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e 39 Câmara de Sátão promoveu escavações arqueológicas na Anta de Forles

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Na União freguesias de Águas Boas e Forles

Câmara de Sátão promoveu escavações arqueológicas na anta de Forles

A Câmara de Sátão, ciente do património arqueológico que o concelho encerra, promoveu recentemente a escavação e requalificação da Orca de Forles, monumento funerário do Neolítico.

Trata-se de um dos monumentos mais antigos conhecidos no concelho, remontando ao período do Neolítico com reutilização na Idade do Cobre e, possivelmente, no início da Idade do Bronze. Escavado por Leite de Vasconcelos, em Setembro de 1896, este dólmen faz parte de todos os inventários sobre o megalitismo do Centro de Portugal, possuindo características que o individualizam e lhe criam uma identidade própria. Nos trabalhos por ele desenvolvidos foi recolhido inúmero espólio cerâmico, materiais em pedra polida, dos quais se destacam alabardas em sílex, muito raras nesta região.

A presente intervenção é dirigida pelos arqueólogos Pedro Sobral de Carvalho, da empresa Eon - Indústrias Criativas, e António Faustino Carvalho, docente na Universidade do Algarve, e permitiu pôr a descoberto o monumento de planta poligonal, que possui corredor curto e é precedido de um átrio, já muito destruído por trabalhos agrícolas.

Foi possível recuperar parte do contraforte, ou seja, uma cintura de pedras de grande porte que circundava os esteios da câmara e parte da couraça ou mamôa, que permitia a dissimulação do monumento na paisagem.

A escavação permitiu também revelar uma estrutura anterior à construção da orca. Trata-se de pequenos sucos ou rasgos, que estão escavados no substrato rochoso. Formam quadrados ou retângulos e estão orientados segundo os pontos cardeais. É uma realidade muito rara no território nacional.

Durante a sua escavação foram recolhidas amostras com vista à análise sedimentar e radiocarbónica

nos laboratórios da Universidade do Algarve, sob direcção do professor António Faustino.

Apesar de o monumento se encontrar muito destruído, foi possível exumar algum espólio. Destaque para a cerâmica manual, composta por pequenos potes esféricos e camapaniformes, alguns instrumentos líticos, destacando-se pontas de seta em sílex e quartzo, um machado de pedra polida, um cristal de quartzo hialino e alguns elementos de moinho.

Ao nível da arte rupestre presente no monumento, foram identificadas inúmeras covinhas na laje de cobertura, ou chapéu, e foi identificado uma gravura rara, composta por dois círculos concêntricos, que irá ser alvo de estudo aprofundado, e, no interior, foram redescobertos esteios pintados que também serão estudados pela especialista Lara Bacelar Alves.

Esta orca, bem como a Anta de Casfreires, que aguarda aprovação de financiamento para a sua recuperação, irão ser integradas na Rota do Megalitismo, que abarcará 27 monumentos megalíticos da região Viseu Dão Lafões e no concelho de Sever do Vouga.

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