Senso Incomum 11

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Natália Nascimento

JORNAL‐LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFU ● ANO 02 ● Nº 11 ● AGOSTO‐SETEMBRO/2012

O movimento na UFU

Professores, técnicos e alunos estão com atividades suspensas e o semestre 2012.2 ainda é dúvida. ATUALIDADES: Confira entrevistas com candidatos a reitor da UFU: Alfredo Júlio Fernandes Neto [4]•Rosuita Fratari Bonito [5]•Guimes Rodrigues Filho [6]•Elmiro Santos Resende [7] CULTURA & LAZER: Séries de televisão estrangeiras são febre no Brasil [8]• Confira dicas de cultura para as férias [8]


Editorial Reflexão e decisão

A UFU vive hoje um momento de reflexões e decisões. De um lado, candidatos de quatro chapas disputam a gestão da universidade, apresentando diferentes olhares sobre a situação atual da instituição e fazendo propostas que irão repercutir diretamente sobre discentes, docentes e técnicos administrativos. Por outro, boa parte das pessoas que compõem esses mesmos segmentos encontra-se com suas atividades paralisadas, unida às greves nacionais das categorias. Com dois acontecimentos tão impactantes em curso, o Senso (in)comum dedica a edição do mês de agosto quase inteiramente a esses temas. A começar pelas greves, precisamos refletir sobre o que elas representam na sua essência, para além das situações emergenciais ou dos resultados imediatos. Na pauta dos três segmentos, uma questão se levanta como decisiva: a luta pela melhoria na qualidade da educação superior pública. O ensino superior brasileiro cresceu vertiginosamente na última década com as políticas de expansão fomentadas pelo Governo Federal. Desde os anos 2000, 17 novas instituições foram criadas. Além disso, nas universidades já existentes foi ampliado o número de alunos, de cursos e, em alguns casos, dos campi avançados, distantes das unidades centrais. Esse crescimento nem sempre veio acompanhado de melhoria na infraestrutura das IES, a maior parte construída entre os anos 1960 e 1970. O resultado de tudo isso? Estudantes sem espaços adequados para suas atividades, salas com número excessivo de alunos, contratação de professores nem sempre qualificados e sem tempo para se aprimorar e fazer pesquisa, técnicos administrativos sobrecarregados e sem remuneração adequada. O reflexo dessa nova realidade já começa a ser percebido. As universidades federais, antes reconhecidas pela qualidade da formação e pelos resultados na produção de conhecimento, estão perdendo espaço para as instituições privadas. Em 2011, por exemplo, o Índice Geral de Cursos (IGC), medida utilizada pelo Inep para avaliar as IES,

VOZES

Uma série, minha vida apontou que entre as 30 instituições com melhor desempenho, 14 são particulares e quatro mantidas pelos governos estaduais. Independente das pautas específicas de cada categoria, a situação precária da educação superior pública no Brasil precisa ser repensada e os debates desse momento de greve são importantes. A melhoria do ensino passa por uma ampliação das verbas para educação, pela construção de um plano de carreira para o magistério superior e pela melhor qualidade de trabalho dos técnicos administrativos, alguns dos pontos defendidos. Mas, antes de tudo, exige uma revisão profunda das políticas públicas de educação e uma discussão sobre que modelo de universidade adotar para construir o desenvolvimento do país. Ainda nesta edição, para que os nossos leitores possam conhecer as propostas e o perfil dos candidatos à Reitoria, optamos por oferecer entrevistas aprofundadas com cada um deles. Todos os candidatos receberam a equipe do Senso (in)comum e responderam às mesmas questões, analisando o contexto atual da universidade e apresentando suas ideias para temas significativos, como ensino, pesquisa, extensão, reivindicações dos universitários, expansão, infraestrutura e a greve. Nas páginas a seguir você encontrará uma síntese dos principais pontos debatidos e poderá ouvir as entrevistas completas no nosso blog: www.sensoincomumufu.blogspot.com.br. O jornal Senso (in)comum é um veículo de comunicação feito por alunos do Curso de Jornalismo e destinado a toda comunidade acadêmica, mas especialmente aos estudantes de graduação e pós-graduação da UFU. Essa edição especial propõe refletir sobre as duas questões mais importantes do momento atual. Acreditamos e defendemos que apenas com amplo debate de ideias é possível se posicionar de forma livre e consciente. Para isso, esperamos fazer nossa parte na divulgação de informações pluralizadas a respeito dos assuntos que interessam ao nosso leitor para que ele possa escolher, seja qual for sua decisão. Boa leitura!

Bazinga!

Lucas Felipe Jerônimo

Cenas entrecortadas mostram bonitas paisagens, a seguir vemos um céu iluminado com nuvens que passam em alta velocidade, desce para as ruas onde carros e pessoas circulam intensamente. Corta para um ambiente tranquilo com a voz de um narrador ainda misterioso. Assim começam diversas séries de televisão. Com a promessa de fazer você ficar de frente para a telinha (seja da sua TV ou do monitor do computador), as mentes criativas de roteiristas trabalham incessantemente para criar personagens marcantes, a serem amados ou odiados, ou tudo ao mesmo tempo. A ligação mais profunda que fazemos com tantos personagens é a de identificação. Quem nunca sentiu vontade de agir com o sarcasmo do Dr. House, ou se viu um profissional competitivo como Cristina Yang de Grey’s Anatomy?! Só quem é viciado em seriados sabe a delícia que é descobrir que seu programa favorito terá uma temporada de 24 episódios e não apenas 22, ou então compreende a dor de perder um personagem querido como se fosse um ente familiar, VOZES

Tempo, um bem desperdiçado Natália Nascimento

Ela chegou em casa, depois da longa semana que teve, colocou uma música no seu iPod e foi tomar banho. Enquanto a água caía e a acalmava de toda aquela raiva, ela chorou. De felicidade também. Todo aquele estresse estava passando. Artigos entregues, provas finais feitas. Se não fossem aqueles dois professores, ela poderia esperar três meses (de acordo com os comentários) de “férias” pela frente. Mas nada disso importava ou a preocupava, naquele momento só o banho e a certeza de que, no outro dia, ela não precisaria dar as caras naquela faculdade, já a satisfaziam. Se houve uma coisa boa que tamanha confusão pôde trazer a ela, é que ela poderia pensar. Greve, meia greve, férias, pode chamar do que quiser, mas para ela era um tempo. Tempo de pensar, decidir o que queria... Era isso que queria para o resto da vida? Então por que tudo parecia errado? Seria alguma matéria, algum professor, algum colega de sala? Ou seria somente um momento pelo qual todos os universitários passam? Ela não sabia. Recorrer a Deus ou a seus pais? Recorrer ao namorado ou às amigas? Recorrer a ninguém. O que ela

estava ou está passando, só ela entende. Com greve ou não, irritado ou não, saco cheio ou não, qualquer pessoa um dia tem de pensar no futuro. Você já parou para pensar no seu futuro? Sabe se é engenharia, medicina, filosofia ou arquitetura que você quer fazer para o resto da vida? Sentar todo dia na mesma cadeira ou em frente ao mesmo computador ou fazendo as mesmas coisas... Só de pensar nessa possibilidade, ela se frustrava. E se ela quisesse ser jornalista hoje, música amanhã e dentista no dia depois de amanhã? Gostando da resposta ou não, ela não podia. Escolher uma profissão significa amadurecer. Se arrepender da sua escolha significa, no mínimo, tentar. Foi o que ela conseguiu pensar, ter certeza por agora. Mas ela ainda tinha tempo. Estava concluindo a faculdade, mas ainda era nova. Ainda mais com a greve, meia greve, férias, ela ainda poderia ter bastante tempo para si. Pensando ou não, agindo ou não, dormindo ou não, a toa ou não, o tempo faz bem para ela e para qualquer outra pessoa. Você já se deu o seu tempo de hoje? Ela já.

Expediente

Cindhi Belafonte, Lucas Felipe Jerônimo e Natália Nascimento/Arte e Diagramação: Danielle Buiatti

O jornal-laboratório Senso (in) Comum é produzido por discentes, docentes e técnicos do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia, como projeto de graduação e atividade curricular.

instituição Stella Vieira

e ainda acredita que é normal chorar por isso e permanecer alguns dias de luto. A vontade que temos é de bater na porta das salas de reunião e intervir pela vida de nossos amigos como Juliet de Lost ou George de Grey’s Anatomy. Só quem se dedica inteiramente entende o quão desesperador pode ser o período de hiatus (quando a série entra em recesso), ou o alívio da renovação para mais uma temporada e, ainda, o medo de um series finale prematuro, ou cancelamento. Acompanhar uma série por longos anos é sentir como se aqueles indivíduos habitassem a nossa sala de estar e viessem semanalmente contar umas histórias interessantes. Das clássicas como Friends, Will & Grace, e ER (Plantão Médico) às que recentemente disseram adeus Desperate Housewives, Lost e Smallville passando pelas atuais sensações Revenge, The Big Bang Theory e Game of Thrones: tem para todos os gostos! Quando uma série precisa chegar ao fim torcemos para que seja no auge, com elenco original e de forma decente. Mas quando termina, ah... O que vou fazer agora?!

Reitor: Alfredo Julio Fernandes Neto/ Diretor da FACED: Marcelo Soares Pereira da Silva/Coordenadora do curso de Jornalismo: Adriana Omena

equipe

Editora-chefe: AnaSpannenberg(MTb 9453) /Reportagem, redação e edição: Ana Flávia Bernardes,

colaboração

Opinião: Lucas Felipe Jerônimo, Natália Nascimento e Stella Vieira / Fotografia: Ana Flávia Bernardes, Cindhi Belafonte, Lucas Felipe Jerônimo e Natália Nascimento As imagens que foram utilizadas na página 8, nas seções Senso Musical, Página Aberta, Sessão Pipoca e Penso, Logo Clico, são de divulgação. Tiragem: 1000 exemplares Impressão: Imprensa Universitária/Gráfica UFU E-mail: sensoincomumufu@gmail.com Blog: sensoincomumufu.blogspot.com Twitter: @_sensoincomum Telefone: (34) 3239-4163


COTIDIANO

Greve afeta comunidade acadêmica

Suspensão por parte de professores, alunos e técnicos administrativos segue sem acordo Ana Flávia Bernardes, Cindhi Belafonte e Lucas Felipe Jerônimo

Natália Nascimento

UFU participa do movimento com mais 51 instituições federais

A UFU passa por um contexto de greve há mais de 60 dias. A paralisação docente, que ocorre em âmbito nacional, foi deflagrada em 17 de maio e, atualmente, conta com o apoio de técnicos-administrativos em educação e discentes. Durante o período de paralisação, foram promovidas diversas atividades: assembleias da parte dos professores, reuniões do Diretório Central dos Estudantes (DCE) abertas à comunidade acadêmica e atos públicos de protesto. Para compreender as configurações da greve, que ainda está em curso, o Senso (in)comum foi em busca dos diversos movimentos envolvidos. De acordo com o professor Aurelino José Ferreira Filho, membro do Comando Local de Greve, a principal motivação dos grevistas é reivindicar a reestruturação da carreira. “A proposta é ampla e está pensada de forma que o professor inicie na carreira já com salário digno e adequado para o exercício da profissão docente”, explica. “Isso terá rebatimentos positivos na qualidade da educação brasileira e no ensino oferecido”, completa. Os debates sobre o aumento do piso salarial e a reestruturação da carreira existem há pelo menos dois anos. No fim de 2011, a categoria ameaçou iniciar uma greve mas, para evitar a para-

Ana Flávia Bernardes

Para Aurelino, a greve está coesa e consolidada

lisação imediata, o governo propôs um acordo emergencial. “Ele [o acordo] previa a correção de 4% sobre o salário dos professores, a incorporação de duas gratificações e o compromisso de efetivamente estruturar a carreira conosco, oferecendo como prazo final para este processo até 31 de março de 2012”, explica Ferreira Filho. O calendário previsto não foi cumprido, uma vez que a última reunião ocorreu em dezembro de 2011. Por isso, segundo ele, a categoria se mobilizou, organizou e realizou paralisações, até deflagrar definitivamente a greve.

Técnicos: outra pauta

O movimento grevista iniciado pelos professores foi acompanhado pelos técnicos administrativos em educação de diversas instituições federais. Na UFU, o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior (Sintet-UFU) deliberou pela paralisação das atividades a partir do dia 11 de junho. De acordo com José dos Reis, membro do Comando Local de Greve do Sindicato, o movimento não pretende apenas apoiar a greve docente, mas tem pauta específica. “Embora estejamos juntos [com os docentes], os pontos específicos de nossa carreira são diferentes”, informa. Segundo Reis, as principais reivindicações são reajuste salarial, racionalização dos cargos e reposicionamento dos aposentados. A categoria também questiona a contratação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) para administrar o Hospital de Clínicas e exige mais investimento em educação. “A grande preocupação é sobre em quais condições essa empresa virá para o HCU”, declara. No último dia 6, o Ministério do Planejamento e Gestão expediu orientações para controle de frequência dos Servidores Públicos Federais em greve. Com a ameaça de corte do ponto, o Comando Local de Greve do Sindicato se pronunciou a favor de intensificar a paralisação. “Avaliamos que essa é uma das greves mais fortes da nossa história. É uma greve unificada que tem

se fortalecido a cada dia, inclusive com a participação de outras entidades da educação pública”, resume Reis. Alfredo Júlio Fernandes Neto, Reitor da Universidade, afirmou que a administração não está de acordo com o corte do ponto dos grevistas. “Nós não entendemos que esse método vá minimizar o problema da greve, vai acirrar os ânimos. E não temos nem uma intenção de colaborar com esse tipo de atitude”, declara. Segundo o Reitor, a instituição é favorável à greve. “Somos totalmente solidários aos movimentos”, completa.

Apoio estudantil

O contexto também motivou a formação de um Comando Local de Greve Estudantil, após a deflagração do movimento definida em assembleia no dia 23 de maio. Fazem parte desse Comando membros do DCE, diretórios e centros acadêmicos e demais discentes não vinculados à essas entidades. Anteriormente a essa formação ocorreram assembleias nos cursos com o acompanhamento das discussões sobre o tema. Amanda Callegari é estudante de Psicologia, membro do DCE e passou a ser representante do Comando Local de Greve Estudantil. A aluna conta que a universidade está inserida no contexto de greve junto às demais instituições. “A UFU tem conseguido se mobilizar nacionalmente, acompanhar as negociações e as construções junto às outras universidades federais. A gente tem um comando local ligado com essas questões, forte, articulado com os campi avançados”, afirma Amanda. O Comando de Greve Estudantil funciona aliado ao Sintet-UFU e em parceria com a ADUFU. Uma das atividades promovidas foi a Aula Aberta, que contou com a presença de representantes das três entidades, fazendo uma avaliação da greve e abrindo espaço para a discussão com a comunidade. Semanalmente, são realizados também, no âmbito local, reuniões para elaboração do calendário de atividades unificadas e decisão a respeito de atos públicos com o intuito

de envolver os estudantes no contexto da paralisação. “Numa dessas ações, o comando espalhou cartazes pela universidade para fomentar a reflexão sobre o significado do período de greve”, diz Amanda. O período de greve é marcado por complicações, seja na questão do calendário letivo, ou em termos pessoais e profissionais. A movimentação econômica do entorno da universidade é afetada e os comerciantes precisam reformular estratégias de venda. Nesse sentido, Amanda afirma que apesar dessas questões pontuais o proveito é superior. “As perdas são momentâneas, mas os ganhos ficam, são pra sempre. O maior impacto da greve é trazer de novo para o cenário da universidade a discussão política”, opina. Entre as reivindicações dos discentes está a busca pela democratização e pelo diálogo dos estudantes com os demais órgãos da instituição. É o que conta Raíssa Dantas, membro do DCE, que explica uma das ações. “A gente realizou um ato em frente à reitoria para pressionar que a greve fosse debatida no Conselho Universitário, que é o nosso conselho máximo de debate e deliberação”, conta. Outra demanda diz respeito à assistência estudantil e a expectativa do Comando é obter garantias de que os estudantes consigam se manter na universidade. Além disso, o espaço físico figura como outra exigência. Raíssa aponta como principais problemas a falta de laboratórios e de salas para os diretórios acadêmicos. O professor Aurelino Ferreira Filho avalia que a greve está coesa e consolidada, porque conta com o apoio de outras categorias. “É muito importante para a categoria docente que os estudantes e os técnicos estejam em greve, porque isso evidencia o quanto o serviço público federal estava largado no ponto de vista do reconhecimento de valorização deste profissional”, argumenta. Ele comenta que o principal problema tem sido a precarização do trabalho e do ensino e reforça: “A greve dos discentes comprova que as nossas questões enquanto docentes estão corretas”, completa.


ENTREVISTA

Chapa UFU sem fronteiras – a mudança continua: Alfredo Júlio Fernandes Neto

Ana Flávia Bernardes e Cindhi Belafonte

lfredo Júlio Fernandes Neto, candidato a reitor da chapa UFU sem fronteiras – a mudança continua, cursou Odontologia na Universidade Federal de Uberlândia, mestrado na USP – Bauru, e doutorado na USP – Ribeirão Preto. É professor da Faculdade de Odontologia da UFU desde 1977 e, atualmente, ocupa o cargo de reitor.

Como o senhor analisa a gestão da UFU hoje? Uma gestão histórica que criou um novo método de administrar a universidade. Houve um aumento expressivo na qualidade e na avaliação dos cursos de pós-graduação e também na ampliação do número de vagas. Tivemos uma contratação muito grande de professores, atendendo ao REUNI e a expansão da universidade; contratação de técnicos administrativos. Entendemos que é um momento diferente, realmente democrático e sustentável. O que o senhor identifica como o maior desafio nesse contexto? Continuar fazendo uma universidade sem fronteiras de conhecimento, de liberdade, de direitos. Melhorar a produção científica, as condições de ensino, revendo periodica-

mente os projetos pedagógicos, capacitan- muita qualidade. do os técnicos e os professores e a manutenção de maior permanência do alu- A UFU possui três campi em Uberlândia, no com resultado acadêmico. o Glória em construção e um no Pontal. Qual é a perspectiva de melhoria na esQual é o foco central da campanha da trutura desses campi? Existe um projeto sua chapa? para tornar os espaços mais acessíveis Mostrar que a universidade é uma instituição aos portadores de deficiência? que não é de Uberlândia, é da nação, de todas O campus no Pontal, quando ingressamos as regiões do país, que tem que ser tratada na gestão, estava em início de obra e concom muita seriedade e competência. Estamos cluímos dentro de um projeto existente, procurando fazer essa consolidação, de uma que já foi modificado e ampliado e ainda se universidade democrática, com qualidade a to- mostra pequeno. No Glória tinha um projeda a comunidade externa e interna. to de 250 mil m2 que não tinha sido democraticamente debatido. Retornamos e O Governo Federal tem investido na elaboramos um de 3 milhões de m2. Já teEducação com a criação de novos campi mos três blocos em andamento e, tão logo e cursos. Como o senhor avalia os resulta- implementarmos o Glória, vamos começar dos de tal expansão, tanto do ponto de rediscutir o Umuarama e o Santa Mônica, vista estrutural, quanto da perspectiva que já ficaram antigos. Quanto à acessibilida qualidade do ensino? dade dos alunos com deficiência, um dos eiEssa expansão foi tímida, no primeiro mo- xos da nossa proposta é a ampliação, não só mento. No entanto, estamos buscando recu- de trânsito, como audiovisual, em laboratóperar esse tempo perdido ampliando pra rios, acervos de biblioteca. Patos e Monte Carmelo. A expansão tem sido feita com qualidade, com a contratação No que diz respeito à pesquisa e inovação, de professores, investimento em edifica- como o senhor avalia o quadro atual e o que ções, em equipamento e em biblioteca. Esta- achapapretende modificar/melhorar? mos de consciência tranquila de que A pesquisa na universidade é recente, é sigestamos oferecendo oportunidades com nificativa, com muito esforço dos nossos pesquisadores. Para melhorarmos essa produção precisamos investir mais no apoio aos projetos com escritório específico, profissionais especializados pra deixar o professor/pesquisador mais livre pra produzir. Temos que investir muito nos nossos alunos, na aprendizagem de uma segunda língua e fomentar a mobilidade dos nossos professores no Brasil e no exterior.

“Fazer essa consolidação, de uma universidade democrática, com qualidade a toda comunidade externa e interna”

Ana Flávia Bernardes

A sua chapa pretende incentivar as práticas de extensão como complementação à formação acadêmica, como o desporto, a cultura e a integração? De que forma? Essa é uma obsessão que temos, porque não entendemos a universidade como ensino, pesquisa e extensão e, sim, extensão, pesquisa e ensino. Precisamos estimular o esporte, não só como saúde, mas também qualidade de vida e uma maneira de integração. Esta é uma maneira fundamental de consolidar os conhecimentos adquiridos na universidade. Hoje há muitas políticas federais de incentivo à aprendizagem continuada, aos cursos de pós-graduação, lato e stricto sensu. Como o senhor enxerga a UFU dentro desse contexto? A UFU hoje já está bem inserida, todas as 31 unidades acadêmicas já têm um programa de stricto sensu a nível de mestrado, uma grande maioria já tem doutorado e, alguns, até pós-doutorado.Queremos continuar ampliando cada vez mais, porque a universidade não é mais transmissora de conhecimento; ela produz conhecimento e esse resultado tem sido muito gratificante. O Hospital de Clínicas da UFU é referência no atendimento de média e alta complexidade na região, porém sofre com a excessiva procura. O HC ainda é fonte de ensino e pesquisa. O que a sua chapa pre-

tende fazer para melhorar a situação do hospital? O Hospital de Clínicas é a esperança das pessoas mais carentes, mas precisa ser também um aparelho de formação de profissionais. O nosso hospital hoje é muito mais de serviço do que academia. Queremos fortalecer os cenários de prática de formação de ensino-aprendizagem na área de saúde e também nas unidades básicas de saúde e consolidar o investimento feito na renovação do parque tecnológico, para que ele continue sendo a referência, mas sempre oferecendo novos conhecimentos para a academia As reclamações mais comuns dos alunos se referem aos problemas do Restaurante Universitário e à disponibilidade de espaço físico. Quais são as propostas da sua chapa nessas áreas? Na universidade existia, até o ano passado, um único Restaurante Universitário no Santa Mônica, que foi construído na gestão do professor Ataulfo, tem mais de 20 anos. Existia um restaurante do hospital, construído também há mais de 20 anos. Nós construímos, esse ano, o Restaurante Universitário do Campus Umuarama. Estamos com um projeto pronto para construir no Santa Mônica e com o projeto já em licitação para o Pontal. E os espaços para os alunos, ainda temos esse desafio, que está na nossa carta proposta. Temos que dar todo tipo de apoio para as entidades que mantêm o aluno dentro do Campus com resultado acadêmico. Com relação ao atual contexto de greve. Como a sua chapa enxerga as reivindicações feitas por professores, técnicos administrativos e alunos em greve? De que forma a Reitoria pode participar das negociações? Entendemos, respeitamos, somos solidários e estamos apoiando os três movimentos grevistas paritários. Em Brasília, enquanto Reitor, junto da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais, ANDIFES, temos cobrado semanalmente do Ministério da Educação, do Ministério do Planejamento, que negociem porque a universidade está parada. Isso não é bom para a universidade, para a academia, para a pesquisa, para a extensão e para a sociedade. Por fim, o jornal Senso(in)comum é voltado para todos os estudantes da UFU. Que mensagem o senhor gostaria de deixar para eles? Queremos melhorar a condição de permanência do aluno, não é só questão de bolsa, é ter motivação, um projeto pedagógico compatível com aquele desejo de formação. Estamos propondo a construção de uma nova biblioteca no campus do Glória, uma no Santa Mônica pras humanas. Queremos continuar ampliando os Restaurantes Universitários Isso está na nossa proposta, escrita, compromissada. Estamos construindo a moradia estudantil, que deverá ficar pronta em setembro. Estamos fazendo pelos alunos, não discurso, mas cuidando de laboratório, de biblioteca, de restaurante, da moradia e da qualidade do ensino.


ENTREVISTA

Chapa Todas as Vozes: Rosuíta Fratari Bonito Lucas Felipe Jerônimo e Natália Nascimento

osuíta Fratari, candidata pela chapa Todas as Vozes, é natural de Ituiutaba, formada em Medicina, com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de Uberlândia. Trabalhou na Prefeitura de Uberlândia, de 1994 a 2004, na gestão pública e assessoria. É professora do Curso de Medicina da UFU, que também coordenou de 2005 a 2009.

Como a senhora analisa a gestão da UFU hoje? Infelizmente, a gestão da UFU não está respondendo aos anseios da comunidade acadêmica por inteiro. Não estamos sendo ouvidos nas nossas demandas. Temos a questão do estatuto, que não foi amplamente discutido. A gente entende que alunos, técnicos administrativos e que nós, professores, não estamos felizes de maneira geral com a atual administração. Ambientes mais saudáveis do ponto de vista da relação entre as pessoas e, nesse sentido, processos mais democráticos, com certeza, fariam as pessoas mais felizes. O que a senhora identifica como o maior desafio nesse contexto? Temos, na nossa carta programa, três princípios: o princípio da democracia, da qualidade acadêmica e do compromisso social. Para nós, precisa haver espaços mais de-

mocráticos e a questão do compromisso social. Qualidade acadêmica a UFU tem, é uma grande universidade, estamos classificados nas melhores do país. Temos que cuidar para que as pessoas se qualifiquem e tenham espaços físicos adequados para trabalhar.

se deu. Fomos contemplados com o Reuni e já expandimos, agora temos que pensar como esses espaços estão operacionalizando o papel da universidade, que é de ensino. Temos que pensar com que competência ela está fazendo isso, e se está conseguindo agregar os três segmentos em condições físicas, humanas e psicológicas Qual é o foco central da campanha da adequadas. sua chapa? Estabelecer relações democráticas dentro A UFU possui três campi em Uberlânda UFU e fora dela, com os movimentos so- dia, o Glória em construção e um no Ponciais. Na nossa plataforma, democracia é tal. Qual é a perspectiva de melhoria na muito importante, fortalece as relações nos estrutura desses campi? Existe um projeconselhos enquanto instâncias de decisão. to para tornar os espaços mais acessíveis Vamos retomar nossa relação com a socie- aos portadores de deficiência? dade, pois se é ela que nos financia, é a ela Nenhum prédio é construído hoje sem acesque temos que dar as respostas. Nosso se- sibilidade, e a gente está falando da deficiêngundo pilar é a qualidade acadêmica. Te- cia física. As outras deficiências, temos ainda mos que qualificar a formação dos recursos nesse campus (Santa Mônica); paestudantes voltada um pouco para os princí- ra os outros, isso ainda não foi possível. Espios da cidadania. ses três campi de Uberlândia passarão por processos de adaptação, quando o Glória fiO Governo Federal tem investido na car pronto. A gente vai poder rediscutir o Educação com a criação de novos campi que faremos do espaço aqui e, com certeza, e cursos. Como a senhora avalia os resul- todas as adequações necessárias pra que as tados de tal expansão, tanto do ponto de pessoas com deficiência sejam acolhidas a vista estrutural, quanto da perspectiva gente deve fazer. da qualidade do ensino? Fizemos uma expansão, fomos pra Ituiuta- No que diz respeito à pesquisa e inovaba, Monte Carmelo e Patos de Minas. Ago- ção, como a senhora avalia o quadro atura precisamos avaliar como essa expansão al e o que a chapa pretende modificar/melhorar? A UFU teve uma forte expansão na qualificação de docentes, um crescimento imenso da pós-graduação, isso traz uma responsabilidade maior: se tem um corpo docente qua“Estabelecer lificado, também traz a responsabilidade da pesquisa, da extensão e do ensino de qualirelações dade. Temos que expandir inovações, tecdemocráticas nologias e apoiar qualquer processo de crescimento, seja profissional ou pessoal dentro da UFU e das pessoas que estão com a gente nessa luta. fora dela, com os

fora dela, com os movimentos sociais”

A sua chapa pretende incentivar as práticas de extensão como complementação à formação acadêmica, como o desporto, a cultura e a integração? De que forma? A gente entende que a extensão é o tripé. A Olimpíada Universitária era um espaço muito interessante e mobilizava a cidade inteira. A UFU já foi palco de muitos movimentos culturais e a gente quer retomar isso. Tem a ver com o modo como os espaços podem ser ocupados. O espaço público da UFU é realmente público. Hoje há muitas políticas federais de incentivo à aprendizagem continuada, aos cursos de pós-graduação, lato e stricto sensu. Como a senhora enxerga a UFU dentro desse contexto? Temos cursos de altíssima qualidade e isso coloca a UFU em destaque no cenário nacional. Entendemos que o que a gente tem que fazer é continuar qualificando cada vez mais. Manter e, talvez, se for possível aperfeiçoar. Esse compromisso da qualidade acadêmica através dos cursos que ela pode estar propiciando é fundamental.

Natália Nascimento

plexidade na região, porém sofre com a excessiva procura. O HC ainda é fonte de ensino e pesquisa. O que a sua chapa pretende fazer para melhorar a situação do hospital? Garantir que esse espaço público realmente continue sendo um espaço de pesquisa, ensino e assistência. Isso a gente garante mantendo a gestão do hospital como uma gestão pública. Se o hospital padece de demanda excessiva, temos que entender qual é essa demanda e por que essas pessoas estão chegando lá precisando de uma média e alta complexidade. Na verdade, a melhor palavra não é ‘complexidade’ é ‘densidade tecnológica’. Precisamos pegar a atenção primária, que é feita no município de Uberlândia e em todos os municípios da região onde o nosso hospital é referência, e melhorar. O que está chegando são condições sensíveis à atenção primária e que não conseguiram ser resolvidas lá. O que temos que fazer, são parcerias fortes com esses municípios, e ajudá-los a ter condições de resolver 85% dos problemas lá. As reclamações mais comuns dos alunos se referem aos problemas do Restaurante Universitário e à disponibilidade de espaço físico. Quais são as propostas da sua chapa nessas áreas? Isso também faz parte da nossa carta compromisso: ampliar os RUs existentes e construir outros. Além disso, a gente pretende estudar o custo da refeição, ver se isso pode mudar ou não. O nosso compromisso é ampliar, porque muitas pessoas esperam às vezes uma hora na fila, e pensar na construção de espaços onde os estudantes que estão em outros lugares possam usufruir. Com relação ao atual contexto de greve. Como a sua chapa enxerga as reivindicações feitas por professores, técnicos administrativos e alunos em greve? De que forma a Reitoria pode participar das negociações? A gente está lutando por uma carreira melhor. Entendemos que os nossos salários devem ser dignos para nossas ações. Os estudantes tiveram uma participação extremamente solidária e os técnicos administrativos também estão em greve por pautas muito semelhantes às nossas. O momento de uma reitoria numa greve é de se mostrar solidária porque todos que estão ocupando esses lugares também são professores, é uma reivindicação justa.

Por fim, o jornal Senso(in)comum é voltado para todos os estudantes da UFU. Que mensagem a senhora gostaria de deixar para eles? A gente gostaria muito que todos os estudantes conhecessem nossa carta compromisso. Considerando que ao sermos eleitos, daremos pra UFU a garantia de uma reorientação por caminhos mais democráticos, mantendo ou expandindo a nossa qualidade e garantindo o nosso comO Hospital de Clínicas da UFU é referên- promisso social. É isso que um estudante cia no atendimento de média e alta com- deve ter: uma formação ética, cidadã.


ENTREVISTA

Chapa ParticipAção: Guimes Rodrigues Filho Lucas Felipe Jerônimo e Natália Nascimento

uimes Rodrigues Filho, candidato a reitor da chapa participAção, é natural da cidade de São Paulo, cursou Química na USP – Ribeirão Preto e pós-graduação, mestrado e doutorado na UFSCAR. Mudou-se para Uberlândia há 25 anos para trabalhar na UFU, é professor do Instituto de Química e do curso de Teatro. Segunda vez candidato a reitor, sendo a primeira em 2008.

espaços de decisões da UFU para que os mesmos sejam compostos de forma paritária, ou seja, 1/3 de técnicos administrativos; 1/3 de docentes e 1/3 de estudantes.

Qual é o foco central da campanha da sua chapa? O foco central é a participação efetiva da comunidade nas decisões mais relevantes. Deveria se criar um fórum de debates com a comunidade universitária que orientaria a Como o senhor analisa a gestão da UFU gestão da universidade nos assuntos macro. hoje? Para falar da gestão da UFU temos que fa- O Governo Federal tem investido na lar, pelo menos, nos últimos dez anos. É Educação com a criação de novos campi nesse período que o governo federal vinha e cursos. Como o senhor avalia os resulgestando um programa de expansão para as tados de tal expansão, tanto do ponto de IFES que culminou com o REUNI. O que vista estrutural, quanto da perspectiva observamos é que, de lá pra cá, há um dis- da qualidade do ensino? tanciamento entre a administração e a co- Somos totalmente favoráveis à expansão. munidade universitária. As decisões são No entanto, defendemos que ela deve ser tomadas pelos conselhos superiores com feita com qualidade. Do ponto de vista esuma formação não paritária, predominan- trutural e da qualidade, temos que observar do professores, com 70%. Para nós, essa o que ocorreu, por exemplo, no campus configuração carece de uma consistência Santa Mônica: recebemos mais alunos sem democrática. a infra-estrutura adequada. Isso confronta com a qualidade da oferta dos cursos. O que o senhor identifica como o maior desafio nesse contexto? A UFU possui três campi em UberlânO maior desafio é a paridade no conselho, dia, o Glória em construção e um no Ponpara que a gestão possa ser feita de uma for- tal. Qual é a perspectiva de melhoria na ma paritária. A reconfiguração de todos os estrutura desses campi? Existe um proje-

“Par ticipação efetiva nas decisões mais relevantes, criar um fórum de debates com a comunidade universitária”

Natália Nascimento

to para tornar os espaços mais acessíveis aos portadores de deficiência? É necessário ressaltar que a UFU possui, além dos campi citados, outros dois, Monte Carmelo e Patos de Minas. Nós temos um número de campi elevado, sem a estrutura adequada. A Universidade tem um plano de desenvolvimento aprovado, temos que respeitar essa decisão, porém reestabelecer prioridades. Hoje, em termos de infraestrutura, os campi avançados estão em situação mais precária. Temos que olhar para eles e para os cursos novos. E, em relação aos portadores de necessidade especiais, tem de cumprir a legislação, pois o acesso está muito restrito.

amente a finalidade de lucro e isso vai de encontro à missão da universidade. O hospital já vem fazendo um trabalho de melhoria da gestão que prioriza um alinhamento com a política do SUS, que entendemos ser o sistema ideal. Nesse sentido, entendemos, primeiro, que qualquer discussão de melhoria do hospital passa por uma discussão com a comunidade interna e externa, envolvendo os governos também. O problema dos hospitais universitários foi criado pelo governo federal, não é localizado, é de saúde pública do país. Mas é algo que se resolve a partir da participação efetiva da ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), ou seja, dos No que diz respeito à pesquisa e inova- reitores. Essa associação tem que ter uma ção, como o senhor avalia o quadro atual postura clara e firme e dialogar com o goe o que a chapa pretende modificar/me- verno, defender uma política pública de lhorar? saúde. A UFU é jovem no que diz respeito à pesquisa e inovação tecnológica. É preciso investir As reclamações mais comuns dos alunos no crescimento da Agência Intelecto e numa se referem aos problemas do Restauranrelação efetiva entre ela e a Incubadora de te Universitário e à disponibilidade de Empresas. É preciso criar um programa espe- espaço físico. Quais são as propostas da cífico de bolsas para a pós-graduação, assim sua chapa nessas áreas? como na iniciação científica. É preciso fazer Em nossas propostas, apresentamos expana adesão ao programa PIBIC de ações afir- são e construção de novos restaurantes mativas do CNPq, uma vez que possuímos o universitários, priorizando os campi avanPrograma PAAES, etc. çados. A questão do espaço físico, por exemplo, no campus Santa Mônica poderá A sua chapa pretende incentivar as práti- ser melhor dimensionada à medida em que cas de extensão como complementação for ocorrendo a ocupação do campus Glóà formação acadêmica, como o despor- ria. Em relação aos novos campi, a infraesto, a cultura e a integração? De que for- trutura precisa de um planejamento que ma? englobe as necessidades imediatas, bem A extensão, apesar de ter avançado, ainda como uma projeção para o futuro. precisa ser uma prática de todas as unidades acadêmicas, de forma que haja um en- Com relação ao atual contexto de greve. volvimento mais efetivo com a Como a sua chapa enxerga as reivindicacomunidade externa. A UFU estaria reco- ções feitas por professores, técnicos adnhecendo que a formação acadêmica de ministrativos e alunos em greve? De que um aluno poderia ser melhor se o mesmo forma a Reitoria pode participar das nedesenvolvesse trabalhos com a comunida- gociações? de. Um problema que deve ser também en- Nossa chapa é totalmente favorável ao mofrentado é a inclusão da extensão na carga vimento e entende que a greve é um instruhorária dos docentes e técnicos administra- mento legítimo de reivindicação dos tivos. trabalhadores. A administração da universidade tem que estar alinhada com o moviHoje há muitas políticas federais de in- mento grevista no sentido de ser uma centivo à aprendizagem continuada, aos instância de interlocução, que procure cursos de pós-graduação, lato e stricto através da ANDIFES contribuir para a sensu. Como o senhor enxerga a UFU abertura dos canais de diálogo com o godentro desse contexto? verno e, mais do que isso, precisa se posiciA UFU vem crescendo muito. No entanto, onar de forma firme em defesa do as principais ofertas são de cursos lato sen- movimento. E nós queremos ressaltar que su pagos e essa é discussão que precisamos fomos a única chapa que solicitou formalfazer da forma mais ampla. A pós-gradua- mente junto à Comissão Especial o adiação stricto sensu precisa ser reforçada e mento da consulta eleitoral em respeito ao uma dessas possibilidades é proporcionar movimento grevista. um sistema de bolsas para alunos de baixa renda. Além disso, defendemos também a Por fim, o jornal Senso(in)comum é reserva de vagas para técnicos administrati- voltado para todos os estudantes da vos nos cursos stricto sensu. UFU. Que mensagem o senhor gostaria de deixar para eles? O Hospital de Clínicas da UFU é referên- No programa apresentamos a proposta cia no atendimento de média e alta com- de criação da Pró-Reitoria de Assuntos plexidade na região, porém sofre com a Estudantis, sendo este um dos maiores excessiva procura. O HC ainda é fonte avanços para tratar das reinvindicações de ensino e pesquisa. O que a sua chapa dos estudantes. Além disso, propomos pretende fazer para melhorar a situação que todas as instâncias de decisões da do hospital? UFU contemplem a configuração paritáA nossa chapa é contrária à privatização. A ria. É dessa forma que temos que dirigir criação de uma empresa significa necessari- a universidade.


ENTREVISTA

Chapa Ética, Autonomia e Compromisso Democrático: Elmiro Santos Resende

Ana Flávia Bernardes e Cindhi Belafonte

lmiro Santos Resende é candidato a reitor pela chapa Ética, Autonomia e Compromisso Democrático. É formado em Medicina pela UFU, com mestrado e doutorado em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP). Foi vice-reitor da UFU na gestão 2004/2008.

Como o senhor analisa a gestão da UFU hoje? Tivemos uma expansão muito grande, o que trouxe uma diversidade enorme de problemas que devem ser solucionados. Ao longo do tempo, fomos adotando ferramentas cada vez mais eficazes para a gestão, que também sofreram um processo de aprimoramento. Hoje precisamos, além de consolidar esse aspecto, introduzir questões referentes aos campi avançados, porque ali ainda temos detectado vários problemas. O que o senhor identifica como o maior desafio nesse contexto? Remodelar a universidade para que ela seja, ao mesmo tempo, local do ensino, da pesquisa e da extensão. A possibilidade de colocar estes três aspectos em ação de forma balanceada é muito difícil. Afinal de contas, há uma necessidade grande de recursos. Precisamos

reordenar a casa para que a pesquisa atinja A UFU possui três campi em Uberlândia, um patamar de qualidade e também de repre- o Glória em construção e um no Pontal. Qual é a perspectiva de melhoria na essentação daquilo que se produz. trutura desses campi? Existe um projeto Qual é o foco central da campanha da para tornar os espaços mais acessíveis aos portadores de deficiência? sua chapa? Tentar recuperar das pessoas, de todos os O campus Glória é um sonho antigo. A segmentos que compõem a universidade, construção desse porte demanda tempo, teum pouco da sua autoestima. Há vontade mos que discutir internamente para saber de inovar, de criticar, de debater as ideias, quais cursos deverão ir ou se teremos um de tornar a UFU cada vez mais fervilhante, posto avançado apenas. Com relação aos não apenas no ponto de vista científico, campi de Monte Carmelo e Patos de Minas, mas também cultural, pois as manifestações ainda estão em fase inicial, mas devem ser artísticas são fundamentais para que a uni- continuados e atender a demanda local, vamos discutir esse assunto e implementar. versidade se qualifique. Com relação ao Pontal, a situação é um pouO Governo Federal tem investido na co diferente, ele já está em fase de implantaEducação com a criação de novos campi ção, a questão é adaptar às necessidades dos e cursos. Como o senhor avalia os resulta- cursos. Sobre as adaptações para os portadodos de tal expansão, tanto do ponto de res de deficiência física, já melhoramos, mas vista estrutural, quanto da perspectiva precisamos ainda implantar muita coisa. da qualidade do ensino? O problema maior é conseguir a qualidade No que diz respeito à pesquisa e inovaque queremos ter em todo esse projeto de ex- ção, como o senhor avalia o quadro atual pansão. Sobre os campi avançados, um desa- e o que a chapa pretende modificar/mefio é consolidar a expansão dos cursos. Ainda lhorar? temos muitos problemas: falta de laboratóri- Em termos gerais, o Brasil avançou muito os, faltam professores, mas essa consolidação na pesquisa, principalmente em quantidatem que ser feita com esforço de gestão para de. Na qualidade e na repercussão, ainda temos muito que avançar. O problema é o da depois pensar no que virá pela frente. inovação tecnológica. Na ultima gestão da qual participei criamos um centro dedicado à inovação tecnológica. Queremos criar condições para facilitar um pouco a vida dos professores recém-chegados, que precisam de apoio, tanto na elaboração, quanto no encaminhamento das pesquisas.

Cindhi Belafonte

As reclamações mais comuns dos alunos se referem aos problemas do Restaurante Universitário e à disponibilidade de espaço físico. Quais são as propostas da sua chapa nessas áreas? O Restaurante Universitário do jeito que está já melhorou bastante, mas ainda existe o problema das filas, que são muito grandes. É preciso analisar porque elas existem e encontrar medidas para melhorar a situação. Outra questão é o custo da alimentação. A idéia é cobrar exatamente o necessário.

Com relação ao atual contexto de greve. Como a sua chapa enxerga as reivindicações feitas por professores, técnicos administrativos e alunos em greve? De que forma a Reitoria pode participar das negociações? Nossa posição é de total respeito. Não temos uma carreira bem estruturada de professores, os salários iniciais não atraem. Com relação ao movimento dos técnicos administrativos, também há uma defasagem salarial e existem outras questões que se precisam rever. Com relação aos estudantes, o apoio é fundamental. O estudante é e sempre foi a grande força transformadora da universidade. Ou acreditamos nos movimentos estudantis, ou teremos uma universidade muito empobrecida. A reitoria pode participar das negociações através de seus fóruns. Enquanto chapa, temos Hoje há muitas políticas federais de in- conversado com várias pessoas daqui e de centivo à aprendizagem continuada, aos fora no sentido de que estes canais de necursos de pós-graduação, lato e stricto gociação permaneçam abertos. sensu. Como o senhor enxerga a UFU dentro desse contexto? Por fim, o jornal Senso(in)comum é volO processo de formação tem que ser renova- tado para todos os estudantes da UFU. do periodicamente. Nós formamos a pessoa, Que mensagem o senhor gostaria de deia colocamos no mercado de trabalho, mas es- xar para eles? tes cursos têm que ser incentivados. A outra Que nunca abandonem o espírito de reivinquestão é a pós-graduação stricto senso: essa dicação, não se deixem calar por forças de necessidade de ligar não só a formação soci- qualquer momento, trabalhem juntos com al, mas também a geração de pesquisa de alto esse espírito coletivo que vocês desenvolvenível. Temos que incentivar e dar um jeito pa- ram. Vamos convidar a todos para que enra que estas pesquisas possam fluir. tendam que pode existir uma universidade aberta, livre e criativa, com a participação O Hospital de Clínicas da UFU é referên- de todo mundo. A sua chapa pretende incentivar as práticas de extensão como complementação à formação acadêmica, como o desporto, a cultura e a integração? De que forma? Sem dúvidas. Em visita à Faculdade de Educação Física tivemos a oportunidade de verificar isso: temos atletas já colocados na elite que precisam não só de motivação, mas de situações de competitividade. A cultura é outro aspecto muito importante, não se pode conceber a universidade sem que as culturas componham este cenário. Vamos discutir com a área, implantar projetos. Considero sempre que a extensão é um projeto especial de pesquisa voltada para a solução imediata de problemas e, ao mesmo tempo, damos condições às populações mais carentes de participarem de determinadas ações.

“Há vontade de inovar, de criticar, de debater ideias, de tornar a UFU cada vez mais fer vilhante”

cia no atendimento de média e alta complexidade na região, porém sofre com a excessiva procura. O HC ainda é fonte de ensino e pesquisa. O que a sua chapa pretende fazer para melhorar a situação do hospital? A questão da superlotação não é bem verdade. O volume de demanda diminuiu, estamos atendendo uma população de 2 a 3 milhões de indivíduos na média e na alta complexidade. Precisamos ver a incorporação da tecnologia no hospital, o que não quer dizer que não vamos cuidar da atenção a nível primário. Na nossa concepção, não pode haver uma lacuna, porque isso prejudica o processo de formação das pessoas que estudam ali. O volume de pesquisa que produzimos dentro do complexo hospitalar é muito grande. Precisamos atrair pessoas para este tipo de atividade para que a extensão e a assistência consigam inovar do ponto de vista de produção de conhecimentos.


COMPORTAMENTO

Séries de televisão atraem público brasileiro

Da sala de aula aos grupos na internet, seriados despertam interesse e criam vínculos

Lucas Felipe Jerônimo

dem se desenvolver em episódio único ou se manter ao longo de uma temporada. São diversos formatos: os seriados de drama, as minisséries, as comédias ou sitcoms e os reality shows. A produção desse tipo de programa no Brasil ainda é limitada e não atende à demanda dos telespectadores. É quando entra em cena a migração desse indivíduo para as obras estrangeiras pela opção de um programa diferenciado em relação às novelas que podem duLucas Felipe Jerônimo rar até oito meses com capítulos de Estudante de Medicina, Matheus é fã do seriado médico Grey's Anatomy segunda a sábado. A produção em série Quem nunca se viu aficionado por uma sé- e descontínua dessas narrativas fornece um ritmo rie de TV?! Geralmente de 20 ou 40 minutos, as mais ágil. Para a professora Naiara Duarte, as sériséries e os seriados são produtos que se apresen- es fazem sucesso por fornecerem elementos que tam como tramas de começo, meio e fim e que po- levam o público se identificar com a história e

com os personagens: “Esse sucesso independe da narrativa fragmentada, pois existem algumas séries que são impossíveis de compreender sem ter assistido desde o começo”, afirma. Sobre a procura por outros conteúdos, Naiara completa: “As pessoas não têm mais tempo de acompanhar novelas, claro que elas ainda têm seu público, mas eu pelo menos deixei de acompanhar há muito tempo. Não só por esse motivo mas também pela baixíssima qualidade das tramas”. Matheus França do Espírito Santo já pensou em cursar Relações Internacionais, mas, a princípio, pela remuneração escolheu o curso de Medicina. O aluno fez a opção a partir da vontade de se aprofundar na área e, ainda, com uma leve inspiração no seriado norte-americano Grey’s Anatomy (Anatomia da Grey, em português) que apresenta a rotina de um hospital da cidade de Se-

attle. Matheus fez o terceiro período de Medicina e, hoje, reflete a respeito da sua decisão. “Eu vi o tanto que é bom poder ajudar uma pessoa, inclusive uma das minhas pretensões é participar dos Médicos Sem Fronteiras”, diz. Na internet, um grupo chamado Viciados em Séries reúne os interessados em compartilhar informações do universo da ficção. O criador do grupo Leonardo Akyra é formado em Psicologia pela UFU e lembra como surgiu a ideia. “Sempre tive vontade de discutir e trocar informações sobre o assunto e há 15 anos isso não era tão fácil. Comecei participando de canais do IRC, depois em listas de discussão por e-mail, fóruns especializados e outros lugares da rede. Sinto que hoje é mais comum acompanhar um seriado que antigamente, pelo menos entre meus amigos”, opina.

Este é o Meu Garoto

Paz, Amor e Muito Mais

Sessão Pipoca 360°

Lucas Felipe Jerônimo

O Diário de Tati

O filme reúne histórias dinâmiDonny teve um filho na adolesDiane é uma advogada que vive Baseado num quadro de sucescas e modernas sobre amor e incência, Todd, e o criou como em Nova York e há 20 anos não so e estrelado por Heloísa Péfidelidade, passadas em diversas pai solteiro até que o rapaz comfala com a mãe, Grace. Após o rissé, o filme brasileiro conta a partes do mundo. Dirigido por pletasse 18 anos. O tempo passa divórcio, decide levar seus filhos, história de Tati, uma adolesFernando Meirelles, começa em e, depois de não se verem por Jake e Zoe, para conhecerem a cente típica. Durante o verão, Veneza e passa por Paris, Lonanos, o mundo de Todd começa avó. Grace vive como uma hipela quer esconder que terá de dres, Rio de Janeiro, Bratislava, a desabar na véspera de seu casapie em uma fazenda em Woodsfazer recuperação em matemáDenver e Phoenix. O elenco conta com Jude tica e ainda tem que dar conta de conquistar o mento quando o pai reaparece de surpresa. Com tock e, apesar do choque cultural, eles ficam na Law, Anthony Hopkins e a brasileira Maria Flor. Zeca, o garoto popular da escola. Estreia dia 24 Adam Sandler e Andy Samberg, estreia dia 31 de fazenda mais do que o planejado. Estreia dia 14 Estreia dia 17 de agosto. agosto. de setembro. de agosto.

Senso Musical

Ana Flávia Bernardes

The Offspring ‐ Days go by

A banda punk rock dos EUA The Offspring lançou, em junho, o disco “Days go by”. O produto estava previsto para 2009, quando os músicos Dexter Holland, Noodles,Greg K. e Pete Parada começaram a trabalhar nele. Diferente do último álbum, neste o estilo pop rock se destaca.

Página Aberta

Cindhi Belafonte

Para Seguir Minha Jornada Chico Buarque ‐ Regina Zappa

Produzido pela jornalista e escritora Regina Zappa, o livro é uma espécie de biografia ilustrada sobre a vida do cantor e compositor Chico Buarque. Com fotos e documentos do acervo pessoal do artista, a obra reconstitui momentos da história de um dos ícones da música nacional.

Maroon 5 ‐ Overexposed

A banda Maroon 5 produziu o disco mais pop e diversificado da sua carreira, de acordo com Adam Levine. Lançado em abril deste ano, o Overexposed tem músicas de um estilo mais dançante e agitado. O CD traz 13 faixas, sendo a última “Moves like Jagger”, com a participação de Christina Aguilera.

Desde que o samba é samba ‐ Paulo Lins

O Rio de Janeiro no final dos anos 1920 é o pano de fundo para o enredo de Paulo Lins. Lançado pela Planeta do Brasil, o romance conta a história da origem do samba, da formação do primeiro bloco de Carnaval e da vida boêmia que cercava a capital carioca na década de 30.

Chris Brown ‐ Fortune

O cantor norte-americano Chris Brown, considerado um dos maiores expoentes da black music, conseguiu chegar, em julho deste ano, no topo das paradas britânicas com seu quinto álbum. “Fortune” mistura pop, rap e dance, apresentando músicas que vem agradando fãs e apreciadores.

Em algum lugar do paraíso Luís Fernando Veríssimo

Com bom humor e requinte literário, Luís Fernando Veríssimo trata nessa obra sobre o peso do tempo, sobre os efeitos do acaso e as consequências das escolhas e decisões pessoais. O livro é lançamento da editora Objetiva e reúne mais de 40 crônicas do autor.

Penso, logo clico!

Lucas Felipe Jerônimo

Quer deixar as suas fotos com um visual diferente?! Este site apresenta uma maneira simples de edição através de filtros. Você pode deixar a sua imagem com uma aparência antiga, colocar efeitos esFoto editada no Pixlr‐o‐matic peciais ou montagens e ainda escolhe uma moldura diferente de acordo com a ocasião. http://pixlr.com/o-matic Prata da casa: um blog com narrações acerca da literatura produzido por dois estudantes de Jornalismo da UFU. Você encontra de tudo um pouco: posts sobre filmes inspirados em livros; as novidades do mundo da literatura; resumos, reviews e críticas e ainda listas com as melhores indicações separadas por temas. http://doisleitores.blogspot.com.br Portal de educação com dicas sobre profissões. Auxílio para orientar a escolha por uma carreira, com informações sobre novos cursos, financiamento estudantil, pós-graduação e mercado de trabalho. Apresenta games, vídeos, podcasts, quiz e notícias diárias. http://www.ligadonafacul.com.br Desafia a velha história de que moda é somente de interesse feminino. Um site baseado nos cuidados visuais e estéticos, e ainda nos fabricantes de roupas, sapatos, acessórios e produtos de beleza. Pretende guiar os membros do sexo masculino, independente de sua orientação sexual, na hora de se vestir. http://modaparahomens.com.br O site Hypeness divulga os conteúdos mais inovadores em áreas como arte, design, negócios, cultura, entretenimento e tecnologia para a galera que trabalha na área da criação: de arquitetos a estilistas, de ilustradores a publicitários. http://www.hypeness.com.br


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