Santa Teresinha - O Morro de uma cidade

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STA TEREZINHA

O MORRO DE UMA CIDADE

FERNANDA OLIVEIRA



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O MORRO DE UMA CIDADE

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Em boas mãos!

É sempre bom ver novos fotodocumentários. Melhor ainda é ver pessoas novas produzindo-os. Santa Terezinha: o morro de uma cidade é o segundo trabalho de documentação de Fernanda Oliveira que tenho a satisfação de acompanhar; o primeiro foi “Mulheres Líderes no Sertão Central do Ceará”, entre 2005 e 2007. Fernanda tem se identificado muito com o fotodocumentarismo. Sorte nossa. Nossa?! Nossa, da sociedade, da memória, da estética e da documentação fotográfica. Ela reúne todas as características – e virtudes – necessárias para trilhar com desenvoltura por esta vertente: domina as técnicas e recursos fotográficos; é planejadora, determinada e paciente; envolve-se com os sujeitos e cenários do fotodocumentário; é criativa e, acima de tudo, humana. O humanismo, sua sensibilidade ímpar e seu envolvimento com o trabalho saltam aos olhos em cada uma de suas fotografias. É fotodocumentarismo na essência. O fotodocumentário, como o conhecemos hoje, é um segmento da fotografia quase tão antigo quanto o fotojornalismo. E nada mais justo que se caracterizasse e se consolidasse um pouco depois do fotojornalismo, afinal o fotodocumentarismo transcende o fotojornalismo; é uma proposta mais bem elaborada, requer planejamento e dedicação. A certidão de nascimento do fotojornalismo é de 1842, quando uma fotografia das ruínas de um incêndio ocorrido num dos bairros da cidade de Hamburgo, na Alemanha, foi publicada no jornal (alguns estudiosos o chamam de “revista”) inglês The Illustrated London News. O autor da tomada fotográfica foi o alemão Carl Fiedrich Stelzner. Anos mais tarde, em 1855, com a cobertura in loco da Guerra da Criméia, pelo inglês Roger Fenton (1819-1869), inaugurou-se a reportagem fotográfica. Essas fotografias também foram publicadas no The Illustrated London News, que se consolidava como o mais importante jornal ilustrado da Europa. Também naquela década, o escocês John Thomson (1837-1921) fotografava tipos londrinos em seus ambientes habituais. Em 1862, a publicação do livro Street life in London, com fotografias de Thomson, assinala o início do fotodocumentarismo. A primeira modalidade de fotodocumentarismo a ser exaustivamente explorada foi a de denúncia social. Fotógrafos utilizavam as fotografias como “meio” para denunciar na imprensa as mazelas e injustiças sociais e, com isso, forçar as autoridades constituídas a adotar medidas para solucionar ou amenizar essas distorções. Dois nomes se

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“Lá não existe felicidade de arranha-céu, pois quem mora lá no morro já vive pertinho do céu...”* Sob um chão de estrelas, respira um morro que mira uma cidade, descortinando, no cair da tarde, o horizonte da capital cearense. Localizado na Grande Mucuripe, o Morro de Santa Terezinha – ou Morro do Mirante – é o ponto mais alto de Fortaleza. Como um labirinto de contrastes, o Morro desfila sua história entre mazelas, progresso, fé e arte. Mais de 1.800 famílias habitam as ruelas abertas no coração de uma, antes grande e branca, duna, cujo antigo nome era Alto da Saúde e cujas areias abrigavam apenas brincadeiras infantis daqueles que viviam em seus arredores nos idos de 1940. Famílias que hoje se traduzem em mais de 7.800 moradores. Quem conta seu povo é a Associação Comunitária do Morro de Santa Terezinha que a cada dois anos faz um levantamento de quem por lá mora. A presença da Associação revela a prática de organização comunitária. Reminiscências de uma juventude que por lá resistia durante os anos de chumbo de 1960, acreditando ser possível mudar política e socialmente o País. Desse povo misturado, perdura o cheiro do mar, lembrança daqueles que primeiro habitaram suas colinas. Pescadores que, expulsos pela máquina do progresso a abrir ruas e avenidas na beira-mar, insistiam em viver perto do local de trabalho – a baía do Mucuripe – e construíram os primeiros barracos no Morro de Santa Terezinha. Esse povo que tinha o direito de não dormir ao relento conquistou, em 1979, o Conjunto Habitacional Santa Terezinha. Construído pelo Programa de Apoio às Favelas da Região Metropolitana de Fortaleza, Proafa, o conjunto abrigaria 1.022 famílias. E as vielas íngremes do Mirante recolheriam também moradores vizinhos, como os das Placas, Guabiru e favela Verdes Mares. Chegaram, pois, os anos de 1990 e com eles bares e restaurantes subiram o Morro do Mirante. Suas ruas estreitas se transformaram em pólo gastronômico e rota do turismo. Efervescente reduto da boemia. Mas, a especulação imobiliária e a violência uniram-se ao novo cartão-postal de Fortaleza. Hoje, dos antigos moradores do conjunto habitacional, somente vinte famílias permanecem com suas casas. Das famílias que habitam o Morro, 700 vivem em barracos apinhados pela encosta invadida. E dos quatorze restaurantes dos anos áureos de 1990, apenas uma pizzaria funciona. Mas, pelas ladeiras desse morro-favela, ainda avistamos o reflexo de uma gente que se aglomera, lá embaixo, nas ruas horizontalizadas de Fortaleza. É por isso que, agora, cá estamos nós, a mirá-lo também. “E o morro inteiro no fim do dia, reza uma prece Ave Maria...”* (trecho da música Ave Maria no Morro, de Herivelto Martins)

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FICHA TÉCNICA

Editora Tempo d’Imagem Projeto Editorial Local Foto Coordenação Editorial Fernanda Oliveira Fotografia Fernanda Oliveira

Digitalização Jucivan Saldanha Juliano do Nascimento Tratamento de Imagem Elton Gomes Produção Gráfica Elton Gomes Fernanda Oliveira

Edição de Fotografia Celso Oliveira Cristiana Parente Fernanda Oliveira Tiago Santana

Textos Fernanda Oliveira Klycia Fontenele Paulo Boni Rosane Nunes Silas de Paula

Projeto Gráfico Paulo Amoreira

Revisão de Texto Klycia Fontenele

EDITAL DE INCENTIVO À FOTOGRAFIA - 2006 PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA SECRETARIA DE CULTURA DE FORTALEZA - SECULTFOR

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