques, adaptar‐se à rotina de Saúde (Disau) da UFU oferece ser que tenha dificuldades de se‐ longe da família foi difícil. “Eu o serviço de orientação psicológi‐ paração dos pais”, diz. via a maioria dos meus colegas ca. A coordenadora do orgão, Silveira explica que em certos superando com o tempo, mas a Michele Falco, explica que pro‐ casos, a mudança pode acarretar angústia em mim só piorava. En‐ blemas emocionais influenciam um intenso sofrimento psíquico, tão, resolvi procurar ajuda e fui no índice de evasão e diz acredi‐ que se manifesta com sintomas diagnosticada com ansiedade, pâ‐ tar que determinados projetos como depressão, perda ou au‐ nico e TOC”, conta. Com a situ‐ existentes podem melhorar a mento de apetite, dificuldade de ação, a jovem decidiu voltar para qualidade de vida dos estudantes. concentração, irritabilidade, qua‐ a casa dos pais e tratar da saúde, “É importante que os alunos bus‐ dros de ansiedade, dores de cabe‐ retornando à rotina na univer‐ quem outras possibilidades além ça e no corpo. sidade no início de 2017. do estudo, como práticas esporti‐ Para a aluna do curso de Para auxiliar os acadêmicos vas, momentos de lazer e sociali‐ Jornalismo da UFU Ana Laura nessa fase de transição, a Divisão zação”, afirma Falco.

Fisioterapia sofre com falta de estrutura Equipamentos estão defasados e não há espaço apropriado para as atividades do curso

A desculpa sempre é a falta de recursos Frederico Deloroso

Gabriela Tostes O curso de Fisioterapia da UFU tem enfrentado problemas estruturais para realização das atividades acadêmicas. Alunos e professores relatam que não há espaço ideal para a prática de au‐ las, estágios e atendimento à co‐ munidade externa, e que os equipamentos estão ultrapassa‐ dos e apresentam falhas, como é o caso da piscina térmica que não aquece a água, o que torna inviá‐ vel o uso. O docente Frederico Deloroso afirma que nada mudou na estru‐ tura do campus desde que come‐ çou a lecionar no curso, há 28

anos. Ele explica que os alunos praticam atividades em três espa‐ ços que precisaram ser adaptados pela instituição, na Educa, no Umuarama e a no antigo prédio da Reitoria. Nenhum foi cons‐ truído somente para o curso. Deloroso atribui os problemas ao descaso e à falta de planeja‐ mento da Universidade com a Fi‐ sioterapia. “Os órgãos superiores não priorizam o curso. A descul‐ pa sempre é a falta de recursos que, quando recebidos, não são distribuídos corretamente”, diz. Um aluno do curso, que prefe‐ re não ser identificado, relata que as condições dos espaços prejudi‐ cam as aulas e o atendimento à

população. “O ambiente não tem condições de receber pacientes. Entre as construções, há um anti‐ go ginásio compartilhado com o curso de Educação Física, o que torna certas aulas impossíveis de‐ vido ao barulho”, reclama. O coordenador do curso de Fi‐ sioterapia, Ângelo Piva, explica que os cortes de verbas do governo federal e as transições na gestão da Faculdade atrapalham a implementação das mudanças. “Em agosto [do ano passado], mudou a coordenação e, em bre‐ ve, ocorrerão eleições para dire‐ tor da Faculdade. Isso acaba dificultando a solução dos pro‐ blemas”, lamenta.


INformal

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UFU permitirá atuação da Settran nos campi A fiscalização se dará por meio de denúncias e visa regularizar o trânsito Camilla Freitas e João Júnior A Secretaria de Trânsito e Transporte (Settran) de Uberlân‐ dia iniciará, em breve, a fiscaliza‐ ção dentro dos campi Umuarama e Santa Mônica, podendo aplicar multas e apreender veículos. A medida decorre de solicitação rea‐ lizada em agosto de 2016 pelo procurador da República Cleber Eustáquio. O diretor de Logística da Prefeitura Universitária, Flávio de Freitas, explica que as adapta‐ ções na sinalização e a campanha de conscientização devem ser con‐ cluídas antes das ações punitivas. Tendo isso em vista, Freitas, juntamente com Gláucia Pereira, coordenadora da Divisão de Pro‐ jetos da Diretoria de Infraestrutu‐ ra, informa que a sinalização interna foi reforçada de acordo com o Código de Trânsito. O processo de conscientização da comunidade UFU está sendo planejado com a Diretoria de Co‐ municação Social (Dirco) para que a fiscalização possa vigorar por meio de denúncias. A maior parte das queixas diz respeito às irregularidades ocorridas princi‐

palmente nas rotatórias e na ocu‐ pação de vagas preferenciais. Yasmin Pires, estudante de En‐ genharia Ambiental que frequenta os campi Umuarama e Santa Mô‐ nica, diz que, em ambos os locais, falta espaço para estacionar, prin‐ cipalmente nos horários de pico. “Nos dois campi, vagas de idosos e deficientes são ocupadas por pessoas que deveriam utilizar os espaços comuns”, afirma. Carlos Henrique de Carvalho, pró‐reitor de Pesquisa e Pós‐Gra‐ duação, é cadeirante e já se depa‐ rou com situações semelhantes. “Muitas pessoas não entendem que a vaga para deficiente é espe‐ cial e diferente das demais. Se eu estacionar em vagas comuns e al‐ gum carro estiver estacionado ao lado do meu, eu não consigo co‐ locar minha cadeira ali e não consigo descer”, explica.

Alternativas Segundo pesquisa realizada por estudantes da Faculdade de Enge‐ nharia Elétrica da Universidade (Feelt), 67% das pessoas entrevis‐ tadas afirmaram já ter estaciona‐

do irregularmente. Na tentativa de solucionar os problemas inter‐ nos, os alunos recomendaram al‐ gumas soluções, como o aplica‐ tivo Carona Phone — disponível para download nas plataformas Android e iOS —, estacionamento vertical e bike sharing, estações de compartilhamento de bicicletas.

Segurança Devido à falta de segurança nos campi, muitas pessoas preferem estacionar irregularmente próxi‐ mo ao bloco onde trabalham ou estudam do que parar correta‐ mente em uma vaga mais distan‐ te. Segundo o diretor de Logística, há vagas suficientes para todos os alunos, por isso, um dos objetivos após o início da fiscalização é o reforço da segu‐ rança. “Quando terminar a revitali‐ zação, vamos fortalecer a segu‐ rança para as pessoas terem condições de chegar e deixar seu carro. Teremos vigilantes em pon‐ tos‐chave e outros de moto para melhorar também a sensação de segurança”, reforça Freitas.

Vagas nos campi Santa Mônica * 1430 vagas para carros: ‐ 80 para idosos ‐ 43 para deficientes ‐ 9 de carga e descarga ‐ 1 para ambulância e * 220 para motos ‐ Horário de pico: 10 horas Umuarama (área cercada) * 705 vagas para carros: ‐ 39 para idosos ‐ 23 para deficientes ‐ 8 para carga e descarga ‐ 64 motos Fonte: Prefeitura Universitária

As regras de trânsito também valem dentro da Universidade Foto: João Junior

Nos campi da UFU, estacionar em rotatórias e locais proibidos tornou-se hábito para a comunidade universitária

Gláucia Pereira


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INtervalo

Rugby ganha visibilidade entre universitários Em parceria com a Diesu, time planeja inclusão da modalidade nas Olimpíadas Ana Luiza Figueiredo e Isabela Silveira

Atuação do Uberlândia Rugby O Rugby começou a ser praticado em Uberlândia em 2006 e, atualmente, além das categorias de ba‐ se, a equipe disputa o Cam‐ peonato Mineiro nas modalidades masculina de XV (o mais tradicional, com 15 jogadores) e de Se‐ vens (modalidade Olímpica, com 7 jogadores) e feminina de Sevens.

O rugby é um dos esportes em ascensão na UFU. O time da cidade, Uberlândia Rugby, tem estudantes da Universidade como maioria de seus atletas tanto na modalidade feminina quanto na masculina. A instituição oferece instalações para treino, ajuda com equipamentos e com viagens do time. Em troca, a equipe a re‐ presenta em competições univer‐ sitárias nacionais e tem planos para inclusão do esporte no ca‐ lendário esportivo acadêmico. O ex‐aluno do curso de Ma‐ temática da UFU, atual presiden‐ te e jogador do Uberlândia Rugby, Bruno Korckievicz, conta que o time tem um projeto de fa‐ zer um campeonato inter‐Atléti‐ cas na UFU. O objetivo é que os jogadores do rugby que já fazem parte de uma atlética montem os times e definam os treinamentos. As atléticas que não possuem jo‐ gadores seriam apadrinhadas. De acordo com ele, o campeonato

Foto: Ana Luiza Figueiredo

Treinos são realizados no Campus Educação Física, com apoio da UFU está previsto para o fim deste ano. “Poderíamos tentar incluir o esporte na Olimpíada Universitá‐ ria”, aponta. Para o aluno de Administra‐ ção e atleta do Uberlândia Rugby Paulo Rafael Costa, a inclusão do esporte nas Olimpíadas da UFU é um objetivo importante a ser al‐ cançado. “Ano passado, os pla‐ nos eram que o esporte entrasse

nas Olimpíadas na modalidade Sevens, porém, a greve atrapa‐ lhou o treinamento das atléticas e o torneio”, lembra. Os jogadores defendem a UFU nas disputas da Federação Uni‐ versitária Mineira de Esportes (Fume) e da Confederação Brasi‐ leira do Desporto Universitário (CBDU). Esse ano, o Campeona‐ to Brasileiro será em Uberlândia.

Atléticas da UFU aderem ao movimento de fusão Ação visa melhorar competitividade em campeonatos universitários João Júnior e Lívia Ramos A UFU é conhecida por incen‐ tivar atividades esportivas e por suas Associações Atléticas Acadê‐ micas (AAA). Até 2016, eram 28 entidades. As AAAs disputam anualmente as Olimpíadas UFU e, a fim de manter a competição nivelada, algumas atléticas pe‐ quenas têm procurado crescer por meio da fusão com outras as‐ sociações menores. Em 2017, ocorreu a primeira fusão entre as atléticas na história da UFU. A AAA MVZ, composta pelos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia, e a AAA Agronomia se juntaram formando a AAA Agrárias. Esse movimento se dife‐

re do antigo em que se agrega‐ vam cursos a uma atlética já formada, como é o caso da Mo‐ netária que, entre 2010 e 2014, uniu um total de cinco cursos. Segundo o presidente da nova atlética, Gustavo Sussmann, além de almejar se tornar mais compe‐ titiva para disputar com as gran‐ des atléticas, a Agrárias quis estabelecer um equilíbrio entre gêneros. “Medicina Veterinária, até 2016, era formada por 73% de mulheres e a Zootecnia, 60%. Já Agronomia possui cerca de 80% de homens, assim, uma jun‐ ção poderia favorecer o equilí‐ brio”, explica. Outra associação nova é a AAA Humanas, formada pela

união da Ágora (Filosofia e Le‐ tras), da H (História, Gestão em Saúde Ambiental, Geografia e Ci‐ ências sociais) e da Faced (Jorna‐ lismo e Pedagogia), além do curso de Tradução, que não per‐ tencia a nenhuma atlética. Felipe Ralf, presidente da AAA Humanas, diz que um dos princi‐ pais motivos para a união é o pouco envolvimento dos estudan‐ tes com esporte nos seus cursos. Além de enfocar a competitivi‐ dade e incentivar o interesse em esportes, ele se preocupa com a identidade. “Queremos uma as‐ sociação em que o estudante se sinta representado e que se iden‐ tifique com a atlética ao ponto de abraçá‐la”, afirma.


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n. 32 - Nov/Dez 2016 - Jan/2017 - Senso Incomum

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Diretoria de Cultura articula ações para a área Nova gestão aponta continuidade em projetos e prevê criação de plano específico Nasser Pena Com o objetivo de subsidiar a criação de novas ações e a conti‐ nuidade das que já estavam sendo desenvolvidas, a nova equipe da Diretoria de Cultura (Dicult), ór‐ gão administrativo vinculado à Pró‐Reitoria de Extensão e Cul‐ tura (Proexc) da UFU, realiza um mapeamento da situação da cul‐ tura na Universidade. De acordo com Alexandre Molina, professor do curso de Dança e novo diretor, uma das ações mais importantes, que co‐ meçou a ser executada no final da antiga gestão, foi a realização de uma série de encontros deno‐ minada “Seminário de Política de Cultura para a UFU”. O objetivo era reunir metas e ações por meio de reuniões em todas as cidades que possuem campus da UFU pa‐ ra a formulação de um documen‐ to orientador da política cultural da instituição. Os encontros con‐ taram com a presença de grandes nomes do cenário nacional, tais como Guilherme Varella, Albino Rubin e o ex‐ministro da Cultura Juca Ferreira. No entanto, de acordo com o antigo diretor de Cultura da UFU, Lu de Laurentiz, o plano não pôde ser finalizado. Já Moli‐ na, quando questionado sobre a possível continuidade dessa ação, afirmou que o desenvolvimento do plano está na pauta da Dicult.

Foto: Daniel Pompeu

Juca Ferreira na palestra intitulada “O papel da Cultura na Universidade”, realizada no Campus Santa Mônica em setembro de 2016 “Eu tive a oportunidade de fazer parte da concepção desse projeto juntamente com o professor Lu e considero fundamental que a gente desenvolva um pensamento mais consistente sobre a impor‐ tância da cultura na instituição”. Na UFU, a Resolução nº 30 de 2010 do Conselho Universitário (Consun) disciplina o modo de operação da gestão da cultura. Para Molina, essa resolução pre‐ cisa ser revisada e debatida com alunos, professores e técnicos, “para a construção de um plano mais diretivo, em termos de pro‐ gramas e ações”, defende.

Expansão e capacitação O primeiro plano é o fortaleci‐ mento da Dicult, segundo Moli‐ na: “A Diretoria, se comparada com outras estruturas adminis‐ trativas, ainda é muito tímida. Ela tem somente a Divisão de Cultura e Arte e um quadro de servidores muito restrito para dar conta de toda a política de cultu‐ ra proposta nas quatro cidades onde ela tem atuação”. O diretor completa que a necessidade não é apenas de aumento do número de servidores, mas também a capaci‐ tação para trabalhar na área.

A cultura na visão do ex-ministro Juca Ferreira Quais os pontos mais im‐ portantes para formular polí‐ ticas públicas para cultura? Há três grandes pontos. As políticas de cultura devem procurar fortalecer toda a di‐ mensão simbólica da socieda‐ de. Devem avançar no sentido de universalizar o acesso e tra‐ tar a cultura como um direito,

e o terceiro, devem desenvol‐ ver uma economia da cultura forte, para diversificar nossa economia e ajudar o país. Qual o papel da cultura dentro das universidades? É um papel importante, às vezes complementar, às vezes central na formação das novas

gerações tanto para as áreas Humanas quanto as Ciências Exatas. Todos precisam de uma formação cultural para que exerçam suas profissões da melhor maneira possível. A cultura permite a formação de cidadãos democráticos, com direitos e responsabilidades e uma convivência saudável com os diferentes.

Considero fundamental que a gente desenvolva um pensamento mais consistente sobre a importância da cultura na instituição Alexandre Molina


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Ativismo estudantil como estilo de vida e transformação social Samantha Loren e Elaíny Carmona

A militância fez de mim uma pessoa com um olhar mais crítico Natália Cândido Silva

Natália Cândido Silva, 19, na‐ tural de Uberlândia, Minas Ge‐ rais, estuda Engenharia Florestal na UFU, em Monte Carmelo. De cabelos enrolados e sorriso dis‐ creto, a universitária se dedica a algumas paixões: a arte, a cozi‐ nha, o desenho, o contato com a natureza e, principalmente, a mi‐ litância estudantil. “Sempre estive inserida nesse contexto de lutas. No início, de forma branda. De‐ pois que entrei na UFU, comecei a me interessar mais”, afirma. Organizadora do Movimento Estudantil no Campus Araras, ela considera absurda a ausência de luta por parte dos alunos, mesmo com a situação precária que en‐ frentam. Em conjunto com seus colegas da Engenharia Florestal e com o curso de Geologia, começou a puxar o movimento, mas ainda enfrenta dificuldades. “As pesso‐ as aqui não aceitam a militância. Acomodaram‐se com a situação, com a falta de asfalto, com a água que não era tratada. Somos vistos como pessoas que querem

apenas ‘causar’ no campus e que não querem estudar”, desabafa. Silva conta ainda que, desde o seu ingresso na UFU, em 2015, participou de diversas ações den‐ tro da Universidade, como para‐ lisações estudantis, piquetes e ocupação da Reitoria no Campus Santa Mônica, em Uberlândia. A estudante defende a ideia da militância como uma necessidade constante diante das condições da vida e argumenta: “Lutar por melhorias é o mínimo que temos de fazer”. Natália Silva já organizou pro‐ testos e manifestações na Univer‐ sidade e, ao relembrá‐los, os olhos brilham e o sorriso apare‐ ce. “A militância me influencia demais. Ela abriu minha cabeça para várias questões e, certamen‐ te, fez de mim uma pessoa com um olhar mais crítico”, afirma. Apesar das dificuldades e dos obstáculos enfrentados na luta diária, ela diz que tudo vale a pe‐ na quando vê os resultados da‐ quilo que faz, para si e para os outros. “Tento ao máximo com‐ preender o universo da forma que é. Acredito que o que não é bom pode melhorar”, ressalta.

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Foto: Elaíny Carmona

Natália Silva, estudante de Eng. Florestal e militante no Campus Araras

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