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‘Em cada missa, torna-se presente o que Jesus fez na Última Ceia’

DANIEL GOMES E ROSEANE WELTER osaopaulo@uol.com.br

Na noite da Quinta-feira Santa, 6, na abertura do Tríduo Pascal, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a Missa da Ceia do Senhor na Catedral da Sé, celebração que recorda a instituição da Eucaristia, memorial do sacrifício de Cristo na cruz e de Sua Ressurreição.

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Em Mem Ria De Mim

Assim como faziam os demais judeus, Jesus se reuniu para celebrar com os apóstolos a ceia judaica pascal, momento de ação de graças a Deus pela libertação do povo escravizado no Egito. No entanto, ao tomar o pão e o vinho e dar aos apóstolos como Seu Corpo e Seu Sangue, Cristo instituiu a Eucaristia “como memória permanente daquilo que realizou. ‘Fazei isto em memória de mim’, significava a doação de sua vida, entregue sobre a cruz em favor da humanidade. Também significava a vida nova que Ele manifestou mediante a Ressurreição”, explicou Dom Odilo na homilia.

E ao instruir os apóstolos a repetir, dai em diante, os gestos que realizara na Última Ceia – “Fazei isto em memória de mim” – Cristo instituiu o sacerdócio.

“Em cada celebração da missa, tor- na-se presente o que Jesus fez na Última Ceia, o que fez mediante a sua vida doada pela humanidade desde a encarnação à vida terrena, a pregação do Evangelho, e, finalmente, sua Paixão, Morte e Ressurreição”, destacou Dom Odilo, exortando os fiéis a participarem de modo frequente da celebração da Eucaristia, que está no centro da fé cristã. “Somos privilegiados e felizes, porque somos convidados para a Ceia do Senhor”, enfatizou.

O LAVA-PÉS: SERVIÇO E CARIDADE

Ao comentar a passagem em que Jesus lava os pés dos apóstolos na Última Ceia, Dom Odilo explicou que tal gesto expressa a dimensão do serviço e o sinal do amor incondicional de Cristo pela humanidade.

“O que Jesus fez no final da ceia, Ele o fez durante a vida toda: veio não para ser servido, mas para servir. O Servo de Deus e dos homens se humilhou, deixou-se carregar de nossos pecados, culpas, maldades e infidelidades. Suportou tudo isso para dar-nos o exemplo de serviço à humanidade”, prosseguiu o Arcebispo, destacando também que a Igreja é chamada a estender a todas as pessoas o benefício da graça, da

Celebra O Da Paix O De Cristo

misericórdia e da caridade social.

Alguns representantes dos muitos organismos da Igreja em São Paulo que realizam as obras de misericórdia, como as Pastorais do Povo da Rua, Familiar, do Menor e dos Migrantes, bem como do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar), Sermig – Fraternidade da Esperança, Missão Belém, Amparo Maternal, Aliança da Misericórdia e Sefras - Ação Social Franciscana tiveram seus pés lavados pelo Arcebispo após a homilia.

“É significativo estar aqui representando tantas pessoas e voluntários que se colocam a serviço de saciar a fome. A exemplo de Cristo, que possamos amenizar a fome do irmão que sofre”, disse Luiz Fernando Araújo Elizalde, da Casa Franciscana do Sefras.

Um dos momentos marcantes foi quando o Cardeal Scherer lavou os pés do pequeno Davi Felipe, 4, atendido pelo Pastoral do Menor, que segurava quatro rosas nas mãos, em homenagem às crianças que no dia anterior haviam sido assassinadas em um escola em Blumenau (SC).

Ao final da celebração, houve a transladação do Santíssimo para o altar da reposição da Capela do Santíssimo, para a vigília e adoração, com a participação do Cardeal, dos concelebrantes e da assembleia de fiéis.

Por amor a nós, Cristo bebeu o cálice do sofrimento e da dor até o fim

DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br

O relógio marca 15h. Em profundo silêncio, os fiéis se levantam e acompanham a procissão que se encaminha ao presbitério. Em frente ao altar desnudado, o Cardeal Scherer e os concelebrantes se prostram. Os fiéis se ajoelham. Todos meditam o mistério da Paixão de Cristo.

Assim começou a ação litúrgica da Paixão do Senhor, celebrada na Catedral da Sé na tarde da Sexta-feira Santa, 7.

Após a proclamação do Evangelho da Paixão (Jo 18,1–19,42), o Arcebispo iniciou a homilia, explicando que essa celebração recorda o conjunto dos padecimentos sofridos por Cristo antes de ser pregado na cruz e nela morrer.

Dom Odilo recordou que Cristo foi rejeitado, caluniado e insultado em sua dignidade, e que ainda hoje continua a ser maltratado no corpo daqueles que sofrem violências físicas e morais, situações de dor, desprezo, torturas, injustiças, discriminações e perseguição religiosa.

Ele Redimiu A Humanidade

“Jesus bebeu o cálice do sofrimento e da dor até o fim”, comentou o Arcebispo, lembrando que o Senhor em tudo viveu a condição humana para redimir os pecados da humanidade, oferecendo sua infinita misericórdia aos que se arrependem dos erros, se convertem e aceitam o Evangelho.

“Hoje olhando para a cruz de Cristo, olhemos, com o olhar do coração, como fizeram as pessoas que tiveram a oportunidade de ficar junto da cruz de Jesus, mesmo que em silêncio, mas estavam firmes, compadecendo com Ele, conscientes de que Aquele homem era justo. Nós também hoje, junto da cruz de Jesus, conscientes de nossas fragilidades, fraquezas, digamos: ‘Senhor, perdoa. Senhor, tu és meu Salvador”, enfatizou o Arcebispo, lembrando que Cristo entregou a vida por amor à humanidade e continua a interceder por todos a Deus Pai.

Adora O Santa Cruz

Após a homilia e as preces da Oração Universal – voltadas à Igreja, ao Papa, a todos os fiéis, aos catecúmenos, aos que creem no Cristo, aos que Nele não creem, aos judeus, aos que não reconhecem a Deus, aos governantes e aos que sofrem provações – houve a adoração à Santa Cruz: encoberta com um pano vermeho, ela foi levada ao altar, depois, lentamente desnudada pelo Arcebispo para, posteriormente, ser beijada pelo próprio, pelos concelebrantes, antes de ser venerada pela assembleia de fiéis.

Coleta Aos Lugares Santos

Também foi realizada a coleta para os lugares santos, onde Jesus nasceu e viveu, a qual também se destina a outros locais mencionados nas Sagradas Escrituras, e cuja manutenção das ações evangelizadoras da Igreja e do testemunho dos cristãos só é possível com a ajuda financeira dos fiéis de todo o mundo.

Posteriormente, foi estendida sobre o altar a toalha e o corporal, rezou-se a oração do Pai Nosso e houve o rito da comunhão. Antes de proferir a oração sobre o povo, o Arcebispo exortou que no Sábado Santo os fiéis se mantivessem em oração, preparando-se para a Vigília Pascal.

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