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faz a diferença para o bem da comunidade

O PÁROCO E AS LIDERANÇAS PASTORAIS DA SANTA PAULINA FALAM SOBRE A MOBILIZAÇÃO DA IGREJA PARA A ESCUTA E O ACOLHIMENTO DAS PESSOAS NO BAIRRO

IRA ROMÃO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

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Diversa. É assim que o Padre Israel Mendes, Pároco da Paróquia Santa Paulina, na Região Episcopal Ipiranga, resume a rotina dessa comunidade eclesial localizada no bairro de Heliópolis, na periferia da zona Sul de São Paulo.

Em Heliópolis, a maior favela da capital paulista, vivem cerca de 200 mil pessoas em um território de 1 milhão de m² – uma área onde caberiam aproximadamente três unidades do Shopping Aricanduva, o maior do Brasil.

Responsável pela Paróquia desde 2018, Padre Israel conhece bem as demandas do local composto por ruas estreitas e movimentadas, casas amontoadas e inúmeras vielas que facilitam o ir e vir dos moradores.

“Temos de tudo: desde uma família que vem pedir ajuda, o atendimento ao povo, o aconselhamento. As demandas de uma paróquia na periferia são diferentes”, disse o Pároco ao O SÃO PAULO

“Existe uma realidade de violência doméstica muito grande, há muitas pessoas que passam di culdades, pessoas que migram para São Paulo em busca de um lugar melhor e acabam dentro de Heliópolis, se confrontam com realidades [da periferia]”, continuou.

Padre Israel lembrou que, passada a fase mais aguda da pandemia, questões relacionadas à saúde mental se tornaram demandas urgentes na comunidade.

“A saúde mental e psíquica das pessoas geralmente é muito fragilizada por causa da própria história de vida, e tudo isso acaba chegando até aqui na Paróquia e exigindo de nós uma resposta, uma interação com aquela realidade”, comentou, lamentando que nem sempre a Paróquia consegue dar respostas a todas as situações que chegam.

‘MORO AQUI E SOU UM DELES’

Segundo o Sacerdote, para ser padre na periferia é fundamental gostar de estar com o povo. “E ser um com o povo”, enfatizou.

“Não estou aqui cumprindo só uma função. Moro aqui e sou um deles. A vida deles é a minha, o sofrimento deles é o meu, as alegrias e tristezas deles são também as minhas.”

Padre Israel destacou que mantém com o povo de Santa Paulina um vínculo de família e amizade, que permite lidar com as demandas, especialmente por meio da mobilização das pastorais, sobretudo as sociais, além do engajamento das pessoas.

“Nós nos mantemos próximos. Procuramos sempre estar atentos às realidades, identi car as famílias que precisam, os moradores de rua no entorno da comunidade”, ressaltou.

“A Santa Paulina é uma paróquia em que, de verdade, vemos um povo sempre muito solidário. É uma comunidade que se mobiliza muito rápido para estender a mão e ajudar aqueles que precisam”, frisou o Pároco, citando como exemplo situações em que a comunidade paroquial se uniu para ajudar famílias a retornarem aos seus locais de origem, seja dentro, seja fora do Brasil.

“O retorno disso tudo é a alegria que sentimos quando vemos vidas e famílias que são alcançadas pelas pastorais, que, nada mais, nada menos, é a evangelização; uma evangelização que transforma aqueles que por ela são alcançados”, concluiu o Pároco.

Comunidade Mission Ria

A Paróquia Santa Paulina foi fun- dada em 2017. Apesar disso, a Igreja Católica se faz presente em Heliópolis desde a origem do bairro, por meio das pastorais da Favela e da Moradia, ligadas às Paróquias Santa Edwiges e São João Clímaco.

Em 1991, foi criada uma área pastoral no bairro por onde passaram missionários de diferentes ordens: os Xaverianos, auxiliados pelos Oblatos de Maria Imaculada e por seminaristas Camilianos, os missionários da Consolata, as Irmãzinhas da Imaculada Conceição e as Irmãs Franciscanas Angelinas.

“Desde os primeiros missionários, sonhávamos com uma paróquia”, diz Josefa Benedita dos Santos, 71, que integra o Apostolado da Oração e a Pastoral do Batismo.

Josefa mora no bairro há 38 anos e vê a presença da Paróquia como uma conquista coletiva. “É a realização de um sonho. Ela é fruto da mobilização de todos. Fizemos várias campanhas de arrecadações aqui e em todas as regiões de São Paulo para a construção”, comentou.

Com amorosidade, Josefa também destacou a importância da comunidade no bairro. “Temos uma Igreja linda dentro de uma periferia e uma padroeira maravilhosa que cuida de doentes e da fome. Fazemos como Santa Paulina, acolhemos as pessoas famintas e as crianças. Não poderíamos ter outra padroeira”, completa.

Hoje, a Paróquia tem três comunidades: São Benedito, Santa Isabel e Santa Clara, que segundo Josefa se mantêm unidas e articuladas.

A Es Pastorais

Entre as pastorais ativas na Santa Paulina estão as da Família, da Caridade e a de Rua, que trabalham inte- gradas para atender a comunidade.

Leandro Alves Nunes, 39, participa das três e contou à reportagem que na maioria das vezes é na entrega de cestas básicas às famílias e marmitex às pessoas em situação de rua que os agentes de pastoral descobrem outras demandas.

“Embora as mais atendidas sejam da parte de alimentação, as pessoas também nos procuram muito para algo espiritual e com questões voltadas a problemas familiares. Trabalhando em conjunto, conseguimos auxiliá-los”, contou Nunes.

Foi atuando assim que a Paróquia identi cou a necessidade de atendimento psicológico, em especial para as mulheres, que desde 2020 contam com um espaço de partilha e acolhimento por meio da ajuda de um psicólogo focado na saúde emocional.

Nunes ressaltou que muitas vezes o que as pessoas querem é alguém que as escute, as faça se sentir importantes, amadas e acolhidas: “Por isso, também oferecemos o ombro e uma palavra para mostrar que todos podem ser felizes”.

Maria Santana Moreira, 41, também integra a Pastoral da Caridade, que “tira a fome de dezenas de famílias, trazendo esperança e amor”, enfatizou.

“A Igreja é caridade, isso faz com que as pessoas se sintam abraçadas e acolhidas, o que as aproxima mais da Igreja e do Senhor”, frisou.

Bruna Mendes da Silva, 25, é uma das assistidas pela Pastoral da Caridade. Há cerca de seis meses, ela recebe uma cesta básica mensal, que divide com o pai e duas lhas pequenas. “É algo que me ajuda muito. Faz muita diferença para nós. Meu pai não é aposentado, e vivemos com um auxílio de R$ 440. Não sobra para fazer compras”, contou.

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