Celeiro
2015 - R$ 10,00 Ano 6 - Edição 6 Campos Novos/SC
do agronegócio
O maior campo sementeiro de soja de SC Campos Novos produz 1/3 do total de sementes do estado catarinense. Área de 32 mil hectares é destinada a produção no município. Região tem vocação para produzir sementes.
uExpansão Coocam adquire unidade no Mato Grosso
uAlta produtividade Safra de milho 2014/2015 tem produtividade acima da média
uTurismo Rural Empresários de Campos Novos se preparam para iniciar rota turística em 2016
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Sumário O maior campo sementeiro de soja de SC Campos Novos produz 1/3 do total de sementes do estado catarinense. Área de 32 mil hectares é destinada a produção no município. Região com vocação para produzir sementes, alia, tecnologia, técnica e eficiência desde os campos de sementes até as unidades de beneficiamento.
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Cultura de risco A tradição em plantar feijão existe, porém, área de produção na região de Campos Novos diminui a cada ano. Feijoeiro João Debastiani afirma que cultura é loteria.
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Pecuária forte A diversificação de atividades. Confinamento e venda de terneiros se destacam como opções lucrativas no campo.
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Cooperativismo Copercampos completa 45 anos de história e conquistas. Faturamento da cooperativa deve ser recorde neste ano, superando a marca de R$ 1 bilhão.
Recorde Soja conquista cada vez mais espaço na região de Campos Novos. Área de semeadura na safra 2015/2016 é de 57 mil hectares. Produtividade com a oleaginosa deve ser superior à safra anterior (65 sacos/ha), contra 60 sacos/ha na safra anterior.
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Novos Rumos Potencial tem, basta acreditar. Proprietários de fazendas apostam no Turismo Rural e se preparam para receber turistas.
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Editorial
Superando desafios Vivemos um momento delicado nesta safra 2015/2016, em que o produtor enfrenta grandes desafios. O primeiro deles é em relação ao clima, com variações extremas provocadas pelo El Niño, com seca severa nas Regiões Centro-Oeste e Norte do país, enquanto que no Sul e Sudeste há excesso de chuvas, resultando no atraso do plantio da safra de verão. Outro desafio é a variação cambial, com o dólar em R$ 2,50 em fevereiro e chegando ao patamar de R$ 4,00. A supervalorização do dólar fez com que nossos produtos e insumos acompanhassem esta trajetória de aumento, o que consequentemente vai encarecer a próxima safra. Nós produtores, porém, estamos acostumados a encarar desafios e superá-los, com grande capacidade de adaptação e obtendo resultados positivos também nas adversidades, buscando novas alternativas e investindo em alta tecnologia. Desafios existem para serem superados e tenho certeza que teremos mais um ano de safra cheia, de bons resultados. O produtor cada vez mais vem se profissionalizando, com produção de alta escala, garantia de qualidade e sustentabilidade, sem desmatar e comprometer o meio ambiente. Este é o grande objetivo da agricultura moderna e Campos Novos não fica atrás, mantendo o status de Celeiro Catarinense, maior produtor de grãos e de sementes de soja do estado. Campos Novos é a mola propulsora da
agricultura catarinense e devemos isso aos desbravadores, homens e mulheres, que lá na década de 70 iniciaram esta jornada e hoje filhos e netos estão colhendo o sucesso desta semente plantada. Uma agricultura pujante, com produção de milho, soja, feijão, trigo, aveia, canola e outras culturas, agregada à exploração da pecuária de corte e leiteira. O que vemos é um Campos Novos em expansão. Exemplo disso é a Coocam com sua nova filial no Mato Grosso, com investimentos superiores a R$ 30 milhões. Novas alternativas são buscadas e o município conquista espaço Brasil afora, dando oportunidade aos jovens agricultores, jovens empresários do campo que estão buscando seu espaço e construindo sua história. É com orgulho que apresentamos a sexta edição da Revista “Celeiro do Agronegócio”, que mostra a força da produção agrícola e pecuária de Campos Novos e ao mesmo tempo, reforça o compromisso dos nossos produtores com o desenvolvimento do município. Desejo a todos, em especial aos nossos agricultores, um Feliz Natal e tenho certeza que 2016 será um ano de boas colheitas e safra farta. O produtor é guerreiro e não desanima, olha para o céu, vê novas oportunidades e encara os desafios, vislumbrando novos negócios. Não vão ser uma variação cambial ou um El Niño, que irão desviar o nosso foco, que é produzir alimentos de qualidade para o Brasil.
Alexandre Alvadi Di Domenico Produtor Rural e Diretor da Revista Celeiro do Agronegócio
EXPEDIENTE Diretor: Alexandre Alvadi Di Domenico. Editora Chefe: Antonia Claudete Martins - 0002305SC Jornalista e Fotógrafo: Felipe Götz - JP 03410 SC Produção, Projeto Gráfico e Diagramação: Wilhiam Rodolfo Peretti. Comercial: Wilhiam Rodolfo Peretti. Financeiro e Assinaturas: Ana Carolina Pereira e Odaisa Pereira Foto da Capa: Arquivo/Felipe Götz/Copercampos
Ed. 6 / Dezembro 2015
Celeiro do agronegócio
E-mails: Redação: celeiro@brturbo.com.br / redacaooceleiro@gmail.com
Comercial: oceleicomercial@gmail.com Contatos: Fone/Fax: (49) 3541 0597.
Colaboração e Agradecimentos Especiais:
Rua: São João Batista, 131, Centro, Campos Novos (SC)
Annie Binotto, Arseni José Raysel, Camila Bebber Gomes, Cássia França, Cristiane Gavazzoni, Drialli Dalazen, Eduardo Zortéa,
CEP: 89620-000. CP: 96
Emanuelle Gomes Queiroz, Emilio Cassaniga, Fernando Hatano, Fernando Rosar, Ivan Ramos, João Carlos Di Domenico,
Impressão:
José Zeferino Pedroso, Josoé Roveda, Juliana Rosar, Luiz Carlos Chiocca, Marilene Salete Titon, Maiara Gonçalves,
Tiragem: 4000 exemplares.
Marcos Antônio Zordan, Maria Lucia Pauli, Mauro Schuh, Nelson Serpa, Roberta Nohatto Cassaniga, Patricia Dalmolin, Silvio Alexandre Zancanaro, Vanessa Soccol, Waleska Anita Fagundes da Silva.
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A Revista “Celeiro do Agronegócio” é um produto do Jornal O Celeiro com tiragem anual.
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Artigo
Contabilidade x Agronegócio “O Fotógrafo Studio”
Por Silvio Alexandre Zancanaro. Contador e diretor da Orcatéa Escritório de Contabilidade.
O
setor rural é para a contabilidade o início de tudo, em virtude que foi a partir da necessidade que o homem primitivo teve em contar, registrar e controlar seus pertences que se encontram as mais remotas formas de controle patrimonial. Marcar num pedaço de pau as quantidades possuídas parece algo obsoleto hoje, entretanto para aqueles nossos antepassados foi uma grande realização e sem dúvida, a possibilidade de acumulação de riquezas com controles e acompanhamentos. A forma de controle usada pelos povos primitivos, mantidas as proporções, ainda pode ser encontrada nos rincões deste imenso país que, lamentavelmente, ainda mantêm boa parcela de sua população analfabeta. Ora, o que podem fazer essas pessoas para controlar seus animais e a sua produção? Talvez recorrer à memória, apenas, ou talhar a madeira para anotar tais informações! Felizmente, essa realidade não está na sua grande maioria e pode-se encontrar proprietários rurais que mantêm suas propriedades baseadas em conhecimento, em tecnologia, inclusive organizando-as sob a forma de empresas. Apesar das barreiras existentes, o Brasil tem no Agronegócio, uma verdadeira locomotiva nacional que contribui com a maior parte do superávit comercial brasileiro. A pujança do agronegócio nos indica a direção que as Ciências Contábeis e em particular o Contador precisam trilhar, pois compreender em profundidade a realidade do setor rural tornou-se imperativo, precisando apresentar ao produtor rural a Contabilidade de Custos que, exceto raros casos, necessita o Contador conhecer a propriedade, como um todo, para compreendê-la e, só então possa transformar dados em informações úteis à tomada de decisão. A Contabilidade Rural utiliza-se de todas às suas técnicas e métodos para registrar, controlar e analisar os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades rurais, visando subsidiar as decisões a cargo da Administração Rural (proprietários, investidores), além de atender aos usuários externos (governos, investidores, órgãos de controle etc.). Toda propriedade bem assessorada, apresenta melhor desempenho. Se os proprietários rurais utilizassem mais as ferramentas da Contabilidade Rural, poderiam alcançar melhores resultados. A Contabilidade Rural pode ser utilizada com fins gerenciais, como por exemplo, através do custeamento baseado em atividades, de forma que se possa medir o desempenho de cada cultura, tanto em relação a períodos passados, como em relação a outras culturas desenvolvidas pela mesma propriedade. A importância de manter registros não é somente para os controles gerenciais, mas também para manter os controles fiscais. Porém muitos proprietários rurais respondem que pelo fato de não ser exigido pela Legislação do Imposto de Renda, aos contribuintes pessoas físicas, a grande maioria não realiza a contabilidade rural. A partir do ano de 1996, a legislação do Imposto de Renda passou a exigir dos contribuintes pessoas físicas, para a apuração do resultado da atividade rural, apenas a escrituração do Livro Caixa, que deverá abranger as receitas e as despesas de custeio, os investimentos e demais valores que integram a atividade. A pessoa jurídica que explorar a atividade rural está obrigada a manter em ordem a escrituração de suas entidades. As propriedades do futuro tendem a ser verticalizadas e integradas à agroindústria, havendo a transição da fazenda familiar, para a empresa familiar. A profissionalização do produtor rural faz-se com a incorporação de tecnologias através de equipamentos e maquinários, novas práticas, utilização de animais e plantas geneticamente melhorados. No aspecto econômico, avaliam-se as operações de receitas e despesas, gerenciando o controle dos gastos e custos de cada produção, demonstrando seus resultados para tomada de suas decisões. Consideram-se no aspecto finan-
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Silvio Alexandre Zancanaro ceiro as possibilidades de obtenção de recursos necessários e suas aplicações para equilíbrio e manutenção dos custos em sua atividade. O administrador será o responsável pelas seguintes tarefas: planejamento (produção e finanças); organização (produção e administração); direção de seus subalternos diretos e controle (produção, administração e finanças). O proprietário rural, assim como qualquer administrador de uma grande empresa, necessita de conhecimento e informações úteis para o gerenciamento e tomada de decisões adequadas sobre o cotidiano da empresa ou da propriedade rural. Uma pessoa apta a analisar os resultados e lucros de cada cultura, visualiza-os mais rapidamente, fazendo o planejamento e controle de todo processo de produção. Neste momento inusitado em que a economia mundial se encontra, com queda de confiança no sistema financeiro mundial interrompendo, mesmo que momentaneamente, uma trajetória de crescimento das atividades, inclusive agrícolas, ter uma base de dados confiável tornou-se indispensável e a contabilidade do setor rural pode ser utilizada, tanto pelos grandes empreendimentos agropecuários, como pelos de menor porte com este objetivo. O Brasil tem se mostrado como um dos países que dispõe das melhores condições de se sobressair da crise numa boa situação. Contribui para isso,
$$$$ além de outros fatores, a sua enorme capacidade de produção e a força do seu mercado interno, podendo-se creditar ao setor rural grande parcela de contribuição. Posso concluir que a contabilidade rural é um importante instrumento para o agronegócio, pois gera informações que possibilitam verificar a situação da empresa (propriedade), sob os mais diversos enfoques, tais como análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos, etc. Tais informações são imprescindíveis para o processo decisório. No entanto ainda não é muito utilizada, principalmente entre os pequenos produtores que a utilizam para fins fiscais. A conscientização do pequeno produtor de que o planejamento e controle da produção são necessários em qualquer empreendimento, independentemente de seu porte, é uma tarefa árdua e difícil do profissional de contabilidade. Pois assim, o contador estará cumprindo
mais uma de suas funções, a de gerar informações úteis para a tomada de decisão e consequente crescimento da atividade. É correto afirmar que o atual cenário do agronegócio impõe aos empresários uma gestão que busca excelência e segurança em seu planejamento empresarial, que é facilitada com uma boa aplicação da contabilidade rural. Neste sentido, a parceria entre o Contador e Produtor Rural, é de grande importância para o sucesso do agronegócio, pois a unificação entre o conhecimento prático do produtor e o conhecimento teórico administrativo do contador, faz com que as informações contábeis sejam bem aplicadas e contribuam para o bom êxito do agronegócio. O setor agropecuário, contando com assessoria técnica, assessoria contábil, apoio das classes representativas do setor e incentivos do Governo Federal será cada vez mais, um segmento destacado na economia brasileira, em relação aos demais segmentos econômicos.
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O grão dourado
Maior sementeiro de soja de SC
Região com vocação para produzir sementes de soja, município produz 1/3 do total de sementes no estado. Área de 32 mil hectares é destinada a campos de sementes, enquanto Abelardo Luz, considerada a capital da semente, produz em uma área de mais de 16 mil hectares.
O
mercado exige qualidade e Campos Novos se torna a cada ano, o grande produtor de sementes de soja do estado. Com uma área de mais de 32 mil hectares de campos de sementes cadastrados no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, o município tem significativa representatividade no setor sementeiro. Além de ter a maior área de produção do estado, o município conta com cinco cooperativas multiplicadoras de sementes e uma empresa particular, que juntas priorizam a qualidade das sementes. Em um comparativo com Abelardo Luz, município considerado a capital da semente de soja no estado, e que tem uma área de 16.877 hectares, contando safra e safrinha, de acordo com dados do MAPA, Campos Novos não só tem uma área duas vezes maior, como também a produtividade é superior em três vezes. A expectativa de produção na safra 2014/2015 em Abelardo Luz, por exemplo, foi de 48.393 toneladas, e em Campos Novos, de 175.017 toneladas de semente de soja. Em Santa Catarina, são 99 mil hectares de campos sementeiros de soja homologados pelo MAPA. A produção estimada para a safra 2014/2015 foi de 384.834,00 toneladas de semente. “Se formos comparar os dois municípios
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por área, Campos Novos é o maior produtor de semente de soja no estado”, afirmou o Fiscal Federal Agropecuária Adi Mário Zanuzo. O título simbólico pertence à cidade do oeste, porém, o maior produtor de sementes de soja, é Campos Novos. Mas a produção de sementes no município vai além de números. Priorizando a qualidade do produto que é destinado a diferentes regiões do país, em todas as cooperativas e sementeiros de Campos Novos, a germinação e vigor das sementes são analisados e critérios de seleção dos campos sementeiros são adotados. De acordo com o Engenheiro Agrônomo da Cooperativa Agropecuária Camponovense – Coocam, Helan Paulo Paganini, na cooperativa, a prioridade é que as sementes tenham germinação acima de 90% e vigor acima de 85%. “Abaixo destes padrões, nós descartamos as sementes. O índice de germinação estabelecido pela fiscalização é de 80%, porém, nós não trabalhamos com sementes com menos de 90%, para que os produtores obtenham o máximo do material no momento de plantio. Além disso, o que é importante destacar é que semente se faz no campo. Na Unidade de Beneficiamento de Sementes nós mantemos o padrão obtido no campo sementeiro”, informou. Desde a escolha das cultivares que serão destinadas a semente, até a colheita e entrega nas
cooperativas, muitos cuidados são adotados pelos sojicultores multiplicadores. São eles, os agricultores, em conjunto com os profissionais técnicos que trabalham para garantir que a toda a genética presente em uma semente, seja garantida até a futura safra. É através das sementes de qualidade, com alto vigor, germinação e sanidade que a excelência de resultados é conquistada. O processo de produção de sementes inicia no campo, passa pelas Unidades de Beneficiamento de Sementes – UBS e por análises de laboratórios que garantem e atestam a qualidade do material produzido na região e assim destinadas as mais diferentes regiões produtoras de soja. O clima é um dos grandes aliados para a produção de sementes de soja. Com temperatura média de 18º durante todo o ano, é no período de dormência das sementes, que toda a germinação e o vigor se mantém intactos, e assim, no momento de semear, as sementes estão com toda a qualidade disponível. De acordo com o Coordenador do Departamento Técnico da Copercampos, Engenheiro Agrônomo Marcos Schlegel, responsável também pela produção nos campos da cooperativa, as sementes da empresa são comercializadas após testes em laboratórios que atestam germinação acima de
90% e alto vigor. “Em nosso laboratório realizamos testes para que apenas as sementes com estes índices qualitativos possam ser comercializados pela cooperativa”, ressalta Schlegel. Empresas detentoras de genética que produzem sementes na região também reforçam suas preocupações com a porcentagem de germinação e vigor das sementes. Segundo Schlegel, sementes de alto vigor apresentam maior velocidade nos processos metabólicos, propiciando emissão mais rápida e uniforme da raiz primária no processo de germinação, maiores taxas de crescimento e produzindo plântulas com maior tamanho inicial. “Existem estudos de que o vigor das sementes demonstra o potencial do material principalmente nos estádios iniciais do desenvolvimento das plantas de soja. Com um maior vigor haverá um crescimento inicial precoce que pode resultar em maior captura de luz pelas folhas, favorecendo assim que o índice de área foliar máximo seja atingido mais rapidamente. E isso proporciona um rápido sombreamento da superfície do solo, ocorrendo desta forma, menor evaporação de água que pode ser aproveitada na transpiração e crescimento das plantas”, destaca o Engenheiro Agrônomo. Já a germinação e os padrões obtidos nas sementes produzidas na cooperativa e na região são explicados devido à influência do clima, pois a região de Campos Novos apresenta altitude ideal e temperaturas amenas. A germinação é definida como a emergência e o desenvolvimento das estruturas essenciais do embrião, manifestando a sua capacidade para dar origem a uma plântula normal, sob condições ambientais favoráveis. “Nós procuramos obter esta germinação acima de 90% para atender a demanda dos parceiros e clientes”, explica Schlegel. Entre os fatores do ambiente, a água é o fator que mais influencia o processo de germinação. Com a absorção de água, por embebição, ocorre a reidratação dos tecidos e, consequentemente, a intensificação da respiração e de todas as outras atividades metabólicas, que resultam com o fornecimento de energia e nutrientes necessários para a retomada de crescimento por parte do eixo embrionário. Por outro lado, o excesso de umidade, em geral, provoca decréscimo na germinação, visto que impede a penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante. Com o conhecimento dos fatores ambientais que influenciam a germinação das sementes é possível controlar e assim otimizar a porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação, resultando na produção de sementes mais vigorosas para a semeadura.
História As primeiras áreas destinadas à produção de sementes na região de Campos Novos, em 1975, demonstraram a vocação da região. Este trabalho que iniciou na Copercampos tem sido facilitador no processo de comercialização de sementes de soja por parte de outras cooperativas, que surgiram na região.
Aumento na produção A produção de sementes agrega valor ao setor cooperativista e aos produtores. Para o Engenheiro Agrônomo e responsável pela produção de sementes da Cooperativa Agropecuária Boa Esperancense, Marcelo Carlos Fortes Ribeiro, a região de Campos Novos tem vocação para produzir sementes. “A semente produzida em Campos Novos e na região ganha espaço em todo o Brasil graças à qualidade dos materiais. Estamos em uma região que apresenta um clima propício para produção, altitude ideal e também armazenagem, com resfriamento natural. As sementes não perdem qualidade no período de dormência e com isso, nossa região tem sido tão eficiente na produção e comercialização”, informou. Na CoperBoa, por exemplo, o incremento de produção de semente nesta safra foi de 50% em relação a safra anterior. “Nós produzimos na safra 2013/2014, 80 mil sacos de semente de soja e nesta safra 120 mil sacos. Isso se deve a conquista de mercado e abertura de novos mercados em grandes regiões
produtoras de soja, como Mato Grosso do Sul e São Paulo”, comentou ainda Marcelo Ribeiro. Em outras cooperativas, como na Coocam, a produção deste ano também foi superior a da safra passada. “Produzimos 80 mil sacos de semente na safra anterior e para esta safra, tivemos uma produção de 100 mil sacos/40kg de sementes de soja”, informou Helan. A Copercampos, uma das maiores empresas sementeiras do sul do país, teve produção estimada para esta safra de 1,7 milhões de sacos. A cooperativa tem três unidades de beneficiamento de sementes em Campos Novos e mais de 35 mil hectares de campos sementeiros cadastrados que destinam as sementes para estas UBS’s.
Tecnologia e eficiência Os avanços da biotecnologia tem proporcionado maiores ganhos aos produtores de sementes em todo o país. Mas outros setores também evoluíram e isso reflete significativamente na maior produção e qualidade das sementes. De acordo com o produtor de sementes Hilário Cassiano, responsável pela área de produção na Cooperativa Agropecuária do Celeiro Catarinense – Coperacel, empresa que há três anos desenvolve suas atividades em Campos Novos, com foco na produção de sementes, os diferenciais da região são atrativos para a produção. “Temos um clima excelente, com altitude ideal para produzir sementes e no campo, temos tecnologia e compromisso para garantir o melhor material. Hoje temos máquinas axiais que são ideais para colher as sementes e com isso, não há tanta perda do campo até o beneficiamento. A tecnologia de todo o setor, com máquinas, cultivares e o trabalho dos sementeiros, fazem da região de Campos Novos, uma referência em qualidade de sementes de soja e nós estamos trabalhando sempre com parcerias para ampliar este trabalho”, afirmou Cassiano.
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Desafio
Tradição e risco Safra 2014/0215 teve redução de área de plantio de feijão. Nesta safra 2015/2016, área é ainda menor e produtor destaca que cultura é loteria.
A
queda de área de plantio de feijão é expressiva a cada safra na região de Campos Novos. Os preços baixos na hora de comercializar a produção, associados à baixa qualidade da oleaginosa, fazem o produtor optar por outras culturas, como de soja, ao invés do feijoeiro. Na safra 2014/2015, a área plantada foi de 9 mil hectares, 20,7% a menos que na safra 2013/2014, que foi de 11.350/ha e nesta safra 2015/2016, segundo o IBGE, a área é de 8 mil/ha. De acordo com informações da Epagri, a produção na safra que passou foi de 16 mil toneladas, com média de 30 sacos/ha na região de Campos Novos. Mas semear o feijão é uma tradição na região. Quem aposta, investe alto para obter lucratividade. Seguindo os passos de muitos produtores, o agricultor João Debastiani também reduziu a área do feijoeiro na safra que foi colhida no início deste ano. Dos 400 hectares cultivados com feijão na safra anterior, João diminuiu para 180 hectares. O preço baixo e as chuvas no momento da colheita que prejudicou a qualidade do grão de feijão foram alguns dos fatores que influenciaram nesta decisão. “Na safra passada o feijão não teve preço e nem qualidade e por isso diminuímos a área nesse ano. Em uma área de 40 hectares colhemos um bom produto, com qualidade de primeira”, ressaltou João Debastiani. A cultura de ciclo curto, com 100 dias em média, teve na safra, diferentes perspectivas de produção. De acordo com o Técnico em Agropecuária, Silvio Zanon, da Cooperativa Agropecuária Camponovense – Coocam, o intervalo de 15 dias entre um plantio e outro já interferiram no andamento da cultura. “Nós tivemos estas lavouras do cedo com boa produtividade e qualidade de grão e outras áreas que não tiveram bom desenvolvimento pelo período chuvoso e assim, grande presença de doenças, por exemplo. A cultura do feijão é de ciclo curto e o produtor busca plantar pela tradição e também para escalonar a colheita, não apostando só nas culturas da soja ou milho, por exemplo”, informou Zanon. A tradição em plantar feijão foi destacada pelo produtor João Debastiani. Segundo ele, a aposta no feijão é como jogar na loteria. “É uma cultura de grande risco, mas o que tem risco tem valor. É como jogar na loteria ou poker. Você tem que apostar para ganhar”, afirmou. Quem dita o sucesso da cultura é o preço de comercialização, pois o custo de produção do feijão é alto. De acordo com Silvio Zanon, para semear um hectare da oleaginosa, o custo na safra 2014/2015 foi de R$ 2.600,00 (sem arrendamento).
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Celeiro do agronegócio
Operador dá a receita para colher bem Há 17 anos trabalhando como operador de máquinas, Valdecir Macedo da Silva, destaca que na colheita de feijão, os cuidados são ainda maiores. “Hoje temos boas máquinas e isso facilita a colheita do feijão. Mas a velocidade de colheita e às regulagens devem ser priorizadas para que não se danifique o grão do feijão, pois na hora de vender, isso conta. Colher no momento certo e um grão limpo são essenciais e buscamos ter qualidade no trabalho para ter sucesso na safra”, ressaltou.
Boas variedades de feijoeiro De acordo com o técnico em agropecuária Silvio Zanon, na Coocam, variedades consagradas no mercado representam por 80% da área plantada. “Temos variedades bem adaptadas na região, como o Tangará que tem boa sanidade e arquitetura de planta e isso influencia na hora de escolher as sementes da cultura. Costumamos dizer que para investir no feijão o produtor precisa adquirir sementes de qualidade e ter um bom solo e o restante, os outros 50% é com o clima. O clima influencia muito na cultura, pois o excesso de chuvas, por exemplo, prejudica muito o desenvolvimento e qualidade do grão a ser colhido”, finalizou.
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Pecuária
Confinamento e venda de terneiros: Opções lucrativas no campo A diversificação de atividades nas propriedades rurais é o caminho para permanência do homem no campo e a pecuária de corte ou criação de animais para revenda, tem importante destaque na região. Dois produtores rurais dão a receita para obter renda com a criação de gado.
A
criação de gado em confinamento destinado ao abate ainda representa uma pequena parte da criação de bovinos no Brasil e na região de Campos Novos, poucos pecuaristas atuam neste ramo que exige muita dedicação e estrutura. Além de acelerar o processo de engorda dos animais, o confinamento otimiza a fazenda e faz com que a propriedade tenha outros benefícios econômicos. Já a criação de terneiros para venda rápida é associada à produção de grãos, e é no inverno que os ganhos são maiores. Na Fazenda Campo Novo, de propriedade de Oilson João Wagner, esta atividade é realizada e a comercialização de animais acontece antes de um ano de idade. Na Fazenda Araucária, de propriedade de Francisco Schlager, por exemplo, a criação de gado confinado é tradicional. Há aproximadamente 20 anos, Francisco e seu filho Cristiano Schlager, atuam no ramo. Com 120 matrizes, os pecuaristas exercem o ciclo completo na produção de animais, ou seja, cria, recria e engorda. O objetivo dos dois é que a fazenda conte com 200 vacas de cria para suprir a necessidade de engorda anual no confinamento, que é de 400 animais. “Pretendemos ampliar a quantidade de vacas
para que tenhamos 400 animais na engorda todo ano. Hoje, com 120 vacas, compramos animais de outros produtores para engordar e atender o mercado. Todo mês queremos ter animais prontos para o abate e estamos trabalhando para ampliar nosso plantel”, afirmou o proprietário Francisco Schlager. Na fazenda, o processo funciona assim: “No inverno as matrizes e terneiros estão nas pastagens de inverno e em setembro os terneiros mais velhos vão para terreno de grama e os mais novos para pastagens de verão. Os de meia-idade vão para o trato em local fechado”, comentou o pecuarista. Para os pecuaristas, o objetivo é comercializar animais todos os meses do ano para manter a fazenda. No processo de produção, a lucratividade está relacionada à forma de criação. “Nós estamos vendendo bois de junho a janeiro, por exemplo, e o ideal é ter todo o mês animais prontos para abate para manter a propriedade com receita mensal. A criação de gado em confinamento tem custo maior e só tem receita líquida se fizer o ciclo de criar os terneiros na fazenda. Nós fazemos isso para que o processo seja eficiente e rentável e por isso estamos buscando ampliar a quantidade de matrizes para atender a necessidade de ter animais disponíveis para comercialização todo o ano”, ressaltou Francisco.
Na região de Campos Novos, os cruzamentos de raças chama atenção e na Fazenda Araucária, as raças europeias como Charolês, Devon e Simental com a raça indiana do Zebu, serão realizados. “Rusticidade e precocidade é o que buscamos e o nosso forte é Charolês e Zebu, mas estamos iniciando um trabalho com outras raças. Todos os nossos animais são criados a campo e destinados ao confinamento. Tem que ter o choque de sangue para melhorar a produção na fazenda”, informou o pecuarista. A monta controlada de animais é realizada na fazenda. “Priorizamos a monta controlada porque os melhores animais são os do cedo, junho, julho, agosto e setembro e controlamos isso porque deixar o touro, por exemplo, direto, o manejo da fazenda fica mais difícil”, afirmou Cristiano Schlager. A integração da lavoura/pecuária na Fazenda Araucária é eficiente. “Nós temos áreas de pastagens de inverno e de verão, com grama e também perenes e não priorizamos o gado frente à lavoura. Nós temos indicativos de produção de soja, por exemplo, semelhantes em áreas de pisoteio como de áreas com produção de trigo. Ter cobertura disponível para o plantio das culturas de verão é uma preocupação nossa e por isso, as atividades se contemplam na fazenda”. A conversão alimentar dos animais na fazenda é de em média 1,5kg/dia. “Com pastagens de aveia, perenes e de inverno e pensando em não ter um custo elevado no confinamento, temos uma conversão de 1,5 a 1,7kg/dia de conversão, pois o ganho rápido de peso aumenta muito o custo”, destacou Cristiano.
Mercado que se mantém Para Cristiano Schlager, o trabalho de criar gado para engorda deve ser valorizado. “É uma atividade que tem um custo alto e precisa ser valorizada. Acreditamos que o mercado vai se manter, pois o custo não vai baixar e a tendência em todo o país é de uma diminuição maior de animais e consequentemente de oferta e a demanda existe. Hoje temos um retorno de 3% a mais na venda por trabalharmos com animais precoces e esse incentivo é fundamental para continuarmos exercendo as atividades e obter renda na fazenda”, destacou.
Bom retorno
Celeiro 12 Francisco Schlager do agronegócio
Na Fazenda Campo Novo, a produção de grãos é o carro chefe, porém, a pecuária tem possibilitado bons retornos econômicos ao produtor rural Oilson João Wagner. Há dois anos investindo na pecuária, Oilson afirma que a atividade foi uma opção sempre defendida por seu pai e após iniciar o trabalho com a pecuária, ele visualizou bons ganhos. “Meu pai sempre me disse que tinha que trabalhar com gado e hoje vejo que ele tinha razão. É uma terapia estar trabalhando com a atividade. Temos a lavoura como atividade principal e essa integração com a pecuária completa a receita e pro-
porciona ganhos à fazenda”, ressalta Oilson. O modelo de criação de animas praticado na fazenda é diferenciado. Todos os animais são criados a campo e a monta acontece todo o ano, ou seja, os touros passam 365 dias do ano ao lado das matrizes. Com o objetivo de ter 200 matrizes para recria de animais neste ano, o empresário afirma que algumas lições devem ser priorizadas. “Para produzirmos animais de qualidade precisamos de disponibilidade de pasto. A pastagem é prioridade, assim como ter animais com ótima genética para produzir um gado de qualidade. Hoje trabalhamos com a raça Simental, que estamos aprimorando na fazenda, com cruzamentos com a raça Aberdeen-Angus, para ter um bom ganho de peso nos animais. Os animais da raça Aberdeen têm excelente carne e as matrizes de raça simental, tem uma melhor cria”, ressaltou Oilson Wagner. A criação de bovinos na fazenda é destinada a comercialização de terneiros desmamados, ou seja, até os oito meses de idade. “Nós vendemos os animais com 260kg de média, com no máximo oito meses de idade. Na fazenda os terneiros começam a comer ração com nove dias de idade em baias especificas para estes animais. No desenvolvimento destes terneiros, temos diversos alimentos que possibilitam um ganho de peso, com feno pré-secado e pastagem de inverno e verão. O investimento em comida para os animais é preocupação diária e temos invernadas com tifton e gigs e adubamos estas pastagens diferenciadamente para que o ano inteiro tenhamos pastos para as matrizes e terneiros. Em média são destinados 15m³ de cama de aviário por
Oilson João Wagner hectare”, comenta o produtor. Com a visão de que o sucesso vem após muito trabalho e investimentos, a Fazenda Campo Novo conquista resultados expressivos de cria de animais. “Nossa meta de ter 200 matrizes neste ano deve ser alcançada, mas mais que isso, temos um índice de produção de terneiros satisfatório, pois
nosso objetivo é comercializar em média 185 terneiros/ano, e esse é um bom resultado por realizar também um manejo diferenciado na propriedade”. O manejo comentado pelo produtor está relacionado à integração lavoura/pecuária. Com pastagens de inverno recebendo adubação, a cobertura das áreas destinadas à produção de grãos e o compromisso de ter animais ganhando peso tem associação direta. “Nosso compromisso é com a integração de atividades. Isso que faz a propriedade ter receita e renda ao final de um ano. Primeiro é preciso investir, em genética de animais, melhoramento, pastagens, adubação e manejo para depois ter o resultado. Nosso objetivo é de ter terneiros disponíveis aos compradores com um bom peso e que vão responder bem a sequencia da cadeia produtividade, mas para isso, investimos em alimentação no início do desenvolvimento dos animais. Mas não esquecemos da produção de grãos e o gado que está nas áreas destinadas a lavoura é manejado para que não prejudique estas áreas. Nós tiramos estes animais das pastagens até 60 dias antes de iniciar o manejo para produzir grãos para que não interfira no processo e assim, temos uma boa produção de grãos e de bovinos”, finalizou.
Celeiro do agronegócio
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30 Anos
Sicoob Credicampos completa 30 anos O autofinanciamento foi motivador para o início da cooperativa que hoje possui um patrimônio liquido de R$ 21 milhões.
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Sicoob Credicampos comemorou no dia 5 de setembro, 30 anos de atividades em Campos Novos. A cooperativa, que começou com apenas 25 sócios fundadores, hoje possui mais de 10 mil associados. De 8 a 11 de setembro, foram marcadas confraternizações em todos os pontos de atendimento, localizados em Curitibanos, Capinzal, Brunópolis, Monte Carlo e Campos Novos, onde também foi inaugurado um painel com a foto de todos os sócios fundadores. Segundo o presidente do Sicoob Credicampos, Otávio Henrique Almeida Tessaro, que está a 24 anos atuando na cooperativa de crédito, a Credicampos tem contribuído, ao longo de três décadas, para o crescimento dos associados, suas famílias e da região. “O principal da Credicampos é a credibilidade que transmite aos seus associados, pois só assim atingimos os nossos objetivos, trabalhando com transparência, pois aplica todos os recursos na própria comunidade, além de oferecer produtos e serviços financeiros com atendimento humanizado e personalizado, valorizando nosso principal bem que é o associado”, afirmou. Sobre o atendimento humanizado, um dos diferenciais da cooperativa, Otávio destaca que a capacitação do quadro de funcionários e o reconhecimento aos sócios, fortalece a qualidade da cooperativa. “O associado é o dono e temos mais de 10 mil proprietários e conhecendo nosso associado, temos a possibilidade de atender com eficiência e qualidade”. A principal atividade econômica da região é o agronegócio, com destaque para os plantios de soja, milho, feijão e trigo. Na pecuária, a maior relevância é para a pecuária de gado leiteiro, de corte e a produção de suínos e aves. O sistema cooperativo está enraizado como fundamental neste processo agropecuário da região e foi por isso, que os 25 sócios fundadores decidiram criar uma cooperativa de crédito genuinamente camponovense. “A necessidade de se autofinanciar foi o principal objetivo, pois quem tinha recurso disponível tinha onde aplicar e quem necessitava, usava este recurso para suas necessidades. “O inicio da Credicampos foi pelo autofinanciamento e o sistema foi crescendo e hoje podemos dizer que estamos muito bem”,
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Celeiro do agronegócio
Otávio Henrique Almeida Tessaro Presidente do Sicoob Credicampos
reforçou Otávio Tessaro. Para este segundo semestre, a cooperativa analisa a abertura de novos pontos de atendimento na área de atuação, além de consolidar o projeto para incluir no estatuto a expansão para o Rio Grande do Sul. “Para os próximos anos, o objetivo é o crescimento contínuo, a valorização dos associados, o aumento do número de sócios, a capacitação do quadro funcional e a ampliação da área de ação, sempre com base nos princípios de sustentabilidade”, informou o presidente Otávio Henrique Almeida Tessaro. A cooperativa conta hoje com 45 funcionários e um patrimônio líquido de R$ 21 milhões. Em 2014, administrou um total de R$ 156 milhões (ativos) e emprestou aos associados R$ 81 milhões.
Os 30 anos de trabalho Funcionária com 30 anos de casa, Valéria Keitel, relembra o início da Sicoob Credicampos. “Lançada a ideia, começamos a trabalhar, inicialmente com a documentação, saímos em busca de conhecimento, e o mais importante foi formar o grupo de associados que acreditaram na ideia. Para nós funcionários um desafio novo. No início tudo era de forma manual. Contabilidade, controles e até
o próprio extrato do associado era feito em fichas com lançamentos manuais e tudo exigia muito mais tempo”. A evolução da cooperativa de crédito e a valorização do associado são diferenciais para a funcionária. “Como funcionária, olhando para trás, percebo a evolução que ocorreu. 30 anos se passa-
ram e no caminho surgiram novas necessidades, o quadro de associados aumentando, mais funcionários, sala maior, se organizar como empresa era vital e com o trabalho da direção, funcionários, e sempre com o apoio do associado, o Sicoob se solidificou e chegamos aqui nos 30 anos, buscando atender sempre o nosso associado, que é o nosso bem maior”, afirmou Valéria Keitel.
Celeiro do agronegócio
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Reconhecimento
Clima de Santa Catarina favorece a criação da raça bovina Angus
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om um rebanho de quatro milhões de cabeças de gado e reconhecida excelência na atividade econômica, Santa Catarina é um Estado que se destaca pelo desempenho produtivo na área da pecuária. As características e condições climáticas da região tornam o solo catarinense ideal para a produção de raças de corte britânicas, entre elas a raça Angus. Acreditando no potencial produtivo do Angus como tipo ideal para a evolução da pecuária catarinense, a Fazenda Renascença, de Vargem, aposta na criação e desenvolvimento de genética de qualidade dos animais Angus desde o ano de 2000, tanto na variedade Aberdeen Angus (preta) quanto na Red Angus (vermelha). “A raça Angus reúne características que a tornam uma raça completa”, ressalta o proprietário da Fazenda Renascença, Nelson Antônio Serpa. Entre as vantagens, destaca o criador, estão a fertilidade e habilidade materna, a precocidade, a adaptação e rusticidade, a facilidade de parto e a qualidade da carne. “Esses atributos aliados à vantagem do clima catarinense tornam o Angus uma raça com padrão de excelência e que assegura o maior resultado econômico ao produtor”, observa Nelson Serpa. Na avaliação do criador e técnico do Rio Grande do Sul, Luiz Felipe Cassol, que acompanha a produção e a participação dos criadores catarinenses de Angus em feiras e exposições, embora o Brasil venha melhorando ao longo dos anos a pecuária bovina, é preciso que os produtores identifiquem o melhor padrão racial para a criação de gado em cada região. “Santa Catarina conseguiu alcançar padrões de muita qualidade em termos de genética. O que falta para o Estado agora é definir
Foto: Mario Tissot
um padrão e aumentar a produção. Santa Catarina hoje tem muita variedade na criação de raças de corte e pouca expressividade em cada uma delas. Ao definir um padrão, os criadores terão condições de aumentar a produção sem perder a qualidade do produto”, observa Cassol. De acordo com o técnico gaúcho, esse tipo ideal – ou tipo zootécnico – é fundamental para que se atinja a qualidade necessária da carne
bovina tanto do ponto de vista do produtor quanto do consumidor, cada vez mais exigente. “A raça Angus é considerada a raça mais importante no mundo para produção de carne de qualidade. No Brasil, a tendência é a mistura das raças zebuínas e Angus em razão das condições climáticas. Santa Catarina, contudo, tem um clima extremamente favorável à criação do Angus puro”, pondera Luiz Felipe Cassol.
Foto: Divulgação
Foto: Maiara Gonçalves
Produção e premiações Em 15 anos de atividade nos municípios de Campos Novos e Vargem, a Fazenda Renascença prima pela busca do melhor padrão genético da raça Angus. Nos últimos anos, a propriedade da família de Nelson Serpa tem realizado remates próprios e participado de feiras e exposições. Em 2015, a sexta edição do Remate Destaques Angus ocorreu no mês de agosto. O evento reuniu cerca de 500 pessoas para a comercialização de quase 190 animais de alto valor genético, entre machos e fêmeas puros de origem (PO) e cruzas Angus (CA), com um faturamento total de aproximadamente R$ 800 mil. A Fazenda Renascença também participou de exposições como a Feira Agropecuária de Braço do Norte (Feagro), realizada no mês de junho, e a ExpoLages, maior feira agropecuária de Santa Catarina, que ocorreu no último mês de outubro, na cidade de Lages. Na Feagro, a fazenda conquistou os prêmios de Campeã e Reservada no Grande Campeonato de fêmeas e o Reservado no
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Celeiro do agronegócio
Fêmea premiada na Feagro em Braço do Norte: Grande Câmpeã da Raça Angus
Família de Nelson Serpa. Da esquerda para a direita:
Grande Campeonato de machos. Já na ExpoLages foram quatro troféus para a fazenda. No julgamento dos animais de argola foram conquistados os prêmios de Campeão
Touro Dois Anos, Campeã Vaca Adulta e Reservada de Grande Campeã da Raça Angus. No julgamento dos animais rústicos a premiação da Fazenda Renascença foi a de Melhor Fêmea Rústica PO.
genro Vilmar, filha Lilian, Serpa e esposa Doroti
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45 Anos
Copercampos: 45 anos de história e conquistas
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Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos – Copercampos comemorou no dia 08 de novembro, 45 anos de fundação. História que teve origem na coragem de 100 agropecuaristas da região de Campos Novos, que no ano de 1970 buscaram solucionar o problema de armazenagem de trigo construindo um armazém, e assim, deram início a esta trajetória de conquistas, vitórias e sucesso que é a Copercampos. Com base em sua missão, a cooperativa busca produzir, industrializar e comercializar insumos e alimentos de qualidade, com tecnologia, rentabilidade, garantindo o respeito ao meio ambiente, e através disso, promover o desenvolvimento socioeconômico e cultural. Ao longo desses 45 anos a Copercampos cresceu e se tornou em uma das mais importantes empresas do país. Em 2015 a cooperativa foi destaque na edição especial “Melhores & Maiores: As 1000 maiores empresas do Brasil”, publicada pela Revista Exame no mês de julho, onde figura entre as 1000 maiores em vendas líquidas do país, e na re-
lação com as 400 maiores empresas do agronegócio brasileiro, a Cooperativa ocupa a 127ª posição no ranking baseado no exercício de 2014. Considerando as 50 maiores empresas do agronegócio da Região Sul, pelo critério de vendas líquidas, a Copercampos ocupa o 41º lugar e o 1º lugar de crescimento em Santa Catarina com 22,8% de aumento de vendas no ano. Numa análise dessas informações, a Copercampos reafirma sua posição como a 2ª maior cooperativa do agronegócio do estado catarinense. Atuando em um mercado cada vez mais competitivo, a Copercampos conta hoje com 1.394 associados e 1.103 funcionários e busca ferramentas que a diferenciem das demais empresas, mantendo sempre a qualidade e o compromisso com seus associados. Desta forma, além de investir em ampliações e novas unidades, também investe no quadro funcional. Com cursos, treinamentos e capacitações, busca oferecer o crescimento necessário para a vida profissional e bem estar de seus funcionários. E o reconhecimento desta valorização, foi compro-
vado mais uma vez pela pesquisa realizada pelo Jornal Valor Econômico em parceria com a consultoria Aon Hewitt, onde a Copercampos está entre as cinco melhores empresa do Brasil na Gestão de Pessoas - Categoria 501 a 1.000 funcionários, números referentes até dezembro de 2014. O Diretor Vice-presidente, Cláudio Hartmann, agradece e parabeniza a todos pelo excelente trabalho que realizam, promovendo assim o sucesso da Copercampos. “A Copercampos traz em suas raízes a determinação e a coragem de 100 agropecuaristas, que buscando solucionar um problema na armazenagem do trigo, investiram na construção de um armazém e assim deram início à cooperativa que hoje é referência no setor agropecuário”, destaca Cláudio Hartmann. “Ao longo desses 45 anos destacamos também a solidez da Copercampos mesmo em tempos de crise, pois tem como alicerce de suas ações, os conceitos do cooperativismo. É uma cooperativa de oportunidades, que gera crescimento e desenvolvimento social, econômico e ambiental, que luta pelos direitos e valorização do produtor
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45 Anos rural. É uma cooperativa que encontra na dedicação de seus funcionários o caminho para o sucesso e na confiança de seus associados o impulso para o crescimento e desenvolvimento do setor agrícola do país”, enfatiza o Diretor Presidente da Copercampos, Luiz Carlos Chiocca.
Insumos e sementes de qualidade para maior produtividade Na área de insumos, destaque para produtos básicos e de excelente qualidade, que são repassados pela Copercampos aos seus associados. Herbicidas, inseticidas, fungicidas, calcário, fertilizantes e microelementos, sementes próprias e de terceiros, podem ser encontrados nas diversas unidades da Cooperativa, facilitando a logística da venda e da entrega. De acordo com o Diretor Executivo da Copercampos, Laerte Izaias Thibes Junior, o objetivo é oferecer ao produtor as condições de plantio com segurança, certeza e tranquilidade. “Nestes 45 anos de história o setor de insumos esteve presente desde o início, através do suporte aos associados que começaram na agricultura. Sempre buscando pela melhor qualidade de insumos e na busca dos melhores fornecedores, por isso o setor de insumos tem o apoio de 48 assessores técnicos para a otimização da lavoura e o aumento na produtividade e rentabilidade no campo”, ressalta. Com produção superior a 60 mil toneladas por ano, a Copercampos produz sementes fiscalizadas e certificadas de soja. Localizada em uma região com clima favorável para a produção de sementes, a Copercampos realiza altos investimentos na melhoria dos processos das unidades de beneficiamento. Uma equipe de agrônomos e técnicos acompanham os campos de produção visando sementes de alta qualidade. “A produção de sementes surgiu devido à necessidade dos associados em possuírem sementes de qualidade para o plantio e o grande aspecto da região para a produção de alta qualidade proporcionou nos últimos 5 anos um grande avanço nesta área, fazendo a marca Copercampos reconhecida nacionalmente como sinônimo de qualidade em produção de sementes”, reforça o Diretor Executivo da Copercampos, Laerte Izaias Thibes Junior.
Investimentos e faturamento Além de ser destaque na gestão ambiental, a cooperativa realiza um excelente trabalho na gestão social, buscando a cada ano contribuir com o crescimento dos municípios das áreas de atuação. Com faturamento recorde estimado em R$ 1 bilhão para 2015 e em constante crescimento, a Copercampos expandiu seus investimentos com ampliações na área de armazenagem e beneficiamento de sementes, construção de lojas agropecuárias, unidades de recebimento e supermercados, reforma e ampliação do Posto de Combustíveis e Campo De-
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monstrativo, aquisição de terrenos para a construção de unidades em pontos estratégicos nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De acordo com o Diretor Executivo da Copercampos, Clebi Renato Dias, a Cooperativa tem um papel importante em todas as regiões onde atua. “Na minha área que é a de grãos podemos observar a “olho nu” o crescimento. A Copercampos conta hoje com capacidade de armazenagem de 7 milhões de sacos, lembrando que no passado eram 200 mil sacos. A expectativa é que haja um aumento de 3 milhões nos próximos anos, ampliando a capacidade de armazenagem para 10 milhões de sacos. E esse resultado reflete diretamente em retorno para todos, desde os associados e funcionários até a comunidade onde a Copercampos está inserida. Há municípios em que a cooperativa representa 42% da arrecadação, em Campos Novos, por exemplo,
representa 20% da arrecadação dos impostos”, salienta Clebi Renato Dias. Segundo Luiz Carlos Chiocca, a Copercampos está sempre investindo para que seus associados tenham maior lucratividade em seus negócios. Informações sobre as tecnologias existentes são disponibilizadas através de reuniões, palestras, dias de campo, viagens técnicas no Brasil e exterior, proporcionando ao produtor maior produtividade. Os grãos de soja, trigo, milho e feijão produzidos na Copercampos, são destinados ao consumo humano e industrialização, abrangendo o mercado interno e externo. “Temos o compromisso de atender as necessidades dos agricultores e é por estes empresários da produção de alimentos que estamos a cada dia buscando melhorar em todas as áreas da Copercampos. Queremos parabenizar os associados e funcionários pelo compromisso e união ao longo dos 45 anos da Copercampos. É através de nosso trabalho que conquistamos o sucesso e vamos juntos construir muito mais pela Copercampos. Parabéns a todos que fazem parte desta verdadeira família que transforma o agronegócio a cada dia”, enfatiza o Diretor Presidente da Copercampos.
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“Ao longo desses 45 anos destacamos também a solidez da Copercampos mesmo em tempos de crise, pois tem como alicerce de suas ações, os conceitos do cooperativismo. Luiz Carlos Chiocca Diretor Presidente da Copercampos
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45 Anos
Unidos para comemorar No dia 07 de novembro, o Parque Ambiental Ernesto Zortéa, em Campos Novos, foi o local escolhido para a confraternização especial aos associados da Copercampos, que completou neste ano, 45 anos de sucesso e desenvolvimento do agronegócio. Mais de 3 mil pessoas participaram neste ano do evento comemorativo direcionado para associados e familiares, que puderam conhecer um pouco mais da história da Copercampos. No dia 05 de novembro a Copercampos realizou o sorteio de um trator John Deere modelo 6130J e quatro vales compras no valor R$ 10 mil cada, a serem retirados em insumos agrícolas na cooperativa, totalizando R$ 200 mil em premiação. A promoção Show de Prêmios Insumos Agrícolas foi exclusiva para associados da Copercampos e alusiva aos 45 anos de fundação da cooperativa. Os prêmios foram entregues durante o evento realizado no dia 07 de novembro. De acordo com o Diretor Presidente da Copercampos, Luiz Carlos Chiocca, a promoção reforça o comprometimento da Copercampos para com seus associados. “Procuramos sempre atender as suas necessidades e realizamos investimentos para assegurar a produtividade das suas lavouras. Esta premiação é um reconhecimento pelo compromisso daqueles que contribuem para o crescimento da cooperativa, os nossos associados”, declara.
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Novas ideias
Aprosoja/SC traça diretrizes e objetivos Em reunião realizada em Campos Novos, diretoria buscou ideias e projetos para facilitar a vida dos produtores de soja e milho do estado.
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Associação de Produtores de Soja de Santa Catarina – Aprosoja/SC, realizou a primeira reunião após a eleição da diretoria, em maio, na AABB, em Campos Novos, a fim de traçar as diretrizes para o bom andamento da
entidade. Durante a reunião, o Presidente da Aprosoja/SC, Cláudio Hartmann, repassou informações obtidas na Assembleia Geral da associação, realizada em Brasília, no mês de março. De acordo com Hartmann, nesta primeira reunião com os diretores, a prioridade foi buscar ideias e projetos que serão desenvolvidos em parceria com a Aprosoja/SC, cooperativas e produtores de soja e milho. “Nosso objetivo é realizar reuniões em todas as regiões do estado, para que mais produtores saibam o que é a Aprosoja/SC e participem ativamente da associação. Estaremos realizando reuniões no oeste e também no norte para ouvir ideais, necessidades dos produtores e também soluções para que o agronegócio se desenvolva”, ressaltou o Presidente. Segundo Cláudio Hartmann, algumas imposições do governo atrapalham o agronegócio e por meio da Aprosoja, os produtores ganham força,
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Cláudio Hartmann Presidente da Aprosoja/SC
pois a associação busca levar suas ideias aos governantes. Sobre o Cadastro Ambiental Rural - CAR, Hartmann afirmou que a prorrogação de prazos para realização do cadastro possibilita ao agricultor, melhores condições de trabalhar na legalidade, porém, hoje, muitas regras tem dificultado a vida do produtor rural. O Presidente da Aprosoja/SC informou ainda que a associação e seus membros estariam participando do VII Congresso Brasileiro de Soja, que aconteceu em Florianópolis, entre os dias 22 a 25 de junho. “Nós vivemos um momento especial, em que devemos planejar ações e não fazer as coisas em urgência”, destacou.
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Expansão
Desbravando fronteiras Coocam busca novas regiões de atuação e expansão no Mato Grosso.
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om investimentos aproximados de R$ 30 milhões, a Cooperativa Agropecuária Camponovense – Coocam, adquiriu em agosto de 2015, unidade de recebimento de grãos no município de Ribeirão Cascalheira, no estado de
Mato Grosso. Segundo o presidente da Coocam, João Carlos Di Domênico, a compra da filial foi motivada pela necessidade de expansão e busca por região com maior capacidade de crescimento no que diz respeito a áreas produtivas. “Com a intenção de dar estrutura de armazenagem a um grupo de produtores camponovenses, formado principalmente por filhos de associados da cooperativa, que há dois anos investem na produção de grãos naquele estado por meio da Agrocam, a Coocam rumou à expansão de seus trabalhos para àquela região”, explicou. Com capacidade para armazenagem de mais de 1,1 milhão de sacas (66.000 toneladas estáticas), além dos armazéns, a unidade possui ainda duas moegas com dois tombares, secadores com capacidade de 200 toneladas por hora e silos pulmão. Com a integração desta unidade à Coocam, a cooperativa deve dobrar em três anos a sua capacidade de recebimento de grãos, que hoje chega a 2,5 milhões de sacas anuais. A área cultivada
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Celeiro do agronegócio
por produtores camponovenses em Ribeirão Cascalheira é de 6 mil hectares de soja atualmente e a proposta é chegar a 20 mil hectares cultivados num período de até sete anos. “O objetivo principal da Coocam é fomentar e dar suporte para nosso pessoal produzir. Assim, com a compra dos armazéns, temos estrutura para dar sustentação técnica e comercial para nossos produtores. Este grupo no Mato Grosso, que
formou a Agrocam, é comandado por Alexandre Di Domênico e formado por famílias associadas a Coocam”, explicou João Carlos, que afirma ainda, que associativismo, através da soma de forças é o meio mais fácil de enfrentar a crise. A nova unidade de Ribeirão Cascalheiras está localizada na BR- 158, KM 407, a cerca de 10 km das áreas cultivadas pelos produtores de Campos Novos.
Corredores de escoamento
Sobre a Coocam
Para o escoamento da produção de soja e milho no estado do Mato Grosso, os produtores camponovenses contam com três opções, tanto para exportação, como para atender o mercado interno. Através do transporte ferroviário, deslocando-se por São Luiz no Maranhão, pelo transporte fluvial para embarque nas barcaças em Bacarena no Pará, ou ainda rodoviário até o porto de Santos, em São Paulo.
Poucas opções de áreas em Campos Novos João Carlos Di Domênico ressaltou ainda, que a definição pelo investimento na região norte do país, se deu devido à escassez de áreas disponíveis em Campos Novos e arredores. “Como Campos Novos apresenta uma escassez de áreas produtivas disponíveis e a integração de filhos de produtores requer expansão, fomos buscar isso numa localidade que permite este crescimento em termos de área plantada. No quesito agricultura, Campos Novos está passando por um bom momento e só com o aumento de produtividade é possível crescer. Nossas lavouras já alcançam tetos produtivos de 70 sacas por hectare, isso significa altíssima tecnologia empregada, ou seja, estamos alcançando as máximas possíveis para o momento”, finalizou o presidente da Coocam.
João Carlos Di Domêmico Presidente da Coocam
A Cooperativa Agropecuária Camponovense – Coocam,é uma cooperativa agropecuária, que atua no ramo de agronegócios há 22 anos e conta com unidades em Campos Novos, Lebon Régis e Curitibanos, em Santa Catarina, Barracão, no Rio Grande do Sul, e agora Ribeirão Cascalheira, no Mato Grosso. É produtora de sementes de soja, trigo, feijão, milho e aveia fiscalizados e certificados. Monitorando a produção em campos de seus próprios cooperados, a Cooperativa produz mais sementes de alta qualidade, que são vendidas para as mais variadas regiões do Brasil. Beneficiadas com alta tecnologia, as sementes Coocam são fruto de parceria com instituições de pesquisa oficiais e privadas, que resultam em sementes com mais qualidade, vigor, pureza e alto poder de germinação.
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Futuro
Desafios da sucessão na agricultura familiar Jovens são minoria nas pequenas propriedades. Falta de matéria prima também é desafio na agricultura familiar.
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Agricultura Familiar é formada no Brasil por pequenos produtores que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – o Pronaf, em que a área de terra é de no máximo 80 hectares. Esses produtores utilizam a mão de obra familiar, produzem em 24% da sua área e são responsáveis 70% da produção nacional de alimentos. Outra característica é que as atividades se concentram onde há maior utilização de mão de obra, como olericultura, feijão, fruticultura e produção leiteira, entre outras. A definição da agricultura familiar foi apresentada nesta reportagem por Vigor Hugo Poletto, funcionário da Regional da Epagri de Campos Novos, que responde pela Secretaria Executiva Regional do SC Rural e pelo programa de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER, na Unidade de Gestão Técnica – UGT 2, que compreende as regionais da Epagri de Campos Novos, Joaçaba e Concórdia. De acordo com Poletto, as piores áreas estão concentradas nas pequenas propriedades rurais. Ele informa que levantamento desenvolvido pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola - Cepa, da Epagri, aponta que ao ano, 1% da população rural deixa o campo e vai para a cidade, número considerado elevado. O principal fator é a insuficiência de renda. “Hoje nós temos uma saída muito grande das pequenas propriedades do inte-
rior, em torno de 1% da população do campo está lidade de vida lá no interior e estão vindo para a vindo para a cidade ao ano, nos últimos 10 anos, cidade. E um grande problema é a capacitação, a número considerado elevadíssimo. 94% das pessoinformação. Se não tiverem informação e capacias que migraram do campo nos tação, realmente eles não vão últimos três anos, tinham entre permanecer no campo. Mas o 10 e 39 anos. O motivo princimotivo maior é a insuficiênpal deles virem para a cidade é cia de renda”, enfatizou Vitor a insuficiência de renda”, inforHugo Poletto. mou o técnico. Embora o acesso às De acordo com o novas tecnologias de informacenso de 2006 do IBGÉ, 34% ção e capacitação esteja mais da população nas pequenas próximo da pequena propriepropriedades rurais, tinham dade, o fator de agregação de mais de 55 anos de idade. A falrenda é um grande entrave ta de perspectiva de melhorar para a sucessão familiar na atia qualidade de vida no campo vidade. Fato é que tem permaé fator agravante para este ennecido no campo, jovens cujo Vigor Hugo Poletto velhecimento. “Eles não veem nível educacional é o mais baiFuncionário da Regional da EpagrI perspectiva de melhorar a quaxo.
Organização em grupo e incentivo Além do acesso à informação, Poletto defende que a pequena propriedade necessita de um projeto de viabilidade técnica e econômica e acompanhamento técnico, para ampliar a produção e transformar a matéria prima. A organização da pequena propriedade é fator preponderante, avalia o técnico. “O pequeno produtor tem que se organizar. Pode ser através de cooperativas ou de associações. Mas eu considero o melhor sistema o cooperativo em que ele pode processar a sua produção e vender”, orientou. A burocracia no encaminhamento de novos projetos para ampliar a produção, visando maior agregação de renda, é outro fator agravante para o pequeno produtor. “Nós pensamos na pequena propriedade transformar a sua matéria
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prima, mas tem uma burocracia tamanha pra fazer funcionar o empreendimento que eles acabam desistindo. Vamos ter que mudar alguma coisa em termos de legislação e facilitar para o pequeno produtor colocar em funcionamento o seu processamento de carne suína, de leite e de frutas, por exemplo”, considerou o técnico. Através do SC Rural os produtores são incentivados a produzir em grupo, são as chamadas alianças produtivas. Para viabilizar uma aliança produtiva, com investimento na propriedade, é necessário no mínimo um grupo de 10 produtores. Pelo SC Rural, o governo do estado investe 50% do projeto de associações com limite de até R$ 300 mil, com 50% do produtor também no valor de R$ 300 mil. No caso de cooperativas, os 50% do SC Rural
compreendem R$ 400 mil, mais R$ 400 mil reais dos produtores. A atividade com maior adesão na pequena propriedade na região é a bovinocultura de leite. A Epagri desenvolve ainda projetos nas Unidades de Referência Tecnológicas através do SC Rural, que são ferramentas de disseminação de tecnologias sustentáveis de melhorias na economia, ambiente e bem estar das famílias agricultoras do Estado Catarinense. As unidades são implantadas nas comunidades. Em Brunópolis, por exemplo, é desenvolvida a Unidade de Referência Tecnológica da Bovinocultura de Leite, contemplando estrutura em piquetes, como de pastagem perene de verão e piquete de pastagem anual de inverno (azevém), além da produção de mudas de Tifton 85.
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Novos rumos
Soja conquista cada vez mais espaço
Campos Novos registra maior área plantada com a cultura dos últimos anos. Produtividade das últimas safras e solidez na comercialização, são alguns dos atrativos da cultura. Safra 2014/2015 registra produção média de 65 sacos/ha.
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alta tecnologia presente nas cultivares, aliada as precipitações climáticas, bom manejo das lavouras e a dedicação dos sojicultores, tem resultado em alegrias no momento da colheita da soja. A área plantada foi recorde na safra 2014/2015 (54 mil/ha) e também é recorde na sa-
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fra 2015/2016 (57 mil/ha). De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas IBGE, o aumento na área da soja está relacionado à queda no plantio de milho e feijão. A produção estimada para a safra que passou se confirmou em 3.900 kg/hectare, ou 65 sacos/ha, um recorde também na produtividade média, que era de 60 sacos/ha. De acordo com o Técnico em Agrope-
cuária Silvio Zanon, da Cooperativa Agropecuária Camponovense – Coocam, o sucesso da safra está relacionado diretamente ao cuidado do agricultor desde a hora de escolher as variedades, no momento de semear e manejo das áreas. “O sojicultor tem feito o manejo preventivo das áreas, principalmente com relação a doenças e pragas que prejudicam a produtividade
final da lavoura e isso tem sido fundamental para obtermos excelentes safras ao longo dos anos. Os produtos disponíveis no mercado para a realização destas aplicações preventivas são eficientes e o resultado aparece. Nós acreditávamos que na safra passada teríamos um surto maior da lagarta helicoverpa, mas não teve, porém, a lagarta falsa-medideira ainda prejudicou algumas áreas e merece destaque nesta safra. Nós orientamos também aos produtores quanto a fazer o uso de produtos fisiológicos para combater pragas e doenças e isso vem dando certo, pois as aplicações curativas se tornam mais caras do que as ações de manejo preventivo”, informou Silvio. Para esta safra, Silvio acredita que o manejo preventivo será essencial para o desenvolvimento da cultura e devido à mudança climática,
com calor excessivo e chuvas frequentes. Com isso, pragas e doenças devem atacar mais a cultura. Lagartas, percevejos e doenças como a esclerotinia (mofo-branco), além de ferrugem, são algumas das preocupações para a safra de soja. A tecnologia diferenciada das cultivares de soja e o clima, com chuvas em momentos certos também contribuíram para que a safra 2014/2015 fosse satisfatória. “A tecnologia presente em cada cultivar de soja, após o advento da transgenia tem proporcionado que os ganhos em produtividade sejam sempre maiores. As cultivares tem teto para produzir mais e é isso que nós estamos buscando juntamente com o produtor. Trabalhamos para que eles obtenham sucesso e com investimento certo e o clima colaborando, os resultados estão aparecendo”, comentou Silvio.
Sojicultor satisfeito Alguns princípios para a produção de grãos são levados a sério na Fazenda Dois Varões, em Campos Novos. De acordo com o produtor de grãos João Emilio Almeida, a rotação de culturas é fundamental para o sucesso na lavoura. João Emilio ressalta que nesta safra de soja, a área plantada foi de 700 hectares, a mesma da safra anterior. “Nesta safra plantamos 700 hectares de soja, mesma quantia referente à safra anterior, pois levamos bem a sério a rotação de culturas. São diversos fatores que influenciam na produção da soja e das outras culturas, mas especificamente desta cultura, tem uma sequência de ações, desde o plan-
Silvio Zanon e João Emilio Almeida
tio à colheita que o produtor tem que ficar atento para obter uma boa produtividade. Alguns princípios básicos são: Qualidade de semente, qualidade de semeadura e uma boa rotação de culturas”, comentou o sojicultor. A satisfação na colheita foi visível e o produtor enaltece os resultados obtidos nesta safra de soja. “A safra está sendo ótima. A produção deve ultrapassar os 60 sacos de soja por hectare. Sabemos que havia rumores antes da colheita da soja, em que o produtor venderia seu produto muito abaixo do esperado, porém o mercado reagiu positivamente graças também ao dólar alto. Quanto à produção, nesta safra de 2015 foi ótima, pois foi um ano bem
favorável e bem chuvoso. Muitos colegas tiveram alguns problemas com doenças, mas garanto que quem conseguiu controlar com um manejo correto, está bem satisfeito com a lavoura”, comentou ainda João Emilio Almeida. O jovem agricultor, filho de Emilio Almeida destaca que para a próxima safra, a área plantada com a soja deve se manter nos 700 hectares. “Gostaria sim de aumentar a área de soja. Hoje o agricultor num todo vê a soja como a cultura da segurança, se não fosse preciso fazer um bom manejo de culturas, muitos plantariam somente soja, mas levamos a sério a rotação de culturas e por isso vamos manter a área”, finalizou.
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Insumos mais caros, mas desejo é de obter máxima produtividade O clima prejudicou o início do plantio, porém, não é somente esse o desafio dos produtores nesta safra. Para o produtor rural Jhonathan Hartmann, atenção às pragas e doenças deve ser redobrada. Os períodos chuvosos e de calor intenso tem diminuído significativamente a janela de plantio das culturas de verão na região de Campos Novos e em todo o sul do país, porém, desde o dia 15 de outubro, com o fim do vazio sanitário e liberação para semeadura da soja, os agricultores iniciaram mais uma safra do grão dourado. Com área de plantio recorde, a soja e sua solidez de produção, com ótima aceitação no mercado, tem proporcionado dinheiro no bolso dos produtores. Porém, neste ano, com os aumentos expressivos do dólar, os insumos para a cultura estão mais caros e àquele produtor que não se planejou e comprou antes da alta da moeda americana, tem sofrido com a calculadora. O produtor Jhonhatan Hartmann, destaca que o aumento de determinados insumos foi de até 30%. “Com a alta do dólar o preço do soja subiu, mas os insumos também subiram e quem comprou insumos antecipadamente, é que pode investir, porque se fosse hoje, não daria para fazer um alto investimento como estamos fazendo”, ressalta. Nas áreas de propriedade de Hartmann, o custo de produção da soja são nesta safra, próximos
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Jhonhatan Hartmann
dos R$ 3.095,00/ha, enquanto na safra anterior, este custo era de R$ 2.700,00/ha, um aumento de aproximadamente 12%. Se o investimento é significativo, há expectativa por uma boa produtividade. “Na safra passada tivemos uma produtividade média de 77 sacos/ha, e neste ano, esperamos manter essa produção, pois não diminuímos o investimento e aumentamos a área de plantio de 340 para 550 hectares de soja”, destacou Jhonhatan. Segundo o produtor, as janelas curtas de plantio e de aplicações necessárias nas culturas de
verão podem atrapalhar a vida dos agricultores. “As chuvas frequentes fizeram com que aproveitássemos os períodos para plantio e semear as áreas. Para pulverização das áreas esse clima também prejudica e já identificamos pragas no milho e no trigo, que também podem prejudicar a soja, como lagartas, percevejos e doenças como a ferrugem, que já foi identificada em muitas áreas do Paraná e Mato Grosso do Sul. O ano exige que o produtor fique atento a isso e faça aplicações necessárias”, ressaltou. Se a chuva atrapalha no plantio e manejo, a germinação das áreas deve ser satisfatória. “Com boa umidade e calor, o plantio bem feito vai ter uma excelente germinação que é o primeiro passo para bons resultados em produtividade na cultura”, completou. O investimento em tecnologia de produção e das plantas também merece destaque. Com áreas em que a Agricultura de Precisão está implantada há aproximadamente três anos, os resultados são diferenciados. “Nós vemos a tecnologia como fundamental no processo agrícola e realizamos alguns investimentos, porém, o custo alto de produção desta safra pode frear um pouco isso, falando em AP. Por outro lado, temos sementes com alta genética e precisamos segurar isso para que não se perca esse investimento como foi perdida a tecnologia dos híbridos de milho”, afirmou. Uma das ações para proteger a tecnologia de sementes é o plantio de refúgio. “O refúgio é fundamental e todo produtor deve fazer para manter a tecnologia”. Com custo alto e precisando produzir, uma das alternativas é e vender parte da produção esperada. As vendas antecipadas já são realizadas por cooperativas da região e garantem um bom preço ao produtor. “O mercado futuro pode ser uma alternativa, até porque o mercado oscila, mas neste momento, precisamos largar a safra no chão, fazer o manejo e esperar uma boa produtividade e excelentes preços”, finalizou.
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Novos rumos
Turismo Rural:
Potencial tem, basta apostar Campos Novos pode ter rota turística a partir de janeiro. Proprietários de fazendas do município já estão investindo em suas propriedades para receber turistas.
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relação direta entre o homem e a natureza, está entre as características do Turismo Rural. A busca do simples, do autêntico e até mesmo do rudimentar, além de tranquilidade, é uma reação ao estresse promovido pelos meios urbanos decorrente, sobretudo, da expansão industrial e desenvolvimento econômico das cidades. O turista de forma geral busca tranquilidade, paz e relaxamento que o meio rural proporciona. Além dessas características, existem outras como o retorno da pessoa a seu habitat de origem, após anos, decorrente, principalmente, do êxodo rural. Pelo menos há 20 anos a exploração do Turismo Rural tem ocupado espaço de discussão em Campos Novos. Alguns diagnósticos deste potencial turístico chegaram a ser elaborados, mas na prática, há muito a fazer. Alguns empreendimentos particulares surgiram, como as Termas Leonenses, localizada no Distrito da Barra do Leão que atrai turistas durante todo o ano e construção de condomínios aproveitando possibilidades da exploração do Lago da Usina Campos Novos. No intuito de criar a partir de janeiro de 2016, uma rota turística, o Núcleo de Turismo de Campos Novos (Netur), visitou alguns projetos turísticos em outros municípios catarinenses. Uma das visitas foi ao município de Santa Rosa de Lima para conhecer a Rota da Acolhida. O município é o único do Brasil e da América Latina a figurar no guia da "Accueil Paysan" (Acolhida Camponesa), entidade francesa de divulgação do agroturismo. Além dos belos cenários de serra, boas opções ecoturísticas e fortes referenciais das culturas alemã e italiana, Santa Rosa de Lima oferece ao visitante a oportunidade de hospedar-se em suas pequenas agropousadas, conviver com o dia-a-dia do agricultor e desfrutar das delícias da culinária local. O consultor dos Núcleos Empresariais da Acircan, Vandenir de Amorim, afirma que algumas
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iniciativas já são vistas em propriedades rurais de Campos Novos, para receber visitantes. “Nosso objetivo hoje é criar uma rota. Tem várias rotas na região e as pessoas passam por Campos Novos e não entram porque não conhecem as propriedades que nós temos. Por exemplo, a Fazenda dos Pinheiros, Fazenda da Lagoa e a Fazenda do Cervo, os proprietários estão preparando suas propriedades para receberem hóspedes lá. Então precisamos desenvolver uma rota turística e fazer com que as pessoas visitem o município. Já faz 20 anos que estão trabalhando nisso, é muito devagar e o processo é demorado mesmo”, enfatizou o consultor.
Atrativos para a rota turística No entendimento do Netur, Campos Novos está mais do que preparado para ter uma rota turística, explorando o Turismo Rural e outras atrações como o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, a Casa da Cultura, Termas Leonenses e a Usina Hidrelétrica Campos Novos. “Campos Novos está preparado para criar uma rota, porque as propriedades já estão prontas, assim como o restaurante já está pronto, o hotel já está pronto, a agência de viagens também, são empresas e propriedades que pertencem ao Núcleo e estão investindo”, informou Vandenir de Amorim. A intenção é que a rota turística contemple atividades na cidade e no interior, agregando cultura, história e o conhecimento da vida no campo. “A nossa ideia seria a pessoa chegar em Campos Novos para passar dois dias, por exemplo. Ela iria dormir no Bebber Hotel e na manhã do primeiro dia, já haverá transporte disponível para visitar a Fazenda do Cervo e tomar um café colonial, onde já existe uma cozinha pronta para receber turistas. Além disso, o turista ainda pode conhecer a fazenda e um dos atrativos é uma jabuticabeira com cerca de 80 anos”, relatou o consultor dos Núcleos Empresariais. Ainda na mesma manhã a rota contemplaria uma visita à Casa da Cultura, almoço no Restaurante Tropeiro, visita à Fazenda da Lagoa com café da tarde e retorno à Campos Novos, podendo ainda passar pelo Santuário de Nossa Senhora Aparecida, retornando ao Bebber Hotel. Outra opção seria uma visita à Usina Campos Novos. No dia seguinte, a rota contemplaria as Termas Leonenses e a Ferrovia também localizada no Distrito da Barra do Leão, que pode ainda abrigar os turistas nas pousadas existentes. De acordo com o presidente do Netur, proprietário da Churrascaria e Restaurante Tropei-
ro, João Granzotto, o município recebeu quatro excursões neste ano de 2015. “Nós já recebemos quatro excursões de fora, visitamos a Casa da Cultura, a Usina Hidrelétrica,o Restaurante e a Fazenda da Lagoa”, informou. A partir do mês de janeiro, é compromisso do Netur, dar início à implementação da primeira rota turística de Campos Novos.”Janeiro isso sai do papel. Vai haver um pacote para os custos. Se nós esperarmos a viabilização de recursos de fora, não vai acontecer, esse foi o entrave destes 20 anos. Se o proprietário não arregaçar as mangas e fazer as melhorias necessárias, não vai acontecer”, declarou Amorim. Para João Granzotto, a população tem que acreditar na ação. “O maior problema do turismo de Campos Novos não ter andado ainda, é a falta do povo acreditar na ação. Enquanto nós não convencermos nosso povo que o município tem potencial, não vamos andar. E o potencial existe”, finalizou João. Para viabilizar a rota turística, haverá o envolvimento de todas as empresas nucleadas ao Netur,que são as Fazendas do Cervo, da Lagoa, Pinheiros e São Domingos, Sítio Hotel Valdemar de Souza, Churrascaria e Restaurante Tropeiro, Hikari Restaurante Oriental, Bebber Hotel, Átria Viagens, Padaria e Confeitaria Bom Bocado, Gilson Lopes, Chalés do Celso, Mecânica Celso, Trans Maran e Fratello’s Disk Pizza.
Proprietários de fazendas se preparam para receber turistas Conhecer e participar das atividades no campo por algumas horas é a proposta inicial dos proprietários das fazendas do Cervo e da Lagoa, que confirmam o recebimento de grupos de turistas a partir de janeiro do ano que vem, por meio do Netur.
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reportagem do Jornal O Celeiro visitou as propriedades para conferir o que está sendo preparado. O proprietário da Fazenda do Cervo, Arnaldo Faversani, é defensor antigo da causa do Turismo Rural em Campos Novos e conta que desde 1997, tem buscado a viabilização de uma rota. “É uma grande indústria o Turismo Rural. As pessoas querem algo diferente, porque todo o brasileiro tem uma origem rural e é preciso resgatar isso. Na verdade eu e o Gilson Lopes, estamos desde 1997 tentando implementar o Turismo em Campos Novos. Agora o Netur encampou esta ideia e acredito que desta vez aconteça”, disse Arnaldo Faversani. De início, a permanência dos turistas na Fazenda do Cervo será por duas horas. “Vai ser assim: o turista vai comprar o pacote, a Acircan vai cobrar e nos repassa o dinheiro. A proposta é que o visitante conheça a vida diária de uma fazenda de gado, ovelha e lavouras. De abril a novembro nós lidamos com gado nas plantações de aveia, porque o granjeiro cultiva a soja e depois nos entrega a aveia plantada. De início serão somente duas horas para visitação do turista. Futuramente vamos nos adequar com hospedagem, vamos arrumar os chalés e receber o turista por mais tempo”, informou o fazendeiro. Um Camargo ao pé da vaca, a tosquia de ovelhas, um delicioso café colonial, cultivo de hortaliças orgânicas, cavalgada, além da comercialização de produtos confeccionados na própria fazenda como o pelego, mel e artesanato, são alguns dos atrativos que esperam pelos turistas a partir de janeiro na Fazenda do Cervo. Destaque também para as araucárias centenárias e jabuticabeiras com mais de 60 anos. Futuramente o proprietário deva ainda transformar um dos galpões da fazenda em restaurante, preservando as características da rusticidade rural.
Arnaldo Faversani
Vista para o lago na Fazenda da Lagoa
Turismo Rural também é cultura Na Fazenda da Lagoa, natureza e campeirismo se misturam. De propriedade do saudoso Osni Machado Conick, incentivador do tradicionalismo e adepto do campeirismo e rodeios, a fazenda é administrada agora por sua esposa Eloirce Velho de Melo, a Teca, como é conhecida na comunidade. A exploração na fazenda também atende ao consórcio lavoura/pecuária. Foi na Fazenda da Lagoa que surgiu a linhagem dos primeiros cavalos da raça campeira, grande paixão do tradicionalista e tropeiro Osni Conick, que tem um espaço reservado na propriedade com o registro da sua história, contando sua trajetória de incentivo à tradição gaúcha. Com uma natureza exuberante, as mais de 200 araucárias preservadas chamam a atenção logo na chegada da fazenda, onde pela rota que será
desenvolvida a partir de janeiro, será servido o café da tarde. Teca reforça que a iniciativa só será possível graças à união das empresas nucleadas “Então a gente depende de se unir e fazer o turismo rural crescer em Campos Novos. No turismo o retorno é lento, mas tem que começar e de início com pouco investimento, para agregar futuramente. As araucárias fazem um diferencial e aqui nós ficamos com o café da tarde. A ideia é também resgatar os costumes e a culinária do campo. Então quatro horas todos paravam e era servido o café da tarde com pão caseiro feito no forno de barro, pão de milho, pão de queijo e bolinho da chuva. A proposta é resgatar este costume”, relatou a proprietária. O café será servido em um galpão com vista para o lago e uma bela paisagem. “Eu optei por teste local pela visão da paisagem que proporciona tranquilidade”, afirmou. Depois do café uma caminhada aproveitando as belezas proporcionadas pela natureza. E para quem preferir, há ainda a opção da pescaria. Para Teca, a exploração do Turismo Rural representa ainda uma alternativa de permanência no meio rural. “Eu optei por turismo pra mim não sair daqui, porque se não criar nada, daqui a pouco você abandona e vai para a cidade. Iniciando a rota, a intenção é abrir para mais pessoas, tem que ser no mínimo um grupo de 10 para se tornar viável. Futuramente, como eu tenho aqui uma casa disponível, há possibilidade de viabilizar a hospedagem de um casal, por exemplo, para passar o final de semana”, planejou. Angicos com mais de 50 anos, capão onde foi encontrado o menino milagroso e a poço com a água de São João Maria, também são atrativos que podem ser explorados em trilhas na Fazenda da Lagoa e proximidades.
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40 Anos
Fecoagro comemora 40 anos de integração cooperativista
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Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina - Fecoagro, comemora em 2015, 40 anos de existência. Cerca de 350 pessoas, entre cooperativistas, lideranças, autoridades e convidados participaram de evento comemorativo em Florianópolis. Em uma programação de duas horas, a Fecoagro entregou placas e troféus em homenagem a oito funcionários com mais de 10 anos de Casa, oito ex-presidentes da entidade e 24 ex-secretários da agricultura de Santa Catarina dos últimos 40 anos. Foram homenageados através deles próprios ou, de seus familiares para os casos dos já falecidos, como Victor Konder Reis, Calos de Azambuja Loch, Flavio Baldissera, Vilson Kleinübing, Dilso Cecchin e Dejandir Dalpasquale. Entre os ex-presidentes falecidos, Aury Luiz Bodanese, representado pela esposa, senhora Zelinda Bodanese e Erico Frederico Gebler, representado pela esposa Rute Gebler. Foram homenageados ainda os ex-presidentes Luiz Carlos Chiocca, José Zeferino Pedrozo, Odacir Zonta, Luiz Hilton Temp, Neivor Canton e Marcos Antônio Zordan. Pronunciou-se na ocasião, pelos funcionários jubilados, o diretor executivo da Fecoagro Ivan Ramos, o mais antigo com 27 anos de casa, que destacou a importância da união do grupo de colaboradores para se atingir os resultados, os 40 anos da Fecoagro, suas conquistas e seus problemas nessa trajetória. Neivor Canton falou pelos ex-presidentes ressaltando a importância da Fecoagro no trabalho de união e intercooperação entre as cooperativas e os agricultores catarinenses. O Secretário de Estado da Agricultura Moacir Sopelsa falou também como ex-secretário, já que a exemplo de Odacir Zonta e Gelson Sorgatto, ocupou a pasta pela segunda vez. Sopelsa disse que a Fecoagro é um braço importante da Secretaria da Agricultura e que jamais o Governo do Estado teria condições de executar os programas que mantém hoje para os pequenos agricultores, se não existisse a participação da Federação e suas cooperativas filiadas. O presidente da Fecoagro, Luiz Vicente Suzin, afirmou que a federação sempre teve estreita relação com a Pasta da Agricultura, mantendo parcerias que beneficiam os agricultores e as cooperativas, mas que também facilitam e agilizam as operações dos programas governamentais. Por esta razão, declarou Suzin, em todos os governos, durante esses 40 anos, a Fecoagro manteve a participação efetiva na execução dos programas e os governos têm prestigiado o cooperativismo, motivo pelo qual foram homenageados os ex-secretários. Suzin também elogiou o trabalho dos ex-presidentes que,
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Homenagem aos Ex-Presidentes da Fecoagro
Homenagem ao Ex-Secretário da Agricultura Athos de Almeida Lopes
Maria Dione Dalpasqualli Homenagem ao Ex-Secretário da Agricultura Dejandir Dalpasquale (in memorian)
em cada época souberam valorizar a ação das cooperativas através da união do sistema e disse que a máquina da Fecoagro anda devido à dedicação do seu quadro de funcionários, desde sua fundação em 1975. Também foram homenageados os ex-dirigentes e ex-funcionários da Fecoagro que já faleceram, por meio da exibição de um vídeo com suas fotos. A programação contou ainda com sorteio dos três prêmios da promoção Fecoagro 40 anos.
Homenagem ao Ex-Presidente da Fecoagro Luiz Carlos Chiocca
Homenagem aos Jubilados da Fecoagro
Os três finalistas estavam presentes a convite da Fecoagro, e assistiram ao sorteio. O terceiro lugar, premiado com 40 sacos de adubo Ferticooper, foi Luiz Antônio Espindola, associado da Cooper A1 de Itapiranga. O segundo colocado, Evair Peres da Silva, de Praia Grande, associado da Cooperja de Jacinto Machado, ganhou uma moto. O grande vencedor da noite foi o senhor Inácio Jose Petry, também associado da Cooper A1 de Itapiranga que foi premiado com um trator Massey Fergurson.
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Recorde
Produção acima da média
Agricultores que investiram no milho na safra 2014/2015 obtiveram ótima produtividade com a cultura. De acordo com IBGE, produtividade média foi de 185 sacos/ha na região de Campos Novos. Expectativa era de 175 sacos de média. Operador de Mercado comenta que milho tem grande liquidez em Santa Catarina.
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clima colaborou muito com as lavouras de milho da região de Campos Novos e na colheita da safra, os investimentos em insumos e sementes de qualidade foram recompensados. O sorriso no rosto mostrava orgulho e competência, quando se falava em produtividade do milho. O alto investimento do milho faz com que a cada safra, a área plantada diminua, porém, os agricultores sabem das particularidades da cultura e realizam o plantio principalmente pela necessidade de rotação de culturas. Na safra 2014/2015, a
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área plantada foi de 9 mil hectares (ha), 20% menor do que na safra anterior, que foi de 11,5 mil/ha. Já na safra 2015/2016, a área diminuiu ainda mais: de 9 para 7 mil hectares. Para o Engenheiro Agrônomo da Copercampos, Marcelo Capelari, o alto custo de produção do cereal é o grande entrave para que a cultura tenha uma maior área de produção. “A safra de milho de alta tecnologia, por exemplo, tem um custo muito alto, que passou de R$ 3.500,00 por hectare no ano produtivo 2014/2015, então, é preciso investir alto para produzir bem. Hoje é inadmissível semear o milho e não investir, pois somente com boa adu-
bação e manejo, todo o potencial tecnológico daquele material será utilizado e aí sim, o produtor poderá obter uma boa safra”, destacou. Mesmo com os avanços da biotecnologia, a presença de pragas e doenças está cada vez mais frequente na cultura e por isso, o produtor deve estar atento diariamente às lavouras. “Na lavoura de milho, assim como em outras culturas, as doenças e pragas tem se modificado e continuam presentes e é fundamental fazer aplicações, por exemplo, de fungicidas em milho e investir em assistência técnica para obter uma alta produtividade”, ressaltou Capelari. O Engenheiro Agrônomo lembrou ainda da importância da rotação de culturas. “Nós reforçamos que para se controlar doenças e pragas de solo, a rotação de culturas é essencial e aí o milho tem uma grande participação, pois além de resgatar nutrientes do solo, pode aumentar a produtividade da cultura subsequente”, finalizou. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a área plantada de milho foi de 9 mil/ha. A expectativa de produção média de 170 sacos/ha na região de Campos Novos foi superada graças à colaboração do clima e também dos investimentos realizados pelos agricultores. Com isso, a média foi de 185 sacos/ha.
Produtor investe em Agricultura de Precisão e comemora O agricultor Juliano Andreazza apostou na tecnologia para obter resultados na lavoura. De acordo com Juliano Andreazza, a utilização da Agricultura de Precisão (AP) tem contribuído para uma melhor eficiência na atividade. Na área de milho em que realizou a AP, Juliano afirmou que a produtividade foi superior a outra colhida na mesma fazenda. “Este é o primeiro ano da Agricultura de Precisão nesta área e fechamos com uma média de 190 sacos/ ha, por termos investido bem na cultura e também por utilizar a tecnologia da AP, que além de outros fatores, diminui custos com a utilização correta de nutrientes em cada região da lavoura, de acordo com as necessidades”, informou. Para Juliano Andreazza, a cultura do milho, além de ser essencial na rotação de culturas, teve neste ano um ótimo desenvolvimento e agora, a expectativa é por bons preços. “Nesta safra a lavoura se comportou muito bem. Fizemos os investimentos necessários e o clima colaborou muito e colhemos resultados. A cultura do milho é essencial para a região por ter uma demanda grande, mas com o custo alto é preciso ter preço e neste momento, os preços são bons, então, precisamos aproveitar esse mercado”, finalizou.
Liquidez do milho é diferencial Para o Diretor Executivo da Copercampos, Clebi Renato Dias, a cultura do milho tem um grande diferencial para Santa Catarina. “O estado consome quase 6,8 milhões de toneladas de milho e vai produzir 3,3 a 3,7 milhões de toneladas e por isso o cereal tem mais liquidez para o produtor. O agricultor sabe que tem facilidades de venda do produto. Nós tivemos em março um preço de R$ 25,00 (saco de 60kg), aqui e no Paraná esteve no mesmo período a R$ 21,00, mas mesmo com esse preço o produtor fica na expectativa de que subam os preços a R$ 30,00, por exemplo, porém, isso está relacionado a queda de produção do milho safrinha, por exemplo, mas esse valor de R$ 25,00 é considerado bom”, informou o operador de mercado. A oportunidade de exportar o milho safrinha tem contribuído para que os preços se mantenham nestes valores, destacou Clebi. “O milho não baixou mais pelo cambio alto, pois hoje se tem condições de exportar o milho safrinha, que é o grande entrave para os agricultores do Sul, porque vinha toda essa oferta pra cá, então, o produtor de lá tendo a oportunidade de vender a R$ 31,00 o saco no porto, ele não vai vender aqui a R$ 27,00 e isso vai diminuir a pressão de oferta no segundo semestre para a Região Sul”, ressaltou. A ligação do milho com o mercado de carnes, que é forte na região sul, foi comentada pelo Diretor Executivo da Copercampos. “Enquanto o mercado de carnes estiver firme o preço se mantém e o produtor deve pensar bem, pois R$ 25,00 não é um preço ruim para o milho”, finalizou.
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Clima
Safra prejudicada Ano atípico resulta em baixa produtividade e péssima qualidade do trigo. Mercado paga pouco pelo produto brasileiro.
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área cultivada com trigo diminuiu significativamente na região de Campos Novos nesta safra, de 9 mil para 7 mil hectares, porém, a maior perda neste ano é de produtividade e qualidade do cereal. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, atualizados com técnicos de cooperativas de Campos Novos no dia 16 de novembro, a produtividade média da região deve fechar em 40 sacos/ha, contra 60 sacos/ha colhidos na safra de 2014. A queda de 20 sacos/ha tem interferência direta do clima. Atrasos no plantio devido às chuvas, ausência de geadas no cedo e geadas tardias, prejudicaram o desenvolvimento da cultura, que contou ainda com doenças e pragas nas lavouras, diminuindo a qualidade do produto. De acordo com o Engenheiro Agrônomo Helan Paulo Paganini, da Cooperativa Agropecuária Camponovense – Coocam, estes fatores, somados às precipitações climáticas neste momento de colheita, prejudicam muito a qualidade do trigo. “Tivemos vários problemas na safra de inverno e essa chuva na colheita do trigo do cedo, pode prejudicar ainda mais a qualidade do cereal, com danos de germinação na espiga e apodrecimento do grão do trigo”, comentou Helan. No início da colheita, foi possível conferir que a qualidade do produto não era é nada boa. “Com os investimentos realizados, o objetivo era colher trigo tipo pão, melhorador e para sementes, porém, recebemos um trigo tipo 3, que deve ser encaminhado para produção de rações. Com qualidade péssima, também diminuiremos a produção de sementes de trigo. Na Coocam tínhamos uma expectativa de produzir 70 mil sacos de sementes, mas teremos uma produção muito menor nesta safra”, comentou ainda Helan.
Mercado exige qualidade, porém, paga menos pelo produto nacional Se no campo o trigo tem baixa qualidade e pouca produtividade, no mercado financeiro, as preocupações são ainda maiores, porém, há uma luz no fim do silo. De acordo com o Gerente Comercial da Coocam, Ricardo Bresola, o trigo de hoje não tem preço bom por fatores relacionados à qualidade do produto. Além disso, há o custo
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alto da lavoura e uma desvalorização do produto. “O produto com qualidade boa pode valer a pena, mas o que vemos hoje é que o país importa 50% do produto que consome e não existem políticas de valorização do nosso trigo, além de uma burocracia muito grande quando se vai vender pro governo, por exemplo”, destacou. Para se ter uma ideia, o trigo tipo 1 estava sendo comercializado no dia 17 de novembro, a R$ 36,00. Já o custo de produção de um hectare de trigo pode chegar a R$ 2 mil. “O momento é de incógnita, porque nosso trigo é de qualidade ruim e não foram apenas aqui os problemas. O Rio Grande do Sul e parte do Paraná também colheram um trigo ruim, mas no Rio Grande do Sul, o trigo foi exportado e essa pode ter sido uma boa saída, mas para fazer isso é preciso ter volume”, explicou Ricardo Bresola. Quanto às vendas, o gerente comercial da Coocam é otimista. “Vejo um mercado altista para o trigo, desde que se tenha qualidade. Com a abertura de mercado para exportar o produto, abrem-se portas, mas hoje a qualidade é o diferencial”, concluiu. O produtor de trigo e presidente da Coocam, João Carlos Di Domênico, lembrou que hoje, se paga menos pelo trigo nacional do que pelo importado. “Temos uma diferença de até 40% no valor pago pelo trigo Argentino, por exemplo, em relação ao do Brasil. Hoje, plantar trigo não vale a pena, aliás, as culturas de inverno não dão retorno ao pro-
dutor. O trigo é uma cultura ingrata, o governo não se mobiliza e os moinhos pagam mais ao produto importado do que o produzido aqui, falando que nosso trigo é ruim, mas ano passado, por exemplo, o trigo foi de primeira, mas a remuneração não foi boa”, destacou João Carlos. O triticultor João Carlos Di Domênico, iniciou a colheita do trigo no dia 16 de novembro, porém, já na primeira lavoura, de mais de 200 hectares, de um total plantado de 450/ha, contra 550/ha na safra passada, os indícios de queda de produção são visíveis. “Na safra passada, colhemos de média 66 sacos/ha. Neste ano, se fecharmos em 45 sacos/ ha, está bom. Tivemos um ano atípico às culturas de inverno e em 60 dias, acredito que tivemos só 10 de sol. E isso está criando uma situação muito difícil. O trigo precisava de um fomento porque só não extinguiu ainda porque não temos outra opção no inverno. Temos problemas pra produzir canola e cevada que são ainda mais sensíveis ao clima, aveias também sofrem com o clima e tem uma série de dificuldades. Nós temos que lutar para que as autoridades se sensibilizem para isso, principalmente no quesito mercado. Se tivéssemos um mercado mais justo, o risco seria diluído”, enfatizou. O produtor destaca que neste ano, o Brasil deve importar 6 milhões de toneladas de trigo, porém, se tivessem políticas públicas que elevassem o preço do produto brasileiro, o país poderia inclusive, ser autossuficiente em trigo.
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