Senso in comum 26 - mar/abr 2015

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Fim de festa? p. 4

Made in UFU p. 5

Isla del Sol ­ Bolívia p. 9

Mãos ao alto! p. 6­7 JORNAL - LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO - UFU - ANO 07 - Nº 26 - MARÇO/ABRIL - 201 5

Ilustração: Micellyna Lima - Artes Visuais - UFU


Opinião

senso incomum - n. 26 marco/abri l 2015 ,

O estraga prazer do humor Está na moda criticar o “politicamente correto” e pior, ele tem sido colocado como o maior vilão do humor. Andaram até mesmo dizendo que ele está exterminando a criatividade tim tim por tim tim, até a última gota de sangue. Essa última é até esdrúxula: zoar o “gordinho” e o cara sensível eu vejo desde a 1ª série, não preciso pagar por isso. Um “humorista” chegou a dizer que ele não pode zoar negro, mas ele pode ser xingado de palmito. Ironicamente esse apelido também é dado a mim, por ser branquela. Mas, obviamente, eu nunca fui barrada em qualquer lugar ou atravessaram a rua por causa da minha cor, diferente do meu melhor amigo que, simplesmente por ter nascido negro, é colocado pra baixo o tempo todo. Essa é a diferença do bullying para a zoeira: no primeiro, a pessoa não tem condição de se defender, porque sofre várias lesões na autoestima por ser minoria – por simplesmente ter nascido gay, negro, mulher ou se tornado um estereótipo ruim – gordo, doente mental, anão. Isso, no Brasil, é vendido na maioria dos meios de comunicação como atração principal, salvo alguns raros. O primeiro pesquisador que percebeu o fenômeno bullying foi o professor Dan Olweus e seus estudos realizados na Universidade de Bergan –

Noruega (1978 a 1993) obtiveram grande repercussão. Mas o governo passou a abordar o assunto apenas quando foi pressionado pela população, após o suicídio de três crianças entre 10 e 14 anos, influenciadas por maus tratos por colegas. Praticamente todos os anos nos EUA o bullyng mostra sua face mais severa: hora é suicídio, outra é chacina por alguém transtornado por uma vida de humilhações. Em 2011, o Brasil parou com o Massacre do Realengo, todas as pistas apontam para as humilhações e solidão na escola terem motivado a chacina seguida de suicídio. Como disse um ator, a respeito de um programa de humor brasileiro, a graça desse tipo de piada é tudo o que você ensina o seu filho a não fazer. O apresentador palmito, por sinal, fez com que diversas crianças deixassem de receber leite, após piadas terríveis com a maior doadora de leite materno do país, que deixou de sair na rua por virar alvo de ofensas. É preciso pisar em ovos com o que se chama de humor, muitas vezes pode ser exagerada a cautela, mas continuar a repetir os mesmos erros do passado é, de fato, andar para trás. Chega até mesmo a ser falta de conteúdo, mais fácil é apelar; difícil mesmo é fazer humor inteligente, esse é para os poucos – e os ruins sabem disso.

_______________________________________________________________________________________ Laura Moreira

EXPEDIENTE

ILUSTRAÇÃO: DHAMARYS RODRIGUES - ARTES VISUAIS - UFU

Reitor: Elmiro Santos Resende / Diretor da Faced: Marcelo Soares Pereira da Silva / Coordenadora do Curso de Jornalismo: Ana Cristina Menegotto Spannenberg / Professores responsáveis: Christiane Pitanga, Ingrid Gomes, Marcelo Marques e Vanessa Matos / Jornalista Responsável: Ingrid Gomes MTB 41 .336 e Vanessa Matos MTB 50.456 / Editor-chefe: Muntaser Khalil / Editores finalistas: Jhonatas Elyel e Laura Moreira / Editora de capa: Laura Moreira / Editores de Opinião: Marcelo França e Bruna Saquy (O conteúdo opinativo é de responsabilidade dos articulistas/autores que assinam as colunas)/ Editor de Imagem: Bianca Judice / Editor Vida Universitária: Leandro Fernandes / Editor Naturências: Michael Kealton / Editora Foca na UFU: Gabriela Petusk / Editor Pausa para o Café e Diário de Bordo: Rafael Leonel / Editora Esporte e Lazer: Júlia Costa / Editora Devaneios: Luisa Caleffi / Editora EntreOlhares: Amanda Ribeiro / Produção de Arte: Micellyna Lima, Amanda Vieira, Dhamarys Rodrigues, Sérgio Dalláglio e Lorena Muntaser / Repórteres: Amanda Ribeiro, Bruna Saquy, Gabriela Petusk, Jhonatas Elyel, Júlia Costa, Laura Moreira, Michael Kealton, Muntaser Khalil, Nayara Ferreira, Rafael Leonel / Diagramação: Vinícius Ribeiro, Bruna Pratalli, Maria Clara Fernandes, Carolina Rodrigues, Maria Paula Martins, Caroline Bufelli, Sérgio Dallaglio, Cindy Figueiredo, Mariana Almeida, Érika Abreu, Keneddy Costa, Gabriela Zanca, Geane Amaral, Monalisa França, Thaís Fernandes, Tarcis Duarte, Talita Vital / Finalização: Danielle Buiatti.

Editorial

Em novembro de 2014, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou seu oitavo anuário de segurança pública, uma série de pesquisas que visam explicitar o cenário da violência nacional até o ano anterior. Como já era de se esperar, os números apresentados pela ONG são alarmantes. Uma verdadeira guerra está instaurada entre a polícia e a população. Segundo o Fórum, ocorreram 53.646 mortes violentas em 2013, indicando que a cada dez minutos uma pessoa é assassinada no país, um aumento de 1,1% em relação à 2012. Em países como Chile e Alemanha, o gasto com segurança pública que corresponde a 0,8 e 1,06%, respectivamente, do PIB. No Chile o número de homicídios no tempo apurado foi de 550 e na Alemanha, 662. O Brasil utiliza 1,26% do PIB com questões de segurança pública, com 50.806 homicídios apurados. Além disso, uma das informações mais expressivas e assustadoras dizem respeito à polícia. Segundo o estudo, em cinco anos as polícias brasileiras mataram mais que os policiais dos Estados Unidos em 30 anos. De 2009 a 2013 morreram 11.197 pessoas pelas mãos de policiais brasileiros e, de 1983 a 2012 ocorreram 11.090 mortes por policiais americanos. O estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública vem à tona para retirar o véu que cobre a violência, o despreparo e a incompetência das políticas públicas brasileiras. O Brasil é um dos países que mais gasta com segurança pública e um dos mais violentos do mundo. É um equívoco depositar toda a culpa no despreparo policial. Uma tradição histórica de abandono e subserviência acompanha as políticas do país desde seus primórdios. O descuido com a educação, saúde e distribuição de renda podem ser as principais causas da sociedade enferma que assola o Brasil. Somente quando estiverem sanados os problemas básicos brasileiros será possível pensar em novas propostas que visem a melhoria do setor de segurança pública. É preciso parar de tampar o sol com a peneira e encarar a realidade de forma diferente. ______________________________ Renato Soares


Vida Universitária

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Lu de Laurentiz:

Lu[iz] de Laurentiz é um multitarefas. Quando jovem, deitava no chão de casa, observava o pé direito da estrutura e traçava diversas linhas a partir destes momentos de reflexão. Assim, com essa habilidade de dimensionar, cursou Arquitetura e fez do prazer pelos traços sua profissão. Mais tarde, se tornou mestre em Engenharia, área paralela ao seu primeiro curso. Foi observando o movimento, das suas idas e vindas de bicicleta, quando jovem, que se inspirou em fazer algumas de suas obras. Pelo caminho, Lu – como é mais conhecido – compreendia os detalhes do cenário e trazia essas percepções para sua vida. Tornou-se um apreciador de pequenas singularidades, coleciona diversos artefatos, de rádios a camisetas. Desprovido de permanência na cidade onde nasceu, Guariba - SP, Lu mora em Uberlândia há mais de 30 anos. Ainda quando estava na Universidade, participava da efervescência cultural, organizava festas, exposições e movimentos. Após alguns anos no mercado de trabalho em Birigui SP, por achar que estava fazendo algo maçante e repetitivo, buscou novos horizontes. Doutorou-se em Comunicação e Cultura, e, agora, trabalha na Diretoria de Cultura da UFU. Ao tentar conceituar seu estilo, Lu fala que o construiu, a partir de diversas fontes, ao longo da sua história. Adiciona também uma lembrança: quando tinha um escritório, preferia não ter secretária e usava um código de hastear uma bandeira, sinalizando que estava no local. Lu se encontra, novamente, em uma fase de mudança, ligada “ao desapegar”. Uma experiência que teve, ao expor parte de sua coleção de camisetas, trouxe esse novo ar de mudança. A exposição, inspirada por “Yoko Ono”, elencava as vivências que teve com cada uma das peças, ao final do evento distribuiu as camisetas aos que visitavam o local. A partir daí, Laurentiz busca observar mais o vazio nas paredes de sua “casapê”, notando, assim, as novas nuances dos sons e cores, em contínua transformação.

_____________________________ Michael Kealton

Foto: Lívia Rodrigues

descontração, movimento e estilo

Laurentiz com seu estilo inconfundível, adquirido ao longo de suas vivências

Curiosidade Moderna Hipster e Lumbersexual Em 2000, surge o estilo Hipster, termo popular utilizado para caracterizar uma subcultura da classe média urbana. Segundo Jéssica Franco, estilista da linha de roupas Jay Effy, este é um grupo de pessoas que utilizam da combinação de peças modernas e vintages para compor um “look próprio e original”. Alguns acessórios são indispensáveis ao estilo, como antigos chapéus Fedora e óculos escuros modelo Wayfarer, além de calças skinny, poá e alguns padrões de xadrez que, também, estão presentes em quase todos os looks. Apesar de pregarem um estilo próprio e original, e possuírem antipatia pela cultura comercial dominante, o estilo Hipster é um dos estilos mais populares do momento e é fácil distinguir um adepto pelo seu estilo, modo de falar e gostos um tanto quanto sofisticados. Assim, é fácil encontrá-los em brechós, feirinhas, galerias de arte e museus. Nota-se que são lugares bastante fre-

quentado por este grupo. Lumbersexual é um termo de origem inglesa, que se refere a um estilo de moda estritamente masculina em que predomina uma aparência rústica. O termo é composto pelas palavras “lumberjack” e “sexual” e significam “lenhador sexy”. Os homens adeptos ao estilo deixaram sua barba e cabelo crescer e utilizam calças jeans e camisa xadrez. O estilo tem um apelo sexual forte remontando a imagem do clássico lenhador norte-americano e defende ser o oposto do Metrossexual, possuindo seguidores rudes e desleixados. Apesar de existir alguns mais cuidadosos que estão sempre com a barba bem aparada, coques-samurais e milhões de produtos para a barba e cabelos. “O estilo se estende não somente as camisas xadrez, como também costumam usar jaquetas jeans sobrepostas e desgrenhadas”, afirma Jéssica.


Vida Universitária

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"Proibiu ou não proibiu?''

Discussões e reflexos gerados pela suspensão das festas na UFU

Desde o meio do ano de 2014, os finais de semana dos estudantes da Universidade Federal de Uberlândia, UFU, não são mais os mesmos. Devido a determinação de novas regras para as realizações de eventos dentro do espaço universitário, estipuladas pela Justiça Federal, as festas nos Campi estão praticamente extintas – a suspensão foi uma decisão da administração superior da UFU perante liminar. Doze pontos definem normas para festas nos Campi Santa Mônica e Umuarama. São eles: a exigência de que a UFU fiscalize a venda de bebidas alcoólicas, exija apresentação do documento de identidade aos consumidores e controle a emissão sonora dos eventos; sendo, ainda, obrigatório o envio de um relatório que pontue o cumprimento dos itens. Há também uma restrição específica para o

Campus Umuarama, que proíbe eventos no período noturno em consequência da proximidade com o Hospital das Clínicas. O juiz federal Bruno Vasconcelos só não aceitou um pedido do Ministério Público Federal (MPF): o de proibição absoluta de bebidas alcoólicas na universidade. A UFU terá que colocar medidores de som no entorno próximo aos seus campi, para que seja realizada a medição sonora. Segundo Wesley Marques, diretor de logística da UFU, dois decibelímetros estão sendo comprados. A universidade deverá exigir dos responsáveis pelos eventos que contratem equipes de segurança e promovam a articulação desses profissionais com a equipe de vigilantes local. A presença de profissionais de saúde – por meio de equipe contratada pelos organizadores –

também será necessária, em número suficiente para a previsão máxima de frequentadores. A cobrança de alvarás, que não ocorria antes, é mais um item nessas mudanças. Segundo Marques, a administração da universidade almeja que os eventos ocorram, porém de maneira tranquila e sob controle. “O ideal é formalizar e regularizar”. Para Nasser Pena, ex-coordenador geral e integrante da atual gestão do Diretório Central de Estudantes (DCE), a suspensão das festas foi uma política adotada pela UFU por não ter condições de viabilizá-las. A partir disso foi montada uma comissão no Conselho de CA'S e DA'S (CONDAS) com a finalidade de revisar toda a resolução e regulamentar, em parceria com a administração da UFU, o processo de realização das festas para que não haja mais proibição. As entidades que têm os eventos como fonte de renda são as mais prejudicadas. O custo mínimo para a organização de uma festa no Centro de Convivência, dentro das novas exigências, beira os R$6.000 – quantia alta, visto que elas não possuem nenhum tipo de financiamento. Renato Rosifini, diretor de eventos da Atlética Monetária, afirma que patrocínios são difíceis de conseguir e, sendo assim, o dinheiro precisa sair dos próprios bolsos dos estudantes. Os reflexos do caso vão além do lucro. A atual decisão impossibilita a ocupação dos espaços de convivência com cultura e lazer – também um papel da universidade – dificultando a integração acadêmica. “Precisamos mudar essa visão da Universidade ser um espaço que é só do aluno vir pra sala de aula, sentar e ir embora. A gente tem que viver e interagir. É um espaço público!” pontua Nasser. A calourada foi o último evento a ser autorizado, todos os outros desde então têm ocorrido sem autorização superior. Para o movimento estudantil, são uma forma de protesto. Para a administração, são casos a serem levados para o MPF. A Prefeitura de Campus não tem previsão para uma decisão final sobre o caso, e os universitários seguem esperando o dia em que as luzes do CC irão reacender.

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Bruna Saquy e Júlia Costa


Naturências

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Tecnologia ao alcance das mãos Grandes invenções que revolucionaram o mundo em que vivemos hoje, começaram em garagens e lugares improvisados, porque seria diferente se começassem em laboratórios universitários? O curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia, UFU, desenvolve diversas pesquisas e protótipos como exigência para fundamentar um projeto de iniciação científica. Porém, muitos desses protótipos não se tornam, de fato, produtos ou sequer vão para o banco de Propriedade Intelectual. O Laboratório de Automação, Servomecanismos e Controle, LASEC, é o espaço destinado a prática e desenvolvimento de protótipos. Nele trabalham, diariamente, alunos oriundos de todas as engenharias, no LASEC os alunos contam com material necessário para desenvolver robôs e todo tipo de aparato em escala experimental. Kleber Lima é estudante de Engenharia Biomédica e está desenvolvendo um projeto de Automação Residencial. O projeto surgiu quando ele comprou uma pulseira Myo que funciona com o movimento do antebraço. Com o projeto aprovado ele propôs desenvolver um hardware com placa de circuito impresso que fará com que a pulseira atue em todo um complexo, esse por sua vez, pode ser uma casa inteira, fazendo com que tudo, desde as luzes até o sistema de alarme, seja ativado ou desativado por movimentos. O protótipo final terá a capacidade de operar em qualquer residência, isso poderá ser de vital importância para casas onde vivem deficientes físicos, uma vez que o sistema funciona com movimentos do antebraço. Projetos, como os de Kleber, fazem parte das

Ilustração: Amanda Vieira

Mobilidade Eletrônica

A Myo é a primeira pulseira que permite controlar dispositivos eletrônicos com gestos. O controle por movimentos, apesar de fazer parte do nosso mundo, tem pouco espaço no nosso cotidiano – temos como exemplo o Kinect e o Leap Motion que, apesar de terem diversas aplicações, ainda não são precisos o suficiente e precisam que o movimento seja direcionado a eles, tornando-o menos natural do que o ideal. A pulseira que esteve em desenvolvimento durante um ano foi lançada em setembro de 2014 e vem sendo utilizada para entretenimento, manipulando computadores e TVs e também em apresentações de trabalhos e aulas.

A pulseira que esteve em desenvolvimento durante um ano foi lançada em setembro de 2014 e vem sendo utilizada para entretenimento pesquisas que se mostram satisfatórias para serem patenteados, o que pode acontecer por meio da própria universidade. Os ganhos desse tipo de iniciativa da UFU são inúmeros, uma vez que a universidade ganha destaque e influência no mundo. Além disso existem, também, empresas que compram as ideias desses jovens e usam para inovar em seus meios de produção. Em qualquer um dos casos, universitário ou empresarial, quem sempre tem a ganhar é a sociedade. A cada dia, podendo contar com novas tecnologias para serem implantadas em suas vidas como meio de auxiliar no dia a dia de tarefas fáceis e difíceis, promovendo um melhor desempenho e qualidade de vida, ajudando e desenvolvendo um novo olhar sobre as atividades.

Ao ser colocada no antebraço a Myo utiliza sensores de eletromiografia que conseguem perceber os movimentos dos músculos dessa área, que estão ligados, também, aos músculos das mãos. Assim, cada movimento diferente feito com a mão, produz um estímulo no antebraço que induz a pulseira a trabalhar o comando correspondente ao movimento.

Para assistir ao vídeo sobre a pulseira Myo, use o QRCode. ________________________________ Rafael Leonel


Foca na UFU

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Assaltos ameaçam segur

Discussão sobre segurança nos Campi é antiga e

Por ter um grande fluxo de pessoas em horários diversos, as regiões próximas à universidade têm a fama de áreas perigosas e, segundo a polícia militar, a distração dos estudantes, aliada à facilidade de revenda de aparelhos celulares, é responsável pela quantidade de crimes na região. Há casos registrados de crimes contra alunos do campus Umuarama, como da estudante de Enfermagem Carine Lopes, assaltada no início de 2014, próximo ao campus e Maidana Haag, de Nutrição, assaltada no trajeto entre o Terminal Umuarama e o campus. Segundo Maidana, outras pessoas fizeram descrições do criminoso e da forma que foram assaltadas se assemelham ao seu caso. Já no Santa Mônica, Lauana Gaspar, que cursa Artes Visuais, diz que, por volta das 15 horas, ao sair da universidade, um homem a abordou segurando uma garrafa de vidro e roubou seu celular. Os crimes relatados ocorreram de formas parecidas. Os assaltantes abordaram as vítimas pedindo os telefones celulares, geralmente sem arma de fogo. Segundo o Tenente Elias Alves Dantas, responsável pela 170ª Companhia da Polícia Militar, que cobre uma região com cerca de 140 mil cidadãos e com um efetivo de 89 policiais, é preciso cuidado na saída da universidade, guardar os celulares, não sair com fones de ouvido ou com bolsas muito grandes e que chamem atenção e procurar sempre caminhos movimentados.

niz, tudo o que acontece dos portões da UFU para fora é questão de segurança pública e, portanto, envolve a polícia militar e o patrulhamento feito nas redondezas da universidade. O tenente explica que, além do patrulhamento ser intensificado principalmente nos locais com reincidência de crimes, novas técnicas de vigilância foram utilizadas: “Chega uma hora que só isso não basta. A partir do início de dezembro, nós complementamos a segurança pública lançando policiais descaracterizados, que chamamos de policiamento velado”. Diniz afirma que desde essa mudança até a segunda quinzena do mesmo mês, nenhum roubo foi identificado na região. O estudo de caso da região, feito pela polícia, dos roubos próximos a UFU começou em março (2014) e foi identificada uma região específica onde os casos foram reincidentes. A região próxima às saídas da universidade para o bairro Finotti, tanto o portão próximo a reitoria quanto na saída construída há pouco tempo perto do Centro de Convivência (CC), foram os focos identificados. Em novembro foram registrados sete crimes em três quarteirões entre as 19 e 21 horas. A estudante de Relações Internacionais, Rosa Carolina Almeida também sofreu um assalto realizado por dois rapazes de bicicleta, muito próximo ao portão da reitoria. “Dois caras parados em bicicletas em frente a uma casa vieram quando me viram, me fecharam e me mandaram passar a bolsa”. Após ser realizado o estudo de caso da região, o reforço policial aumentou e a estatística de criminalidade de toda a área estudada apresentou uma redução de 12,82% em relação ao ano passado. O que houve, na verdade, foi a concentração naquele local específico: principalmente, no período da noite, é um lugar pouco movimentado, com muitas árvores e pouca iluminação, além de ter fluxo considerável de alunos residentes nas proximidades ou no próprio bairro Finotti.

"A partir do início de dezembro nós complementamos a segurança pública lançando policiais descaracterizados, que chamamos de policiamento velado”, afirma Diniz

Novas estratégias A UFU tem, dentro dos campi, a Divisão de Vigilância e Segurança (DIVIG), por onde passam todas as questões acerca do tema. Segundo o coordenador de segurança da universidade, José Delfino Di-

Sobre a região, o Tenente Dantas diz, ainda, que “os crimes em volta da UFU aconteceram, talvez mais ali (entornos) do que em outros locais”. É o caso de Carolina Souza, estudante de Arquitetura e Urbanismo. “Uma moto parou do meu lado quando eu estava do lado do passeio, meio Frase grafitada em novo portão com said que me cercando, passou a mão em mim e disse umas coisas obscenas depois saiu. E foi bem perto daquela entrada nova da UFU”, relata. Já Lauana completa dizendo que em alguns horários, poucos portões da UFU ficam abertos. “Às vezes, os seguranças não abrem os portões devido ao horário e fazem a

FIQUE ATENTO Os seguranças da UFU são contratados por empresas terceirizadas e devem, como item principal, apresentar o certificado do Curso de Formação de Vigilantes. Hoje são 12 vigilantes divididos em quatro turnos. Delfino orienta que todas as pessoas (alunos, professores e técnicos) que queiram fazer denúncias de crimes ocorridos dentro da faculdade devem procurar a DIVIG no bloco 3E ou entrar em contato através do e-mail divig@ufu.br.


Foca na UFU

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rança na Universidade

e merece atenção da universidade e entornos Foto: Bianca Judice

Responsabilidade compartilhada

da para o Finotti, um dos locais com maior risco de assalto

gente sair pelo portão principal, correndo mais risco à noite”. Tamanha a proximidade dos crimes e sendo os alunos a maioria das vítimas, discute-se o que universidade pode fazer a respeito, não somente por esses assaltos, mas para garantir maior segurança dentro dos campi. “Não somente fora da universidade ou nas proximidades, os crimes acontecem e, por mais que muita gente seja contra eu acho que deveria ter policiamento no campus, porque a gente sabe que o criminoso não está só fora do campus, tem gente que estuda que também rouba”, disse a estudante Rosa Carolina.

O coordenador da DIVIG explica que para falar sobre segurança no campus é necessário entender o tipo de segurança aplicado: “É a chamada vigilância patrimonial. Os vigilantes cuidam de tudo o que está dentro do campus, delimitado pelas cercas. O que acontece para fora dele é questão de segurança pública, polícia militar" Como aponta o Tenente Dantas, mesmo sendo um órgão com predomínio da Polícia Federal não há restrições para a entrada da polícia militar nos campi da UFU, mas não há patrulhamento e o trabalho é feito de acordo com a demanda. “Se houver a necessidade nós atuaremos (dentro da UFU)”. O Tenente Dantas aponta que a segurança pública é dever da polícia militar, porém é responsabilidade de todos. De acordo com ele, é mais provável que um criminoso assalte uma pessoa com o aparelho celular a mostra. Outra responsabilidade da população é fazer o registro do boletim de ocorrência, caso ocorra algum crime para que a polícia militar tome conhecimento dos crimes e crie estratégias mais eficientes para promover a segurança pública, aumentando a sensação de segurança. Não andar com celulares a mostra pode dimi-

"Às vezes, os seguranças não abrem os portôes devido ao horário e fazem a gente sair pelo portão principal, correndo mais risco à noite", pontua a estudante Lauana nuir o número de assaltos, assim como a implatação de armários com cadeados na universidade para guardar equipamentos de valor. A instalação de mais postes de luz nas saídas, podas das árvores e segurança específica e fixa em todos os portões também são medidas que podem ajudar no

trabalho da polícia e na redução da criminalidade nos arredores da Universidade.

PARA ALÉM DISSO Mapeamento de crimes através de site colaborativo Criado em junho de 2013, o site Onde Fui Roubado possibilita que cidadãos compartilhem informações de crimes como arrombamento veicular, assalto à mão armada, assalto coletivo, furto e roubo veicular. Para registrar a denúncia, o usuário deve colocar o endereço de onde aconteceu o crime, data, hora e descrever objetos roubados, Também são apresentados dados estatísticos de acordo com o que é registrado no site e, até o final de 2014, Uberlândia é a 31º cidade com mais registros no país, com 181 denúncias, mais 20 registrados nos últimos 3 meses desse ano. O prejuízo estimado na cidade é de R$ 459.729,50, sendo que o bairro Santa Mônica possui maior número de registros, aparelhos celulares são os objetos mais roubados e a maioria das vítimas é do sexo masculino e foram roubadas à noite. Outro ponto destacado pelas estatísticas do site é a quantidade de crimes que foram registrados por meio de boletins de ocorrência, 63% desde a criação do site. Onde Fui Roubado é uma alternativa para a população ter maior acesso aos dados de crimes nas cidades, mas não elimina a necessidade de registrar ocorrência na Polícia Militar. O site já possui registros em 791 cidades do Brasil e tem alcance em todos os locais que o serviço de mapas do Google estiver. O endereço é www.ondefuiroubado.com.br, onde, além de registrar denúncias de crimes, é possível ler dicas de segurança na rua, bancos, praias, compras, transporte coletivo, carro e terminais de transporte público. _______ Bianca Judice, Luisa Caleffi e Marcelo Franca


Pausa para o Café

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Fugindo para o mundo das séries Sempre que tem um tempinho de sobra em sua vida agitada, a estudante de Design Gráfico, Janine Almeida aproveita o conforto de seu quarto em um pensionato nos arredores da UFU para colocar em dia os episódios atrasados de sua série favorita: The Walking Dead, que está na quinta temporada e, é um dos fenômenos culturais da atualidade. Desde a série de suspense Lost, em meados de 2006, o mundo dos programas de TV parece viver uma era de ouro que contrasta com a relativa decadência do cinema, que tem se concentrado em

franquias com chances maiores de lucrar, mas que pouco oferecem de inovação a um público que, com auxílio da internet, se tornou cada vez mais crítico em relação ao que consome culturalmente. “Gosto muito de filmes também, mas esses não me prendem tanto quanto os seriados”, diz Janine. A estrutura narrativa dos seriados é feita para manter o espectador acompanhando, enquanto os filmes ficam relegados às telonas do cinema depois que terminam. Outro ponto relevante, citado tanto por Janine

como por Bruna Ferreira, aluna de Direito, e Alice Machado, de Filosofia, toca na criação das personagens. Nas séries, é possível uma elaboração mais profunda e psicológica das personagens, uma vez que o formato contínuo oferece essa folga de tempo ao enredo. Quando perguntadas sobre qual o motivo de continuarem tão conectadas às séries que assistem, a resposta é quase unânime. “As personagens me cativaram, porque às vezes a trama não está tão legal, mas por amor às personagens eu continuo assistindo”.

ContraPonto

Válvula de escape: nessa vida você mata ou morre

____________________________________________________________________________________________________________________________________________Jhonatas Elyel e Gabriela Petusk

Ilustração: Jhonatas Elyel Silva - Jornalismo - UFU

mais aos apaixonados por ficção, ou pelo menos não com a mesma eficácia das séries contínuas. Mesmo com as críticas ao prolongamento dos enredos a fim apenas de engordar os lucros e às tramas de pouca profundidade psicológica, os seriados têm ocupado espaços de paixão nos corações dos fãs, que, provavelmente, levarão esse apego adiante até depois que a série terminar.

Divulgação: www.hardmob.com.br

Ao se sentarem em suas camas, com o notebook no colo, confortavelmente isoladas do mundo "lá fora" em seu quarto, Janine, Alice, Bruna e muitos outros jovens que começam a enxergar o ambiente ao seu redor com todas as suas mazelas e decepções aproveitam este momento singular para fugir da realidade em que vivem. Algo que, à primeira vista, parece estranho de se pensar, mas que se torna corriqueiro quando se percebe a frustração com o mundo real, como explica a psicóloga Luiza Carvalho ao tratar da admiração que alguns espectadores desenvolvem em relação aos anti-heróis: “É importante avaliar que a adoração do anti-herói vem acompanhada de um desapontamento, um descrédito quanto ao sistema social vigente no mundo real”. Esse estranhamento social, aliado a um maior grau de individualismo, como esclarece Luiza, também contribui para uma relação de identificação entre o espectador e a personagem. “Uma vez identificados aspectos da personagem que lhe sejam ‘parecidos’ (no ponto de vista do fã), este vai se sentir cada vez mais vinculado ao personagem e, dependendo do nível de dependência estabelecido isso pode acarretar consequências negativas ao fã, como por exemplo, um alienamento de si mesmo”. Seja quanto ao anti-herói, adorado como um príncipe maquiavélico por uma legião de fãs descontentes com o tradicional e ilusório "felizes para sempre", ou quanto às relações sociais rasas nas quais o mundo é pautado, as séries de ficção e fantasia possibilitam ao espectador um distanciamento temporário de sua vida comum, diminuindo suas ansiedades e recuperando o fôlego para voltar ao mundo real, coisa que o cinema parece não proporcionar


Diário de Bordo

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O silêncio no barco era inevitável. Todos assistiam embasbacados à grandiosidade do Lago Titicaca. Considerado o maior lago navegável do planeta, o Titicaca tem motivos de sobra para deixar qualquer um sensibilizado com a sua imponência. O caminho percorrido até Isla del Sol dura em média uma hora e meia de barco partindo da cidade de Copacabana, na Bolívia. A ilha, que é a maior das 41 encontradas no Titicaca, teve significativa importância ao povo Inca que acreditava que nela havia nascido o Deus Sol, daí seu nome. Durante todo o tempo o trajeto impressiona a tal ponto que o vento frio que bate no rosto não incomoda mais. Era carnaval e os barcos estavam todos decorados com flores, um dos costumes bolivianos para a época. O vermelho das flores contrastava com azul fascinante do lago. Isla del Sol é desses lugares dignos de pintura. Atualmente é povoada por indígenas de origem quechua e aymara que vivem do turismo e artesanato. A ilha é relativamente pequena, possui em média 10 km de extensão, o que torna possível atravessá-la de norte a sul em apenas três horas

de caminhada com paisagens de tirar o fôlego. Outro ponto importante na ilha são os sítios arqueológicos da civilização Inca. Durante as caminhadas é obrigatória a visita às ruínas do Templo Pikokaina e subir as escadarias pré-colombianas que levam a Fuente de la Vida, onde é possível beber água pura e fresca que saem de três jorros d’água, cada um significando as três máximas incas: Ama Sua (não roube), Ama Llulla (não minta) e Ama K’ella (não seja preguiçoso). As opções de hospedagem são diversas e para todos os bolsos. Vão de hostels a ecolodges. Também é possível acampar em algumas praias da ilha para os que gostam de ter mais contato com a natureza. Existem diversos restaurantes, principalmente na parte sul, com comida boa, típica e preço baixo. Vale lembrar que a ilha não possui caixas eletrônicos. É possível sacar dinheiro em Copacabana antes de pegar o barco. E a internet na ilha está sempre sujeita a interrupção. Mas, é este estilo rústico e distante dos confortos que encontramos em outros lugares que torna a ilha inesquecível.

Foto: Ana Paula Basmagi - Engenharia Química - UFU

Isla del Sol: berço da civilização Inca

Foto: Paola Buiatti - Jornalismo - UFU

A ilha, que é a maior das 41 encontradas no Titicaca, teve significativa importância ao povo Inca que acreditava que nela havia nascido o Deus Sol

Ilhas encontradas no caminho para Isla del Sol

Se Joga! Workaway (www.workaway.info) é uma rede social que permite fazer viagens de baixo custo, um sonho para qualquer viajante que está com a grana curta. O site cria uma ponte entre quem está afim de ajudar e quem precisa de ajuda. A ideia é simples: você ajuda ONGs, fazendas orgânicas, hostels e até famílias durante um determinado número de horas por dia e em troca você tem alimentação e acomodação. A ideia é incrível e permite ao viajante um contato mais amplo com a cultura e língua locais. O site possui usuários em quase todo o mundo.

Apesar de ainda não ser traduzido para o português a interface é simples e intuitiva. Você cria seu perfil com fotos e/ou vídeo de apresentação, país de origem e aptidões (comunicação, jardinagem, cozinha, etc). Depois é só procurar por vagas no lugar que pretende viajar. Aqui no Brasil, por exemplo, já existem centenas de vagas para várias funções em quase todas regiões do país. Outro ponto interessante é o concurso de fotografias promovido mensalmente pelo site em que é possível ganhar dinheiro e estender a viagem. Prepare as malas ou a mochila e vamos viajar!

Os jumentos são outro meio de transporte na ilha __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Muntaser Khalil


Esporte e Lazer l

senso incomum - n. 26 marco/abri l 2015 ,

Batuque do Bom Fotos: Amanda Ribeiro

Tambores e taróis são uns dos instrumentos que compõem as baterias

Não é novidade para alunos da Universidade Federal de Uberlândia que existem as tradicionais baterias dos cursos, como a Charanga e a Medonha que representam os cursos de Engenharia e Medicina, respectivamente. O que muitos ainda não sabem é que além delas, há outras baterias novas e com batuque de qualidade na universidade. Começando em 1999, com cerca de cinco alunos da Odontologia que chegaram a tirar grande parte do investimento inicial do próprio bolso, a Dentadura foi criada principalmente com o intuito de competir contra as outras duas baterias já consolidadas. “Nessa época ela era bem ativa, mas nada muito expressivo. Daí o perfil de baterias aqui em Uberlândia foi mudando. Elas passaram a deixar de ser aquelas baterias de arquibancada pra buscar algo mais além, elaborado, mas isso foi dos cinco últimos anos pra cá”, explica Amanda Melo, integrante do grupo. Outras duas que tiveram um segundo começo, foram a Biônica (da Biologia) e a Mercenária (da Faculdade de Gestão e Negócios). Criada em 2006, a bateria do curso de Biologia ficou de lado quando os alunos responsáveis se formaram, e apenas em 2013 voltou com todo vapor, chegando até a ganhar em terceiro lugar no Desafio de Baterias das Olimpíadas Universitárias no dia de seu aniversário,

31 de outubro de 2014. Felipe Alexandre, regente da Biônica, fala com orgulho: “É muito difícil manter uma bateria, ainda mais com um curso integral, a bateria está começando e a grana é difícil de arrecadar. Nossos instrumentos são inferiores, a gente gasta uma grana com manutenção, mas mesmo sendo mais ‘baratos’, a gente dá um jeito de ganhar na musicalidade”. Já a bateria mercenária surgiu em 2010 de uma parceria com a atlética monetária, e representa os cursos da Faculdade de gestão e negócios (FAGEN). “No início, os fundadores compraram o material necessário mas não conseguiram montar

parte da atlética e aí assumiram a responsabilidade da bateria”, conta Eduardo Augusto, presidente do conjunto musical. Até mesmo a tradicional Charanga da Engenharia se dispõe a auxiliar as baterias que estão começando, como foi com a Mercenária e agora com a Meritíssima, a bateria do Direito que além de contar com a ajuda do mestre Pedro Brito, teve as duas representantes da UFU viajando em 2014 com a Engenharia para o Interbatuc em Araraquara, um evento de desafio nacional de baterias universitárias que é organizado pela Liga Nacional de Baterias Universitárias, LNBU. Dentro da Universidade, a competição é estimulada pelos desafios de baterias promovidos pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), e oportunizam a evolução de cada bateria, como no caso da Dentadura que em um evento ficou em terceiro lugar e em seis meses depois alcançou o tão desejado primeiro lugar. As baterias acabam sendo um complemento da atlética e um estímulo durante os eventos esportivos universitários, e assim os alunos acabam se unindo mais e criando uma só voz para o curso, ou melhor, um só batuque.

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Amanda Ribeiro

“É muito difícil manter uma bateria, ainda mais com um curso integral" Felipe Alexandre, regente da Biônica o esquema de ensaios e nem acharam um pessoal que quisesse levar a bateria pra frente (...), só em 2014 que apareceram uns bixos animados que queriam ajudar, porque não praticavam nenhum esporte mas mesmo assim queriam viajar e fazer

Eduardo Augusto, estudante de administração, é presidente do conjunto musical da monetária desde 2014


Devaneios

Em um relacionamento sério com a academia

Me rendi. Foram anos de resistência, tentava ignorar os apelos espalhados em todos os lugares. Entediada, descia freneticamente pelo feed de notícias do Facebook. De cada dez postagens, no mínimo umas cinco se relacionavam a isso. Esse sorriso escancarado nas fotos do Instagram não poderia ser mais convincente de que era o certo a se fazer. Médicos, família, amigos, todos me apoiavam a ceder. Organizei meus horários, instalei todos os aplicativos de fotos no celular, comprei roupas da moda e um tênis colorido, claro. Estava tudo pronto, agora era hora de assumir e atualizar o status no Facebook. Em um relacionamento sério com a academia. No nosso primeiro encontro, já me matriculei em todas as modalidades que se encaixavam com os meus horários livres. A recepcionista de corpo ornamental me indicou as melhores modalidades, as mais procuradas deste verão. Seriam cinco vezes por semana, será que enjoaria? Dizem que pode ser prejudicial um relacionamento muito grudento, mas os outros compromissados me garantiram que a relação só teria futuro se respeitasse essa periodicidade, e além do mais, “era viciante”, diziam. Aula de dança, aeróbico e musculação. Estava empolgada, mal poderia esperar para começar a frequentar aquele ambiente espelhado de música alegre e gente sarada e bronzeada. Vesti minha calça azul neon da última coleção, a meia até a altura do joelho, como manda o figurino, e calcei o tênis mais colorido que achei na loja de esportes. Estava pronta para sair, mas faltava o último detalhe: a foto no espelho para postar no Instagram (#partiuacademia #focoforçaefé #projetoverão2015). Na área de musculação, um dj tocava as top 10 da balada eletrônica. Fui logo buscando meu lugar junto ao espelho, a área mais “vip” da academia. Não queria perder um só movimento do meu músculo enquanto eu fazia minhas repetições de 4 séries de agachamento profundo posterior. Esses cubículos superiores do espaço eram também disputados pelos marombeiros de membros superiores (aqueles que se assemelham aos sorvetes de casquinhas e são o tipo mais comum e requisitado da musculação) e pelas garotas estilo panicats que a cada exercício se medem

com os olhos para verificar os tão sonhados dois milímetros a mais no glúteo. Depois de 45 minutos treinando pesado (porque malhar não é o termo mais adequado para quem leva esse relacionamento a sério), saí de lá com a sensação de dever cumprido. E é claro que logo depois postei uma foto das minhas pernas póstreino com as hashtags #missãodadamissãocumprida, #semdorsemglória, #nopainnogain #esmagaquecresce. No outro dia, quando descer da minha cama parecia impossível e cada degrau do trabalho era um martírio, resolvi repensar sobre essa relação. Eu achava que todo início de relacionamento era um mar de rosas. Foi ilusão. Descendo mais uma vez pelo feed de notícias, várias dietas malucas e interessantíssimas e sucos de todas as cores chamaram a minha atenção. Me rendi novamente.

Ilustração: Lorena Muntaser

____________________________________________________________________________________ Nayara Ferreira

Divulgação: site Rolling Stone Brasil

senso incomum - n. 26 marco/abri l 2015 ,

Son ic Highways

Quando se fala em rock n’ roll, lembra-se da banda norte americana Foo Fighters. O oitavo álbum da banda, lançado dia oito de novembro de 2014, tinha a responsabilidade de manter a banda entre as mais inovadoras do rock. O álbum Sonic Highways, sucessor de Wasting Light cumpriu o prometido, mas não foi além. Wasting Light aumentou o nível musical da banda e o mesmo era esperado do último álbum. A aposta da banda foi de gravar uma música em oito estúdios de oito cidades diferentes e lançar uma série televisiva. Não pode dizer que as músicas ficaram inferiores as antecessoras, mas não superaram as expectativas. É difícil encontrar quebras nos padrões de algumas músicas, mas outras merecem destaque como, a primeira do álbum, Something From Nothing, que começa lenta e estoura no meio. A participação de artistas das cidades em que as músicas foram gravadas é um forte diferencial. A faixa What Did I Do/ God as My Witness, que conta com o guitarrista Gary Clark Jr. se diferencia com um solo com pegada blues. O álbum é encerrado com I am A River, o tipo de música feita para ficar no estúdio. Com mais de sete minutos de duração e com linhas melódicas, dificilmente os fãs se empolgarão com uma versão ao vivo dela. Sonic Highways pode parecer um pouco estranho no começo, se diferencia do antecessor e algumas parcerias passam despercebidas, mas o trabalho dos integrantes estão cada vez melhores e mais próximo ao velho rock n’ roll. ________________________________ Marcelo França


EntreOlhares

senso incomum - n. 26 marco/abri l 2015 ,

rer, eu Fotos: Amanda Ribeiro e Bianca Judice - Jornalismo - UFU

“Sabe aquele lugar incrível que você viu naquela página da rede social e ficou morrendo de vontade de conhecer? E aquela pessoa que passou do seu lado e você gostaria de saber o nome? Lembra daquele esporte radical que você viu na TV mas nunca teve coragem de praticar?” Foi assim que começou nosso convite para que os alunos da UFU participassem da intervenção artística do Senso InComum no meio do bloco 3Q, no campus Santa Mônica. Bastou colar alguns cartazes em branco com os dizeres “Antes de morrer eu...” para que as pessoas ficassem intrigadas e escrevessem seus desejos mais comuns como os mais divertidos, como, por exemplo, o “comprar um dinossauro” e até o “preciso ser um ex-BBB”. Alguns alunos falaram o quanto acham interessante esse tipo de atividade: “Achei super legal e criativo, o pessoal escreve muita coisa engraçada, com muita vontade real, tipo eu que escrevi que tenho vontade de mergulhar em Galápagos, acho um lugar fantástico”, descreve Thais Schmitd, estudante de Engenharia Química. Uma ideia simples, que bastou um papel e uma caneta, e fez com que as pessoas se expressassem de maneira livre e sincera. Confira nesta página algumas fotos do evento. O pessoal que contribuiu na intervenção tem algo a dizer: expresse seus desejos! Produção e texto: Amanda Ribeiro Colaboração: Júlia Costa, Bruna Saquy e Marina Pagliari


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