Senso Incomum 34 - abril-maio/2017

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SENSOINCOMUM

Foto: Thiago Crepaldi

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo - UFU - Desde 2010 - Ano 7 - Nº 34 - Abril - Maio/2017

Reitor avalia início da nova gestão

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INsumo

INstruída

INdolor

INtervalo

Duas lanchonetes no campus Santa Mônica fecham por falta de pagamento do aluguel p. 3

Comissão fiscalizará autodeclarações para ingresso via cotas raciais

UFU realiza campanha de vacinação para conter surto de caxumba na Universidade p. 9

Atléticas da UFU se destacam na CIA e duas sobem para a primeira divisão

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INflamada

Editorial

Entre conquistas e incertezas EXPEDIENTE Jornal‐laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Reitor: Valder Steffen Jr. / Dire‐ tor da FACED: Rafael Duarte Oliveira Venancio / Coordena‐ dor do Curso de Jornalismo: Gerson de Sousa / Jornalista

O Jornal Senso Incomum dá continuidade, nesta edição, à pro‐ posta de noticiar a UFU para toda sua comunidade acadêmica. O jor‐ nal traz como destaque o balanço dos primeiros meses da nova ges‐ tão da reitoria, desafios e perspec‐ tivas das novas medidas para a universidade. Em um cenário de incertezas na política, retratamos

os problemas que atingem a todos como a reforma da previdência e os protestos que tem provocado; o surto de caxumba entre os estu‐ dantes e o fechamento de comérci‐ os dentro da instituição. Você confere ainda os bons re‐ sultados dos atletas da UFU na Copa Inter‐Atléticas, a história de dois alunos premiados que

inspiram outros a seguir seus so‐ nhos, além de um perfil da estu‐ dante Dandara Castro, que personifica a luta pelo respeito que tanto apoiamos. Nesse con‐ texto de vitórias e incertezas, fica evidente a necessidade de inserção da comunidade acadêmica nesses debates. Tarefa que o Senso Inco‐ mum encara como missão.

Responsável: Ivanise Andrade (DRT/MS 097) / Reportagem, edição e diagramaçãos: Laura Nobre, Thiago Crepaldi, Maísa Melo, Gabriela Luz, Laurence Henrique, Clarice Bernardes, Natália Spolaor, Pedro Henrique, Camilla de Freitas / Revisão: Ivanise de Andrade / Finalização: Danielle Buiatti / sensoincomumufu@gmail.com / www.sensoincomum.net

Crônica

O perigo mora ao lado Clarice Bernardes Você já assistiu TV ou acessou a Internet hoje para se informar? Se não fez até agora, irá fazer até o final do dia. Os smartphones com Internet facilitam a busca: é só usar um dedo, deslizar e em alguns segundos você saberá das mais recentes informações sobre qualquer assunto. Quando se busca informação, a Internet traz um número de re‐ sultados que são replicados para mais pessoas. Esse conteúdo não é averiguado para constatar sua veracidade, ele é, muitas vezes, compartilhado para diferentes pessoas como um fato verídico, sem que isso seja constatado. O que muitas pessoas não ava‐ liam é que outro meio comunica‐ cional, utilizado principalmente pelas classes de menor renda, é a

Charge

televisão. Estudo realizado pelo Ibope, a Pesquisa Brasileira de Mídia, constatatou que 63% da população têm a televisão como principal meio de informação, seguida pela Internet, que conta com 26%. O que se nota é que a maioria da população busca informação em algum meio comunicacional, não dando relevância para a ve‐ racidade. O que não se pode con‐ cluir é até que ponto essa informação transmitida é verda‐ deira para que o indivíduo seja informado de maneira honesta. Essas mídias juntas detêm o maior poder de conteúdo infor‐ macional da população brasileira. Enquanto a televisão dita o parâ‐ metro de qualidade que a Internet não faz questão de ter, a Internet

dita o imediatismo que a televi‐ são não tem mais. Em 2017, com tantos acontecimentos que neces‐ sitam ser averiguados, creditados e acessados rapidamente, o que cada um faz é estar com um olho na tela da TV e outro no compu‐ tador. Essa procura por conteúdo acarreta uma informação superfi‐ cial, pela qual o leitor sabe um pouco sobre a maioria dos acon‐ tecimentos e não sabe nada de maneira aprofundada. Isso causa o que se percebe nas redes sociais, cada um esbraveja sua opinião, discute para convencer o outro da sua verdade, sem nem saber se o que acredita realmente é a verda‐ de. Até que, em pouco tempo, a Internet forneça uma nova infor‐ mação e o ciclo se repita.


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UFU seleciona empresas para pontos comerciais Prefeitura de campus abre licitação para duas lanchonetes no Santa Mônica Laurence Henrique Quem passa pelos blocos 5S e 3E, no campus Santa Mônica da UFU, já percebeu que as lancho‐ netes estão fechadas há mais de dois meses. A comerciante que ad‐ ministrava os dois pontos não conseguiu cumprir o contrato de aluguel firmado com a universida‐ de e agora outras empresas devem assumir os pontos comerciais. Em todos os campi da UFU existem 23 estabelecimentos comerciais, entre lanchonetes, livrarias e agên‐ cias bancárias. Só no Santa Môni‐ ca são 15. A gestão desses locais é feita pela prefeitura do campus que realiza licitações para seleção das empresas interessadas. Silmone Silva de Mendonça, que tocava as lanchonetes fecha‐ das, reconhece que na última lici‐ tação ofereceu um lance acima da proposta inicial prevista no edi‐ tal, o que inviabilizou o paga‐ mento dos aluguéis. Ela afirma ter procurado a Prefeitura de campus para negociar a dívida, contudo, sua solicitação não foi atendida. “Na realidade, eu fui pressionada a sair da UFU por não conseguir pagar algumas parcelas do aluguel do espaço do bloco 5S, mesmo atuando há 35 anos dentro da universidade”, la‐ menta. Hoje, a comerciante aluga um espaço próximo à reitoria, no bair‐ ro Santa Mônica. No novo ponto, o valor do aluguel é seis vezes me‐ nor que no bloco 5S. De acordo com o coordenador da divisão de elaboração de proje‐ tos da universidade, Emerson Luís Oliveira, os dois estabelecimentos gerenciados por Silmone Mendon‐ ça foram desocupados por falta de pagamento. “No início do contra‐ to, alertamos a comerciante que o valor oferecido estava muito alto. Ela deu um lance no leilão de 2014 de R$ 5 mil para o aluguel mensal do espaço, vencendo a concorrência”, conta. Na época, o

“ Foto: Thiago Crepaldi

Estudantes reclamam do fechamento das lanchonetes na UFU lance mínimo era de R$ 500,00. Por conta da inadimplência, ela também não conseguiu renovar o contrato de locação da lanchonete do bloco 3E.

Sem opções Fabiana Sousa Ribeiro, estu‐ dante do curso de administração, acredita que o fechamento das lanchonetes afeta diretamente a vida dos universitários. Para ela, a concorrência entre as empresas que atuam no campus diminui. “Se tem duas opções a menos de lanchonetes, a demanda dos ou‐ tros estabelecimentos vai crescer e provocar um aumento dos preços para nós, consumidores”, pontua. Durante uma entrevista com a equipe do Senso Incomum, o rei‐ tor da UFU, Valder Steffen Júni‐ or, explicou que existe uma retribuição a ser paga pelos espa‐ ços ocupados na universidade e que todos os comércios devem arcar com essa concessão. “As empresas interessadas em ocupar os pontos comerciais podem par‐ ticipar das concorrências públi‐ cas”, afirma.

A expectativa da UFU é que o edital de convocação para licita‐ ção de locação de espaços de co‐ mércio seja lançado ainda no primeiro semestre. O contrato tem duração de cinco anos, mas pode ser renovado por mais cinco. Emerson Oliveira explica que nesse processo ganha quem oferecer o maior valor de aluguel. O lance inicial é calculado a partir da avaliação de três correto‐ res de imóveis da cidade. Em se‐ guida, é feita uma média dos preços considerados pelos especia‐ listas. Para o próximo leilão serão aceitas ofertas a partir de R$ 2.173,33 para o espaço do bloco 5S e de R$ 805,00 para a lancho‐ nete do 3E. Para participar da licitação é preciso ter cadastro no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF). Após o edital, a firma tem 15 dias para manifestar interesse e apresentar os documentos exigidos. O resul‐ tado será anunciado por publica‐ ção oficial no site da UFU. As novas lanchonetes devem entrar em funcionamento ainda neste semestre.

A demanda dos outros estabelecimentos vai crescer e provocar um aumento dos preços para nós, consumidores

Fabiana Ribeiro


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INovação

Entidades de Uberlândia criam comitê para combater a Reforma da Previdência Mais de 30 organizações de trabalhadores e estudantes fazem parte da iniciativa Gabriela Luz e Maísa Melo

“Isso [a reforma] vai criar um conflito entre as gerações Jorgetânia Ferreira

Em resposta à Proposta de Emenda à Constituição 287/16, que visa a reforma da previdên‐ cia, sindicatos, movimentos soci‐ ais e coletivos estudantis de Uberlândia se uniram para criar o Comitê Regional Contra as Re‐ formas da Previdência e Traba‐ lhista, em janeiro deste ano. A proposta partiu do Sindicato dos Trabalhadores Técnico‐Adminis‐ trativos em Insti‐ tuições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (Sintet‐UFU), que se reuniu com outras associações para unificar a pauta de luta, que é interesse co‐ mum a todas. Mais de 30 organiza‐ ções estão envolvidas na iniciativa. As reuniões acontecem todas as semanas com cerca de 50 pes‐ soas na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia (Adufu). São reali‐ zadas discussões sobre as refor‐ mas, mas, principalmente, pro‐ postas de ações práticas contra as iniciativas do governo Temer. “Não é um espaço para discutir quem é a favor ou contrário às reformas. A gente até discute, mas o Comitê é para lutar con‐ tra”, explica Jorgetânia Ferreira, presidenta da Adufu. Comitê dialoga nacionalmente O grupo já imprimiu e distri‐ buiu mais de 60 mil panfletos, além de ter colocado dois outdo‐ ors na cidade, um deles convo‐ cando para a primeira greve geral do dia 28 de abril, cuja manifes‐ tação levou entre 15 e 20 mil pes‐ soas às ruas de Uberlândia, segundo a Adufu. O Comitê está à frente das manifestações que têm ocorrido na cidade de Uber‐ lândia, articuladas com as mani‐ festações nacionais, organizadas por coletivos de todo o país. No início, o grupo se chamava Comi‐

Crepaldi Foto: ??????????i Foto: Thiago

Comitê foi um dos promotores das manifestações do dia 28 de abril tê Regional Contra a Reforma da Previdência, mas, em maio, tro‐ cou o nome para abranger tam‐ bém as pautas da Reforma Trabalhista. Mudanças para os técnicos da UFU Com a Reforma da Previdên‐ cia, os trabalhadores se manterão por mais tempo em seus postos, o que diminuirá as vagas de empre‐ go para quem entra no mercado de trabalho. “Isso vai criar um conflito entre as gerações. Vamos desejar que as pessoas morram para abrir espaço aos mais jo‐ vens.” conta Jorgetânia Ferreira. Mário Guimarães, Coordena‐ dor Geral do Sintet‐ufu, comenta que a reforma mina o plano de carreira dos técnicos da UFU. Atualmente, os reajustes conquis‐ tados valem para quem trabalha e para aposentados. Com as mu‐ danças previstas, os aumentos valerão só para quem ainda tra‐ balha. Outro ponto citado por ele é o valor inicial da aposenta‐ doria, que será 70% da média de todos os salários. Principais mudanças Se a reforma for sancionada, serão alteradas a Previdência e a

Seguridade Social. Nas normas atuais, há duas modalidades de aposentadoria: após 30 anos de contribuição para as mulheres e 35 para os homens, ou para mu‐ lheres de 60 anos e os homens de 65 anos, desde que tenham contri‐ buído por, pelo menos, 15 anos. Na nova proposta, a idade mí‐ nima para a aposentadoria das mulheres seria 62 anos, e a dos ho‐ mens, aos 65 anos. A contribuição precisa ser de, pelo menos, 25 anos. A aposentadoria por tempo mínimo de contribuição acabará. Trabalhadores rurais, atual‐ mente, se aposentam aos 60 anos e as trabalhadoras rurais, ao 55 anos, com 15 anos de contribui‐ ção. Com a alteração, a idade mí‐ nima será única (60 anos), com 20 anos de contribuição. Servidores públicos terão de contribuir com a alíquota de 14%, e não de 11% como manda a regra atual. O valor recebido na aposen‐ tadoria será 70% da média de toda a contribuição, com aumentos anuais de 1,5% após 25 anos, de 2% após 30 anos e de 2,5% após 35 anos, podendo, então, chegar aos 100%. Ou seja, o homem que se aposenta na idade mínima pro‐ posta pela PEC, receberá o salário total aos 80 anos e as mulheres, aos 77 anos.


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UFU terá comissão para validar cotas raciais no Vestibular e no Sistema de Seleção Unificada Medida evita fraudes e garante o direito dos estudantes das modalidades 1 e 3 Camilla Freitas A Diretoria de Processos Sele‐ tivos (Dirps) da UFU decidiu criar uma comissão para validar o in‐ gresso por meio do uso de cotas raciais dos estudantes pretos, par‐ dos ou indígenas que estudaram em escolas públicas e/ou possuem renda igual ou menor que 1,5 sa‐ lário mínimo ‐ modalidades 1 e 3. Serão formadas duas comissões compostas por um discente, um técnico administrativo e um do‐ cente, todos envolvidos no debate racial, que atuarão durante o Ves‐ tibular 2017‐2. Os candidatos passarão por uma entrevista, presencial ou onli‐ ne, antes do resultado final do processo seletivo, nos dias 13 e 14 de junho. Serão analisadas carac‐ terísticas como cor de pele, forma‐ to do rosto e textura do cabelo. Dessa forma, os vestibulandos que não tiverem o perfil exigido por essas modalidades serão automa‐ ticamente eliminados da seleção. Segundo o diretor da Dirps, Dennys Garcia Xavier, a necessi‐ dade da fiscalização surgiu após denúncias formais e informais de que alunos já matriculados usaram indevidamente as cotas. “Para nós é um enorme constrangimento ter que pensar nessa comissão", admi‐ te. "Mas ou montávamos comis‐ sões para validar a auto declaração ou compactuaríamos com a fraude aberta”. Xavier ressalta que a in‐ tenção não é dificultar o ingresso na Universidade, tanto que se so‐ mente um membro for favorável à auto declaração, a opinião dele prevalece. Guimes Rodrigues Filho, coor‐ denador executivo do Núcleo de Estudos Afro‐brasileiros (Neab‐ UFU), é favorável às ações afir‐ mativas, pois, segundo ele, os ne‐ gros ainda sofrem com o racismo, principalmente estrutural. Rodri‐ gues Filho acredita que a iniciati‐

Foto: NEAB - UFU

Réveny Souza, estudante de Ciências Sociais, na Marcha Negra de 2016 va da Dirps será eficaz no ponto de vista psicológico, inibindo a falsa declaração. “Quando vem a cota racial para incluir os negros e negras que estão fora das insti‐ tuições públicas, as pessoas se descobrem negras para usar o que não lhe é de direito”, explica. Para ele, a avaliação dos que se declaram pardos exige mais cuidado, já que o país é miscige‐ nado e qualquer um pode usar disso para benefício próprio. As‐ sim sendo, é importante analisar cada caso de acordo com os tra‐ ços fenotípicos, porque existem os pardos que serão reconhecidos como negros pela sociedade e se‐ rão excluídos e há aqueles identi‐ ficados como brancos. O coordenador executivo do Neab‐UFU também participa de uma comissão, criada em outu‐ bro de 2016 e formada por nove pessoas entre técnicos, discentes e docentes, para averiguar a veraci‐ dade da autodeclaração dos alu‐ nos que já ingressaram na universidade. Segundo ele, dois casos já foram concluídos e ou‐

tros dois em processo de avalia‐ ção, em que ainda cabe defesa. Caso seja verificado o mau uso das cotas, o estudante é desligado da instituição. A estudante do curso de Rela‐ ções Internacionais da UFU, Debo‐ rah Alves, ressalta que as políticas de cotas raciais têm a finalidade de reparar socialmente as minorias no âmbito educacional e acredita que a checagem do uso das mesmas só tende a reforçar esse intuito. Ela comenta ainda que conhece muitas pessoas que ingressaram por meio das modalidades 1 e 3, mas não são pretos, pardos nem indígenas. Deborah Alves diz que os argu‐ mentos baseados na ancestralida‐ de só são lembrados quando utilizados para benefício próprio, por isso a importância de avaliar de acordo com os traços fenotípi‐ cos. “Ter ascendência negra, por exemplo, não te faz negro. Infeliz‐ mente, a forma como você é trata‐ do na sociedade depende da sua exterioridade (cor de pele, tipo de cabelo) e não de sua hereditarie‐ dade propriamente dita”, relata.

Ou a gente montava uma comissão para validar declarações ou iríamos compactuar com a fraude aberta Dennys Xavier


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CEM DIAS DA

Com 50% do orçamento comprometido, gestor prio Camilla Freitas, Laurence Henrique e Pedro Henrique Silva

"Não há como aumentar a segurança sem causar impacto no conforto dos usuários" Valder Steffen

Em meio ao cenário de redu‐ ção de gastos, o reitor Valder Steffen Júnior e o vice‐reitor, Or‐ lando Cesar Mantese têm, desde 27 de dezembro de 2016, a mis‐ são de administrar a instituição até 2020. No final de abril, o atual reitor recebeu a equipe do Senso para uma entrevista sobre o balanço dos primeiros meses da nova gestão e respondeu pergun‐ tas de alguns estudantes. Segundo ele, o momento é de adaptação da equipe e levantamento de pro‐ postas para o futuro da UFU. O reitor afirma que o mais pre‐ ocupante é a atual situação finan‐ ceira, já que há contingenciamento de 50% no orçamento. “O que tem surpreendido os reitores é que no ano passado havia um cenário de dificuldade. A nossa expectativa era de que essa situação fosse me‐ lhorando. Infelizmente aconteceu o inverso", comenta, admitindo a di‐ ficuldade de realizar novos investi‐ mentos. O orçamento anual da universidade, incluindo o Hospital de Clínicas (HC), é de aproxima‐ damente R$ 1 bilhão, sendo que 80% desse total são destinados ao departamento pessoal, para paga‐ mento da folha salarial dos servi‐ dores, planos de saúde e benefícios. Campi avançados No início do mandato, Steffen Júnior apresentou pedido, em ca‐ ráter de prioridade, de uma verba no valor de R$ 40 milhões para a conclusão das obras dos campi avançados. No campus Araras, em Monte Carmelo, a proposta é de finalização do segundo bloco e compra do prédio do SESI, que é utilizado por empréstimo pela UFU, para futuramente receber atividades esportivas. Em Patos de Minas e Ituiutaba, parte da quan‐

O reitor Valder Steffen Júnior conduz reunião do Conselho Universitário ao lado tia será utilizada no término de obras dos blocos. “Essa demanda já foi apresentada ao MEC”, diz. Essa verba não será destinada ao campus Glória pois, de acordo com o reitor, a situação estrutural é menos complicada e os cursos de Medicina Veterinária, Zootec‐ nia e Agronomia já usufruem des‐ te espaço. Há um prédio quase pronto, dependendo de instala‐ ções elétricas, onde funcionará parte da Faculdade de Engenharia Mecânica e, no futuro, um com‐ plexo das engenharias. Laya Kannan é aluna do curso de Zootecnia e frequenta o cam‐ pus Glória três vezes por semana. Segundo ela, as salas de aulas ofe‐ recem uma boa estrutura e com‐ portam todos os alunos. Para a universitária, um dos maiores pro‐ blemas é a locomoção.” Os horá‐ rios de saída e retorno não são apropriados, principalmente para quem mora longe dos campi San‐ ta Mônica e Umuarama. Muitas vezes esses alunos têm que sair duas horas antes para conseguir ir

e esperar mais de duas horas para retornar”, aponta. Além disso, não há sinal de Wi‐Fi, o que difi‐ culta o acesso a conteúdos por meio da internet. O estudante de mestrado do curso de Engenharia Mecânica, Philippe César Teixeira, afirma que a ida dos cursos de engenha‐ ria para o Glória vai dar mais condições de trabalho aos profes‐ sores e técnicos, além de melho‐ rar o aprendizado dos alunos em sala e o desenvolvimento de pes‐ quisas e projetos de extensão. Segurança e transporte Outra preocupação da comu‐ nidade acadêmica é a segurança, especialmente no campus Santa Mônica. Em resposta à possivel implantação de uma base perma‐ nente da Polícia Militar (PM‐ MG) no interior dos campi Santa Mônica e Umuarama, o reitor descarta a possibilidade. Porém, afirma que os gestores da UFU estão se reunindo com a polícia


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NOVA GESTÃO

oriza manutenção dos campi e anuncia futuros cortes

to do hospital desde o início do ano. Ele esclarece que a nova ges‐ tão implementou medidas que le‐ varam à ocupação de mais 150 leitos até então inativos. “As ex‐ pectativas são as melhores possí‐ veis. A atual reitoria conhece os custos, as despesas e sabe buscar fontes de financiamento para o hospital”, ressalta.

Restaurante Universitário

Foto: Thiago Crepaldi

o dos pró-reitores da nova gestão; momento é de adaptação e planejamento para que uma parceria seja forma‐ da, seguindo sentença da Justiça Fe‐ deral, assinada pelo juiz Lincoln Rodrigues de Faria, em setembro do ano passado. Para reforçar a segurança no campus está previsto um programa piloto que tem como objetivo o uso de câmeras de segurança nas dependências da universidade. Além disso, a reitoria pretende ins‐ talar cancelas que vão controlar a entrada de veículos na instituição, tanto da comunidade acadêmica quanto dos visitantes. O projeto, segundo Steffen Júnior, deve entrar em funcionamento até o mês de ju‐ lho com o circuito de videomoni‐ toramento. “Infelizmente, não há como aumentar a segurança sem criar algum impacto no conforto dos usuários”, resume. A quantidade de veículos que passam diariamente pela Universi‐ dade é maior que o número de va‐ gas disponíveis, por isso é comum encontrar carros estacionados em rotatórias ou faixa de pedestres. Para amenizar esse transtorno, a

Prefeitura Universitária firmou contrato com a Settran (Secretaria de Trânsito e Transportes) que notificará os motoristas que não respeitarem as leis de trânsito. “O grande problema, como disse an‐ teriormente, é que nós não temos vagas para toda comunidade”, re‐ afirma Steffen Júnior.

Hospital de Clínicas O Hospital de Clínicas da UFU possui 535 leitos e mais de 50 mil m² de área construída, sendo o maior prestador de serviços pelo SUS em Minas Gerais. Segundo Steffen Júnior, o HC‐UFU está funcionando com 85% da sua capacidade. “Isso nos dá uma certa tranquilidade. Alguns re‐ cursos foram liberados, mas de qualquer forma é um setor que exige atenção permanente”, diz. Para o diretor da Faculdade de Medicina (Famed), Ben Hur Tali‐ berti, o HC já apresenta melho‐ rias relacionadas à quantidade de cirurgias feitas e ao abastecimen‐

Em dezembro do ano passado foi inaugurado o RU provisório com capacidade para 500 pessoas, liberando a estrutura definitiva para reformas. Segundo o reitor, a cons‐ trução desse novo restaurante não está suprindo as necessidades da co‐ munidade acadêmica e é necessário otimizar seu funcionamento. “Esta‐ mos adquirindo novas pistas de pratos quentes até o meio do ano. Se não for o suficiente, a proposta é reformar o restaurante antigo e uti‐ lizar os dois. Já se verificou que o problema não são os lugares dispo‐ níveis e sim o tamanho da fila devi‐ do ao controle feito na entrada”, aponta o reitor.

Maternidade e graduação Kátia Regina de Araújo, acadê‐ mica do curso de administração, lembra que é comum encontrar casos de mães que abandonam os estudos ou levam os filhos para a universidade por não terem onde deixar as crianças, mas ainda as‐ sim desejam concluir a graduação. No entanto, a UFU não dispõe de nenhum programa específico de auxílio às mães da universida‐ de, mas segundo o reitor, essa me‐ dida pode ser estudada. “Todos os projetos de auxílio ao estudan‐ te geram uma despesa extrema‐ mente elevada, mas se a demanda for apresentada de maneira for‐ mal, certamente a Pró‐Reitoria Estudantil irá analisar”, finaliza.

“Todos os projetos geram uma despesa, mas se a demanda for feita será analisada” Valder Steffen


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Alunos da UFU se destacam ao ganharem prêmios por excelência estudantil Premiados na universidade falam sobre como investir no futuro ainda na graduação Laura Nobre

Networking faz a diferença. Aproveitem o que a UFU oferece, isso conta! Davi Borges

Dois alunos da UFU tiveram grandes conquistas em 2015. Ambos foram premiados aos 24 anos e têm um futuro promissor. Gusthavo Cândido Pereira Alves cursa o último ano de Medicina UFU e Davi Rodrigues Borges é empresário e recém‐formado em Gestão da Informação UFU. Com currículos exemplares, eles inspi‐ ram outros jovens a sonhar alto. Gusthavo Cândido sempre quis estudar fora. Seguindo seu sonho, em 2014 participou do programa Mobilidade Acadêmica na Univer‐ sidade de Wisconsin, em Madison, e no Boston Childrens Hospital da Harvard Medical School (HMS), ambas nos EUA. “Nessas institui‐ ções, cursei disciplinas, participei de projetos de pesquisa, de ativida‐ des extracurriculares em Neuroci‐ ências e acompanhei pacientes”, conta o estudante. Ele relata que passou por três fases até conseguir a aprovação na universidade americana. Fo‐ ram vários critérios para Gustha‐ vo ser aceito: análise de ativi‐ dades acadêmicas e pessoais, car‐ tas de recomendação de professo‐ res, nível de inglês e texto de motivação intelectual. Ele afirma que estudar em uma das 100 me‐ lhores universidades do mundo foi uma surpresa que trouxe ex‐ pectativa para o futuro. Durante a graduação na UFU, Gusthavo se envolveu em projetos de pesquisa e grupos de estudo, o que acredita ter sido o diferencial para chegar longe. O estudante comenta sobre o intercâmbio: “Em Boston, fui aluno e pesquisa‐ dor no Departamento de Neurofi‐ siologia Clínica e Epilepsia do Hospital Pediátrico de Harvard. Participei de conferências e tam‐ bém ganhei um prêmio.” Anualmente, a American Aca‐ demy of Neurology (AAN) premia estudantes de medicina que se

Foto: Acervo pessoal

Gusthavo Cândido durante aula em intercâmbio em Harvard destacaram em Neurociências e Neurologia. A seleção dos candi‐ datos ao prêmio ocorre pelo de‐ sempenho do aluno, relatório do professor, currículo e atividades de ensino, prática e pesquisa. “Acredito que a jornada acadêmi‐ ca em três universidades me expôs a vários cenários de ensino. Sigo buscando respostas para a medici‐ na no campo das Neurociências,” complementa o estudante.

O segredo para se destacar Davi Rodrigues Borges também aproveitou as oportunidades da graduação. Em 2015, ganhou a medalha de prata no prêmio “Prof. André C. M. Menck de Excelência Estudantil”, que, segundo a Facul‐ dade de Gestão e Negócios (Fagen), incentiva os alunos com Coeficiênte de Rendimento Acadêmico (CRA) superior a 60 a buscar aprendizado de qualidade. “Ganhei uma viagem para os EUA e conheci a Georgia Tech, uma das melhores universi‐ dades da área. Após isso tive a cer‐ teza que queria empreender.” Logo no início do curso ele se

envolveu em tudo que a faculda‐ de oferecia: ingressou na empresa júnior do curso, fez iniciação ci‐ entífica e foi monitor. “Busquei desenvolvimento pessoal e profis‐ sional. Fui indicado para um es‐ tágio de uma grande empresa, e não consigo descrever o quanto me desenvolvi”, ressalta. Em 2016, junto com dois ami‐ gos, fundou a DataBOX, empresa da área de TI que presta serviço à outras companhias. Para ele, ca‐ da atividade que participou na UFU foi importante para chegar onde está. “Amo o que faço, ver o que construí é prazeroso. Me dedico à DataBOX e o plano é decolar.” Para esses jovens premiados não há receita certa, mas é preciso esforço. Segundo Gusthavo, na graduação é preciso se dedicar às disciplinas e aproveitar as oportu‐ nidades de aprendizado. Já Davi fala da importância das experiên‐ cias. “Não dá para perder vaga porque o concorrente tem mais in‐ dicação. Networking faz diferença! Aproveitem o que a UFU oferece. No mercado, isso conta!”


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Universidade realiza campanha de vacinação interna após surto de caxumba Estudantes provavelmente foram infectados durante festa em casa noturna Laura Nobre Durante o mês de abril desse ano, vários estudantes da UFU co‐ meçaram a se queixar de febre, mal‐estar, dores de cabeça e difi‐ culdade ao engolir. Ao buscarem atendimento médico, o diagnóstico foi caxumba. Segundo o infectolo‐ gista Fernando Gusmão, a doença conhecida também como “papei‐ ra” é famosa pelo inchaço na re‐ gião abaixo das orelhas e apresenta outros sintomas típicos de infec‐ ções virais como enjoo e moleza. “Esse quadro pode durar até duas semanas e o tratamento é simples: à base de repouso, hidratação, vi‐ taminas e nutrientes”, esclarece. Não existe um remédio específico, mas há prevenção pela vacina que é administrada em duas doses. A caxumba é uma doença viral, transmitida pela saliva podendo infectar através de espirro ou tosse, por exemplo. O inchaço ocorre na glândula parótida, localizada abai‐ xo das orelhas. “A caxumba é fácil de ser tratada”, ressalta o médico. “Apenas em alguns casos pode afe‐ tar o pâncreas, a glândula tireóide ou os testículos”. O diagnóstico é feito pelo exame de sangue, através do qual é possível avaliar se o vírus está no organismo. A doença pode atacar inclusive quem já contraiu o vírus na infân‐ cia. Esse foi o caso de Igor Carca‐ nholo, estudante de Engenharia Civil da UFU, que ficou isolado por uma semana. Ele acredita que adoeceu após o contato com ou‐ tros estudantes de engenharia con‐ tagiados. Segundo Igor, houve um evento em uma casa noturna e a bebida dessa festa estava em um galão no qual as canecas eram mergulhadas. “A bebida típica da Atlética de Engenharia é o ‘caju’, acredito que alguém doente aca‐ bou contaminando o recipiente e a festa toda adoeceu. Ao invés de ‘caju’, virou ‘cajumba’”, brinca o

Foto: Milton Santos

UFU oferece à comunidade acadêmica vacina Tríplice Viral estudante ao relembrar o período doente. Leonardo Freire, estudante do curso de Engenharia Mecânica da UFU, contraiu o vírus logo no início do mês de abril. Ele conta que ficou mais de duas semanas em repouso total. Apesar da recomendação mé‐ dica, não conseguiu se alimentar bem nem tomar água, pois sentia muita dor ao engolir. “Fiquei para‐ do por 20 dias, nesse tempo perdi aula e compromissos importantes. Os remédios atacaram meu pâncre‐ as, fiquei muito mal. Como não consegui comer bem acabei ema‐ grecendo quatro quilos”. O estu‐ dante também treina atletismo na UFU e relata que por causa da ca‐ xumba o rendimento na última competição foi baixo. “Acabei fi‐ cando fraco e indisposto”.

Caxumba na UFU Após confirmação de vários ca‐ sos da doença entre os alunos da universidade, principalmente nas graduações de engenharia do cam‐ pus Santa Mônica, a UFU procu‐

rou a Secretaria de Saúde de Uberlândia para oferecer a vacina tríplice viral de modo a controlar o surto entre os alunos. A Secretaria explicou que os adultos com menos de 29 anos de‐ vem ter no cartão de vacinação pe‐ lo menos duas doses da vacina tríplice viral, que previne sarampo, caxumba e rubéola. Segundo a coordenadora do programa de imunização, Cláudia Oliveira, a vacinação teve o intuito de prevenção. “Foi uma ação pre‐ ventiva para bloquear o surto da doença", esclarece. O setor de epi‐ demiologia da Secretaria informou que, de janeiro até o fim de março de 2017, 33 casos de caxumba fo‐ ram registrados em Uberlândia. Nessa mesma época do ano passa‐ do apenas seis foram computados. A campanha de vacinação pre‐ ventiva ocorreu na universidade em abril, direcionada a toda co‐ munidade acadêmica. Quem não participou da ação na universida‐ de pode encontrar a tríplice viral nas Unidades de Atendimento In‐ tegrado (UAI) em Uberlândia.

Fiquei parado por 20 dias, nesse tempo perdi aula e compromissos importantes. Leonardo Freire


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Falta de sedes para entidades estudantis obriga UFU a repensar espaço físico Atléticas, DAs e CAs tentam negociar com a administração mais salas Ana Luiza Figueiredo Quando o assunto é espaço físi‐ co, a UFU vive um grave proble‐ ma, principalmente pela limitação dos campi Santa Mônica e Umua‐ rama. Como se localizam dentro de Uberlândia, a tarefa de expan‐ dir para além de seus muros tor‐ na‐se praticamente impossível. Apesar disso, a universidade con‐ tinua crescendo em número de cursos e estudantes. Nesse contex‐ to, entidades estudantis como Atléticas (AAAs), Centros (CAs) e Diretórios Acadêmicos (DAs) lu‐ tam para conquistar um espaço cada vez mais reduzido, gerando conflitos com a administração. Nos anos 2000, por conta do Reuni (Programa de Apoio a Pla‐ nos de Reestruturação e Expan‐ são das Universidades Federais), o número de cursos da UFU em Uberlândia praticamente dobrou, isso sem contar a construção dos campi avançados de Ituiutaba, Monte Carmelo e Patos de Mi‐ nas. Em geral, cada curso possui um Diretório ou Centro Acadê‐ mico e, em alguns, também uma Associação Atlética Acadêmica. Apesar de tamanha expansão, não houve um planejamento efe‐ tivo voltado para essas institui‐ ções a curto ou longo prazo. Tal abandono resultou num grande número de ocupações, mui‐ tas vezes em espaços previamente destinados a outras atividades pela universidade, resultando na neces‐ sidade de negociações entre CAs, DAs e Atléticas e a gestão. O ex‐ pró‐reitor de Assuntos Estudantis, Leonardo Barbosa, acompanhou de perto boa parte dessas negocia‐ ções e acredita que a alocação des‐ sas entidades em blocos multiuso, como 3Q, 5O, 5R e 5S no campus Santa Mônica e 8C no campus Umuarama acaba gerando um flu‐ xo e aglomeração de pessoas, provocando conflitos. Barbosa de‐

Foto: Thiago Crepaldi

Diretório Acadêmico da Estatística atualmente ocupa sala no bloco 3Q fendia, à época, a construção de prédios inteiramente voltados a atender as entidades estudantis. O reitor Valder Steffen Júnior acredita que o modelo não é o ideal. “Não sei se vale a pena vo‐ cê ter um bloco específico. Às ve‐ zes é melhor ter espaço para as entidades estudantis próximas dos cursos onde eles exercem ati‐ vidades de representação”, opina. Outro ponto delicado é a dis‐ tribuição e a fiscalização. No ano passado foi nomeada uma Co‐ missão Institucional de Ocupação do Espaço Físico para planejar, monitorar e avaliar a ocupação do espaço físico nos diversos campi da UFU. Para Vidigal Fer‐ nandes Martins, presidente da Comissão, o grande problema re‐ side em uma demanda infinita em um espaço limitado, fazendo com que os pedidos sejam avaliados um a um e alocados de acordo com a prioridade. “Não é uma tarefa fácil, a universidade cres‐ ceu”, aponta Martins. Enquanto isso, diversas entida‐

des estudantis estão sediadas em espaços precários, como é o caso, no campus Umuarama, da Asso‐ ciação Atlética Acadêmica Enfer‐ magem. Apesar de possuir uma sala, ela se localiza em um bloco que fecha às 17h, impedindo reu‐ niões à noite. “A sala é super im‐ própria para o uso, tanto que nem usamos. Ela é muito abafa‐ da, longe, minúscula, já teve ala‐ gamento”, aponta Mariana Thees, presidente da AAA Enfer‐ magem. Em contrapartida, há ca‐ sos em que a entidade estudantil não possui nem mesmo uma sede precária. Em um ponto todos concor‐ dam. É necessário um reordena‐ mento de toda a estrutura física da UFU, de modo a utilizar de forma adequada espaços ociosos e subutilizados, atendendo às de‐ mandas apresentadas. A transfe‐ rência de alguns cursos para o recém inaugurado campus Glória deve resolver parte das questões, mas o processo é lento e as enti‐ dades estudantis têm pressa.


IN tervalo

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Atléticas da UFU se destacam na CIA 2017 AAA. Engenharia conquistou o tricampeonato na Copa Inter-Atléticas Thiago Crepaldi Na terceira edição da Copa In‐ ter‐Atlética (CIA), realizada em Uberaba entre os dias 20 e 23 de abril de 2017, a Atlética Engenha‐ ria da UFU foi a grande campeã pelo terceiro ano consecutivo. As atléticas do Direito e Artes garanti‐ ram vaga para a primeirona, com a dobradinha no pódio, primeiro e terceiro lugar na segunda divisão da CIA, respectivamente. Este ano, a CIA reuniu mais de 2 mil atletas competindo em mais de 23 modalidades esportivas fe‐ mininas e masculinas. Participa‐ ram ao todo 38 atléticas, em duas divisões (18 atléticas na primeira e 20 na segunda divisão), e outras 17 agremiações como convidadas. Felipe Garcia, membro da orga‐ nização da CIA, explica que a par‐ ticipação da UFU vem crescendo. Na primeira edição, 16 atléticas participaram do CIA, sendo duas da UFU. Este ano, das 38 atléticas participantes, oito eram da Federal de Uberlândia. “Como o Direito e Artes UFU subiram para a primei‐ ra divisão, a UFU em 2018 será a universidade com mais atléticas na primeirona”, aponta Garcia.

Bateiras e Cheerleaders Na CIA teve, ainda, o desafio de bateria com 15 equipes. A ba‐ teria da Charanga (Eng. UFU) e Integrada (Eng. UFTM), estavam entre as favoritas. A uberabense Integrada levou a melhor nesta disputa e a Charanga ficou com segundo lugar, Batucacef (Uni‐ FACEF/SP) completou o pódio. Outras três baterias da UFU mar‐ caram presença e contagiaram a galera, foram elas: Meretíssima 4º (Direito), Virulenta 8º lugar (Ci‐ entífica), Artilharia 9º (Artes). Apenas as equipes de Cheerlea‐ ders da UFU se apresentaram na abertura do evento, SexyLions (En‐ genharia) e La Lobas (Direito). As Arlekings (Artes) optaram momen‐ tos antes por não se apresentarem.

Foto: Diversa Imagens

Diretoria da Atlética Engenharia comemora o tricampeonato A CIA ainda não conta com a dis‐ puta de Cheers.

Balanço UFU na CIA Na classificação geral da pri‐ meira divisão da CIA, a Engenha‐ ria garantiu medalha de ouro no Atletismo, Judô, Xadrez, Natação e no Handebol masculino fez do‐ bradinha com Exatas, que ficou em segundo lugar. No futsal mas‐ culino a Agrárias foi prata, divi‐ dindo o pódio com Educa Uniube (1º) e a Engenharia UFTM (3º). Caio Augusto, presidente da AAA. Engenharia UFU, diz que a conquista chegou na hora certa. “O tricampeonato veio num mo‐ mento muito importante para con‐ sagrar o trabalho da nova gestão”, conta. Ele atribui os bons resulta‐ dos destes 45 anos de existência à dedicação que todos tem pela atlé‐ tica. “O sucesso é fruto do amor que temos pelo preto e amarelo”, revela. Na classificação geral da se‐ gunda divisão, a dobradinha da UFU foi no Atletismo com Direito (1º) e Artes (2º). Além da medalha de bronze no Futebol de Campo e no Xadrez, com MOCA e Artes, respectivamente. A Atlética Már‐ cio Teixeira Odonto foi prata no Tênis de Campo feminino e no Vôlei masculino. No pódio da pe‐ teca masculina só deu UFU: Artes (1º), Direito (2º) e MOCA (3º).

A disputa entre as atléticas se restringiu às quadras. O respeito e a torcida entre as equipes ga‐ rantiram a integração entre as atléticas. Matheus Araújo, presi‐ dente da Exatas, diz que durante a competição procurava saber do desempenho das atleticas da UFU que disputavam a segunda divi‐ são. “Estavamos na torcida por todas as equipes. Gostaríamos que todas tivessem subido para primeira divisão”, comenta. Suzana, presidente da Márcio Teixeira Odonto, conta da emo‐ ção de ver na arquibancada pesso‐ as de diferentes atléticas torcendo pela UFU. “A gente tem nosso curso, mas quando a gente sai de Uberlândia, a gente deixa nossas cores de lado e defende as cores da UFU. Esse campanherismo na torcida me deixou emocionada”. Patrick Mundim, presidente da atlética Artes, explica que a visi‐ bilidade da agremiação permite fomentar o debate da importân‐ cia de respeitar as diferenças. “A atlética, para além de promover o esporte, tem sido um espaço de quebra de paradigmas e de res‐ peito às diversidades”, afirma. Ainda segundo Mundim, a re‐ ceptividade ao novo mascote da equipe, o Arlequim Drag Queen, pelas outras atléticas participan‐ tes foi uma surpresa. “Foi gratifi‐ cante ver o tratamento respeitoso com a nossa Drag”, completa.

Classificação Geral As quatro atléticas da UFU que participaram da primeira divisão se Engenharia mantiveram: (1º), Agrárias (8º), Eng. Pontal (10º) e Exatas (11º). Das quatro equipes que competiram pela segunda divisão duas subiram para a primeirona: Direito (1º) e Artes (3º), MOCA (7º) e Teixeira Odonto (8º). Além dessas, outras quatro atléticas da participaram como convidadas da CIA: Científica, Humanas, XVII de Julho (Facip) e Enfermagem.


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A luta tem nome e sobrenome Pedro Henrique Silva

Arrancar o turbante é arrancar também a autoestima, e isso acontece diariamente com os negros Dandara Tonantzin

Foto: Thiago Crepaldi

Dandara, convicta, enfatiza: se afimar como negro é resistir Com o mesmo nome da guer‐ reira negra dos Palmares, a força e a luta de Dandara Tonantzin não poderiam ser coincidência. Filha de mãe pedagoga e pai pro‐ fessor, a jovem estudante se en‐ cantou com a educação ainda quando criança e a vivência na universidade é apenas mais um reflexo de uma vida marcada por resistência e autoafirmação. A história de Dandara na UFU começa em 2011, quando ingres‐ sa no curso de Pedagogia. Em 2012, se tornou coordenadora geral do Diretório Acadêmico do curso e ainda no mesmo ano se juntou à chapa que concorria as eleições do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Foi nesse pe‐ ríodo que percebeu o papel polí‐ tico que os alunos desempenham na universidade. Não parou por aí: a trajetória da jovem é uma aula de atuação e

engajamento. Em 2013, foi eleita coordenadora geral do DCE e participou do Conselho Diretor (Condir) e do Conselho Universi‐ tário (Consun). Dandara foi tam‐ bém diretora de Políticas Educa‐ cionais da União Estudantil Esta‐ dual de Minas Gerais. Compromissada com a repre‐ sentatividade dos negros na uni‐ versidade, enxergou a neces‐ sidade de unir sua militância ao amor pela educação. Dandara entende que se engajar na luta ainda é um privilégio. “Quem pode militar mais? Não é o aluno negro que mal tem dinheiro para pagar a passagem do ônibus”, in‐ daga. O anseio por igualdade corre em suas veias. O empoderamento negro se faz urgente quando, du‐ rante uma festa de formatura, Dandara tem seu turbante arran‐ cado de sua cabeça e seu corpo enxarcado de cerveja por homens brancos. “Arrancar o turbante é arrancar também a autoestima e isso acontece diariamente com os negros", diz. O episódio, que repercutiu in‐ tensamente nas redes sociais, aconteceu na cidade de Uberlân‐ dia durante a festa de formatura da turma de Engenharia Civil da UFU. Dandara sofreu racismo, agressão física e verbal. Sobretudo, quem pensa que is‐ so a intimida, se equivoca. A jo‐ vem mulher é símbolo de revolução desde pequenina. Era das garotas que, encorajada pela avó feminista, usava batom ver‐ melho mesmo contrariando o pai. Dandara é aula viva de resis‐ tência e fagulha acesa da espe‐ rança de um dia todos sermos criados iguais. Agora, já pedagoga, pretende seguir carreira acadêmica e se es‐ pecializar na área que tanto gos‐ ta: a igualdade racial. Já que ensina mesmo sem querer ensi‐ nar, a expectativa é que contri‐ bua como professora assim como fez enquanto aluna, dentro e fora dos muros das universidades por onde passar.

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