Locomotiva Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação 11 de agosto de 2012 - sábado - nº 79 - Distribuição gratuita
Única maternidade da região não tem médicos suficientes Hospital de Caieiras, que também atende a Franco da Rocha, conta com profissionais em número reduzido para fazer todos os partos das gestantes das cidades vizinhas Pág. 5 Maternidade de Caieiras recebe pacientes de cinco municípios
Cultura da cidade Conheça a história da escola de samba que mudou o carnaval de Franco da Rocha
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Eleições 2012 Candidato do PSDB a prefeito tem coordenador de campanha acusado em caso de propina. PT e Kiko são multados por propaganda eleitoral antecipada
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NOS TRILHOS
EDITORIAL
P
or mais primitivos que sejam os grupos humanos espalhados pelo planeta, uma tradição comum menos contribuem para dar entre todos é o cuidado com as crianças. Candidatos gás no debate. registrados Não existe registro de gente que Em Franco da Rocha, os dois candidatos a cuide mal do futuro representado pelos Máquina prefeito tiveram seus O prefeito tenta fazer a sua que nascem. pedidos de registro de parte, com inaugurações Em Franco da Rocha, na contramão candidaturas deferidos. e chamamento de funciodesse costume, há três anos as crianças Poucos candidatos a ve- nários da prefeitura para reador foram indeferi- discutir as eleições fora do não têm um local público adequado dos, pouco interferindo horário de trabalho. para nascer. Antes mesmo de saberem na disputa eleitoral. do que se trata, aqueles que já virão a Grande este mundo em uma condição social A eleição imprensa segue o curso Os dois candidatos a prefeito têm características muito definidas. Kiko (PT) trabalha com a perspectiva do novo, da mudança. Já Pinduca (PSDB) aposta na continuidade, tentando ligar a sua imagem ao prefeito Márcio Cecchettini.
A Rede Globo esteve em Franco da Rocha fazendo matéria dentro da série sobre desafios a serem enfrentados pelos novos prefeitos a partir de 1º de janeiro, quando tomam posse.
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desfavorável dependerão do desloca� mento a outra cidade. Nesta edição, trazemos uma repor� tagem com o prefeito de Caieiras, na qual ele conta suas dificuldades para administrar os nascimentos no seu município e nos vizinhos. Franco da Rocha não tem uma maternidade pública. Numa política desastrada perdemos a que tínhamos. Hoje, Caieiras tenta resolver um problema que não é só dela. Leia a matéria e entenda o drama.
Risco nos postes
Segue o jogo! Em Francisco Morato, a eleição prossegue com o Zezinho Bressane (PT) e a Sem debates Dra. Andréa (PSDB) tendo Faltando 57 dias paras indeferidos os seus pedidos as eleições, que é o de registro, mas aguardangrande momento para do julgamento de recurso a cidade discutir os seus em segunda instância. problemas e as propostas Podem continuar fazendo para o futuro, continua- campanha normalmente. mos sem os debates, que apresentam o contraste Em julgamento entre as ideias, dando Em Caieiras, três candidasubsídios para o eleitor tos, Dr. Roberto Hamamodefinir o seu voto. to (PSD), Miranda (PT), e Nelson Fiore (PSB), foram Nova fase deferidos, enquanto que Começaram os tradi- Névio Dártora (PSDB), cionais comícios, que embora também deferido, não têm mais os atrati- aguarda, fazendo campavos de shows musicais nha, julgamento de pedido para atrair o público. de impugnação em segunVamos ver se pelo da instância.
Expediente Locomotiva é uma publicação semanal da Editora Havana Ltda. ME.
Circula em Franco da Rocha, Caieiras, Francisco Morato, Mairiporã e região.
E-mail: jornallocomotiva@gmail.com Endereço: Rua Bazilio Fazzi, 44 2o andar, sala 8 Impressão: LWC Gráfica e editora
Tiragem: 10 mil exemplares Redação: Pedro Mikhailov e Thiago Lins Projeto gráfico: Feberti Diagramação: Luiz Dimm Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do jornal.
Um emaranhado de fios põe em risco os moradores da estrada Central, no bairro da Paradinha. Mas é possível encontrar instalações parecidas pelos bairros da Vila Elisa
e do Lago Azul. O medo dos moradores é que, com fortes ventos ou com o choque de algum objeto, o poste entre em curto circuito, comprometendo toda a rede elétrica da rua e a
integridade física das pessoas. Pior: o “gato” é oficial. Quem fez as ligações foi a empresa Elektro. Faltou um pouco de cuidado aí, não?
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Comerciantes da Paradinha são despejados Prefeitura cumpre ordem judicial para desocupar local. Trabalhadores dizem que não têm para onde ir
“Sinto-me humilhado. Sou pai de família e não tenho onde trabalhar” João Félix, comerciante
“Estamos cumprindo ordem judicial. Todos foram notificados” Despejo ocorreu na tarde da quinta-feira passada
Na tarde da quinta-feira passada, comerciantes que trabalhavam ao lado da estação de trem Baltazar Fidelis (Paradinha) foram despejados por ordem judicial, cumprida pela prefeitura. Muitos deles reclamam agora por não ter um lugar para que possam continuar atendendo aos seus clientes. “Fomos avisados que tínhamos de sair daqui, porém a prefeitura tinha prometido que nós teríamos outro lugar para trabalhar, mas agora somos obrigados a sair
daqui sem ter para onde ir”, afirmou Antônio Marcos, que há 15 anos trabalha no local. “Já que temos de sair, que já tivesse um ponto para gente não ficar desamparado”, completou o comerciante. Muitos dos trabalhadores têm ali sua única fonte de renda e agora, sem poder trabalhar por período indeterminado, não sabem o que farão para sustentar suas famílias. “Sinto-me humilhado passando por essa situação, minha
mercadoria está toda espalhada pelo chão, sou pai de família, tenho quatro filhos e agora não tenho onde trabalhar para manter meus familiares”, desabafou João Félix. Situação parecida é a de Manuel Damião da Silva, que trabalha e mora no local. “Não sei o que vou fazer agora. Há quatro anos que meu sustento vem daqui, não tenho nem lugar para dormir hoje, o jeito é ficar dentro do meu carro velho e trabalhar catando papelão.”
Ari Fernandes, chefe da fiscalização da prefeitura
O chefe da fiscalização da prefeitura, Ari Fernandes, que coordenava a desocupação, explicou a ação. “Estamos cumprindo uma ordem judicial, todo mundo já tinha sido notificado, infelizmente não teve como transferir o pessoal daqui, mas existe, sim, um projeto para realocar todos os comerciantes que perderam o ponto. Eles não ficarão desamparados, porém ainda não temos um prazo determinado para isso acontecer.”
Barulho de trem tira o sono de vizinhos da CPTM
Linha de trem fica perto de residência de família
Há mais de um ano, família vive uma situação de tirar o sono, literalmente. Moradora da Avenida 7 de Setembro, ao lado da estação de trem de Franco da Rocha, toda noite tem sido difícil para Sueellen Franco de Oliveira e seus parentes. Os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) param em uma linha desativada próxima aos fundos da casa e lá ficam a noite toda ligados. “Os trens chegam às 22h e só vão embora às 4h15; ninguém em casa suporta mais essa situação.” Segundo ela, as queixas não surtem efeito. “Já entramos em contato com a CPTM, mas eles não resolvem”, desabafa Sueellen. Nos finais de semana a situação, afirma a moradora, é pior. “O trem chega sexta à noite e só sai na segunda-feira de madrugada. Nós só queríamos que não ficassem ligados a noite toda”, diz. O problema afeta a saúde da família. “Minha sogra está afastada do serviço por ordens médicas, ela precisa descansar, mas como conseguir isso com o barulho incessante? Meu marido é servidor público, trabalha em
plantões e precisa descansar. Minha filha tem quatro anos e acorda todas as noites. Quem pode viver bem assim?”, questiona a moradora. Além do barulho, problemas de ordem estrutural afetam a residência da família. Surgiram rachaduras pelo quintal e pelo muro, que teve metade comprometida. “Por causa da trepidação causada pelos trens que ficam parados com o motor ligado, o nosso muro caiu”, conta Adilza Luci, sogra de Sueellen. “E para arrumar, nós é que temos que arcar com o prejuízo, só de mão de obra o pedreiro cobrou mais de R$ 5 mil”, completa Sueellen. Segundo a CPTM, estão em curso obras para a construção de abrigos para recolhimento de trens e de novos pátios de estacionamento. A CPTM afirma que, até o fim desse processo, a empresa tem de usar vias auxiliares para estacionar os trens à noite e que uma grande área que poderia ser utilizada está ocupada com antigas composições do DNIT. A CPTM diz que já solicitou a remoção dos trens à União e aguarda providências.
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Acusados sofrem derrota na Justiça
Promotor Daniel Serra Azul, responsável pela abertura do inquérito
Suspeito em caso de propina coordena campanha de tucano Ex-secretário Marco Antonio Donário trabalha para Pinduca, vice-prefeito e candidato ao executivo municipal
A denúncia de pagamento de propina na prefeitura de Franco da Rocha parece não ter causado impacto suficiente a ponto de cortar alguns laços. Um dos envolvidos no caso se mantém ligado à atual gestão. Marco Antonio Donário é coordenador da campanha de José Antonio Pariz Junior, o Pinduca, vice-prefeito e candidato, pelo PSDB, ao principal cargo do executivo municipal. Donário era secretário de assuntos jurídicos do prefeito Marcio Cecchettini (PSDB). Em julho de 2009, o Ministério Público (MP) encontrou em torno de R$ 60 mil em dinheiro e cheques de empresas prestadoras de serviço à prefeitura no gabinete de Donário e do secretário de governo, Marcelo Tenaglia, o Marcelo Nega.
Com base nesse fato, o MP instaurou inquérito para apurar o caso. Calcula-se que o suposto esquema de corrupção teria movimentado cerca de R$ 2 milhões. Segundo o promotor Daniel Serra Azul Guimarães, Donário e Nega são
suspeitos de serem responsáveis pela distribuição da propina. Além do dinheiro, foram encontradas listas de pagamento. Nelas aparecem os nomes de quem distribuía e recebia os recursos. Pinduca e Cecchettini constam na relação. Até
Relembre o que aconteceu Em 7 de julho de 2009, dois promotores de Franco da Rocha e dois do Grupo de Atuação Especial de Repreensão ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram mandado de busca e apreensão na prefeitura e na Câmara. A operação apurava denúncias de pagamento de propina. O Ministério Público encontrou R$ 52 mil na sala de Marco Antonio Donário e R$ 10 mil na de Marcelo Nega. Parte do valor era em notas de R$ 50, R$
Envolvidos no caso de propina na prefeitura de Franco da Rocha sofreram uma derrota na Justiça em 31 de julho. A empresa Transcolar Locadora de Veículos, o prefeito Marcio Cecchettini, o ex-secretário e atual coordenador da campanha do PSDB para a prefeitura, Marco Antonio Donário, e a própria prefeitura tiveram recurso negado ao questionarem a acusação de improbidade administrativa. A negativa ocorreu em segunda instância em votação unânime no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Os réus alegam que a ação não teria sido fundamentada, não teria havido improbidade administrativa, os contratos firmados seriam válidos e nem houve prejuízo aos cofres do município. Mas esse não foi o entendimento da Justiça, que manteve a ação. A decisão é dos desembargadores Franklin Nogueira e Aliende Ribeiro. Eles afirmam que “é prematura a alegação de que inexiste irregularidade nos fatos apontados” e que nenhuma das questões levantadas no recurso tem força para interromper o prosseguimento da ação.
20 e R$ 10 e parte em cheques. Sem explicação para a origem do dinheiro, os secretários foram encaminhados para a delegacia para prestar depoimento. Também foram apreendidos computadores e cadernos com anotações. A propina envolveria empresários da cidade com contrato com a prefeitura. Na ocasião, foi dado prazo de 30 dias para que se explicasse a origem do dinheiro, o que não ocorreu até agora.
hoje ninguém explicou a origem do dinheiro. Além do prefeito, do vice e dos secretários, dez vereadores estão envolvidos na investigação. Segundo Serra Azul, os acusados “recebiam propina para beneficiar empresas”. Cecchettini disse à Rede Globo que afastou imediatamente os secretários. Donário, por iniciativa própria, saiu e não ocupou mais cargo público. Nega foi afastado, mas reassumiu o posto pouco tempo depois. Na ocasião, o promotor pediu que os secretários fossem suspensos de suas funções. Como não houve ação imediata, Serra Azul disse que a prefeitura não estava colaborando. Em agosto de 2009, Donário recorreu, sem sucesso, ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para que a investigação fosse suspensa.
PT e Kiko são multados por propaganda eleitoral antecipada O PT e o candidato do partido à prefeitura de Franco da Rocha, Francisco Daniel Celeguim de Morais, o Kiko, foram multados pela Justiça Eleitoral em R$ 15 mil cada por propaganda eleitoral antecipada. O fato que levou à punição se deu em 24 de junho, quando o PT realizou a convenção que escolheu Kiko como o candidato do partido na eleição deste ano. O evento ocorreu na Escola
Estadual Benedito Fagundes Marques (Befama), em Franco da Rocha. A representação foi movida pelo PRB, partido presidido pelo ex-secretário de Governo, Marcelo Nega. Na ação, o PRB alega que, no dia da convenção, foi distribuído material de campanha como adesivos e bandeirolas, além da presença de pessoas nas ruas com bandeiras do partido. As bandeiras, porém, estampavam apenas
o logotipo do PT e o número 13, sem menção a Kiko. Pela legislação eleitoral, qualquer propaganda só seria permitida a partir de 6 de julho. De acordo com o PRB, o material do PT só poderia se distribuído para filiados do partido e não para a população em geral. O PRB afirma que tal material foi distribuído, inclusive, na feira livre que é realizada aos domingos na cidade. O partido, em sua
representação na Justiça, argumenta que o alcance da ação do PT extrapolou os seus filiados. Em sua sentença, o juiz eleitoral Arthus Fucci Wady, da 192ª zona eleitoral de Franco da Rocha, reconheceu a existência de propaganda antecipada por parte do PT e que esta supostamente teria beneficiado Kiko. O PT e Kiko entraram com recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo e aguardam julgamento.
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Faltam médicos na única maternidade da região “Estamos pagando por partos de crianças de toda a região, o que não é justo com os contribuintes da cidade” Roberto Hamamoto, prefeito de Caieiras
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atendimentos de ginecologia e obstetrícia de cidadãs de Franco da Rocha foram feitos em junho
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
Salário menor afasta profissionais Com a criação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), os médicos passaram a cumprir o que manda a Constituição Federal, que permite apenas dois vínculos com cargos públicos. Mas os salários estaduais são menores do que os pagos pelas prefeituras, o que leva os médicos
a preferirem empregos nas redes municipais, esvaziando o quadro da rede estadual. A procura por empregos nos hospitais estaduais também tem sido ínfima. O Estado abriu três concursos, sem conseguir completar as vagas. No último, eram dez vagas disponíveis. Apenas dois médicos se inscreveram.
Hospital de Caieiras não tem profissionais suficientes para atender cidades vizinhas A única maternidade na região não tem médicos em número suficiente para fazer todos os partos. A afirmação é do prefeito de Caieiras, Roberto Hamamoto, que, na terça-feira passada, convocou a imprensa para explicar a situação da Maternidade Estadual Vitalina Francisca Ventura. O problema atinge, além de Caieiras, Franco da Rocha, Mairiporã, Francisco Morato e Cajamar. Hamamoto vem sofrendo críticas sobre a maternidade estadual e seu serviço insuficiente para atender as mães da região. O hospital foi inaugurado pela gestão do ex-prefeito Névio Dártora (PSDB), sem rede de esgoto e laudo de funcionamento dos bombeiros. “Inaugurar o hospital é uma coisa, colocá-lo em funcionamento é outra completamente diferente”, diz Hamamoto. “O primeiro ponto a esclarecer sobre a maternidade é que o prédio é municipal. Mas existe uma parceria com o governo do Estado em que foram cedidos dois andares para a maternidade estadual que atende a região, dentro da política de regionalizar o atendimento específico.” Segundo o prefeito de Caieiras, o hospital funcionava sem nenhum problema até a implantação da maternidade regional, que atende a população dos cinco municípios. Com a falta de médicos no serviço estadual, o atendimento da maternidade tem um déficit de 40% de profissionais hoje. A saída encontrada por Hamamoto foi um convênio da prefeitura com um hospital particular da cidade pago com dinheiro público, indicação dele quando era vereador na cidade e a maternidade ainda não existia. “Mesmo com o surgimento da maternidade, preferi manter o convênio em caso de emergência”, explica. Com a falta de médicos, o número de partos não atendidos pela rede estadual cresceu, sobrecarregando os cofres do município com partos de pessoas da região. “Estamos pagando por partos de crianças de toda a região, o que não é justo com os contribuintes da cidade”, desabafa. Em junho desse ano, foram 55 partos de Franco ante 32 de Caieiras. “Seria o caso de restringir apenas para atendimentos a gestantes de Caieiras, mas não podemos fazer isso com casos urgentes, afinal a maternidade é estadual e elas deveriam ser atendidas aqui.” Apesar de tratar-se de um problema estadual, a solução seria cada um dos municípios criarem convênios com hospitais particulares, ou mesmo enviar médicos. Francisco Morato chegou a enviar um médico, mas após dois plantões ele pediu demissão. As outras cidades não enviam nenhum tipo de ajuda a Caieiras.
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Clima de tranquilidade na 69ª Romaria Evento foi realizado sem incidentes, porém já não atrai tanto público como em outros anos
Momento da saída dos romeiros no manhã do domingo passado
A 69ª Romaria a Bom Jesus de Pirapora deste ano transcorreu em um clima de tranquilidade. Os romeiros puderam aproveitar a tradicional queima do alho, a missa realizada em Pirapora e o show de Marcos e Belutti. “Foi muito tranquilo, a romaria foi muito boa, não vi nenhuma confusão, não tenho do que reclamar”, contou Luciana Ramos,
AQUI TEM
que esteve no evento pela primeira vez. A segurança, segundo os participantes estava reforçada. “Não vi nenhum tumulto, pude assistir à missa, que foi maravilhosa, e voltar para casa com muita tranquilidade”, disse Tatiani Augusta. Havia uma certa expectativa este ano, pois em 2011 o vereador Rodrigo Federzoni foi morto durante o evento
por causa de um desentendimento com outro romeiro, o também vereador Léo. A saída ocorreu às 7h de domingo passado. Os primeiros participantes chegaram em seus cavalos e charretes. Amigos e famílias se juntaram ao grupo ao som de música sertaneja. Pouco depois das 8 horas, os cavaleiros formaram uma grande fila, ouviram as preces do
Padre e partiram. No entanto, o número de participantes diminui a cada ano. “Só temos um terço de romeiros do que costumava ter”, afirmou Vitor Sales, de 28 anos. “Eu desde os oito anos ia para Romaria com meu avô Emílio Hernandez. Hoje não se veem mais tantas famílias e crianças; infelizmente eu vejo a minha geração como a última”, lamenta.
“Hoje não se veem mais tantas famílias e crianças; infelizmente eu vejo a minha geração como a última” Vitor Sales, 28 anos, romeiro
Esta seção do Locomotiva é dedicada ao comércio de Franco da Rocha, o mais forte da região. Em cada edição, vamos mostrar um produto ou serviço que é prestado aqui, do lado de casa.
Morangos na água
O produtor Leonardo Tiê: frutas sem agrotóxico
Leonardo Tiê é um dos precursores da hidroponia (cultivo de plantas diretamente na água) no país, onde a cultura desse tipo de plantio tem menos de 20 anos. Ex-metalúrgico, comprou um terreno na área rural de Franco da Rocha há 17 anos para pesquisar e desenvolver a técnica. Com a hidroponia, que significa “cultivo na água”, os custos da produção são muito reduzidos, apesar do alto investimento. “Na terra, são necessários 20 mil litros de água por dia para 20 mil pés de hortaliças. Na hidroponia, são 20 mil litros por mês”, explica o agricultor. Apesar de nova no Brasil, a técnica é velha conhecida da humanidade. “Os jardins suspensos da Babilônia já utilizavam a hidroponia”, explica Tiê. Comercialmente, a técnica foi recuperada após a Segunda Guerra Mundial. Além de evitar as pragas
que nascem no solo, o cultivo na água é quase uma alquimia. “No solo o adubo se decompõe, vira sais minerais e a planta absorve. Na hidroponia, já entramos com os sais direto na planta. É preciso equilibrar todos esses sais na composição da água que alimenta as mudas.” A única praga que insiste em aparecer são pequenos trevos, que vêm junto com as mudinhas. Pela plantação de Tiê, já passaram mais de 23 tipos de hortaliças. Hoje, ele planta apenas morangos, que pertencem à família das rosas. São quatro variedades: Oso, Caminho Real, Campinas e Camarosa. A produção de Tiê alimenta os mercados da região. São 15 caixas por semana, a cada 5 mil mudas. A produção chega a 400 quilos de morango por mês. “Os produtos são mais limpos, além de orgânicos. E sem agrotóxicos”, conta o microprodutor.
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Um dia de carnaval em 1992, ao sair para acompanhar o desfile das escolas de samba de São Paulo, dona Edna viu um rapaz com uma fantasia com as cores da Rosas de Ouro. “Marcamos de conversar depois do carnaval sobre o que poderíamos fazer em Franco da Rocha.” A conversa com Marcão virou a fundação do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Independente do Parque Vitória, que mudou a cara do carnaval de Franco da Rocha. A partir da Mocidade, passaram a figurar na festa popular da cidade as escolas de samba. Antes só desfilavam blocos. “Mudamos a cara do carnaval da cidade”, orgulha-se dona Edna. “Agora o samba tinha sinopse (tema a partir do qual se desenvolve o samba-enredo), carros alegóricos, mestre sala e porta-bandeira e ala das baianas”. Os jurados dos desfiles eram oficiais, vindos da federação das escolas de samba de São Paulo. Outras agremiações se juntaram para engrossar o caldo: Raça Guerreira, Acadêmicos do Parque Paulista e Império do Pouso Alegre. Mesmo assim, não tinha para ninguém. “Não imaginávamos que seria assim. Em seis desfiles, fomos campeões em todos. E a bateria sempre levou nota 10.” Os desfiles da escola chegavam a juntar 450 pessoas no centro da cidade. “Eram dez ônibus para levar todo mundo até os desfiles”, lembra dona Edna, hoje com 63 anos. E o trabalho rendeu prêmios. “Fomos receber na Camisa Verde e Branco um prêmio de melhor ala das baianas da região. Levávamos com muito orgulho o nome de Franco da Rocha para fora da cidade.” Emocionada, dona Edna pediu
Dona Edna (acima à esq.), a fundadora do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Independente do Parque Vitória; acima, a escola em desfiles nos anos 90
uma homenagem em memória. “A pessoa que mais se doou foi o Jair, chamado de Reb. Era chefe dos destaques da escola. Ele era ousado, carregava a gente para frente sempre cheio de entusiasmo”.
Samba, suor e cerveja
Os trabalhos começavam em novembro, quando o tema era escolhido e tinha início a costura das fantasias. Os ensaios eram um grande encontro do bairro. “Vinham famílias inteiras de toda a cidade. A comunidade do Parque Vitória, em especial, adorava, porque ficava todo mundo perto de casa.” Os ensaios atraíam mais gente do que o esperado. “Virava uma correria para trazer mais cerveja”, diverte-se. Após os desfiles, o trabalho continuava. “Prestávamos conta centavo a centavo para a prefeitura. Dava um trabalhão, mas valia a festa.” A escola também tinha forte vínculo social com a comunidade. “Distribuíamos leite para as famílias, ajudávamos a tirar documentos. Fazíamos o que podíamos. Mas além da escola, cada um tinha seu trabalho. Não deu para manter.” Dona Edna conta a história engrandecida, mas triste pela saudade. O carnaval de rua na cidade terminou no ano 2000, quando a prefeitura cortou a verba destinada ao evento. Hoje já são 12 anos sem a festa. “Convidaram-me uma vez para sair como bloco, mas me recuso. Não ando para trás. Só volto a desfilar com a escola toda. Quem sabe o carnaval volta, vou adorar. Sou cobrada nas ruas quando será o próximo desfile. Mas sem apoio da Prefeitura não dá.”
8 NOSSA GENTE
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Nesta seção vamos registrar as histórias, os “causos”, a vida dos homens e mulheres que fizeram e fazem, a cada dia, a nossa cidade.
Um apaixonado por tecnologia Erich Bonvicini nasceu em Franco da Rocha em 1984. Em 2001, começou a trabalhar como técnico de informática na cidade. A profissão deu certo e Erich formou-se em 2007 como gerenciador de redes. Mas a paixão pela tecnologia e pela música eletrônica levaram-no para um caminho paralelo. Frequentador da cena de música eletrônica desde o início da adolescência, ele ia para matinês e discotecas em São Paulo para curtir as festas. Em 2007, conheceu o trabalho de VJ (vídeo jóquei), em uma festa em Itu. Passou a pesquisar sobre a profissão. “VJ é o sujeito que mixa imagens e modifica suas cores em tempo real, de acordo com a música e a relação com o público. Já gostava da música e comecei a perceber que as pessoas reagem ao que você coloca no telão. Isso é muito divertido.” Por meio de uma amiga em comum, fez sua primeira projeção
no Club A de Atibaia. Desde então não parou mais. Fez projeções em discotecas em Atibaia, Itu, Ilha Comprida, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, São Sebastião e Guaratinguetá, além de passar pelas festas raves mais conceituadas do Brasil. Hoje a profissão é responsável por quase metade da sua renda mensal, embora oscile bastante. Erich vê o mercado de trabalho ainda engatinhando. “É um mercado complicado, os donos de festas ainda não têm a cultura de saber a importância do VJ. Em festas de música eletrônica, as imagens projetadas são tão importantes quanto o áudio, pelas mensagens sensoriais que elas passam para o público. Mas vale a pena. Quem quiser se arriscar tem de se dedicar e estar disposto a passar bastante tempo acordado nas festas. Somos sempre os primeiros a chegar e os últimos a sair”, brinca Erich.
SOCIAIS Nesta seção, traremos sempre as pessoas, lugares e eventos que brilham na vida social de nossa cidade e região.
Aniversariantes
Gumercindo,
19 de agosto
Erich Bonvicini: “As pessoas reagem ao que você coloca no telão”