Jornal Tarja Preta 2ª edição

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SEGUNDO semestre 2014

opinião

>>Editorial

Debate de ausências

Mobilizar debate entre candidatos a governador dentro de uma universidade pública do interior do Estado é uma conquista. Que foi objeto de tentativa de esvaziamento, contudo, pela ausência de três dos postulantes, dois deles os líderes nas pesquisas de intenção de voto. Beto Richa (PSDB) alegou compromisso na agenda, Roberto Requião (PMDB) justificou sua falta com o fato de ter fraturado a perna e Geonísio Marinho (PRTB) nem satisfação deu. Sobre estas ausências, cabe aqui a frase cunhada pelo mediador e jornalista Fábio Silveira ao fim do encontro: “Se eles não vêm ao interior nem para pedir voto, imagine na hora de governar.” O descaso foi repercutido.

Houve reação tanto por parte do público, com vaias, quanto do mediador, que se valeu de ironias, quanto ainda dos adversários na disputa. A mesa, com exceção da petista Gleisi Hoffman, era composta por candidatos de expressão mais relativa. Os “nanicos”, então, tomaram como estratégia ora o ataque aos ausentes, ora a oferta de propostas algumas vezes de consistência duvidosa - como no caso de Ogier Buchi (PRP), que prometeu Restaurante Universitário a um real. A contradição é que, ao mesmo tempo em que o discurso da mesa tentava se alinhar com a comunidade universitária, como na defesa do voto paritário, os estudantes tiveram que se manifestar para conquistar o próprio espaço no debate. O que conseguiram,

depois de uma tensa negociação com a organização, foi o direito a uma pergunta, já no fim do evento, sobre a questão do acesso e permanência dos universitários, feita pelo presidente do Diretório Central dos Estudantes, Hugo Leme. O constrangimento das ausências foi ainda mais acentuado com a grandiosa resposta dos estudantes pelo interesse no evento. Mais de 500 pessoas ocuparam o auditório do Pinicão, a fim de conhecerem as propostas, definirem seus votos e ali se verem representadas. Richa, Requião e Marinho se colocaram fora dessa possibilidade, e as razões para isso devem ser questionadas. A omissão de representatividade estudantil prévia na participação, também.

TARJA PRETA

Expediente

>>EDITOR CHEFE: Prof. Fábio Silveira >> REPÓRTERES: André Costa Branco, Bruno Amaral, Bruno Petri, Diego de Moraes, Gabriel Siqueira, Giovanna Escobar, Juliana Pereira, Lara Camargo, Lila Cavalcante, Lilian Torres, Maria Isabela Marques, Mariana Tocci, Marjorie Coelho, Mônica Chagas, Natália Dourado, Nathalia Lainette, Nesser Andrade e Thaila Nagazawa. >> Este jornal é um trabalho desenvolvido pelo2º ano matutino de Jornalismo – turma de 2013 – da Universidade Estadual de Londrina, coordenado e orientado pelo professor Fábio Alves Silveira.

Desequilíbrios A ausência de três candidatos a governador no debate organizado por entidades representativas de servidores e professores das universidades estaduais, realizado na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no começo de setembro, é um dado preocupante. O episódio é contundente ao mostrar uma campanha eleitoral cada vez mais centralizada na capital e na qual o interior tem cada vez menos peso. Os três candidatos deixaram de comparecer a um debate realizado na maior universidade estadual do Estado, e que por sua vez está situada no segundo maior colégio eleitoral paranaense. E o mais preocupante é que entre os três faltosos estavam o atual governador, Beto Richa (PSDB), e o seu antecessor, Roberto Requião (PMDB). Justamente os dois que poderiam falar sobre ou justificar medidas que interferiram nos destinos do Estado e das universidades nos úl-

timos anos. Um debate eleitoral centralizado na capital é preocupante. É só mais uma demonstração de que os desequilíbrios do Estado serão mantidos ou até mesmo aprofundados, independentemente de quem vencer as eleições. Isso mostra uma capital excessivamente fortalecida em contraponto ao interior excessivamente fragilizado do ponto de vista política. Desnecessário dizer que esse desequilíbrio que começa na política se traduz na distribuição de recursos e que essa distribuição desigual tende aprofundar ainda mais as desigualdades, num círculo vicioso em que todos têm a perder. A capital perde porque o desenvolvimento desigual leva ao seu inchaço e à consequente perda na qualidade de vida. E o interior perde porque se empobrece e tende a se esvaziar cada vez mais, tanto política quanto economicamente.

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clima

Debate entre candidatos ao governo do PR lota auditório da UEL Mesmo com a ausência dos dois últimos governadores, que tentam voltar ao cargo, o evento contou com participação ativa do público; movimento estudantil protestou pelo direito de perguntar Juliana Pereira Lila Cavalcante A Universidade Estadual de Londrina (UEL) foi sede do debate com os candidatos a Governador do Estado do Paraná no dia 3 de setembro. O evento, organizado pelos sindicatos de professores e funcionários de todas as universidades estaduais do Paraná, contou com 5 dos 8 candidatos. Beto Richa (PSDB), atual governador, não confirmou presença e não deu justificativa. Roberto Requião (PMDB) declarou estar com a perna quebrada e Geonísio Marinho (PRTB) confirmou presença, porém não compareceu. Os políticos presentes foram: Gleisi Hoffman (PT), Bernardo Pilotto (PSOL), Túlio Bandeira (PTC), Rodrigo Tomasini (PSTU) e Ogier Buchi (PRP). O Anfiteatro Cyro Grossi, conhecido como Pinicão, tem capacidade para 380 pessoas e estava lotado. Havia pessoas sentadas no chão e em pé, enquanto fora da sala outras assistiam ao debate em um telão. A maioria dos presentes eram estudantes, mas também havia professores e funcionários. Cinegrafistas e repórteres de diversos veículos de comunicação de Londrina e região estavam cobrindo o evento. O debate foi mediado pelo jornalista e professor da UEL, Fábio Silveira. O evento foi marcado por polêmicas e permeado por palmas e vaias do público. Foram três blocos que envolviam perguntas dos políticos e de representantes dos sindicatos. No último bloco os candidatos tiveram tempo para fazer considerações finais. A primeira foi a candidata Gleisi, que precisou sair

Estudantes e membros do DCE da UEL levantam as mãos em protesto; pediam o direito de fazer uma pergunta aos candidatos. Na foto, da esquerda para a direita: a cadidata Gleisi Hoffmann, o vicepresidente do DCE Watson Alexandrino eo presidente do DCE, Hugo Leme

Monica Chagas

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mais cedo. Enquanto ela falava, membros do Diretório Central do Estudantes (DCE) dirigiram-se à frente do anfiteatro em silêncio, e com as mãos levantadas, pedindo direito de voz. O protesto causou alvoroço no público. Nesse momento, a representante do Sinteoeste, Francis Nogueira, declarou reconhecer o erro da organização e concedeu o direito a um representante do DCE de fazer uma pergunta aos

candidatos. A pergunta, feita pelo presidente do diretório, Hugo Leme, foi referente às condições de acesso e permanência na universidade e quais seriam as propostas dos candidatos. Ele relembrou a questão da falta de vagas na moradia estudantil da UEL e deu ênfase à instabilidade que persiste para muitos estudantes. Quando questionada sobre o protesto, a presidente do Sin-

teoeste, Gracy Kelly Bourscheid, declarou ter conversado com representantes do movimento estudantil. “Eles já haviam nos alertado de que faltava o espaço para a pergunta dos alunos. Mas, o que acontece quando você estabelece regras para o debate é que todas as assessorias assinam essas regras e, mudando essas regras no último momento, a gente poderia ter sido questionado pelos candidatos que a gente não estava

cumprindo o regulamento do debate”. Um dos estudantes que participou do manifesto, Paulo Henrique Souza, contou: “nós chegamos [para a organização] com a proposta de fazer uma pergunta. Eles falaram que já tinham um script e que eles convidaram todos os DCEs do estado, mas pelo fato de que 2 diretórios não confirmarem, foi resolvido que não teria pergunta de nenhum deles”.


os ausentes

Ironias e alfinetadas satirizam ausência dos três candidatos

Beto Richa do PSDB e Roberto Requião do PMDB justificaram sua falta. Geonísio Marinho do PRTB confirmou presença, mas não compareceu

O conjunto de sindicatos de universidades paranaenses promoveu no começo de setembro um debateentre candidatos ao governo do Paraná, no auditório Cyro Grossi, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Três candidatos não compareceram. A ausência dos concorrentes ao governo do Estado foi bastante criticada pelos estudantes e opositores de bancada. Gleisi Hoffmann, do PT, alfinetou: “Faltou coragem. Foi uma clara demonstração de desrespeito e medo de enfrentar os problemas das universidades públicas”. Túlio Bandeira, do PTC, foi mais rígido na crítica: “O Paraná vota em três famílias há décadas: Dias, Requião e Richa. E eles governam mal.” Já OgierBuchi, do PRP, lamentou a falta de atenção destinada às universidades: “É difícil eles virem aqui”. Ao ser sorteado para perguntar ao candidato Bernardo Pilloto, do PSol, Buchi ironiza questionando se não poderia perguntar

Mônica Chagas

André Costa Branco Diego de Moraes Marjorie Coelho Mariana Tocci Maria Isabela Marques Thaila Nagazawa

à Requião. Dois candidatoslideram as pesquisas: o atual governador, Beto Richa, do PSDB, que concorre à reeleição e Roberto Requião, do PMDB, ex-governador do Estado. O terceiro candidato ausente, Geonísio Marinho, tem um perfil diferenciado dos “grandes” da disputa. Geonísio Marinho Geonísio Marinho, de 56 anos, do PRTB apresenta nas pesquisas atuais, menos de 1% das intenções de voto. O curitibano defende propostas polêmicas, como a redução da maioridade penal para 16 anos, privatização das cadeias e prisão perpétua. Algumas declarações

de Marinho também vêm gerando discussões. Em recente entrevista à Rede Mercosul, afiliada da Record News em Curitiba, o candidato afirmou não ter havido ditadura no Brasil, pois o período militar teve mais vantagens do que desvantagens e não se deve ignorar o crescimento econômico que o país obteve na época. Além disso, chegou a ser vaiado na PUC de Curitiba depois de afirmar que respeita as diferentes orientações sexuais, mas que não concorda com o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais). Geonísio Marinho confirmou comparecimento, mas faltou ao debatee não justificou sua aus-

ência.

Beto Richa O candidato à reeleição ao governo do Paraná Beto Richa, do PSDB, não compareceu ao debatealegando compromisso prévio na agenda, mas seu nome não se fez por esquecido. Já na abertura, quando o jornalista Fábio Silveira, mediador do encontro, comunicou a ausência do governador, o auditório do Pinicão foi tomado por vaias. A administração de Richa foi criticada pelos concorrentes. O candidato do PSOL, Bernardo Pilotto, pleiteava mais autonomia para as instituições de ensino superior, por meio de um fundo de investimento fixo que

não o repassado por percentual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Pilotto ainda acusou uma interferência de Richa no Conselho Universitário da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). A petista Gleisi Hoffman, também reprovou a ausência de Richa. “Esta seria uma oportunidade para ele explicar a falta de repasse do governo do PSDB às universidades estaduais”, criticou. Roberto Requião Requião acredita que as universidades paranaenses têm que ter autonomia – acadêmica, administrativa e financeira -, mas que elas também “devem se

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os ausentes << sEGUNDO semestre 2014 submeter à legislação estadual e federal e aos órgãos de controle como os tribunais de contas” e para garantir isso o candidato irá “fazer uma grande discussão com as comunidades que integram as áreas de influência da UEL e desenvolver uma política universitária de longo prazo, atrelada a projetos de pesquisa vinculados aos programas de desenvolvimento regional”. Sobre a falta de profissionais no Hospital Universitário (HU), Requião relembrou que seu governo ampliou os hospitais da Zona Norte e Sul de Londrina e investiu na construção do Centro de Queimados anexo ao HU e prometeu que não irá deixar faltar profissionais nos hospitais. Contudo, o ex-governador não investiu o limite mínimo na saúde nos anos de 2004 e 2005. O limite mínimo de investimento em saúde é de 12% das receitas do estado. Requião investiu 10% e 10,3% respectivamente. E em 2007, foi investido apenas 11,6%. O não investimento do limite mínimo vai contra determinação da Constituição Federal. Opinião A aluna de Serviço Social da UEL, Kaira Rodrigues, considera uma falta de respeito o não comparecimento dos candidatos. Para ela, o evento era uma oportunidade de conhecer propostas e a ausência dos políticos acabou prejudicando a troca de ideias entre os eleitores.O técnico administrativo da universidade, Marcos Vinícius Zaminelli, que acompanhou o debate pela internet, acredita que o evento foi enfraquecido principalmente pela ausência de Roberto Requião e Beto Richa, os dois candidatos que estão à frente nas pesquisas. Eduardo Genaro, estudante de Ciências Sociais da UEL, concorda que o desfalque mostra a falta de compromisso dos candidatos ao governo do Paraná. O alunou lembrou também que essa recusa pode ser um reconhecimento dos políticos de que sua participação nas universidades públicas não é a esperada.

Nesser Andrade

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Marjorie Coelho

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Na foto, a representante do Sinteoste, Francis Mary Nogueira


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candidatos

candidatos

Nathalia Lainetti

Nathalia Lainetti

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7. 1. Protesto dos estudantes

durante o debate pedindo o direito de fazer perguntas.

2. Candidata Gleisi Hoffmann (PT). 3. Candidato Rodrigo Tomazini (PSTU). 4. Candidato Ogier Buchi (PRP). 5. Candidato Túlio Bandeira (PTC).

6. Candidato Bernardo Pilotto (PSOL). 7. Público acompanha o debate na área externa do auditório. 8. Auditório Cyro Grossi (Pinicão) lotado. Nathalia Lainetti

Nathalia Lainetti

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Nathalia Lainetti

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BASTIDORES Mônica Chagas

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Mônica Chagas

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8.

Mônica Chagas

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candidatos

Bernardo Pilotto, o candidato mais jovem ao governo do Paraná Aos 30 anos ele pretende governar o Paraná prometendo grandes mudanças Natália Dourado Bernardo Seixas Pilotto nasceu no dia 17 de fevereiro de 1984, no Rio de Janeiro, e atualmente reside em Curitiba/ PR. Ajudou a fundar o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2004. Concorreu pela sigla a uma vaga na Câmara dos Vereadores da capital paranaense em 2012, onde terminou a eleição com 1.331votos válidos. Iniciou a vida política em movimentos estudantis. Pilotto é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e faz mestrado em Saúde Coletiva na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Antes do debate, Pilotto falou de propostas para o ensino superior público no estado, “nós temos duas grandes propostas: vincular o orçamento à arrecadação do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para que o orçamento não dependa mais da vontade do governador. Assim tornando a proposta uma política permanente”. A outra proposta é instituir uma plano estadual de acesso estudantil, para garantir o acesso e a permanência dos estudantes, especialmente os filhos da classe trabalhadora nas universidades. Pilotto também pretende uniformizar as medidas positivas de todas as universidades utilizando e integrando as pesquisas entre as universidades

Marjorie Coelho

Gleisi promete subsídio e integração para o transporte coletivo Petista defende mais investimentos nas universidades estaduais e recursos para o desenvolvimento científico e tecnológico

Nesser Andrade

Bernardo Pilotto expondo suas propostas durante o debate paranaenses. Ele afirmou que que a casa dos estudantes e o sistema de cotas da Universidade Estadual de Londrina (UEL) são exemplos para as outras universidades. O candidato do PSOL foi curto e grosso ao comentar sobre um possível prejuízo de suas propostas pelos candida-

tos que lideram as pesquisas no estado, Beto Richa e Roberto Requião, “não, porque eles não trazem propostas, eles só trazem baixarias. Quem tem trazido propostas somos nós”. O candidato não aprova o governo tucano no tratamento do ensino superior afirmando que é um “péssimo governo,

contudo o pior governador da história do Paraná dos últimos trinta anos”. Durante o debate, Pilotto criticou a candidata Gleisi Hoffmann do Partido dos Trabalhadores (PT) por expor propostas que, segundo ele não atendem aos professores, agentes universitários e aos estudantes,

já que está sendo patrocinada por grandes empresários, para ele, Gleisi não representa, de fato, uma oposição ao atual governador. Pilotto tentou se diferenciar dos “candidatos grandes” afirmando que ele representa de fato as mudanças que o Paraná precisa.

Gleisi Hoffmann, candidata ao governo do Paraná pelo PT, chegou 20 minutos antes do debate começar. Acompanhada pelos seus assessores, Gleisi se dirigiu aos jornalistas antes de entrar no auditório Cyro Grossi (Pinicão), da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A petista comentou sobre a ausência de seus adversários Roberto Requião (PMDB), Beto Richa (PSDB) e Geonísio Marinho (PRTB). “É uma pena, porque é uma oportunidade da gente firmar os compromissos com a universidade pública do Estado e falar sobre quais são as nossas propostas”, avaliou. Ao se apresentar no início do debate, Gleisi retornou a criticar a falta dos candidatos, o que gerou uivos e aplausos dos espectadores. Também antes do debate, a petista respondeu perguntas sobre a universidade, a mobilidade urbana e os assuntos pertinentes à população em geral. Uma delas referia-se ao aumento da tarifa da água e da luz. O can-

Nathalia Lainetti

Candidata em entrevista coletiva pouco antes do início do debate

Bruno Petri e Giovanna Escobar

Mônica Chagas

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didato ao governo do Estado, Roberto Requião (PMDB), promete em sua campanha manter durante quatro anos o preço da tarifa de água. Gleisi propõe que um estudo precisa ser feito antes de assumir qualquer compromisso. “Nós temos que ter tarifas baixas. Não sei se a proposta de congelamento é possível, porque é muito simples dizer isso.” Em Londrina ano passado, houve passeatas para reaver o preço do coletivo, além de questionar a qualidade do serviço público. A candidata comparou a situação de Londrina e região Metropolitana à de Curitiba e prometeu melhorar a integração dos ônibus com subsídios. No debate, Gleisi Hoffmann firmou o compromisso de repor o quadro de funcionários da universidade e do hospital universitário (H.U.) através de concursos, e melhorar a qualificação

desses profissionais. O candidato Bernardo Pilotto (PSol) questionou a petista sobre a privatização dos serviços no H.U. ao utilizar os serviços da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). “Isso não tem a ver com privatização de serviço, mas sim com a forma que você possa contratar de maneira mais rápida e eficaz”, explicou. Gleisi prometeu mais investimentos para as bolsas de formação permanente e continuada aos estudantes e professores e criticou o candidato à reeleição, Beto Richa, de não repassar os 2%, assegurados por lei, do Fundo Paraná que apoia o desenvolvimento científico e tecnológico.Sobre a autonomia das universidades, Gleisi comentou que“o Estado tem a responsabilidade sobre o desenvolvimento da instituição, mas o quadro de funcionários não pode sofrer interferência do governo”.


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Polêmico, Ogier Buchi garante que estará no segundo turno

Nesser Andrade

Bruno Amaral e Gabriel Siqueira Lopes Aos sessenta e dois anos de vida, OgierBuchi, natural de Curitiba/PR, advogado e comentarista político da Rede Massa, é candidato ao governo do estado do Paraná pelo Partido Republicano Progressista (PRP). Buchi é conhecido pelos comentários ácidos na televisão e pelos discursos incisivos, como a afirmação de que “cabeças vão rolar” em seu governo. No último dia três de setembro de 2014 o candidato do PRP participou de um debate que aconteceu na Universidade Estadual de Londrina (UEL) na parte da manhã. O debate foi organizado por entidades sindicais das universidades estaduais do Paraná. Buchi foi um dos primeiros a chegar ao evento, sempre sucinto e firme o candidato comentou sobre algumas propostas. Ao ser indagado sobre os problemas que os presídios do estado vêm enfrentando, ele foi categórico: “Vou privatizar todos”. Em relação as políticas sociais que ele empregará, também disse pou-

cas palavras: “O bolsa família é uma realidade, quem ocritica não entende que ele é uma realidade. Eu vou apoiar e desenvolver essas políticas pelo governo do estado.” “Exigir do governo federal a parte que cabe ao Paraná, em um plano estratégico de investimentos”, essa é a proposta em que ele mais se agarra. Segundo o candidato, ele vai exigir que a união trate o Paraná como um estado grande e importante, logo, enviando mais recursos para ele, que, segundo o republicano progressista, é muito pouco. Quando confrontado sobre com qual candidato à presidência ele tem mais afinidade política, ele também foi curto e grosso: “Meu partido apoia a Marina, então eu apoio a Marina e é com ela que eu teria mais trânsito.” Dentro do debate o candidato se impôs e foi criticado por manifestantes, que bradavam: Machista! Por um comentário em tom humorístico, “eu mato a cobra e mostro o pau”, disse Buchi. Com comentários ácidos, como já conhecido, Buchi foi o mais alegórico do

evento. Sem papas na língua ele criticou muito a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffman, a única considerada “grande” a comparecer no debate. Durante o debate, OgierBuchi, defendeu a total autonomia das sete universidades estaduais do Paraná, e ainda disse que o planejamento da saúde, educação e segurança terá a ajuda das pesquisas científicas universitárias e prometeu a diminuição do número de secretárias do estado e dos cargos comissionados. Buchi afirmou que hoje existem 1674 linhas de pesquisas nas universidades. Ele defende que essas linhas são mal usadas fora do ambiente universitário, ou seja, tais pesquisas têm que ser colocadas em prática, retornando à sociedade. Ele defende um uso da universidade para além dos universitários, para toda a sociedade. OgierBuchi entrou e saiu esperançoso do debate, acreditando que estará no segundo turno das eleições. “Não apoio ninguém no segundo turno, eu estarei no segundo turno”, afirma convicto de sua candidatura.

Rodrigo Tomazini afirma que horário eleitoral é injusto O candidato ao governo do Paraná pelo PSTU acredita que o debate é a melhor oportunidade para divulgar seu projeto de governo

O candidato do PRP defende privatizações dos presídios e autonomia universitária

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Mônica Chagas

Lara Camargo e Nesser Andrade

Mônica Chagas

Rodrigo Tomazini, candidato a governador do Paraná pelo PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), é um dos candidatos com menos intenções de voto segundo pesquisas eleitorais. Em entrevista concedida antes do debate, Tomazini acusou o tempo de propaganda eleitoral de ser injusto, e que isso causa o desconhecimento por parte da população das propostas dos partidos considerados “menores”. O candidato afirmou que não dependerá da Assembleia Legislativa para governar, visto que esta dificilmente aprovará seus projetos. “A Assembleia Legislativa hoje é um antro de corrupção, não tenho problema nenhum em dizer isso. Nós governaremos apoiados na mobilização popular”. Quando perguntado sobre o déficit no quadro de funcionários do Hospital Universitário de Londrina, o candidato criticou a privatização de empresas públicas, hospitais e bancos. Ele acrescentou que o dinheiro público que vai para essas instituições pode ser canalizado para a saúde. “Governar para

os trabalhadores significa que essa sangria que hoje vai pro bolso dos empresários, essa agiotagem do Banestado e também a questão das estatais só estão gerando lucro pros acionistas. Essa sangria tem que ser revertida para que a gente possa realmente investir nos HUs, tanto na contratação via concurso público, como também nos locais em que é necessária a ampliação e reforma dos hospitais.” O debate realizado na Universidade Estadual de Londrina (UEL) serviu para dar mais espaço a ele e aos demais can-

didatos que estão na lanterna da corrida eleitoral devido à ausência dos candidatos com maiores intenções de voto, Roberto Requião (PMDB) e Beto Richa (PSDB). Em seu discurso inicial, foi aplaudido pela plateia ao lembrar mandatos anteriores em que outros candidatos aumentaram a dívida pública. Durante o debate, Tomazini não teve sorte no sorteio de perguntas e respostas. Acabou não recebendo perguntas de outros candidatos e usou seu tempo para apresentar propostas de governo referentes a

legitimidade da autonomia das universidades. No bloco de perguntas dos sindicatos, Tomazini foi questionado sobre suas propostas quanto à paridade nas eleições para reitoria das universidades estaduais. Tomazini defendeu a legitimidade da reivindicação para além das eleições para reitor, se estendendo aos demais conselhos universitários e o fim da lista tríplice, que oferece ao governador o poder de mudar a decisão das eleições para reitoria. Ao final do debate, estudantes da UEL fizeram um

protesto pedindo o direito de fazer uma pergunta aos candidatos. Quanto à pergunta, que foi referente à permanência estudantil, Tomazini lembrou que em sua época de estudante teve que trabalhar para se manter nos estudos e que o incentivo à permanecia é essencial. Em seu discurso final, Tomazini reafirmou suas propostas de mudança política caso seja eleito e disse contar com o apoio de quem participa das lutas de classes, acusando as eleições de serem um “jogo de cartas marcadas”.


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Bandeira diz que vai fazer “gestão” para melhorar finanças do PR Além da verba destinada à ciência e tecnologia, candidato ao governo pelo PTC falou sobre pedágio, pendências jurídicas e apoio a Marina Silva Mônica Chagas e Nathalia Lainetti O candidato Túlio Bandeira, do PTC, é o único do interior do interior do Paraná. Nascido em Santo Antônio do Sudoeste, é advogado há quase 20 anos. No histórico políticofoi assessor jurídico do deputado estadual Ademar Traiano (PSDB), da Assembleia Legislativa e já foi candidato a deputado estadual em 2002,com pouco mais de três mil votos. Aos 41 anos, Bandeira tem como carro chefe de sua campanha o enxugamento da máquina pública com a redução do número de secretarias e cargos comissionados. “Eu vou fazer a verdadeira gestão administrativa que esse estado precisa. Falta de recurso no meu governo não vai acontecer”. Ele foi um dos cinco candidatos que compareceram no debate do último dia 3,na Universidade Estadual de Londrina (UEL), promovido pelos sindicatos dos professores e servidores das universidades estaduais do Paraná.

Ensino Superior O principal objetivo do debate era conhecer as propostas dos candidatos para o ensino superior. Túlio Bandeira é objetivo;para ele é obrigação cumprir a lei e destinar a verba do Fundo Paraná para o desenvolvimento científico e tecnológico. “Nós vamos cumprir os 2% para a ciência e tecnologia que não é repassado há mais de três governos”, completa. Pedágio O tema é amplamente debatido por todos os candidatos; Túlio Bandeira defende essa forma de cobrança desde que os valores sejam proporcionais. Além disso, propõea privatização das estradas do Paraná ea cobrançapor trecho percorrido. “Hoje não tem parâmetro no Paraná, tem trechos que você paga dez reais e anda vinte quilômetros e tem trechos que você paga oito e anda quarenta. Então tem que saber o valor do quilômetro, e esse valor tem que ser estabelecido pelo tanto que você anda” explica. Segundo Bandeira, a população não é contra o pagamento do pedágio, desde que seja feito de maneira justa. Problemas Jurídicos Túlio Bandeira está envolvido em 32 inquéritos e dois processos judiciais. Acusado de liderar um grupo de roubo de cargas, o candidato chegou a ser preso em 2007 e liberado em seguida,

mas os processos ainda não foram julgados. Bandeira diz que as pendências não serão empecilho para o seu governo. “Se existisse os crimes, o que não existe, eu vou ter a oportunidade de provar isso. Estão todos prescritos. Então, esse processo nunca me incomodou e nunca vai me incomodar.” Apoio à Marina Túlio Bandeira declarou apoio à candidata à presidência Marina Silva(PSB), posicionando contrárioà deliberação nacional deseu partido, que segue alinhado com Aécio Neves (PSDB). De acordo com Bandeira, a decisão se deu por uma aproximação com o candidato anterior do PSB, Eduardo Campos, morto em acidente de avião no dia 13 de agosto. “Nenhum dos meus companheiros do Paraná nem eu fomos consultados pela executiva nacionaldo partido para saber nossa opinião sobre o apoio ao Aécio; não há impedimento legal nenhum pra gente apoiar a Marina Silva. Ela declarou publicamente que não quer apoio do candidato Beto Richa (PSDB), e nós oferecemos o nosso palanque”, completa. O debate O candidato considerou o evento um espaço interessante para expor suas ideias. Segundo Bandeira, o debate foi proveitoso e possibilitou a apresentação de suas propostas, já que seu espaço na propaganda eleitoral gratuita é pequeno.

Mônica Chagas


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