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Como a Igreja Católica se organiza na maior metrópole do País

FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

A origem da capital paulista está intrinsecamente ligada à Igreja Católica. Fundada em 25 de janeiro de 1554, na Festa da Conversão do Apóstolo São Paulo, pelos jesuítas Padre Manoel da Nóbrega e São José de Anchieta, a pequena Vila, batizada de São Paulo de Piratininga, assim como todo o território brasileiro, fazia parte da Diocese de São Salvador da Bahia, que depois se tornaria a Arquidiocese Primaz do Brasil.

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Em 1575, São Paulo passou a fazer parte da recém-criada Prelazia Territorial de São Sebastião do Rio de Janeiro, atual Arquidiocese do Rio de Janeiro. Nesse período, foi criada a primeira paróquia de São Paulo, instituída em 1591.

A igreja mais antiga da cidade, no entanto, é a Capela de São Miguel Arcanjo, em São Miguel Paulista, na zona Leste, construída pelos indígenas e missionários jesuítas em 1560 e que, em 1622, foi reconstruída e permanece em funcionamento. Vale recordar que a atual igreja do Pateo do Collegio é de 1979, réplica da original, demolida no século XVII.

Em 6 de dezembro de 1745, o Papa Bento XIV criou a Diocese de São Paulo, que, na época, abrangia todo o estado de São Paulo, o Paraná e sul de Minas Gerais.

Com a criação da Diocese de São Paulo, a igreja matriz da cidade se tornou a primeira catedral, conhecida como a Antiga Sé. Essa igreja foi demolida em 1911, para a construção da atual Catedral da Sé, inaugurada em 1954, nas comemorações do IV Centenário da cidade.

No dia 7 de junho de 1908, o Papa Pio X elevou a Diocese de São Paulo à dignidade de Arquidiocese, a qual, durante muitos anos, abrangeu outros municípios do interior paulista que depois se tornaram dioceses, como Santos, Sorocaba, Bragança Paulista, Santo André, Aparecida e Mogi das Cruzes.

Em 1989, houve o último desmembramento da Arquidiocese, quando São João Paulo II criou mais quatro dioceses autônomas com seus respectivos bispos. A atual con guração é a seguinte:

Arquidiocese de São Paulo – Cardeal Odilo Pedro Scherer (Arcebispo Metropolitano); Diocese de Campo Limpo – Dom Valdir José de Castro; Diocese de São Miguel Paulista – Dom Algacir Munhak; Diocese de Santo Amaro – Dom José Negri; Diocese de Osasco – Dom João Bosco Barbosa de Sousa.

N Meros

Dessas circunscrições, São Paulo, São Miguel Paulista e Santo Amaro correspondem aos limites da capital. Já Campo Limpo e Osasco também possuem outros municípios em seu território. Dos 12,33 milhões de habitantes da cidade (IBGE2020), cerca de 80% são católicos, somando as cinco dioceses. Ao todo, vivem e atuam na capital aproximadamente 1,5 mil padres, entre diocesanos e religiosos. Já o número de religiosas consagradas passa de 2,3 mil.

A CIDADE DE SÃO PAULO POSSUI 607 PARÓQUIAS, SENDO:

307 da Arquidiocese de São Paulo (298 territoriais e 9 pessoais);

112 da Diocese de Santo Amaro; 110 da Diocese de São Miguel Paulista; 76 da Diocese de Campo Limpo; 2 da Diocese de Osasco.

Igrejas

O menor templo católico da Arquidiocese é a Igreja Nossa Senhora dos A itos, datada de 1775, na Liberdade, com capacidade para 34 pessoas. Já o maior templo arquidiocesano é a Catedral da Sé, com 5.700 m² e capacidade para 1,8 mil pessoas sentadas.

Considerando toda a cidade, o maior templo é o Santuário eotokos – Mãe de Deus, na Diocese de Santo Amaro, inaugurado em 2012, com capacidade para abrigar 25 mil pessoas numa área de 25 mil m²

NA CAPITAL PAULISTA, EXISTEM SETE CATEDRAIS CATÓLICAS:

Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção - Sé (Arquidiocese de São Paulo);

Catedral Diocesana de São Miguel Arcanjo (São Miguel Paulista);

Catedral Diocesana de Santo Amaro (Santo Amaro);

Catedral Diocesana da Sagrada Família (Campo Limpo).

*A Catedral de Osasco está localizada na cidade de Osasco

HÁ, TAMBÉM, AS CATEDRAIS DAS IGREJAS PARA OS FIÉIS CATÓLICOS DE RITO ORIENTAL COM SEDE NA CIDADE:

Catedral Nossa Senhora do Líbano (Eparquia Católica Maronita no Brasil);

Catedral Nossa Senhora do Paraíso (Eparquia Católica Greco-Melquita no Brasil);

Catedral São Gregório Iluminador (Exarcado Católico Apostólico Armênio para a América Latina).

‘DEUS HABITA ESTA CIDADE’

Em entrevista concedida ao O SÃO PAULO em setembro de 2019, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, destacou que a Igreja na capital paulista é marcada pela cultura e pelo ambiente da metrópole.

“É uma Igreja viva, presente capilarmente em toda a cidade. Temos milhares de expressões organizadas da Igreja dentro e fora das paróquias, de leigos e religiosos. A Igreja não está presente somente por meio de suas estruturas mais visíveis; ela está na base, e essa é sua força mais importante”, a rmou.

Ao se referir aos desa os da ação evangelizadora, Dom Odilo salientou como o principal a dispersão: “No interior, quando toca o sino, sabemos que vai haver missa. Aqui, nem se escuta o sino em meio às milhares de vozes que chamam as pessoas.”

“Precisamos trabalhar muito para interagir com a cidade, com as pessoas, com seus católicos. Isso tudo requer de nós repensarmos a nossa forma de interagir com a cidade e com as pessoas concretamente”, completou o Cardeal, sublinhando que essa foi a intenção do sínodo arquidiocesano convocado em 2017 e que se conclui este ano, cujo lema é “Deus habita esta cidade: somos suas testemunhas”.

DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br

Em 67 anos de história, mais de 3,4 mil edições do jornal O SÃO PAULO já foram publicadas. A primeira foi em 25 de janeiro de 1956. A criação do semanário arquidiocesano que passava a circular no lugar de O Legionário foi uma iniciativa do Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta.

“Se a imprensa, a boa imprensa, é órgão indispensável na estrutura de qualquer organismo da sociedade moderna, também para a Igreja é elemento necessário à propaganda e à defesa da fé e da moral, da doutrina e da prática da religião”, escreveu o então Arcebispo Metropolitano de São Paulo na primeira edição.

Nestes 67 anos, os atos e discursos de sete papas (Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e Francisco) e de cinco arcebispos (Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Dom Agnelo Rossi, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Cláudio Hummes e Dom Odilo Pedro Scherer) foram retratados pelo jornal, bem como os fatos do mundo, do Brasil, da cidade e da Igreja, sempre pautados no princí- pio de que O SÃO PAULO é um jornal católico de notícias, que lê “os acontecimentos dentro e fora da Igreja, sob a ótica do Evangelho, da ética e da moral cristã”, como indica o ponto 18 de seus atuais princípios editoriais.

No Compasso Do Tempo E Da Tecnologia

Até maio de 1960, o jornal circulou em formato tabloide. Depois, passou ao tamanho standard. Desde o princípio, o O SÃO PAULO não se limitava a reportar os fatos do interno da Igreja: resultados de concursos públicos, notas informativas sobre acontecimentos na cidade, agenda de eventos culturais e até notícias esportivas são encontradas nas 12 páginas semanais das edições das duas primeiras décadas, em meio a notícias sobre a Igreja e artigos formativos. Na fase mais aguda da ditadura militar no Brasil, o jornal chegou a ter páginas censuradas.

Na edição de 20 anos do jornal, em 24 de janeiro de 1976, notam-se algumas mudanças incorporadas ao longo dos anos: na capa, os principais destaques da edição são apresentados em textos curtos (chamadas) e nas páginas internas estava mais nítida a separação dos conteúdos. Uma década depois, na edição 1.551, de 24 de janeiro de 1986, percebe-se o número expressivo de charges e ilustrações que ajudavam o leitor a melhor compreender as notícias, e já havia informações dispostas em editorias. Muitas também eram as reportagens sobre a presença dos católicos nas diferentes mobilizações sociais daquela década.

Nos 40 anos do jornal, em 1996, as máquinas de escrever já tinham dado lugar aos computadores na redação, nos quais os jornalistas podiam redigir seus textos e digitar informações chegadas via fax, bem como os artigos de colaboradores escritos à mão. Também nos anos 1990, a diagramação das páginas – a forma como os textos e as fotos são dispostos – também passou a ser feita no computador, resultando em melhoria signi cativa na qualidade do jornal impresso.

No jubileu de ouro, em 2006, o jornal, com 12 páginas, já era publicado semanalmente com a capa e a contracapa colorida, havia maior quantidade de reportagens temáticas e se manteve o expediente prioritário de noticiar as iniciativas da Arquidiocese e da presença da Igreja na vida da cidade. Na redação, a chegada da internet no início dos anos 2000 facilitou a captação das notícias e a recepção dos textos de colaboradores por e-mail. Com o avanço da computação, o processo de diagramação permitiu mais alternativas para a disposição da informação, com grá cos e fotomontagens.

Às vésperas da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em julho de 2013, o jornal passou do formato standard para germânico, tendo todas as páginas coloridas desde então. Em 2014, foram criadas algumas editorias, como Viver Bem, Pelo Brasil, Pelo Mundo e Com a Palavra. Também se tornaram mais frequentes reportagens especiais e, mais recentemente, surgiram os cadernos temáticos, como os de “Fé e Cultura”, “Fé e Cidadania”, “Pascom em Ação” e “Laudato si’– por uma ecologia integral”.

Com o crescente interesse dos leitores pelo conteúdo do semanário Arquidiocesano, o jornal O SÃO PAULO ingressou no ambiente on-line em 2017, apresentando notícias atualizadas diariamente em www.osaopaulo.org.br, e postagens em nossas redes sociais (@jornalosaopaulo).

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