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I Feira de Inovação Agrícola mostra novas tecnologias para o mundo rural
from Gazeta Rural nº 416
by Gazeta Rural
De 14 a 16 de outubro, no Fundão
Primeira Feira de Inovação Agrícola mostra novas tecnologias para o mundo rural
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Capacitar os nossos produtores e agricultores com mais conhecimento e mais inovação, para que possam transformar este conhecimento e informação em valor acrescentado nas suas propriedades é o objetivo da primeira Feira de Inovação Agrícola, que vai decorrer de 14 a 16 de outubro, no Fundão.
Em entrevista à Gazeta Rural o vereador da Câmara do Fundão, Pedro Neto, diz que “é intuito da autarquia celebrar a agricultura do ponto de vista do progresso e da inovação”, justificando assim a realização deste evento.
Gazeta Rural (GR): Qual o objetivo da realização deste evento?
Pedro Neto (PN): Com este evento pretende-se dar a conhecer um sector agrícola dinâmico, moderno e em constante evolução.
É intuito da autarquia celebrar a agricultura do ponto de vista do progresso e da inovação. Por outro lado, pretende-se também enaltecer o empreendedorismo e a resiliência dos agricultores e das suas organizações.
GR: O que esteve na génese deste certame e o que mais se destaca no programa do mesmo?
PN: Percebemos que na região não existia um evento exclusivamente dedicado à inovação na agricultura. Temos hoje, na região, diversas manifestações culturais e certames que, direta ou indiretamente, estão de certa forma ligados à agricultura, mas não temos nenhum exclusivamente dedicado ou com foco direto na inovação na agricultura. Desta forma, a Feira de Inovação Agrícola do Fundão vem preencher um vazio que existia ao nível da inovação no sector agrícola
e pretende ser uma referência na área do agrotech, dentro e fora de portas.
O programa do evento inclui conferências, palestras, mesas redondas, painéis de debate, momentos de networking e de demonstração de tecnologias inovadoras ‘aplicáveis ao desenvolvimento de uma agricultura mais inteligente’ e irá contar com a participação de especialistas, membros da academia, empresas tecnológicas e decisores estratégicos na esfera das políticas de desenvolvimento local e agrícola
GR: Este é um evento inovador, indo ao encontro dos novos tempos e de uma agricultura mais inteligente?
PN: Embora muitos ainda tenham a perceção de um mundo agrícola algo rudimentar e manual, a verdade é que o setor tem vindo a desenvolver alterações profundas, modernizando-se e utilizando cada vez mais a tecnologia. Já todos percebemos que o setor da agricultura está, aos poucos, a mudar e que a agricultura de precisão, inteligente ou a 4.0 vai revolucionar o sector. Se até há pouco tempo todo o processo era mais manual, representando uma agricultura tradicional, a tecnologia tem aberto novas portas para um cultivo mais eficiente e com monitorização constante.
A agricultura denominada de ‘precisão’ ou 4.0 permite aumentar de forma substancial o rendimento do mundo rural. Aliás, quanto maior for a quantidade de dados recolhidos, mais acertado será o diagnóstico sobre a variabilidade presente nas operações.
Se a transformação digital já era uma realidade, o contexto de pandemia veio acelerá-la e reforçá-la. Da produção ao consumo, são muitos os exemplos desta mudança de paradigma, como a agricultura de precisão, em que o agricultor tem no seu tablet ou telemóvel a informação para gerir, por exemplo, a água que utiliza no solo e dá a ordem de comando a partir do seu dispositivo; a utilização de drones, que permitem, por exemplo, recolher informação sobre as árvores, sobre o solo, sobre pragas; lojas online; páginas de Facebook e Instagram, onde os consumidores podem acompanhar a evolução dos trabalhos no terreno e das culturas, entre outros.
Não restam dúvidas que a agricultura portuguesa terá de conseguir responder a um aumento da procura de alimentos, em condições climáticas menos favoráveis, com recurso à inovação e utilização de sistemas que utilizem os recursos hídricos de forma cada vez mais eficiente e sustentável. nal da tarde, dedicamos a conferência aos frutos secos. No domingo, encerramos com o tema de “cinegética e biodiversidade”. Ao longo dos dias do certame teremos várias ações, além das conferências, tais como palestras, mesas redondas, painéis de debate, demonstração de tecnologias inovadoras, momentos de networking, mas, ao mesmo tempo, também teremos exposições e concursos de caprinos, ovinos, bovinos, equinos, onde estarão também presentes as raças autóctones, assim como um espaço de degustação, aberto ao publico, para demonstrar o que de melhor se produz na nossa região.
GR: Esta feira é um alerta aos agricultores para a necessidade de cada vez mais incorporarem conhecimento e inovação nas suas explorações?
PN: O intuito deste evento é capacitar os nossos produtores e agricultores com mais conhecimento e mais inovação, para que possam transformar este conhecimento e informação em valor acrescentado nas suas propriedades.
Esta iniciativa, onde a inovação anda de braço dado com a agricultura, é um certame onde o agricultor pode encontrar cultivares tão diferentes como cerejal, olival, vinha, ou equipamentos inovadores aplicáveis à agroindústria, ou outras soluções tecnológicas e inovadoras que vão desde a georreferenciação de animais em áreas remotas, passando por sistemas de vedação virtual e pastoreio inteligente, sistemas inovadores de irrigação e utilização sustentável de recursos hídricos de baixo custo, sistemas de fertilização inovadores, armadilhas inteligentes para monitorização de pragas, entre outros. Para ajudar as empresas rurais a captarem as oportunidades referidas, são necessárias abordagens mais inteligentes de apoio aos negócios. Tal significa abandonar os modelos que se limitam a intervenções pontuais e optar por abordagens que acompanham permanentemente os empresários através de um ecossistema de serviços criado para esse efeito. Neste sentido é determinante reforçar no território as condições de acolhimento de equipas de desenvolvimento de produtos e as soluções com base em processos tecnológicos, para conseguir consolidar um ecossistema de desenvolvimento e validação de tecnologia IoT, que sirva de interface entre a investigação e o mercado e que sirva de ancora ao investimento, propiciando ainda a criação de novas empresas, sem esquecer, obviamente, a capacitação das empresas existentes e a criação de oportunidades de inovação e melhoramento de métodos de produção. Prestar um bom apoio às empresas rurais significa adaptá-lo às novas oportunidades e desafios específicos que estas enfrentam e superar algumas das dificuldades práticas adicionais que podem surgir no contexto rural. É determinante pugnar para que os Agricultores tenham acesso à informação, à inovação e à tecnologia.
GR: O programa apresenta um conjunto de oradores de diferentes áreas, do vinho, à fruticultora e à caça?
PN: O certame arranca, no dia 14 de outubro, com uma conferência sobre o futuro do regadio em Portugal, no Octógono, onde vai ser assinado um protocolo intermunicipal que tem como objetivo desenvolver um plano de proteção e valorização dos recursos hídricos. Iremos assinar um protocolo, entre vários municípios, para o desenvolvimento de um estudo relevante para as próximas décadas, do que é a defesa e a valorização dos recursos hídricos, daquilo que é conhecido pelo Alto Côa, Cova da Beira e Gardunha Sul. No final da tarde, de sexta-feira, teremos uma segunda grande conferência dedicada às castas autóctones e património vitícola, onde teremos a participação de especialistas, espanhóis e portugueses.
No sábado, arrancamos com uma conferência sobre o queijo, com a participação de parceiros italianos, espanhóis e nacionais, e, no fi-
GR: Além da parte de inovação, que outras propostas o evento oferece aos visitantes?
PN: Neste evento os visitantes poderão ainda encontrar exposições de animais, projetos natureza, exposição de máquinas, Rota Europeia do Queijo, prova de produtos, gastronomia, divulgação das quintas experimentais e espetáculos.
Destacam-se, em termos culturais, o concerto da banda GNR, que terá lugar dia 15 de outubro, às 22h00, o espetáculo de stand up comedy com Fernando Rocha, assim com a atuação de grupos locais, dando visibilidade à cultura etnográfica do concelho do Fundão, e um espetáculo do Teatro Montemuro.