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A serra de Serpa “é o repositório da vida agrícola tradicional do Alentejo”
from Gazeta Rural nº 415
by Gazeta Rural
Diz o presidente da Câmara, João Efigénio Palma
A serra de Serpa recebe anualmente, por esta altura, a Feira Agropecuária Transfronteiriça de Vale do Poço, uma mostra do que melhor se faz naquela região no setor agrícola e agropecuário, mas também a nível gastronómico.
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Em conversa com a Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Serpa, espera “uma grande feira”, numa região onde predomina a forma tradicional de produção agrícola. João Efigénio Palma sustenta a importância de defender e preservar “a vida agrícola tradicional do Alentejo”, que tem na serra de Serpa “o seu repositório” natural. “É algo que temos de incentivar, com a evolução e os benefícios dos novos conhecimentos”, diz o autarca.
Gazeta Rural (GR): Que expectativa tem para a Feira?
João Efigénio Palma (JEP): Esperamos uma grande feira. Estamos com uma expetativa elevada na realização desta feira, por tudo o que a antecedeu, dado que regressa após interregno forçado devido à pandemia e isso cria um nível de expectativa muito alto, tendo em conta que as pessoas querem voltar a estar juntas e a conviver.
As chuvas que caíram nos últimos dias não vão atrapalhar a realização do certame e são, até, um motivo de alegria e comemoração, tendo em conta o período de seca que atravessámos e a água faz muita falta, numa região que não é abrangida pelo sistema de regadio de Alqueva.
GR: Que importância tem a Serra de Serpa para o concelho, tendo em conta as suas potencialidades turísticas e económicas? JEP: A serra de Serpa tem uma grande importância e um interesse muito particular no nosso concelho. Há uma palavra que define bem a população que lá vive: resiliência. A serra é uma zona de solos pobres, com níveis de produções cerealíferas muito baixo, e aquelas pessoas conseguiram fixar-se, viver e manter-se ali, dinamizando a atividade agrícola na serra de uma forma muito particular, porque é ali que mantemos tudo o que são produções tradicionais. Há o montado de sobro e azinho e continua a haver a pastorícia, com a criação pecuária extensiva. Diria que é o repositório daquilo é que a vida agrícola tradicional do Alentejo. Portanto é algo que temos de incentivar à sua preservação, naturalmente com a evolução e os benefícios dos novos conhecimentos. Temos de preservar a serra de Serpa com estas culturas, tradições e atividades, porque contribuem para muito daquilo que se faz de bom em Serpa, nomeadamente o queijo e os enchidos, que têm a sua essência e existência naquilo que se faz na serra. GR: No âmbito da Feira, há um encontro de produtores de agricultura biológica. É o caminho para regiões como a serra de Serpa?
JEP: É claramente um caminho, porque esta é uma zona onde esse tipo de agricultura ocorre quase naturalmente. As culturas são ancestrais, o gado continua a ser criado da mesma forma e os produtos são o espelho desse modo de estar e de produzir tradicionais.
Julgo, contudo, que há um caminho a percorrer, valorizando muito do que ali se faz, mas a produção biológica é o futuro desta região, com a manutenção da biodiversidade característica da serra, e o caminho a seguir.
A atividade pecuária é uma das atividades mais importantes da serra de Serpa. É para suportar a pecuária que ali são desenvolvidas todas as outras atividades tradicionais.