Senso Incomum nº 10 - junho/julho 2012

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Falta de Vagas?

Natália Nascimento

JORNAL‐LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFU ● ANO 02 ● Nº 10 ● JUNHO‐JULHO/2012

Motoristas reclamam dos estacionamentos nos campi. Um olhar atento, porém, mostra que o problema no trânsito é mais amplo e passa pelo respeito ao direito e ao espaço do outro [5] CIÊNCIA: Pesquisa analisa mudanças na composição da classe média [3]• Educação sexual nas escolas públicas de Uberlândia é tema de estudo [3] ATUALIDADES: Sisu altera perfil do ingressante da UFU [4]•Presidente do INEP avalia Reuni [6] CULTURA & LAZER: Dependência tecnológica ocasiona problemas físicos [7]• Comemorações juninas movimentam Uberlândia [8]


Editorial

VOZES

Religiões, ateísmo e respeito

Conscientizar é o caminho

As cenas se repetem constantemente nos campi, basta uma volta pelas ruas internas e nos deparamos com automóveis estacionados em locais impróprios, motoristas que não respeitam as faixas de pedestres e pedestres que atravessam em qualquer espaço, menos naquele com a sinalização específica, além de veículos que ocupam as vagas destinadas a pessoas com mobilidade reduzida, como cadeirantes ou idosos. A segurança interna da universidade não possui autoridade para punir as infrações cometidas, mas a instituição

tem condições de trabalhar para solucionar as causas do problema. A conscientização é, sem dúvida, o melhor modo. A UFU possui estrutura material e humana para desenvolver campanhas educativas que orientem motoristas e pedestres a transitar de modo correto pelo espaço interno dos campi, respeitando os direitos do outro. Uma ação dessa natureza traria resultados importantes, pois com ela a universidade estaria também cumprindo seu papel social de formar cidadãos mais respeitosos e responsáveis.

Bazinga!

Já dizia o ditado popular que "religião, política e futebol não se discute". Não bastasse as discussões intermináveis que vemos mundo a fora acerca dos dois últimos assuntos, agora deram para colocar em pauta as crenças dos indivíduos. Ou melhor, deram para ridicularizar aqueles que, por algum motivo, seguem um Deus, deuses, santos, anjos, estátuas, animais ou qualquer coisa transcendental que dê motivo a nossa existência. A moda agora é, simplesmente, não crer. Longe de mim abordar o absurdo ou não do ateísmo. O que quero é reivindicar o meu direito de ter uma fé, de frequentar um lugar que, na minha concepção, é sagrado, sim, de carregar comigo um pé de coelho ou um trevo de quatro folhas, usar minha cueca da sorte durante um Corinthians e Palmeiras ou colocar minha galinha depenada e velas pretas na encruzilhada mais próxima sem que ninguém me chame de alienada, bitolada e afins. Diariamente nos deparamos com notícias que apresentam verdadeiras catástrofes provocadas por intolerância religiosa. Nesse contexto, muitos citariam John Lennon e seu “Imagine”, dizendo que o mundo seria bem melhor se não existissem essas tais religiões. Se me permitem,

Aline de Sá

discordo completamente do saudoso líder dos Beatles. O mundo seria bem melhor, e espero que um dia seja, se as pessoas tivessem o mínimo de respeito umas pelas outras. Muitas vezes vi exércitos em cima de um muro levantando a bandeira de que devemos respeitar a opinião alheia. O que me surpreende é a terrível incapacidade dessas mesmas pessoas em lidarem com pontos de vista diferentes dos deles. Por outro lado, também já vi santos caminharem rumo a suas igrejas para participarem de seus ritos sagrados com suas vestimentas pomposas e sua convicção de que são pessoas de bem, enquanto muitos maltrapilhos passam despercebidos ao longo do caminho. Maltrapilhos que, muitas vezes, recebem uma ajuda de alguém que não tem um Deus, mas tem a consciência de que todos têm o direito à dignidade. Pois bem. O que quero dizer, ou melhor, o que quero implorar nessas breves reflexões é o meu direito de ter a minha fé, dando a garantia que cumprirei tudo aquilo que prego e sigo. Vocês me dão o direito de crer, eu lhes dou o direito de não crer e assim caminha a humanidade: crédulos e incrédulos que buscam, cada qual a sua maneira, um mundo melhor.

VOZES

Nunca diga nunca Karla Fonseca

Um grande desafio que a população brasileira tem é com tratamento adequado do lixo. Devido a este problema, o governo vem lançando programas e políticas em prol da organização e do destino apropriado dos resíduos sólidos, como, por exemplo, a campanha “Separe o lixo e acerte na lata”. Criada em 2011 pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Governo Federal, a campanha tem como principais objetivos conscientizar e mobilizar a sociedade em relação à separação adequada do lixo e aumentar o índice de reciclagem no Brasil. De acordo com o artigo nº 54 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que completa um ano no dia 2 de agosto, está previsto que em meados de 2014 o Brasil não terá mais lixões a céu aberto e será proibido deixar terrenos baldios sujos, como os encontrados na maioria dos cidades. A lei decretada em Brasília pelo Congresso Nacional objetiva ter benefícios no âmbito econômico, social e ambiental. Mas, para que isso aconteça, dependemos da boa vontade dos cidadãos

brasileiros em relação à boa manutenção do meio ambiente. Os programas propostos pelas instituições são fáceis de realizar, porém exigem dedicação das pessoas para que haja bons resultados. Aqui na UFU o meio ambiente também preocupa. A instituição implantou a coleta seletiva de materiais recicláveis com o intuito de que alunos, professores e servidores pudessem participar e auxiliar no desenvolvimento de projetos que beneficiam a sustentabilidade. A coleta já está acontecendo e podemos observar que as lixeiras estão colocadas em lugares com movimento. É necessário, porém, conscientizar os universitários e demais funcionários para que o resultado esperado seja alcançado. Uma das formas para que isso aconteça é educar, informar às pessoas que frequentam os locais em que a coleta seletiva foi introduzida, sempre pensando em novas formas de chamar a atenção e convidálos a participar de todo o processo de seleção do lixo e reciclagem. Somente se sentindo parte é possível colaborar.

Sentado sozinho no banco da pracinha onde passara boa parte da infância, ou melhor, da vida, revia cada momento passando lentamente perante seus olhos. Praça vazia, a mesma que na época de moleque vivia cheia de outras crianças correndo, subindo em árvores, agora não havia nem mesmo um cachorro de rua. Se fixar bem os olhos no antigo balanço, verá sua mãe atrás da criança frágil que era, empurrando suas costas tão levemente que ele mesmo não percebia que era ela quem fazia o brinquedo ir alto e depois voltar. Esticava os dedos, tentava alcançar o céu, mal sabia que sua mãe estava ali o tempo todo e, por causa dela, chegava tão perto de tocar aquele azul. Criança superprotegida, cheia de mimos, nunca sequer pôde subir numa árvore. Percebeu que sua infância foi contemplada por uma palavra: nunca. E se viu arrependido por nunca ter quebrado um braço, nunca ter planejado fugir de casa, mesmo que aquilo significasse só birra mesmo. “Foi a educação que mamãe deu, sempre tão protetora...”, justificou em voz alta. Mas logo voltou ao filme que estava revendo e agora sua juventude vinha à cabeça: naquela mesma praça, mais distante do parquinho, agora perto dos bancos brancos, perto de seu Francisco, vendedor da melhor maçã do amor capaz de conquistar qualquer garota. A moça de cabelos

Expediente

instituição

colaboração

VOZES

Acerte na lata! Ana Flávia Bernardes

Reitor: Alfredo Julio Fernandes Neto/ Diretor da Reportagem e redação: Aline de Sá, Ana Beatriz FACED: Marcelo Soares Pereira da Silva/Coorde- Tuma, Angélica Guimarães, Brunner Macedo, O jornal-laboratório Senso (in) Comum é nadora do curso de Jornalismo: Adriana Omena Cíntia Sousa, Felipe Saldanha, Karla Fonseca, produzido por discentes, docentes e técnicos Lucas Martin, Renato Henriques de Faria e Yara do curso de Comunicação Social – habilitação equipe Diniz / Opinião: Aline de Sá, Ana Flávia Bernardes, em Jornalismo da Universidade Federal de Editora-chefe: Ana Spannenberg (MTb 9453) /Re- Karla Fonseca e Stella Vieira / Fotografia: Ana FláUberlândia, como projeto de graduação e portagem, redação e edição: Ana Flávia Bernardes, via Bernardes, Ana Gabriela Faria, Angélica atividade curricular. Cindhi Belafonte, Lucas Felipe Jerônimo e Natália Guimarães, Felipe Saldanha, Gisllene Rodrigues, Nascimento/Arte e Diagramação: Danielle Buiatti Lucas Felipe Jerônimo, Maria Tereza Borges,

trançados e vestido florido surge, então, como um flash em seus pensamentos nostálgicos, ela rodopia no ar e seu coração se comprime ao pensar que nunca teve coragem de ao menos convida-la para um passeio. Nunca puxou papo, nunca a deixou descobrir o tom de sua voz, não se deu a oportunidade de mostrar que era um rapaz legal, que ouvia seus discos à tardinha e recitava poesia para ninguém ouvir. Mais uma vez, a palavrinha chata “nunca” permeando sua vida. “Devia estar só de passagem, nunca mais a vi...”, tenta ele mesmo se consolar. Agora o longa chega a uma cena crucial: seus filhos. A mãe os tirou da cidadezinha quando ainda eram pequenos, dizia que precisavam de uma cidade maior, com mais recursos, longe dos desocupados que viviam naquela “vila”, como ela costumava alcunhar. O velho não aguentou a cidade grande e abandonou lá filhos e esposa, nunca a amou e, mais uma vez, percebe a palavrinha também na fase adulta. Ainda sentado no banco da praça que passou grande parte da vida, o filme em preto e branco vai chegando ao fim e ele avista, de longe, um cartaz que acabara de ser colado, as letras garrafais diziam: “Nunca diga nunca”. Achou estranho a palavra proibida ter sido repetida duas vezes, só se esqueceu de contar quantas vezes ela havia se repetido em sua própria vida. Natália Nascimento e Yara Diniz As imagens que foram utilizadas na página 8, nas seções Senso Musical, Página Aberta, Sessão Pipoca e Penso, Logo Clico, são de divulgação. Tiragem: 2000 exemplares Impressão: Imprensa Universitária/Gráfica UFU E-mail: sensoincomumufu@gmail.com Blog: sensoincomumufu.blogspot.com Twitter: @_sensoincomum Telefone: (34) 3239-4163


ENTREVISTA

Pesquisa busca definir classe média

Professora do Instituto de Ciências Sociais explica quem faz parte dessa camada social que define a classe média e quais são as características de quem a integra? Como ela se comporta em relação às políticas brasileiras? O projeto “Classe Média e Política no Brasil Contemporâneo”, coordenado pela professora Patrícia Trópia, do Instituto de Ciências Sociais da UFU, busca as respostas para perguntas como essas. O projeto estuda os auditores fiscais, que são funcionários públicos e fazem parte da alta classe média, e os comerciários, que são os trabalhadores do comércio e compõem a baixa classe

média. Para conceituar essa classe, a pesquisa não enfoca somente a renda das pessoas, mas outros aspectos que as envolvem, considerando a visão de mundo que têm, a relação que estabelecem com outros grupos da sociedade e a maneira com que trabalham e dispõem do lazer. O Senso (in) comum entrevistou a coordenadora do projeto, que conversa sobre questões relacionadas com o projeto e os resultados da pesquisa.

Senso (in) comum: Qual é o objetivo do projeto? Analisar a alta classe média e a baixa classe média diante da política brasileira, estudando como es-

"Classe média é um conceito complexo, que diz respeito à forma como os trabalhadores se pensam"

Felipe Saldanha

ses setores se comportam diante das políticas implementadas pelo governo Lula – a industrial, a econômica, a tributária – vendo de que maneira os interesses dessas frações da classe média são frustrados ou não em relação a essas políticas.

Senso: Qual é o conceito de classe média? A gente parte de uma definição que difere da concepção dominante. Na nossa pesquisa, classe média não pode ser identificada apenas do ponto de vista econômico. Não é apenas a renda, o montante de salário ou o padrão de consumo que a definem. Classe média é um conceito mais complexo, que diz respeito à forma como os trabalhadores se pensam em relação à divisão do trabalho, à sociedade, ao consumo e à política.

Senso: Qual é a diferença entre burguesia, proletariado e classe média? Essa questão é bem complexa.

Fundamentalmente, a classe trabalhadora se diferencia da burguesia em função da propriedade dos meios de produção. Agora, entre os trabalhadores assalariados – ou seja, entre o proletariado e a classe média – a grande diferença diz respeito à posição na divisão do trabalho. Ou seja, os trabalhadores manuais – que não têm autonomia no local de trabalho – e os trabalhadores não manuais – que são os de escritório, comércio, bancos, setor de serviços, que trabalham na burocracia e que fazem um trabalho muito mais de gestão, de organização, do que propriamente de produção.

Ana Beatriz Tuma e Felipe Saldanha

Senso: Quais são os resultados atuais do projeto? A gente tem

uma pesquisa grande com auditores fiscais, por um lado, e com comerciários, por outro. Os comerciários têm geralmente salários baixos, precárias condições de trabalho, mas, apesar disto, têm uma atuação política, uma atuação sindical bastante de retaguarda. Ou seja, não é um setor que tem uma organização ativa, que realiza greves. Por sua vez, no caso dos auditores fiscais, que constituem uma das carreiras mais importantes do estado, que são responsáveis pela fiscalização dos tributos e que têm um dos maiores salários, têm uma organização sindical extremamente consistente. Quase 90% dos auditores são filiados a sua entidade. Diante destas grandes diferenças, a nossa pesquisa mostrou que é possível identificar, entre os comerciários e os auditores fiscais, indicadores de que eles fazem parte da classe média. A nossa pesquisa tem respondido que sim. Por parte dos auditores, porque eles são extremamente apegados à ideologia da meritocracia. E, no caso dos comerciários, embora esse apego à visão meritocrática não seja tão forte, ela também está presente, porque os comerciários tendem a ver o trabalho deles como um trabalho especial, de quem precisa de um dom para venda, e que, por isso, devido a certas características especiais, precisa ser reconhecido socialmente como diferente dos trabalhadores manuais e do proletariado propriamente dito.

Sexualidade ainda é tabu nas escolas de ensino básico

Estudo da Pedagogia mostra como alguns temas do cotidiano são ignorados em sala de aula

Ana Flávia Bernardes, Cindhi Belafonte e Natália Nascimento

O livro didático é considerado por muitos pesquisadores como a principal ferramenta de estudo nas escolas. O projeto “Corpo e Sexualidade no ensino de Ciências: experiências de sala de aula”, coordenado pela professora Elenita Pinheiro de Queiroz, do curso de Pedagogia da UFU, debate um pouco sobre isso, e tem como objetivo identificar de que forma as questões ligadas ao corpo humano e à sexualidade são abordadas nas escolas de Ensino Fundamental. O projeto foi criado a partir da associação da pesquisa de doutorado da coordenadora, que aborda os discursos que a biologia produz sobre corpo, com o contato dos professores em exercício da rede pública de Uberlândia e com as alunas do curso de Pedagogia que já ministram aulas. De acordo com Elenita, a questão da sexualidade é quase sempre relatada como um problema na escola. “As professoras levantam como problema justamente as discussões sobre a relação social, as relações como os alunos apresentam as experiências que eles vivem com o próprio corpo e com a dimensão da sexualidade”, afirma.

Jacqueline Nascimento Gonçalves, aluna do 4º ano de pedagogia, é bolsista do projeto e afirma que os professores realmente têm dificuldade em tratar de temas como sexo, gravidez na adolescência, homossexualismo, entre outros, nas escolas. “Nós não vimos isso ao longo do curso de graduação. Vimos sempre o corpo somente pelo lado biológico, e não por esse lado cultural, que também faz parte do organismo”, declara. Segundo a coordenadora da pesquisa, a primeira etapa feita pelos participantes do projeto e pelos professores da escola é um debate teórico, para compreender qual é o conceito de sexualidade. “A sexualidade e o corpo são conceitos que estão no intermédio da dimensão biológica e da dimensão cultural, histórica, social”, argumenta. O Ministério da Educação, em parceria com a Secretaria de Educação e Diversidade, tem financiado cursos de especialização e pesquisas sobre o tema e também sobre as relações de gênero no CEMEPE (Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais Julieta Diniz). Além disso,

diversas universidades do país, por meio de projetos de extensão, têm elaborado materiais de apoio para os professores das escolas de nível básico. Em Uberlândia, as reuniões para debater o assunto acontecem no CEMEPE. Elenita conta que, para os professores participantes, são disponibilizados materiais midiáticos que discutem as questões culturais da sexualidade como, por exemplo, filmes, músicas, propagandas e prograAna Flávia Bernardes mas televisivos, que apresentam como as mídias Elenita e Jacqueline explicam que as escolas abordam o assunto apenas do ponto tratam o conteúdo que en- de vista biológico e não cultural volve o corpo humano. “Eu acho importante isso rua. O que eles vivem no cotidiano parece ser igser tratado em sala de aula, pois é o que os alunos norado em sala de aula”, comenta a bolsista Jacvivenciam em seu dia a dia. É o que eles vêem na queline.


INGRESSO

Calouros avaliam processo seletivo

Com adesão ao Sisu, UFU passa a atrair estudantes de várias regiões do país Angélica Guimarães, Cíntia Sousa e Gisllene Rodrigues

dar de cidade. A adesão da UFU ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) no processo seletivo do primeiro semestre de 2012 possibilitou que alunos de diversas partes do país pudessem optar pela universidade mineira, o que trouxe inquietação a população de Uberlândia e região. O Sisu seleciona os alunos com base nas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por isso o aluno pode escolher duas opções de cursos oferecidos pelas instituições participantes do processo. O estudante, Pedro Paulo de Carvalho Brito, veio de Palmas/TO para estudar Engenharia Aeronáutica na UFU. Ele conta que a adesão da universidade ao Sisu facilitou a vinda para a Uberlândia. “O fato de você não ter que vir para cá [Uberlândia] para fazer a prova facilitou bastante”, conta Brito. A primeira experiência da UFU com o Sisu foi no semestre 2011/1, no Gisllene Rodrigues campus do Pontal. Antes da adesão ao sisPedro só escolheu a UFU por causa do Sisu tema, havia dificuldade para preencher as Escolher uma profissão é, para muitos jo- vagas no Pontal. “Nós tínhamos em torno de 50 a vens, um grande desafio. Mas essa não é a única 60% da ocupação das vagas e, com a experiência escolha que os alunos, ao saírem do Ensino Mé- 2011/1, preenchemos 99% das vagas”, explica o dio, precisam fazer. Além de saber o curso é preci- pró-reitor de graduação, Waldenor de Moraes. No so decidir a universidade. Alguns optam por processo seletivo 2012/1, a UFU aderiu o sistema estudar onde moram os pais, outros preferem mu- em todas as unidades. O total de ocupação das va-

gas foi de 96%. A cearense, Adna Vieira Soares Correia, deixou a cidade natal Caruaru para estudar Engenharia Biomédica na UFU. A estudante também passou na Universidade Federal de Alagoas para o curso de Farmácia, mas quando foi aprovada na UFU, optou por estudar em Uberlândia. “Com o Sisu eu tive a oportunidade de escolher o curso que eu queria, sempre quis morar longe e eu vi na UFU essa oportunidade”, revela Adna.

Uberlandenses e região

A adesão da UFU ao Sisu fez com que os estudantes de Uberlândia e região concorreressem com alunos de todo o país. Os dados finais revelam que 25% das vagas foram ocupadas por estudantes com naturalidade de Uberlândia e 42% com alunos de outras cidades de Minas Gerais. A estudante de Matemática, Laura Mayoral, nasceu e mora em Uberlândia, e optou por ficar na cidade para permanecer perto da família. Ao saber que a UFU iria aderir ao Sisu, Laura conta que pensou que seria mais difícil conseguir uma vaga. “No começo achei que ia ser mais difícil que o vestibular, porque era o Brasil inteiro que podia se inscrever na UFU, mas acabou sendo mais fácil”, conta. Leonardo Hamawaki França mora em Araguari e chegou a realizar matricula na Universidade Federal de Goiás para o curso de Administração, mas quando passou na UFU para Comunicação

Social optou por ficar em Uberlândia. França acredita que a adesão da UFU ao Sisu, de certo modo, prejudicou os alunos de Uberlândia e região. “Com o sistema do Sisu você tem opção de passar em qualquer universidade do Brasil. Por exemplo, alguém do Rio Grande do Sul, que não pode se mudar para Uberlândia, pode colocar a UFU como opção apenas para dizer que passou em algum lugar”, comenta o graduando. O aluno de engenharia mecatrônica, Adam Krisller dos Reis Guimarães, acredita que adesão da UFU ao Sisu fez aumentar a concorrência, principalmente para os cursos mais procurados. Por outro lado, Guimarães argumenta que o Sistema possibilitou aos estudantes de Uberlândia procurar outras universidades. Ele acrescenta que “o prejuízo é apenas para quem quer ingressar exclusivamente na UFU”. Para o próximo ingresso (2012/2), a UFU vai realizar um processo seletivo próprio, no formato dos vestibulares tradicionais. Já para os processos seletivos de 2013, Waldenor de Moraes revela que ainda não há uma decisão, mas comenta que levará ao Conselho de Graduação (Congrad) uma proposta para a adesão ao Sisu nos dois semestres do próximo ano.

A UFU no Sisu

No primeiro semestre de 2012, a UFU aderiu ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e, segundo dados preliminares da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) os cursos que não tiveram todas as vagas ocupadas foram*:

Angélica Guimarães

Laura optou pela UFU porque sempre morou em Uberlândia

Coleta seletiva é efetivada na universidade

Lixeiras passaram dois meses em teste e a separação dos resíduos começa em junho Lucas Felipe Jerônimo

Milhares de pessoas circulam diariamente pelos campi da UFU. O público, composto de estudantes, professores, técnicos e a comunidade, produz quilos de lixo. A preocupação ambiental com os resíduos já está em discussão há algum tempo e, a partir de junho, um novo sistema de coleta seletiva começa a ser executado. Os testes das novas lixeiras implantadas no mês de abril já vem sendo realizados nos campi Umuarama, Santa Mônica, Educação Física e Pontal. A decisão por alterar o tipo de coletores dos campi partiu da Diretoria de Sustentabilidade Ambiental, com os órgãos administrativos da universidade, unidades acadêmicas e, ainda, em sintonia com cooperativas de reciclagem da cidade. Um desafio para a Universidade, em prol do

meio-ambiente, será reduzir a quantidade de lixo que está no campus em benefício da cidade. Outra meta é gerar renda para as cooperativas da região, segundo o diretor de Sustentabilidade Ambiental, Élisson César Pietro. No que diz respeito ao descarte correto de cada material, Pietro explica que toda lixeira possui um adesivo no topo explicando que tipo de resíduo deve ser colocado “Lixo molhado, resto de comida, guardanapo ou embalagens metalizadas que não podem ser recicladas vão para o lixo úmido, coletor cinza. Aquelas embalagens ou materiais como papel, plástico, vidro, metal, que estão secos, que estão limpos, podem ser descartados no lixo de coletor verde que é o lixo seco”, esclarece.

Lixeiras e resíduos - O objetivo é implantar 400 lixeiras ao longo do ano - No segundo semestre devem ser colocadas lixeiras nas áreas internas dos prédios - Em breve a Diretoria pretende estender o projeto aos campi Patos de Minas e Monte Carmelo. - O lixo úmido vai continuar a ser destinado ao aterro sanitário de Uberlândia - Três cooperativas serão contratadas pela Universidade para tratar os resíduos recicláveis

Fala, UFU!

O que você achou da implantação das novas lixeiras? “É legal, a partir do respeito por parte dos alunos”. Jessé Block, 5º período de Geografia “Pra falar a verdade ainda não reparei, tem que andar muito para encontrar lixeira no campus”. Hellen Miranda, 1º período de Letras “Notei apenas as que estão no 3Q, de lixo seco e lixo úmido, nos demais lugares é balde ou caçamba”. Augusto Hubaide, 1º período de Engenharia Química


VIDA UNIVERSITÁRIA

Trânsito, questão de educação

Velocidade nas vias e desrespeito às vagas preferenciais são alguns dos problemas apontados Ana Flávia Bernardes, Cindhi Belafonte e Natália Nascimento

Fotos: Natália Nascimento

Acidentes com pedestres motivaram a instalação de passarelas no Campus Santa Mônica

A UFU implementou, no segundo semestre de 2011, travessias elevadas no campus Santa Mônica. Esta medida, que pretende ser adotada também no Umuarama, tem o objetivo de melhorar a circulação de motoristas e pedestres dentro da universidade. De acordo com dados da Prefeitura Universitária (PREFE), antes de instalar as passarelas, ocorreram cinco acidentes envolvendo pedestres, sendo um grave e os outros de menor expressão. O Prefeito Universitário, Renato Alves, comenta que há um conflito entre pedestres e veículos no interior do campus. Segundo ele, no Santa Mônica, a legislação determina que a velocidade máxima é de 20km/h, mas muitos não respeitam essa determinação. “Nós não conseguimos conter estes motoristas nessa velocidade máxima. Então tivemos que instalar as passarelas elevadas”, comenta o prefeito. A aluna Larissa Gomes, do curso de Ciências Contábeis, acredita que “como pedestre, as travessias elevadas ajudaram bastante. Os motoristas realmente param antes e o trânsito fica bem lento”. Mas, em compensação, a estudante de Fisioterapia, Mariana Sivieri Lambertucci, que não utiliza veículos automotivos para andar no interior da universidade, declara que as travessias elevadas também devem ser implantadas no Campus Umuarama para diminuir a velocidade dos carros

e os riscos de acidente. De acordo com o Prefeito, a proposta é concluir a sinalização horizontal no Santa Mônica e, em seguida, instalar as passarelas elevadas no Umuarama. Além disso, a PREFE prevê uma campanha educativa ainda neste primeiro semestre, que diz respeito ao estacionamento, visando alertar os motoristas que estacionam em locais proibidos ou reservados para portadores de necessidades especiais.

sagem. “Esses dias eu tive que ajudar uma cadeirante a descer em um lugar sem rampa porque alguém tinha estacionado em cima da rampa e ela não conseguia passar ali”, conta. Segundo o prefeito universitário, o campus Santa Monica não tem espaço suficiente para aumentar o estacionamento interior. “Não justifica um investimento grande pra você ter estacionamento vertical tendo em vista a carência de investimento em outros segmentos que nós entendemos mais prioritários, como laboratórios, saEstacionamento la de aula, biblioteca e tudo mais”, acrescenta. Em O número de vagas disponíveis para esta- relação aos ciclistas, a prefeitura quer incentivar o cionar os veículos no interior dos campi divide uso da bicicleta, como forma de exercício físico, opiniões. Segundo dados da PREFE, aproximada- construindo um bicicletário. mente 25 mil pessoas circulam diariamente só no campus Santa Mônica, nos três turnos do dia. Em Vagas especiais relação ao número de veículos, estima-se que haPara identificar facilmente quem pode ja cerca de dois mil automóveis. estacionar o automóvel em vagas destinadas a Para Alves, o estacionamento no campus pessoas com deficiência física, com dificuldades atende às necessidades dos motoristas. “Ele não de locomoção ou idosos, o Conselho Nacional de satisfaz no que diz respeito ao local onde as pesso- Trânsito (CONTRAN) providenciou uma as querem estacionar”, comenta. Segundo ele, credencial que deve ser colocada no painel do por uma questão de comodidade, os motoristas veículo e ficar visível a todos. Na UFU, estas desobedecem às leis de trânsito e param em lo- vagas são sinalizadas com símbolos no pavimento cais inadequados. e placas de sinalização de acordo com o A estudante Ana Luiza dos Santos, do cur- estabelecido na resolução 304 do CONTRAN. so de Veterinária, diz que faz o possível para con- Mas, mesmo com os regimentos, muitos seguir estacionar o carro próximo ao local de suas motoristas que não se enquadram na condição aulas. “Tento sem- especial, utilizam as vagas reservadas. pre sair mais cedo Carlos Henrique de Carvalho, professor de casa para arru- e coordenador do Programa de Pós-Graduação mar uma vaga perto em Educação da UFU, é cadeirante e relata que, do meu bloco. Tem no espaço universitário, o que costuma pessoas que recla- acontecer e vem trazendo algumas dificuldades mam, mas também é a questão da educação. “Logicamente que não fazem esforços quando você dá o acesso para uns, você acaba para pegar a vaga de- restringindo o espaço para outros”, afirma o sejada”, opina a professor, mas ressalta também que o aluna. desrespeito a esse acesso causa transtornos. “As A falta de pessoas têm que se conscientizar de que o educação é aponta- espaço para idoso, o espaço para deficiente, ele da como problema não tem que ser ocupado, mesmo que não tenha pela estudante ninguém”, enfatiza. Cristhiane Nery. A Carvalho acrescenta, ainda, que a campaaluna do curso de nha educativa prevista pela prefeitura tem que Nutrição acredita contemplar toda a comunidade acadêmica: proque muitos motoris- fessores, alunos e funcionários. “Só assim uma cirtas não respeitam os culação mais humanizada, vai ser garantida e nós pedestres e param vamos garantir o respeito da locomoção dessas em lugares imprópri- pessoas que têm problemas ao transitar no camos obstruindo a pas- pus Santa Mônica”, disse. Vagas preferenciais nem sempre são respeitadas pelos motoristas

Conscientize‐se No Plano Diretor do campus Glória está definido que veículos não terão acesso ao interior do campus. As passarelas foram feitas para educar os motoristas quanto à preferência do pedestre e, também, à acessibilidade do cadeirante. O trânsito da UFU está adequado ao Código de Trânsito Brasileiro: A Lei Federal nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece a obrigatoriedade de reservar 2% (dois por cento) das vagas em estacionamento regulamentado de uso público para serem utilizadas exclusivamente por veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência ou com dificuldade de locomoção; Já a Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso, em seu artigo 41 estabelece a obrigatoriedade de se destinar 5% (cinco por cento) das vagas em estacionamento regulamentado de uso público para serem utilizadas exclusivamente por idosos.


ENTREVISTA

Reuni permite inclusão social nunca vista

Presidente do INEP, em visita à UFU, avalia o plano de expansão universitária

“O Brasil tem dividas que precisam ser resgatadas”

om a posse de Aluízio Mercadante como ministro da educação, em fevereiro de 2012, os cargos internos ao MEC passaram por mudanças. Entre elas está a nomeação de Luiz Claudio Costa para a presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Costa já foi reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, e ocupava, antes de assumir o Inep, a Secre-

taria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESU). Ele se formou em matemática, fez mestrado em agronomia pela UFV e tem doutorado em agrometeorologia pela Universidade de Reading, da Inglaterra. Em visita à Universidade Federal de Uberlândia, em abril, para participar do 14º Encontro de Professores de Jornalismo (ENPJ), Costa falou ao Senso (in) comum sobre temas polêmicos, como o

plano de expansão das universidades públicas, os mecanismos de avaliação dos cursos superiores e a política de cotas.

Senso (in) Comum: Neste ano de 2012, qual seu balanço do programa de expansão das universidades, o REUNI? Positivo,

eu acho que as universidades duplicaram o número de vagas, a interiorização aumentou bastante, e com isso o acesso, aumentou a permanência com as verbas de assistência estudantil, as construções estão avançando bastante e Ana Gabriela Faria algumas questões que existem são pontuais e estão sendo corrigidas pelos reitores. O recurso não esta faltando. Então, o balanço é extremamente positivo, há uma inclusão social nunca vista nesse país, com a presença de novos estudantes e principalmente de classes sociais menos favorecidas na universidade.

Brunner Macedo

senhor, têm funcionado, eles têm trazido os resultados esperados?

Têm. Eu acho que é um processo, tem o que corrigir, mas o Brasil fez uma expansão, que duplicou o numero de instituições de ensino superior, praticamente triplicou o número de estudantes no ensino superior, e fez isso com qualidade. Se não fosse os mecanismos de avaliação, você não estaria parando para aferir isso. Agora, como é um processo de mecanismos, os instrumentos têm que ser avaliados, mas o Brasil esta caminhando bem nesse sentido.

Senso: Recentemente, o Supremo considerou constitucional a política de cotas nas universidades públicas. Qual sua opinião sobre isso?

Eu, particularmente, sou favorável. Eu acho que o Brasil tem dívidas que precisam ser resgatadas. Nós temos algumas pessoas, principalmente temos questões de gênero, de raças, que ficaram excluídas do ensino superior e da educação em geral, e eu acho que nós precisamos caminhar para isso. Eu, pessoalmente, entendo como fundamental no país justo que nós queremos, que tenhamos mecanismos, evidentemente transitórios, não são permanentes, mas que façam resgate dessa dívida social que temos. E a questão do negro, para mim, é muito clara. Nós tivemos, por muitos anos nesse país, por questões históricas, uma exclusão Senso: Os processos de avaliação grande, eu acho que agora as medidas do ensino superior, na opinião do afirmativas são positivas.

Mercado de trabalho: desafio do jovem recém formado Mesmo após concluir curso superior, conseguir emprego é uma tarefa difícil Yara Diniz

Yara Diniz

Experiência prática e diferenciais são avaliados durante a entrevista

Estudos apontam que os jovens brasileiros recém formados têm dificuldades de arrumar o primeiro emprego. A última pesquisa relevante sobre o assunto, feita pela Fundação Perseu Abramo, em 2002, aponta que apenas 36% dos jovens entre 15 e 24 anos têm emprego e mais de 60% deles procuraram no mínimo seis meses até conseguirem um trabalho. Em Uberlândia essa realidade não é diferente. Os próprios alunos universitários optam em continuar os estudos após a graduação por não acharem de imediato um trabalho. Outros acabam exercendo uma tarefa diferente da sua área, só para terem algum serviço remunerado. Os psicólogos Pâmela Tavarez e Guilherme Rende, que atuam em uma assessoria de recursos humanos, classificam em dois tipos os estudantes universitários. Primeiro há aqueles que, de fato, buscam conhecimento e aproveitam o tempo na faculdade para se prepararem profissionalmente, e, depois, os que só querem o diploma. Ter simplesmente o diploma na mão é pouco para as exigências dos processos seletivos

de hoje. Pâmela e Guilherme deixam a dica: uma boa estratégia para o estudante é procurar um estágio já nos primeiros anos da faculdade. As empresas têm preferência em contratar alguém “treinado por eles” e que já conheça o funcionamento interno do empreendimento. Os psicólogos afirmam, ainda, que caso o estudante não seja contratado após o estágio, a experiência adquirida não é em vão, pois um dos diferenciais para concorrer a qualquer emprego é ter esta noção prática. Além da experiência prévia, Guilherme explica que outra característica do jovem empregado deve ser ter uma aptidão a mais no currículo. Ser fluente em inglês, por exemplo, é um atributo valorizado no mercado de trabalho. Os cursos na área de informática também são relevantes. Mas, por que não contratar um profissional com anos de carreira? De acordo com os psicólogos, a principal vantagem de quem está iniciando é o entusiasmo, a vontade de aprender. O problema é que muitos jovens querem progredir rápido demais dentro da empresa, e quando is-

so não acontece pedem demissão logo nos primeiros meses. Por essa impaciência, são perdidas várias oportunidades. A professora Suélem Marques, formada em Geografia da UFU, considera-se sortuda por já estar trabalhando. Ela conclui seu curso em bacharelado e licenciatura em 2011 e, aproximadamente, dois meses depois já estava atuando como professora. Segundo Suélem, a análise de currículo é bem criteriosa, e sai na frente quem tem uma carga de conhecimento mais vasta. “Se você não tem especialização e afins, acaba com pouco número de aulas por semana e em locais mais precários”, explica. Para a professora, é necessário ultrapassar a fronteira acadêmica buscando informações extras e se manter sempre atualizado para desempenhar um bom trabalho. “Faltam parcerias entre as Companhias Privadas e as Universidades. É uma maneira de inserir o jovem no mercado e valorizar a formação universitária”, diz. Suélem afirma que no curso de Geografia existem essas parcerias, mas, na opinião dela, são insuficientes diante da quantidade de alunos.


COTIDIANO

Dependência tecnológica causa problemas de saúde

Uso exagerado de computador e aparelhos eletrônicos pode prejudicar músculos e a visão

Lucas Felipe Jerônimo

ficar 12 horas conectado. O aluno possui miopia e utiliza óculos desde os 11 anos, de lá pra cá o grau aumentou de 1,5 para 6,5. Além disso, Filipe tem um desvio na coluna devido à postura torta ao ficar sentado. Como já perdeu nota por não ter visto trabalhos online, ele está sempre de olho no fórum e afirma: “Por dia chegam de 50 a 100 e-mails na Fotos: Lucas Felipe Jerônimo caixa de entrada da Depois de perder nota por não ver trabalho enviado pela internet, o estudante está sempre conectado turma”, diz. A internet é uma ferramenta fundamental Wender Rezende está no primeiro ano do para a inserção do indivíduo no mercado de traba- mestrado em Agronomia e passa em média lho. Essa realidade já começa na universidade, am- quatro horas por dia conectado à internet. “Faço, biente em que o estudante precisa se conectar. sim, muitos trabalhos usando o computador, priSeja nos grupos de discussão, para fazer pesquisas meiro pela necessidade do uso de softwares, coou para digitar os trabalhos, os estudantes passam mo Word e Excel, e também pela facilidade na horas em frente ao computador. Por outro lado, a obtenção das mais diversas informações, proporinternet também é fonte de diversão. Além do cionada pela internet”, relata. O computador tamuso das redes sociais, os estudantes possuem afini- bém é uma ferramenta de lazer para o estudante dade com os jogos, o que exige mais tempo e con- que acompanha notícias atualizadas e se diverte centração diante da máquina. com jogos. “É possível se comunicar com pessoas Filipe Fagundes é aluno do 6º período do dos mais diversos locais, aumentando, de certa curso de Administração e utiliza notebook e celu- forma, o convívio social”, diz. lar para acessar a internet. Entre redes sociais, traO uso excessivo do computador pode balhos da faculdade e leitura, o estudante chega a acarretar problemas para a saúde, como o olho se-

co funcional. O prejuízo para a visão é notado a partir de sintomas como dor de cabeça, cansaço visual, ardência e ressecamento nos olhos. É o que diz o oftalmologista e professor na UFU, Flávio Rocha. “Quando a gente não pisca, a lágrima evapora, o olho resseca e aí começa a arder. Por isso ele arde, fica vermelho, arranha, ele tá seco por que as pessoas não piscam em frente ao computador”, explica. De acordo com o oftalmologista, o indivíduo pode utilizar o computador de seis a oito horas por dia, entretanto, é preciso fazer intervalos periodicamente. “O ideal é que a cada 50 minutos em frente ao computador você saia de cinco a dez minutos”, afirma. Em média as pessoas piscam de dez a vinte vezes por minuto, quando estão na frente do computador esse número pode cair para quatro vezes no mesmo tempo, segundo Flávio. Além das dicas, um recurso para quem sofre de olho seco funcional é o uso de produtos como a lágrima artificial, que deve ser utilizada apenas com recomendação médica.

uma hora pode levar ao prejuízo do aparelho musculoesquelético dos membros superiores. Para minimizar os impactos o estudante deve procurar fazer atividades físicas que fortaleçam os braços e as mãos, como a musculação, o alongamento, e também aquelas que envolvam todo o corpo como a natação. “Durante os dez minutos de intervalo ele deve procurar ficar relaxado, sair de frente do aparelho, fazer alongamentos dos membros superiores, dos punhos, fazer a flexão palmar a extensão do cotovelo, a elevação dos ombros”, aconselha Oscar. No blog do Senso (In)Comum, você confere um vídeo com o ortopedista Oscar Bertino que demonstra como são os exercícios citados na reportagem.

Acerte na postura

Além do cuidado com os olhos, a postura diante do computador pode influenciar na saúde física e motora. É o que informa o médico ortopedista e também professor da UFU, Oscar Bertino. A má postura diante do trabalho pode levar a dores musculares, em especial, dores na região da lombar, nas costas e no pescoço. Segundo ele, a postura adequada compreende os pés apoiados no chão durante todo o tempo, a posição ereta, os membros superiores apoiados na mesa. A digitação rápida e em período acima de

O oftalmologista Flávio Rocha sugere um descanso de 10 minutos a cada hora passada em frente ao computador

Escola de Circo melhora qualidade de vida Projeto apresenta arte circense como opção no cotidiano das pessoas

Karla Fonseca, Lucas Martin, Natália Nascimento e Renato Faria

Há três anos as aulas são ofertadas gratuitamente

Em uma lona de circo montada ao lado do Sabiázinho se vê, as vezes crianças, que ficam lá debaixo fazendo estripulias, e outras vezes adultos, subindo no trapézio, descendo de tecidos. Uberlândia tem uma escola de arte circense, a Escola de Circo Social, e esse é o cenário dela.

Um dos fundadores e hoje coordenador do projeto, Daniel Vieira, explica como o grupo se formou, em 2007. “Iniciamos o trabalho com um grupo de jovens interessados na arte circense que ensaiavam e apresentavam performances em escolas, e em Natália Nascimento 2009, devido à grande procura, iniciamos o Projeto Escola de Circo”. Esse ano, o grupo completa cinco anos e a Escola de Circo, três. Primeiramente, as reuniões da trupe aconteciam em um salão emprestado por uma Igreja Presbiteriana, logo depois, a partir de uma parce-

ria com a Fundação Uberlandense de Turismo, Esporte e Lazer (FUTEL), o projeto foi instalado no Parque do Sabiá. Somente este ano, 2012, que a lona foi transferida para onde se encontra hoje, “por ser um local mais propício ao funcionamento do Projeto Circo da Vida”, explica o coordenador. A Escola de Circo Social nasceu com o objetivo de disseminar a arte do circense e ser aplicada como uma eficiente ação no combate aos problemas da sociedade, revela Daniel. “Com nosso projeto pedagógico, visamos retirar crianças, adolescentes e jovens do espaço da rua, dandolhes a oportunidade de desenvolver as habilidades artísticas e culturais através da arte”, reafirma. Com o desenvolvimento, o projeto mostrou que a magia das artes circenses consegue transformar vidas. “Os alunos têm aprendido muito aqui, principalmente a se pensar em grupo”, contou a professora e artista da trupe, Gisele Flores. Daniel observa melhoria, também, no aspecto social e psíquico de seus alunos. “Temos até pesquisas sendo desenvolvidas sobre a qualidade de vida dos participantes do projeto”, relata.

Participe! Aulas de malabares, acrobacias de grupo, solo de circo, tecido acrobático, trapézio, lira, entre outras. As oficinas são gratuitas e para participar o interessado deve procurar o escritório da escola, no Parque do Sabiá, e realizar a inscrição. Idade: a partir de 7 anos. Horários Adultos: - Segunda das 16h às 18h ou das 19h às 21h - Terça das 15h às 18h ou das 18:30h às 21h - Quarta das 16h às 18h ou das 19h às 21h - Sexta das 9h às 11h Atenção: Para ser aceito o aluno deve comprovar que está apto para realizar atividades físicas. Para saber mais e ficar atento às inscrições, acesse www.circodavida.com.br


POPULAR

Festejos juninos reúnem tradição, fé e confraternização

Celebrações em casa e nas igrejas movimentam a cidade

Maria Tereza Borges

Celebrações juninas aliam tradição e cultura popular

Página Aberta

Lucas Felipe Jerônimo

Maria Tereza Borges estuda Jornalismo na UFU. Sua família celebra os ritos juninos de forma tradicional há cerca de 20 anos. A herança do costume veio de seu bisavô que fez uma promessa para que um dos filhos continuasse a tradição. Seu pai, Márcio Batista Borges, nasceu um dia antes do dia de São João e deu sequência à tradição de comemoração aos santos. “Meu pai decidiu pegar essa responsabilidade e a gente enfeita o mastro, faz quentão, canjica, caldo, suco, bolo, essas coisas que são assim, bem típicas mesmo, faz fogueira, chama a família e os vizinhos, é bem movimentado”, comenta a estudante. Maria Tereza vê nessa prática uma oportunidade de integração da fé

com as comemorações. “Eu acho que é uma forma dos fiéis fazerem ao seu estilo, é uma tradição que vai passando de geração em geração” conclui. Já Sebastián Granja é natural do Equador e faz o 5º período de Medicina na UFU por meio de intercâmbio. O aluno conta que no seu país não são realizadas comemorações juninas como no Brasil. “Eu fiquei impressionado no meu primeiro ano, adorei a comida e as músicas, mas fiquei triste porque no meu país não tem”. A partir do contato com as festas brasileiras, Sebastián levou um pouco da cultura local para sua família que mora em Quito. Olimar Rodrigues, pároco da Catedral de Santa Terezinha, conta que as festas juninas representam para os católicos a manifestação de alegria e confraternização aliada ao lado religio-

Penso, logo clico!

Os Imperfeccionistas

O livro de Tom Rachman conta a história de jornalistas que trabalham em um jornal internacional que está em decadência na cidade de Roma. Com capítulos que parecem contos, cada história independente revela ao longo do livro um pouco da vida incomum desses profissionais e da trajetória do jornal. A Carne e o Sangue

Com clareza de estilo e ritmo de romance, o livro de Mary del Priore traça um panorama das intrigas políticas e amorosas da corte brasileira no período que vai da independência do Brasil às vésperas da abdicação, em 1831. Surge um retrato do triângulo amoroso entre a imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos.

so, com a presença de Santo Antônio, São Pedro e São João. A Catedral realiza todos os anos a Missa Sertaneja. “O objetivo é trazer todas as manifestações populares no coração do povo para a liturgia oficial da Igreja que é a missa: os cantos são sertanejos, o ofertório, toda a missa é trabalhada em algumas partes ressaltando a cultura sertaneja enraizada na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba”, afirma padre Olimar. Além dos ritos de montar fogueira, hastear bandeiras dos santos, soltar fogos e compartilhar comidas típicas, um santo, em especial, ganha bastante atenção nesse período: Santo Antônio. “Apesar da crendice de ser um santo casamenteiro, na verdade ele é aquele que nos convida a amar profundamente a Deus”, conclui o pároco.

Senso Musical

Lucas Felipe Jerônimo

Aline de Sá

Adam Lambert ‐ Trespassing

A Estrela Mais Brilhante do Céu

Por meio de um espírito que paira sobre o edifício número 66 da Star Street, em Dublin, Irlanda são contadas as tramas deste livro de Marian Keyes. Os inquilinos, em quatro apartamentos, formam um grupo excêntrico e a proposta é contar um pouco das suas histórias de modo ágil, romântico, sensual e encantador.

Lucas Felipe Jerônimo

Trespassing é o segundo álbum do cantor, compositor e ator Adam Lambert. Em 2011 foi lançado o single “Better Than I Know Myself”, recebido pela crítica e com bons resultados nas paradas. Pelo twitter, o cantor anunciou que o lançamento oficial do disco será em maio de 2012.

Novela Avenida Brasil

Para os noveleiros de plantão, a dica de um site repleto de informações sobre teledramaturgia. São vídeos de entrevistas sobre o assunto, fichas técnicas completas sobre novelas e minisséries, além de um espaço sobre bastidores e trilhas sonoras das atrações. http://www.teledramaturgia.com.br Atualmente a quantidade de memes circulando pela internet ganhou tanto impulso que visitar esse site pode ser útil (ou não) para descobrir a origem de algum desses memes e suas variações. Com versão apenas em inglês, o site traz tópicos como origem, propagação, exemplos do uso. De uma turma que leva a sério a brincadeira virtual. http://knowyourmeme.com/memes

Luan Santana ‐ Quando Chega a Noite

Os apaixonados por sertanejo universitário já podem curtir o novo CD de Luan Santana. “Quando Chega a Noite” traz composições próprias, revelando o amadurecimento musical e pessoal de Luan. O disco conta ainda com a colaboração do cantor Fernando, da dupla Fernando e Sorocaba.

3 em 1

Imagens de gifs, dos mais variados que demonstram de forma muito engraçada situações do cotidiano, em algum momento você vai se identificar. http://comoeumesintoquando.tumblr.com Na mesma linha de imagens animadas, traz a cantora Lana Del Rey girando em uma apresentação no programa Saturday Night Live, através da edição, Lana é colocada em locais inusitados, gerando humor. http://lanadelreydancing.tumblr.com Ainda no contexto de diversão, esse site segue a estética de gráficos em estilo pizza usados em pesquisas, jornais e revistas e apresenta perguntas e respostas a momentos comuns e, claro, a maior parcela de votos vai para a opção mais curiosa. http://humoremgrafico.tumblr.com

Nelly Furtado ‐ The Spirit Indestructible

A cantora Nelly Furtado lança seu álbum "The Spirit Indestructible” no dia 19 de junho. Nelly conta com a participação de alguns artistas como os rappers Ace Primo e Nas, o coral de jovens quenianos The Kenyan Boys Choir, a cantora e compositora portuguesa Sara Tavares, o músico Dylan Murray e o DJ Tiësto.

Sessão Pipoca Sombras da Noite

Natália Nascimento

E aí, Comeu?

Madagascar 3: Os Procurados

Cosmópolis

O filme começa no ano de 1752, O novo longa, que estreia em 22 de A animação mostrará Alex, Marty, Eric Packer (Robert Pattinson) é quando os Collins e seu filho Barnajunho, é uma adaptação da peça de Melman, Gloria, Rei Julien, Maurium bilionário que cruza a cidade bas, foram embora da Inglaterra paMarcelo Rubens Paiva, que acomce, os pinguins e os chimpanzés inatrás de um corte de cabelo e ra começar uma nova vida na panha situações do cotidiano pela do para a Europa, como nesse meio tempo perde todo seu América. Duas décadas se passaótica masculina. Conta a história de integrantes de um circo itinerante, império. Packer vive as 24 horas ram e Barnabas (Johnny Depp) coFernando, Honório e Fonsinho, e trará mais aventuras na tentativa mais importantes da sua vida e esmete o erro grave de quebrar o três amigos de infância que juntos do grupo de voltar à Nova York. A tá certo de que alguém quer a ascoração de Angelique (Eva Green), uma bruxa. procuram entender no mundo atual o papel do ho- cantora Katy Perry é a estrela da trilha do filme sassiná-lo. O longa dirigido por David Estreia prevista para 12 de junho. mem diante da nova mulher. que estreia em 07 de junho. Cronenberg, estreia em 13 de julho.


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