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Lambuze-se na Feira das Lambarices e oiça boa música

De 8 a 17 de Outubro, no Pavilhão do GICA, em Águeda

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Vá 'lambuzar-se' à Feira das Lambarices e oiça boa música

De 8 a 17 de Outubro, o Pavilhão do GICA, em Águeda, recebe a Feira das Lambarices, uma iniciativa da Associação Cultural e Recreativa de Vale Domingos que promete muita animação, com um cartaz recheado de grandes artistas, mas também de muita ‘lambarice’, de fazer crescer água na boca.

O presidente da Associação Cultural e Recreativa de Vale Domingos, em conversa com a Gazeta Rural, realçou a importância da realização deste evento, não por aquilo que representa para a aldeia de Vale Domingos, mas também para o setor da cultura que está “a atravessar enormes dificuldades”. Serão 10 dias “muito fortes em termos culturais”, diz Ricardo Pereira.

Gazeta Rural (GR): A Feira das Lambarices começou em Vale Domingos, mas vai realizar-se em Águeda. Porquê esta mudança?

Ricardo Pereira (RP): Esa mudança deve ao facto de termos estrutura na aldeia para receber um evento desta envergadura, para além de que a Câmara nos lançou o desafio de promovermos esta iniciativa em Águeda, ideia que nós acatámos.

É que, nas paredes da Associação, e em diversas caixas, temos prémios que recebemos a nível nacional, incluindo uma menção do senhor Presidente da República. No meio de tudo isto apareceu algo que, para nós foi um desafio, primeiro pelas Câmaras Municipais e depois pelo Governo, que foram os Orçamentos Participativos. Nasceram em Águeda, onde os ganhámos todos, e depois fomos desafiados, e aceitámos, a participar a nível nacional, - porque somos muito aguerridos, com bastante gente de fora a ajudar-nos, nomeadamente muito voluntariado.

GR: E qual foi o objectivo dessa participação?

RP: O objetivo foi termos um grande evento cultural e, dentro dele, a Feira das Lambarices, porque até temos boas ideias, os portugueses são muito ricos em tudo o que tenha a ver com a gastronomia, nomeadamente na doçaria. O nosso objetivo era fazer uma feira, onde todos os municípios do país pudessem expor e promover a doçaria tradicional. Esse foi o nosso desafio e a proposta ao Governo.

A nossa proposta passou à final e na fase de votação foi o projeto mais votado do mundo. Vale Domingos tem cerca de 300 habitantes e nós tivemos mais de 20 mil votos, bastante longe do segundo lugar, que teve cerca de 2000.

Depois de ganharmos este projeto, percebemos que não tínhamos estrutura na aldeia para o receber, porque a ideia iria atrair muita gente, daí termos acatado a ideia da Câmara de Águeda. Serão 10 dias muito fortes em termos culturais, com um cartaz muito apelativo, com grandes artistas. Temos a feira, com entrada gratuita, que se vai realizar no pavilhão desportivo do Ginásio Clube de Águeda, onde 32 regiões do país vão estar representadas, incluindo Açores e Madeira. Temos também algumas comunidades estrangeiras, como Marrocos, Venezuela, Angola, Moldávia, que vêm promover a sua doçaria tradicional. Teremos também um

GR: Este evento esteve marcado para o início de Setembro?

RP: Sim, mas nessa altura havia muitas restrições e decidimos adiá-lo para Outubro. Fomos criticados por não termos adiado este evento para 2022, mas fazemo-lo porque financeiramente fomos prejudicados por isso, além de que algumas marcas não se quiseram associar, porque tiveram receio que corresse mal e houve algum surto associado em evento, porque ainda não se sabia que iriamos chegar aos 85% da população vacinada. Para além disso, se adiássemos para 2022, teríamos as mesmas pessoas apreensivas sobre a realização, ou não, do evento.

Não adiámos porque, em primeiro lugar, fazemos o acompanhamento a muitos jovens e adultos e percebemos que o Covid afetou muitas pessoas psicologicamente. Todos ficamos afectados, de uma maneira ou outra. Ficámos mais ansiosos, reagimos de modo diferente porque o nosso modo de vida foi totalmente alterado. Queremos realizar esteve evento para as pessoas terem oportunidade de retomar, na medida do possível, uma vida normal.

A segunda razão foi porque começámos a lidar com uma indústria, a da cultura, que está a passar por muitas dificuldades. Vimos pessoas a chorar, houve mesmo quem nos dissesse que esteve para se matar. Conhecemos pessoas que perderam quase tudo. Foram todas estas razões que fizeram com que decidíssemos realizar o evento. Por nós e por todas estas pessoas.

GR: A gastronomia é o elo de união deste evento?

RP: Exactamente. A doçaria tradicional de várias regiões estará representada, mas também o leitão à Bairrada, que é também uma lambarice, para além de outras iguarias que serão, diria, surpresa. A lambarice é tudo com que nos lambuzamos e que nos faz crescer água na boca.

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