Ano 2 - 3ª Edição - 26 de Setembro a 2 de Outubro de 2014
Repressão e imprensa
Colóquio reúne estudantes e professores para discutir as memórias do regime militar
Festival Kinoarte movimenta o cenário cultural londrinense Pág. 10
Conheça a diferença entre o taekwondo olímpico e o tradicional Pag. 11
Com produção de sabão, Dona Iraci ajuda a quem precisa Pag. 12
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Opinião
26 de setembro a 2 de outubro de 2014
EDITORIAL
Lembrar para que não se repita Jornal Laboratório produzido pelo 4º ano do Curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo, da Universidade Estadual de Londrina Coordenação Editorial (docentes responsáveis): Emerson S. Dias Paulo César Boni Lauriano Benazzi Editor-Chefe: Nathalia Corsi Chefe de Redação: Milliane Lauize Projeto Editorial: Emerson S. Dias Fábio Silveira Gisele Rech Lauriano Benazzi
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o cinquentenário do golpe de 1964, não se pode deixar de tratar sobre os resquícios e as lembranças de um período severamente marcado pelo autoritarismo e por graves violações aos direitos humanos. A ditadura militar no Brasil se estendeu por 20 anos, e até hoje muito do que aconteceu não foi revelado. Familiares ainda lutam para desvendar o que houve com seus mortos e desaparecidos políticos. A concentração da propriedade e de renda, a lei da anistia, a constituição promulgada, o monopólio dos meios de comunicação e a privatização do ensino superior são exemplos do que é considerado herança dessa época. Mas o que tem a dizer quem viveu o regime ditatorial? De que maneira a ditadura foi sentida aqui, em Londrina? É o que a Comissão da Verdade do Paraná, batizada de Teresa Urban, buscava conhecer por meio da audiência pública que realizou na UEL, no último mês. Histórias vividas durante o regime militar foram ouvidas, principalmente depoimentos de vítimas ou testemunhas de violações aos direitos humanos, na intenção de serem encaminhadas à Comissão Nacional da
Verdade. Apesar de não ter poder legal para punir os acusados, a Comissão tem a função de colaborar para a apuração dos fatos e é movida pelo desejo de justiça frente ao período de governo em que a perseguição política e a tortura se fizeram presentes de maneira intensa. A censura é outro marco da época que não pode ser silenciado. Entendendo a importância histórica do árduo regime, focamos nesta edição o I Colóquio Nacional de Estudos do Autoritarismo. O evento objetivou ampliar e popularizar debates acadêmicos em torno dos efeitos da ditadura, especialmente no que diz respeito à censura e à repressão às artes e à imprensa. Caracterizou-se também pela proposta de discutir manifestações de oposição ao regime militar, que compuseram um amplo movimento de resistência cultural. O Colóquio cumpriu o papel de descentralizar essas discussões, sempre tão atreladas ao eixo Rio-São Paulo. Falamos, enfim, de uma época que deve permanecer viva na memória dos brasileiros, mas para nunca se repetir. Quanto mais se aprende sobre a ditadura, maior a certeza de que a democracia deve ser preservada e reconhecida como melhor opção de governo.
MEMÓRIA PRETEXTO
CHARGE
Projeto Gráfico: Erick Lopes Lais Taine Lauriano Benazzi Diagramação: Carol Ferezini Paola Cuenca Moraes Yudson Koga Chefe do Departamento de Comunicação: Mário Benedito Salles Coordenador do Colegiado de Jornalismo: Ayoub Hanna Ayoub
O Pretexto de abril de 1994 trazia o anúncio da vitória da chapa “Um Salto de Qualidade”, dos professores Jackson P. Testa e Nitis Jacon, na corrida pela reitoria da universidade como chamada principal. O destaque, para nós da Redacão, fica por conta da matéria sobre os temidos Trabalhos de Conclusão de Curso que casa perfeitamente com nosso momento acadêmico. A 23 dias da entrega do TCC, o desespero começa a tomar conta!
Correspondência: Coordenação do Curso de Jornalismo UEL – Universidade Estadual de Londrina Rodovia Celso Garcia Cid, BR 445, Km 380 CEP 86057-970 Londrina – PR Tel.: (43) 3371-4328 E-mail: jornalpretexto@gmail.com PreTexto na Internet: facebook.com/JornalismoUEL www.issuu.com/jornalpretexto www.jornalismouel.com
CRÔNICA
Uma carona para a paixão Paola Cuenca Moraes
Minha mãe sempre me diz que eu nasci com cara amarrada. Como se um despertador tivesse soado às seis da manhã de uma segunda-feira pós-feriadão. Eu não sorria. Estava de mal com o mundo e com todas aquelas pessoas que falavam comigo como se estar na terra fosse uma coisa boa. Mas, minha progenitora diz, ainda, que um dia, depois de uns seis meses, por algum motivo eu sorri. E não parei mais. Sorria para os carros, para o vento, para a comida e para o desconhecido que fazia caretas na fila do mercado. Às vezes sorria até dormindo, como se precisasse recuperar os meses perdidos com lábios cerrados. E cresci. De tempos em tempos algumas coisas conseguem me fazer rir mais que outras. Na maioridade era conseguir equilibrar cursinho, amizade, namoro e família. No início da faculdade, era rever o namorado que estava em outra cidade. Ano passado, era estar rodeada de pessoas queridas para uma tarde de conversas e guloseimas. E agora... Bom, agora, ando meio poeta, meio louca, meio sensível. Tenho sorrido como no tempo que nem dentes tinha na boca. Vai ver o determinismo não está tão errado. O meio tem
me influenciado a sorrir por encantamento. Além de observar pessoas que vem e vão com mochilas cheias de esperança prontas para serem compartilhadas na mesa do café-da-manhã, tenho admirado o amor passageiro. Uma americana e uma argentina que atrasam suas viagens por semanas para ficarem alguns dias juntas. Um alemão que vai atrás de uma mexicana até a cidade natal dela, porque uma noite era muito pouco. Um convite de um russo para seguir viagem pelo mundo, juntinho, para preencher a mala com um pouquinho de paixão. É o amor de verão em escala internacional. É viver a paixão sem pensar que amanhã seu amado pode estar a 10 mil quilômetros. É dispensar joguinhos e ter pressa de sentir, é ter urgência de viver sob as regras do coração. É ser meio poeta por um final-de-semana e jurar que será “eterno enquanto dure, posto que é chama”. É ser meio louco para rasgar o bilhete de viagem, afinal as pirâmides do Egito podem esperar. É ser meio sensível para sofrer a despedida de alguém que você conheceu só há três dias, mas te fez sentir calores desconhecidos por 72 horas. (Crônica escrita durante intercâmbio internacional realizado pela autora no primeiro semestre de 2013.)
Opinião
26 de setembro a 2 de outubro de 2014
Parecer
DEBATES
Milliane Lauize
Discriminação é crime
DUELO
Milliane Lauize
E
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m 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea abolindo a escravidão no país. Com isso, milhares de escravos receberam a sua liberdade. Escravos e também pobres e negros. Essas eram as características daqueles que eram mantidos pelos seus “donos”, ou seja, tratados como propriedade de alguém. A escravidão acabou, mas a discriminação paira há dois séculos sobre nós e isso se reflete em muitos problemas que encontramos atualmente na sociedade. Um deles é o preconceito racial. O que diA última nação do mundo a fere em direitos, segundo a Consacabar com a escravatura tituição brasileira, ainda continua na prática o alguém ser de que foi abolido no papel raça preta, branca ou parda? Perante a lei, nada. Porém, não é raro encontrarmos disparidades sócioeconômicas entre brancos, negros e índios – e pior – pessoas que ainda julgam alguém pela sua etnia ou cor. Podemos relembrar o caso do goleiro santista Aranha. Algumas semanas atrás, ele foi o foco das mídias do Brasil inteiro. Em um jogo entre Grêmio e Santos, a torcedora gremista Patrícia Moreira dirigiu xingamentos ao goleiro, chamando-o de “macaco”. A gaúcha teve de arcar com as consequências, já que ser racista é crime e é passível de responder processo judicial. O goleiro Aranha disse que perdoava a torcedora gremista pelas injúrias depois de ela ter se desculpado publicamente, mas cobrou justiça, dizendo que ela deveria “pagar pelo que fez”. E negou um
pedido para se encontrar com Patrícia. Outro assunto atual na mídia é o programa “Sexo e as Negas”, da Rede Globo. Antes da estreia, o autor Miguel Falabella, foi acusado de racismo, sexismo, machismo entre outros. O título do programa andou pelas redes sociais, onde muitas mulheres negras argumentavam “eu não sou as suas negas”. Falabella defendeu que a série caminha para a comédia dramática e pauta o universo de quatro mulheres negras. Será preciso acompanhar com atenção a série para comprovar que nada no programa denigra a imagem ou o orgulho das brasileiras afrodescendentes. De proprietários de escravos a Hitler e nazistas, o preconceito de uma raça contra outra também tem resultado em atrocidades. Para combater a doença do preconceito racial, são elaboradas legislações para garantir que as pessoas se tratem com respeito e dignidade, permitindo a todos o direito inalienável da vida e liberdade. Embora a ação do homem possa ser legislada, os seus corações e temores não podem. Assim, a sociedade continua a sofrer de discriminação. Fóruns, coligações e outras iniciativas continuam a ser formadas para promover a união, compreensão e tolerância. Em meio a tantas polêmicas, o importante é não esconder ou menosprezar o tema. Discussões sobre o racismo deve sempre vir à tona, seja em conversas informais, em salas de aula ou na televisão. Nenhum tipo de discriminação é justificável. A última nação do mundo a acabar com a escravatura, ainda continua na prática o que foi abolido no papel. Mais de 100 anos deveriam ser suficientes para diminuir a discriminação, mas não diminuiu.
REGISTRO As condições das ruas internas da UEL e a falta de manutenção têm incomodado quem circula diariamente pela universidade. A Prefeitura do Campus está estudando medidas para recapear o asfalto, mas ainda não há orçamento, nem previsão para a execução de uma reforma que possa solucionar os danos causados pelas chuvas e pelo grande fluxo de veículos. Para amenizar a situação, foi feita neste mês uma operação tapa-buracos. A ação não recuperou os trechos mais danificados (que são vários), segundo o próprio Prefeito do Campus, Dari de Oliveira Toginho Filho: “Os trechos mais graves, onde o asfalto já está comprometido, o tapa-buraco não vai resolver.” No primeiro semestre, uma parceria foi firmada com a Prefeitura de Londrina para o recape de 12 mil metros², o qual teria início em abril deste ano. Nada foi feito até agora. Nathalia Corsi
Nesta semana o senador Álvaro Dias fez críticas ao governador Beto Richa, ambos do PSDB e candidatos à reeleição. Durante o horário eleitoral, Dias disse que estaria “ficando cada vez mais difícil” de se entender com Richa, que é seu aliado nessa campanha. “Quanto pior o governo mais apoio político ele tem, especialmente quanto pior no campo da ética”, disparou o senador. Ainda durante a propaganda eleitoral, Dias apresentou um argumento semelhante ao do senador Roberto Requião, do PMDB. “O Paraná vai mal. A impressão que fica é que quem se elegeu em 2010 não tomou posse até hoje, porque não se vê nada de concreto, de objetivo”. Requião tem feito campanha dizendo que o Paraná está “sem governo”. DUPLICAÇÃO Foi adiada para segundafeira (29) a liberação dos dez quilômetros da duplicação da Rodovia PR-445, entre a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Sandoz, em Cambé. Até então a informação do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) é que seria liberado esse trecho na quarta-feira (24). De acordo com o superintendente regional do DER em Londrina, José Ferreira Heidegger, o motivo do adiamento são as chuvas. No trecho em questão existem quatro quilômetros de responsabilidade do DER: da UEL até o viaduto da rodovia BR-369. Outros seis quilômetros estão sob o comando da concessionária de pedágio Econorte: do viaduto da BR-369 até a fábrica da Sandoz. O restante da duplicação, entre a UEL e o cruzamento com a Avenida Dez de Dezembro deve ser liberado até o final de outubro, prazo final também do contrato com a construtora.
NAS REDES Confira o PreTexto e as produções dos estudantes do curso de Jornalismo da UEL na internet. Mande seus comentários e sugestões de pauta através do Facebook e do Twitter. Acompanhe também a versão digital dos jornais laboratórios e as produções das demais séries no portal de notícias do curso.
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Londrina
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ECONOMIA
Ronda
Lucas Nabesima
ASSALTO Um homem morreu após confronto com a Polícia Militar na manhã desta quarta-feira (24). Segundo a PM, o rapaz foi abordado pelos policiais após assaltar um posto de combustíveis, no centro da cidade. Ele foi perseguido e, durante luta corporal, tentou pegar a arma de um dos policiais. O outro policial atirou no suspeito, que morreu na hora. Um dos dois policiais ficou ferido na perna. DETIDO O motorista que causou um acidente ao dirigir embriagado segunda feira, 15, teve liberdade provisória negada pela Justiça. Ele teve sua pena de prisão em flagrante convertida em prisão preventiva e ficará detido por período indeterminado. SINAL VERMELHO Desde o início de 2014, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) deixou de contar com a fiscalização através dos videovigias, que somente em 2013 flagraram mais de 28 mil avanços da faixa de retenção e do sinal vermelho. Apesar disso, o número de multas não diminuiu, inclusive a média diária de autuações cresceu. MULTAS Em 2013, a CMTU contabilizou 118.087 multas, 30.242 delas de excesso de velocidade e 27.612 de avanço do sinal vermelho, o que dá uma média de 323 autuações por dia. Já no primeiro semestre deste ano, a média subiu para 352, com um total de 67.713 e novamente destaque para velocidade acima da permitida, com 16.008.
Estudo coloca aeroporto de Londrina entre os mais promissores do país Segundo números, a cidade supera Cascavel em potencial econômico, mas fica atrás de Maringá na maioria dos índices TMA Londrina
Fernando Bianchi
Um estudo divulgado pela empresa paulista de inteligência de mercado Urban Systems considera que o aeroporto de Londrina é o oitavo com maior potencial de crescimento no país. Além de outros dados econômicos, os números do estudo trazem quatro aeroportos do Paraná entre os vinte mais promissores do Brasil. Maringá é a cidade paranaense mais bem colocada no ranking, figurando em sexto lugar, seguida de Cascavel e Londrina em sétimo e oitavo lugares, respectivamente. O aeroporto de Foz do Iguaçu aparece na décima colocação. A metodologia adotaEmbarque de passageiros na pista do Aeroporto de Londrina da pela Urban Systems é uma avaliação própria denominada Índice de 21.071 na região londri- ca de instabilidade polítiQualidade Mercadológi- nense. Maringá também ca, fato que, segundo ele, ca (IQM), que classifica o tem vantagem em indica- certamente comprometeu Investimentos potencial de crescimento dores como exportações, os indicadores econômide determinadas regiões importações, renda média cos. “Os prognósticos se Nesta semana, buscando orientar novos e crescimento do PIB – referem ao período entre o prefeito Alexaninvestimentos. No caso neste último indicador, se- 2010 e 2011, justamente dre Kireeff anundos aeroportos, são consi- gundo a pesquisa, Maringá a época em que a cidade ciou a liberação derados os fatores infraes- cresceu mais que o dobro foi mais abalada por esde R$ 50 milhões trutura, passageiros, carga, em relação à Londrina cândalos de corrupção e pelo Governo do desenvolvimento imobiliá- no período entre 2010 viveu uma terrível crise de Estado, através da rio e receitas acessórias. e 2011: 17,60% contra insegurança jurídica”, diz Secretaria do DeO aeroporto de Londrina 8,40%. Orsi. s e n v o l v i m e n t o U raparece com O presibano (Sedu), para 44,26 pontos dente da Acil investimentos inMaringá é a cidade paranaense na avaliação, considera que dustriais e ampliae n q u a n t o mais bem colocada no ranking. os indicadores ção do Aeroporto Maringá apre- O aeroporto do município vizinho e c o n ô m i c o s Internacional José senta 47,11 é o sexto com maior potencial de de Londrina R i c h a , e m Lo n d r i pontos. O crescimento no país. Cascavel e não devem na. a e r o p o r t o Londrina aparecem em sétimo e ser comparaR$ 30 milhões de Casca- oitavo lugares, respectivamente. dos com os s e r ão destinados vel, também de cidades a desapropriaà frente de como Cascações de terrenos Londrina, ficou com 44,70 Segundo o presidente vel e Maringá. “Ser maior para ampliação da pontos. da Associação Comercial é mais difícil. A compap i s t a d o a e r o p o rOutros números e Industrial de Londrina ração mais racional seria to, o que permitiDe acordo com outros (Acil), Valter Orsi, o es- com cidades de porte seria a instalação do dados econômicos levan- tudo realizado pela em- melhante, como Ribeirão ILS, equipamentados na avaliação, Londri- presa paulista considerou Preto e Caxias do Sul”, t o u t i l izado para na fica atrás de Maringá em somente o período entre justifica Orsi. Para ele, o orientar pousos e números como o Índice os anos 2010 e 2011. De crescimento econômico decolagens com de Desenvolvimento Hu- acordo com Orsi, “núme- de Londrina depende do c o n d i ç õ e s c l i m átimano (IDHM) de Renda: ros de um só ano não são incentivo à industrialização cas adversas. Londrina tem 0,79, contra suficientes para elaborar e investimentos em infraA prefeitura es0,81 de Maringá. O Pro- cenários futuros de médio -estrutura. “Não há outro pera conseguir duto Interno Bruto (PIB) e longo prazos”. Ainda de caminho a não ser a indusi n s t a l a r o equipapercapta da microrregião acordo com o presidente trialização, e finalmente mento até o fim de maringaense também su- da Acil, o período estuda- parece que o poder pú2016. pera o de Londrina: R$ do na cidade de Londrina blico optou por essa via”, 26.810 ao ano, contra R$ corresponde a uma épo- declara o presidente.
Paraná
26 setembro a 2 de outubro de 2014 INTERNET
Extras
“Casamento Vermelho” marcará união de prefeituras após brincadeira
Lucas Nabesima
NAUFRÁGIO
Após brincadeira na internet, desenvolvedores de perfis decidiram fazer uma mobilização por doação de sangue Divulgação
Agência Brasil
O
“casamento virtual” entre a prefeitura de Curitiba, (simbolizada por uma capivara) e a prefeitura do Rio de Janeiro (representada por uma arara-azul) começou como uma brincadeira despretensiosa, mas virou coisa séria. Desde o último dia 22, quando as duas prefeituras anunciaram o “casamento vermelho”, a fim de incentivar doações de sangue no próximo sábado, 27 em ambas as cidades, diversas instituições e outras prefeituras de todo o Brasil aderiram à ação. Todos os dias à noite, a página da prefeitura de Curitiba postava na rede social músicas para desejar bons sonhos àqueles que a seguiam. Apesar de receber inúmeras declarações de amor, continuava sozinha até que uma, em especial, despertou sua atenção. O texto, acompanhado de foto, dizia: “Quer se casar comigo?”. Ela fez charme, quis saber no que se pareciam. Uma campanha na própria internet apoiava, foram muitos posts com a marcação #acei-
tacuritiba. E a cidade, até então conhecida por ser fria, cedeu. A ação, que começou com uma brincadeira de internet, ficou séria. Todos os seguidores das páginas das prefeituras de Curitiba e do Rio de Janeiro no Facebook já estão convidados para o casamento neste sábado, dia 27. Prefeituras de outras cidades, que também aderiram à brincadeira, estão se mobilizando para ajudar. E a cerimônia vai ter direito à festa, que será feita nos hemocentros. Com o lema “Mostre que você tem amor nas veias”, as prefeituras pedem doação de sangue para celebrar a união. A ideia foi dos responsáveis por alimentar os perfis da rede. “Doação de sangue e cadastro de medula óssea são coisas que a gente leva a sério. Então, quando começou a brincadeira com o pedido de casamento, a gente começou a conversar por telefone com a equipe do Rio para conseguir uma forma de fazer com que o cidadão visse que estávamos trabalhando. Aí decidimos finalizar essa história toda, com uma coisa bacana, de cunho social, que é a doação de
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Um barco-hotel com 16 turistas de Londrina e Alvorada do Sul (71 km de Londrina) naufragou no final da tarde dessa quarta-feira (24), no Rio Paraguai. Os moradores do Paraná estavam no Pantanal para uma pescaria e foram atingidos por uma tempestade com ventos de 90 km/h, que causou o tombamento da embarcação El Sonho del Pantanal em Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul. BIOGÁS
Momento da doação de sangue sangue”, explica o diretor de Mídias Sociais da prefeitura de Curitiba, Marcos Giovanella. Todas as pessoas, de todas as cidades do Brasil, estão convidadas a participar dessa campanha de doação de sangue. Para doar, basta ir ao hemocentro de sua cidade levando a carteira de identidade. A doação não pode ser feita em jejum. Os menores de 18 anos devem levar também uma autorização dos pais ou responsáveis.
Casamento Vermelho em Curitiba Data: Dia 27 de setembro Horário: 8 às 16 horas
Agricultores de Marechal Cândido Rondon, no oeste do Paraná, começaram a ganhar dinheiro com um projeto que transforma o dejeto de animais das propriedades em energia elétrica. A energia elétrica é produzida com o uso do biogás, que surge com a decomposição dos dejetos animais. A princípio, a energia será utilizada para alimentar o maquinário das propriedades, mas o objetivo é que parte dessa eletricidade seja vendida à Copel, gerando lucro extra aos agricultores. TEMPESTADE
Onde:
Hemobanco, na Rua Capitão Souza Franco, 290, Bigorrilho Divulgação
Na manhã desta quarta-feira, 35, uma tempestade com rajadas de ventos derrubou quatro torres de energia de Furnas em Cafelândia, no oeste do estado. As estruturas danificadas fazem parte do sistema de transmissão da energia elétrica produzida pela usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, à subestação de Ivaiporã. Equipes foram acionadas e cerca de 140 técnicos estão trabalhando na recuperação das torres que medem em média 43 metros e altura e pesam 14 toneladas cada uma. A previsão é que os trabalhos sejam concluídos em até dez dias. PARALISAÇÃO Cerca de 300 servidores do Poder Judiciário Federal fizera uma manifestação na tarde desta quarta-feira, 24, em frente ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Curitiba. Os funcionários cobram a aprovação do projeto de lei 7920/2014, que cria um plano de carreira e reajuste salarial. Segundo os servidores, já são oito anos sem reposição da inflação nos salários, somando uma defasagem de cerca de 50% de perdas para os funcionários. Ainda de acordo com os trabalhadores, houve um congelamento dos salários por parte do Governo Federal, o que é contra a Constituição Federal.
“Convite” do Casamento divulgado na página das prefeituras no Facebook
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Campus
Por extenso TRIATHLON MIRIM O Centro de Educação Física (CEFE), da UEL, irá receber, no domingo (28), a 6ª edição do “Meu Primeiro triathlon”. O evento, uma iniciativa da RPC TV em parceria com o Corpo de Bombeiros de Londrina, deve reunir cerca de 630 atletas-mirins que irão participar de um circuito composto por natação, ciclismo e corrida. O objetivo é conscientizar os pais e filhos sobre a importância da prática de atividade física, e também promover a inclusão social, já que parte das vagas são destinadas a crianças de instituições carentes. Saiba mais em http:// www.bombeiroslondrina.com.br/projeto-meu -1o-triathlon. TV UEL EM HD Completando cinco anos de história, a TV Educativa e Cultural da UEL – TV UEL, passa a produzir e veicular sua programação em alta definição (HD). Nesta primeira etapa da adequação, o primeiro programa a ser produzido e veiculado em HD é o boletim diário REPÓRTER UEL. Até o final do ano, todos os programas produzidos e veiculados pela TV UEL poderão ser vistos em alta definição. A produção pode ser acessada no http://www.uel.br/tv/site/
26 de setembro a 2 de outubro de 2014 DITADURA
Quando lembrar é resistir Colóquio recupera memória da ditadura pelo olhar de diversos pesquisadores Ruthe Oliveira e Rafael Gratieri
A repressão no período passar em branco um evento da ditadura militar no Brasil tão significativo para a história dilacerou e mutilou histórias do Brasil”, explica. de vida. Deixou sufocados O evento contou com sentimentos em muitas famí- diversas mesas com foco no lias e sobreviventes das tortu- teatro, música, cinema, artes ras. Mas uma coisa a repres- e imprensa, um importante são não pôde fazer: silenciar momento de diálogo com as memórias que insistem em diversos olhares sobre a ditase expressar. dura. Todas as mesas de deFoi pensando na impor- bate foram pensadas para que tância de juntar fragmentos houvesse um pesquisador de de memórias registradas e renome no Brasil, outro do apresentar olhares sobre os Paraná e um da UEL. fatos pertinentes daqueles Márcia Neme Buzalaf, anos que a professora do uma das organizadoras, vê Departamento de História, com bons olhos a reunião de Miliandre Garcia, decidiu or- diferentes especialistas no asganizar o I Colóquio Nacional sunto. Para Buzalaf, “cada um de Estudos do Autoritarismo, tem uma visão, trabalha com realizado de 23 a 26 de se- um foco, com um jeito de tembro. “Não era possível olhar para o assunto. E aí as
Censura no teatro
Bodas de café
O jornalista Mario Fragoso, esteve presente no dia de exibição do documentário “Um dia nublado: crônica de um fim de semana” e disse que se identificou profundamente com as cenas do documentário, pois era jornalista sindical e participou da primeira reunião da Conclat - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, no começo da década de 80. Essa conferência resultou na criação de uma comissão pró-CUT, em que idealizavam a aprovação de uma Central Única de Trabalhadores. Fragoso falou de um episódio que ocorreu em 1985, no período pós-ditadura, quando ainda se observava resquícios do regime. O Grupo Delta de Teatro fez uma montagem da peça “Toda nudez será castigada”, de Nelson Rodrigues, e faria parte da programação do Festival Internacional de Londrina (FILO), que havia sido classificado pela censura, ainda presente, como impróprio para menores. De acordo com Fragoso, a atriz e diretora do festival, Nitis Jacon, decidiu - de surpresa - permitir que a peça fosse apresentada na abertura do festival. A Polícia Federal foi acionada com a denúncia de que haviam menores presentes no Ouro Verde. Os policiais esvaziaram o teatro e informaram que só entrariam para assistir o espetáculo quem apresentasse a carteira de identidade. Em protesto, “aquele mar de carteira de identidade” foi apresentada por pessoas de todas as idades. “No fim das contas, prevaleceu a imposição da censura, de impedir que o espetáculo fosse assistido por todo mundo. Mas a gente aprendeu naquele momento que era preciso criar situações de enfrentamento”, destaca. (R.O.)
Fragoso destaca que em 1984, o grupo PROTEU Projeto Experimental de Teatro Universitário, do qual Fragoso fazia parte, montou um espetáculo com o nome Bodas de Café. Naquele período, todos os textos dos espetáculos tinham que ser mandados para avaliação na Divisão de Censura de Brasília. O texto, que colocava em cena a questão do conflito agrário, foi vetado na íntegra. Meses depois, esse espetáculo foi selecionado pelo INACEN - Instituto Nacional de Artes Cênicas, para representar o Paraná em 1985, no Membembão. De acordo com Fragoso, diante disso, “o Fernando Peixoto (diretor teatral), se mobilizou, mexeu os pauzinhos, e conseguiu o seguinte: a gente devia pegar um pouco mais leve na questão agrária. Mas, de qualquer forma, antes de a gente Jorge Correa se apresentar no Rio de Janeiro, a gente teria que fazer uma sessão fechada para três censores, no teatro Cacilda Becker”. A peça seria apresentada aos censores dali a dois dias, tempo que dedicaram a ensaiar falsas falas. E no dia seguinte a peça foi apresentada em sua forma original. “Nós demos um nó nos caras”, comemora Fragoso. (R.O.)
coisas vão se encaixando, às vezes se conflitam, e isso traz outras discussões”. A intenção, de acordo com Miliandre, é dar continuidade ao colóquio nos próximos anos. Como “estudos do autoritarismo” é uma área abrangente, a ideia é ir criando especificidades a cada nova edição. Por exemplo, discutir análises comparativas entre regimes autoritários no Brasil e em Portugal e até mesmo estudar o período do Estado Novo (regime político fundado por Getúlio Vargas entre os anos de 1937 e 1945). “Cada edição vai contemplar um assunto dentro do tema geral do autoritarismo”, conta a idealizadora.
A cerimônia de abertura do I Colóqu pela Universidade de São Paulo (USP),
26 de setebro a 2 de outubro de 2014
Por que ainda hoje se estuda o período militar? O regime militar brasileiro teve início no ano de 1964 e perdurou até 1985. Nesse meio tempo, o país viu sua Constituição ser substituída por uma nova em 1967, a supressão de liberdades civis e, no ano de 1968, a promulgação do Ato Institucional Nº 5, que dava poderes excepcionais ao Presidente da República. Miliandre Garcia entende que aquele contexto histórico não se encerrou na década de 80: “O modo como as instituições se estruturaram, as práticas da época, não acabam do dia para a noite. Existe todo um resquício. E por mais que tentemos nos livrar, eles continuam presentes”, explica. Para Manoel Dourado Bastos, um dos organizadores e doutor em História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), mesmo 50 anos após o golpe, o tema do regime militar ainda gera tensões ao ser discutido. “Por mais que tenhamos criado a ideia quase consensual de que o golpe é um problema, ainda não está tudo inteiramente resolvido”, diz. O pesquisador cita um exemplo no qual, para ele, estas questões ainda perduram: “Uma das ruas de Londrina tem nome de um ditador (referindo-se à Avenida Castelo Branco). Acaba ficando normalizado, e isso é um problema.” A doutora em História pela UNESP e também organizadora do colóquio Márcia Neme Buzalaf defende a importância de se revisitar o período histórico a fim de que este não se repita. “Olhar de novo para isso não é nem questão de querer teses revisionistas, mas de construção. Estamos em uma fase de construir bases para que isso não aconteça mais”, explica Márcia. (R.G.)
Campus Poeira em movimento Reprodução
O autoritarismo provoca a resistência. Foi nesse cenário que estudantes resolveram fundar um jornal de resistência, o Poeira, que durou de 1974 a 1978. O jornal teve trinta edições, mais dez boletins de edições especiais. Tadeu Felismino, fundador do jornal e atualmente professor do Departamento de Comunicação da UEL, explica que o Poeira nasceu três anos depois da própria universidade. Segundo Felismino, ele e vários outros estudantes começaram a fazer o jornal, que, aos poucos, foi ganhando leitores por sua linguagem e humor. Em 1974, quando o Poeira se colocou como chapa nas eleições do Diretório Central dos Estudantes (DCE), ele já era amplamente conhecido na universidade. As grandes conquistas do Poeira foram a derrubada do exame obrigatório, o passe escolar para universitários, o regimento 169, ou chamado de Código Disciplinar, baseado no decreto federal 477, que normatizava o movimento estudantil; e a vitória contra a reforma universitária. O ensino gratuito foi conquista de outra gestão, em 1992, mas iniciada na gestão Poeira. De acordo com Felismino, depois do Poeira, surgiram vários jornais setoriais. Hoje o Poeira está com todo o acervo digitalizado no site http://issuu.com/jornalpoeira (R.O.) Mariana Somensi
a do I Colóquio Nacional de Estudos do Autoristarismo teve a participação de Marcos Napolitano, doutor em História Social Paulo (USP), que discorreu sobre arte, resistência e lutas culturais. A palestra reuniu um público de 260 participantes.
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Perobal Vanessa Tolentino
CICLO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA O Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UEL promove, na próxima segunda (29), o 2º encontro do Ciclo de Atividades Integradores de Iniciação Científica Júnior. O Ciclo é direcionado aos estudantes de Iniciação Científica Júnior da UEL e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq), do Ensino Médio. SIMPÓSIO NO HU No próximo dia 17 de outubro, será realizado no Anfiteatro do Hospital Universitário (HU), o Simpósio Internacional sobre Gerenciamento e Conservação de Sangue do Paciente. O destaque do evento é o pesquisador austríaco Axel Hoffmann, que fará a palestra de abertura, realizada pela manhã. O Simpósio, promovido pelo Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, do CCS/UEL, seguirá por todo o dia com a participação de especialistas de Curitiba, Salvador, Jundiaí e Londrina. PESQUISA EM COMUNICAÇÃO Estão abertas as inscrições para o Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem da UEL. Para os que irão apresentar trabalhos, o prazo final é no dia 9 de novembro, já os ouvintes, têm até o dia 19. O evento será realizado nos dias 24 e 25 de novembro, no Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA) e no Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA). O valor da participação é de R$ 80,00 para professores e de R$ 30,00 para alunos de graduação, pós-graduação ou apresentadores. Mais informações www. uel.br/eventos/encoi
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Geral
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DIREITOS HUMANOS
Comissão da Verdade resgata histórias de antigo centro de tortura em Marabá EBC
Às margens da Rodovia Transamazônica, em Marabá, no Pará, um local guarda histórias que muitos moradores da cidade nunca ouviram falar. O nome Casa Azul pode até parecer um título de contos infantis, mas em nada combina com os horrores vividos por quem passou pelo local na década de 70. Utilizada como centro clandestino de tortura e morte, na época da ditadura militar, a Casa Azul foi o destino de muitos guerrilheiros que atuaram no Araguaia e também de camponeses. Para dar um ar de legalidade e evitar desconfianças, lá funcionava também o extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Hoje o local abriga a sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Em um imenso quintal cheio de árvores e sombras, o lugar é um complexo de pequenas casas espalhadas em um terreno. Uma, especificamente, foi apontada por sobreviventes como o local da maioria das torturas. Ela estava abandonada e lacrada quando, na segunda quinzena de setembro, a Comissão Nacional da Verdade
Divulgação
Entre 2012 e o ano passado, crescimento das matrículas foi de 3,81%. No ano anterior, expansão tinha sido de 4,4%
Ex-soldado Guido Ribeiro e camponês Pedro Nascimento reconhecem local onde foram presos e torturados durante campanha militar contra a Guerrilha do Araguaia foi a Marabá fazer uma de suas últimas diligências na região do Araguaia. Foi preciso arrombar o portão de grades para entrar. A poeira e as teias de aranha nas janelas azuis dividiam espaço com entulho em alguns cômodos. Depois de décadas, Raimundo de Sousa Cruz, mais conhecido como Barbadinho, entrou novamente nas salas em
SAÚDE
que levou choques elétricos, tapas e chutes. Acompanhando a Comissão, o senhor de 84 anos que era dono de uma pequena mercearia se emocionou. Na época, Barbadinho não sabia direito porque apanhava, mas quando foi questionado pelos militares, confirmou ter conversado com pessoas que o regime classificava como terroristas. “Eu levei choque
demais ali. Empurrão, ponta pé. Eles perguntavam se eu conhecia alguém. Eu dizia: ‘conheci sim’. Aí eu contei a história de seis horas da manhã até onze e meia da noite”. Dentro da pequena sala, ele tremia, e a voz ficava embargada. A psicóloga da Comissão Estadual da Verdade do Pará, Jurelda Guerra, explica que a reação de Barbadinho é co-
EDUCAÇÃO
Ebola já matou 2.917 pessoas em 6.263 casos Os três países mais afetados pela epidemia – a mais grave desde que o vírus foi identificado, em 1976, e que ressurgiu no final de dezembro do ano passado – são a Libéria, a Guiné-Conacri e Serra Leoa. Outra epidemia de ebola, distinta da que atinge a África Ocidental, já matou 41 pessoas em 68 casos no Noroeste da República Democrática do Congo, desde que apareceu em 11 de agosto e até 18 de setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela OMS. De acordo com a agência das Nações Unidas, só é possível dizer que não há mais transmissão do vírus em um país “42 dias após o último caso registrado”. A infecção ocorre por contato direto com fluidos corporais, sangue, ou secreções. O período de incubação dura de dois a 21 dias. Nesta fase, a doença não é contagiosa. Apenas a partir do momento em que os sintomas se manifestam é que pode ser transmitida.
Creative Commons
Agência Lusa
A doença atinge uma taxa de mortalidade de cerca de 70%, segundo estudo divulgado pela OMS.
DEBATE
140 mil jovens ainda estão fora das escolas Yara Aquino - Agência Brasil
N o pa ís, c erc a d e 1 4 0 mil cria nç as e j ov e ns es t ã o f o ra da es co la dev ido a def iciênc ia, t ra nst o rno s de desenv o lv im ent o , au t is mo e s uperdot a ç ã o , seg un do lev a nt a men t o na ba s e de da do s do s que rece bem o B enef íc io de Prest a ç ã o Co nt inua da ( B PC ) na Esc o la e t êm at é 1 8 a no s . A dis c us sã o so bre g ara nt ir o direit o à ed uca ç ã o inclus iv a a t o do s o s que t ê m def ic iê n cia é t em a da Sem a na de A ç ã o Mundia l, que o c o rre ent re 2 1 e 27 de s et em bro e est e a no t em c o mo t ema o Direit o à Educa çã o Inc lus iv a – Po r Uma Es co la e Um Mundo pa ra To do s . Co mo part e da s at iv ida des da s ema na , um seminá rio f o i rea liz a do h oj e ( 2 3 ) , em B ra s ília . A c o o rd ena do ra ex ec ut iv a da C ampa nha N a c io nal pelo D ireit o à Educa çã o , Irac ema N a sc iment o , av a lia que ho uv e av a nço s sig nif ic at iv o s na inc lusã o
mum. Segundo ela, todos os torturados - a maioria senhores com mais de 70 anos – apresentam sintomas parecidos, por causa dos traumas físicos e psicológicos. “Medo, sonhos na madrugada, sonhos assim com terror. Acordam com taquicardia. Acordam com medo, muito choro.Todos eles choravam ao falar. O sentimento de desesperança pode ser uma consequência da depressão. Todos têm uma melancolia, todos têm uma tristeza, um sentimento de impotência”, ressaltou. Apesar de as vítimas apresentarem dificuldades para expor o que passaram na Casa Azul, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, ratifica a importância do ritual. “A presença da Comissão Nacional da Verdade em locais onde houve graves violações de direitos humanos, é muito importante porque estimula os testemunhos, os depoimentos tanto de vítimas, como de agentes. E isso forma a convicção da comissão”, destacou. Barbadinho não foi o único a entrar na casa novamente. Outras vítimas e até um soldado recrutado pelo Exército resolveram voltar lá e contar o que passaram no lugar classificado por eles como casa dos horrores.
da s pes so a s co m def ic iên cia na s es c o las. N o ent a n t o , diz que , para a mplia r o s res ult a do s do t ra ba lho e g a ra nt ir a s mat rícu la s da s pes so a s co m def ic iên cia e m esc o la s reg ul a res , é p rec iso superar f at o re s co mo a f a lt a de est rut ura esco la r e t a mbém a mpliar a qua lif ic a çã o de prof es s o re s e v en c er a res ist ê n cia de f a m ília s . “À s v ezes, h á res ist ênc ia at é da s f a mília s , que f ic a m t emero s as de que s ua s c ria nça s s ej am ma lt rat ada s” , d is s e Ira c ema . D a do s da C ampa nh a N a cio na l p elo D ireit o à Educ a çã o , o bt ido s a pa rt ir do C ens o E sco lar de 2 0 1 3 , do Inst it ut o N a c io na l de Est udo s e Pe squis a s Educ a cio na is A nís io Tei x eira ( Inep) , apo nt a m que a pena s 6 % do s prof es so res que at ua m na educaçã o bá s ica t êm f o rm aç ão co nt inuada e s pec íf ic a em educa çã o es pe c ial de, no mínim o , 80 ho ra s .
Aborto é problema de saúde pública Agência Brasil
A Anistia Internacional defende que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos, e não criminal. O pedido pelo debate urgente no país veio depois da confirmação das mortes de Jandira Magdalena dos Santos Cruz, de 27 anos, e Elisângela Barbosa, de 32, após interromperem gravidez, de forma clandestina, no Rio de Janeiro. No Brasil, estimativas apontam que em torno de 1 milhão de mulheres fazem abortos clandestinos todos os anos, e 200 mil morram em consequência da operação. O assessor da Anistia Internacional lembra que em países que legalizaram a prática, como o Uruguai fez em 2012, o número de abortos diminuiu e a morte por essa causa zeraram. “Impressionante como as mulheres pararam de morrer no Uruguai, por causa do aborto”, argumentou, “porque [o procedimento] passou a ser feito de maneira segura, controlada.”
Giro
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Curtas
Ana Maria Simono
MARGINALIZAÇÃO
“Homens também não tem o benefício da igualdade. Quando eles estiverem livres, as coisas vão mudar para as mulheres como consequência natural. Se homens não tem a necessidade de controlar, mulheres não precisarão ser controladas”. Di vu
lg
aç ão
Emma Watson em discurso proferido em 20/09 no lançamento da campanha He for She da Organização das Nações Unidas (ONU). O projeto tem intenção de atrair os homens para a luta feminista.
O
NU
894 5ª Escolas públicas que atendem a estudantes do Ensino Fundamental NÃO atingiram a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Foram consideradas 2974 escolas, e a única cidade que não está incluída no levantamento é São Paulo, que não teve os resultados divulgados. (Dados da Agência Brasil)
MELHOR UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PAÍS
A Organização das Nações Unidas (ONU) prometeu lutar contra a exclusão social dos indígenas, na abertura da 1ª Conferência Mundial sobre Povos Indígenas. O Secretário Geral da Organização, Ban Kin-moon, afirmou que “os povos indígenas estão no centro dos debates sobre direitos humanos e desenvolvimento global”. De acordo com dados da ONU, os indígenas representam 5% da população global. São mais de 5 mil comunidades espalhadas por mais de 90 países (Folhapress). PEDOFILIA O ex-arcebispo polonês Jozef Wesolowski, acusado de pagar para fazer sexo com crianças quando era embaixador papal na República Dominicana, está em prisão domiciliar. Ele pode ser condenado a 12 anos de prisão em um julgamento sem precedentes no Vaticano. O ex-arcebispo é a pessoa mais importante da Igreja Católica a ser presa desde Paolo Gabriele, mordomo papal condenado em 2012 por vazar documentos privados de Bento XVI (Folhapress). EBOLA
A UEL está entre as melhores universidades do mundo, segundo a 3ª edição do QS Word University Ranking. De acordo com o levantamento, a UEL é a 5ª melhor estadual e a 17ª entre as brasileiras, públicas e privadas. A pesquisa foi realizada entre 800 instituições. (Agência UEL de Notícias)
FINALISTA DO JABUTI
Serra Leoa pôs sob quarentena mais três regiões do país onde vivem 1,2 milhão de pessoas para evitar a propagação da epidemia de ebola. Atualmente, estão sob quarentena cinco dos 14 distritos do país. “As pessoas que vivem nas áreas sob quarentena vão enfrentar numerosas dificuldades, mas a sobrevivência dos cidadãos do país é a nossa prioridade”, disse o presidente Koroma. A epidemia de ebola já matou 2.917 pessoas na África Ocidental, em 6.263 casos, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde. (Agência Lusa) CONTRA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Lançado pela editora da UEL, a Eduel, o livro “Mito e Filme publicitário – estruturas de significação” do pesquisador Hertz Wendel de Camargo está entre os finalistas do Prêmio Jabuti 2014 na categoria Comunicação. Na 56ª edição, o Prêmio, considerado o mais importante do mercado editorial brasileiro, recebeu 2.240 inscrições. A cerimônia de premiação será em 18 de novembro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Reprodução
A 7ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa reuniu cerca de mil pessoas na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, na manhã do último domingo (21). Debaixo de chuva os manifestantes, em sua maioria vestidos de branco, empunhavam cartazes contra a intolerância religiosa. Para a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, a caminhada reuniu adeptos de todas as religiões praticadas no país pelo mesmo objetivo. “O do respeito, da paz, da boa convivência. A caminhada sinaliza a cultura da paz”, comentou Ideli.
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Mix
Tech&Cult Alessandra Galletto ALUGA-SE Um novo negócio está surgindo no Brasil: o aluguel de gadgets eletrônicos, principalmente de tablets e de aparelhos inusitados como o Google Glass. Para utilizar por um mês as empresas cobram cerca de 7 reais a diária para alugar tablets da Apple, Samsung e Blackberry; já o Google Glass chega a 200 reais por dia, pela raridade do aparelho no país. Para quem quer experimentar antes de investir, ou para usar os eletrônicos em eventos, pode ser uma boa ideia. As empresas são Startup, que aluga tablets, e a GoGlass, para os óculos. Divulgação
DINHEIRO NO PULSO Um novo relógio inteligente chegou ao mercado americano há pouco tempo. Batizado de Cash, o aparelho que custa cerca de R$ 340 acompanha as finanças do usuário e avisa quando você começa a gastar mais do que deve. O uso é simples: basta inserir uma cota mensal de gasto para programar o telefone, e registrar suas compras, escolhendo o valor gasto e a categoria (como roupas, alimentação, etc). O relógio então vai calculando e alertando sua porcentagem de gasto e avisa quando você deve começar a economizar a grana. Divulgação
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Kinoarte marca cenário cultural londrinense Em mais um ano, o Festival atrai o público para as telas de cinema com filmes contemporâneos e diversificados Divulgação
Isadora Lopes
Chegando em sua 16ª edição, o Festival de Cinema Kinoarte traz uma programação de filmes e oficinas que reafirmam sua importância para o cenário paranaense e também nacional. Para o curador e organizador do festival, Arthur Ianckievicz, a maior diferença entre essa edição e as outras, é que pela primeira vez foi possível realizar uma competitiva de curtas internacionais. “Esse ano está bem parecido com o ano passado. A competitiva Íbero Americana é o grande diferencial. E também viemos com alguns filmes a menos”, afirma Arthur. Exibição dos filmes Nesta edição, as mais de 70 obras clássicas e contemporâneas estão sendo exibidas em três locais diferentes da cidade: no Londrina Norte Shopping, na UEL e no ComTour, com o objetivo de atingir um número maior de pessoas. A programação traz uma ampla seleção de filmes, buscando principalmente destacar o cinema brasileiro e independente. Mantendo a tradicional visita dos estudantes, cerca de dois mil alunos das escolas públicas de Londrina participam das mostras dos filmes gratuitamente e com a ajuda dos patrocinadores também recebem pipoca e refrigerante. “Esse ano em especial os alunos estão sendo levados às sessões da Globo Filmes, particionadas pela Rede Pa-
Filme “Castanha” trata o temática LGBT de forma dramática
ranaense de Comunicação (RPC)”. Competitiva Internacional Idealizada já há alguns anos, a proposta de trazer filmes internacionais para as disputas de prêmios foi finalmente concretizada em 2014, depois de muito contato com curadores estrangeiros. Para Arthur, a maior dificuldade que impedia a realização era a forma de envio dos materiais. “Esse ano encontramos uma plataforma espanhola que facilitou o envio.”, conta. Em números, quase metade dos trabalhos são es-
panhóis, mas o organizador destaca a participação de toda América do Sul e países europeus. “Tivemos um número grande de interessados e de países diversos. Peru, Colômbia, República Dominicana, Portugal e Caribe são alguns países que também enviaram obras”. Desafios Trazer arte no nosso país não é uma missão fácil. Para os responsáveis pelo Festival Kinoarte, o maior desafio encontrado no caminho é a ajuda financeira.
“Cada ano nós contamos com um número diferente de patrocinadores e essa mudança no orçamento é complicada, porque acaba mudando também o que oferecemos no evento”, pontua Arthur. “Esse ano, por exemplo, contamos apenas com um patrocínio, o que é um pouco mais de um terço do orçamento do ano passado”. A localização também é uma outra dificuldade a ser driblada. É preciso encontrar local adequado para o número de pessoas e claro - que possa transmitir os filmes.
Filme de 2012 abre o Festival
Filmes LGBT são tema de projeto na UEL
Na 16ª edição, o filme de abertura foi o brasileiro “O Homem das Multidões”, exibido no Londrina Norte Shopping. Se passando na capital mineira, o drama duas histórias diferentes são contadas. A de Juvenal (Paulo André), condutor de trem do metrô, que enfrenta a impossibilidade de estar só. Para se sentir melhor, ele se mistura na grande multidão da cidade. Margô (Sílvia Lourenço), controladora de estação do metrô, não consegue se desprender das redes sociais, trocando o mundo real pelo mundo virtual. O filme foi um sucesso de crítica e lotou a primeira sessão do festival paranaense.
O projeto “Cinema e Diversidade Sexual na UEL”, que teve início em outubro de 2013, propõe a realização de debates e discussões entre as comunidades acadêmica e externa sobre o tema da diversidade sexual. Ao considerar a importância do cinema para a educação e para a conscientização, o projeto tem como fio condutor a linguagem cinematográfica. Assim, para promover essas discussões tem sido realizada anualmente uma Mostra de Cinema que acontece durante uma semana no CLCH/UEL. As sessões
são seguidas de debates como forma de problematizar as questões relacionadas às práticas hegemônicas de comportamento sexual. O Festival Kinoarte também se preocupa com a temática. Na última quartafeira foi exibido na UEL o filme “Castanha”, de Davi Pretto. Que conta a história do ator que se divide trabalhando à noite como transformista em bares GLS e fazendo pequenas participações em peças de teatro infantis, filmes e programas de televisão.
Esporte
26 de setembro a 2 de outubro de 2014 TRADIÇÃO
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EntreLinhas
João Victor Evangelista
João Victor Evangelista
NOVAMENTE... Classificado como a terceira melhor campanha da série D do Campeonato Brasileiro, com cinco vitórias e três empates, o Londrina vai enfrentar o sexto pior colocado entre os classificados para a segunda fase da competição. ... SANTOS O adversário é o Santos do Amapá. A equipe do norte do país fez 16 pontos em 10 jogos: foram cinco vitórias, um empate e quatro derrotas, marcando 16 gols e sofrendo 12. Para Mestre Queiroz, aprender a socar e chutar qualquer um aprende, mas aderir à filosofia é mais
Taekwon-do: a arte marcial coreana dividida pela política A luta originária da Coreia não é exatamente o que se vê nas Olimpíadas Adriana Gallassi
O Taekwondo se tornou esporte olímpico de apresentação em 1988 e de competição em 2000. Foi quando a modalidade recebeu maior atenção, apesar de já ser praticada no Brasil desde os anos 1970. O que muita gente não sabe é que essa arte marcial coreana pode ser praticada de uma forma diferente da que se vê nas Olimpíadas. História O Taekwon-do nasceu dentro do 29° batalhão do exército coreano, em 1955, e era voltado para a guerra. O general Choi-Hong-Hi juntou as seis maiores escolas de luta da Coreia do Sul e criou uma associação que unificou a modalidade, a Internacional Taekwon-do Federation (ITF), e espalhou mes-
tres pelo mundo para difundir a arte. No entanto, em plena Guerra Fria, o general era partidário da unificação da Coreia do Norte e do Sul, visão que o governo sul-coreano condenava. Essa posição de Choi-Hong-Hi custou-lhe um convite para se retirar do país. Assim, ele se exilou no Canadá e levou a ITF com ele. Em 1973, o governo da Coreia do Sul criou a World Taekwondo Federation (WTF), como oposição à ITF e, posteriormente, com o objetivo de seguir o caminho olímpico. Brasil O Taekwon-do chegou ao Brasil nos anos 1970. Jair Queiroz, psicólogo e mestre de Taekwon-do, começou a treinar em 1974, aos 14 anos de idade, na cidade de Londrina. Ele conta
que em sua origem, o Taekwondo era uma luta para matar o inimigo na guerra. “É claro que isso não poderia se tornar um esporte, mesmo tirando os golpes mais contundentes ele era violento, era muito difícil treinar Taekwon-do”, conta mestre Queiroz. Ele explica que, para se tornar esporte olímpico, o Taekwondo precisou agregar diversos protetores – toráx, cabeça, perna, braço, mão, pés – e os golpes mais contundentes foram retirados. “Então se tornou uma luta que prima por muita agilidade, porém com o objetivo de pontuar”, afirma. Carlos Roberto da Silva Junior, professor de Taekwon-do há dois anos, chegou até a faixa preta lutando a modalidade olímpica do esporte e afirma que
durante esse tempo não teve acesso ao Taekwon-do tradicional. “Não é divulgado. A própria história do WTF mesmo, é de queimar livro, literalmente” conta o professor e acrescenta que o governo sul-coreano chegou a inventar outra origem do Taekwon-do para não fazer referência ao general Choi-Hong -Hi. Essa outra história diz que o Taekwondo tem mais de mil anos e está registrada em livros. O Taekwon-do tradicional, representado pela ITF, tem um treinamento mais difícil. Mestre Queiroz compara essa modalidade com o Muay Thai, mas com mais chutes e chutes mais altos, “o Taekwon-do tem uma certa agilidade e uma plasticidade acima e os golpes de mão são bem semelhantes”, completa.
DATAS O LEC joga fora de casa dia 28 de setembro e no Café dia 4 de outubro. DISTÂNCIA O jogo de ida vai ser realizado no Estádio Corrêa, mais conhecido como Zerão, localizado em Macapá. A capital amapaense fica a 3.523 quilômetros de Londrina, uma distância e tanto para a viagem. JOGO... A direção do Londrina pediu para a CBF alterar o horário do jogo de volta das oitavas de final. A partida passou das 16h para as 19h. ...NOTURNO O jogo de volta será no dia 4, véspera de eleição. Como o comércio da cidade funcionará o dia todo no sábado, a diretoria do clube acredita que o público da partida poderia ser reduzido se o jogo fosse realizado no período da tarde. CAMPANHAS
Tradicional e olímpico: diferenças e futuro
Tae-Kwon-Do, Taekwon-do ou Taekwondo?
Basicamente pode-se dizer que a modalidade olímpica (WTF) tem ênfase nos chutes e o foco do treinamento são as competições. Já o Taekwon-do tradicional (ITF) utiliza socos e chutes quase na mesma proporção e não é focado apenas em competições. Essa separação que diferencia o Taekwon-do em duas lutas diferentes pode acabar. Na Coreia do Sul existe um movimento entre a ITF e a WTF que pede a volta do Taekwon-do original. Porém não existem apenas essas duas polaridades no esporte. Nos EUA, principalmente, foram desenvolvidas outras vertentes de Taekwondo. Entre elas, a mais conhecida é o Songahm, definida pelo Mestre Queiroz como um MMA do Taekwondo.
A palavra Taekwondo, originariamente era separada em três partes: Tae-Kwon-Do. O “Tae” significa pés e movimentos relativos aos pés como chutar, pisar e empurrar. “Kwon”, por sua vez, é relativo às mãos. “Do” representa a união dos outros dois elementos dentro de uma filosofia. Tradicionalmente, as três palavras eram separadas e davam a ideia de que o Tae-Kwon-Do era a junção dessas três partes. Depois passou a se entender que o “Taekwon”, os golpes, pé e mão, eram uma coisa e o “Do”, a filosofia e a tradição, outra. A ITF mantem essa definição. Já nos anos 1980, a WTF juntou todos os elementos e os destacou como uma coisa só.
Além do Londrina, outros três times ainda não sabem o que é perder na série D. Confiança (SE), Brasiliense (DF) e Moto Club (MA) completam o grupo dos invictos. Tombense (MG) e Rio Branco (AC) são os mais vitoriosos da competição, com seis partidas ganhas cada um. Porém o time do Acre jogou 10 vezes (grupo com um time a mais) enquanto os outros clubes jogaram 8.
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Perfil
26 de setembro a 2 de outubro de 2014
Solidariedade da limpeza à família Há 10 anos fazendo o melhor do trabalho voluntário, Dona Iraci, do Projeto Sabão, não para por nada desde a aposentadoria Alessandra Galletto
I
raci Andrade dos Santos, conhecida mesmo como a Dona Iraci, tem a aura, o carinho, a garra e a exigência de uma grande mãe. Viveu em Atibaia, em São Paulo, pequena cidade de referência turística, onde ficou até que ela e o marido se aposentassem. E sempre teve o sonho de ajudar a quem precisa. “Toda a vida eu falei: a hora em que eu me aposentar eu vou fazer um projeto social, mas em que eu possa acompanhar as coisas, porque quando nós (familiares) éramos pequenas sofríamos muito com tudo isso”. E assim surgiu a ONG CAMAR, mais conhecida como Projeto Sabão: Ela e sua família vieram para Londrina, onde também têm parentes, e começaram a procurar quem e como ajudar. Em 2004 Iraci foi atrás da Pastoral da Criança, onde teve a ideia de começar a fazer sabão. Algumas senhoras da Pastoral lhe disseram, “Se a senhora conseguir arranjar soda e óleo, a gente pode fazer”. “Começou com a limpeza né. Muita gente até
hoje pergunta por quê Projeto Sabão, e é porque começou com sabão mesmo! Projeto sabão!”, conta Dona Iraci. Mas hoje em dia o Projeto Sabão tem mais sabão no nome do que na prática. Apesar de ainda produzi-lo de vez em quando, agora a ONG tem uma grande estrutura, que além de distribuir doações para a população carente, tem bazar, aulas de artesanato, costura, computação, culinária e nutrição. O projeto vive de doações e voluntários: não aceita doações diretas em dinheiro. Dona Iraci tem todo um sistema: há uma lista de cadastro que já possui 60 famílias que são atendidas pelo Projeto. Um caminhão busca as
doações, e quando chegam ao espaço da ONG tudo é organizado e separado. Roupas e sapatos são vendidos em u m bazar
a preços simbólicos. “É chegar até a pessoa né. Às vezes com roupas, cadernos... eu peço tudo, aqui vende tudo o que tiver. Até uma sacolinha
de mercado a gente aproveita para ensinar as mulheres; tinha gente que não fazia nada...”. O espaço do Projeto tem de tudo, desde alimentos até muletas, macas e cadeiras de rodas. Quando vai até um dos bairros para entregar doações, Iraci é cumprimentada e acolhida com carinho; todos a conhecem. Ela comanda o projeto com coração de ouro e sem pestanejar; conversa com famílias com problemas, garante que seus cadastrados fiquem em dia, agenda todas as aulas, e chega até a ir dar palestras em algumas organizações e igrejas.Para levar as doações, tem até sacolas numeradas para cada família, feitas com calças e saias jeans recicladas. Os assistidos do projeto
acabam muitas vezes se envolvendo e virando voluntários, ajudando a expandir o alcance do trabalho da CAMAR. 8 voluntários ajudam na sede enquanto os assistidos formam uma verdadeira rede de solidariedade; algumas famílias cedem espaço em suas casas para guardar parte dos objetos e roupas doados para facilitar a distribuição entre quem precisa. Hoje o Projeto Sabão está com a sede em reforma, graças a doações feitas por diversas empresas. As aulas estão suspensas até que a estrutura esteja pronta, mas a ampliação dará espaço para mais alunos e até mesmo para palestras. Dona Iraci “Continua firme e forte, faça chuva ou faça sol”, como descreveu uma das voluntárias. “Não vou dizer que vou resolver tudo no mundo, mas pelo menos um pouco né, ajudar as crianças e tudo mais...!”, sorri a fundadora. Para informações, doar ou fazer parte do Projeto, o telefone é (43) 3328-4134. A sede da ONG fica na Avenida Alexandre Santoro n° 630, no bairro Alto da Boa Vista. Fotos: Alessandra Galletto
A dedicação e organização da Dona Iraci acolhe todo tipo de doação, montando o bazar e organizando os objetos para distribuir aos necessitados