Senso (in)comum 09

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Lucas Felipe Jerônimo

JORNAL‐LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFU ● ANO 02 ● Nº 09 ● ABRIL‐MAIO/2012

Apesar de garantido por lei, o acesso pleno à universidade ainda não é realidade para os por tadores de deficiência [4] ATUALIDADES: Aumenta número de pessoas que optam por alimentação sem produtos animais [3]•Polêmica marca mudança na gestão do HCU [6]•Ciência da Computação promove jornada científica [6] CULTURA & LAZER: Atividades físicas são opções para universitários [7]• Comportamento na rede: existe certo e errado? [8] • Confira dicas de cinema, livros e música [8]


Editorial

Acesso restrito

Há poucas décadas o mundo abriu os olhos para enxergar que nem todas as pessoas são iguais e, mesmo assim, cada uma tem o direito de construir a sua vida como deseja, desde que isso não prejudique aos outros. Na educação superior, isto significou ampliar o acesso aos bancos escolares para pessoas que, de muitas maneiras, haviam sido privadas desta oportunidade. Nesse grupo encontram-se portadores das mais diversas deficiências, motoras, auditivas, visuais. Contudo, esta ampliação não pode ser calcada apenas em decisões jurídicas, ela deve ser sustentada pelos poderes públicos com investimentos que permitam adequar espaços, formar pessoal

VOZES

qualificado e realizar campanhas de conscientização. Fazer valer a Constituição Brasileira que garante a educação como direito de todos, exige grandes esforços, de muitas instâncias. Oferecer apenas o aparato legal, sem garantir o mínimo necessário para seu cumprimento, significa continuar mantendo o acesso à universidade restrito a poucos. Nesta edição, o Senso (in)comum abraça esta luta, discutindo os avanços e dificuldades da UFU para oferecer acessibilidade aos seus alunos. Também passamos a oferecer uma versão em áudio dos textos do jornal impresso, disponível no Blog do Senso.

VOZES

Inovação “Eu sou um ponto de acesso 4G”. É o que dizia em algumas camisetas que causaram polêmica no South by Southwest (SXSW) deste ano, um festival de música, cinema e novas tecnologias que ocorre anualmente no mês de Março em Austin, no Texas, EUA. A polêmica se deu porque as pessoas que vestiam essas camisetas não trabalhavam no evento, tampouco estavam ali para aproveitar o festival. Eram, de fato, objetos. Pontos de acesso 4G, no sentido mais cru da descrição. Saiu no Le Figaro: a empresa de comunicação BBH Labs teve uma iniciativa que considerou “inovadora” no festival com a Homeless Hospot Operation, uma campanha de caridade. Nos EUA, a venda de jornal impresso na rua é um meio de vida convencional para os sem-teto. Por meio da campanha, a BBH quis oferecer a eles uma nova opção de trabalho: “Nós acreditamos que oferecer serviço digital renderá a esses indivíduos mais dinheiro que produtos impressos”. Como? Transformando os moradores de rua em ponto de WiFi. Isso mesmo. Durante o festival, cada desabrigado participante da campanha carregava um roteador fornecido pela BHH junto ao corpo, por baixo de uma camiseta. A intenção era estabelecer uma rede de conexão sem fio pelo festival. A lógica era a seguinte: se você estivesse passeando pelo evento e quisesse acessar a Internet por meio de smarthphone ou tablet, bastava mandar um SMS para o número indicado na camiseta do

Bazinga!

Viver para escrever Lucas Felipe Jerônimo

A função jornalística exige do profissional o equilíbrio no que diz respeito ao envolvimento com o assunto a ser retratado. Se um repórter pretende mostrar os problemas enfrentados pela população em um hospital público, ele não pode se deixar levar pelo calor da emoção dos diálogos com os pacientes e esquecer de mostrar o outro lado, o da administração. Outro dia, esse mesmo repórter pode vir a falar sobre crianças que precisam de ajuda num abrigo mal estruturado por conta de desvio de verbas; o tom da reportagem muda, é de denúncia e a aproximação é outra. Para escrever uma reportagem sobre o consumo vegetariano, nada melhor do que viver a experiência de passar 40 dias sem comer carne. O mais interessante desse caminho é perceber

que as dificuldades que os entrevistados passam diariamente, foram bastante parecidas com as que vivi nesse período. São os restaurantes comuns com opção limitada, as lanchonetes com apenas uma ou duas variedades de salgados, e a constatação de que nos supermercados, os semiprontos não apresentam uma alternativa totalmente verde. A escolha por se alimentar de carne ou não deve ser pessoal e acompanhada de uma reflexão íntima, que ultrapasse a degustação e sobretudo a digestão. Acredito que ouvir relatos de quem mudou radicalmente a sua alimentação pode ilustrar e, quem sabe, despertar a motivação para fazer a experiência. A partir disso, cada um pode escolher que tipo de alimento vai lhe satisfazer.

Natália Faria

sem-teto mais próximo. Por 2 dólares (3,60 reais) você podia se conectar à rede por quinze minutos e ainda contribuir com os moradores de rua, já que era com eles que ficava o dinheiro obtido através da operação. O episódio teve intensa repercussão na Internet. A principal crítica diz respeito à exploração dos sem-teto pela empresa; a redução deles a meros objetos. No entanto, os moradores de rua, que são os mais interessados, consideraram a experiência boa. Em depoimentos, eles demonstraram satisfação, dizendo que o festival rende um pouco de dinheiro e permite que eles entrem em contato com as pessoas. Será que esse “pouco dinheiro” seria suficiente para que eles comprassem o próprio equipamento que ajudavam a vender nessa operação de marketing bizarra? E será que esse desejo de pertencer à sociedade, sair do isolamento, não poderia ser atendido de outra forma? O SXSW movimenta, só na economia local, crescentes 100 milhões de dólares ao ano. O que impede um evento desse porte de promover a inclusão digital no lugar da exclusão? Onde estão os gênios que inventaram Twitter, Foursquare e tantos outros aplicativos e ferramentas revelados nesse festival? Por que não uma camiseta com os dizeres “Estou conectado com o mundo” e uma iniciativa que faça jus à ideia? Seria mais humano, e não menos tecnológico. Isso sim seria inovar.

VOZES

Crônica de viagem Desceu com o pé direito naquela terra estranha. Não sabia o que lhe esperava, mas era melhor não contrariar as superstições. Parecia que havia borboletas em seu estômago. Mas nessa altura já tinha se acostumado àquela sensação: já as sentia revirando fazia quatro meses, desde que descobrira que Portugal seria sua próxima morada. Nunca saíra da casa dos pais, nunca morara sozinho, ainda mais em outro país. A língua certamente não seria uma dificuldade, mas a distância dos amigos e da família poderia ser tornar uma preocupação. Pelo menos no início. Mas estava decidido a dar uma chance àquela experiência. Nos primeiros dois meses achou que aquilo não mudaria em nada a sua existência. Que, depois de um ano em terras estrangeiras, voltaria o mesmo, sem tirar nem por. Mas o tempo tem o seu próprio modo de agir. Agora, sete meses depois, ainda não era tempo de fazer as malas e desembarcar no Brasil. Ainda tinha mais quatro meses no país de Camões, mas via que já não era o mesmo: tinha crescido sem ver. Via o mundo com a cabeça

Arthur Franco

mais aberta. Conhecera gente dos quatro cantos do mundo. Tomou café da manhã com asiáticos, almoçou com europeus e jantou com americanos. Conheceu outros modos de vida, outras maneiras de interpretar uma mesma situação. Tocou na Torre Eiffel, ouviu o badalar do Big Bem, comeu pastéis de Belém, nadou na outra margem do Atlântico. Viu muitos lugares de tirar o fôlego. E então entendeu que não eram as cidades européias ou os lugares que haviam o mudado. Foram as pessoas que habitavam nesses lugares. Foi conhecer os costumes, as crenças, o modo de encarar a vida de pessoas muito diferentes. E se deu conta de que o intercâmbio foi a melhor coisa que já lhe aconteceu. Percebeu que depois de ver o mundo não se quer mais criar raízes, não se quer voltar a ter a cabeça fechada. A dica que ele passa? Não ter medo, porque o medo sempre te puxa para trás. O medo do novo, do desconhecido é normal, mas que, a partir do momento que se deixa ele de lado, um infinito de possibilidades aparece.

Stella Vieira

Expediente

instituição

colaboração

Reitor: Alfredo Julio Fernandes Neto/ Diretor da Reportagem e redação: Aline de Sá, Ana Gabriela FACED: Marcelo Soares Pereira da Silva/Coorde- Faria, Brunner Macedo, Felipe Saldanha, Lívia O jornal-laboratório Senso (in) Comum é nadora do curso de Jornalismo: Adriana Omena Rodrigues Machado, Natália Faria, Natália produzido por discentes, docentes e técnicos Nascimento, Paula Arantes, Thiago Lima e do curso de Comunicação Social – habilitação equipe Rassendil Júnior / Opinião: Arthur Franco, Lucas em Jornalismo da Universidade Federal de Editora-chefe: Ana Spannenberg (MTb 9453) Felipe Jerônimo, Natália Faria e Stella Vieira / Uberlândia, como projeto de graduação e /Reportagem, redação e edição: Cindhi Belafonte Fotografia: Ana Gabriela Faria, Cindhi Belafonte, atividade curricular. e Lucas Felipe Jerônimo/Arte e Diagramação: Lívia Rodrigues Machado, Lucas Felipe Jerônimo e Paula Arantes Danielle Buiatti

As imagens que foram utilizadas na página 8, nas seções Senso Musical, Página Aberta, Sessão Pipoca e Penso, Logo Clico, são de divulgação. Tiragem: 2000 exemplares Impressão: Imprensa Universitária/Gráfica UFU E-mail: sensoincomumufu@gmail.com Blog: sensoincomumufu.blogspot.com Twitter: @_sensoincomum Telefone: (34) 3239-4163


ALIMENTAÇÃO

Cresce consumo vegetariano na UFU

Procura pela opção à carne apresentou aumento nos últimos meses

restringir demais os ingredientes a serem usados nas receitas. O estudante do 5º período de Artes Visuais da UFU, Guilherme Bernardes Cirino Gomes, é vegetariano há cerca de dois anos e meio. A opção por abandonar a carne se deu a partir de pesquisas em sites sobre a consciência animal. O aluno consome vegetais e cereais, e no final do ano passado, decidiu retirar o leite e o queijo da sua dieta, e afirmou ainda que tende a ingressar na vertente do veganismo (que não consome produto algum de origem animal). Guilherme costuma comer em casa, mas quando se alimenta fora, procura seguir a dieta. “De vez em quando eu vou à lanchonete, geralmente ali tem um salgado de soja, eu Fotos: Lucas Felipe Jerônimo gosto, mas tem gente que fala Guilherme optou por abandonar a carne a partir de pesquisas sobre que é ruim”, comenta. consciência animal Um desafio comum paA terceirização do trabalho no Restauran- ra quem decide seguir o vegetarianismo diz respeite Universitário (RU), ocorrida no inicio de to à disponibilidade de cardápios adequados ao 2010, trouxe novidades para o processo de produ- seu consumo, visto que a maioria das receitas ção das refeições, entre elas, a opção para quem apresenta carne vermelha ou itens como presunnão ingere carne. A demanda pelos pratos vegeta- to, bacon e frango. Para muitos, a solução é procurianos aumentou nos últimos meses. Com o intui- rar por pratos com proteína de soja, muito to de evitar que falte a alternativa para os alunos, comum na substituição da carne, ou então reforfoi feita uma pesquisa com os estudantes, assim mular receitas. que eles entravam no restaurante. A convivência em um ambiente de predoInicialmente eram servidas apenas saladas minância carnívora pode ser um desafio. A profesvegetarianas, à base de grãos: soja ou grão-de-bi- sora do Instituto de Filosofia, Kátia Cunha, co. Aos poucos o cardápio foi sendo aperfeiçoa- começou a dieta vegetariana há um ano, por uma do, como conta Silmara Lopes do Nascimento, motivação espiritual, a partir da sua introdução nutricionista do RU. “Hoje a gente serve o arroz ao reiki, um método de cura natural pelas mãos, integral, o feijão, a guarnição que é a mesma usa- que trabalha com a energia. Para Kátia, esse comeda para o cardápio geral. Essa guarnição geralmen- ço não foi fácil. “Eu venho de uma família que cote é um legume ou uma verdura, pode ser cozida me carne, muita carne, todos os aniversários são ou assada e a opção vegetariana que seria uma op- festejados com churrasco, bebidas. Então eu senti ção à carne, sempre é à base de soja, grão de bico, muita dificuldade de achar restaurantes que tiveslentilha, ovo, leite”. O regime utilizado para a con- sem comidas, que tivessem muitas saladas ou cofecção das refeições do RU segue o estilo ovolac- midas que eu pudesse substituir, como soja”, tovegetariano. A decisão foi tomada para não explica. A professora não tenta convencer as pes-

soas a aderirem ao vegetarianismo, mas afirma que a experiência lhe rende benefícios. “Comecei a ver também que a pele melhorou, a necessidade também de beber água e essa ideia de alimentos mais saudáveis, tudo melhorou”, disse.

Decisão

Lucas Felipe Jerônimo

ções vegetarianas”, conta. A sua alimentação depende sempre dos ambientes de gravação, pode ser uma estrada, o centro da cidade ou a periferia, dessa forma, o horário de comer e o cardápio variam muito. “muitas vezes, acabo almoçando sanduíche de queijo, ou um prato de arroz, feijão e batata frita, que é o que tem”, relata. Apesar disso, o jornalista destaca a biodiversidade do Brasil no que diz respeito aos vegetais e reforça que o com o tempo o indivíduo apura o paladar para as sutilezas dos sabores desses alimentos. “Existem infinitas combinações possíveis. O importante é não descuidar de proteínas, ferro, vitamina B12, que são elementos muito presentes nas carnes, mas que podem ser substituídos com uma dieta vegetariana equilibrada”, diz. O repórter relata ainda que os resultados dos exames médicos sempre foram muito bons: os índices de colesterol, glicose e triglicérides são baixos, e nunca apresentou falta de nutrientes. Fabio brinca que os vegetarianos comem muito bem, até mesmo em churrascarias. “Uma boa churrascaria tem, sempre, muita salada – embora não seja agradável ver os animais assados nos espetos, pra lá e pra cá... Também está cada vez mais comum, ao menos em São Paulo, encontrar restaurantes vegetarianos. Acho que é uma questão de querer. Se você quer, você muda de vida. Falta do que comer não é desculpa”, conclui.

Fabio Turci é repórter da TV Globo e atua na sede da emissora em São Paulo. Vegetariano convicto há 14 anos, Fabio parou de consumir todo tipo de carne em 1998. A decisão partiu de uma reflexão na época da faculdade, sobre a necessidade de matar um animal para a própria alimentação. O repórter diz que se sente bem física e espiritualmente com a opção e afirma “se você tem vontade de parar, seja por filosofia de vida, seja por achar que o vegetarianismo faz bem à saúde, experimente. Conheça. Isso fundamenta sua decisão”. Fabio é ovolactovegetariano, eliminou todas as carnes e frutos do mar da sua dieta, e consome, do reino animal, apenas leite e ovos. No que diz respeito à variedade de receitas, o jornalista diz que é possível variar bastante na forma de preparo. “Os vegetais – e o Brasil tem muitos – não servem só pra fazer salada. Você pode cozinhar, grelhar, fritar, refogar, assar, fazer massas, risotos, tortas, mousses, suflês, tudo sem carne alguma”. Na rotina como repórter, Fabio não possui horário fixo de trabalho, e nem horário para terminar a jornada do dia, o fato de estar em diversos lugares torna mais difícil manter uma rotina alimentar diferenciada. “Às vezes, conseguimos parar num restaurante self-service e eu faço um prato bem adequado. Mas, muito frequentemente, a gente come em padarias, bares ou restaurantes muito simples, que não têm a mesma oferta de opções. Aí, eu percebo como o hábito alimentar padrão é baseado nas Kátia relata que apesar das dificuldades, a dieta vegetariana traz benefícios carnes. São raras as op- para a saúde

Ciência Sem Fronteiras oferece bolsas fora do país

Candidatos devem passar por seleção na UFU e aprovação da instituição internacional Natália Faria

A UFU aderiu, em 2011, ao Ciência Sem Fronteiras (CSF), programa do Governo Federal que oferece bolsas para os universitários estudarem fora do país, com o objetivo de promover a expansão da ciência e da tecnologia brasileira por meio da mobilidade internacional. De acordo com a Secretária Executiva da Diretoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (DRII) da UFU, Denise Duarte, para primeira chamada, que foi aberta somente para os EUA, a instituição teve 17 inscritos. “A Universidade foi feliz na candidatura dos estudantes, aprovou todos, sendo que apenas dois ficaram para o meio do ano. A segunda chamada aprovou 66 estudantes”, afirma. Os cursos que mais têm aprovado bolsistas

são as Engenharias. A secretária explica: “Isso porque a prioridade do programa tem sido por estudantes da área de desenvolvimento tecnológico. Mesmo assim, a partir de dezembro do ano passado, o CSF acrescentou a Indústria Criativa como uma área prioritária também, que contempla Música, Dança, Teatro, Comunicação Social, dentre outros cursos”. Até o momento, o CSF ampliou a abrangência internacional, oferecendo bolsas para Austrália, Coréia do Sul, Bélgica, Itália, EUA, França, Reino Unido, Espanha e Portugal. Para ser um bolsista do CSF, o estudante deve comprovar à Coordenação de seu curso que atende aos requisitos do edital que pretende concorrer e, após isso, participar de uma pré-seleção realizada pela Diretoria de Relações Internacio-

nais e Interinstitucionais (DRII) da Universidade. Uma vez aprovada, a candidatura do participante é homologada por esses órgãos, e então o estudante fica apto a concorrer às bolsas com candidatos de todo o Brasil. O último passo é ser aprovado pela Instituição Internacional vinculada com a chamada para a qual o estudante se inscreveu. “Diante da documentação apresentada, são as universidades estrangeiras que avaliam e selecionam os candidatos”, explica Denise Duarte, Secretária Executiva da DRII. Conforme Denise, a DRII está à disposição dos estudantes para esclarecer dúvidas com relação às chamadas. Ela, porém, recomenda: “Antes de nos procurar, o estudante deve ler o edital com calma”.

SAIBA MAIS

A DRII fica no Bloco A, na sala 1A 239. Os interessados também podem entrar em contato por e-mail ou telefone: secretaria@dri.ufu.br 3239-4536 ou 3239-4541


VIDA UNIVERSITÁRIA

Acessibilidade na UFU ainda é desafio

Estudantes com deficiência enfrentam dificuldades para garantir seu direito à educação Aline de Sá, Brunner Macedo, Cindhi Belafonte e Lucas Felipe Jerônimo

Fotos: Lucas Felipe Jerônimo

Lázara Cristina explica que cada aluno surdo precisaria de dois intérpretes por dia

A acessibilidade é um direito fundamentado no princípio constitucional de igualdade dos cidadãos e assegurado pela lei 10.098/2000. Ela garante que pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade limitada, temporária ou definitiva, possam circular em espaços públicos com segurança e autonomia. Segundo dados da Diretoria de Administração e Controle Acadêmico (DIRAC), a UFU conta com 18 alunos que se declaram portadores

de alguma deficiência. Para atender às necessidades destes cidadãos, a universidade tem passado por um processo de reestruturação dos espaços, seguindo as diretrizes de acessibilidade estabelecidas na Norma Brasileira de Acessibilidade 9050 (NBR 9050 – ver quadro abaixo). De acordo com Ana Beatriz Lima, arquiteta da instituição e responsável pela reforma de boa parte dos espaços, a adaptação dos campi conforme a legislação é uma tarefa difícil. “Você

pode pegar os projetos antigos, a gente não vê rampas, têm muitos degraus, têm muitos desníveis, não tem elevador. Então é difícil adaptar.” Ela argumenta que algumas reformas demandam muito espaço, o que é difícil de obter em alguns prédios já construídos. Em relação às alterações realizadas nos projetos originais, a arquiteta relata que têm sido implantadas rampas de acesso, elevadores ou plataformas que garantem a circulação em todos os pavimentos dos prédios, além de adaptações nos sanitários. Essas reformas facilitam a circulação de pessoas com deficiências motoras, mas ainda não resolvem o problema do acesso aos deficientes visuais. Para estes, a recomendação mínima é que haja uma pista podo tátil, que é um piso específico composto por dois padrões: direcional e alerta. Entretanto, apesar das propostas existentes, a implantação deste sistema está comprometida pela configuração atual dos campi. “Nas calçadas mais antigas é complicado, porque tem a questão das raízes das árvores. Você precisa de um espaço razoável, as calçadas são estreitas, as raízes impedem a gente de colocar esse piso”, comenta Ana Beatriz. Amanda Cristina Silva, aluna do 3º período do curso de Relações Internacionais utiliza cadeira de rodas para se locomover pela universidade e enfrenta problemas para circular pelo campus. A estudante adquiriu autonomia para transitar sozinha através do uso de uma cadeira motorizada, entretanto, as dificuldades não são menores. O curso de Relações Internacionais possui sua secretaria no segundo andar do bloco J, que não é adaptado com rampas nem elevador. Toda vez que Amanda precisa de alguma informação é necessário que alguém chame um funcionário da secretaria até o térreo. Além de circular entre buracos e calçadas irregulares, a aluna precisa fazer as aulas no térreo ou no bloco 3Qque possui rampas. Nos blocos com elevadores, a dificuldade é que eles não funcionam o tempo todo e, muitas vezes, estão interditados. Isso ocorre no bloco G, por exemplo, onde Amanda faz aulas de inglês na Central de Línguas (Celin). Ela explica que, em breve, precisará mudar de sala devido ao mau funcionamento do ele-

vador. “Eu acho que cada bloco devia ter rampa e elevador [...] pelo menos a rampa não estraga”, ironiza. Outra reclamação da estudante diz respeito ao uso da área reservada aos portadores de deficiência nos banheiros como depósito por parte da equipe de limpeza, que acontece nos sanitários de diversos prédios.

Igualdade

Além de adaptações físicas previstas nesta normatização, a instituição tem vivenciado ajustes que visam cumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Esta legislação determina que portadores de qualquer necessidade especial tenham acesso, em condições de igualdade, ao ensino educacional regular. Atualmente a UFU possui três alunos surdos na graduação, nos cursos de Letras, Matemática e Química e três na pós-graduação, um de doutorado e dois de mestrado na área de Educação, mas não possui intérprete para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). As pessoas surdas utilizam a língua de sinais para se comunicar, ter acesso ao conteúdo e como recurso de avaliação. O que faz com que a presença de um intérprete seja um direito desses estudantes. Para tentar solucionar a questão, o Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE), órgão que trabalha em parceria com a UFU na abordagem direcionada ao aluno com necessidades especiais, abriu concurso no final de 2011 para duas vagas de intérpretes. Entretanto, apenas uma intérprete foi aprovada e a outra vaga está em suspenso aguardando recurso judicial impetrado por um dos candidatos, por isso o concurso ainda não pode ser concluído. Lázara Cristina da Silva, coordenadora do centro, explica que o ingresso de alunos surdos na UFU é recente, e anteriormente não existia o cargo de intérprete nas instituições federais. “Com a criação do cargo, a UFU conseguiu duas vagas para técnico intérprete de libras. Foi liberado o concurso, mas nós não tivemos quantidade de aprovados suficiente para preencher as vagas”, relata.

O que torna um lugar acessível? Acessível é o “espaço, edificação, mobi- venciado por qualquer pessoa, inclusive aque- para garantir a acessibilidade na construção e algumas das normas que precisam ser cumpriliário, equipamento urbano ou elemento, que las com mobilidade reduzida”. No Brasil, a adaptação de edificações, mobiliário e equipa- das para garantir acesso irrestrito no espaço da possa ser alcançado, acionado, utilizado e vi- norma que estabelece os critérios observados mentos urbanos é NBR 9050, de 2004. Confira universidade.

Ana Spannerberg


gua materna. Além da intérprete, ela também tem uma monitora que a acompanha durante as aulas para facilitar o aprendizado. Mas Joiciene acredita que um professor bilíngüe facilitaria muito o processo de ensino. “Professor bilíngue é uma nova realidade que os surdos e eu também almejo, é uma aprendizagem mais atrativa”, afirma.

Dificuldades

Letícia, a intérprete, faz o sinal que significa "aprender" e Joiciene, articula o sinal para "libras"

O problema, para a coordenadora, está no número reduzido de intérpretes com formação. A equipe do CEPAE tem feito uma busca ativa por profissionais da cidade, mas são poucos até o momento. Os encontrados são contatados e recebem bolsas fornecidas pelo MEC/Sesu para atuar junto aos estudantes recebendo R$ 40 por hora. “Isso demonstra que nós temos que investir na formação de intérpretes. A faculdade tem que criar algum curso de formação porque senão não vamos conseguir suprir a demanda”, argumenta. Os cursos mais próximos estão localizados nas capitais, como Belo Horizonte, Goiânia e Brasília. Segundo estimativas do CEPAE, cada aluno surdo precisaria de dois intérpretes por dia. Joiciene Alves Batista é deficiente auditiva e estudante do primeiro período de Letras. Quando ingressou na UFU, em fevereiro de 2012, a aluna passou duas semanas sem o auxílio de intérprete, tentando apreender o que era exposto, sem compreender a fala do professor. A universidade, em parceria com o CEPAE, providenciou uma intérprete que agora acompanha Joiciene em sala de aula. “Se o intérprete não estiver, eu não consigo acompanhar todo o conteúdo”, afirma a aluna, que concedeu entrevista mediada por sua intérprete, Letícia Leite. Com a intérprete é possível seguir o ritmo da classe e dos colegas, afirma a estudante, que também pode tirar dúvidas. “Os professores entendem a minha diferença, participam e existe uma troca. A comunicação flui, eu participo de todas as aulas”, entusiasma-se. Para a estudante, acostumada à Libras, a maior dificuldade na universidade diz respeito à sua relação com o português, por não ser sua lín-

Os estudantes com deficiência também têm atendimento educacional especializado. Na Biblioteca Central, localizada no Campus Santa Mônica, por exemplo, existe um setor que conta com estagiários nos três turnos para recebê-los e auxiliar nas pesquisas. Os estagiários são treinados pelo CEPAE para realizar o atendimento. As demais bibliotecas da UFU, porém, não disponibilizam tal serviço. Outra ajuda vem dos alunos com bolsas de monitoria, que colaboram no que é necessário durante e depois das aulas, seja para ler um texto, acompanhar os estudos ou ajudar a organizar um trabalho. Os monitores não são especializados ou recebem treinamento obrigatório e são recrutados pelas coordenações de curso. Em caso de dificuldades, estudantes com deficiência e monitores, podem procurar o auxílio do CEPAE e recebem orientação. Por outro lado, esses alunos enfrentam dificuldades no cotidiano da universidade. Késia Pontes, aluna do curso de mestrado em História da UFU, é deficiente visual e estuda na universidade desde 2004. No decorrer dos oito anos, a estudante não considera que houve muitas melhoras na acessibilidade do Campus Santa Mônica. Segundo ela, a maior parte dos pisos táteis, que facilitam a locomoção de deficientes visuais, foi feita fora dos padrões da ABNT e as escadas de alguns blocos, como o 5O, são vazadas e representam perigo para pessoas como ela. “Falta muito dialogo entre a reitoria e as pessoas com deficiência, após sofrer acidentes já fiz cartas, reclamações, mas nunca melhorou nada”, afirma. Na biblioteca, os deficientes visuais enfrentam o problema da falta de computadores com leitores de telas que os auxiliam no acesso às páginas virtuais. Késia afirma que as máquinas são poucas e antigas. “Eu já tentei ver alguns DVDs lá, mas não consegui porque a memória é baixa e o computador trava”, relata. Além disso, reclama que, por ser um espaço muito amplo, a biblioteca é mal sinalizada para os deficientes visuais. Para a estudante, é importante que a universidade esteja bem preparada para receber e lidar com alunos com deficiências, mas a preparação só se consegue

realmente através do contato. “É preciso que o profissional tenha informação para que não caia na piedade nem trate o deficiente com indiferença”, afirma. Os alunos com deficiência visual e física passam por diversas dificuldades cotidianas, afirma a coordenadora do CEPAE, Lázara Cristina. “Nós temos sérios problemas de acessibilidade, desde rampas que são muito inclinadas, calçadas que têm corrimão só no meio e não nas duas laterais, rampas que dão acesso às calçadas com placas em frente, quando pessoas que precisam de cadeira de rodas para se locomover sobem na calçada, não conseguem ir pra lado nenhum porque o piso é totalmente irregular”, descreve. Outro item para o qual a coordenadora do CEPAE chama a atenção são os elevadores, que deveriam funcionar como facilitadores da rotina dos cadeirantes e das demais pessoas com dificuldade de locomoção, entretanto, a maioria não permite o manuseio independente por parte do usuário. Outro empecilho é a interdição dos equipamentos, sem aviso prévio e sem data de retorno do funcionamento. Lázara alerta para a ampliação das necessidades: “Não são só as pessoas com deficiência que precisam de um lugar acessível, hoje a gente pode ter uma necessidade, e aí sim é especial e específica, temporária”.

Infraestrutura

A Prefeitura Universitária da UFU (PREFE) é o órgão responsável pela manutenção da infraestrutura (prédios, sistema viário, áreas de circulação, etc.) e prestação dos serviços de apoio, como limpeza e conservação, telefonia, transporte, jardinagem, vigilância entre outros. É dela também a responsabilidade pela adequação da infraestrutura para os portadores de deficiência.Segundo Renato Alves, prefeito de Campus, a legislação brasileira que determina a acessibilidade para deficientes é recente. Assim, tem sido feito um trabalho de adequação dos prédios antigos para atender as necessidades exigidas. As novas construções, no entanto, já estão sendo arquitetadas de acordo com as especificidades determinadas pela lei. “No Campus novo já está tudo adaptado, já aprovamos o plano diretor do campus Glória com todos os recursos”, conta. Nos demais campi, as reformas são realizadas na medida do possível e dos recursos financeiros conquistados. “Nós temos que adequar 152 sanitários para cadeirantes. É um volume que extrapola a possibilidade imediata”, explica. Quanto às reformas realizadas nos últimos meses no Campus Santa Mônica, a gerente de projetos da Divisão de Projetos da Diretoria de Infraestrutura da UFU, Elaine Saraiva, destaca

a construção de plataformas de travessias elevadas. “As travessias foram feitas com dois intuitos: acessibilidade, que é você promover a livre circulação de qualquer cadeirante pelo campus, por meio dos passeios, e redução de velocidade de veículos dentro do campus, porque a gente teve três casos de atropelamento”, explica. Para a coordenadora do CEPAE, apesar dos desafios a serem superados, o saldo da acessibilidade na universidade é positivo. “A gente já tem bastante avanço, nós já temos alunos com deficiência na universidade, realizando o curso com fluxo natural. Por mais que tenham barreiras arquitetônicas, atitudinais, e até conceituais, a gente tem quebrado essas barreiras, eles têm entrado, têm conseguido se formar”, conclui Lázara.

Universo UFU Atualmente estão matriculados e com vínculo 18 alunos com algum tipo de deficiência declarada, segundo dados da Diretoria de Administração e Controle Acadêmico: 7 alunos com deficiência física (motora) 5 alunos com baixa visão 2 alunos com deficiência visual (cegueira total) 1 aluno com deficiência auditiva parcial 1 aluno com surdez 2 alunos com outras necessidades

Espaço Solicitações ou reclamações sobre inadequações na infraestrutura nos campi universitários devem ser encaminhados para a PREFE, localizada no bloco J, campus Santa Mônica, fone (34) 3239-4358.

Fotos: Lucas Felipe Jerônimo


INSTITUIÇÃO

Proposta de nova gestão para HCU divide opiniões

Reitoria defende adesão a empresa pública; movimentos estudantil e sindical são contra Felipe Saldanha, Lívia Rodrigues Machado, Thiago Lima e Rassendil Júnior

cria a EBSERH, ao permitir a cessão de servidores da UFU, tranquiliza a administração da universidade, “porque os nossos servidores não terão nenhum prejuízo”. Ele ainda interpreta que alguns questionamentos contra a EBSERH não cabem nessa situação, como a possibilidade de ocorrer uma “privatização da saúde”, uma vez que a empresa é pública. Sobre o apoio às atividades voltadas para os estudantes, ele garante que “a empresa, como consta no artigo 4º da legislação, deverá propiciar todas as condições para o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão”.

Reação da sociedade

Lívia Rodrigues Machado

Para Darizon, vice‐reitor da UFU, não há possibilidade de ocorrer uma “privatização da saúde”

A Reitoria da UFU estuda contratar a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) para administrar o Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU). A proposta já foi aprovada pelo Conselho Administrativo do hospital. A previsão é que o Conselho Universitário (CONSUN), que deve decidir sobre a contratação, delibere sobre o assunto em maio. A EBSERH, criada pela lei nº 12.550/2011, é uma empresa pública dotada de personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio. Com sede em Brasília e atuação em todo o território nacional, tem entre suas finalidades a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, inseridas integral e exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A empresa também prestará auxílio a instituições públicas federais em atividades referentes ao ensino, pesquisa e extensão. Segundo acórdão de 2006 do Tribunal de Contas da União (TCU), órgãos da administração pública federal direta, bem como as autarquias e fundações públicas – como é o caso da UFU, devem substituir os terceirizados por servidores

concursados. O vice-reitor da Universidade, Darizon Alves de Andrade, explica essa situação. “Ao longo do tempo, nós tínhamos muitos servidores de fundações nas secretarias, aqui e ali. E o TCU entende que nós não devemos ter servidores de fundações assumindo responsabilidades que são dos cargos do RJU”, diz, referindo-se ao Regime Jurídico Único, ao qual estão submetidos os servidores da instituição. A UFU conseguiu resolver este problema em suas fundações, menos no caso da Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (FAEPU), que atua no Hospital de Clínicas. “É impossível tirar as pessoas hoje de lá. Se eu tirar 1.370 pessoas, eu vou reduzir o atendimento à metade. E aí eu causo um caos no atendimento público”, diz o vice-reitor. Ele ainda destaca que com a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, passa a existir uma solução para esse caso. “Não estamos defendendo que seja a melhor solução, mas uma solução passa a existir”. A adesão à EBSERH pela universidade seria, segundo o vice-reitor, a única alternativa da instituição para cumprir com as exigências do TCU. Segundo Darizon, o artigo 7º da lei que

A proposta de contratação da EBSERH tem levantado discussões. Para o movimento estudantil, o governo deve manter com investimento público as atividades educacionais do HCU. A estudante Jacqueline Paiva, integrante do Diretório Acadêmico Domingos Pimentel de Ulhôa (DADU), ligado ao curso de Medicina da UFU, afirma que a EBSERH possibilitaria ao governo captar recursos externos para financiar essas práticas, o que poderia gerar conflitos de interesses. Ela ainda afirma que “o poder público tem capacidade de gerir o hospital” e que são necessárias “pessoas competentes para administrar o que é público”. O movimento estudantil realizou uma manifestação contrária à contratação da empresa. “Nem o DA nem os estudantes sabiam que isto seria votado”, diz Jacqueline. Ela relata que, em uma semana, a proposta foi aprovada no Conselho do hospital e levada em março ao Conselho Universitário, que optou por adiar a votação. “O que se exige é que essas medidas sejam discutidas por todos”, completa. Com este intuito, estão sendo realizadas assembleias com os estudantes para pensar alternativas à adoção da EBSERH. O Sindicato dos Trabalhadores TécnicoAdministrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (SINTET-UFU) também é contrário à proposta de mudança da gestão do HCU. Para José Veridiano de Oliveira, da coordenação geral do sindicato, falta clareza na lei que criou a EBSERH. “Enquanto a gente não en-

tender o que ela realmente vai ser, a gente não quer parar de discuti-la”, afirma. Uma das críticas é contra o regime previsto para os funcionários a EBSERH, o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A entidade defende que as contratações deveriam ser feitas sob o Regime Jurídico Único. Segundo Oliveira, há uma preocupação com a “precarização do trabalho”, uma vez que contratações e demissões seriam mais simples por meio da CLT. Outro questionamento do sindicato é quanto ao fato de a administração de todos os hospitais universitários ficar concentrada em Brasília. De acordo com Oliveira, isso iria ferir o princípio da descentralização do SUS, previsto na legislação. O sindicalista afirma também que a fixação de metas para a empresa prejudicará as funções de ensino dos hospitais.

Histórico do HCU O Hospital de Clínicas de Uberlândia foi inaugurado em 26 de agosto de 1970, como uma unidade hospitalar de ensino para o curso de Medicina. Suas atividades se iniciaram apenas em outubro do mesmo ano, com 27 leitos disponíveis. Com a constituição de 1988, o hospital passou a atender pacientes do SUS na emergência e em tratamentos de alta complexidade, tornando-se o único hospital público regional aberto 24 horas. Hoje, o HCU conta com 530 leitos e mais de 3000 funcionários, sendo o maior prestador de serviços pelo SUS do estado de Minas Gerais e o terceiro maior dos 46 hospitais universitários federais. A unidade de saúde é referência a nível regional, abrangendo cerca de três milhões de pessoas de 86 municípios do Triângulo e Alto Paranaíba. Fontes: Darizon Alves de Andrade, vicereitor da UFU, e site do HCU

Jornada da Computação apresenta tendências de TI Alunos também tiveram oportunidade de apresentar projetos inovadores para empresas Cindhi Belafonte

O Diretório Acadêmico da Computação (DACOMP) realizou na UFU, entre os dias 11 e 14 de abril, a quinta edição da Jornada da Computação. O evento, que ocorre anualmente com o apoio da faculdade vinculada ao curso (FACOM), teve como objetivo aproximar os estudantes do cotidiano da profissão. Neste ano, além das palestras com profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI), a jornada contou com minicursos de programação, mesas redondas para discutir o futuro do profissional na área e um campeonato de jogos. Os participantes também tiveram a chance de apresentar projetos inovadores para empresas potencialmente investidoras e de assistir a uma palestra ministrada por dois membros da Wikipedia Brasil. “Como o mercado de computação é muito amplo, a gente tenta abranger o máximo possível das tendências

que tem em tecnologia”, explicou Heldson Luiz da Silva, Diretor Geral do DACOMP. Humberto Henrique Monteiro é aluno do curso de Gestão da Informação e participa da jornada há dois anos. Para ele, o evento é importante para a formação profissional. “As várias atividades que acontecem durante o evento trazem um conhecimento interessante, uma visão diferente de várias áreas. Isso pode nortear bastante o que se fazer no futuro e é sempre uma forma de fazer contato”, pondera. O coordenador do curso de Ciência da Computação, Ronaldo Castro Oliveira, considerou relevante a participação dos alunos. “É extremamente importante para que o aluno tenha uma vivência maior em relação a esse contato com o mercado de trabalho e que ele possa se interessar mais, principalmente por coisas que ele vê além

da sala de aula”, reforça. Segundo ele, a coordenação e a direção da faculdade pretendem continuar apoiando os próximos eventos. “A ideia é talvez transformar essa jornada em algo um pouco maior, algo crescente nessa parte de produção científica e acadêmica também”, completa. Para Heldson, o principal desafio é conseguir patrocínio. “A gente tem um custo muito alto para trazer os palestrantes, então precisa do apoio de empresas do ramo da tecnologia em Uberlândia”, relata. Em relação à participação dos alunos, o diretor declara que gostaria que houvesse um número maior de interessados, pois a intenção do diretório é oferecer perspectivas diferentes do mercado de trabalho. “Eu acho importante que os alunos tivessem aderido mais, mas a gente está contente com a participação deles”, conclui.

Cindhi Belafonte

Mesa de abertura contou com a presença do diretor geral do DACOMP (Heldson Luiz da Silva), do coordenador do curso de Ciência da Computação (Ronaldo Oliveira) e com o diretor da Faculdade de Computação (Ilmério Reis da Silva)


SAÚDE

Universidade incentiva prática de atividades física

Esporte, dança e musculação são algumas das opções oferecidas

Ana Gabriela Faria

tempo e a distancia de locais apropriados são alguns dos motivos. A Divisão de Esportes e Lazer Universitário (DIESU), apóia, estimula e desenvolve programas, projetos e atividades para universitários e técnicos de todos os campi da UFU. Atualmente, a DIESU, com objetivo de atender à crescente procura e necessidade esportiva e de lazer da comunidade universitária, está montando equipes de treinamento na UFU, abertas a todos nas modalidades: vôlei, basquete, futsal, handebol e corrida de rua. Na Universidade, há também Fotos: Ana Gabriela Faria academia, o projeto Carlos Eduardo diz que a prática potencializa o aprendizado e ajuda a desestressar Vida Ativa, no campus Durante a preparação para entrar na facul- Santa Mônica, aulas de dança, campeonatos espordade, o habito de praticar atividades esportivas e tivos dentre outras opções. As atividades não têm de lazer dos estudantes é prejudicado pela árdua custo nenhum para os alunos e técnicos e vêm agrerotina de estudos. Mesmo após o ingresso na uni- gando cada vez mais participantes. versidade, muitos alunos ainda encontram dificulCláudio Gomes Barbosa, técnico de desdades em abandonar a vida sedentária. A falta de porto da DIESU, afirma que os projetos de ativi-

dades físicas oferecidos pela UFU ultrapassa o incentivo à prática de esportes. “Nosso objetivo vai além de incentivar a pratica esportiva, queremos também promover a integração entre os estudantes da faculdade e fazer com que eles se encontrem através do esporte”, afirma. Para os estudantes, a prática de esporte dentro da universidade torna-se mais que uma maneira de manter a forma e a boa saúde e também de relaxar no intervalo entre uma aula e outra. Entretanto eles questionam o quadro de horários. Lucas Sartini Silva, aluno do quinto período do curso de Ciências Contábeis e participante do projeto “Dançando na UFU”, afirma que a atividade “é uma forma muito boa de descontrair durante os estudos e, olhando pelo lado técnico da dança, o projeto oferece uma boa base para quem é apaixonado por dança e nunca teve oportunidade de aprender”. Porém, relata que vem encontrando dificuldades para encaixar os horários da dança e das aulas. Alguns estudantes optam pelos exercícios e atividades que a UFU oferece por falta de tempo e também pela questão financeira, visto que os projetos são gratuitos “Como fico na faculdade muito tempo e ainda trabalho, não teria outro momento para fazer atividades físicas em outro lugar e nem dinheiro para pagar essas três atividades”, conta Letícia França, estudante de Jornalismo que pratica ginástica localizada e dança.

dos estudos, é o que diz o estudante de Educação Física e praticante de musculação, Carlos Eduardo Silva. A disponibilização de ambientes e professores capacitados para ensinar as práticas esportivas a qualquer aluno e técnico da universidade é uma alternativa para implantar uma rotina de atividades físicas na vida dos participantes. “Particularmente, pratico esporte para relaxar e por gostar da musculação”, diz ele, argumentando que “a implantação desses projetos, é uma estratégia bem válida”. O estudante acredita que tais atividades não podem ficar restritas aos campus Educação Física e, sim, levadas a todos os campi, pois é um meio de inserção da prática de exercício regular e de todos os benefícios que o esporte carrega na vida dos universitários.

Benefícios

A prática de esporte é fundamental para a saúde, potencializa o aprendizado e também pode ser um momento de fuga do stress do trabalho e

Cláudio afirma que objetivo é promover integração entre estudantes e incentivar o esporte

Simulador da bolsa insere jovens no mundo das ações Brincadeira de gente grande ajuda a entender o funcionamento do mercado econômico

Paula Arantes

Paula Arantes

O universitário acessa sua conta a qualquer hora do dia, seja do notebook ou do celular

Os investimentos no mercado financeiro sempre foram associados à incerteza e ao risco de perda de grandes quantias em dinheiro. É para evitar esse tipo de preocupação que surgiram os simuladores da bolsa de valores, que apresentam em tempo real as cotações da Bovespa – Bolsa de

Valores de São Paulo. Com dinheiro fictício, qualquer pessoa pode investir nas empresas que possuem ações, e com isso, entender como funciona as negociações do pregão. Essa ferramenta é aconselhada para aprender o funcionamento do mercado de compra e venda de ações e simular a realidade para quem tem curiosidade e vontade de investir, mas não quer arriscar dinheiro de verdade. Décio Fagundes, aluno do 8º período do curso de Engenha Mecatrônica da UFU, é um desses casos. Ele ainda não investe na bolsa com dinheiro real e vê, no simulador, a oportunidade para aplicar o conhecimento adquirido em vários cursos que já realizou em uma corretora local da cidade. “Sempre tive curiosidade de interagir com isso porque eu acho que é uma forma de rendimento de dinheiro bem melhor do que as outras que a gente tem hoje em dia”, afirma Décio. Já a estudante do 8º período de Economia da UFU, Juliana Duarte, descobriu os simuladores ao cursar, neste semestre, a disciplina “Mercado de capitais”. A discente conta que toda semana, durante 90 dias, os alunos devem movimentar suas contas, comprando e vendendo ações. “Eu não sabia mexer, não sabia nem o que era ação. Aos poucos a gente aprende como que mexe, compra, vende e eu estou gostando muito”, conta Juliana. Além disso, na hora de investir,

ela revela que todos devem arriscar: “a gente tem a obrigatoriedade de ser arrojado. No simulador, a gente ganha 100 mil reais virtuais, então você pode perder tudo ou fazer esse 100 mil crescer”. Ao entrar no simulador, cada investidor tem um perfil e um objetivo e, consequentemente, um prazo de operação diferente dentro da bolsa. Há quem invista a longo prazo, há quem prefira investir por um curto período de tempo e há também os que compram e vendem ações diariamente. Definidos os perfis, todos devem saber de antemão o que esperam e para quando esperam os resultados. O professor do curso de Economia da UFU, Guilherme Costa, já teve experiência com simuladores e diz que qualquer pessoa pode aprender a mexer, mas não são todos que conseguirão ser habilidosos o suficiente para compreender o vai e vem da bolsa. “O aluno que decide entrar nessa área precisa ter uma certa habilidade, não só de matemática, estatística, mas também gostar de ler muito, porque você tem que ler não só materiais em português, mas também em inglês. Tem que ser atento a tudo que acontece no mundo pra tentar captar com alguma antecedência como rumores nos lugares mais remotos do mundo podem afetar as ações que ele está investindo aqui. Essa sensibilidade não é nata”, reforça o docente.

Uma das principais funções do simulador, segundo o professor, é testar se a pessoa tem vocação para o mercado econômico. Ele recomenda principalmente para os alunos de economia, mas revelou ao Senso (In) Comum que os mais bem sucedidos vêm das áreas de engenharia, estatística e matemática. “A maioria dos analistas que eu conheço que são bem sucedidos, realmente tem uma formação que não é a de economista necessariamente”, mas ressalva, “nada que impeça um economista de ser habilidoso dessa forma”. Quando se trata de investir na bolsa com dinheiro de verdade, Décio e Juliana são bastante diferentes. O futuro engenheiro revela que está treinando para investir no mercado financeiro: “[o simulador] é uma forma interessante de aplicar um pouco do que você aprendeu para começar a ter mais segurança”. E é decidido: “vou mexer na bolsa, com certeza”. Juliana discorda: “Quem está disposto a correr risco, acho que pode investir de verdade, mas particularmente, não quero mexer com isso”, completa. O Mercado financeiro abre às 10h e fecha às 17h, mas outras atividades acontecem antes e depois desse horário. Ficou curioso e quer começar a investir? Acesse o site www.investpedia.com.br e aprenda mais sobre a bolsa de valores e quais estratégias você pode utilizar.


NA REDE

Netiqueta e a norma do bom comportamento na internet

A existência de regras para se relacionar no mundo virtual divide opiniões

Lucas Felipe Jerônimo

Para Diego, exposição da vida íntima é atitude mais inadequada

A internet oferece atualmente uma série de ferramentas que permitem que usuários de toda a rede estejam em contato e possam interagir de diversas maneiras. As redes sociais estão em alta e a oportunidade de compartilhar fotos, vídeos, imagens e texto permite ao usuário expressar a sua opinião, e marcar sua personalidade. Assim como nas interações físicas, os ambientes virtuais possuem regras de comportamento. A liberdade para compor a sua própria linha do tempo é um dos princípios fundamentais de algumas redes. Entretanto, para que os demais usuários que compartilham o ciberespaço não se sintam diante de uma poluição virtual, é preciso seguir algumas regras. A professora do curso de Comunicação Social da UFU e pesquisadora de mídia social, Mirna Tonus, acredita que o ambiente virtual se

estrutura nas relações pessoais, e que devido ao alcance estendido, cada indivíduo expressa seu pensamento para o mundo. “É preciso ter uma certa etiqueta, um certo cuidado na hora de postar. Não que você não possa também se expressar, mas a expressão precisa ser cuidada, a pessoa precisa ter critérios pra postar”, afirma. Diego Soares é aluno do curso de Design de Interiores e utiliza a internet com frequência para manter contato com os amigos e para ficar por dentro dos eventos da cidade. Para ele não existem regras de comportamento na internet, contudo existe uma forma de julgamento por parte dos usuários: “Você é livre para se expressar, mas existem consequências”, afirma. Em relação às gafes, Diego acredita que a exposição exagerada da vida íntima na rede é o comportamento mais inadequado. Victor Masson, estudante de Comunica-

ção Social e apresentador do programa de rádio Degustação, possui uma visão mais livre da forma de se comportar na internet. Além das temáticas recorrentes como as datas comemorativas, surgem assuntos que rapidamente atingem o topo das discussões. É o caso dos memes, que, geralmente, possuem um prazo de exploração limitado. Para Victor esse fluxo pode ser uma maneira de se inserir nos ambientes com mais eficiência. “Eu tento aproveitar essa oscilação, identificar o que está rolando e pegar essa onda pra ter mais acesso”, diz. Sobre a facilidade para filtrar o conteúdo, o estudante afirma que a graça das redes sociais está na possibilidade de montar o seu próprio roteiro: “O Twitter mesmo, ele está em decadência, né, mas a graça dele é essa, você pode transformar ele no que você quiser”, conclui.

Página Aberta O Melhor de Mim

O romancista Nicholas Sparks leva os leitores à primavera de 1984 em seu novo livro. Os estudantes Amanda Collier e Dawson Cole se apaixonam, mas, por pertencerem a mundos completamente diferentes acabam se separando. Vinte e cinco anos depois se reencontram na cidade onde tudo começou.

Sessão Pipoca Titanic 3D

Sentimento do Mundo

Terceiro trabalho poético do mineiro Carlos Drummond de Andrade foi publicado pela primeira vez em 1940. O livro está recheado com 28 poemas que trazem nas palavras a visão de mundo do escritor. É uma obra que tende à política, escrita na época em que o mundo se recuperava da Primeira Guerra.

Natália Nascimento

Barry Sonnenfeld retorna à direção do novo longa da série “Homens de Preto”. No terceiro filme, os agentes J (Will Smith) e K (Tommy Lee Jones) voltarão no tempo, até o ano de 1969, para combater uma ameaça alienígena que coloca em risco a vida na Terra. A estreia está prevista para 25 de maio.

Espelho, Espelho Meu

O Espetacular Homem Aranha

A Rainha Má precisa se casar com o príncipe do reino para não ir à falência. Mas ele está apaixonado por Branca de Neve, que contará com a ajuda dos sete anões para reconquistar seu trono. Releitura do clássico “Branca de Neve”, dos irmãos Grimm, o longa trará magia e comédia às telonas esse mês.

Peter Parker, o famoso superherói das histórias em quadrinho, volta com um enredo totalmente diferente. A nova versão, prevista para julho, será interpretada por Andrew Garfield e dirigida por Marc Webb, que afirmou dar maior destaque aos dramas do adolescente, deixando os vilões em segundo plano.

Marina de La Riva possui um repertório dividido em canções tradicionais e inéditas, tanto em espanhol como em português. O segundo disco da cantora apresenta 14 faixas, que vão da melancolia nostálgica de “Ausência”, de Vinícius de Moraes e Marília Medalha, ao animado mambo de “Estúpido Cupido”.

Natália Nascimento

O autor Francisco Azevedo traz a fantasiosa história da jovem Gabriela. Após a morte de seus pais na guerrilha do Araguaia, a menina vai para o Rio de Janeiro morar com o avô, na favela Santa Marta. Ela começa a ver um senhor bigodudo, que lhe traz muitos conselhos. Um deles salva a vida da garota.

Lucas Felipe Jerônimo

Pra quem trabalha com cores, este site apresenta uma ferramenta para criar diversos esquemas, o que permite uma análise do que combina. Uma sugestão para quem está reformulando um site ou blog e também para quem estuda sobre o assunto. http://www.colorschemedesigner.com

Série Desperate Housewives

Ainda na área da criação, conheça um blog de estudantes da UFU que retrata o design de produtos e de interiores que conta ainda com críticas de moda. Uma biblioteca de arquivos de inspiração para design comercial, identidade de marca, com dicas de eventos sobre o tema. http://www.falardecoisas.com.br

Você é daqueles que assiste dezenas de séries e não sabe em qual episódio parou?! O Orangotag.com permite a você criar um perfil e gerenciar as suas listas de maneira simples: assim que ver um episódio você o marca como assistido, assim sempre vai saber de onde deve continuar. http://www.orangotag.com

O portal Acessibilidade Brasil faz parte de uma sociedade constituída por especialistas da área e outros profissionais que apoiam ações e projetos que privilegiem a inclusão social e econômica de pessoas com deficiência, idosos e pessoas com baixa escolaridade. Conheça um pouco mais sobre o tema. http://www.acessobrasil.org.br

Senso Musical Marina de La Riva Idílio

Doce Gabito

Penso, logo clico!

Homens de Preto 3

O famoso romance do cineasta James Cameron, Titanic, volta às telonas em abril. A escolha da data de estreia foi planejada, pois no dia 15 completam-se 100 anos que o navio naufragou nas águas do Atlântico. A nova versão custou US$ 18 milhões e contou com o trabalho de 300 pessoas durante 60 semanas.

Lucas Felipe Jerônimo

Lucas Felipe Jerônimo

Maria Bethânia Oásis de Bethânia

O disco de número 50 da cantora possui dez faixas, cada uma com arranjo original de um artista convidado. Djavan assina sua própria e inédita “Vive”. Lenine cria sobre “Velho Francisco”, de Chico Buarque. Hamilton de Holanda, Jorge Helder e André Mehmari também assinam canções interpretadas por ela.

Gossip A Joyful Noise

A banda norte-americana Gossip lança em 22 de maio seu novo disco, “A Joyful Noise”, inspirado no ABBA. A canção “Perfect World”, que já está disponível para download, é o seu cartão de visita. O quinto álbum do grupo foi gravado entre a sede do Xenomania no Reino Unido e o KBC Studios, em Portland.


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