Da reitoria para a política? Em entrevista exclusiva ao PreTexto, Nádina fala sobre problemas e conquistas da UEL, balanço da gestão e não descarta carreira no Legislativo
CPI do pedágio chega a Londrina com protestos. Pag. 05
Violonista Yamandu Costa faz nova apresentação na cidade. Pag. 10
A sinceridade de Boca Aberta no cenário político londrinense. Pág. 12
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Opinião
18 de outubro de 2013
EDITORIAL
Jornal Laboratório produzido pelo 4º ano do Curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo, da Universidade Estadual de Londrina Coordenação Editorial (docentes responsáveis): Emerson Dias Fábio Silveira Gisele Rech Lauriano Benazzi Editor-Chefe: Brunna Souza Chefe de Redação: Renan Cunha Projeto Editorial: Emerson Dias Fábio Silveira Gisele Rech Lauriano Benazzi Projeto Gráfico: Erick Lopes Lais Taine Lauriano Benazzi
Velhos tempos
N
ádina Aparecida Moreno assumiu a Universidade Estadual de Londrina em junho de 2010, com a promessa de desenvolver “um novo tempo” para a academia. A poucos meses do término de sua gestão, no entanto, a proposta ainda está longe de ser cumprida. Nestes quase quatro anos de governo, a universidade pouco avançou, tendo de enfrentar uma série de tumultos, ora advindos da questão orçamentária, ora de escândalos de funcionários. Para completar o quadro, o velho problema da burocracia continua a atravancar os mínimos esforços da administração. A UEL sofre, sobretudo, com a condição infraestrutural. Embora abrigue uma quantidade razoável de estudantes na Moradia Estudantil, o número ainda se mostra bastante aquém do necessário. Atualmente, o espaço conta com apenas 80 apartamentos disponíveis – ao passo que o antigo tinha
140. O restante dos alunos selecionados pelo SEBEC (Serviço de bem-estar à comunidade) tem de se contentar com um auxílio de R$ 300,00. Também os laboratórios padecem com a falta de recursos. E quando há alguma reforma, a demora no processo de licitação e efetivação dos projetos acaba deixando o local num estado abaixo do anterior, como ocorreu com os laboratórios de rádio e telejornalismo. O Hospital Universitário não fica fora dessa lista. Sem mencionar os escândalos dos últimos anos, envolvendo uma ação do Ministério Público contra 14 médicos por fraude nos cartões-ponto, em 2007, o HU enfrenta agora mais um problema com a justiça, por causa de irregularidades nas instalações. A UEL tem 60 dias corridos para fazer as melhorias. Um prazo quase surreal, dada a demora no processo licitatório, que vai de 90 a 120 dias. Além disso, como já adiantou a reitora, mesmo com as refor-
mas, o problema da superlotação não será resolvido. Por outro lado, alguns esforços tiveram resultados. Houve um progresso na nota do Enade – passando de 3.5, em 2009, para 4.11, em 2012 – e o último ranking do Guia do Estudante deu a nove cursos da universidade a avaliação máxima de cinco estrelas. O problema todo parece resumir-se na questão orçamentária e administrativa. A UEL sofreu alguns cortes de verbas e teve de se esforçar para não devolver os recursos de algumas pesquisas, devido à má utilização deles por projetos do FINEP, parados desde 2004. Enfim, os recursos são escassos frente à enorme demanda, mas quando existem, são mal administrados. No geral, a gestão precisou lidar com as dificuldades que já vinham se arrastando de outros governos e acabou imobilizada, tanto pelos problemas internos, quanto pelos problemas externos da Universidade.
MEMÓRIA PRETEXTO
CHARGE
Diagramação: Andreza Pandulfo Fernando Almeida Isabela Cunha Chefe do Departamento de Comunicação: Mário Benedito Salles Coordenador do Colegiado de Jornalismo: Ayoub Hanna Ayoub Correspondência: Coordenação do Curso de Jornalismo UEL – Universidade Estadual de Londrina Rodovia Celso Garcia Cid, BR 445, Km 380 CEP 86057-970 Londrina – PR Tel.: (43) 3371-4328 E-mail: jornalpretexto@gmail.com PreTexto na Internet: facebook.com/JornalismoUEL www.issuu.com/jornalpretexto www.jornalismouel.com
Há quase 15 anos, em junho de 1999, o Pretexto dedicou toda uma edição ao debate sobre desemprego. O tema foi abordado em toda a sua pluralidade, em matérias que enfocavam desde as estatísticas oficiais até o impacto na vida dos cidadãos.
CRÔNICA
A criança que a gente é, o adulto que a gente vai ser Isabela Cunha Qual foi a última vez em que você viu um grupo de meninas pulando corda, elástico ou amarelinha? Ontem, na mesa do jantar, eu e minha mãe, que tem 47 anos, falávamos sobre a infância e todas as coisas que as crianças – elas que não nos ouçam as chamando assim – estão, na nossa opinião, perdendo. Começou com a nostalgia clássica. Minha mãe contando como eu lasquei o dedão do pé três vezes num mesmo dia de férias, como eu comi sabão em pó e tatu-bola. Dois tatus. Como eu caí num buraco enquanto a casa da minha avó era aterrada, cortei o queixo tentando escorregar em um toboágua que estava desligado. Essas coisas. Minha mãe, na época dela, brincava no terreiro da fazenda, caçava vaga-lume, dava “aula” para os irmãos. Tudo, claro, depois de estudar e ajudar a mãe dela nas tarefas de casa, que não eram poucas. Minha mãe também vendia ovos de galinha pra comprar os botões dela e, por volta dos doze anos, já estudava à noite. Aí começamos a pensar nos meus primos mais novos. Cheios de tablets, celulares, computadores, games. Um deles tem até um kit-DJ. De verdade. Ele também tem hiperatividade e reclamações no prédio, na escola, no clube. Ele não suporta ler e, aos trêsanos, batia a cabeça na parede se era submetido a qualquer castigo. Qualquer. Seria cômico, se não fosse trágico e se ele não fosse se tornar um adulto um dia. Ele é uma simpatia enquanto tudo está certo. Foi morar com o pai – que ficou responsável por “dar um jeito” nele e, parece, as coisas estão dan-
do certo. Ele depende de acompanhamento psicológico e nutricional. É um pequeno obeso que chora quando não pode repetir a sobremesa, mas está emagrecendo, gastando energia na natação - e no desespero do porteiro. Meu outro primo (não tenho primas mais novas), é um pouco diferente. Está na natação, não tem tablets, mas também depende de auxilio nutricional. A mãe é cozinheira de mão cheia e não sabe dizer não ao filho único, que tem posse diária do controle da TV e não perdoa o pai por não ter comprado um carro zero. “Você não sabe comprar, papai”. Ele sabe, só não sabe quanto custa. Ainda tem um terceiro primo, que quer ser cientista.Gosta de soltar umas informações a la Discovery Chanel na mesa do almoço. Não para de falar, de correr, de imitar bichos, ganhou um ovo do Ben 10 essa páscoa e ofereceu a todo mundo. E pediu, também, na maior cara de pau. Eu não sei dizer se existe infância certa ou errada. E se algum dos meus primos será mais feliz que os outros. Sei que minha mãe e eu concluímos que tive sorte com o sabão em pó, com os tatus, com os machucados. E que essas crianças, que se maquiam, vão ao shopping, choram por tablets, talvez não estejam se preparando de verdade para o futuro e as frustrações que os aguardam. A saída? Eu também não conheço. Talvez seja uma amarelinha touch, um aplicativo para pular corda. Isso ou um mundo que se satisfaça com adultos que desconhecem uma cantiga de roda. Que nunca tiraram as cascas dos seus próprios machucados.
Opinião
18 de outubro de 2013 DEBATES
Estrada aberta
A
Renan Cunha
Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Paraná, que investiga as tarifas de pedágio nas rodovias do estado, inicia um capítulo importante para o desenvolvimento na região. As altas taxas de cobrança impedem a abertura de novas indústrias, fazendo com que várias cidades deixem de progredir na geração de emprego e infraestrutura. As fábricas preferem abrir filiais em cidades onde haja menos gastos
Exigia e ainda exige. Mas os pedágios passaram a ser parte do problema. Não bastassemalguns dos entraves já elencados anteriormente, as investigações da CPI têm revelado uma série de dificuldades na contratação de concessionárias e no retorno desses investimentos. Calcula-se que, em 2012, apenas 15% do arrecadado com as cobranças tenha sido revertido em investimento nas rodovias. No total, o sistema arrecadou 20,5 bilhões de reais com as taxas, mas o retorno foi de menos de 3 bilhões. E o lucro líquido dessas concessionárias também chama a atenção. No total , o sistema arrecadou 20,5 bilhões de reais Para uma delas chega-se a 34%, excluindo ainda o lucro da subsidiária responsável pelas obras e concom as taxas, mas o retorno foi de menos de 3 bilhões. O lucro líquido das concessionárias chega sultorias, por fazerem parte dos cálculos do custo administrativo. a 34%. As irregularidades nos contratos dos pedágios são patentes. Não se precisa de muito esforço para com o transporte. Além disso, embora a arrecadação seja identificar a discrepância entre os valores cobrados e a congrande, o investimento é quase nulo. Fator que se reflete dição das estradas. A CPI trouxe à tona uma realidade antiga no número de acidentes, por causa da má qualidade que se do Estado do Paraná, que não só perturba a população como observa nas estradas. também obstrui o próprio progresso da região, uma vez que A CPI tem a condição de reivindicar mudanças no setor. É se perde uma enorme quantidade de investimento, por cauuma questão de vontade política. No momento, o inquérito sa da má administração desse setor. Os pedágios acabam se percorre por vários municípios, ouvindo as demandas da po- tornando uma fonte rentável para as concessionárias, sem pulação e colhendo depoimento por depoimento de figuras ta- que se tragam melhorias efetivas para o setor rodoviário. rimbadas no cenário político paranaense. A comissão já passou Com esta CPI, a população paranaense tem uma oportupor Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel. Um dos per- nidade ímpar para modificar algumas questões pendentes do sonagens importantes dessa história a comparecer na CPI foi setor, embora a comissão esteja enfrentando oposição por o ex-governador Jaime Lerner. Em depoimento, o político de- parte de deputados e grupos interessados no sistema rentáfendeu as medidas de sua gestão e justificou a implantação dos vel dos pedágios. Cabe à sociedade pressionar para que as pedágios. “Quando assumi em 1995, a situação de estrutura no investigações se desenrolem de maneira transparente, a fim Estado era terrível (...) a situação exigia uma solução”, explicou. de encontrar remédios eficazes para a questão.
FLAGRANTE
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Parecer Brunna Souza
TUCANOS TRISTES E o prefeito de Londrina, AlexDas coisas que a tucanada londrinense fica doida. O médico Walter Marcondes está assumindo a diretoria geral do Hospital Anísio Figueiredo (Zona Norte). Até recentente ele era filiado ao PSDB e, durante uma discussão na última eleição para o diretório local, disse que não gostaria de assumir uma função pública porque tem muitas atividades e não teria tempo para isso. Agora, depois de sair do PSDB, Marcondes decidiu mudar de ideia. Ele teria sido indicado pelo deputado Tercílio Turini do PPS, partido que virou abrigo de vários tucanos que deixaram o ninho nos últimos meses. MAU HUMOR DE PREFEITO E o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD) começa a sentir – está certo que ainda bem aos poucos – o fim do namoro com a mídia e com a população. No seu perfil no facebook, são comuns reclamações cada vez mais ácidas e impacientes dos eleitores. Problemas constantes na cidade têm tirado o humor do prefeito. ÁRVORES CAÍDAS Um mês depois do vendaval que derrubou árvores e deixou outros prejuízos por toda a cidade, ainda é possível encontrar troncos por aí. Praticamente do mesmo jeito que ficaram depois da tempestade. E olha que segundo a meteorologia, vem mais tempestade por aí.
NAS REDES Confira o PreTexto e as produções dos estudantes do curso de Jornalismo da UEL na internet. Mande seus comentários e sugestões de pauta através do Facebook e do Twitter. Acompanhe também a versão digital dos jornais laboratórios e as produções das demais séries no portal de notícias do curso.
Emerson Dias
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Arte ao ar livre O Festival de Dança de Londrina encerrou sua 11ª edição em grande estilo no domingo dia 13, no Anfiteatro do Zerão com a chamada “Noite dos Clássicos” que contou com apresentações como“A Sagração da Primavera”, do Ballet de Londrina, a “Suite Dom Quixote”, da Escola Municipal de Dança (Londrina), e o grand pas de deux “Diana e Acteon”, da Cia Jovem da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (Joinville-SC). Um dos principais objetivos do festival foi levar a dança até o público, em espaços consagrados como o Zerão, que nos últimos anos acabou sendo esquecido pela população. Voltando os olhos dos espectadores para questões da cidade, a reunião de montagens de reconhecida qualidade teve preços acessíveis a população.
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Londrina
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PASSOU DO LIMITE
Superlotação carcerária já é rotina nas delegacias londrinenses Policiais civis estão “presos” junto com os detentos. Número de defensores públicos é insuficiente para atender apenados
A condição ruim do sistema carcerário em Londrina é uma dificuldade que assola a cidade há muitos anos. A falta de vagas para detentos, e a consequente superlotação das unidades prisionais, podem ser classificados como apenas um dos entraves de um problema que é ainda maior. Na última semana, membros de comissões da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Paraná, visitaram a unidade 2 da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II), na zona sul da cidade, e o 4º Distrito Policial (DP), também na mesma região. Eles pretendem fazer um levantamento da situação carcerária do estado. De acordo com dados da Secretaria da Justiça do Paraná, 18.148 detentos estão em unidades prisionais. Outros 9.896 estão em delegacias. Na visita ao 4º DP, os advogados da OAB contaram 128 pessoas detidas em um espaço que comporta apenas 24 delas. A capacidade������� ����������������� do local está extrapolada em pouco mais de cinco vezes. O mesmo 4º DP, em fevereiro deste ano, foi invadido por um grupo armado que libertou 87 presos que estavam no distrito. A guarda de presos nas delegacias, que ficam sob responsabilidade da Polícia Civil, é questão polêmica. Na região de Londrina, 793 presos estão nessa
Orlando Kissner/ANPr
Lucas Marcondes
Beto Richa nomeia defensores públicos para o estado do Paraná: 97 servidores para atender mais de 28 mil detentos
para mudar a realidade dos distritos. “Peço solução e nada. É um desabafo: posso espernear, brigar e nada acontece na segunda maior cidade do Paraná”. O Sindicato das Classes Policiais Civis do As delegacias e distritos Paraná (Sinclapol) fez coro policias da região Londrina à reclamação de Amaro. estão com 541 presos além Para a categoria, os policiais estão “presos” com os da capacidade detentos. “Por conta das delegacias superlotadas, condição, o que gera uma superlo- os policiais civis não conseguem realitação de 541 pessoas nas delegacias zar os serviços inerentes a sua devida ligadas a 10 º Subdivisão Policial (SDP). atribuição legal, que é o trabalho de O próprio delegado-chefe da 10 investigação criminal, para cuidar da º SDP, em Londrina, Márcio Amaro, guarda de presos”, criticou um dos afirmou recentemente para a imp- diretores do sindicato, Sidnei de Melo. A visita da OAB à PEL 2 revelou rensa local que pouco tem sido feito
mais entraves no sistema carcerário. Ali, os presos reclamam de racionamento de água e comida, acesso dificultado a advogados e maus tratos cometidos por agentes penitenciários. Na unidade há uma cela identificada com os dizeres “Xingou ou ofendeu funcionário”. O diretor da penitenciária, Emerson das Chagas revelou desconhecer a existência dessa cela. “Eu não verifiquei essa situação, mas, se tiver, essa não é a orientação da direção nem da chefia de segurança da unidade. Não pode haver essa discriminação”. Os advogados constaram também que presos da PEL 2 não são informados se já podem deixar o regime fechado. “A assessoria ju-
rídica para eles é muito deficiente. Nenhum deles recebe o extrato da quantidade de pena que têm a cumprir. Muitos presos não têm noção se
OAB visitou as duas unidades carcerárias em Londrina, o governador Beto Richa anunciou a contratação de 87 defensores públicos para o Paraná. Um dos atributos da Defensoria Pública é “Nenhum deles [detentos] prestar assistência jurídica recebe o extrato da de graça para os presos que não têm condições quantidade de pena que de pagar um advogado. têm a cumprir” Agora, o estado tem 97 defensores para uma podem pedir progressão de regime, população carcerária de 28.044 pesse já estariam aptos a receber um soas. Londrina passará a ter sete delivramento condicional”, comentou o fensores públicos, que terão muito membro das comissões de Prerroga- trabalho pela frente. “O número de tivas e Advocacia Criminal da OAB, defensores para nossa cidade ainda é Eduardo Sanz. insuficiente”, afirmou o presidente da Na mesma semana em que a OAB Londrina, Artur Piancastelli.
Quem quer aumento de IPTU?
O aumento cogitado pelos secretários teve o veto do prefeito, que afirmou só debater a possibilidade se a população fosse a favor Ananda Ribeiro De acordo com informações publicadas no Jornal de Londrina, o orçamento municipal projetado para 2014 é de R$ 1,3 bilhão, 11,76% a mais do que arrecadação prevista para 2013. Alguns Secretários Municipais estão defendendo a revisão da Planta de Valores do município, o que implicaria no aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Segundo o chefe do Núcleo de Comunicação da prefeitura de Londrina, Roberto Francisco, a questão foi levantada por falta de recursos e a posição do prefeito, Alexandre Kireff, é bem clara: ele é contra. “Não existe abertura do
debate, nem programação para isso. O prefeito só abre o debate se partir da sociedade”, afirmou Roberto.
O cobrador de ônibus, Claudemir Fontes acredita que a prefeitura deve “arrumar uma nova forma de arrecadar dinheiro, não pelo IPTU, “Outras medidas deveriam porque o IPTU de Londrina já é muito caro e ser tomadas para suprir tem gente que não tem essas necessidades da condições de pagar.” Ele cidade” não tem uma sugestão do que pode ser feito, Para saber o que a população mas tem certeza de que “quem está achando disso, a reportagem está por dentro da prefeitura tem foi às ruas perguntar. As respostas idéia de como fazer. Tem muita foram unânimes, afinal, quem quer gente rica aí que é isenta de pagar aumento de IPTU? IPTU”, ele disse.
Marisa Prestes, que é gerente comercial, acha que o aumento seria “um absurdo, porque o IPTU já é caro. E é claro que a gente não vai querer, é aumento de despesa”, ela concluiu. Para Rafaela Martins, professora de educação física, “outras medidas deveriam ser tomadas para suprir essas necessidades da cidade. Aumentar o IPTU seria a medida mais fácil”. Ela sugere que a prefeitura faça corte de gastos desnecessários em cada secretaria, negocie com devedores de IPTU e busque incentivos junto ao governo federal.
O casal José Ferreira da Silva, contador aposentado, e Cícera Aparecida Galvão, microempreendedora, ficaram tão descontentes com o reajuste do imposto de 2012 para 2013 que tentaram recorrer à justiça, sem sucesso. Cícera acredita que “os impostos sobem em escala inversamente proporcional ao salário mínimo”. Ao que parece, no que depender da população londrinense o IPTU não sofrerá aumento. Resta ao prefeito e seus secretários encontrarem o melhor caminho para cobrir as contas da cidade.
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ACERTO
Membros da CPI apontam revisão de preço do pedágio no Paraná ALEP
Em sessão realizada em Londrina, comissão investiga contratos e ouve comunidade com o propósito de reduzir ou extinguir taxas Erick Lopes Londrina recebeu na manhã desta quinta-feira (17) a 5ª sessão extraordinária e audiência pública da CPI do pedágio do Paraná, que vem acontecendo em diversas cidades do estado com o objetivo de investigar possíveis irregularidades nas concessões de pedágios nas rodovias. Segundo dados apresentados pela comissão, o contrato de uma das concessionárias apresentava valor de investimento inicial de 74 milhões, mas, em estudos encomendados paralelamente, foram apontados que os reais valores para as obras seriam de 37 e 41 milhões. Foi informado ainda que, até o fim de 2012, apenas 15% do arrecadado havia sido revertido em investimento nas rodovias. A arrecadação total com as taxas do pedágio foi de 20,5 bilhões de reais, com retorno de menos de 3 bilhões. Outro ponto levantado foi a questão do lucro líquido das concessionárias. Em uma delas ele chega a 34%, sem que seja somado, ainda, o lucro da subsidiária contratada para fazer as obras e as consultorias, já que entram no balancete como custo administrativo.
Sessão foi realizada no auditório da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL), no centro de Londrina
tou: “que elas [concessionárias] cumpram os contratos originais, porque os contatos originais, sim, nos dariam uma boa estrutura de rodovia nesse estado, nos dariam as duplicações necessárias, os contornos, viadutos, as obras que com certeza fariam com que o Paraná tivesse uma interligação melhor do que tem hoje.” Adelino Ribeiro, vice-presidente da CPI, “Não só a redução, mas comentou sobre as a meta da extinção dos consequências que o pedágios também faz parte alto pedágio traz para o desta CPI” estado: “As empresas grandes do estado do Paraná não vem pro inteO presidente da CPI, Nelson rior [...] porque o alto custo do pedáLuersen, destacou que, até agora, gio inviabiliza as empresas a se instaos dados obtidos são apenas os larem. [...] Os pedágios trazem uma fornecidos pelas próprias conces- perda muito grande”. E completou sionárias e, ainda assim, eles “já Cleiton Kielsen, deputado membro mostram que há sobrepreço e não da comissão: “Elas vão exportar por há obras”. Em seu pronunciamento SC, porque o preço dos pedágios inicial, frisou que o objetivo des- do Paraná vão afugentar a concorsas audiências é que sejam revistos rência internacional”. Ainda segundo os processos licitatórios e aditivos. Kielsen, o dinheiro arrecadado com “Nós achamos que as conces- IPVA, que aumentou em decorrênsionárias estão arrecadando acima cia do aumento da frota, somado do previsto e hoje, com certeza, às taxas do DETRAN, que também nós teríamos como fazer um re- tiveram aumento recente, descartaralinhamento de preço” e comple- iam a necessidade das taxas de pedá-
gio e as rodovias poderiam voltar ao poder do governo: “Dinheiro para manter as rodovias o governo tem,inclusive para as duplicações. [...] Não só a redução, mas a meta da extinção dos pedágios também faz parte desta CPI”. O deputado ainda citou a possível quebra de sigilo fiscal e bancário das concessionárias, a fim de obter uma investigação mais profunda e precisa. Por fim, Péricles de Mello, membro integrante da comissão, pediu o apoio popular para que os objetivos fossem alcançados: “Nós precisamos da mobilização comunitária [...] Nós temos que fazer uma revisão profunda do contrato, diminuindo a tarifa, aumentando as obras e impedindo o que é pior, que é a prorrogação [dos contratos]”. E defendeu a prorrogação da CPI: “O pior que pode acontecer é acabarmos com a CPI e produzirmos um relatório superficial que vai ser engavetado por um juiz de plantão e nós vamos simplesmente legitimar o pedágio ao invés de contestá-lo”. O prazo para o encerramento da CPI seria ao fim de novembro. Se prorrogada, deve ser finalizada no dia três de março e o relatório entregue ao fim do mesmo mês.
Sessão contou com enterro simbólico do pedágio, em sinal de protesto
Movimento Por amor à Londrina faz protesto durante sessão da CPI Após pouco menos de dez minutos do início da sessão, o movimento contra a corrupção Por Amor à Londrina interrompeu a fala de Nelson Luersen ao coro de “se gritar ‘pega ladrão’, não fica um, meu irmão”, fazendo um enterro simbólico, com faixas, velas, flores e caixões, em sinal de protesto. Segundo José Custódio Ferreira, presidente do movimento, o protesto mostra a insatisfação da população em relação aos pedágios.“Além de não trazerem benefícios, como
as duplicações e melhorias na estrada como eram os contratos iniciais, e serem caros, ainda trazem morte e prejuízo para o estado”. Segundo Custódio, em 16 anos de rodovias pedagiadas, o número de mortes passa de 8.000. Em 2012, foram 850 mortes nas rodovias do Paraná e, em 2013, o número chegará perto de 1.000. “Trazemos os caixões para representar todos esses mortos”, concluiu. O movimento defende o fim do pedágio e que os contratos sejam sustados. (E.L.)
Faixas, velas e caixões: “Cerimônia” de enterro do pedágio mostra indignação da população
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Campus
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GABINETE
“A demanda é grande e o número de pessoas é pe Com discurso previsível, reitora atribui parte dos problemas da UEL a excesso de demanda e escassez de pessoal. Amanda Tostes e Soraya Momi
Na Universidade desde 1977, a reitora Nádina Aparecida Moreno foi técnica administrativa, docente, diretora do CECA em três gestões e chefe de departamento. Em entrevista ao PreTexto, ela avaliou a gestão e anunciou que se aposentará em 2014, para voltar a dar aulas e talvez se candidatar a vereadora em Londrina. Qual seria o balanço geral da gestão? Em poucas palavras, como a senhora avalia o trabalho que foi desenvolvido até aqui? Foi uma gestão bastante tumultuada. Muitos problemas que a Universidade vinha, ao longo de 12 anos, tentando driblar acabaram por desaguar nessa administração. Tivemos que fazer um esforço hercúleo para não devolver dinheiro para os fomentos de pesquisa externa, porque nós tínhamos projetos da FINEP que desde 2004 não eram elaborados. E logo que assumimos tivemos que devolver quase R$ 18 milhões. Fizemos um termo de ajustamento de conduta com todas essas agências para que a gente não perdesse o dinheiro. No fim do ano começam a surgir os rankings avaliando as IES. O Guia do Estudante colocou a UEL à frente da UEM, com a qual, inevitavelmente, sempre há comparações. De acordo com a classificação da Folha de S. Paulo, a UEM está uma posição à frente da UEL. A senhora considera que essas avaliações traduzem o que a Universidade representa? Cada organização tem seus critérios. Algumas não se utilizam de metodologia científica, mas acho que nem por isso esses rankings podem ser desprezados. Ao contrário, é um referencial. E acho que a UEL vem crescendo. Se considerar-
mos, por exemplo, o ENADE... saímos de 3.5, em 2009, e estamos em 4.11.Temos quatro cursos nota 5, que é a máxima. Isso acontece porque nós estamos investindo, principalmente, na questão da titulação e nos cursos de mestrado e doutorado. Hoje temos mais de 70% de doutores entre os docentes. A analogia com a UEM, que também tem 42 anos, deve considerar uma serie de variáveis, como o fato de ser multi campi e ter iniciado a produção científica muito mais cedo. Apesar disso, o ranking acaba sendo um balizador e um motivador para que possamos situar a Universidade em um cenário nacional e internacional. A questão das cotas, tanto raciais quanto socioeconômicas, é recente se comparada com toda a história da Universidade e muito discutida no país. A respeito das proporções hoje existentes, são suficientes? O que a Universidade desenvolve no sentido das Políticas de Permanência? Conseguimos colocar 40% (sendo 20% e 20%) sobre o total de vagas e não sobre o percentual, como era antes, que diminuía essa entrada. Acredito que a gente tem muito a caminhar ainda. Dentro do número de vagas ofertadas por cada curso, esses 40% tem se mostrado, pelo menos, um numero razoável. Mas nossa preocupação não é somente a entrada dos alunos. Não podemos esquecer que, além das cotas, temos a bolsa indígena. Alem da reserva de vagas, esses estudantes têm reforço em algumas disciplinas e um acompanhamento evolutivo
cotistas, mas para os aprovados pelo sistema universal. Dentro dos limites orçamentários, nós vamos começar com as bolsas, que serão poucas, mas, no ano que vem, o projeto já vai funcionar em sua totalidade. Sabemos que a Moradia Estudantil facilita a vida do estudante que chega à cidade sem uma condição financeira favorável. Atualmente, há 80 apartamentos disponibilizados. Esse número é suficiente? Não. Quando nós assumimos, esse espaço da Moradia já tinha sido construído no campus e sabíamos que não atenderia a demanda. Durante estes três anos em que estamos aqui, os 80 primeiros classificados [pela seleção do SEBEC], fora as duas vagas para deficientes físicos, têm a opção da Moradia Estudantil. Para o restante (este ano, 21 pessoas), temos oferecido uma bolsa auxílio-moradia no valor de R$ 300,00.
As produções do curso de Jornalismo têm sido impressas pela gráfica da UEL com meses de atraso. Os funcionários nos explicam que há uma demanda grande de trabalho, sendo o HU o grande responsável por isso. Haveria a possibilidade de licitar os trabalhos necessários ao Hospital e deixar a gráfica a serviço do campus? Quando assumimos foi feito um investimento na gráfica, dois equipamentos que somaram quase 700 mil reais, um deles com capacidade para fazer nove mil cópias coloridas por minuto, muito mais rápido do que uma off set. A demanda do HU realmente é muito grande, impressos, receituários, tudo o que precisa. Recentemen“Já temos o dinheiro tanto para a te tivemos que abrir uma licitaampliação do RU daqui, quanto ção para impripara a construção do RU do mir o Notícia. CCS. Acredito que em maio ou A demanda é junho do ano que vem a gente grande e o núentregue” mero de pessoas é pequeno. do desempenho. Teremos que pensar, sim, talvez Em relação às políticas de per- no inverso do que você disse. manência, foi feita uma proposta Não licitar o material do Hospipor essa administração, aprovada tal, que ficaria muito mais caro, pelo Conselho de Ensino Pes- mas licitar o restante, para que quisa e Extensão (CEPE) e pelo os jornais tenham a qualidade Conselho de Administração (CA). daqui e, principalmente, exista Entramos em acordo com os respeito ao prazo. O departaestudantes para promover uma mento e o colegiado teriam que política estudantil não só para os nos mandar um ofício, falando
em que períodos e quantos serão os jornais de todos os cursos, especificando a tiragem, se é colorido... Para que possamos fazer não só uma licitação, mas um registro de preço. Os laboratórios de rádio e telejornalismo entraram em reforma este ano. A licitação atendeu a primeira parte da reforma, de retirada dos materiais danificados, mas não a segunda: compra de novos materiais e agora os laboratórios estão com padrão inferior ao que apresentavam antes da reforma. Comente a situação. Isso é novidade para mim. Fui informada apenas de que já estavam executando o processo autorizado. E quando me falam que já estão fazendo, eu entendo que é a obra em seu começo, meio e fim. Se não houve isso, eu não sei se há algum processo por parte do Departamento, solicitando a complementação de verbas, embora a gente tenha para licitar, já no começo de 2014, a construção do Departamento de Comunicação, parte de jornalismo. São R$ 1,8 milhão de reais, já temos o dinheiro em caixa, o projeto já está pronto. Terminando, vocês terão todos os prédios zerados, só que até isso acontecer, vai demorar um ano, um ano e meio. Empresas de TV a cabo, como a Net Londrina, podem disponibilizar um canal para as universidades, como parte de uma política pública de incentivo à cultura. Parece que temos esse espaço disponível e necessitaríamos apresentar um plano de um canal educativo, um projeto mais sólido. A senhora tem alguma novidade nesse sentido? Nós temos a TV UEL, que faz alguns programas para a EParaná. Mas essa parte mais especifica, eu não saberia te dizer, porque, por delegação nossa, quem responde por todos os órgãos suplementares é a vicereitora. É ela que tem condições de dar uma informação mais especifica sobre isso. No dia 19 de setembro, o Ministério Público entrou com ação contra irregularidades em vários setores do HU. Um prazo de 60 dias corridos para as adequações foi dado, elas estão sendo providenciadas?
Vamos começar pelo começo. O prédio do Hospital Universitário é de 1950 e não foi construído para ser hospital. Com tantos anos de funcionamento é normal que tenha problemas. O volume de pessoas que o utilizam é muito grande, a deterioração é proporcional. O Ministério Público apontou necessidade de reformas em alguns setores. Sabemos disso, mas dependemos de recursos financeiros para fazer. Fazemos projetos, licitamos e registramos preços diariamente. Agora, jamais em 60 dias nós conseguiríamos fazer isso. O processo licitatório demora de 90 a 120 dias, de acordo com a Lei 8.666. E mesmo fazendo todas as readequações não será resolvido o problema da superlotação, até porque atendemos pessoas que vem do Paraná, de São Paulo, do Mato Grosso do Sul e de Santa Catarina. Quero destacar que acho louvável a iniciativa do MP, mas o prazo dado é curto e dependemos de recursos orçamentários que não temos. O Ministério Público ajuizou ação contra 14 médicos do HU por fraude nos cartões-ponto, em 2007, irregularidade que lesou os cofres públicos em mais de R$26 mil. Qual é a postura da UEL em relação a isso? Foram dadas apenas advertências para esses médicos? É preciso resgatar isso. Foi instalado um processo administrativo-disciplinar no dia 24 de agosto de 2007. No dia 30 de janeiro de 2009, o reitor concluiu todo o processo e deu as sanções. Deu ciência para todos os interessados e arquivou o processo em 27 de outubro de 2009. Ontem, quando fiquei sabendo da decisão do MP, solicitei o desarquivamento do processo, que tem cerca de três mil folhas. Pedi a nossa procuradoria jurídica que analisasse tudo e verificasse quantos desses médicos ainda são efetivos, se foi feito o desconto desses dias e se cabe alguma ação da Universidade. Ainda não fomos notificados pelo MP. A UEL é parte interessada, a fraude lesou o patrimônio. Em agosto, foi entregue um ofício, com um orçamento detalhado, pedindo ao Governo Federal recursos para a Clínica Odontológica e a Bebê Clínica. A senhora já teve resposta?
Campus
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Foto: Amanda Tostes
e equeno” “Posso me aventurar,
daqui dois anos, a concorrer para vereadora.” Nádina Aparecida Moreno, reitora da Universidade Estadual de Londrina
Não. Pediram para enviarmos outro oficio com dotação orçamentária, coisas mais técnicas. Tem quinze dias isso. Como agora está sendo elaborado, tanto em nível estadual quanto em nível federal, o orçamento para 2014, a gente espera que venha parte desses recursos. Solicitamos os R$20 milhões necessários e vamos ver o que eles podem colocar. De repente, eles podem fazer uma contraproposta. O Governo Federal entra com 50% e o Estadual também. Estamos nas duas frentes, pois são 11,2 mil metros quadrados, 6,5 milhões de reais já foram gastos e ainda faltam cerca de R$18 milhões para terminar a área física, fora equipamentos. A ampliação do Restaurante Universitário (RU) era uma de suas promessas de campanha.
Também se discute a construção de um RU no Centro de Ciências da Saúde (CCS). Isso será feito? Bom, já temos o dinheiro tanto para a ampliação do RU daqui,
um ano, aí tivemos problemas com a hidráulica. Quando pedimos aprovação dos bombeiros, descobrimos que o local funcionava há 14 anos sem autorização deles. Agora está tudo regularizado, o dinheiro está em caixa e (em relação ao HU) “Acho será licitado até louvável a iniciativa do MP, o final deste mês (outubro 2013). mas o prazo dado é curto Acredito que em e dependemos de recursos maio ou junho orçamentários que não temos.” do ano que vem quanto para a construção do RU a gente entregue. do CCS. O do campus, tínhamos Quanto ao RU do CCS, esque fazer o projeto. Fizemos lici- tamos licitando os projetos comtação, contratamos uma empresa plementares. Foi feito o arquitetôque não apresentou o projeto e nico, mas os outros têm que ser depois desistiu. Após um ano e licitados, porque não temos enmeio de licitação aberta e sem genheiros para fazê-los. Acredito interessados, chamamos todos os que em março ou abril do ano professores do CTU e, ao invés que vem, no mais tardar, a gente de pagarmos uma empresa de esteja licitando o RU de lá. fora, investimos aqui. O projeto Após todos esses problefoi terminado em pouco mais de mas relatados, qual é o conse-
lho que a senhora deixa para um sucessor? E qual é o legado da sua gestão? Talvez o conselho seja muita paciência, persistência e força de vontade.É muito ruim, muito frustrante para quem senta nessa cadeira ver as demandas que tem e o orçamento que não tem. Eu diria para não desistir jamais da Universidade, porque nós somos passageiros, ela é perene. Acho que o legado que deixarei é um alicerce muito bem feito para edificações futuras. Tudo o que tinha, dos últimos doze anos, de desburocratização para fazer, foi feito. Espero que nenhum aventureiro utilize de novo essa cadeira como trampolim político, mas sim institucional. A senhora já se filiou a algum partido?
Não, mas tenho convites. Devo fazê-lo até o final deste mês. Se me filiasse antes, as pessoas diriam que eu concorreria na próxima eleição para deputada estadual e deixaria a Universidade. E meu compromisso com a profª. Berenice é entregar a gestão dia 9 de junho de 2014. O que pretende fazer depois que acabar o mandato? Olha, é uma coisa que tenho pensado... Não quero parar, acho que agora tenho uma maturidade, poderia contribuir muito para a educação. Talvez faça outro concurso público aqui da UEL. Posso receber um convite das universidades particulares. Posso me aventurar, daqui a dois anos, a concorrer para vereadora. [nota do editor: A filiação da reitora Nádina ao PSB foi divulgada depois desta entrevista, realizada dia 10 de outubro.]
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Geral
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MANIFESTAÇÃO
Termina protesto de sem-teto em SP Manifestações no centro da capital duravam a semana inteira, com atos de violência localizados
São Paulo – Após cinco horas de duração, o protesto de sem-teto terminou na Praça da República. Segundo Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foi agendada uma reunião para a próxima terça-feira (22) com o secretário de Relações Governamentais, João Antonio da Silva Filho. Boulos disse que nenhum representante do governo municipal quis negociar nesta quinta-feira (17) por causa das vidraças quebradas do prédio da prefeitura durante o protesto. Por volta das 11h, um grupo de manifestantes tomou a frente do protesto e quebrou vidros do prédio. A Tropa de Choque se posicionou, mas não houve confronto. Para sinalizar que o ato era pacífico, integrantes do movimento deram as mãos, fazendo um cordão para proteger o edifício. Em nota, a prefeitura informou que repudia a tentativa de invasão da sede e as ações violentas que ocorreram durante o protesto na manhã de hoje. “A administração municipal reitera que mantém diálogo permanente com os movimentos de moradia da cidade, desde que respeitadas as regras de-
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Bruno Cunha com Agência Brasil
Na última terça -feira (15), grupo de sem-tetos chuta proteção colocada na Câmara de São Paulo, em protesto mocráticas e pacíficas. O grupo organizador do protesto de hoje, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, já foi recebido pela prefeitura na última terça.” Segundo a prefeitura, três
guardas civis metropolitanos ficaram feridos. Um inspetor teve um corte na mão direita, outro sofreu hematomas na perna esquerda e um guarda está com inchaço no pescoço em decorrência de uma pau-
lada. As vidraças de três entradas principais do prédio da prefeitura foram quebradas. O protesto começou às 9h, na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal. Depois, os manifestan-
PRÉ-SAL
DECISÃO
Movimentos intensificam Aprovada lei que obriga protestos contra leilão exibição de fotos de crianças desaparecidas do Campo de Libra Andi – Comunicação e Direitos
Maceió – A Câmara Municipal de Maceió (AL) aprovou na sessão desta quarta-feira (16) projeto de lei de autoria da vereadora Heloísa Helena (PSOL) que obriga a exibição de foto de crianças e adolescentes desaparecidas em telões, murais e placares eletrônicos instalados em rodoviárias, aeroportos, teatros, cinemas, casas de espetáculo, praças esportivas e de eventos e clubes recreativos. Segundo o projeto, caberá à administração dos estabelecimentos fazer as publicações das fotos durante todo o horário de funcionamento. Heloísa explica que a lei ainda estabelece uma espécie de
protocolo a ser seguido em caso de desaparecimento de crianças e adolescentes. Caberá ao Poder Executivo assinar um convênio com o governo estadual para estabelecer o protocolo de atuação, definindo o prazo máximo de 12 horas após o comunicado oficial da ocorrência, para a requisição de todas as fitas das câmeras de vigilância em ruas, residências, casas comerciais e transportes coletivos no raio de dois km do local além de promover fiscalização em todos os terrenos baldios da localidade no raio de três km do evento. A multa prevista por descumprimento é de R$ 1 mil.
Agência Brasil
Brasília – Organizações sociais e sindicais contrárias ao leilão dos blocos de exploração do pré-sal prometem intensificar os protestos e os recursos à Justiça para impedir que o Campo de Libra seja leiloado na próxima segunda-feira (21), data que foi confirmada hoje pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Para os movimentos sociais contrários à iniciativa federal, o leilão, mesmo que em regime de partilha, é um crime de lesa-pátria que põe em risco a soberania nacional, conforme declararam os integrantes da ocupação no Ministério de Minas e Energia. Isso
porque, segundo argumentam, o maior campo petrolífero do pré-sal anunciado até o momento pode ser o maior de todo o mundo. “Os movimentos sociais querem um canal de negociação com o governo federal, a quem pedimos a suspensão do leilão”, disse o diretor de Comunicação da Federação Única dos Portuários, Francisco José de Oliveira. “Alertamos à presidenta da República que o leilão do Campo de Libra representa a entrega do patrimônio nacional e que o povo brasileiro vai ser lesado pela entrega de uma reserva desse tamanho, um patrimônio nacional”, acrescentou Oliveira.
tes caminharam até a sede da prefeitura. Depois, eles seguiram em passeata, acompanhados pela Tropa de Choque da PM, pelo centro até a Praça da República, onde o movimento se dispersou.
Poluição do ar é considerada cancerígena Agência Brasil
Genebra – A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a poluição do ar como cancerígena para os seres humanos. “O ar que respiramos se tornou poluído com uma mistura de substâncias causadoras de câncer. Sabemos hoje que a poluição é, não só um risco importante para a saúde em geral, como também uma das principais causas das mortes por câncer”, afirmou Kurt Straif, da Iarc. Os pesquisadores concluíram que “há provas suficientes” de que “a exposição à poluição do ar provoca câncer de pulmão” e aumenta “o risco de câncer da bexiga”, depois de analisarem estudos envolvendo milhares de pessoas acompanhadas durante várias décadas.
Giro
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Curtas
Bruno Cunha
DISCUSSÃO NA ALEMANHA
“O governo queria que
Em seu primeiro discurso desde que aceitou discutir a formação de uma coalizão com a chanceler Angela Merkel, o líder dos sociais-democratas alemães apresentou uma defesa aos resgates europeus a países em crise, dizendo que o sucesso do país depende dos seus vizinhos. O presidente do SPD, Sigmar Gabriel, disse que seu partido pressionará por medidas mais ousadas para estimular o crescimento, e que o “futuro econômico depende do futuro da Europa”.
esperássemos, mas éramos jovens e impacientes. Esperamos centenas de anos após o fim da escravidão ” Ericka Huggins, socióloga e ex-ativista do Panteras Negras, movimento americano anti-racismo dos anos 60 e 70
(17/10, Repórter Brasil)
“ Falta vergonha e vontade
política para acabar com o trabalho infantil ”
“ Pedi desculpas à TV Globo ”
Lula, ex-presidente da República
(12/10, em Conferência Global)
Maitê Proença, atriz, sobre sua participação em um vídeo do humorístico on-line Porta dos Fundos, sem pedir permissão à emissora
(15/10, na TV Cultura)
ENTRAVE NO MERCOSUL O governo da Argentina ameaçou levar o Uruguai à corte internacional de Haia se o país vizinho não voltar atrás “imediatamente” em sua decisão de autorizar um aumento da produção da fábrica de celulose da companhia UPM. O Ministério das Relações Exteriores argentino disse que a autorização do governo uruguaio “constitui uma ruptura unilateral do mecanismo de informação” estabelecido no Estatuto do Rio Uruguai. O rio separa os dois países e a fábrica está instalada em uma de suas margens. CRISE ECONÔMICA NOS EUA
20.000
é a estimativa de quantas pessoas participaram do protesto pelo Dia do Professor no centro do Rio de Janeiro
“ De qualquer modo, errei ” Chico Buarque, cantor, após sugerir censura sobre biografias não-autorizadas
(17/10, O Globo)
O Congresso dos Estados Unidos aprovou um acordo para acabar com a crise política que paralisou parcialmente o governo federal e levou a maior economia do mundo à beira de um calote da dívida que poderia ter provocado uma calamidade financeira global. Encerrando semanas de debates políticos que deixaram os mercados agitados, o Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram a medida depois que os republicanos desistiram dos esforços de vincular a legislação de gastos às mudanças na lei de saúde do presidente Barack Obama. REFUGIADOS NA ITÁLIA
destes,
64 foram autuados pela Polícia Civil
Cerca de 200 refugiados que fogem da guerra civil na Síria estão acampados na estação ferroviária central de Milão após muitos terem sido impedidos de deixar a Itália ao tentar alcançar o norte da Europa. Muitos dos refugiados, grande parte crianças, estão instalados em uma pequena sala na estação perto de uma loja. Outros dormem nos corredores enquanto esperam a permissão para viajar ao norte da Europa por razões humanitárias.
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Mix
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ARTE
Moraes Moreira é a principal atração da Virada Cultural de Londrina Evento promoverá cultura, arte e educação no trânsito Roger Bressianini
des e, assim, “descentralizar as ações culturais” do Estado. Na música, o Palco Conexões, que será montado no anfiteatro do Zerão. Estão previstas apresentações das bandas Real Coletivo, Humanish, Nevilton, Rosa Armorial e o renomado músico baiano Moraes Moreira, um dos fundadores do grupo Os Novos Baianos. As bandas e músicos da cidade, no entanto, acabaram esquecidos em relação aos artistas que a curadoria contratou para o evento. Segundo a diretora de Ação Cultura da Secretaria de Cultura de Londrina, Maria Luiza Fontenelle, o Governo do Estado chegou a oferecer horários e espaços para o agendamento de atrações locais, mas a falta de verba foi determinante. A falta de verba para o “A escolha das pagamento de cachês foi atrações do Palco determinante para a escolha Conexões foi feita pela curadoria do dos artistas. Governo do Estado, da Cultura do Paraná, Paulino e eles chegaram a nos oferecer Viapiana, explicou que as par- alguns horários para os artistas cerias realizadas permitiram locais. O problema foi a verba, a que o evento se estendesse Secretaria de Cultura de Londripara uma semana de ativida- na não teria condições de arcar
Foto: Divulgação
Londrina terá nesta semana a primeira edição da Virada Cultural. A agenda começa na segunda-feira (21) com atividades nas vilas culturais e o destaque fica para os shows de sábado (26), com apresentação gratuita de Moraes Moreira no Zerão. Organizada pela Secretaria de Cultura do Governo do Paraná, o evento contemplará 11 cidades do interior, além da capital do estado. Em Londrina, a Virada Cultural Paraná também contará com outras atividades além de arte e cultura, como as ações voltadas para a educação no trânsito, orientando e incentivando o respeito entre pedestres, ciclistas e motoristas. Em nota, o secretário
O ex-integrante dos Novos Baianos, Moraes Moreira, se apresentará em Londrina no dia 26 com os cachês dos artistas. Com isso, achamos injusto e indelicado alguns artistas receberem a verba do Governo do Paraná, enquanto outros se apresentariam de graça”, explicou. Dessa forma, os artistas que já possuíam projetos contemplados pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC) acabaram recebendo certa preferência, para evitar o problema dos cachês. A diretora de Ação Cultural ainda ressaltou que a falta de verba inviabilizou alguns projetos, já que a Secretaria de Cultura do Estado tem suas exigências quanto à realização do evento. “O Governo do Estado exige que todos os eventos da Virada Cultural sejam gratuitos, de livre acesso ao público. Por isso, teríamos de contar com a estrutura que nos foi oferecida, e
não teríamos como organizar esses eventos sem a devida verba”. Programação Além das atrações do Palco Conexões, que terá início às 19h com a banda Real Coletivo, outras atividades serão organizadas paralelamente durante toda a semana. A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), junto com a Polícia Militar e a Guarda Municipal, promoverão a “Blitz Educativa”. Haverá também a distribuição gratuita de livros, feira de doações de animais, pedalada e uma série de oficinas gratuitas que serão oferecidas na Semana de Arte e Educação. A programação completa pode ser acessada pelo endereço: www.cultura.pr.gov.br.
VIOLÃO
Música para ouvir música para ouvir música para ouvir
Em mais uma passagem por Londrina, Yamandu Costa se apresentou dessa vez com a Orquestra Sinfônica da UEL Na última quinta-feira, 17 de outubro, a Catedral de Londrina recebeu a Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (OSUEL) e o violonista Yamandu Costa para um dos concertos temáticos que estão sendo realizados pela orquestra. Na programação músicas de Beethoven, Villa-Lobos, Piazzolla, Radamés Gnattali, Paulo Aragão e do próprio Yamandu. Marcada para 20:30h a apresentação começou com mais ou menos dez minutos de atraso com a primeira música, de Beethoven, ainda sem a participação do violonista gaúcho de renome tanto no Brasil quanto fora. Quem chegou cedo conseguiu lugar próximo e pode enxergar a orquestra, quem preferiu chegar
no horário teve que se contentar com os bancos do fundo da catedral e um som não lá tão cheio. Quando vamos a um concerto musical é evidente que o que se espera é música, mas faz muita falta a visão da orquestra. Dentro de um teatro seria bem mais aprazível, além da questão de, particularmente, não achar nada agradável ouvir músicas tão belas enquanto um homem que morreu há tantos anos ainda se encontra pregado numa cruz bem em frente à platéia. Yamandu Costa que nasceu em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, esteve em 2010 em Londrina se apresentando juntamente com o Grupo Chorus – nascido em Presidente Prudente e radicado em Londrina – que na ocasião
Foto: Isabela Cunha
Lucas Rodrigues
Parte do público optou por assistir a apresentação no chão da Catedral, perto do artista lançava o disco Brazilian Vocal. O violonista começou a estudar o instrumento aos sete anos com o pai e de lá pra cá foi se aprimorando, ganhando prêmios e reconhecimento. Seu jeito peculiar de movimentar a cabeça durante as apresentações parece ter diminuído um tanto. Uma
surpresa para mim, que estava acostumado a ver apresentações televisivas, na maioria das vezes, reprises em canais educativos. Para alegria do público a apresentação contou com três bis e durou por aproximadamente 90 minutos. Muita gente em trajes de gala, menos
do que se esperava. Samuel Muniz, violonista de Londrina que estava presente, sentiu-se presenteado com a apresentação e a respeito de Yamandu comentou: “Ele é fora de série. Achei muito bacana. Interpretação única. Fora o que ele toca... a responsabilidade”.
Esporte
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TUBARÃO
Luzes e câmeras sobre o clássico bilhar Fotos: Divulgação
Evento londrinense irá dar tratamento de espetáculo ao jogo popular Yuri Martinez
Londrina receberá neste mês um evento que irá trazer a prática esportiva do bilhar em uma versão de Gameshow televisivo. O Bilhar Show, nome da iniciativa do jornalista e apresentador Marco Gomes, promete aliar a plasticidade do popular bilhar nas telas da televisão com a dinâmica de torneio esportivo entre os competidores. O torneio conta com 12 jogadores, e tem início no dia 29 de Outubro, às 19h no Bar Brasil (R. Prefeito Hugo Cabral, 757).O ambiente será televisionado com 3 câmeras internas e tem o apoio da TV Tarobá. Entre os candidatos mais experientes, está o empresário Galdino Lima Moizés. “O Bilhar Show é algo inédito, devemos cuidar para que o público veja um espetáculo com pessoas comuns buscando quem é o melhor, e aqueles que gostam possam ver que é possível qualquer um participar”, comenta. Além de Moizés, a fisioterapeuta Francine Maeda também compõe o quadro de candidatos ao prêmio máximo, que está sendo discutido com todos os participantes. “Gosto de jogar sinuca desde a adolescência, brincando no clube e quando saía com os amigos. Jogo
Galdino Moizés:Minhas expectativas são as melhores, quero me concentrar e me superar.
Francine Maeda: Espero dar o meu melhor nesse evento, que eu supere as minhas próprias expectativas!
apenas por lazer, é um momento que me divirto, não penso em nada, me tira do estresse do dia a dia”, diz. Na organização do torneio, além do idealizador Marco Gomes e sua produção, está o coordenador de jogos e também membro da Federação Paranaense de Sinuca Marcelo Ferreira. “Jogo há 10 anos, mas comecei a me interessar quando criança na AFML (Associação dos
uma ótima forma de mostrar o lado familiar e sério do esporte”, defende. Para a televisão, o evento que se realizará em um dos bares mais populares da cidade, o Bar Brasil, está à frente o apresentador Marquinho Gomes. “Com a popularidade do jogo, acreditamos que o público se envolva nas transmissões internas nos telões e monitores do bar e ainda pelos comentários em
Funcionários Municipais de Londrina) olhando para as mesas oficiais e não podia jogar por causa da idade”, diz. Muitos dos jogadores possuem mesa de bilhar em casa e segundo Ferreira, o evento pode trazer benefícios à imagem do popular jogo. “Tenho visto um grande esforço dos dirigentes e dos atletas para mudar a imagem de jogo em botecos que o esporte tem e acredito que o BilharShow é
tempo real na internet”, diz. “Teremos também formas de interação com o público, com desafios na mesa de jogos valendo prêmios”, salienta. O torneio terá 36 jogos de bilhar, disputados na melhor de 5 partidas, em exceção da Grande Final, realizada, na melhor de 7, no dia 3 de Dezembro. Para mais informações, acesse o site www. bilharshow.com.br, ou pelo facebook.com/bilharshow.
Bilhar X Sinuca X Snooker – Quem é quem? Pode perguntar pra qualquer pessoa; Bilhar e sinuca, todo mundo conhece, já presenciou uma partida ou no mínimo já ouviu falar, dificilmente se encontra um leigo completo no assunto que sequer saiba se tratar de um jogo que envolve tacos e uma mesa com tecido, a menos é claro que esteja falando de alguém que ficou afastado do planeta nos últimos 100 ou 200 anos, o que é, de fato, humanamente impossível. Agora, um pouco além disso, podemos encontrar dúvidas interessantes. Assim como hardware e software lago e lagoa, sanfona e acordeon, bilhar e sinuca são duas coisas diferentes, que muita gente não sabe exatamente quais as diferenças, embora seja uma idéia reproduzida e falada no dia-a-dia. Bilhar é o nome genérico que a gente dá para vários jogos de mesa que utilizam tacos e bolas, para os mais vamos pensar que é um “câmpo semântico” maior. Dentro dela, se encontra a sinuca, justamente um desses jogos de mesa. Para simplificar, dá para dizer que a sinuca está para o bilhar assim como o vôlei de praia está para o vôlei. Mas a coisa é um pouco mais complicada, porque a modalidade mais antiga dos jogos de bilhar também se chama, veja só, bilhar.
SNOOKER
Número de bolas: 13, 17 ou 22 (6, 10 ou 15 vermelhas) Dimensões da mesa: 2,84 m x 1,42 m (13 ou 17 bolas) ou 3,66 m x 1,83 m (22 bolas).
A versão mais difundida é que essa modalidade primitiva de bilhar surgiu de um jogo francês chamado croqué, disputado nos gramados dos palácios franceses do século 15. Com uma espécie de martelo, os jogadores impulsionavam bolas por entre arcos e buracos (um primo distante do que conhecemos hoje como críquete ). No inverno, a neve impedia o jogo - por isso, ele teria sido levado para os salões e jogado sobre uma mesa. Mais de 300 anos depois, em 1875, um coronel do exército inglês modificou algumas regras do bilhar e inventou a sinuca internacional ou snooker. Por aqui, o jeitinho brasileiro deu cara nova à sinuca quando ela aportou no país, no começo do século 20. “No salão de sinuca, os malandros desafiavam outros jogadores apostando cervejas. Para conseguir vencer mais adversários e faturar alto, os malandros encurtaram a duração tirando bolas da mesa de jogo. Nascia a sinuca brasileira, com apenas uma bola vermelha”, afirma o coordenador da Federação Paulista de Bilhar e Sinuca, Luiz Admir Fraisoli. A seguir, confira alguns detalhes, de uma tacada só, as principais diferenças entre o bilhar, o snooker e a sinuca brasileira.
BILHAR OU CARAMBOLA Número de bolas: 3
(vermelha, amarela e branca) Dimensões da mesa: 2,84 m x 1,42 m. É a única mesa que não tem caçapas
SINUCA BRASILEIRA Número de bolas: 8 (vermelha, amarela, verde, marrom, azul, rosa, preta e branca) Dimensões da mesa: 2,84 m x 1,42 m. Tem seis caçapas
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Perfil
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CORNETA
Olhos atentos, orelhas em pé, boca aberta Giovanna Machado
“Pode falar que eu sou louco, que eu tô perturbado, que tem que internar, mas eu vou falar o que o povo tem vontade de falar, mas não tem oportunidade. Pode deixar comigo, com o Boca Aberta, que eu vou descer a madeira”. A frase é de Émerson Petriv (PP), suplente de vereador em Londrina mais conhecido como Boca Aberta, que recebeu a reportagem do PreTexto na Câmara dos vereadores. Como ele mesmo diz, não tem travas na língua e ficou conhecido na Campanha eleitoral de 2012. Usando máscara, com um cassetete na mão e com o apoio de Antônio Belinati, o Boca Aberta esbravejava na TV suas propostas e seu projeto “carro-chefe”, o “Vai em pé paga meia”, que propõe que os usuários que forem em pé no ônibus tem o direito de pagar meia passagem. Filho de frentista e dona de casa, o londrinense diz que nunca teve ambições políticas. “Há mais ou menos 10 anos, eu venho observando coisas erradas. Eu vi muita coisa errada acontecendo na cidade, e eu montei um meio de comunicação próprio meu, coloquei uma caixa de som em cima de uma motoca e um microfone sem fio e saí pela cidade para denunciar os desmandos das administrações”. Na última eleição o Boca Aberta não conseguiu se eleger. “Eu fiz 1648 votos, eu, Deus e a moto falando com as pessoas na rua”, mas ficou como suplente de vereador. Casado, pai de dois filhos , morador do Jardim Imagawa na zona norte de Londrina, Petriv se formou em administração, mas não exerce a formação, tem outra profissão. “Eu sou apresentador. Tenho um programa no youtube, tem 70 vídeos postados num estilo bem diferente, tem cassetete, tem máscaras e também estou com um projeto de en-
Giovanna Machado
Émerson Petriv atual suplente de vereador em Londrina fala sobre suas peripécias na política e seus planos
Na Câmara de vereadores de Londrina, Emerson Petriv, fez críticas ao poder administrativo da cidade e falou sobre seus objetivos políticos.
costuma fazer seus discursos ao vivo. Geralmente no horário das 18h às 19h, Boca Aberta está nas redondezas do Terminal Central discursando os problemas que encontrou, e fazendo possíveis denúncias contra o poder administrativo de Londrina. Émerson Petriv constantemente acompanha as sessões da Câmara, ele diz ser o interlocutor do povo. “Você acha que o povo pode vir aqui dia de semana à tarde? O povo tem que trabalhar, então eu passo para eles o que é discutido aqui dentro (Câmara dos vereadores)”. O Boca Aberta tem o jeito diferente de fazer política, de personalidade explosiva, costuma discursar com o microfone em sua moto em diferentes lugares da cidade, inclusive na prefeitura. Neste ano, o suplente foi preso duas vezes fazendo protestos. “Uma porque eu subi na galeria e não me deixaram falar. “Eu me inspirei muito no Cadeia, o Daí eu me apichei de Alborghetti” lá de cima, em protesto trar na CNT, se Deus quiser vai dar tudo contra os 18 vereadores que votacerto”. O apelido ‘Boca Aberta’ vem da ram a favor de mandar o povo para infância: “Porque eu falo muito, eu tenho o SPC e Serasa se não pagar IPTU. esse apelido desde criança. Meu apelido Chamaram a polícia e eu saí algemana rua ficou Boca Aberta, porque eu ta- do, daqui, justamente a casa do povo (...) Estou respondendo à um Termo garelava demais e ficou até hoje”. A profissão de apresentador, não Circustanciado de Infração Penal por impede que ele faça sua ronda pela ter invadido aqui”. A outra vez em que foi preso, Pecidade com seu meio de comunicação. Ele seleciona uma região da ci- triv fazia uma denúncia com sua caixa dade e aproximadamente durante um de som em frente à prefeitura. Ele mês acompanha os problemas com diz que o prefeito pagou 18 mil reais os moradores. Os levantamentos em horas extras para uma funcionária feitos pelo Boca Aberta são gravados pública amiga da família do prefeito, num CD e vão tocar por toda a cida- enquanto outros funcionários entrade na caixa de som acoplada na moto vam para o banco de horas. Desta dirigida por ele. O suplente também vez Boca Aberta ficou sem voz. “Eu
peguei o documento fui ao ministério público, Gaeco, protocolei e vim com a minha moto fazer um protesto aqui. O que ele fez? Chamou a polícia para me prender, fui preso a mando dele: Kireff 55. Prenderam minha caixa de som”. Com a caixa de som apreendida, durante 15 dias ele ficou sem realizar seus protestos e levantamentos pela cidade. No dia da entrevista concedida ao Pretexto, Petriv tinha conseguido reaver a caixa de som, a decisão judicial foi favorável a ele, e já planejava manifestações para o dia seguinte. O “estilo” do Boca Aberta apresentar seus programas e fazer seus protestos tem inspiração em outro apresentador bastante conhecido por não ter travas na língua: “Eu me inspirei muito, no Cadeia, o Alborghetti. Ele era diferente, ele fazia sentado, eu me inspirei, não copiei. Adaptei a linguagem também para os
ção entre os dois ele recua: “Eu trabalhei com o Belinati, fui motorista dele. Nunca fui assessor nada ligado diretamente, depois fui demitido. Não concordava com as coisas que eu via e ouvia e achei melhor sair. (...) Tive o apoio dele na campanha. Mas sou contra a corrupção, se comprovar que ele realmente fez, tem que ir para a cadeia e não sair mais, apodrecer com as baratas, os ratos e os vermes.”
Futuro “Pô, eu tenho sonho, eu queria ser eleito, vereador... ou deputado... ou prefeito, para defender o povo. Mas eu acho que se eu tivesse sido eleito, eles já teriam cassado meu mandato, aqui tem o tal do decoro parlamentar”. Atualmente Petriv diz ter sofrido ameaças de pessoas ligadas ao prefeito Kireff. “Eu estando vivo para mim tá para lá de bom. Só Deus sabe o que eu to sentindo, “Meu apelido ficou Boca Aberta, porque eu estou sendo porque eu tagarelava demais ameaçado (...). Na porta do terminal, na Lestedias de hoje”. Respondendo à pergunta Oeste, parou um carro preto, um Gol se o Boca Aberta seria um personagem 4 portas, desceu um cara e falou para criado por Émerson Petriv, ele pensa mim: -Nós vamos quebrar suas pernas antes de responder: “Eu acredito e te- e seus braços se você continuar falannho comigo que somos a mesma pes- do do prefeito. Eu falei no microfone, soa, porque isso está dentro de mim. você quer quebrar minhas pernas, não O Emerson Petriv e o Boca Aberta são quebrando minha boca tá bom”. O muito parecidos, eu sou assim, ligado no Boca Aberta fez um Boletim de Ocor220.” rência sobre a ameaça. Além de Alborghetti, uma personaliCom 42 anos, Petriv diz que quer dade londrinense pode ser reconhecida saúde para continuar a manter seu ritno modo de abordagem e fala de Pe- mo, de denúncias e conversas com o triv: Antônio Belinati. O ex-prefeito de povo. “Manter esse pique não é fácil, Londrina apoiou a campanha de Petriv eu temo pela minha vida, quem não e também aparecia no antigo programa teme? Mas não vou parar”. Preparem do suplente, na TV Cambé. Sobre a liga- os ouvidos.