Senso Incomum 04

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( in) tolerância

Arthur Franco

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFU ● ANO 01 ● Nº 03 ● JUNHO - JULHO/2011

E spaço de diversidade, universidade torna- se, muitas vezes, local de seg regação ATUALIDADES: Obras de expansão causam transtornos nos campi da UFU • Tempo de espera nas filas do RU incomoda usuários do serviço • CIÊNCIA: Equipamento criado em pesquisa multidisciplinar auxilia na reabilitação de lesões no ombro • Professores e alunos da computação desenvolvem nova internet • CULTURA: Estudantes integram equipes de beisebol e rúgbi • Trabalhos de jornalismo são premiados em São Paulo


Editorial

VOZES

Pós-conceito

Em defesa da diferença

Universidade, na sua origem latina, é palavra que deriva de universo, de todo. Em uma tradução livre, é o espaço que reúne a diversidade de saberes, de pessoas, de opiniões. Aqui encontramos pesquisas das mais diversas, como as que criam tecnologias que auxiliam na manutenção e recuperação da saúde do ser humano ou aquelas que desenvolvem novas formas para as pessoas se conectarem, trocarem informações e conhecimentos. Nela também achamos esportes e artes, diferentes modos para seus integrantes se socializarem e divertirem, para ver e sentir o mun-

do. Nesse caleidoscópio, mesmo sem querer, nos deparamos com cenas e cores que não fazem parte do sentido original que esse espaço deveria ter. Intolerância não combina com universidade. A aceitação do diferente deve ser o sentimento primeiro em um espaço que reúne os diferentes. As diferenças podem ser de cor, religião, origem social, opção sexual, tendência política e ideológica, ou qualquer outra, pois nenhuma pessoa é igual à outra. Tolerar é o primeiro passo para conviver. Sem isto, não há troca, não há diversidade, não há universidade.

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. Albert Einstein já dizia no século passado o que ainda vivemos nesse. Mas podemos dizer que, recentemente, o Brasil deu um largo passo na caminhada contra a discriminação. Com a aprovação da união estável entre pessoas do mesmo sexo, com decisão unânime dos ministros do STF, os gays tiveram seus direitos defendidos, como pensão e herança, o que representa um avanço tanto nas decisões judiciárias quanto no pensamento cultural da sociedade. E essa decisão pode, e deve, ser encarada como uma das poucas vezes que a doutrina do Estado laico funcionou. A justiça não se deixou levar pelo tradicionalismo católico do Mayra Cabrera país ou pela pressão exercida por entidades Você tem medo de dizer eu te amo? Fala que eu NÃO te escuto religiosas e decidiu pela certeza e pela igualdade. http://migre.me/4AuWO Pelo menos no papel. O que foi feito pelos gays é http://migre.me/4Avfg Não deixe seu amor em segredo como fez Tan É melhor prestar mais atenção! só uma parcela do que precisa ser feito para Hong Ming. destruir uma tradição culturalista e acabar, ou Eu não queria que tu furasses meu pelo menos abrandar, a homofobia. E não apenas com o preconceito sexual. Essa decisão mostra braço não

Caiu na rede

Arthur Franco

que está havendo uma revolução de pensamento, não só dentro dos tribunais, mas também na sociedade civil. E esse é o primeiro passo para que outras desigualdades sejam extintas: o abismo existente entre homens e mulheres, a discriminação contra os negros e o racismo, a exclusão dos deficientes, a aversão a indivíduos de outras religiões. O não à homofobia, junto com as manifestações LGBT e as campanhas de conscientização, vem ao encontro de que, em pleno século XXI, a orientação sexual não pode ser motivo de segregação, assim como a cor da pele ou a condição social. Agora, se a premissa de liberdade, igualdade e fraternidade será cumprida e assegurada pelos tribunais de todo o país, mesmo por aqueles que têm no comando juízes preconceituosos, só o tempo irá dizer. As mudanças já começaram, lentas e graduais. Mas começaram. E mesmo que essa igualdade chegue tarde, é melhor do que nunca. Porque, como disse Henry Thoreau, nunca é muito tarde para abandonarmos nossos preconceitos.

http://migre.me/4AviB

Será que já aconteceu uma situação parecida com VOZES você?

O mundo está virado?

Lara e sua primeira DR http://migre.me/4AuUc

Ela resolveu que os dois não vão dar certo e que O amor, que, em pleno século XXI, devedevem ficar com outras pessoas... ria ser tratado com grande naturalidade , sofre todos os dias com a hipocrisia. Um homossexual é morto a cada dois dias, vítima de homofobia. Com toda sinceridade, nós, LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), não estamos em momento de celebração. A aprovação da união estável entre pessoas do mesem nossas redes sociais e participe sugerindo, mo sexo não vai combater a homofobia e não toropinando e criticando. nará os seres humanos mais respeitosos e sem preconceito. Outrora, os casamentos eram arranjados, a mulher dedicava sua vida ao seu homem, os homens visitavam os bordéis na calada da noite e as pessoas morriam de “nó nas tripas”, “constipação” e “amargura”, nunca de sífilis, gonorreia e AIDS. Hoje, o mundo não está virado. O modelo urbano de vida trouxe à tona tudo o que as pessoas fingiam não ver. 2011. Os sentimentos estão cada vez mais líquidos. Movimentos como “Beijaço Gay” são organizados frequentemente. A união estável entre casais do mesmo sexo é legalizada e muitos homossexuais agem como se todos os problemas tivessem sido solucionados. O projeto de Lei

Acesse o blog do Senso (in)comum

O “Senso (in) Comum” chega à sua quarta edição impressa com uma novidade: o blog do jornal. Com uma linguagem informal e jovem e um layout despojado, nossa proposta é ser uma nova opção para divulgação de notícias sobre a universidade, a partir dos interesses dos estudantes. Agora, além de textos e fotos, você também poderá acessar informações multimídia e contribuir com a elaboração de conteúdo. A multiplicidade é o que pretendemos oferecer, sempre de um ponto de vista que fuja do senso comum para alargar seu olhar sobre o mundo universitário. Sua colaboração será decisiva, por isso, acesse o blog, escreva, conecte-se conosco

Bazinga!

Stella Vieira

Expediente

O jornal-laboratório Senso (in)comum é produzido por discentes, docentes e técnicos do Curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia como projeto de graduação e atividade curricular.

instituição

Isley Borges

122/2006, que criminaliza a homofobia, faz aniversário de cinco anos de engavetamento e descaso na Câmara de Deputados. E agora, quem vai lutar pela sua aprovação? O que parece é que os direitos são dados aos LGBTs para silenciá-los, apenas como um “cala-boca”. As marchas contra a homofobia se apresentam para os olhos de alguns, homofóbicos ou não, como grandes festivais de promiscuidade. A celebração da união civil não pode também ser uma festa que encubra a luta pelos outros direitos. A criminalização da homofobia é a solução mais adequada para oferecer tal garantia. Ninguém pode ser recriminado por demonstrar amor pelas pessoas. Sabiamente, Caio Fernando explica: “Não existe homossexualidade, nunca existiu. Existe sexualidade – voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é um detalhe.”. Meu desejo é que a decisão tomada pelo STF sirva de estímulo para os grupos de apoio aos LGBTs e o Congresso Nacional agirem. Não, o mundo não está virado. Está “viado”, e vai ficar ainda mais.

colaboração

Reportagem e redação: Aline de Sá, Anna Paula Castro Alves, Arthur Franco, Cindhi Belafonte, Dayane Nogueira, Diélen Borges, Elisa Chueiri, Eric Dayson, Lucas Felipe Jerônimo, Mayra Cabrera, Melina Paixão, Natália Farias, Tatiana Oliveira e Victor Masson. Opinião: Arthur Franco e Isley Borges. Fotografia: Arthur Franco, Cindhi Belafonte, Diélen Borges, Elisa Chueiri, Lucas Felipe Jerônimo.

Reitor: Alfredo Júlio Fernandes Neto Diretora da FACED: Mara Rúbia Alves Marques Coordenadora do curso de Jornalismo: Adriana O Senso (in)Comum não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelos textos Cristina Omena dos Santos opinativos publicados em suas páginas, pois eles representam as opiniões dos seus autores.

equipe

Editora-chefe: Ana Spannenberg (MTb 9453) Redação e edição: Laura Laís e Marina Martins Arte e Diagramação: Danielle Buiatti Revisão: Mônica Rodrigues Nunes e Diélen Borges

Tiragem: 2000 exemplares Impressão: Imprensa Universitária - Gráfica UFU E-mail: sensoincomumufu@gmail.com Telefone: (34) 3239-4163


INSTITUIÇÃO

Obras alteram rotina da UFU

Sujeira e barulho atrapalham aulas e podem prejudicar sistema respiratório

Cindhi Belafonte, Elisa Chueiri e Melina Paixão

Fotos: Cindhi Belafonte

As construções, que fazem parte do Reuni, serão concluídas até 2012

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) passa por um processo de reestruturação desde o início de 2008, decorrente do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que visa ampliar o número de vagas nas instituições de ensino superior. Reformas e construções fazem parte do cenário do campus Santa Mônica, para absorver a demanda de alunos ingressantes em novos cursos e oferecer a infraestrutura necessária. Segundo dados da Diretoria de Infraestrutura da universidade, desde a implantação do Programa, foram construídos blocos de sala de aula e realizados diversos reparos, como a ampliação do sistema hidráulico

e de esgoto, para suportar o aumento do fluxo de usuários. De acordo com o projeto do Reuni, as obras deverão ser concluídas até o ano de 2012, mas ainda há previsão para construção de nove blocos nos campi da UFU em Uberlândia, dos quais quatro serão no campus Glória, dois no campus Umuarama e três no campus Santa Mônica. As obras estão programadas para acontecer durante o período de recesso acadêmico, mas, em geral, ultrapassam esse prazo. O Diretor de Infraestrutura da universidade, Blaine Alves da Silva, explica que isso ocorre porque o tempo médio de execução das obras é de 12 a 14 meses, o que impede que o planejamento seja cumprido no tempo

estabelecido. Para o aluno de Engenharia Química Rafael Pacheco, a situação “é no mínimo uma falta de respeito”. Ele defende que as obras deveriam ser realizadas no período de férias ou, no caso de serem emergenciais, tinham de ocorrer mais rapidamente, para não comprometerem a organização da universidade. Priscila Cardoso, aluna do 2º período de Administração, comenta que o barulho é um dos aspectos que mais atrapalham o rendimento nas aulas. Ela considera que as obras são positivas, mas incomodam um pouco. “Se elas derem um retorno, são boas. Se não, elas atrapalham bastante, por causa da poeira e do barulho, principalmente pra gente que tem uma construção aqui do lado”. Ricardo de Oliveira é professor de física do curso de Engenharia Química e suas aulas acontecem no bloco 3Q, ao lado de onde está sendo construído o bloco 5S. Para ele, o barulho dispersa parte da sala, mas não o suficiente para atrapalhar o rendimento dos alunos. Ele considera que, de maneira geral, as obras são necessárias ao crescimento da Universidade.

Instituto de Geografia, vê as obras como uma demanda do crescimento da universidade. “O que nós precisamos entender é que a universidade cresceu e a infraestrutura dela tem que acompanhar”, afirma. Para ele, o que é problemático é o tempo de duração das construções, que compromete o andamento das aulas. “Algumas obras têm que ser aceleradas. No meu entendimento, elas foram feitas num período incorreto. Se não foi possível fazer nas férias e estão fazendo agora, a gente tem que solucionar o problema o mais rápido possível, fora isso não tem o que fazer”, comenta. De acordo com o diretor de Infraestrutura da UFU, apesar das reclamações da comunidade acadêmica em relação ao incômodo gerado pelas obras, não há alternativa. “Infelizmente, nós temos uma programação a cumprir que é o Reuni. Temos que acompanhar a entrada de alunos no campus, com sala de aula, com infraestrutura, com estacionamentos. Então, não tem como não fazer as obras ao mesmo tempo”, afirma Silva. O diretor também comenta os esforços para se minimizar o impacto negativo destas reformas. “O que nós temos feito é utilizar técnicas de Impactos execução como, por exemplo, fundações Além do barulho, outro problema é o da escavadas ao invés de fundações com estacas présujeira gerada pelas construções. Com o aumento moldadas, que diminuem o barulho. Mas, do número de alunos, o trânsito de pessoas e infelizmente, todas elas fazem barulho”, explica. carros se intensifica e a terra é mais facilmente espalhada pelo campus. Segundo a médica especializada em clínica médica, Vera Alves Nascimento, “além da poeira produzida pelas construções, nessa época do ano chove pouco, o que torna o ar mais seco, prejudicando ainda mais a respiração”. Para ela, as obras constituem um agravante de doenças respiratórias, como bronquite, laringite, rinite, sinusite e até pneumonia. Sylvio Luiz Andreozzi, professor do Poeira e tempo seco podem agravar doenças respiratórias

Filas do RU aumentam em 2011

Maior movimento no Restaurante Universitário incomoda alunos e demais usuários

Marina Martins

Cindhi Belafonte

Desde o início de 2010, número de refeições aumentaram em mais de 30%

O Restaurante Universitário da UFU é a principal opção de muitos alunos, professores, funcionários e até de pessoas da comunidade externa. A estimativa é que, todos os dias, duas mil pessoas almoçam e 600 jantam no RU. O restaurante oferece um cardápio montado com auxílio de uma nutricionista da universidade e varia a cada dia da semana. Nos últimos meses, as filas têm sido motivo de reclamações e discussões na universidade. Do início de 2010 até hoje, o número de refeições servidas aumentou mais de 30% (de 1800 para 2600) e a espera, principalmente entre 12h15 e 13h, também cresceu. Para muitos, o tempo gasto na fila é um problema. O gerente geral da UDI Alimentos, empresa responsável pelo Restaurante Universitário, João Paulo Carvalho Serra Carneiro, atribui o aumento do movimento ao ingresso de mais alunos à universidade e também ao maior conhecimento que pessoas não vinculadas à UFU passaram a ter

sobre essa opção de alimentação. João Paulo esclarece que já existem mais funcionários trabalhando no restaurante e que, para diminuir as filas, seria necessário ampliar o local e aumentar o acesso a ele, o que é muito difícil devido, principalmente, ao orçamento. Segundo o gerente, a universidade chegou a pensar numa ampliação vertical, mas não foi possível porque os gastos seriam muito altos. Aaluna Júnia Gomes Ferreira Silva, que almoça todos os dias no RU, diz que a principal vantagem é não precisar ir para casa e que o tempo que fica na fila é irrelevante. Já o aluno Misael Pulhes considera que o tempo de espera prejudica os alunos, pois ele poderia ser usado para relaxar um pouco antes de voltar para a aula. Pulhes considera que o problema seria solucionado com a restrição do acesso apenas a alunos ou através de um investimento em ampliação. Noélio Oliveira Dantas, professor do Instituto de Física da UFU, ressalta a qualidade da re-

feição servida no RU. “Conheço vários restaurantes universitários, da USP, da UnB, e considero o da UFU melhor que os outros”. Para ele, as filas são um problema de infraestrutura. “A universidade cresceu, o Reuni trouxe vários novos cursos e não foi construído nem um metro quadrado de restaurante”, sintetiza. O professor fala, ainda, da parcela de responsabilidade dos próprios alunos no tempo gasto na fila e faz um apelo: “o DCE devia começar a fazer um trabalho de orientação e conscientização com os alunos. Muitas vezes, eles furam fila, isso é uma falta de respeito muito grande”. Ao ser questionado, o membro do DCE Diego Aguirre explicou que conhece o problema e o diretório está buscando soluções. “Nós temos feito uma campanha pra que respeitem a fila. No próximo semestre, pretendemos intensificá-la, mas é muito difícil mudar as pessoas culturalmente, isso demanda muitos anos”, conclui.


Falta de respeito às diferenças

Discriminação, estereótipos e exclusão caracterizam o ato homofóbico

Arthur Franco, Eric Dayson, Lucas Felipe Jerônimo, Natália Faria e Tatiana Oliveira

Era apenas mais uma festa universitária, homoafetiva. não fosse o clima hostil criado em torno de um O ato homofóbico pode ser representado aluno. Tudo começou com a pergunta “qual é a de formas distintas: por meio de uma piada, atrasua tribo, você curte o quê?” e a resposta “eu pos- vés da exclusão do convívio com o indivíduo hoso dizer que eu curto homens”. Com isso, inte- mossexual ou ainda como agressão verbal e grantes de uma organização de alunos da UFU física. O psicólogo Luiz Carlos Avelino da Silva, buscavam saber a orientação sexual de um estu- do Instituto de Psicologia da UFU, explica que a dante do primeiro período. Um tempo depois, os prática da homofobia é motivada por diversos famesmos alunos aproximaram-se novamente di- tores, entre eles, o exemplo dos adultos ao lidar zendo ofensas aos homossexuais e frases como com o assunto na educação das crianças e adoles“todos os gays devem morrer”. centes. Uma colega do estudante humilhado inIsley Borges, 18, era responsável pela orterveio, questionando o motivo das agressões ver- ganização de eventos e por divulgar informes na bais, mas foi ameaçada por um dos membros da escola em que estudava e, muitas vezes, foi chaorganização: “eu acho melhor você sair antes que mado por nomes pejorativos. O estudante do 1º eu te meta a mão na cara”. Quando o grupo ques- primeiro período do curso de Comunicação Sotionou “como os colegas conseguem conviver cial – Jornalismo da Universidade Federal de com um gay?” e sugeriu que a turma deveria “iso- Uberlândia (UFU) diz que a sociedade “ainda lar” o estudante, o calouro começou a chorar. En- tem resistência em entender que existem gays e tão, os colegas se reuniram para defender o aluno que não existe nada que possa ser feito em relae afastar o provocador mais exaltado. ção a isso”. Para ele, os homossexuais são retrataDurante o restante da festa, os alunos da dos de forma estereotipada e mostrados de agremiação tentaram intimidar a vítima e seus co- maneira superficial e distorcida, principalmente legas de turma. “Eles ficaram passando e olhando na televisão. com cara feia”, segundo o aluno ofendido. Além Mesmo sem nunca ter sido vítima de hodisso, um dos agressores esbarrou em um estu- mofobia na UFU, Isley diz que o ambiente que dante da turma e derrubou o copo de cerveja que deveria ser de diálogo e diversidade também segurava. Com fúria, ameaçou bater no rapaz, abriga discriminação e segregação. “A universidamas foi de é um contido espaço pela nadis“As pessoas não gostam de ficar no lugar da de morada, cussão que inter- diferença, tudo o que é diferente, de certa forma, de quesferiu na afronta. Entretanto ninguém consegue atender tões cosituação, aos padrões de normalidade que a sociedade mo essa evitando e de toleconstrói.” um prorância, Luiz Avelino, psicólogo blema uma vez mais séque as rio. pessoas De acordo com o aluno que sofreu as estão no ensino superior e julga-se que são esclaagressões, que por medo de retaliação prefere recidas. Pessoas que leem jornais, que se infornão se identificar, as provocações continuam mam, julga-se que não sejam tão ignorantes acontecendo no espaço da universidade. “Eles fi- quanto as que a gente encontra na rua atacando cam me olhando de cara feia, jogam piadinhas, fi- homossexuais”, opina o estudante. cam cochichando e rindo alto”, relata. No Restaurante Universitário (RU), os integrantes Raiz do problema da agremiação que iniciaram a provocação na noiA Psicologia explica a homofobia como te da festa, sentados em uma mesa à frente do alu- uma tentativa de rebaixamento do outro indivíno, debocham por meio de olhares, risos e duo, baseada na humilhação. Segundo Luiz Avecochichos. A homofobia é percebida também no lino, essa atitude leva em consideração o Campus. Quando o estudante passa, ocorre uma posicionamento social. Quem age dessa forma tentativa de ridicularização, com imitações estere- acredita estar em posição superior ao homosseotipadas, afetadas, voz fina e trejeitos. xual. O indivíduo homofóbico, entretanto, não é, “Viado”. “Bixinha”. Esses são alguns no- a princípio, doente, apesar de alguns apresentames usados por quem pratica a homofobia, carac- rem quadros psicopatológicos, diz o psicólogo. terizada por ódio, repugnância ou preconceito Do outro lado estão as vítimas de discricontra homossexuais. De origem grega, os termos minação e violência. Para Luiz Avelino, o conshomo (igual) e fobia (medo) remetem a um me- trangimento e o sentimento de menos-valia são do irracional da homossexualidade, com uma co- implicações do ato homofóbico. O problema de notação profunda de repulsa, total aversão, identidade é uma consequência. “Quando uma mesmo sem motivo aparente. Nos últimos meses, pessoa é discriminada por algo que é inerente a a mídia televisiva divulgou tanto casos de crimes ela, como orientação sexual, cor da pele ou deficontra homossexuais, como a aprovação da união ciência, é caracterizado um ataque profundo, é

um grupo militante da cidade para exigir políticas públicas e tem como objetivo defender e atender o público LGBT da cidade. Além de ajudar os homossexuais, a ONG também presta auxílio à população. O projeto “Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS” auxilia pessoas que têm o vírus HIV ou que desenvolveram a AIDS e também orienta amigos, familiares e parceiros de quem possui o vírus. São desenvolvidos também serviços de atendimento social, psicológico e jurídico, principalmente, no âmbito do direito de família, como herança, pensão e previdência. Outra atividade do grupo é a divulgação de panfletos sobre educação sexual em locais frequentados pelo público homossexual, como boates, saunas e cinemas eróticos. O SHAMA também realiza oficinas de capacitação, com aulas de cabeleireiro e artesanato. Fotos: Lucas Felipe Jerônimo

" Você pode não aceitar, mas tem de respeitar" , afirma Isley Borges

destrutivo para quem sofre”, explica. Uma consequência social da discriminação é a formação dos guetos. “As pessoas não gostam de ficar no lugar da diferença, tudo o que é diferente, de certa forma, afronta. Entretanto, ninguém consegue atender aos padrões de normalidade que a sociedade constrói,” diz o psicólogo. No ambiente escolar, crianças e adolescentes são ridicularizados, o que caracteriza bullying homofóbico. De acordo com ele, os pais, professores e o corpo escolar podem intervir. Por parte dos educadores, é possível agir preventivamente para que não ocorra a humilhação e também acolher a denúncia por parte de quem sofre.

Apoio O Grupo SHAMA, (Associação Homossexual de Ajuda Mútua), é uma ONG de Uberlândia que busca diminuir o preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, os chamados LGBTs. A ONG, existente há mais de 10 anos, surgiu da reunião de

Ambiente acadêmico Desde 2009, a UFU mantém uma parceria com o Grupo SHAMA, através da Pró-Reitoria de Extensão. O objetivo inicial foi desenvolver o Programa de Formação Continuada em Educação, Saúde e Culturas Populares, hoje extinto. Segundo Adeonn Souza, vice-presidente da ONG, o Grupo continua com participações em eventos da Faculdade de Direito e, anualmente, participa do Salão PROEX com o “Stand da Diversidade”. O SHAMA também está promovendo o projeto “Nossos Direitos! Educação e Diretos Humanos LGBT”. Lançado neste ano em parceria com a PROEX, o objetivo é proporcionar o debate a respeito das relações da homossexualidade e a forma como são estudadas pelo Direto e outras ciências. O projeto acontece até dezembro de 2011. Para Isley Borges, já houve melhoras na tolerância ao homossexual, mas é preciso enfatizar a necessidade de respeito. “Você pode muito bem não aceitar, mas tem de respeitar. Acima de tudo, ele é ser humano, não só gay. É estudante, filho da fulana e é gay. É uma característica. Não é uma questão fundamental,” explica.

Conquista No dia 12 de maio, aconteceu a primeira união civil de homossexuais em Uberlândia desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar. Joel Peixoto de Souza, empresário, e Marcelo Leite de Melo, professor, oficializaram a relação de 20 anos em uma cerimônia civil realizada no Cartório do 2º Ofício de Notas, localizado no centro da cidade. O blog Senso (In)comum foi o primeiro a divulgar a notícia. A união homoafetiva como entidade familiar foi aprovada no dia cinco de maio pelo STF. Isso significa que, a partir de agora, os casais homossexuais podem oficializar sua relação e que possuem os mesmos direitos jurídicos de casais heterossexuais em uniões estáveis. Para isso, eles se dirigem a um cartório e assinam uma escritura simples ou procuram um advogado que redige um contrato de união homoafetiva, uma espécie pacto pré-nupcial. Depois de pronto, o documento é assinado e levado ao cartório para oficialização.

Joel e Marcelo, após 20 anos de convívio, oficializam união

Fotos: Tatiana Oliveira


Projeto contra homofobia tramita no Senado

Aprovado no Congresso, PLC 122 aguarda votação dos senadores desde 2006 Conheça a proposta

Os atos homofóbicos vêm chamando atenção da sociedade brasileira. Desde o ano 2000, quando começaram as primeiras decisões nos tribunais a respeito da questão homossexual, a comunidade gay de todo o país tem se reunido em associações para poder reivindicar seus direitos e deveres. Assim como o casamento entre pessoas do mesmo sexo que esteve em discussão no STF, existe um projeto de lei que tramita no Senado desde 2006. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122 pretende comparar a discriminação contra homossexuais à discriminação racial e traz especificações de pena que variam de acordo com a gravidade do dano. Também será considerado crime proibir a livre expressão e manifestação de afetividade de cidadãos homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais. Bruno Ribeiro, advogado do Grupo SHAMA há seis anos, diz que como ainda não existe uma lei que defina a homofobia como um crime, os casos de preconceito, muitas vezes, são enquadrados em um dos crimes contra a honra: calúnia, difamação e injúria. Calúnia é atribuir

falsamente a alguém a responsabilidade de algum fato considerado crime, enquanto difamação é falar algo ofensivo à reputação de alguém. Já injúria consiste em ofender verbalmente, por escrito ou até fisicamente outra pessoa. Até que o projeto de lei seja aprovado, portanto, “quando se tratando de violência física se enquadra no crime de lesão corporal do código penal, quando for algum tipo de discriminação verbal, se enquadra no crime de injúria”, explica o advogado. Em Uberlândia, o SHAMA presta assistência jurídica a vítimas de homofobia desde 2005. Diversas pessoas procuram a ONG por telefone, e-mail e até mesmo comparecem ao estabelecimento em busca de informação. Dos casos de homofobia que procuram o SHAMA, apenas dois chegaram à fase de processo legal. Ribeiro acredita que nem todos levam a denúncia adiante por medo de exposição e retaliação. Além do atendimento a vítimas de preconceito por orientação sexual, a entidade também trabalha com a confecção de “Contrato de União Estável Homoafetivo”.

O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122 surgiu de uma iniciativa da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). A ABGLT, e mais de 200 organizações afiliadas desenvolveram o Projeto de Lei 5003/2001, que se tornou o PLC 122/2006 e propõe a criminalização da homofobia. Caso aprovada no Senado, a lei pretende tornar crime qualquer discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, igualando essa situação à discriminação por raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, sexo e gênero. Assim, qualquer indivíduo que sofrer preconceito pode prestar queixa em uma delegacia e ajuizar uma ação (veja ao lado onde se pode fazer a denúncia). O projeto pretende alterar a Lei nº 7.716, de cinco de janeiro de 1989, conhecida como Lei do Racismo. Já foi aprovado pelo Congresso Nacional, mas enfrenta dificuldades pela oposição de setores conservadores no Senado e de segmentos fundamentalistas religiosos. Na proposta, existe uma pena prevista para cada tipo de discriminação, com pena máxima de cinco anos de reclusão. A ABGLT lidera uma campanha nacional a favor do PLC 122/2006. No endereço eletrônico www.abglt.org.br, é possível encontrar explicações sobre o projeto, notícias sobre a tramitação do processo, debates sobre sua relação com as diferentes religiões, além de uma série de informações sobre as ações da organização. O site também disponibiliza um formulário para composição de um abaixo-assinado em apoio à aprovação da proposta no Senado.

Onde denunciar Juizado Especial em Uberlândia Av. Floriano Peixoto, 1.125 - Aparecida Uberlândia / MG Fones: (34) 3228-8380 (Criminal) (34) 3228-8378 (Cível) Juizado Especial de Patos de Minas Rua José de Santana, 1.370 - Centro Patos de Minas / MG Fone: (34) 3821-2473 Juizado Especial de Ituiutaba Av. 15, 703 - Centro Ituiutaba / MG Fone: (34) 3261-4500 Juizado Especial Criminal da Comarca de Monte Carmelo Rua Tito Fulgêncio, 245 Monte Carmelo / MG Fone: (34) 3842-1450 SHAMA (Associação Homossexual de Ajuda Mútua) Av. Rio Branco, 750 – Centro Uberlândia / MG Fone: (34) 3210-2124

Foto: Arquivo Shama

Geografia pesquisa cidades saudáveis Estudo aborda saúde como assunto interdisciplinar Professores e alunos do Instituto de Geografia (IG-UFU), em parceria com a Universidade de Lisboa, em Portugal, estão desenvolvendo um projeto sobre cidades saudáveis. O estudo sobre a microrregião de Uberlândia e a região metropolitana da cidade de Lisboa iniciou-se em 2008 e envolve atividades de pesquisa e extensão. “O projeto é sobre o lugar que construímos para viver, que deve produzir bem-estar e saúde. Podemos encontrar lugares muito insalubres e o que precisamos fazer é transformá-los em lugares cada vez mais saudáveis”, explica o professor Samuel do Carmo Lima, do IG-UFU, coordenador do grupo. Para o pesquisador, a saúde é uma questão interdisciplinar: “antigamente, era muito forte a ideia de que o meio ambiente afetava a saúde, mas só o meio físico, biológico, climático. De um tempo pra cá, começou-se a pensar que é um ambiente social, econômico, cultural”. A criação de uma cidade saudável, na perspectiva do grupo, começa com o mapeamento dos lugares de vulnerabilidade social – mais pobres e sem infraestrutura – e a redução desses problemas que afetam a saúde das pessoas. Em

seguida, segundo os geógrafos, é preciso criar nos territórios possibilidades de geração de renda, esporte, lazer e cultura. “Não buscamos causa para doença, buscamos o contexto. A ideia de causa é muito antiga, ligada ao modelo biomédico. No final do século XIX, pensava-se que combatendo os microorganismos (vírus e bactérias), a saúde das populações estaria garantida. Mas começou-se a perceber que tinha o vetor do microorganismo, por exemplo, um mosquito, além do ambiente em que ele vivia. Descobriram que as doenças são relacionadas com a pobreza, com a dificuldade social e econômica”, esclarece Lima.

Ações O projeto Cidades Saudáveis envolve mais de 30 pessoas, entre elas, professores e estudantes de graduação e pós-graduação. O grupo realiza estudos, como a “Pesquisa participante e mobilização comunitária como estratégia de avaliação e gerenciamento de riscos ambientais à saúde humana”, e também projetos de extensão, como o “Tenda da Saúde - Cidadania e qualidade de vida nas comunidades de Uberlândia”.

Diélen Borges

O grupo da UFU também integra o Ob- primeiro passo é mostrarmos que esse é o camiservatório da Saúde, um órgão ligado à Pró-Reito- nho. Nós trouxemos aqui, no ano passado, a preria de Extensão, localizado no campus sidente dessa rede de municípios saudáveis, que Umuarama. O professor Lima dirige o centro e contou a experiência de vários municípios, e tíexplica que é “um espaço multidisciplinar, com nhamos na mesa pessoas do governo municipal, pessoas da Geografia, da Economia, das Ciências da secretaria de saúde, da secretaria de meio amSociais, áreas que não são historicamente ligadas biente. A ideia foi criar uma aproximação com esà saúde, além de pessoas da Medicina, da Enfer- se tema”. magem, da Odontologia, da Nutrição”. Atualmente, os pesquisadores estão mapeando a área do Programa Saúde da Família (PSF) Lagoinha, que inclui os bairros Saraiva, Lagoinha e Carajás, para entender como a saúde se estabelece naqueles bairros e que condições são necessárias para transformá-los em ambientes mais saudáveis. Vários municípios brasileiros já fazem parte da rede de municípios potencialmente Diélen Borges saudáveis, mas Uberlândia ainda não. Para o coordenador, “o Samuel Lima coordena parceria entre IG-UFU e Universidade de Lisboa


PESQUISA

Estrutura robótica ajuda a tratar lesões no ombro

Versão comercial, mais barata e acessível, já está em estudo O projeto é coordenado pelo professor Rogério Sales, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEMEC), e conta com mais dois professores da mesma faculdade, João Carlos Mendes Carvalho e José Francisco Ribeiro, e um da Faculdade de Educação Física (FAEFI), professor Sílvio Soares. A pesquisa é realizada com o auxílio de Anna Paula Castro Alves um bolsista de mesCom o protótipo montado, a equipe trabalha na finalização do controle trado, Wilgo MoreiUm grupo de pesquisa interdisciplinar da ra, e um de Iniciação Científica, Lucas Rodrigues. Universidade Federal de Uberlândia (UFU) está A proposta da equipe é criar um equipadesenvolvendo uma estrutura robótica comanda- mento que auxilie nas sessões de fisioterapia para da por cabos que pode auxiliar na reabilitação dos tratamento de problemas na região dos ombros. movimentos do ombro. Além de ajudar na recu- “Pensamos em uma estrutura na qual o fisioteraperação de vítimas de acidentes, o aparelho pode peuta pudesse fazer a movimentação uma vez ser utilizado para tratar pessoas que têm artrose com o braço humano e depois a máquina repetiou que já sofreram um acidente vascular cerebral ria estes movimentos num determinado ciclo”, ex(AVC, conhecido também como AVE), casos em plicou o coordenador. que os movimentos do ombro são comprometiA estrutura robótica já foi montada e, no dos. Também pode contribuir na recuperação de momento, o grupo trabalha para finalizar a parte atletas olímpicos e paraolímpicos. de controle do equipamento. Os testes são realiza-

dos com um boneco e a previsão para testes com humanos é para o próximo ano. O coordenador disse que o produto ainda não foi oferecido a nenhuma empresa porque esta estrutura ainda é um protótipo, mas complementou que a equipe já está trabalhando em uma versão comercial. “A gente está tentando projetar essa máquina para ser o mais barata possível, para que seja acessível à população”, declarou o bolsista Lucas Rodrigues. Com relação à contribuição do projeto para a formação dos alunos envolvidos, o mestrando Wilgo Moreira afirma que aprendeu muito. "Achei interessante essa área de engenharia com biológicas, duas áreas que estão ligadas entre si e eu não sabia”, sintetiza. O projeto foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e está sendo desenvolvido há três anos. Segundo o coordenador, a previsão é de que seja finalizado em 2012.

Terapêutica De acordo com o fisioterapeuta e professor da UFU, Valdeci Carlos Dionísio, existem muitas patologias que afetam a região dos ombros e que necessitam de tratamento realizado com o movimento passivo (no qual o paciente não força) para facilitar a cicatrização. Como não existem muitos equipamentos, os fisioterapeutas realizam os movimentos manualmente, ou com ferramentas improvisadas.

Pesquisadores criam nova internet Diferença se dá pela personalização do uso da rede

Rosa mostra o diploma do prêmio recebido

A internet é uma ferramenta muito utilizada para comunicação em tempo real. Mas com a tecnologia que temos hoje, ela ainda possui alguns problemas na transmissão de dados. Ao fazer uma videoconferência pelo Skype, por exemplo, é comum sobrecargas do sistema e falhas na transmissão. Isso ocorre porque todos os usuários utilizam a mesma rede, através do Protocolo de Controle de Transmissão e do Protocolo da Internet (TCP/IP), como explica Pedro Frozi Rosa, professor da Faculdade de Computação da UFU. Segundo ele, nesses protocolos, a Internet é compartilhada por todos de uma única for-

ma, desde o usuário que faz atividades mais simples até os que utilizam recursos mais pesados. Porém, certos tráfegos na rede, como vídeos, precisam de um melhor desempenho para funcionar bem. Diante dessas limitações da atual Internet, o pesquisador pensou em criar uma nova rede. A proposta é tornar possível a definição de um novo protocolo através de um conjunto de regras que Mayra Cabrera permita especificar para o meio físico (wireless, cabos ou fibras óticas) a necessidade do tráfego, de acordo com a mídia que vai ser utilizada. Desta forma, as transmissões de vídeo, som, imagem e texto tornam-se mais eficientes, já que a comunicação é personalizada com o tipo de uso que se faz da Internet. De acordo com Pedro Frosi Rosa, essa nova rede prevê a mobilidade. “Você pode se movimentar utilizando uma internet de alta qualidade”, diz. O projeto, denominado MEHAR, que vem do hebraico e significa a criação de algo novo, surgiu a partir de conversas informais entre o professor e seu aluno João Henrique de Souza Pereira. Hoje, João Henrique também é docente e

Anna Paula Castro Alves

Para Dionísio, a estrutura robótica auxiliaria bastante. “Numa situação dessas, onde o indivíduo possa produzir os movimentos, numa velocidade controlada, o paciente poderá ter o controle da máquina sozinho, sem o terapeuta estar intervindo, o que facilita muito os processos de atendimento dentro de clínicas e seria muito interessante dentro dos hospitais”. Ele considera essa dinâmica decisiva no processo de reabilitação. “Quanto mais precoce o retorno do movimento, mais fácil e rápida é a recuperação”, afirma.

O aparelho é operado por computador que possui placa com os comandos e pelo profissional que acompanha o tratamento

Aula de anatomia

Mayra Cabrera

faz doutorado na USP. O projeto, na área de internet de próxima geração, conta com outros 34 colaboradores, entre eles, professores, alunos de doutorado, mestrado e graduação. Apenas parte do projeto é financiada pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais e Pereira e Rosa são os dois únicos bolsistas. Mesmo com a falta de apoio, o MEHAR tem crescido tanto nas suas áreas de pesquisa que seus subprojetos ganharam vida própria. Um deles é chamado pelo grupo de Finlan, que é um novo protocolo da Internet. Anteriormente, essa pesquisa foi uma prova de conceito (POC), ou seja, uma realização de um determinado método ou ideia para demonstrar sua viabilidade. Segundo o professor Rosa, os outros dois são pesquisas que analisam o desempenho. O estudo “Arquitetura de Sistemas Escaláveis” (ASE) prevê a distribuição do tráfego entre vários servidores e as “Arquiteturas Altamente Disponíveis” (HASH) prevê servidores sempre disponíveis, que nunca caem. O grupo de pesquisa já colhe resultados. O MEHAR ganhou premiações em congressos internacionais, como o “IEEE International Conference on Industrial Electronics Control and Instrumentation” e teve um capítulo de livro publicado no final de maio pela editora alemã Springer Verlag, principal referência europeia em Internet do Futuro. Confira mais informações e o artigo completo no blog do Senso (in)comum: sensoincomumufu.blogspot.com.

Estudantes do 2º ano do ensino médio assistiram a aulas práticas de Anatomia Comparada no laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM). As visitas ocorreram no mês de maio como parte da disciplina de estágio, oferecida no curso de Biologia. No total, 140 jovens da Escola Estadual Segismundo Pereira, orientados por alunos do 8º período da Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), puderam ver órgãos animais e humanos nos seus diferentes sistemas, além de um corpo humano. Segundo a professora responsável, Helena Maura Silingardi, o projeto surgiu quando ela percebeu o interesse dos futuros professores em lecionar dentro do espaço físico do campus. As atividades acontecem durante o período em que os graduandos estão ministrando aulas após um processo de preparação prévia. Confira mais informações no blog do Senso (in)comum: sensoincomumufu.blogspot.com.

Lucas Felipe Jerônimo


DESTAQUE

ESPORTE

Beisebol e rúgbi conquistam espaço

Equipes buscam difundir as duas modalidades na cidade e região

Aline de Sá e Mariana Lima

O time de rúgbi foi criado por alunos das engenharias

A prática de esportes é recomendada por médicos de muitas especialidades como uma das providências mais saudáveis e eficazes para o tratamento de vários distúrbios de saúde. É ainda uma das melhores ferramentas para aliviar o stresse. No contexto acadêmico não é diferente. A maioria dos cursos possui equipes em diversas modalidades que disputam os campeonatos universitários. Contudo, dois esportes pouco difundidos no Brasil e praticados na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) chamam atenção: o beisebol e o rúgbi. O time de beisebol da UFU, formado há um ano, possui 20 jogadores de diversos cursos. Guilherme Uehara, 21, aluno da Engenharia Elétrica, foi quem decidiu organizar a equipe, que já disputou quatro campeonatos, além de amistosos. De acordo com Uehara, o time foi montado porque a modalidade está presente em torneios como o Tubarão – em Campinas – e o Tusca – em São Carlos.

Outro atleta do time, Dario Neto, 20, afirma que “praticar esportes é muito importante no meio universitário, porque une os alunos e os estudantes têm uma interação maior”. Para ele, participar de campeonatos é uma forma de adquirir experiência. As outras equipes possuem jogadores com mais de 40 anos, enquanto no time da UFU todos os atletas têm menos de 23 anos e apenas cinco alunos já pratiFotos: Arquivo pessoal cavam o esporte antes de se juntarem ao grupo. Por fazerem parte do único time de beisebol da cidade, eles treinam aos sábados com a equipe de softball no Centro Esportivo e Social Alexandrino Garcia (Cesag). Às segundas e sextas-feiras, os treinos são no campo de futebol society em frente ao bloco K, do Campus Santa Mônica, sempre às 16 horas. Os interessados em participar devem comparecer a um dos treinos e pagar uma mensalidade de 10 reais. Essa taxa é cobrada para que o time possa participar dos torneios. Já o time de rúgbi da UFU, fundado por alunos das engenharias, existe há cerca de cinco

anos. Segundo Thomás Luz dos Santos, 22, aluno do 7º período de Medicina e capitão do time desde 2009, apesar de ser uma equipe da UFU, ela é aberta para a comunidade e os interessados precisam somente comparecer aos treinos. “Há apenas uma restrição aos campeonatos universitários nos quais, claro, só jogam os alunos”, explica. O capitão considera que não só o rúgbi, mas qualquer outro esporte é fundamental para o crescimento do ser humano. “Por ser um esporte com muito contato físico, mas também muito respeito, é essencial para a formação acadêmica e social. Sem falar que é uma válvula de escape do dia-a-dia”, resume. Para os interessados, os treinos acontecem às terças e quintas, das 20 às 22 horas, e também aos sábados, das 16 às 18 horas, no Campus Educação Física.

A participação na equipe de rúgbi é aberta à comunidade

Saiba mais! O beisebol é um esporte disputado por dois times de nove pessoas. Os dois times se alternam na defesa e no ataque durante nove tempos (chamados de innings). Cada tempo é dividido em duas partes. Um time ataca na primeira e se defende na segunda e vice-versa. Em caso de empate, são disputados tempos extras até que se tenha um vencedor.

Universidade sob um novo olhar Entre os dias 15 e 24 de agosto de 2011 Comunicação e Educação”. A mostra apresenta acontece, na biblioteca do campus Santa Mônica, os resultados da disciplina de Fotojornalismo e a exposição de fotos “Outros Olhares em todos os trabalhos expostos foram produzidos pelos alunos de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O tema traz uma nova dimensão do espaço acadêmico. A intenção é revelar detalhes que podem não ser captados no cotidiano, agora flagrados pelas lentes dos estudantes que, durante todo o semestre, desenvolveram a técnica e aprenderam todas as etapas da produção fotográfica analógica. Para o professor Gerson de Souza, orientador da mostra, a proposta é mostrar o trabalho para a universidade, como forma de valorizar a produção feita em sala e devolver o conteúdo produzido. “Não quero que os trabalhos fiquem cerrados no meu armário, temos que fazer um diálogo aberto com a comunidade”. Nas imagens, predomina o uso do preto e branco. A ausência de cores, que inicialmente se configura como deficiência técnica, acaba por colaborar com a temática da exposição, adicionando um olhar diferenciado, minimalista Gisllene Rodrigues e até poético do ambiente universitário, explica o professor que orientou os trabalhos.

Victor Masson

Nayla Gomes

Brunner Macedo

Jornalismo premiado Trabalhos vencem em duas categorias

Mariana Lima

Trinta e nove alunos da UFU participaram do Congresso de Ciências da Comunicação da Região Sudeste – Intercom Sudeste que aconteceu entre os dias 12 e 14 de maio, na Fecap, Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo. Os estudantes concorreram ao Prêmio Expocom Sudeste 2011 em 14 categorias e receberam dois prêmios. Os trabalhos concorrentes foram realizados em 2010 como atividades curriculares, por alunos do terceiro e quinto períodos do curso de Comunicação Social: Jornalismo. Para o concurso, primeiro, eles passaram por uma seleção interna, feita pelos docentes e, depois, foram avaliados por uma comissão julgadora do próprio concurso, que selecionou 14 dos 17 inscritos para apresentação no congresso. Durante as apresentações, os alunos foram avaliados por uma banca composta de três professores especializados na área. Após as exposições de todos os trabalhos, os avaliadores reuniram-se para dar notas e escolher o melhor. Grande parte dos produtos enviados para o Expocom são feitos em grupo, que decide quem será o aluno-líder, que faz o artigo que acompanha o produto e representa a equipe durante a apresentação do trabalho. No dia 14, durante o encerramento do congresso, foram entregues medalhas aos estudantes que defenderam os melhores produtos. O curso da UFU foi premiado em duas categorias: Design gráfico, representada por Felipe Saldanha, do quinto período, e Charge, caricatura e ilustração, defendida por Marcos Reis, do terceiro semestre. Felipe conta que ficou surpreso ao receber a notícia. “Apesar da expectativa, o nível dos trabalhos concorrentes era alto e eu estava consciente do quanto seria concorrido”, explica. Segundo ele, ganhar o Expocom confirma que ele e seu grupo foram bem orientados, tanto na confecção do produto feito na disciplina de Planejamento Gráfico Aplicado ao Jornalismo, quanto na elaboração do artigo, conseguindo um resultado de qualidade. Para Marcos Reis, que enviou seu trabalho para o congresso pela primeira vez e já vê os resultados, é importante destacar a elaboração coletiva do trabalho. “É muito bom porque não foi só um trabalho meu, foi tudo feito em grupo, então é uma sensação muito legal de vitória, nesse sentimento do coletivo mesmo”. Este é o segundo ano que o Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da UFU participa da tradicional premiação e, em ambas, conseguiu garantir vagas para a etapa nacional. “O fato de a UFU ter vencedores na etapa regional do prêmio pela segunda vez consecutiva mostra que o curso está preparando alunos que já são reconhecidos pelo universo acadêmico e, certamente, serão bem-sucedidos no mercado”, opina Felipe Saldanha.


Película perfeita Letra a letra

EM CENA

Artistas buscam espaços alternativos

Teatros Municipal e Grande Otelo são aguardados

Assalto ao Banco Central

O filme dirigido por Marcos Paulo é baseado em um dos assaltos mais bem planejados Laura Laís do país. Em agosto de 2005, um grupo invadiu o Banco Central em Fortaleza através de um túnel e levou mais de 164 milhões de reais. O que terá acontecido com os criminosos? O longa estará em cartaz no dia 22 de julho.

Laura Laís

Conclusão das obras do teatro Municipal está prevista para 2012

No início do mês de março foram retomadas as obras do Teatro Municipal de Uberlândia. O espaço, que teve o projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em 1989, está em andamento há 18 anos e tem entrega prevista para setembro do ano que vem. João Niemeyer, sobrinho e chefe de escritório de Oscar, está acompanhando a fase de acabamento. O investimento nessa etapa é de R$13 milhões. O espaço terá capacidade interna para mil pessoas. Com o palco reversível, ainda será viabilizado estender esse público para 20 mil na área externa. Mesmo sem as obras concluídas, o teatro já recebeu eventos da região, como o Triângulo Fashion e o Festival de Dança do Triângulo, além de apresentações da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e dos grupos de teatro locais. Marsial Azevedo, mestrando em Artes Cênicas pela UFU, adverte que a cidade tem uma deficiência de espaços voltados para a produção local e teme que o Teatro Municipal não beneficie os grupos pequenos da região. “Nós temos medo de que o teatro vire aquele elefante branco e seja usado somente para produções de fora, não correspondendo à necessidade de um espaço para aquecer a cultura local e mostrar os trabalhos dacidade”. A produtividade artística da cidade de Uberlândia é destacada por Azevedo, que, porém, aponta falhas na questão do espaço físico voltado

Dayane Nogueira

Eric Dayson

para as apresentações dos grupos locais. “Temos o Teatro Rondon Pacheco, que é pequeno e não atende à demanda da cidade, nós precisamos de espaços para espetáculos de vanguarda, experimentais”, resume. A alternativa encontrada pelos grupos foi criar seu próprio palco, como é o caso do Grupontapé e da Trupe de Truões.

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Nenhum lugar é seguro, nem mesmo Hogwarts. Harry Potter enfrenta seu maior desafio: um duelo decisivo contra seu rival, Lord Voldemort. Entre perdas e conquistas, Harry desvenda todos os mistérios sobre sua vida. O lançamento nacional em 3D será no dia 15 de julho.

Grande Otelo Outro espaço alternativo é o Teatro Grande Otelo. Interditado desde 2002, o prédio apresenta problemas de infraestrutura e, segundo laudos técnicos, não é viável fazer uma restauração do local. A ideia de demolição foi substituída por uma proposta de reconstrução do espaço, após vá- Qualquer Gato Vira-Lata rias manifestações da comunidade local. Conforme a Secretaria de Cultura de Depois de ser Uberlândia, o espaço será mantido, voltado para a deixada por Marcelo, cultura da cidade. Foi liberada a abertura de licitaTati, vivida por Cléo Pição para a reconstrução do teatro, mas o início das res, procura ajuda de obras ainda não foi definido. Conrado, um professor O prédio que abriga o teatro foi consde biologia, para tentar truído em 1966, na época, inaugurado como “Cireconquistá-lo. Ele prone Vera Cruz”. Vinte e sete anos depois, foi põe mudanças de hábidesapropriado pela Prefeitura e, então, transfortos baseadas no mado no Teatro Grande Otelo. O espaço já foi comportamento animal. reformado, no ano de 1997, quando uma parte As coisas correm bem da estrutura física desmoronou devido a um tem- até que Conrado se apaixona por Tati. A comédia poral. estreiou no dia 10 de junho.

Limp Bizkit – Gold Cobra Adiado várias vezes, o lançamento do álbum dos norte-americanos foi definido para 28 de junho. Desde 2003 sem lançar um disco de inéditas, o grupo já divulgou duas faixas: “Why Try” e “Walking Away”. O CD foi produzido por Fred Durst e Wes Borland, vocalista e guitarrista da banda, respectivamente.

Os Azuis – II O lançamento do disco II (Dois) será no dia 1º de julho. A banda regravou diversas vezes até obter o resultado final. Algumas das 12 faixas presentes no álbum já foram divulgadas, como a música “De tudo que já fiz”. O CD será disponibilizado para download no MySpace da banda: www.myspace.com/osazuis.

Esquiva – O esmagado

Formada em 2008, a banda uberlandense lança seu primeiro CD no final de junho, sem data definida. Segundo os integrantes, o álbum independente, que possui seis faixas, é uma forma de “bater de frente” com o dia-a-dia do grupo. Para mais informações do lançamento, acesse: www.myspace.com/esquivarock

Saindo do forno

Mariana Lima

Eu fui a melhor amiga de Jane Austen

Liberdade

Escolhas

A Obra de Cora Harrison procura introduzir os leitores jovens ao mundo dos livros da autora inglesa. Combina realidade e ficção, apresentando a relação entre a adolescente Jane Austen e sua prima, Jenny Cooper.

Jonathan Franzen conta a história de uma família de classe média e de como traumas, complexos e segredos podem contaminar relações humanas baseadas em amor. A trama é ambientada nos Estados Unidos de hoje e tem como pano de fundo a cena política americana.

No livro, Luciene Gonçalves narra a vida de uma jovem que tenta se livrar das drogas. A história escancara os pré-conceitos enfrentados por portadores do vírus HIV e mostra que pessoas com AIDS podem continuar vivendo em sociedade e realizando seus sonhos.

gizmodo. com. br Considerado um dos melhores sites de tecnologia do mundo, o Gizmodo apresenta o maravilhoso mundo high tech e ensina a usar corretamente e aproveitar ao máximo as ferramentas da rede.

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hsw. uol. com. br A versão em português do site “How StuffWorks” traz explicações sobre vários assuntos que vão de motores de carros a cuidados com a saúde, utilizando linguagem acessível, muitas ilustrações e vídeos.


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