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Distribuição gratuita
UBERABA /
Vitrola LITERAL PANORAMA Formas e Cores No escurinho do Cinema
Perfil
Frank Prado
Glamour prêt-à-porter
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O
Editorial A alguns lugares atribui-se a condição de deserto. É dito então que lá nada cresce ou floresce, que semente boa não funciona em terra ruim. Depois do postulado, resta abandonar a terrinha, rumar pra cidade grande, ser artista em São Paulo, ser feliz no Rio de Janeiro, ir pra algum lugar que floresça e deixe florescer. Se não tiver jeito, que pena, fica por aqui mesmo e contenta-se com o pouco. Mas tem gente descontente com a ideia de deixar o deserto para viver lugares mais fecundos. Alguém, algum dia, pensou que talvez ficar por aqui mesmo e fazer brotar (na marra!) os frutos típicos da cidade, pudesse dar certo. Parece que está funcionando. Uberaba já sente outros ventos correrem por suas esquinas, e alguns mais atentos percebem que a cidade está mudando. Artistas colocaram suas caras nos palcos da cidade, nas praças, nos bares, em qualquer canto, com chuva ou sol, para dizer que alguém vai ter que fazer a cultura de Uberaba acontecer. É aquela história de trabalho de formiguinha, encenada por quem faz a cultura popular, seja no palco, na praça ou sem ninguém assistir. Depois de dado o grito heroico, parece que a cidade percebeu suas lacunas culturais e quer preenche-las. É nesse cenário que o Jornal Cultural MUH! volta a circular em sua versão impressa. Agora chega um novo tempo, com outros processos, outras descobertas, novas pessoas, novos motivos e novas visões. O ideal é que se mantém o mesmo: fazer correr pela terra do zebu a produção cultural que não ganha as capas dos jornais. O espaço é pequeno, o recurso é limitado, mas a vontade transborda. O MUH! acredita nas infinitas possibilidades culturais de Uberaba. Acredita em quem trabalha, sem alarde, por elas. Acredita na fecundidade do solo uberabense. Por isso, depois de sete meses, o jornal está de volta. Com cara e coragem para engrossar o coro quixotesco dos que clamam por cultura.
Equipe MUH! Ana Márcia de Lima, Bruno Assis, Law Cosci e Natália Escobar
Jornalista responsável Ana Márcia de Lima MTB 12.724 – MG | Direção de redação Bruno Assis Direção de arte Law Cosci | Edição e coordenação de conteúdo Natália Escobar
Diagramação Jefferson Genari | Projeto gráfico Mari Comunicação | Colaboração Priscila Sabino Revisão Maria Augusta Cajado Escobar
Uberaba/MG .
Apoio Hold Marketing e Consultoria | Livraria Alternativa Cultural
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Impressão Gráfica 3Pinti | Tiragem Mil
Fechamento desta edição: 02/02/2014
muhcultural 2
jornalmuh@gmail.com
Anuncie no MUH! (34) 9152 . 6460
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Literal
Poesia de Criança
Versos Românticos Óh! doce e beça morena, qual maior ventura? Se deu seu olhar envolvente e compadecido, Uma só lágrima cair em minha sepultura, Deste mundo irei feliz, por tê-la conhecido!
As folhas caem Nós humanos também O copo cai e quebra Os cachorros, gatos também caem Mas o amor Já o amor não cai Porque a cola com que é colado é muito forte O amor só cai quando deixamos de usá-lo Mas todo mundo quer que o amor fique E só o pássaro da infância seja libertado
Eu preciso esquecê-la sepultar Na tumba de meus sonhos malogrados, Este amargo anseio, esta loucura, De tê-la em meus braços desolados!
- Enzo Koenig Velloso
Ontem, catei meus retalhos de saudade, Senti as lembranças de outrora, Triste fiquei, mas é a pura verdade, Minha vida sem a tua foi embora!
- J. N. Assis
Dois Barcos Tenho que ir, tenho que ir, esse barco muito balança tanto saracoteio em vão, já me cansa, já me cansa Espero bonança, borrasca porém avisto em demasia Já me canso, já me canso, em não esboçar nehuma alegria Funesta brisa, carrasca, sem dó desperta os sonhos meus Muito esperei, muito esperei, do pouco que se prometeu E hoje muito tenho - estou eu a navegar no mesmo barco? Renasceste do jasmim a flor, ou meu amor tornou-se parco? Hei de agradecer, tenro, à entidade que aqui intercedeu Feito sol invadindo a sala; extinguido, minguado o breu Então friso a brisa que não mais é cinérea, quase discolor Pois poema que fiz-te para a ida, terminou exaltando o amor.
Só queria escrever um poema que falasse de nós. Mas estão tão embaraçados os nós que mesmo antes de tentar desisto de nós.
- Mirelly Viana
- Marcus Vinícius Lessa de Lima
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Vitrola
Iê Iê Iê no Sertão Possivelmente a primeira banda de rock independente de Uberaba, Os Poligonais/ Mugstones levaram o som uberabense pro Brasil no auge da Jovem Guarda nos anos 1960. Tanto seu LP de estréia, Os Poligonais – primeiro nome da banda - em 1964, quanto os LPs Embalo Trio (1965) e Novas Idéias (1966) ainda possuíam forte influência da Bossa Nova, mas já se destacavam por seus ousados arranjos instrumentais ao reinterpretar canções de Roberto Menescal, Jorge Ben, Ronaldo Boscoli, Tom Jobim, além de sucessos do rock americano e inglês como The Animals e Beatles.
talento, a banda não alcançou o sucesso comercial esperado o que, consequentemente, afastou paulatinamente o interesse das gravadoras.
Matéria na Revista Intervalo, em 1967. Parada, de Fernando Adour e Márcio Greyck. Ademais, por sugestão do empresário do grupo Glauco Pereira, passam a se chamar Os Mugstones, uma referência ao boneco Mug, tido como amuleto por artistas como Wilson Simonal e Chico Buarque e que virou febre na década de 1960. Fizeram apresentações por todo o país e no exterior, despertando curiosidade e gritos apaixonados com seu visual irreverente; no entanto, a despeito de seu incontestável
Sabe-se que a banda continuou animando bailes em toda região nos anos 70 e 80, mas as fontes são imprecisas, o que impede afirmações mais detalhadas sobre as atividades da mesma nesse período. Dentre as músicas gravadas pelo grupo, vale destacar algumas interessantes execuções: os arranjos rockeiros dados a Upa Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri) e O Sole Mio – famosa canção folclórica italiana; o saxofone de A Casa do Sol Nascente (The House Of The Rising Sun), e Help!, em versão instrumental; ou ainda a bossanovística Uala Ualalá (Jorge Ben).
Anna Li
Capa do LP Os Poligonais, de 1964
Em 1967, com a explosão da Jovem Guarda pelo país, a banda assume um som mais rock’n roll, adota visual psicodélico – inclusive usando os famosos kilts da capa do LP Mugstones (1967) - e emplaca sua canção de maior sucesso, A Grande 4
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No Escurinho do Cinema
O Doce Amargo do Azul
Com a boa garrafa de vinho que ganhei nesse natal, meu notebook, e a manhã que já estava nascendo, resolvi ver um filme muito esperado, aclamado, criticado e ousado: Azul É A Cor Mais Quente.
o filme se passa e o torna ainda mais interessante e atual. Ele foi inspirado na HQ da francesa Julie Maroh, lésbica e ativista pelos direitos homossexuais, que conta o romance entre Clémentine e Emma.
Para quem estava em sua caverna, e não faz absolutamente ideia do filme que eu estou falando, vou poupar trabalho e resumir. Em 2013 a França enfrentou uma onda de protestos contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. Época em que
Quem ver o doce trabalho da quadrinista vai estranhar ao comparar com o filme, que é uma realidade nua, atemporal e tensa entre as duas personagens. Pele com pele, olhar com olhar, boca com boca, close por close.
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E por que o azul é a cor mais quente? A começar pela cor da bandeira da França, onde se passa a história. Ao decorrer da obra, você percebe pequenos sinais. O quanto a cor é presente na vida dessas personagens. Como as cores de destacam e como tudo fica “cinza” ao decorrer do longa. Longa mesmo. São 2h50 de um filme que você vai pedir mais. O cuidado foi tanto, que na cena final, a personagem está usando azul. A cor vai e volta, na medida que as duas se envolvem. Muh! • #9 • 2014
A escolha de mudar o nome da protagonista de Clémentine para Adéle, o nome real de sua intérprete, foi essencial para a naturalidade das falas, a realidade das cenas e a química entre o elenco. Saborear essas quase três horas não é para qualquer paladar. Acompanhar o desenvolver das personagens é absolutamente delicioso. O carnal, o nu, exposto, faz total sentindo no contexto terno em que estão mergulhadas. É arte crua! Para quem quiser ver e sentir. Como a filosofia ilustra a linha da vida entre elas é interessante e intrigante. A história começa morna, vai esquentando, fervendo, tomando consistência até que esfrie. Vale todo o tempo gasto. Ver a protagonista sair da dúvida de seu ser até a libertação da sua camisa de força é prazeroso. A procura de um bom filme? Então esse é o pedido do dia.
Jefferson Genari, estudante de Jornalismo 5
BambolÊ
Literatura para todo mundo Bora passear pelas prateleiras da Alternativa e encontrar aquele livro bacana pra te acompanhar numa boa aventura? Separamos alguns títulos que vão deixar vocês com água na boca. E olha só que notícia boa: leitores do MUH! terão desconto de 10% na compra de qualquer um destes títulos. Só falar que leu na coluna Bambolê!
As palavras de Clarice Lispector [curadoria Roberto Corrêa dos Santos] Mergulhar em As palavras, livro que reúne fragmentos da obra de Clarice Lispector, com curadoria de Roberto Corrêa dos Santos, é quase como presenciar uma declaração dupla de amor. Amor do acadêmico e pesquisador pela obra de Clarice, que transparece na seleção das frases, pinçadas com o intuito de revelar a genialidade da escrita da autora e de inserir o leitor em seu universo poético. E amor de Clarice pela vida, pela busca incessante em tentar expressar em palavras aquilo que parece indizível: os sentimentos, o mundo interior.
tem uma boa família e uma namorada, mas sente-se constantemente deslocado, como se cada momento que vivesse não fizesse parte de sua vida ou apenas servisse para aumentar o número de questões às quais não sabe responder.
Will & Will - Um Nome, Um Destino [John Green] Em uma noite fria, numa improvável esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes dividem o mesmo nome. E, aparentemente, apenas isso os une. Mas mesmo circulando em ambientes completamente diferentes, os dois estão prestes a embarcar em um aventura de épicas proporções. O mais fabuloso musical jamais Terapia Vol. 1 [Rob Gordon, Marina Kurcis e apresentado nos palcos politicamente corretos do Mario Cau] ensino médio. Mesmo com uma vida aparentemente normal para um jovem de cidade grande, o personagem O Cinema Vai À Mesa [Rubens Ewald Filho e central, um rapaz como qualquer outro, não se Nilu Lebert] Existem Filmes deliciosos e livros sente feliz. E o fato de não desconfiar o motivo da para serem devorados. Mas pela primeira vez essas tristeza que sente apenas aumenta sua angústia. duas formas de arte se juntam em “O CINEMA VAI Com vinte e poucos anos, ele estuda e trabalha, À MESA” de Rubens Ewald Filho e Nilu Lebert. 6
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Formas e Cores
Stop Motion na formação do pensamento poético Uma forma bastante antiga de arte (a modelagem) e a tecnologia contemporânea da máquina fotográfica digital, e do programa de computador foi usada para possibilitar aos participantes a criação de uma animação sem muito conhecimento técnico e artístico.
Interessante é a ambiguidade da palavra Stop Motion – movimento parado! A imagem de alguma coisa parada, se projetada várias vezes, pode ser vista como se estivesse em movimento por causa da “persistência retiniana”; Ou seja, nossos olhos tem a ilusão do movimento porque um objeto captado pela visão humana persiste na retina por uma fração de segundos após a sua percepção! É assim que funciona a animação: as imagens são projetadas com rapidez e nossos olhos veem o movimento. Participei como ministrante de uma oficina de Stop Motion no último ano. Na oficina pude perceber que, além do envolvimento no processo artístico da montagem da animação, os participantes fizeram o exercício de elaborar mentalmente o movimento. Ou seja, se o vídeo falava do nascer do sol, eles tinham que ordenar de que lugar o sol deveria ser
fotografado na primeira vez e qual seria sua trajetória no quadro fotografado, se quisessem mostrar uma planta brotando os alunos tinham que refletir como é que um broto sai da semente.
O conhecimento sensível e intuitivo foi reconstruindo um fato corriqueiro (nascer do sol) em experiência efetiva. Com isso percebi que este exercício de fragmentação possibilita a reflexão de forma significativa, tornando-a uma experiência com uma clareza particular.
A palavra animação tem origem na palavra “animar”, ou seja, colocar alma em algo. A animação convencional, com cartuns, é a mais conhecida pela quantidade de desenhos que a televisão divulga diariamente.
Ao colocar em prática, mas de forma abstrata utilizandose de linhas, formas ou cores, construindo sentidos, o pensamento poético adquire um enorme potencial didático.
Na oficina usei a massinha de modelar para fazer a animação.
Elisa Carvalho, arte educadora e arteterapeuta
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Frank Prado
Glamour prêt-à-porter Uma trama tecida com coragem 8
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usar transgredir o trivial em uma cidade tradicionalista pode ser um ato sem remissão. Certamente tal feito não poderia ficar impune perante a sociedade. Mas o perigo não é e nunca foi impedimento para os audazes. Frank de Lemos Prado, hoje conhecido como o grande estilista da alta costura de Uberaba, guarda em sua história façanhas dignas de um visionário. Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo, pertencente ao estado do Tocantins, onde Frank passou a maior parte da infância. Durante esse período, o estilista manteve uma relação muito próxima com a fauna e a flora peculiares daquela região. Sua mãe, professora de magistério, sempre cultivou um apreço especial pela cultura e pela moda. Conhecida por seu estilo exótico de se vestir, gostava de usar cores vibrantes. Apesar de morar nas entranhas do Brasil, seguia o que era tendência no mundo moda. Mais que a ascendência de sua mãe, a família de seu pai, que era pecuarista, mantinha forte tradição com a moda e com a #8 • 2013
costura. Tais influências familiares despertaram no jovem o interesse pelas nuances dos estilos, e ele o exteriorizava por meio de desenhos em seus cadernos. Essas vivências formaram traços psicológicos que o tempo não pôde apagar. Na década de 80, sua família passou por um momento conturbado, o que motivou a vinda para Uberaba. Frank não apenas deixou o ambiente bucólico de sua infância, como também passou a, além de estudar, trabalhar em um escritório de advocacia para contribuir com as despesas da casa. Com um cotidiano atribulado, gradualmente via a importância da moda em sua vida ser relegada. Por uma coincidência do destino, a moda ressurgiria na vida de Frank. Depois de algum tempo trabalhando para os advogados, recebeu o convite de um tio fotógrafo, João Arquimínio, para trabalhar com ele. Posteriormente, outro tio, também fotógrafo, mais conhecido pelo apelido Pitty, emprestou a Frank um croqui que teria, supostamente, sido feito pelo renomado estilista uberabense Markito. Muh! • #9 • 2014
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Mesmo ciente de que teria que devolvê-lo, o aspirante a estilista liberou seu ímpeto criativo e começou a rabiscar o desenho. Aqui renascia seu fascínio pelo mundo fashion. Apesar das dificuldades que existiam na época, Frank imergiu em seus estudos da história da moda ao qual tinha acesso. Para dar vazão aos seus conhecimentos, iniciou um curso de figurinista, recém-inaugurado na cidade. Continuou aprimorando seu talento, participando
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de outros cursos em diferentes estados. Desse modo não tardou para que conseguisse trabalho como figurinista em uma loja de tecidos de Uberaba, hoje já extinta. Logo no início dos anos 1990, ainda na casa dos 20 anos, Frank iniciou um empreendimento próprio. Um lugar onde podia desenvolver suas próprias ideias de maneira livre e sem restrições. Contra tudo e contra (quase) todos, assim o fez. Sua condição financeira não era favorável e grande parte de sua família se opunha ao seu empreendimento. Contudo, de uma parceria com duas primas aposentadas, as quais tinham sido costureiras do célebre estilista Dener, surgia em 1991 a marca Frank Prado. A sociedade não durou muito tempo e se desfez. Muh! • #9 • 2014
Suas parceiras cobravam dele um trabalho mais comercial e coibiam suas criações. Sozinho, como ainda não tinha acesso aos tecidos da alta costura, buscou uma opção mais viável. Foi a uma loja popular e comprou tecidos alternativos, até mesmo alguns que não eram utilizados para fazer roupas. Desses materiais inusitados surgiram produtos inovadores. No momento em que o jovem estilista se via à frente da empresa, quis alçar voos mais altos, e passou a fazer parte de uma feira itinerante de moda vanguardista chamada Mercado Mundo Mix. Nesse ambiente Frank cresceu como profissional, conheceu os centros da moda no país e pessoas do show business. Além de notoriedade, ganhou financeiramente o que nunca havia recebido
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na vida, e gastou nas mesmas proporções. Inebriado pelo mundo da moda, viveu a fase mais boêmia de sua vida. Mesmo com uma rotina de viagens, nunca desatou os laços com Uberaba. Depois de oito anos de participação na feira itinerante, cedeu aos apelos de sua mãe e voltou ao lar. Muito do que viveu naquele tempo são aspectos de sua vida que foram deixados no pretérito. Em seu retorno, passou a atender um público que
até então nunca havia sido sua prioridade. Não que tenha abandonado seu perfil inovador, apenas entrou em confluência com o que o mercado local pedia. Hoje transita por esse meio da finesse com muita elegância. Amante da clássica moda dos anos 1950, tem como inspiração as grandes atrizes do cinema daquela década, e como referência artística, a aclamada estilista Coco Chanel. O reconhecimento
que obteve a partir da divulgação de seu trabalho em revistas nacionais de moda, deu-lhe o respaldo para que atendesse um público que estava em busca do glamour. O ofício de Frank Prado não se delimita sumariamente a criar e desenvolver peças para o vestuário. Sua meta passa por uma estética do bem vestir, uma busca pela harmonização das características singulares de cada pessoa com seu traje. Pois, segundo suas palavras, “a roupa é mais uma das molduras da personalidade”.
Reportagem Bruno Assis Fotografia Guilherme de Sene
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Panorama
Foto: Tide Bomfim
Teatro de rua inicia bem o ano cultural de Uberaba
A agenda cultural da terra do Zebu começou 2014 a todo vapor. Em janeiro, nos dias 3, 4 e 5, chamou a atenção uma apresentação de teatro na praça do Grupo Brasil: O Causo de Geraldo ou A Infinita História de Amor em 7 Noites de Lua Cheia, espetáculo solo de Gustavo Pacheco. Nascido em Uberaba, e residindo em Belo Horizonte, Gustavo, aos 28 anos, é ator e produtor cultural, membrofundador da Estandarte Cia de Teatro, com sede em Ouro Preto. Fundou a Estandarte Cia de Teatro juntamente com Benedicto Camillo e Marcelino Ramos em 2005, que hoje também conta com Fernanda Bento. O causo de Geraldo é a história de Geraldo Lopes, homem de família abastada, que se apaixona pela cabocla Nadirinha, empregada doméstica do seu irmão mais velho. A paixão é vivida em segredo e seguem inúmeras questões e dificuldades desse amor impossível. O espetáculo vem se apresentando por Minas Gerais e já participou do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, Festival Internacional de Curitiba – Fringe e Programa FUNARTE em Cena – Teatro de Rua 2009. “Por tratar 12
diretamente dos princípios da mineiridade, o espetáculo preza pela leveza e simplicidade. Traz o aconchego de recostar memórias e visitar lugares outrora esquecidos pela voracidade do quotidiano”, afirma o ator e diretor. Em Uberaba, a repercussão na mídia foi excelente, e a resposta foi um público diferenciado e misto. Compareceram em média 30 pessoas durante os 3 dias de apresentações. As pretensões da companhia agora são de analisar o mercado cultural de Uberaba e, a partir daí, tentar viabilizar um evento cultural de maior porte para enriquecer e dialogar com a classe artística local e incentivar a formação de público. “Gostaria de deixar aos amigos e conterrâneos artistas atuantes, um brado de força e perseverança. Os caminhos da arte são tortuosos. Sempre! O enfrentamento faz parte e é a função desse nosso ofício. União e ação devem ser os verbos presentes no tempo presente”, afirma Gustavo.
Ana Márcia de Lima
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Agenda
Há arte por toda parte Os artistas que passaram pela equipe do MUH! Jornal Cultural estão abrilhantando o cenário cultural de Uberaba. A desenhadora Gabi Moraes arrisca seu traço na Expô-Risco, onde ela expõe um pouco do seu trabalho intitulado Há Arte por Toda Parte. Os desenhos serão expostos em dois lugares, começando pela Livraria Alternativa Cultural, Rua Major Eustáquio, 500, no Centro, com lançamento no dia 10 de fevereiro, às 16h. A mostra segue até dia 12, quando vai para The Coffe Factory, na Rua Rogério Batista, 295, com abertura já no dia 12, também às 16h.
Arte Contemporânea A artista uberabense Nana Cunha expõe em Uberaba do dia 14 a 28 de fevereiro, na Galeria de Arte do Teatro Sesi Uberaba, das 9 às 21h. A exposição Arte Contemporânea traz objetos velhos sob impacto da tinta fresca, com um olhar para os caminhos da pigmentação. Nana desenvolve estudos com técnicas mistas, utilizando materiais diferentes, como os reciclados, para desenvolver obras em tela e instalações. Quando criança, Nana teve seu primeiro contato com a pintura, fazendo experimentos com a fluidez da aquarela, o que despertou a vontade de estudar arte. A artista foi aluna de Dante Dado Giacomi, uma fonte de inspiração.
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+ Cultural + Divertida ACONTECE NA LIVRARIA ALTERNATIVA CULTURAL Rua Major Eustáquio, 500 Centro – Uberaba/MG (34) 3333-6824 alternativacultural.com.br O
que?
Usina de Sonho Acordado Próxima turma: 11/02 Porque você vai gostar: Descubra o ator que existe em você através da encenação pelo afeto. Além do módulo noturno adulto, existe a opção para jovens, no período da tarde. Professor: Emílio Rogê
O que? Agente Transformador Próxima turma: 11/02 Porque você vai gostar: Experimente, na prática, novas formas de pensar e praticar sua liderança. Professora: Ana Paula Perez,
aprimoramentos para elevar o nível de suas relações consigo e com o outro. Professora: Ana Paula Perez O que? Ritmo e Corpo Próxima turma: 14/02 Porque você vai gostar: Desenvolve o sentido rítmico, da percepção e escuta sonora, da plasticidade e precisão corporal no sentir e no expressar do ritmo. Professor: Daniel Lopes O que? Música na Escola Próxima Turma: 14/02 Porque você vai gostar: Curso preparatório para educadores interessados em atuar com o conteúdo musical nas escolas de ensino regular. Professora: Cristina Arruda O que? Desafinados Próxima turma: 12/02 Porque você vai gostar: Afinar seu próprio corpo como instrumento musical. Professor: Daniel Lopes
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O que? Vem, escrita! Próxima turma: 06/03 Porque você vai gostar: Um espaço que estimula a criatividade e que desenvolve ferramentas que ampliem as possibilidades de produção de textos. Professora: Iara Fernandes O que? Pró Musica Próxima turma: 07/03 Porque você vai gostar: Capacitação para músicos que pretendam trabalhar com percepção musical para crianças e jovens, em projetos ou escolas de música. Professora: Cristina Arruda O que? Leitura de Runas Quando? Aos sábados das 9h às 13h (necessário agendar horário) Com quem? Denis Magnus
O que? Jornada Interior Próxima turma: 12/02 Porque você vai gostar: Experimente investir em uma jornada de descobertas e
Acompanhe a agenda cultural de Uberaba na página do MUH!
O que? Musicalização Infantil Próxima turma: 05/03 Porque você vai gostar: Apresenta à criança os conceitos básicos da arte musical, fazendo com que ela desde cedo produza música de maneira séria, bem orientada e atraente. Professora: Cristina Arruda
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O que? Conversas terapêuticas Quando? Ás 2as feiras, das 19h às 20h30 Com quem? Carmem Lia F. Laterza, psicóloga. Grupo aberto e gratuito, é só chegar.
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