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Projeto vai criar centro investigação Parque Nacional da Peneda-Gerês
from Gazeta Rural nº 413
by Gazeta Rural
Num investimento de 2,5 milhões de euros. Projeto vai criar centro investigação Parque Nacional da Peneda-Gerês
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A Branda de São Bento do Cando, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), em Arcos de Valdevez vai ser dotada, em 2023, de uma estação internacional de investigação, num investimento de 2,5 milhões de euros. A Branda Científica é uma iniciativa da Câmara de Arcos de Valdevez e da associação Biopolis, o maior projeto português em biologia ambiental, ecossistemas e biodiversidade.
O projeto visa apoiar os trabalhos de investigação interdisciplinar da biodiversidade e ecossistemas, das alterações climáticas, dos recursos naturais e culturais. Os investigadores portugueses e estrangeiros vão poder ficar alojados e realizar trabalhos em vários edifícios da Branda de S. Bento do Cando, na freguesia da Gavieira, ainda terá um conjunto de laboratórios e espaço de apoio. "O que pretendemos criar é uma estação científica, em plena Branda de São Bento do Cando, no PNPG. Será um local para os cientistas estudarem, fazerem trabalho de campo, laboratorial e que será dotado de alojamento", afirmou o presidente da câmara de Arcos de Valdevez.
João Manuel Esteves adiantou que o projeto, já apresentado publicamente, vai ser candidatado ao próximo quadro comunitário de apoio" e prevê intervenções em um conjunto de edifícios da Confraria de São Bento do Cando, dando-lhes novos usos e mantendo o apoio sazonal aos peregrinos que acorrem à freguesia da Gavieira, um importante polo de peregrinação em devoção a São Bento. "A obra será desenvolvida durante o ano de 2023 com a reabilitação de edifícios que serão adaptados. Está previsto um centro de 'coworking', laboratórios, alojamento para os cientistas e peregrinos, entre outras estruturas".
Segundo João Manuel Esteves, "a parte científica do projeto prevê a atribuição de bolsas para doutoramentos e projetos de investigação". O autarca sublinhou estar já firmando um acordo de cooperação da Branda Científica com as universidades do Porto, do Minho, de Trás-os-Montes, com os Institutos Politécnicos de Viana do Castelo e Bragança, bem como com a Universidade de Vigo e de Santiago de Compostela, na Galiza. “É o mundo científico da euroregião Norte de Portugal/Galiza vinculado no desenvolvimento deste projeto científico", destacou. A Branda Científica ficará localizada em pleno coração do PNPG, para "responder aos desafios da Estratégia Europeia para a Biodiversidade 2030, e do European Green Deal". Aquela estação científica "apoiará a investigação interdisciplinar de suporte no âmbito do restauro da biodiversidade e ecossistemas na Europa e da gestão sustentável dos recursos naturais, nomeadamente no domínio das montanhas, que são verdadeiras sentinelas das alterações climáticas". Irá também apoiar investigação sobre os recursos culturais, que formam parte integral da paisagem no espírito da Convenção Europeia da Paisagem. As brandas são um tipo de povoamento na Serra da Peneda que significa "aldeia de Verão". Nesta região, os pastores e as suas famílias movimentavam-se entre as inverneiras (aldeias de Inverno) e as brandas todos os anos, procurando a proteção dos elementos no inverno e as pastagens frescas no verão. "Numa versão moderna deste conceito, a branda será uma aldeia de verão para os cientistas do Biopolis e das várias instituições participantes. A Branda Científica de São Bento do Cando terá condições para acolher cursos de doutoramento e mestrado de curta duração, trabalho de campo de investigadores, tendo para além dos alojamentos um conjunto de laboratórios de suporte. Irá ainda funcionar como espaço para apoio a 'workshops' com investigadores.
Naquele concelho "decorrem já um conjunto de trabalhos de investigação, desde a arqueologia à ecologia, que têm resultado numa obra científica reconhecida a nível internacional e que entre outros aspetos levou à descrição de novas espécies para a ciência e novos sistemas de monitorização da biodiversidade, mas agora esses trabalhos irão ter o apoio infraestrutural que lhe permitirão abraçar novos desafios científicos".
O projeto conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), do Ministério da Coesão Territorial, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia - FCT.