20/05/2015 - Variedades - Edição 3.131

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Variedades Cultura, diversão e entretenimento

Um sonho que deu certo

Maristela e família oferecem produtos diferenciados à base de tomate e usam a criatividade para fabricar alimentos e bebidas Cristiane Grohe Arroyo geral3@jornalsemanario.com.br

O

tomate é a base para a preparação de vários pratos, como molho para pizza, um belo prato de massa ou mesmo usado na salada. Certo? Poderia ser, mas não para Maristela Pastorello Lerin, 53 anos. A imaginação da professora aposentada não para quando se trata do fruto. Maristela e a família administram desde 2005 um dos pontos mais inusitados do roteiro Caminho das Pedras: a Casa do Tomate, ou Il Cantucicio del Pomodoro e Della Gasosa. São dezenas de produtos à base do fruto, desde os mais conhecidos, como molhos e catchups, até os mais diferentes, como perfume e cosméticos. O ingrediente é muito presente na culinária que os imigrantes italianos trouxeram a Bento Gonçalves no século 19. “Queremos manter as tradições dos nossos antepassados e apresentar um pouco da histó-

ria”, revela. Na loja que atende os visitantes é possível encontrar tomate desidratado, molho chutney, sorvete – sim, de tomate! – chocolates, refrigerante e cerveja. “O espumante de tomate está em fase de criação”, conta Maristela, entusiasmada. Cercado por vinícolas, restaurantes e uma paisagem que só a serra tem, o local recebe quatro mil pessoas por mês. Já na alta temporada, em julho, a circulação de turistas passa de sete mil. “Gosto muito da troca de ideias com pessoas de outros lugares. Recebemos também pessoas de outros países”, afirma. E graças a essa interação que alguns produtos surgiram. O molho de pimentão com tomate seco, por exemplo, leva no rótulo o nome Paty. “Quem nos deu a sugestão foi uma moradora de Porto Alegre, que se chama Patrícia”, explica. O visitante pode observar o processo de fabricação na agroindústria que funciona em frente à residência.

Gasosa na mesa Outro produto que chama a atenção é a gasosa: refrigerante fermentado de frutas cuja receita veio dos ancestrais da família. “Resgatamos a bebida que era feita principalmente na Páscoa e no Natal”, lembra. Maristela conta que há cerca de 70 anos, aceitar uma gasosa poderia ser entendido como um sim da moça cortejada. “Durante as festas os rapazes ofereciam a bebida para as moças e, se elas aceitavam, significava que ela queria namorar sério. Se dissesse não para a bebida, o conquistador já sabia que a resposta era igual a um sonoro não”, lembra. Já a moça que aceitasse a bebida e não estivesse disposta a namorar acabava sendo mal falada nas redondezas. “A bebida é deliciosa e mantivemos os sabores originais de abacaxi, laranja e limão”, fala. Maristela explica que os tomates são comprados de produtores do distrito de São Pedro. “Na época da safra, que vai de dezembro a final de março compramos cerca de duas toneladas, que é armazenado de forma concentrada e usamos durante o ano”, relata. Ela diz que nos outros meses também compra a fruta. Para Maristela, o trabalho na Casa do Tomate é a realização de um sonho. “Antes de me aposentar eu já tinha esse projeto e agora quero passar para os meus filhos”, idealiza. Parece que o sonho já começou a se concretizar, pois o filho mais velho Denilson, 23, cursa agronomia e o mais novo, Denis, 11, ajuda os pais na loja e com os turistas. A Casa do Tomate fica na Linha Palmeiro, no Distrito de São Pedro.

CRISTIANE GROHE ARROYO

JS

Quarta-feira, 20 de maio de 2015


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